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Tratamento odontológico em pacientes HIV/aids Corrêa EMC, Andrade ED

REVISÃO DE LITERATUR
ITERA A
TURA

TRATAMENTO ODONTOLÓGICO EM PACIENTES HIV/AIDS


DENTAL MANAGEMENT OF HIV/AIDS PATIENTS

Corrêa, Elisabete Míriam de Carvalho*


Andrade, Eduardo Dias de**

RESUMO

Os portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou que já apresentam a síndrome


da imunodeficiência adquirida (aids) precisam de cuidados multidisciplinares que envolvem o
cirurgião-dentista. O estado de imunossupressão causado pelo vírus HIV leva ao risco de apa-
recimento de infecções oportunistas ou neoplasias que podem se manifestar na cavidade bucal.
Desse modo, por meio da anamnese e do exame físico, o profissional pode se deparar com
sinais e sintomas sugestivos da infecção pelo vírus HIV, contribuindo para o diagnóstico preco-
ce da doença. Naqueles pacientes em que a infecção pelo HIV já foi diagnosticada, o cirurgião-
dentista exerce um papel igualmente importante, que é o de manutenção da saúde bucal, con-
tribuindo para melhoria da sua qualidade de vida. Este artigo faz uma revisão sobre o tra-
tamento odontológico de portadores de HIV/aids, enfocando as fases da doença, exames
laboratoriais, principais manifestações bucais causadas pela infecção, medicações utilizadas,
risco ocupacional e condutas frente a acidentes.
UNITERMOS: aids, vírus HIV, Odontologia.

SUMMARY

The people with human immunodefiency virus (HIV) or acquired immune deficiency
syndrome (aids) needs multidisciplinary care involving the dentists. The state immune
supression caused by HIV increasing the risks of developing opportunistic infections or
neoplasias into oral cavity. The dentist can find signs and symptoms of HIV infection, by
medical history and clinical examination, contributing to the early diagnosis of the disease.
In those patients whose HIV infection was already diagnosed the dentists play an important
role in maintaining their oral health and well-being. This paper makes a review about den-
tal treatment of patients with HIV/aids, focusing the clinical stages of disease, laboratory
tests, oral lesions more commonly HIV-associated, drugs, occupational risk and treatment
after accidental exposure to virus.
UNITERMS: aids, HIV, dentistry.

INTRODUÇÃO nadas às doenças (Souza et al., 2000; Malbergier


e Schöffel, 2001).
A síndrome da imunodeficiência adquirida Estima-se que no Brasil existam cerca de 600
(aids) foi reconhecida oficialmente como entidade mil portadores do vírus HIV (Ministério da Saúde,
patológica em 1981, pelo “Center for Disease 2004).
Control and Prevention” – órgão dos Estados Uni- A aids é causada pelo vírus da imunodeficiência
dos que centraliza as normas e as ações relacio- humana (HIV) que se transmite por meio de rela-

* Doutora em Odontologia – Área de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica, pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba/
Unicamp.
** Professor Titular da Área de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba/Unicamp.

