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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

ÁREA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


Curso de Matemática - Licenciatura

Marcelo dos Santos Cardozo

EQUAÇÃO DE ONDA:
UM FENÔMENO FÍSICO RESOLVIDO COM IDÉIAS DA MATEMÁTICA

Santa Maria, RS.


Junho de 2010
2

Marcelo dos Santos Cardozo

EQUAÇÃO DE ONDA:
UM FENÔMENO FÍSICO RESOLVIDO COM IDÉIAS DA MATEMÁTICA

Trabalho final de graduação apresentado ao Curso de Matemática, Área de Ciências Tecnológicas, do


Centro Universitário Franciscano – Unifra, como requisito parcial para obtenção do grau de
Licenciado em Matemática.

Orientador: Alcibíades Gazzoni

Santa Maria, RS.


Junho de 2010
3

Marcelo dos Santos Cardozo

EQUAÇÃO DE ONDA:
UM FENÔMENO FÍSICO RESOLVIDO COM IDÉIAS DA MATEMÁTICA

Trabalho final de graduação apresentado ao Curso de Matemática, Área de Ciências Tecnológicas, do


Centro Universitário Franciscano – Unifra, como requisito parcial para obtenção do grau de
Licenciado em Matemática.

_________________________________________________
Alcibíades Gazzoni - Orientador (Unifra)

______________________________________________
Adilção Cabrini Beust (Unifra)

______________________________________________
Ana Maria Beltrame (Unifra)

Aprovado em 18 de Junho de 2010


4

RESUMO

Este trabalho teve por finalidade abordar uma das inúmeras relações entre a Física e a
Matemática. Neste contexto trabalhamos com a equação de onda, mais especificamente
equação de onda em uma dimensão com deslocamento inicial não-nulo, sendo impostas
condições de contorno e iniciais. Mas como a matemática está inserida neste problema físico?
Muitos problemas da física estão relacionados com Equações Diferenciais Parciais, sendo a
equação de onda, uma equação deste tipo, pois é composta por derivadas parciais. Assim a
equação de onda está sendo representada matematicamente por este modelo de equação. Para
o desenvolvimento deste trabalho foi necessário um estudo prévio sobre séries de Fourier
(séries trigonométricas de senos e/ou co-senos), pois diversos resultados destas séries são
usados no problema em questão. A análise dos resultados obtidos foi exposta sob forma de
exercício, sendo que uma visualização computacional da solução foi feita usando o software
Maple. Conseguiu-se, assim, analisar mais objetivamente de maneira gráfica tudo o que foi
desenvolvido analítica e algebricamente.

Palavras-chave: Equações Diferenciais Parciais, Séries de Fourier, Maple.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................6
2 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................................7
3 METODOLOGIA..................................................................................................................23
CONCLUSÕES .......................................................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................24
6

