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Refrigeraç˜ao e Ar Condicionado

Ciclo de Refrigera¸c˜ao por Compress˜ao de Vapor

Filipe Fernandes de Paula


filipe.paula@engenharia.ufjf.br

Departamento de Engenharia de Produ¸c˜ao e Mecˆanica


Faculdade de Engenharia
Universidade Federal de Juiz de Fora

Engenharia Mecˆanica

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Introduç˜ao

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Introdu¸c˜ao

I Como visto, o ciclo de Carnot, apesar de possuir a maior eficiˆencia


poss´ıvel, n˜ao apresenta praticidade em aplica¸c˜oes de refrigera¸c˜ao;
I Por isso adota-se outro ciclo ideal de refirgera¸c˜ao, o chamado ciclo
te´orico de refrigera¸c˜ao por compress˜ao de vapor;
I Esse ciclo realiza duas importantes modifica¸c˜oes no ciclo de Carnot:
I O refrigerante ´e aquecido at´e vapor saturado no evaporador;
I A turbina ´e trocada por um dispositivo chamado de v´alvula de
expans˜ao
I Dessa forma, os processos do ciclo te´orico por compress˜ao de vapor
se aproximam dos processos do ciclo real;
I O ciclo ideal por compres˜ao a vapor agora ´e utilizado como
comparaç˜ao para os ciclo reais, pois possui o desempenho nas
mesmas condi¸c˜oes.

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Introdu¸c˜ao

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Ciclo Te´orico de Refrigera¸c˜ao por Compress˜ao
de Vapor

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Diagrama de Molier
I É um diagrama muito utilizado em refrigera¸ c˜ao. É um diagrama de
estado do refrigerante em fun¸c˜ao da press˜ao e entalpia (P-h);

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Diagrama de Molier

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Ciclo Teórico por Compress˜ao de Vapor
I Ciclo ideal por compress˜ao de vapor pode ser escrito da seguinte
forma em um diagrama P-h.

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Ciclo Teórico por Compress˜ao de Vapor
I 1 - 2: Ocorre no compressor, sendo um processo adiab´atico
revers´ıvel(isentr´opico). O refrigerante entra no compressor `a
press˜ao do evaporador (Po ) e (x = 1). O refrigerante ´e ent˜ao
comprimido at´e atingir a press˜ao de condensa¸c˜ao (P c ) e, ao sair do
compressor est´a superaquecido `a temperatura T 2 .

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Ciclo Teórico por Compress˜ao de Vapor
I 2 - 3: Ocorre no condensador, o refrigerante rejeita calor para o
meio de resfriamento a press˜ao constante. Neste processo o fluido
frigor´ıfico ´e resfriado da temperatura T2 at´e a temperatura de
condensa¸c˜ao TC e, a seguir, condensado at´e se tornar l´ıquido
saturado na temperatura T 3 .

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Ciclo Teórico por Compress˜ao de Vapor
I 3 - 4: Ocorre no dispositivo de expans˜ao, sendo uma expans˜ao
irrevers´ıvela entalpia constante (processo isent´alpico), desde a
press˜ao PC e l´ıquido saturado (x = 0), at´e a press˜ao de vaporiza¸c˜ao
(P o ).

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Ciclo Teórico por Compress˜ao de Vapor
I 4 - 1: Ocorre no evaporador, sendo um processo de transferˆencia de
calor a press˜ao constante (P o ), consequentemente a temperatura
constante (T o ), desde vapor ´umido (estado 4), at´e atingir o estado
de vapor saturado seco (x = 1).

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Ciclo Real por Compress˜ao de Vapor

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Ciclo Real por Compress˜ao de Vapor
I As diferenças principais entre o ciclo real e o ciclo te´orico s˜ao:
I Queda de press˜ao nas linhas de descarga, l´ıquido e de suc¸c˜ao assim
como no condensador e no evaporador;
I Sub-refriamento do refrigerante na sa´ıda do condensador (nem todos
os sistemas s˜ao projetados com sub-refriamento);
I Superaquecimento na suc¸c˜ao do compressor, que tem a finalidade de
evitar a entrada de l´ıquido no compressor;
I O processo de compress˜ao, que no ciclo real ´e politr´opico (s1 6= s2),
e no processo te´orico ´e isentr´opico.