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ções sexuais (vaginais, orais ou anais), sangue, indivíduo infectado de 3 a 12 semanas após a in-
agulhas e seringas contaminadas e através da mãe fecção. O período compreendido entre o momento
infectada para seu filho (gravidez, parto e da infecção e o aparecimento de anticorpos anti-
amamentação) (Belman, 2002). Após a contami- HIV (em quantidade suficiente para ser detectado
nação, o indivíduo pode passar meses ou anos de pelos exames laboratoriais) é denominado “janela
forma assintomática. Desse modo nem todos os imunológica” (Brasil, 2000). Os principais testes
portadores do vírus HIV têm aids. À medida que o utilizados para diagnosticar a infecção serão des-
vírus ataca o sistema imunológico, começam a apa- critos a seguir:
recer os primeiros sinais e sintomas da doença.
• ELISA (Enzyme–Linked Immunosorbent
Portanto, a aids é a manifestação clínica avançada
Assay): geralmente é o primeiro teste a ser
da infecção pelos vírus HIV, que leva a uma
realizado. Amplamente utilizado devido a
imunossupressão progressiva, resultando em uma
sua elevada sensibilidade, custo relativamen-
maior suscetibilidade a infecções oportunistas,
te baixo e facilidade de execução (Brasil,
neoplasias e manifestações neurológicas (Cotran
2000).
et al., 2000).
Na área odontológica, o desconhecimento ini- • Western Blot: é considerado o padrão de re-
cial da doença e de seus aspectos clínicos, além ferência internacional para confirmação de
do preconceito gerado em torno da aids, causou resultados. Trata-se de um ensaio de execu-
sérias limitações no tratamento desses pacientes. ção simples, mas de custo elevado (Brasil,
A grande maioria dos cirurgiões-dentistas ainda 2000).
não se sente suficientemente preparada para aten- • Testes rápidos: geralmente dispensam a uti-
der portadores do vírus HIV, principalmente quan- lização de equipamentos para a sua realiza-
do estes já apresentam complicações clínicas. A ção, sendo de fácil execução e leitura visual.
insegurança sentida pelo profissional faz com que São executados em tempo inferior a 30 mi-
ele prefira evitar o seu atendimento. Porém, o tra- nutos. São úteis em casos de acidentes
tamento dos indivíduos HIV/aids não é mais com- ocupacionais, quando é necessária a obten-
plexo que o de outros pacientes com comprometi- ção rápida da sorologia do paciente-fonte
mento clínico. Além disso, os primeiros sinais clí- (Brasil, 2000; Patton, 2003).
nicos da imunodeficiência associados ao HIV apa-
recem com freqüência, na cavidade oral (Brasil, Curso da doença e monitoramento
2000), o que dá ao cirurgião-dentista um papel laboratorial
importante no diagnóstico precoce da infecção e
Segundo Cotran et al. (2000) após a infecção
tratamento desse grupo de pacientes.
pelo HIV, esta se manifesta em estágios:
• Fase de infecção aguda inicial: desenvolve-
REVISÃO DA LITERATURA se 3 a 6 semanas após a infecção, com a pre-
sença de febre, dor de garganta, mialgias,
O vírus HIV no organismo
exantema transitório, fadiga, etc. Os sinais e
O vírus HIV não tem capacidade de se repro- sintomas sofrem remissão de maneira es-
duzir por si próprio, por isso, age como um para- pontânea, devido à resposta imune do indi-
sita, invadindo as células do hospedeiro. Ele víduo.
infecta toda e qualquer célula do organismo que • Fase assintomática: neste período o vírus
expresse em sua superfície o receptor CD4, tendo permanece em replicação ativa, especialmen-
porém, uma maior afinidade pelos linfócitos T, do te nos tecidos linfóides. Há depleção progres-
sistema imunológico. Desse modo, à medida que siva dos linfócitos T. Esta fase pode durar
o vírus HIV se replica, causa depleção das células até 10 anos.
T, diminuindo a resistência orgânica contra infec- • Fase crônica: caracteriza-se pela desintegra-
ções. ção da defesa do hospedeiro, iniciando-se
com sinais e sintomas constitucionais (fadi-
Diagnóstico laboratorial da infecção
ga, perda de peso, diarréia) seguidos de in-
pelo HIV
fecções oportunistas, alterações neurológi-
As técnicas utilizadas para diagnóstico da cas, podendo ocorrer inclusive neoplasias.
infecção pelo HIV se baseiam na detecção de Nessa fase diz-se que o indivíduo desenvol-
anticorpos anti-HIV. Eles aparecem no sangue do veu aids.