1 INTRODUÇÃO

O estudo proposto intitulado “Equação de Onda: Um fenômeno Físico resolvido com


idéias da Matemática” foi escolhido pela importância que a equação de onda tem no estudo da
física e como a matemática está inserida neste contexto. Tal equação descreve o deslocamento
vertical de uma corda elástica no ponto x no instante t , indicado por u x, t . Tem-se interesse
na descrição do movimento da corda de um determinado comprimento e durante um período
de tempo fixado.
Em física, uma onda é uma perturbação oscilante de alguma grandeza física no espaço
e periódica no tempo. A oscilação espacial é caracterizada pelo comprimento de onda e a
periodicidade no tempo é medida pela freqüência da onda, que é o inverso do seu período.
Estas duas grandezas estão relacionadas pela velocidade de propagação da onda.
O referido tema está inserido na linha de pesquisa Ensino de Matemática e Novas
Tecnologias com uma abordagem interdisciplinar no ensino de Física-Matemática.
Dentro do estudo da física, inúmeros problemas aparecem com duas ou mais variáveis
independentes, sendo que um dos modelos matemáticos para o estudo e resolução desses
problemas envolve equações diferenciais parciais.
Procedimentos e pré-requisitos foram necessários para o estudo de equação de onda,
bem como considerar algumas condições impostas quando se resolvem problemas.
Para o estudo do movimento de uma corda, foram necessários um estudo e análise
prévia sobre Séries de Fourier (séries infinitas de senos e/ou co-senos), que é um método para
a resolução da equação de onda.
As cordas vibrantes e as notas musicais geradas por seu movimento despertaram há
muito tempo o interesse de matemáticos e físicos. Os filósofos da escola de Pitágoras
estudavam as razões de comprimentos de cordas que correspondiam a tons musicais.
As primeiras tentativas para o estudo do movimento real da corda foram feitas por
Brook Taylor em 1713, mas a solução geral do problema foi obtida por d’Alembert (1747),
Euler (1748) e Daniel Bernoulli (1753).
O problema da corda vibrante teve importância porque sua formulação matemática
forneceu a primeira solução de uma equação diferencial parcial. Outro aspecto importante do
problema da corda vibrante é que intensificaram o estudo de equações diferenciais parciais
permitindo a descoberta de outros problemas físicos, em especial os da teoria do som e do
calor.
7

Os matemáticos do século XIX receberam de seus colegas do século anterior,


problemas difíceis ligados a questões de Física, entre os quais o mais ilustrativo é o problema
de vibrações de cordas, e eles tiveram que desenvolver com muita dedicação e empenho um
instrumental matemático ainda não existente. O problema de vibração de uma corda consiste
em encontrar a solução da equação u tt a 2 u xx , conhecida como equação de onda.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Equações Diferenciais Parciais

O uso das equações diferenciais tem fundamental importância em diversas áreas,


dentre elas, a física, pois diversos problemas, princípios e leis físicas podem ser representados
matematicamente, e quando isso acontece, as relações são equações e as taxas são derivadas, e
equações envolvendo derivadas são equações diferenciais.
Conforme BOYCE e DIPRIMA (2006, p. 1),

O estudo das equações diferenciais atraiu a atenção dos maiores matemáticos do


mundo durante os três últimos séculos. Apesar disso, continua sendo uma área de
pesquisa dinâmica hoje em dia, com muitas questões interessantes em aberto.

As equações diferenciais estão divididas em equações diferenciais ordinárias (quando


a equação em questão é composta apenas por derivadas simples ou ordinárias) e equações
diferenciais parciais (quando a equação dada é composta por derivadas parciais).
Conforme IÓRIO (1991, p. 2) “A classificação das EDP’s segundo ordem e
linearidade é semelhante à classificação das equações diferenciais ordinárias (EDO’s). A
ordem de uma EDP é dada pela derivada parcial de maior ordem que ocorre na equação”.
Dentre as equações diferenciais parciais estão a equação do calor que trata da
condução de calor em uma barra, a equação de onda, englobando ondas acústicas, ondas de
água, ondas eletromagnéticas e ondas sísmicas, representando vibrações mecânicas e a
equação de Laplace que envolve potencial, como o eletrostático e gravitacional.
No tema em questão, a equação de onda é uma equação diferencial parcial, portanto é
esse tipo de equação diferencial que foi abordado e desenvolvido neste trabalho.
De acordo com BOYCE e DIPRIMA (2006, p. 332),
A solução da equação de onda foi um dos principais problemas matemáticos de
meados do século XVIII. A equação de onda foi deduzida e estudada pela primeira
vez por D’Alembert em 1746. Atraiu, também, a atenção de Euler (1748), Daniel
Bernoulli (1753) e Lagrange (1759). Foram obtidas soluções de formas diferentes e
8

os méritos de cada uma, e relações entre elas, eram discutidas, algumas vezes
acaloradamente, em uma série de artigos durante mais de 25 anos. Os pontos
principais em discussão tratavam da natureza de uma função e dos tipos de funções
que podem ser representadas por séries trigonométricas. Essas questões não foram
resolvidas até o século XIX.

