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I – DOS FATOS
No dia 20/12/2016, a autora recebeu notícia que seu filho Marcos, de 18 anos de
idade, tinha sido preso de forma ilegal e encaminhado equivocadamente ao presídio
XXX. No mesmo dia a autora procurou um advogado criminalista para atuar no caso,
sendo que o advogado cobrou R$ 20.000,00 de honorários.
A autora, ao chegar em casa, comentou com o réu, seu vizinho, que não tinha o valor
cobrado pelo advogado e que estava desesperada. O réu, vendo a necessidade da autora
de obter dinheiro para contratar um advogado, aproveitou a oportunidade para obter
uma vantagem patrimonial, propôs à autora comprar seu carro pelo valor de R$
20.000,00, sendo que o carro o preço de mercado no calor de R$ 50.000,00. Diante da
situação que se encontrava, a autora resolveu celebrar o negócio jurídico. No dia
seguinte ao negócio jurídico realizado e antes de ir ao escritório do advogado
criminalista, a mesma descobriu que a avó paterna de seu filho tinha contratado outro
advogado criminalista para atuar no caso e que tinha conseguido a liberdade de seu filho
através de um Habeas Corpus.
Diante destes novos fatos, a autora falou com o réu para desfazerem o negócio,
entretanto, o mesmo informou que não pretendia desfazer o negócio jurídico celebrado.
II – DO DIREITO
Dos fatos, restou provado que o réu, beneficiando-se da premente necessidade da autora
em socorrer o filho que estava preso, induziu-a a vender seu automóvel por preço
muito inferior ao valor de mercado. Agiu ardilosamente e ilicitamente, viciando o
negócio jurídico celebrado, causando lesão ao patrimônio da autora.
Ora, não há dúvida de que o réu agiu dolosamente. Aproveitou-se do desespero de uma
mãe ao ver o filho preso, e ofertou-lhe exatamente o montante que a autora necessitava
para contratar um Advogado Criminalista, quando sabedor que o veículo da autora, no
mercado, alcançava o valor de cerca de R$ 50.000,00. Havendo o dolo, não há como
manter o negócio jurídico celebrado entre as partes litigantes.
Como é de sobejo conhecimento, o Código Civil não define dolo, mas para
compreendê-lo, traz-se definição de Clóvis Beviláqua:
“Dolo é artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à
prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a
terceiro”.
Pode-se dizer que dolo é qualquer meio utilizado intencionalmente para induzir
ou manter alguém em erro na prática de um ato jurídico, amoldando-se ao caso sub
judice.
III – DO PEDIDO