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Com o diagnóstico precoce da infecção e trata- dos “coquetéis” são associações de anti-retrovi-
mento com os anti-retrovirais pode-se aumentar o rais que inibem a replicação do vírus em diferen-
tempo e a qualidade de vida do paciente infectado. tes etapas, tornando o tratamento mais eficaz.
Alguns exames são feitos no portador do vírus (Greenwood et al., 1998).
HIV para monitoramento da evolução da doença e O paciente infectado pelo vírus HIV precisa fa-
da resposta ao tratamento anti-retroviral. São eles: zer um acompanhamento com um infectologista,
• Contagem de linfócitos T CD4+: a redução que avalia a necessidade ou não de prescrição de
do número de linfócitos T CD4+ circulantes anti-retrovirais e qual o regime posológico a ser
é um importante indicador de comprometi- seguido. O uso incorreto destes medicamentos está
mento imunológico. O indivíduo normal pos- diretamente relacionado à falência terapêutica,
sui em torno de 600 a 1600 células/mm3 de facilitando a emergência de cepas do vírus resisten-
sangue. Quando a contagem se situa entre tes aos medicamentos (Johnson, 2002; Lignani-Jr.
500 e 200 células/mm3, aparecem os primei- et al., 2001). O cirurgião-dentista deve ficar atento
ros sinais e sintomas de supressão do sis- a esta questão já que o tratamento odontológico
tema imune, como infecções oportunistas de portadores do HIV somente é seguro se este
orais e sistêmicas. Uma contagem abaixo de último estiver em acompanhamento médico.
200 células/mm3 indica severa supressão Apesar dos grandes avanços representados
imunológica e é indicador de diagnóstico pelos anti-retrovirais, eles podem causar efeitos
de aids, independentemente da presença de colaterais acentuados, o que dificulta a aderência
quaisquer outros sinais e sintomas (Marce- dos pacientes à terapia anti-retroviral. Alguns des-
nes et al., 1998; Patton et al., 1999; Patton, tes efeitos envolvem diretamente a cavidade oral
2003). como aparecimento de úlceras bucais, xerostomia,
• Carga viral (mensuração do RNA viral): a hiperglicemia, alterações hematológicas (anemia,
detecção do número de cópias de RNA viral neutropenia) e parestesias periorais (Birnbaum
circulante é um importante auxiliar na et al., 2002; Patton, 2003).
monitoração do paciente. Segundo Greewood Com relação às interações medicamentosas,
et al. (1998) em pacientes com carga viral segundo Greenwood et al. (1998) alguns anti-
alta a doença evolui mais rapidamente. É retrovirais inibem enzimas do sistema citocromo
considerada uma carga viral baixa núme- P450, responsável pela metabolização de diversas
ros situados entre 50 a 400 cópias/mL de drogas. Desse modo, os níveis sangüíneos de subs-
plasma. tâncias usadas em Odontologia como lidocaína,
dexametasona e metronidazol podem ficar aumen-
Anti-retrovirais tados. Assim, no momento da anestesia e ao pres-
crever medicamentos, o cirurgião-dentista deve
O vírus HIV, pertencente à classe dos retrovírus,
usar sempre a menor dose capaz de produzir o
se replica rapidamente e está associado a um alto
efeito desejado.
grau de mutação, o que explica a dificuldade de se
desenvolver vacinas contra a infecção. Embora a
Outros medicamentos comumente usados
cura e as vacinas para prevenção da aids ainda
pelos portadores do HIV/aids
não tenham sido descobertas, foram desenvolvi-
dos os anti-retrovirais, drogas que inibem a • Antidepressivos: a depressão ocorre com fre-
replicação do HIV no organismo humano, resul- qüência em portadores de HIV/aids, estan-
tando em carga viral mais baixa e conseqüente do associada a fatores como: impacto psico-
melhora do sistema imunológico. Estudos realiza- lógico da descoberta da infecção, limitações
dos na Europa e EUA demonstraram uma redu- impostas pela progressão da doença, inva-
ção significativa na morbidade e mortalidade se- são do sistema nervoso pelo vírus HIV ou por
cundárias à aids, diminuindo as infecções oportu- infecções secundárias à aids e efeito colate-
nistas e o aparecimento de lesões, como o sarcoma ral de alguns anti-retrovirais (Malbergier e
de Kaposi (Brodt et al., 1997; Johnson, 2002; Schöffel, 2001). Dentre os medicamentos
Shirlaw et al., 2002). utilizados para tratar esta patologia estão
O primeiro anti-retroviral desenvolvido foi a os antidepressivos tricíclicos (imipramina,
zidovudina, fármaco conhecido como AZT. Poste- amitriptilina, clormipramina, nortriptilina)
riormente, foram desenvolvidos outras drogas, que podem interagir com as soluções anes-
com mecanismos de ação diferentes. Os chama- tésicas locais contendo vasoconstritores do