Para estudar funções que tem desenvolvimento em Séries de Fourier precisamos


abordar alguns aspectos necessários para a solução da EDP que representa a equação de onda.

2.2 Séries de Fourier

Estas séries são ferramentas muito importantes para o estudo proposto neste trabalho.
Conforme MATTOS (2001, p. 95),
As séries de Fourier aparecem no estudo de modelos físicos que descrevem
pequenas oscilações de uma corda elástica e de uma membrana, como também no
fenômeno de condução do calor em uma barra. Alguns resultados básicos sobre as
séries de Fourier são necessários quando se estudam os modelos que descrevem tais
fenômenos.

Como já foi dito anteriormente, séries de Fourier são séries que representam uma
função como uma série infinita de senos e ou co-senos, ou seja, séries trigonométricas.
Para estudar as séries de Fourier certas propriedades das funções trigonométricas
devem ser observadas, tais como, o período dessas funções, bem como sua ortogonalidade.
Conforme FIGUEIREDO (1977, p. 12) “Uma função f :R Ré

periódica de periodo T se f x T f (x) para todo x real. (...) Se T é um período para a

função f , então 2T também é um período, pois f x 2T f x T f ( x) ”.


As séries de Fourier de acordo com BOYCE e DIPRIMA (2006, p. 310) “(...)
fornecem um modo de se expressar funções bastante complicadas em termos de certas
funções elementares familiares”.
Estas séries têm a forma

a0 m x m x
a m cos bm sen ,
2 m 1 L L

pois conforme BOYCE e DIPRIMA (2006, p. 310), tem-se o seguinte resultado:

No conjunto de pontos onde a série a0 a m cos


m x
bm sen
m x converge, ela
2 m 1 L L
define uma função f , cujos valores em cada ponto x é a soma da série para aquele
9

valor de x . Nesse caso, dizemos que a série a0 a m cos


m x
bm sen
m x é a série
2 m 1 L L
de Fourier de f .

Os coeficientes desta série são calculados pelas equações:

1 L
a0 f x dx,
L L

1 L m x
am f x cos dx, com m 0,1,2,.... e
L L L
1 L m x
bm f x sen dx, para m 1,2,3,....
L L L

Em particular as funções:

m x m x
sen e cos , m 1,2,3,....,
L L

têm o período comum, igual à 2L. Para verificar isso, sabendo que o período do seno e do co-
2
seno é igual a 2 , então o período fundamental de sen x e do cos x é , chamando de

m
, o período de sen x e cos x será
L

2 L 2L
T ,
m m

e como todo múltiplo inteiro de um período também é um período, então o período de

m x m x
sen e cos vale 2L.
L L
10

2.2.1 Ortogonalidade das funções Seno e Co-seno

O produto interno padrão u, v de duas funções reais u e v no intervalo x é


definido por:

u, v u ( x)v( x)dx.

As funções u e v são ditas ortogonais em x se seu produto interno é nulo, isto


é,

u ( x)v( x)dx 0.

Um conjunto de funções é dito ortogonal se cada par de funções diferentes


pertencentes ao conjunto é ortogonal.
As funções:
m x m x
sen e cos , m 1,2,3,....,
L L

formam um conjunto ortogonal de funções no intervalo L x L. Além disso as funções

m x m x
sen e cos
L L

satisfazem as seguintes relações de ortogonalidade:

L
m x n x 0, m n,
cos cos dx
L
L L L, m n;
L
m x n x
cos sen dx 0, para todo m,n;
L
L L

L
m x n x 0, m n,
sen sen dx
L
L L L, m n.
11

Portanto, se quisermos achar o coeficiente bm numa série de Fourier, podemos

m x
multiplicar a série por sen , integrar em x de L a L e, se a integração puder ser feita
L
m x
termo a termo, teremos bm . Analogamente, ao multiplicar a série por cos obteremos o
L
coeficiente a m .

