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UMA PROPOSTA DE OFICINA DE CRIAÇÃO LITERÁRIA PARA ALUNOS

DO 9º ANO DO ENSINO MÉDIO


Luís Fernando Kalife Júnior

1 Apresentação

É mister que o ensino de Literatura não tem sido alvo de muitas pesquisas nem
estudos de casos nos últimos anos. Além disso, quando se aborda o assunto, não há
esclarecimentos teóricos embasados. Dentro da academia, o estudo ainda não está muito
bem estruturado e organizado. Faz-se necessário pensar sobre isso, e tal preocupação
despertou-nos o interesse não só pessoal, mas científico.
Ainda assim, verificamos, entrando em diversas salas de aula (seja para
observar, seja para ensinar) que também não há interesse do aluno por esta disciplina.
Ler, para ele, é difícil. Por que ler se outras mídias oferecem conhecimento mais rápido
e de forma mais prazerosa? Nota-se que há um problema com duas pontas
desconectadas.
Assim, podemos pensar nos resultados de práticas pedagógicas que possibilitem
que o aluno chegue ao conhecimento literário sem sair do seu mundo. Seria uma espécie
de integração com a sua vivência, mostrando que ali também existe o terreno literário,
que o aluno está rodeado de Literatura. Para tanto, e tendo em vista a conjuntura atual
da sala de aula, convém se apropriar de alguns conceitos da Educomunicação, pois
assim fundamenta-se sobre a incorporação de diferentes mídias dentro da sala de aula e
o processo de apropriação do aluno com o conhecimento literário a ser transmitido.
Na outra ponta deste plano pedagógico, seria interessante verificar como a criação
literária (no caráter de oficina) pode influenciar a leitura do aluno, pois esta dá ao aluno
capacidade crítica de ler melhor, pois ele se coloca na posição de autor. Pretende-se
examinar, então, se, no resultado final, há uma maior interação em todos os níveis:
tecnológico, literário, criativo e, por conseguinte, dos conceitos literários.

2 Problemática

A formação do leitor sempre foi objeto de pesquisa em estudos pedagógicos que se


preocuparam em solucionar as deficiências relativas ao estímulo da Leitura. No entanto,
as tentativas até hoje apresentadas não visam ao exame da interação destas práticas.
Assim, percebe-se que o conteúdo da disciplina de Linguagens não está associado ao
universo de conhecimento e interesse do aluno.
Além disso, o foco do ensino de Literatura no Ensino Médio é basicamente a
aprendizagem da história das Literaturas de Língua Portuguesa. Considerando todos
esses fatores, penso na observação de um possível método de abordagem do conceito de
análise literária associando a Criação Literária à Educomunicação.

3 Objetivos

1) Examinar a construção dos elementos narrativos (personagem, espaço, narrador,


tempo e enredo) nos textos produzidos pelos alunos, segundo Cândida Vilares
Gancho;
2) Observar como acontece a criação da personagem nas diferentes mídias
propostas segundo os conceitos de Educomunicação;
3) Verificar, num momento posterior, se a leitura literária dos alunos qualificou-se;

4 Fundamentação Teórica

O que há de comum entre todos os seres humanos é capacidade de articular a


linguagem. Por conseguinte, o ato óbvio que dá significação a essa faculdade é a
Leitura. Sobre esta, há uma infinidade de tipologias possíveis, assim como os mais
variados motivos movem o leitor a produzir este ato. Interessa desenvolver, então, aqui
o conceito de Leitura direcionado (mas não reduzido) à ficção, não estritamente
literária.
Tendo isso em vista, faz-se necessário pensar no âmbito do ensino como se
desenvolve o leitor, componente da tríade da leitura (autor, texto e leitor). Ele está
sempre em um movimento de contato com o outro, visto que a linguagem é fruto da
necessidade da comunicação: “A linguagem nos dá a ver por que, afinal, vivemos
juntos. A maioria das funções humanas é singular: não precisamos de ninguém para
respirar, andar, comer ou dormir. Mas precisamos dos outros para falar, para que nos
devolvam o que dissemos.” (MANGUEL, 2008, p.17). Pode-se depreender disso que a
Leitura permite compreender melhor o presente e seu papel como sujeito histórico. E é
no contato com o outro que se estabelece um diálogo ativo que obriga o leitor a dar
sentido ao mundo e tomar posições.
Isso reforça a importância de tal ato e de necessidade de compartilhar a Literatura
com o próximo. Por mais que seja difícil, podemos definir uma boa leitura de Literatura
como a que remonta a mimesis teorizada por Aristóteles, ou seja, aquela que é capaz de
ter a maior representação possível de “imitação” da vida:

A leitura é, assim feita do que sabemos, do que aprendemos e do que só não


aprendemos porque já sabíamos e do que sabemos melhor agora porque
acabamos de reaprende-lo. Passamos, assim, da realidade à ficção, e a ficção
só tem valor para nós se a nossos próprios olhos, ela está impregnada pela
realidade, e a realidade nos é mais interessante quando a ela voltamos depois
de ter atravessado a ficção por ela impregnada. (FAGUET, 2009, p.28)

Então, uma leitura de qualidade (sem nos determos a fundo sobre os processos
literários subjacentes) é aquela que tem a capacidade de fazer um movimento de
suspensão do leitor, segundo definiu Joel Birman,

[...] o leitor é desconcertado pela leitura, que o desarruma nos seus sistemas
de referência. Um certo livro não passa em branco para um leitor
determinado, quando uma experiência dessa ordem se realiza. Somente,
então, as páginas plenas de sinais gráficos passam a ser escritas com palavras
ressonantes. (BIRMAN, 1996, p.55)

Através disso, podemos pensar, nesse caso, que a “boa” leitura de Literatura
resulta da associação da apreciação estética (perceber os elementos da narrativa) à
ampliação de conhecimento de mundo do indivíduo. Temos um indivíduo “suspenso”
quando isso ocorre, ou seja, há um momento em que o leitor é confrontado com a sua
realidade e coloca-a em questão (para depois voltar à realidade” modificada). Além
disso, tal movimento perpetua não só o arquivo pessoal como memorialístico do
universo do leitor. Forma-se então um movimento dinâmico e constante de
comunicação para conhecer o outro:

As histórias são nossa memória, as bibliotecas são os depósitos dessa


memória, e a leitura é o ofício por meio do qual podemos recriar essa
memória recitando-a e glosando-a, traduzindo-a para a nossa própria
experiência, permitindo-nos construir sobre os alicerces do que as gerações
passadas quiserem preservar. (MANGUEL, 2008, p.19)

Pensando na importância do leitor, é mister também pensar como ele se forma. Para
tanto, há vários métodos, entre eles o criativo, relevante para este projeto. Este modelo
tem como base não somente o lazer, mas também a aquisição do conhecimento e o
desenvolvimento das habilidades individuais e culturais. Bordini e Aguiar apresentam
os objetivos educacionais a que se propõe o método criativo:

1) Estabelecer relações significativas entre componentes do eu e do


mundo, em especial da cultura literária;
2) Perceber potencialidades expressivas da Literatura de outros meios de
comunicação em relação ao eu e ao mundo;
3) Organizar as relações estabelecidas, valendo-se de códigos culturais,
em especial do código linguístico;
4) Materializar tais relações em linguagens diversas, com ênfase na
verbal, produzindo textos bem formados. (1993, p. 66)

Pensando na ideia de que todo leitor quando produz a leitura recria-a a sua
maneira, constitui-se um processo passivo de criação literária que considera seu
arquivo. Quando se escreve um texto (narrativo ou não), a produção é muito mais ativa
e consciente. Um pode ser complemento do outro. É nesse sentido que se torna evidente
a pertinência do exercício de criação literária, visto que permite que o discente perceba
a constituição do universo literário, possibilitando que este seja um agente do processo
criativo. Esse movimento faz com que o aluno desenvolva uma capacidade crítica
maior, visto que, segundo Bordini e Aguiar, o método criativo desenvolve diversas
habilidades: “[...] analisar, comparar, combinar, classificar e ordenar, efetuar inferências
e, principalmente, extrapolações, vinculando essas operações intelectuais à ação física e
à prática social, nos produtos criados.” (1993, p.71)
Para realizar este processo (considerando a conjuntura educativa atual), é
pertinente o uso da Educomunicação como suporte para a aplicação do que foi dito
acima. Trata-se de um “conceito ou metodologia pedagógica que propõe o uso de
recursos tecnológicos modernos e técnicas da comunicação na aprendizagem. Como se
entende pelo nome, é o encontro da educação com a comunicação, multimídia,
colaborativa e interdisciplinar”1. Ela se torna importante visto que valoriza as
multiplicidades discursivas (música, cinema, games, redes sociais e Literatura) e produz

[...] um novo campo de intervenção social ao qual estamos denominando


Educomunicação, produzindo novos agenciamentos coletivos, enunciativos e
inclusivos, que se multiplicam e repercutem, deixando sua marca, uma
expressão que se movimenta em vários âmbitos, atravessa as possibilidades,
as margens, as redes, produzindo comunicação. (SCHAUN, 2002, p.15)