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tipo aminas simpatomiméticas (adrenalina, corporais contendo o vírus. A transmissão sexual


noradrenalina, levonordefrina e fenilefrina). é claramente o modo predominante de infecção no
Devido aos efeitos cardiotóxicos dos tri- mundo inteiro, respondendo por 75% dos casos.
cíclicos e a potencialização das drogas A transmissão heterossexual, embora tivesse uma
adrenérgicas, a injeção intravascular aciden- importância quantitativa menor nos primeiros
tal ou o uso de altas doses de soluções anos do aparecimento da doença, atualmente é o
anestésicas locais podem ocasionar aumen- modo mais comum de propagação do vírus (Cotran
to da pressão arterial e arritmias cardíacas. et al., 2000).
Além disso, a diminuição do fluxo salivar A transmissão parenteral do HIV pode ocorrer
causado por estas medicações podem pre- em três grupos de indivíduos: usuários de drogas
dispor ao aparecimento de candidíase e au- intravenosas, hemofílicos e receptores aleatórios
mentar o risco de cárie (Felpel, 2000). de uma transfusão sangüínea. A transmissão do
• Ansiolíticos: a ansiedade freqüentemente se HIV por transfusão de sangue ou hemoderivados,
manifesta no paciente HIV/aids devido às foi praticamente eliminada devido a medidas co-
questões psicossociais que envolvem a infec- mo triagem do sangue e plasma doados para
ção, além de ser um efeito colateral de anticorpos anti-HIV e tratamento com calor dos
alguns anti-retrovirais. Desse modo, os ben- concentrados de fatores da coagulação. Porém, o
zodiazepínicos são muito utilizados por esse grupo dos usuários de drogas infectados pelo
grupo de pacientes. O cirurgião-dentista deve compartilhamento de seringas e agulhas é expres-
ficar atento à prescrição de medicamentos sivo. Ao se infectar, transmitem o vírus para ou-
que possam potencializar os efeitos seda- tros usuários e parceiros sexuais, o que contribui
tivos dos benzodiazepínicos, gerando uma para a progressão do número de pessoas in-
depressão excessiva do sistema nervoso cen- fectadas (Brasil, 2000; Cotran et al., 2000).
tral. Como exemplo, pode-se citar o cetocona- Conforme já mencionado, a transmissão pode
zol e o itraconazol que potencializam os efei- ocorrer também da mãe infectada para o seu filho
tos sedativos do midazolam (Felpel, 2000). (transmissão vertical). Nos países em que os anti-
retrovirais estão disponíveis para a população as
• Medicamentos para o tratamento de infec-
taxas de transmissão vertical têm diminuído, já
ções como:
que o uso de anti-retrovirais pelas gestantes dimi-
¾ Tuberculose (rifampicina, izoniazida e pi-
nui os riscos de infecção da criança (Belman,
razinamida)
2002).
¾ Toxoplasmose (azitromicina, clindamicina)
Estudos extensos indicam que o HIV não é
¾ Candidíase (cetoconazol, fluconazol)
transmissível por picada de inseto, nem por con-
¾ Pneumonia por Pneumocystis carinii (sul-
tato social no local de trabalho, na escola ou no
fametoxazol + trimetoprima)
domicílio. Também não existem casos de trans-
Para que o tratamento odontológico seja segu- missão do vírus HIV por aerossóis, resultantes
ro para ambos, paciente e profissional, este últi- da atividade clínica odontológica (Brasil, 2000;
mo deve estar ciente dos medicamentos utilizados Cotran, 2000).
e patologias apresentadas pelo primeiro. Para isso, A despeito da presença do vírus da aids na ca-
a anamnese deve ser constantemente atualizada vidade oral, a saliva não é um veículo eficaz para
(Brasil, 2000). No caso de doenças como tubercu- sua transmissão, já que possui proteínas que fun-
lose, cuja transmissão independe de acidentes cionam como uma barreira natural na transmis-
ocupacionais, o tratamento odontológico eletivo são do vírus. Dentre elas pode-se citar a enzima
deve ser temporariamente suspenso até que o pa- inibidora de protease secretada pelos leucócitos.
ciente saia da fase de contágio. Tratamentos Além disso, a hipotonicidade da saliva, que pro-
emergenciais devem ser realizados com máscara voca a lise celular, também representa mais um
especial para doenças infecto-contagiosas. É im- obstáculo na transmissão por esta via (Fox, 1992;
prescindível fazer contato com o infectologista para Brasil, 2000).
saber as reais condições do paciente. Com relação à transmissão do vírus HIV na
Odontologia, por acidentes de trabalho, existe um
Transmissão do vírus HIV e o risco risco pequeno, porém concreto. Este vai depender
ocupacional da gravidade do acidente (profundidade do corte,
A transmissão do vírus HIV ocorre sob condi- volume de sangue presente no instrumental con-
ções que facilitam a troca de sangue ou líquidos taminado, entre outros) além da carga viral do

