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São regras que determinam quem deve arcar com a falta de prova de um determinado fato.
Tais regras (ônus da prova) são regras que não dizem quem deve produzir a prova e sim quem
vai arcar se a prova não for produzida! Mesmo que a prova seja produzida por outra pessoa,
aproveito-me dessa prova ou aproveito o ônus da prova.
OBS-
É relevante saber SE APROVA FOI PRODUZIDA e não saber quem a produziu!
A falta de prova sim causa um encargo a quem devia e não a produziu. O ônus da prova na
verdade é ÔNUS DA FALTA DE PROVA!
As regras do ônus da prova são regras de aplicação subsidiária. Isso significa que o juiz só
aplicará as regras do ônus da prova se NÃO HOUVER COMO PRODUZIR A PROVA! Conclui-
se que o juiz só julga pelo ônus da prova – se não há como buscar a prova. Se há como buscar
a prova o juiz determina que busque a prova. O juiz só aplica as regras da distribuição do ônus
da prova se não houver + como produzir prova no processo!
Questão:
Relacione as regras do ônus da prova com os poderes instrutórios do juiz! Como conciliar as
regras do ônus da prova com um sistema que confere poderes instrutórios ao juiz e permite
julgar com base no ônus da prova?
Essa regra do ônus da prova só tem aplicação subsidiária. Isso significa que o julgador só julga
com base no ônus da prova se não houver como produzir a prova.
OBS- O ônus da prova é regra de julgamento. Isso significa que o juiz aplica as regras do ônus
da prova na hora de sentenciar / no julgamento. Regra que se aplica na hora de proferir a
decisão.
OBS –
Há situações em que:
a-) A PROVA DO FATO É IMPOSSÍVEL OU EXTREMAMENTE DIFÍCIL DE SER PRODUZIDA!
Fala-se em prova diabólica!
Ex: A CF/88 permite usucapião especial de imóvel urbano e rural!
Para usucapir especial – o indivíduo não pode ter outro imóvel! Essa prova é impossível! Pelo
CPC o ônus da prova é do autor!
Aí surge uma teoria que defende a DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA!
TEORIA DA DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA-
O ônus da prova deve ser distribuído a posteriori – caso a caso – conforme as peculiaridades
do caso concreto.
Isso significa que o ônus da prova deve ser distribuído ou deve ser daquele que pode suportá-
lo. Essa teoria se fundamenta:
a-) IGUALDADE – Eu não posso arcar com um ônus que eu não tenha condição de cumprir.
b-) ADEQUAÇÃO – As regras processuais devem ser adequadas.
OBS –
Essa teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova é uma teoria que vem sendo aplicada no
Brasil pela jurisprudência – passando a mensagem que direitos fundamentais devem ser
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concretizados – percebendo o juiz que a prova seria diabólica o juiz redistribui o ônus da prova.
Essa teoria nasceu na Argentina: Teoria da Carga Probatória Dinâmica!
CARGA = ônus!
O que é dinâmica é a distribuição do ônus da prova e não a teoria!
Temos algo parecido/ próximo disso no CDC. O nosso CDC apresenta uma regra de
distribuição dinâmica do ônus da prova –
Art. 6º do CDC –
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Permite inversão do ônus da prova – redistribuição no caso concreto:
a-) Se as alegações finais forem verossímeis;
b-) A parte for hipossuficiente.
Aqui existe a peculiaridade que deve ser observada – a inversão do ônus da prova ocorre:
1-) Sempre (e só) em beneficio do consumidor;
2-) E atendido aos pressupostos/ requisitos processuais (verossimilhança das alegações +
hipossuficiência do consumidor).
OBS –
Não tenho no CDC uma consagração da Teoria da Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova.
Porque a Teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova se aplica a qualquer das partes!
OBS –
As regras de ônus da prova se aplicam na sentença – são regras de julgamento! As regras de
redistribuição do ônus da prova ocorrem durante o processo.
Conclusão:
As regras do ônus da prova são diferentes das Regras da inversão do ônus da prova que são
diferentes do art. 38 do CDC!
Isso significa que numa ação de consumo por publicidade enganosa o consumidor não precisa
provar que a publicidade é enganosa – aqui o ônus da prova é do fornecedor. Isso é teoria
estática do ônus da prova! A lei diz – como se houvesse uma presunção relativa de que o
consumidor fala a verdade! Isso não é inversão do ônus da prova. Não é dinâmico. O art. 38 do
CDC é uma regra diferente da regra do ônus da prova!