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Balan¸co de Energia para o Ciclo de Refrigera¸ c˜ao por
Compress˜ao de Vapor

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Introdu¸c˜ao

I O balan¸co de energia do ciclo de refrigera¸c˜ao ´e feito considerando-se


o sistema operando em,
I Regime permanente;
I Nas condi¸c˜oes de projeto, ou seja, `a temperatura de condensa¸c˜ao
(T C ), e temperatura de vaporiza¸ c˜ao (TO ).
I Os sistemas reais e te´oricos tˆem comportamentos idˆenticos, tendo o
ciclo real apenas um desempenho pior;
I A an´alise do ciclo te´orico permitir´a, de forma simplificada, verificar
quais parˆametros tˆem influˆencia no desempenho do ciclo.

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Introdu¸c˜ao

I Para realizar o balan¸co energ´etico, utiliza-se a Primeira Lei da


Termodinˆamica na seguinte forma,

V2 V2
ṁ h + + gz − ṁ h + + gz + q − Ẇ = 0 (1)
2 entra 2 sai

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Capacidade Frigor´ıfica
I A capacidade frigor´ıfica (Q˙o ) , ´e a taxa de calor retirada do meio
que se quer resfriar (produto), atrav´es do evaporador do sistema
frigor´ıfico.
Q˙o = ˙m f (h 1 − h 4 ) (2)

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Capacidade Frigor´ıfica

I A quantidade de calor por unidade de massa de refrigerante retirada


no evaporador ´e chamada de Efeito Frigor´ıfico (EF), e ´e um dos
parˆametros usados para definir o fluido frigor´ıfico que ser´a utilizado;

EF = h 1 − h 4 (3)

I Normalmente, se conhece Q˙o do sistema de refrigera¸c˜ao, a qual deve


ser igual `a carga t´ermica, para opera¸c˜ao em regime permanente;
I Se for estabelecido o ciclo e o refrigerante com o qual o sistema
trabalhar´a, pode-se determinar a vaz˜ao m´axima de refrigerante, pois
as entalpias h 1 e h 4 s˜ao conhecidas;
I Consequentemente o compressor fica determinado.

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Potˆencia Teórica de Compress˜ao
I Potˆencia te´orica de compress˜ao ´e a taxa quantidade de trabalho que
deve ser fornecido ao refrigerante, no compressor, para se obter a
elevaç˜ao de press˜ao necess´aria ao do ciclo te´orico;

W˙ c = ˙m f (h 2 − h 1 ) (4)

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Calor Rejeitado no Condensador
I A fun¸c˜ao do condensador ´e transferir calor do fluido frigor´ıfico para
o meio de resfriamento do condensador (´agua ou ar);
Q˙c = ˙m f (h 2 − h 3 ) (5)
I O condensador deve ser capaz de rejeitar a taxa de calor calculada,
a qual depende da carga t´ermica do sistema e da potˆencia de
acionamento do compressor.

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Dispositivo de Expans˜ao
I No dispositivo de expans˜ao, o processo te´orico ´e adiab´atico, neste
caso, aplicando-se a primeira lei da termodinˆamica, em regime
permanente, desprezando-se as varia¸c˜oes de energia cin´etica e
potencial, tem-se:
h3 = h 4 (6)

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Coeficiente de Performance do Ciclo

I Embora o COP do ciclo real seja sempre menor que o do ciclo


te´orico, para as mesmas condi¸c˜oes de operaç˜ao, pode-se com o ciclo
te´orico, verificar que parˆametros influenciam no desempenho do
sistema;
Energia Util h1 − h 4
COP = = (7)
Energia Gasta h2 − h 1
I O COP ´e funç˜ao somente das propriedades do refrigerante,
consequentemente, depende das temperaturas de condensa¸ c˜ao e
vaporizaç˜ao;
I Para o ciclo real o desempenho depender´a em muito das propriedades
na suc¸c˜ao do compressor, do próprio compressor e dos demais
equipamentos do sistema.

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Resumo do Balan¸co de Energia

Evaporador Q˙o = ˙m f (h 1 − h 4 )
Condensador Q˙c = ˙m f (h 2 − h 3 )
Compressor W˙ c = ˙m f (h 2 − h 1 )
V´alvula de expans˜ao h3 = h 4
h1 − h 4
COP COP =
h2 − h 1

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Exemplo

I Exemplo 1 - O refrigerante R134a ´e utilizado como refrigerante em


um ciclo ideal por compress˜ao. Na entrada do compressor tem-se
vapor saturado a 0°C e na sa´ıda do condensador tem-se l´ıquido
saturado a 26°C. A vaz˜ao m´assica de refrigerante ´e 0,08 kg/s.
Determine:
(a) A potˆencia de compress˜ao em [kW];
(b) A capacidade de refrigera¸c˜ao;
(c) O coeficiente de performance;
(d) O coeficiente de performance do ciclo de Carnot operando entre as
regiões quente e fria.