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paciente. Estima-se que após um acidente percu- que envolvem maior volume de sangue, ou
tâneo, o risco de soroconversão seja de 0,3%. Após seja, lesões profundas, provocadas por ins-
uma exposição mucocutânea a sangue contamina- trumental pérfuro-cortante, presença de san-
do o risco é de 0,09%. Com o advento dos anti- gue visível no dispositivo invasivo, acidentes
retrovirais, após um acidente de trabalho, um tra- com agulhas de grosso calibre e aqueles en-
tamento profilático pode ser realizado, diminuin- volvendo pacientes com aids, em estágios
do ainda mais os riscos de contaminação. Para avançados da doença ou com infecção agu-
comparação, cerca de 30% a 40% dos profissio- da pelo HIV (Brasil, 2000).
nais (não-vacinados) acidentalmente expostos a • Indicação do uso de anti-retrovirais: a indi-
sangue infectado pelo vírus da hepatite B, tornam- cação do uso profilático de anti-retrovirais
se soropositivos. No caso da hepatite C, o risco se baseia na avaliação criteriosa do risco de
médio varia de 1% a 10% (Brasil, 2000; Cotran, transmissão do HIV (como visto acima) e
2000). também na toxicidade das medicações. Na
maioria dos casos em que a quimioprofila-
Conduta frente a acidentes ocupacionais xia é indicada, é usada a combinação de
zidovudina com lamivudina (AZT + 3TC).
A melhor forma de lidar com acidentes ocu-
Nos casos em que se opta pela realização da
pacionais é a prevenção. O manuseio cuidadoso
quimioprofilaxia, esta deve ser iniciada o
de agulhas, lâminas e demais instrumentos pér-
mais rápido possível, preferencialmente den-
furo-cortantes é fundamental. Segundo McCarthy
tro de 1 a 2 horas após o acidente, para sua
et al. (2002) 29% das injúrias percutâneas são cau-
maior eficácia. O tempo de duração da
sadas pelas agulhas das seringas e destes, 17%
profilaxia deve ser de 4 semanas (Brasil,
ocorrem no momento de reencapá-las.
2000; McCarthy et al., 2002).
O profissional de saúde que sofre uma exposi-
• Exames: deve ser feito um acompanhamen-
ção ocupacional deve receber atenção médica ime-
to sorológico do profissional. O teste ELISA
diata, que inclui avaliação sorológica, aconselha-
deve ser realizado logo após o acidente e re-
mento, quimioprofilaxia (se indicada) além de