2.3 Equação de Onda

Conforme BUTKOV (1968, p. 291) “Muitos problemas físicos podem ser formulados
por meio de equações diferenciais em que aparecem funções de mais de uma variável,
chamadas equações diferenciais parciais”. Sendo a equação de onda formada por mais de
uma variável, ela está inserida no contexto de EDP’s.
A equação de onda em uma dimensão espacial pode ser deduzida do seguinte modo:
imagina-se uma corda perfeitamente elástica esticada entre dois pontos; que T ( x, t )
represente a tensão na corda e supõe-se que a corda esteja no eixo das abscissas, com suas
extremidades em x 0e x L.

Figura 1 - Uma corda elástica sob tensão T

Se a corda for colocada em movimento em algum instante inicial t 0 de forma que


ela comece a vibrar verticalmente, desprezando-se os efeitos de amortecimento, como a
resistência do ar, ela vibrará livremente neste plano horizontal.
Seu deslocamento será denotado por u x, t , onde x é a distância de um dos términos
da corda e t é o tempo para um determinado deslocamento x.
12

Figura 2 – Deslocamento vertical da corda

De acordo com BOYCE e DIPRIMA (2006, p. 332),

Se são desprezadas os efeitos de amortecimento, como a resistência do ar, e se a


amplitude do movimento não é muito grande, então u x, t satisfaz a equação
2
diferencial parcial a 2 u xx u tt no domínio 0 x L, t 0. A equação a u xx u tt é
conhecida como equação de onda em uma dimensão.

Para descobrir a equação diferencial que produz esse movimento, consideram-se as


forças que atuam em um pedaço da corda de comprimento x, entre os pontos x e x x.

Figura 3 - Um elemento da corda deslocada

Denota-se por u x, t o deslocamento vertical num ponto arbitrário x da corda e num

instante t , por T x, t a tensão na corda e por a massa da corda por unidade de


comprimento.
Conforme BOYCE e DIPRIMA (2006, p. 347),
13

A lei de Newton, aplicada ao elemento x da corda, diz que a força externa total,
devido à tensão nas extremidades do elemento, tem que ser igual ao produto da
massa do elemento pela aceleração de seu centro de massa. Como não há
aceleração horizontal, as componentes horizontais têm que satisfazer
T x x, t cos T x, t cos 0.

Supondo que a componente horizontal da tensão seja denotada por H, a equação


T x x, t cos T x, t cos 0 estabelece que H independe de x.

Figura 4 - Resolução da tensão T em componentes

Mas em contrapartida, as componentes verticais satisfazem:


_
T x x, t sen T x, t sen xu tt ( x, t ) ,
_ _
onde x é a coordenada do centro de massa do elemento da corda, sendo que x x, x x.
Supondo desprezível o peso da corda que age verticalmente para baixo, ele foi desprezado na
equação acima.
Denotando-se por V a componente vertical de T , a equação acima pode ser escrita
como

_
V (x x, t ) V ( x, t )
u tt ( x, t ).
x

Tomando o limite quando x 0, tem-se

V x ( x, t ) u tt ( x, t )

e para expressá-la somente em função de u , tem-se:


14

V ( x, t ) H (t )tg H (t )u x ( x, t ).

Então,
V x ( x, t ) u tt ( x, t )

será igual à
( Hu x ) x u tt

e sendo H independente de x,
Hu xx u tt .

Em movimentos pequenos da corda, pode-se substituir H T cos por T .


Logo, a equação Hu xx u tt pode ser representada por:

a 2 u xx u tt ,

onde a 2 T 0 é uma constante que depende da tensão e da densidade do material da


corda. Esta equação descreve o movimento de uma onda, que pode ser do mar, de som,
luminosa ou se movendo em uma corda vibrante.
Portanto a 2 u xx u tt , é a equação de onda para uma dimensão, sendo que para duas e

três dimensões as equações de onda são, respectivamente,


a 2 (u xx u yy ) utt e

a 2 (u xx u yy u zz ) utt .