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Exemplo

I Exemplo 2 - O refrigerante R134a ´e utilizado como refrigerante em


um ciclo de compress˜ao de vapor. Na entrada do compressor tem-se
vapor saturado a -10°C e na sa´ıda do condensador tem-se l´ıquido
saturado a 9 bar. A vaz˜ao m´assica de refrigerante ´e 0,08 kg/s.
Determine:
(a) Potˆencia de compress˜ao em kW;
(b) A capacidade de refrigera¸c˜ao;
(c) O coeficiente de performance.

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Parˆametros que Influenciam o COP do Ciclo
de Refrigera¸c˜ao

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Temperatura de Evapora¸ c˜ao no COP do Ciclo Te´orico

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Temperatura de Evapora¸c˜ao no COP do Ciclo Te´
orico

I Para ilustrar o efeito que a temperatura de evapora¸ c˜ao tem sobre a


eficiˆencia do ciclo ser´a considerado um conjunto de ciclos em que
somente a temperatura de evapora¸c˜ao (T o ) ´e alterada. Nesta
an´alise utilizou-se R22 como refrigerante;
I Como pode ser observado, uma redu¸ c˜ao na temperatura de
evaporaç˜ao resulta em redu¸c˜ao do COP, isto ´e, o sistema se torna
menos eficiente.

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Temperatura de Evapora¸c˜ao no COP do Ciclo Te´
orico

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Temperatura de Evapora¸c˜ao no COP do Ciclo Te´
orico

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Temperatura de Evapora¸c˜ao no COP do Ciclo Te´
orico

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Temperatura de Condensa¸ c˜ao no COP do Ciclo Te´orico

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Temperatura de Condensa¸c˜ao no COP do Ciclo Te´
orico

I Como no caso da temperatura de vaporiza¸c˜ao, a influˆencia da


temperatura de condensa¸ c˜ao ´e mostrada em um conjunto de ciclos
onde apenas se altera a temperatura de condensa¸ c˜ao (Tc );
I Com o aumento da temperatura do condensador, o COP do ciclo
diminui;
I Observe que uma varia¸c˜ao na temperatura de condensa¸c˜ao, resultou
em menor varia¸c˜ao do COP, se comparado com a mesma faixa de
varia¸c˜ao da temperatura de evaporaç˜ao.

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Temperatura de Condensa¸c˜ao no COP do Ciclo Te´
orico

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Temperatura de Condensa¸c˜ao no COP do Ciclo Te´
orico

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Temperatura de Condensa¸c˜ao no COP do Ciclo Te´
orico

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Sub-resfriamento do L´ıquido no COP do Ciclo Te´orico

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Sub-resfriamento do L´ıquido no COP do Ciclo Te´
orico

I Com o aumento do sub-resfriamento, existe um pequeno aumento


do COP do sistema;
I Embora haja um aumento no COP do ciclo com o aumento do
sub-resfriamento, na pr´atica se utiliza um sub-resfriamento para
garantir que se tenha somente l´ıquido na entrada do dispositivo de
expans˜ao, o que mant´em a capacidade frigor´ıfica do sistema.
I O subresfriamento ´e conseguido na pr´atica com os seguintes
m´etodos;
I Super dimensionamento do condensador;
I Posicionamento adequado do fluxo de refrigerande e fluido
refrigerado;
I Trocador de calor adicional.

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Sub-resfriamento do L´ıquido no COP do Ciclo Te´
orico

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Sub-resfriamento do L´ıquido no COP do Ciclo Te´
orico

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Sub-resfriamento do L´ıquido no COP do Ciclo Te´
orico

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Superaquecimento Útil no COP do Ciclo Te´orico

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Superaquecimento Útil no COP do Ciclo Te´orico

I Quando o superaquecimento do refrigerante ocorre retirando calor


do meio que se quer resfriar, chama-se a este superaquecimento de
superaquecimento ´util ;
I O superaquecimento pode ser obtido atrav´es do controle da
expans˜ao na v´alvula.