petido nos períodos de 6 semanas, 12 se-
apoio psicológico (Brasil, 2000). Os procedimen-
manas e 6 meses. A realização do teste logo
tos recomendados em caso de exposição a mate-
após o acidente é importante para a caracte-
rial biológico incluem:
rização da infecção pelo HIV em decorrên-
• Cuidados locais: após um acidente ocu- cia do acidente profissional (Brasil, 2000;
pacional que envolva contato com material McCarthy et al., 2002).
biológico, cuidados locais devem ser ime- • Sorologia do paciente-fonte: após um aci-
diatamente iniciados. Em caso de exposição dente ocupacional envolvendo um portador
percutânea a área deve ser rigorosamente do vírus HIV deve-se fazer uma análise da
lavada com água e sabão. Após exposição em carga viral deste último, já que uma carga
mucosas, recomenda-se a lavagem abundan- viral alta implica em maiores riscos de con-
te com água ou solução salina. Segundo tágio. Se o acidente envolver um paciente de
McCarthy et al. (2002), não existem evidên- sorologia desconhecida, deve-se solicitar a
cias de que o uso de substâncias anti-sépti- realização de exames anti-HIV, podendo-se
cas na área exposta reduza os riscos de utilizar os “testes rápidos” (Brasil, 2000;
transmissão do vírus HIV. A utilização de McCarthy et al., 2002).
substâncias irritantes como álcool, éter,
glutaraldeído e hipoclorito de sódio são Papel do cirurgião-dentista frente à aids
contra-indicados (Brasil, 2000). As manifestações bucais da infecção pelo HIV
• Avaliação do risco de contágio: Após a la- são comuns e podem representar os primeiros si-
vagem da área, o cirurgião-dentista deve pro- nais clínicos da doença (Coulter et al., 2000). Mui-
curar imediatamente um infectologista para tos indivíduos infectados desconhecem sua condi-
avaliar a gravidade do acidente e o risco de ção, por isso, o cirurgião-dentista pode ser o pri-
transmissão do vírus. Os critérios de gravi- meiro a reconhecer os sinais e sintomas causados
dade para avaliação dos riscos de infecção pela presença do vírus no organismo. Sempre que
pelo vírus HIV se baseiam no volume de san- houver suspeita de infecção pelo HIV deve-se en-
gue e na quantidade de vírus presente. Por- caminhar o paciente a um infectologista para exa-
tanto, os acidentes mais graves são aqueles mes e tratamento adequado.