Como a solução que representa o movimento da corda depende de x e de t , é


indispensável especificar as condições de contorno e iniciais ajustadas para o deslocamento
u( x, t ).
Admite-se que as extremidades da corda permanecem fixas, portanto as condições de
contorno estão expressas u(0, t ) u( L, t ) 0, t 0; e sendo a equação de onda de segunda
ordem em relação à parece razoável transcrever duas condições iniciais, que são a posição
inicial da corda u( x,0) f ( x), 0 x L, e sua velocidade inicial u t ( x,0) g ( x), 0 x L. .

Todas essas considerações estão representadas no sistema que descreve este fenômeno:
15

onde f e g são funções dadas. Para que as condições de contorno, posição inicial e velocidade
inicial da corda sejam consistentes, é necessário também, supor que

f (0) f ( L) 0, g (0) g ( L) 0.

Resolver este problema matemático consiste em determinar a solução da equação de


onda que satisfaça as condições de contorno e as condições iniciais.

2.3.1 Resolução do problema da Corda Elástica com deslocamento inicial não-nulo

Neste trabalho tivemos particular interesse na equação de onda em uma dimensão


sujeita a restrição: “corda elástica com deslocamento inicial não nulo”.
Supõe-se que uma corda elástica seja movimentada e solta para vibrar livremente.
Então o deslocamento vertical u x, t tem que satisfazer a equação de onda juntamente com as
condições de contorno e as condições iniciais:

onde f é uma equação dada que descreve a configuração da corda em t 0.


O método da separação de variáveis foi utilizado para resolver a equação de onda
juntamente com as condições de contorno e condições iniciais.
Assim, admitindo que a solução u ( x, t ) é o produto de uma função que depende só
de x e outra que depende só de t , tem-se:

u( x, t ) X ( x)T (t ).

X" 1 T"
Substituindo u na equação a 2 u xx u tt , obtém-se a 2 X "T XT ' , ou seja, ,
X a2 T
que é uma expressão com variáveis separadas. Para que esta equação seja válida é preciso que
ambos os lados sejam iguais a uma mesma constante. Assim
16

X" 1 T"
,
X a2 T

sendo uma constante de separação. Logo X (x) e T (t ) satisfazem as equações diferenciais


ordinárias,
X" X 0
T" a 2 T 0.
Substituindo u ( x, t ) nas condições de contorno
u (0, t ) 0,
u ( L, t ) 0, t 0

pela expressão na equação


u( x, t ) X ( x)T (t ),

constata-se que X (x) tem que satisfazer as condições de contorno

X (0) 0
X (L) 0.

Usando a equação:
u ( x, t ) X ( x)T (t )

em u t (x,0) 0, constata-se que T (t ) tem que satisfazer a condição inicial T ' (0) 0.

Para determinar X (x), T (t ) e resolve-se

X" X 0
com as condições de contorno
X (0) 0, X (L) 0
e resolve-se a equação
T" a2 T 0
com a condição inicial
T ' (0) 0.
17

Assim, para determinar X ( x) e T (t ) com as condições de contorno e condição inicial


precisamos resolver o problema de determinar autovalores .. Para obtermos soluções não-
triviais para
X" X 0 e X (0) 0, X (L) 0
devemos ter:
n2 2
L2 , n 1,2,...,

e X (x) proporcional às autofunções correspondentes sen(n x L). Logo, para

n2 2
L2 , n 1,2,...,
tem-se que:
n2 2
a2
T" T 0.
L2
Portanto,
n at n at
T (t ) k1 cos k 2 sen ,
L L
onde k 1 e k 2 são constantes arbitrárias. A condição inicial T ' (0) 0 implica que k 2 0,
logo T (t ) tem que ser proporcional a,
cos(n at L).
Assim, as funções:
n x n at
u n ( x, t ) sen cos , n 1,2,...,
L L

satisfazem a equação diferencial parcial a 2 u xx u tt , as condições de contorno

u (0, t ) 0, u ( L, t ) 0, t 0

e a condição inicial u t (x,0) 0. Essas funções são as soluções fundamentais do problema

dado.
Para satisfazer u( x,0) f ( x), considera-se uma superposição das soluções
fundamentais
n x n at
u n ( x, t ) sen cos , n 1,2,...,
L L
com coeficientes adequadamente escolhidos.
18