1
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Educomunica%C3%A7%C3%A3o> Acesso em: 27
jun. 2011
A partir que o campo de aplicação da Educomunicação é a disciplina de
Literatura, desenvolverei esse trabalho por meio de uma oficina de criação literária.
Esse movimento é favorável para o desenvolvimento das multiplicidades discursivas
(música, cinema, games, redes sociais, etc) uma vez que dá conta das representações, ou
seja, a mimesis. A representação (nesse caso a narrativa), conforme definiu Aristóteles,
imita a vida, e para garantir sua verossimilhança, organiza-se a partir dos seguintes
elementos: Espaço, Narrador, Tempo, Enredo e Personagem (definido didaticamente
por “PENTE”). É interessante, segundo Cândida Vilares, que o leitor de Literatura
perceba os elementos acima citados. (GANCHO, 2008)
Dar-se-á mais ênfase, então, na personagem, visto que é o que dá movimento à
narrativa. É por suas ações que o leitor se move dentro da ficção. Segundo Carlos Reis e
Ana Cristina Lopes, em Dicionário de Narratologia, a personagem é uma:

[...] categoria fundamental da narrativa, a personagem evidencia sua


relevância em relatos de diversa inserção sociocultural e de variados suportes
expressivos. Na narrativa literária (da epopeia ao romance e do conto ao
romance cor-de-rosa), no cinema, na banda desenhada, no folhetim
radiofônico ou na telenovela, a personagem revela-se, não raro, o eixo em
torno do qual gira a ação e em função do qual se organiza a economia da
narrativa. (2011, p.314)

Para que haja a identificação de uma personagem, então, entende-se necessário


verificar como este é mostrado por meio das características no enredo pelo julgamento
do narrador ou pelas outras personagens. (GANCHO, 2008)
Acredita-se que por meio de um método que associe a criação literária
(evidenciando os aspectos constitutivos do texto literário) à Educomunicação, estarei
exercitando o potencial crítico e criativo do aluno e aproximando o ensino de sua
realidade. De acordo com o que especifica os PCN, “A história da literatura costuma ser
o foco da compreensão do texto; uma história que nem sempre corresponde ao texto,
que lhe serve de exemplo.” (2000, p.16) Constatando essa problemática, construímos
essa tentativa de método visando sanar a falta de estudos de casos nessa área de ensino2,
cercando-nos de teóricos que auxiliem no objetivo almejado. Por meio dos textos dos
alunos e através dos teóricos abordados nessa fundamentação teórica, verificaremos e
avaliaremos os objetivos propostos.

2
Após consulta no portal da CAPES, Google Acadêmico, Scielo, entre outros.
5 Metodologia

5.1 Trabalho com outras mídias


Em um primeiro momento, faz-se necessário criar uma aproximação com o aluno
para mostrar-lhe as possíveis relações da Literatura com as outras mídias (vídeo-game,
HQs, RPG, filmes, etc), ou seja, um desenvolvimento de leitura para além do livro. Esse
trabalho será sempre desenvolvido com base na identificação da personagem e suas
características. Far-se-á preenchimento de fichas da personagem visando à tentativa de
identificar qual a função deste elemento na narrativa. Convém ressaltar que esta etapa
será concomitante com todas as outras.

5.2 Criação de uma personagem


Nesta etapa, com as mesmas fichas os alunos terão de construir sua própria
personagem. A etapa anterior será concomitante, e por isso oferecerá subsídios. A partir
desse momento, os alunos serão instigados sempre: 1) desenvolver um texto (se
possível) por aula nas mais diversas situações; 2) desenvolver sua personagem para
além do texto literário, reproduzindo-o para os diferentes tipos de mídia (tentar-se-á
fazer uma mídia por aula).

5.3 Desenvolvimento do resto do “PENTE”


Após a criação da personagem, o processo começa a se tornar mais complexo à
medida que se vai apresentando os outros elementos do “PENTE” (Personagem,
Espaço, Narrador, Tempo e Enredo). A forma de mostrar também será midiática e por
meio de exercícios feitos em aula e em casa, para que haja uma melhor compreensão
destes elementos.

5.4 Divulgação dos textos


Essa etapa tem dois momentos: 1) a circulação e recepção dos textos em sala de
aula, de maneira presencial e por meio de uma “wiki” chamada Literacap, 2) visando o
meio para o final da disciplina, buscaremos junto com os alunos meio de divulgação das
atividades. Pode ser iniciativas mais simples como blogs ou vídeos como até publicação
de um livro.