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É importante ressaltar que não cabe ao cirur- Infecções fúngicas:


gião-dentista dizer ao paciente que ele está sob Candidíase: é a manifestação clínica mais co-
suspeita de infecção pelo HIV e sim, explicar que mum em portadores do vírus HIV. Segundo Shirlaw
ele está com alterações (bucais ou sistêmicas) que et al. (2002) a candidíase ocorre em 50% dos indi-
precisam ser examinadas por um infectologista. víduos infectados pelo HIV e 90% daqueles com
Embora a aids não deva ser tratada como um aids. Em indivíduos infectados pelo HIV assinto-
“tabu”, o seu diagnóstico deve ser feito por profis- máticos é um sinal de descompensação imunoló-
sionais treinados para este fim, já que é uma doen- gica e com freqüência anuncia a transição para aids
ça incurável. (Cotran et al., 2000). É comumente causada pelo
Com relação aos pacientes já diagnosticados e fungo Candida albicans e pode se apresentar sob
que procuram tratamento odontológico, muitos as formas pseudomembranosa, eritematosa ou
profissionais se sentem inseguros em atendê-los e de queilite angular. Dependendo das condições
os principais motivos são: medo do risco pessoal imunológicas do paciente, a candidíase pode afe-
de contágio, dúvidas quanto à eficácia das medi- tar outras áreas do corpo como a faringe, traquéia
das de controle de infecção cruzada, receio de per- e o esôfago (Patton, 2003).
der outros pacientes caso soubessem que eles tra- • Candidíase pseudomembranosa: caracteri-
tam portadores do vírus HIV e medo de contami- za-se pela presença de pseudomembranas
nação por parte do pessoal auxiliar (Nunes e Freire, esbranquiçadas ou amareladas, facilmente
1999). Porém, considerando que muitos pacien- removíveis por raspagem, deixando uma su-
tes infectados são assintomáticos e que desconhe- perfície eritematosa ou ligeiramente hemor-
cem ou não revelam seu diagnóstico ao cirurgião- rágica. Diagnóstico diferencial: leucoplasia
dentista, por receio de serem discriminados, é fato ou líquen plano (Brasil, 2000).
que muitos profissionais já atenderam portadores
• Candidíase eritematosa: é observada como
do HIV sem o saberem. Além disso, dados epi-
pontos ou manchas avermelhadas, e encon-
demiológicos indicam que o número de pessoas
trada com maior freqüência no palato, dor-
infectadas é crescente no Brasil e no mundo, o que
so da língua e mucosa jugal. Diagnóstico
significa que cada vez mais o cirurgião-dentista vai
diferencial: estomatite nicotínica, estomatite
se deparar com este grupo de pacientes (Brasil,
traumática, lúpus eritematoso e outros (Bra-
2000).
sil, 2000).
A conduta mais segura neste caso é a preven-
• Queilite angular: apresenta-se como fissuras
ção. Seguir as normas universais de biossegu-
partindo da comissura labial, com presença
rança, com base no princípio de que todo indiví-
de eritema e por vezes, placas esbranqui-
duo pode ser potencialmente portador de doenças
çadas. São freqüentemente acompanhadas
infecto-contagiosas (Souza, 1997; Discacciati et al.,
por candidíase intra-oral (Brasil, 2000).
1999) e adquirir conhecimentos básicos sobre
estas doenças é a melhor forma do profissional Infecções bacterianas:
trabalhar com segurança, respeitando as questões Pacientes infectados pelo vírus HIV, especial-
éticas, legais e sociais. mente os que apresentam contagem de células
T CD4+ abaixo de 300 células/mm3, têm for-
Manifestações bucais da infecção mas especialmente severas de doença periodontal
pelo HIV (American Academy of Periodontology, 2000).
O espectro de manifestações orais causadas • Eritema gengival linear: caracterizado por
pela infecção pelo HIV é muito amplo e sua ocor- uma banda eritematosa na gengiva marginal,
rência depende de fatores como grau de compro- podendo se estender até a gengiva inserida.
metimento imunológico, uso de anti-retrovirais, Promove sangramento à sondagem e nota-
higiene oral, entre outros (Marcenes & Pankhurst, se que a intensidade do eritema é despro-
1998; Aguirre, 1999; Birnbaum et al., 2002; porcional à quantidade de placa bacteriana
Dobalian et al., 2003). Podem ser causadas por (Brasil, 2000).
infecções fúngicas, bacterianas e virais, além de • Gengivite ulcerativa necrosante (GUN):
processos neoplásicos e lesões de causa idiopática caracteriza-se por severo edema, eritema,
(Souza et al., 2000; Brasil, 2000). A seguir serão sangramento espontâneo, presença de pseu-
listadas algumas das manifestações orais mais domembrana e áreas de necrose. Além dis-
comuns: so, o paciente queixa-se de dor intensa, odor