Assim, supomos que u ( x, t ) tem a forma

n x n t
u ( x, t ) c n u n ( x, t ) c n sen cos .
n 1 n 1 L L
A condição inicial u ( x,0) f ( x) implica que

n x
u ( x ,0 ) c n sen f ( x).
n 1 L

Logo, os coeficientes c n têm que ser os coeficientes na série de Fourier em senos de

f com período 2L; portanto,


2 L n x
cn f ( x) sen dx, n 1,2,....
L 0 L

e, a solução do problema formado pela equação de onda


a 2 u xx u tt ,

juntamente com as condições de contorno e condições iniciais é dada pela equação:


n x n t
u ( x, t ) c n u n ( x, t ) c n sen cos .
n 1 n 1 L L
Para um valor fixo de n, a expressão:

n x n x
sen cos
L L
na equação:
n x n at
u n ( x, t ) sen cos , n 1,2,...
L L

2L
é periódica no tempo com período ; ela representa, portanto, um movimento vibratório da
na
n a n a
corda com esse período, ou com freqüência . As quantidades a para n 1,2,...,
L L
são as freqüências naturais da corda, ou seja, freqüências nas quais a corda vibra livremente.
n x
O fator sen representa o padrão de deslocamento que ocorre na corda ao vibrar na
L
freqüência dada. Cada padrão de deslocamento é chamado um modo natural de vibração e é
19

2L
periódico na variável espacial x; o período espacial é chamado o comprimento de onda
n
n a
do modo de freqüência .
L

Situação-problema de uma Corda Elástica com deslocamento inicial não-nulo

Vamos considerar uma corda vibrante de comprimento L 18 que satisfaz a equação de onda

9u xx u tt , 0 x 18, t 0
u (0, t ) u (18, t ) 0, t 0
u ( x,0) f ( x), u t ( x,0) 0, 0 x 18

com as extremidades da corda fixas e vamos supor que a corda é deslocada em movimento
sem velocidade inicial e da posição inicial:

2 x / L, 0 x L / 2,
u( x,0) f ( x)
2( L x) / L, L / 2 x L

Encontrar o deslocamento u ( x, t ) da corda e descrever seu movimento durante um período.


Esboçar o gráfico de u ( x, t ) em função de x para 0 x 18 e para diversos valores de t
entre t 0et 12.

Resolução:

Utilizando o método da separação de variáveis, explicitado acima, foi resolvido o problema


em questão.
A solução do problema formado pela equação de onda:
a 2 u xx u tt ,

juntamente com as condições de contorno e condições iniciais é da forma:

n x n t
u ( x, t ) c n u n ( x, t ) c n sen cos .
n 1 n 1 L L
20

Sendo a 3 e L 18, tem-se:


n x 3n t
u ( x, t ) c n sen cos ,
n 1 18 18

onde c n é calculado pela equação:

2 L n x
cn f ( x) sen dx, n 1,2,....
L 0 L
Usando a condição:
2 x 18 , 0 x 18 2 ,
u( x,0) f ( x)
2(18 x) 18 , 18 2 x 18

na equação c n , obtemos:

2 9 2x n x 2 18 18 x n x
cn sen dx sen dx.
18 0 18 18 18 9 9 18

Estas integrais podem ser calculadas integrando-se por partes e obtendo-se assim o
valor de c n :

4 n 8 n 0, n par
cn .2 sen . sen
n2 2
2 n2 2
2 8( 1) n 1
n2 2
, n ímpar

Portanto a solução é dada por:

8 1 n n x n t
u ( x, t ) 2 2
sen sen cos
n 1 n 2 18 6

Esta solução fornece o deslocamento da corda em qualquer ponto x em qualquer


instante t. O movimento é periódico no tempo com período 12, de modo que basta analisar a
solução para 0 t 12.
A melhor maneira de visualizar a solução é por animação computacional, mostrando o
comportamento dinâmico da corda vibrante.
21

Figura 4 – Deslocamento da corda para valores fixos de t.

