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ÔNUS DA PROVA

São regras que determinam quem deve arcar com a falta de prova de um determinado fato.
Tais regras (ônus da prova) são regras que não dizem quem deve produzir a prova e sim quem
vai arcar se a prova não for produzida! Mesmo que a prova seja produzida por outra pessoa,
aproveito-me dessa prova ou aproveito o ônus da prova.
OBS-
É relevante saber SE APROVA FOI PRODUZIDA e não saber quem a produziu!
A falta de prova sim causa um encargo a quem devia e não a produziu. O ônus da prova na
verdade é ÔNUS DA FALTA DE PROVA!
As regras do ônus da prova são regras de aplicação subsidiária. Isso significa que o juiz só
aplicará as regras do ônus da prova se NÃO HOUVER COMO PRODUZIR A PROVA! Conclui-
se que o juiz só julga pelo ônus da prova – se não há como buscar a prova. Se há como buscar
a prova o juiz determina que busque a prova. O juiz só aplica as regras da distribuição do ônus
da prova se não houver + como produzir prova no processo!
Questão:
Relacione as regras do ônus da prova com os poderes instrutórios do juiz! Como conciliar as
regras do ônus da prova com um sistema que confere poderes instrutórios ao juiz e permite
julgar com base no ônus da prova?
Essa regra do ônus da prova só tem aplicação subsidiária. Isso significa que o julgador só julga
com base no ônus da prova se não houver como produzir a prova.
OBS- O ônus da prova é regra de julgamento. Isso significa que o juiz aplica as regras do ônus
da prova na hora de sentenciar / no julgamento. Regra que se aplica na hora de proferir a
decisão.

TEORIA ESTÁTICA DO ÔNUS DA PROVA-


O nosso CPC de 1973 adotou a teoria estática de distribuição do ônus da prova. Por isso, para
o DPC o ônus da prova é de quem alega – cf. art. 333 do CPC.
Art. 333. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
Isso significa que o ônus da prova entre nós é distribuído previamente! Este é um sistema
rígido.
O máximo de flexibilização que o CPC permite é CONVENÇÃO SOBRE O ÔNUS DA PROVA –
as partes fazendo um acordo para distribuir o ônus da prova – FLEXIBILIZAÇÃO NEGOCIAL!
OBS: Mas a CONVENÇÃO NEGOCIAL – não se admite:
a-) Em se tratando de direitos indisponíveis.
b-) Que onere excessivamente uma das partes.

OBS –
Há situações em que:
a-) A PROVA DO FATO É IMPOSSÍVEL OU EXTREMAMENTE DIFÍCIL DE SER PRODUZIDA!
Fala-se em prova diabólica!
Ex: A CF/88 permite usucapião especial de imóvel urbano e rural!
Para usucapir especial – o indivíduo não pode ter outro imóvel! Essa prova é impossível! Pelo
CPC o ônus da prova é do autor!
Aí surge uma teoria que defende a DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA!
TEORIA DA DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA-
O ônus da prova deve ser distribuído a posteriori – caso a caso – conforme as peculiaridades
do caso concreto.
Isso significa que o ônus da prova deve ser distribuído ou deve ser daquele que pode suportá-
lo. Essa teoria se fundamenta:
a-) IGUALDADE – Eu não posso arcar com um ônus que eu não tenha condição de cumprir.
b-) ADEQUAÇÃO – As regras processuais devem ser adequadas.
OBS –
Essa teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova é uma teoria que vem sendo aplicada no
Brasil pela jurisprudência – passando a mensagem que direitos fundamentais devem ser

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concretizados – percebendo o juiz que a prova seria diabólica o juiz redistribui o ônus da prova.
Essa teoria nasceu na Argentina: Teoria da Carga Probatória Dinâmica!
CARGA = ônus!
O que é dinâmica é a distribuição do ônus da prova e não a teoria!
Temos algo parecido/ próximo disso no CDC. O nosso CDC apresenta uma regra de
distribuição dinâmica do ônus da prova –
Art. 6º do CDC –
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Permite inversão do ônus da prova – redistribuição no caso concreto:
a-) Se as alegações finais forem verossímeis;
b-) A parte for hipossuficiente.
Aqui existe a peculiaridade que deve ser observada – a inversão do ônus da prova ocorre:
1-) Sempre (e só) em beneficio do consumidor;
2-) E atendido aos pressupostos/ requisitos processuais (verossimilhança das alegações +
hipossuficiência do consumidor).
OBS –
Não tenho no CDC uma consagração da Teoria da Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova.
Porque a Teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova se aplica a qualquer das partes!
OBS –
As regras de ônus da prova se aplicam na sentença – são regras de julgamento! As regras de
redistribuição do ônus da prova ocorrem durante o processo.
Conclusão:
As regras do ônus da prova são diferentes das Regras da inversão do ônus da prova que são
diferentes do art. 38 do CDC!

Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária


cabe a quem as patrocina.

Isso significa que numa ação de consumo por publicidade enganosa o consumidor não precisa
provar que a publicidade é enganosa – aqui o ônus da prova é do fornecedor. Isso é teoria
estática do ônus da prova! A lei diz – como se houvesse uma presunção relativa de que o
consumidor fala a verdade! Isso não é inversão do ônus da prova. Não é dinâmico. O art. 38 do
CDC é uma regra diferente da regra do ônus da prova!

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