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Superaquecimento Útil no COP do Ciclo Te´orico

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Superaquecimento Útil no COP do Ciclo Te´orico

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Superaquecimento Útil no COP do Ciclo Te´orico

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Superaquecimento Útil no COP do Ciclo Te´orico

I A varia¸c˜ao do COP com o superaquecimento depende do


refrigerante;
I Nos casos mostrados,
I Para o R717 o COP sempre diminui;
I Para o R134a o COP sempre aumenta;
I Para o R2, h´a um aumento inicial e depois uma diminui¸c˜ao;
I Para outras condi¸cões do ciclo (variando T o e T c ), poder´a ocorrer
comportamento que difere do mostrado.
I Mesmo para os casos em que o superaquecimento melhora o COP
ele diminui a capacidade frigor´ıfica do sistema de refrigera¸c˜ao.
I Assim, s´o se justifica o superaquecimento do fluido, por motivos de
segurança, para evitar a entrada de l´ıquido no compressor.

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Trocador de Calor Intermedi´ario

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Trocador de Calor Intermedi´ario

I Tamb´em conhecido como trocador de calor de linha de suc¸c˜ao.

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Trocador de Calor Intermedi´ario

I Alguns sistemas frigor´ıficos utilizam trocadores de calor que resfriam


o l´ıquido que sai do condensador com o vapor que sai do evaporador;
I É usual em instala¸c˜oes de pequeno porte;
I Aplicando-se a Primeira Lei da Termodinˆamica ao trocador de calor
como um todo, tem-se:

h3 0 − h 3 = h 1 − h 1 0 (8)

I Aplicando-se a Primeira Lei da Termodinˆamica ao refrigerante pelo


lado do condensador e pelo lado do evaporador no trocador de calor
intermedi´ario, tem-se:

Q̇TCI = h 30 − h 3 = h 1 − h 10 (9)

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Trocador de Calor Intermedi´ario

I Comparando com o ciclo ideal por compress˜ao de vapor, o ciclo com


trocador intermedi´ario ´e vantajoso devido ao aumento do efeito
frigor´ıfico (h10 − h 4 ) e COP;
I Nem sempre ocorre esses efeitos de melhora do ciclo, pois a
temperatura de suc¸c˜ao do compressor aumenta.
I Duas s˜ao as raz˜oes para se utilizar o trocador intermedi´ario:
I Superaquecimento para evitar entrada de l´ıquido no compressor;
I Sub-resfriamento do l´ıquido que sai do condensador, a fim de evitar
bolhas de vapor, que podem dificultar o escoamento pela v´alvula de
expans˜ao.

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Exemplo

I Exemplo 3 - Um ciclo padr˜ao de compress˜ao a vapor, utilizando


R-22, desenvolve 50kW de refrigera¸ c˜ao, operando a uma
temperatura de condensa¸ c˜ao de 35°C e uma temperatura de
evaporaç˜ao de −10°C . Determine:
(a) O efeito de refrigera¸c˜ao;
(b) A vaz˜ao de refrigerante;
(c) A potˆencia do compressor;
(d) O COP;
(e) A vaz˜ao volum´etrica medida na sucç˜ao do compressor;
(f) A temperatura de descarga do compressor;
(g) Potˆencia adicional para garantir um superaquecimento de 6°C e o
COP para esse caso.

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Exemplo

I Exemplo 4 - Um sistema de compress˜ao a vapor utilizando R-22,


utiliza um trocador de calor entre o g´as de aspira¸ c˜ao e l´ıquido, o
qual aquece o vapor saturado do evaporador de −10°C a 5°C com o
l´ıquido do condensador a 30°C . A compress˜ao ´e isentr´opica para os
casos a seguir.
(a) Calcule o COP do sistema sem trocador de calor;
(b) Calcule o COP com trocador de calor;
(c) Qual a capacidade de refrigera¸c˜ao do sistema sem trocador de calor
se o compressor bombeia 12L/s, referidos ao estado do vapor na
aspira¸c˜ao do compressor?
(d) Qual a capacidade de refrigera¸c˜ao do sistema com trocador de calor
se para um compressor com a mesma capacidade do item anterior?

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Bombas de Calor

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Bombas de Calor
I Bombas de calor possuem a fun¸c˜ao de aquecer determinado
ambiente, retirando calor de um ambiente mais frio;
I Esses sistemas s˜ao iguais aos sistemas de refrigera¸c˜ao, tendo como
diferença apenas que o calor cedido pelo condensador ´e o objetivo
desejado;

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Bombas de Calor

I As bombas de calor funcionam segundo o ciclo de compress˜ao de


vapor, e podem ser analisadas da mnesma forma que refrigeradores;
I Como a energia ´util agora ´e o calor cedido pelo condensador, o COP
das bombas de calor s˜ao calculadas da seguinte forma,
h2 − h 1
γ= (10)
h2 − h 3

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Bombas de Calor

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