Figura 5 – Deslocamento da corda.para valores fixos de x .


22

Figura 6 – Gráfico de u em função de x e de t para a corda.

Mudando as variações de n e de t visualizamos o seguinte gráfico:

Figura 7 – Gráfico de u em função de x e de t , para


0 x 100 , 0 t 12 e com n de 1 a 2.
23

3 METODOLOGIA

A metodologia é um processo de produção científica, onde a escolha do tema do


trabalho envolve ações e estratégias, traçando assim técnicas que vão ser desenvolvidas na
pesquisa.
Para a realização do trabalho de pesquisa partiu-se das seguintes etapas:
Inicialmente foi realizada a pesquisa bibliográfica, foram feitos fichamentos com
fragmentos contendo idéias fundamentais de autores que serviram de base para a construção
de referencial teórico.
Quanto ao método a ser utilizado, foi exploratório, partindo do estudo e entendimento
do tema proposto para a realização do trabalho.
Em um segundo momento foi feita à delimitação do tema, sendo que dentro do estudo
de equação de onda abrangeu-se o estudo da equação de onda, nas vibrações de uma corda
elástica com deslocamento inicial não-nulo em uma dimensão.
Em um terceiro momento foi explorado os pré-requisitos necessários para o estudo em
questão.
Por fim, o estudo, os resultados e as análises feitas foram expressos em forma de texto
e figuras, sendo que para isso foi utilizado o software Maple, como recurso tecnológico.

CONCLUSÕES

A partir deste estudo, pode-se concluir que as equações diferenciais parciais são muito
importantes em diversos campos, como na física, modelando vários tipos de problemas
relacionados com esta área. No desenvolvimento do estudo proposto, ferramentas muito úteis
foram usadas para a construção do que se tratou neste tema, dentre elas as séries de Fourier,
séries trigonométricas que aparecem em problemas envolvendo equações diferencias parciais,
expressando funções bastante complicadas em termos mais simples envolvendo senos e ou
co-senos. Utilizou-se método da separação de variáveis para resolver o problema da corda
elástica com deslocamento inicial não-nulo, juntamente com as condições de contorno e
condições iniciais. A partir deste método resultaram duas equações diferenciais ordinárias as
quais aplicando conhecimentos de equações diferenciais ordinárias foram resolvidas, e, logo
após, aplicando resultados das séries de Fourier chegou-se a solução do problema de equação
de onda proposto.
24

Pelo que foi visto neste trabalho conclui-se que a matemática possibilitou analisar
algebricamente, analiticamente e graficamente uma situação-problema, evidenciando como a
matemática e a física se unem em um determinado contexto para encontrar a solução do
problema, e assim compreender um fenômeno que ocorre no cotidiano das pessoas, como o
que foi aqui estudado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOYCE, William E; DIPRIMA, Richard C. Equações diferenciais elementares e


problemas de valores de contorno. Tradução: Valéria de Magalhães Iório. 8ª edição. Rio
de janeiro: Ed. LTC, 2006.

BUTKOV, Eugene. Física Matemática. Tradução: João Bosco Pitombeira Fernandes de


Carvalho. 1ª edição. Rio de janeiro: Ed. LTC, 1988.

FIGUEIREDO, Djairo G. Análise de Fourier e Equações Diferenciais Parciais. 1ª edição.


Rio de janeiro, Instituto de Matemática Pura e Aplicada, CNPQ, 1977.

IÓRIO, Valéria. EDP um curso de graduação. 1ª edição.Rio de janeiro, Instituto de


Matemática Pura e Aplicada, CNPQ, 1991.

MATTOS, Marivaldo P. Séries e Equações Diferenciais. 1ª edição. São Paulo: Ed. Afiliada,
2002.

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