5.5 Análise dos Dados


Nessa segunda e extensa fase, analisaremos o método por meio dos textos que os
alunos produzirão nas aulas. Apoiare-mo-nos nos teóricos citados acima para avaliar se
os alunos tomaram conhecimento do “PENTE”, e, através de fichas avaliativas de
leituras realizadas em aula, conseguiram interpretar melhor o texto.

5.6 Etapas
1 – Apresentação dos objetivos e identificação de personagens em videogames.
Recomendação de Leitura para casa nº1.
2 – Identificação de personagens em HQs.
3 – Teorização sobre a personagem. Exercícios. Debate sobre a recomendação de
Leitura nº1 e identificação de personagem em Stand up Comedy. Recomendação de
Leitura para casa nº2.
4 – Sessão de Filme nº 1. Se possível, identificação de personagens dentro dele.
5 – Teorização e identificação de Espaço e contos curtos e visualização em HQs. Debate
sobre a recomendação de Leitura nº2. Identificação de personagem em minicontos.
Criação da própria personagem. Criação do Facebook da personagem. Recomendação
de Leitura para casa nº 3. Recomendação de produção narrativa nº1.
6 – Identificação de personagem em músicas narrativas. Leitura de alguns textos
narrativos nº1. Interação das personagens no Facebook. Recomendação de produção
narrativa nº 2.
7 – Teorização e identificação de narrador em audiobooks. Debate sobre a
recomendação de Leitura nº3. Exercícios. Leitura de alguns textos narrativos nº2.
Criação do Twitter da personagem. Recomendação de Leitura nº 4. Recomendação de
produção narrativa nº 3.
8 – Leitura de alguns textos narrativos nº3. Interação de mídias entre os alunos.
Recomendação de produção narrativa nº4.
9 – Debate sobre a recomendação de Leitura nº4. Teorização e exercícios sobre o
Tempo narrativo em contos contemporâneos. Leitura de alguns textos narrativos nº4.
Recomendação de Leitura nº 5. Recomendação de produção narrativa nº 5.
10 – Criação do blog pessoal. Teorização e exercícios sobre o Enredo narrativo em
notícias de jornais. Leitura de alguns textos narrativos nº5. Interação das mídias entre os
alunos. Recomendação de produção de narrativa nº 6.
11 – Debate sobre a recomendação de Leitura nº5. Jogo narrativo nº 1. Leitura de alguns
textos narrativos nº 6. Criação de um podcast falando sobre o pente da personagem.
Recomendação de Leitura nº 6. Recomendação de produção de narrativa nº 7.
12 – Debate sobre os meios de divulgação preferenciais dos alunos. Jogo narrativo nº 2.
Leitura de alguns textos narrativos nº 7. Interação final de mídias entre os alunos.
Recomendação de produção narrativa nº8.
13 – Debate sobre a recomendação de Leitura nº6. Divulgação da personagem em forma
de Cozplay pelos espaços do colégio de Aplicação. Leitura de alguns textos narrativos
nº 8. Elaboração de cartazes explicando a criação da personagem.
14 –. Término de alguns cartazes explicando a criação da personagem. Fechamento.

Recomendações de Leitura para casa


1 – Ruptura – Feliz Ano Novo, Rubem Fonseca, Confissão, Luiz Vilela e A morte bate
à porta, Woody Allen
2 – Tradição - O Analista de Bagé, de Luis Fernando Veríssimo, O Homem que sabia
javanês, de Lima Barreto e Conde Drácula, de Woody Allen
3 – Estranhamento – Sou brasileiro/ com orgulho / dá-lhe dá-lhe, de Reginaldo Pujol
Filho, Futebol, de Charles Kiefer e A auto-estrada do sul, de Júlio Cortazar

4 – Intertextualidade – Gato Preto, Edgar Allan Poe, Venha ver o pôr-do-sol, Ligia
Fagundes Telles e Paixão, de Rubem Fonseca
5 – Temática – Guerra Greco-pérsicas, de Sérgio Faraco, Missa do Galo, de Machado
de Assis e Uma estrangeira em nossa rua, de Milton Hatoum
6 – Livre

Referências

ARISTÓTELES. Poética. Cultrix: São Paulo, 2005.

BIRMAN, Joel. Por uma estilística da existência. São Paulo: Editora 34, 1996.

BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. A formação do leitor. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1993.

BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 2000.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf> Acesso em: 27 jun.
de 2011.

GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 2008.

FAGUET, Émile. A arte de ler. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008.

MANGUEL, Alberto. A cidade das palavras: as histórias que contamos para saber
quem somos. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina. Dicionário de Narratologia. Coimbra: Almedina,


2011.

SCHAUN, Ângela. Educomunicação: reflexões e princípios. Rio de Janeiro:


Mauad,2002.

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