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fétido e a evolução do quadro é rápida (Bra- diagnóstico é feito por biópsia. Segundo
sil, 2000). Cotran et al. (2000) e Shirlaw et al. (2002)
• Periodontite ulcerativa necrosante (PUN): no início da epidemia de aids até 40% dos
quando há exposição e perda óssea progres- indivíduos infectados apresentavam sarcoma
siva, levando à perda de elementos den- de Kaposi, porém nos últimos anos, a tera-
tários. Dor intensa por toda a maxila ou pia com os anti-retrovirais ajudou a diminuir
mandíbula pode ser a queixa principal do sua incidência.
paciente. Reponde inadequadamente aos tra- • Linfoma não-Hodking: representa a segun-
tamentos preconizados para as periodontites da neoplasia mais comum entre os pacien-
em geral. tes infectados pelo HIV. Na boca, ocorre prin-
cipalmente na gengiva, associado a dentes
Infecções virais: em mal estado. Devido a sua localização
• Herpes simples: são vesículas que se rom- pode ser confundido com um abcesso dento-
pem e coalescem, formando regiões ulcera- alveolar ou problema periodontal. Os casos
das, sintomáticas e persistentes. A infecção suspeitos de “abcesso”, que não respondem
herpética em pacientes HIV/aids pode sofrer ao tratamento convencional, devem ser
reativações mais freqüentes, formando le- acompanhados de perto, com retornos bre-
sões maiores e de maior duração. A persis- ves. Em caso de dúvida, o paciente deve ser
tência da lesão por mais de 4 semanas as- encaminhado imediatamente a um especia-
sociada a soropositividade para o HIV é lista (Brasil, 2000).
indicativa para diagnóstico de aids (Brasil,
2000). Outras manifestações bucais:
• Leucoplasia pilosa: lesão branca, não remo- • Lesões ulceradas: ocorrem com freqüência
vível à raspagem, localizada principalmente nos portadores do HIV ou pacientes com
nas bordas laterais da língua, uni ou bilate- aids. São sintomáticas, persistentes e de as-
ralmente, sendo associada à presença do ví- pecto semelhante a aftas. Possuem etiologias
rus Epstein-Barr. É também considerada variadas (virais, bacterianas, fúngicas, dis-
como um indicativo de comprometimento túrbios hematológicos, uso de drogas anti-
imunológico, um sinal de progressão da retrovirais ou idiopáticas).
doença (Brasil, 2000). • Xerostomia: o portador do vírus HIV pode
apresentar diminuição do fluxo salivar, re-
Neoplasias: sultando em aumento do índice de cárie,
Os pacientes com aids exibem uma alta inci- de problemas periodontais, de mucosites e
dência de certas neoplasias, como o Sarcoma de infecções oportunistas. A xerostomia pode
Kaposi e os linfomas. A origem do risco elevado ocorrer como efeito colateral dos anti-retro-
de lesões malignas é multifatorial, envolvendo de- virais ou devido à própria infecção pelo HIV
feitos profundos da imunidade das células T, (Patton, 2003). Segundo Fox (1992), Schiodt
desequilíbrio das funções das células B e dos (1992) e Mulligan et al. (2000), os portado-
monócitos e ainda, infecções múltiplas por vírus res do HIV podem apresentar lesões nas glân-
como papilomavírus humano, herpesvírus huma- dulas salivares, cujos sinais incluem tumefa-
no tipo 8, vírus Epstein-Barr e outros (Cotran et ção glandular e diminuição da salivação.
al., 2000).
• Sarcoma de Kaposi: É o tumor mais comum Manifestações sistêmicas
em pacientes com aids, predominando em O paciente HIV/aids pode apresentar diversas
homens. É um tumor vascular. Existem evi- alterações sistêmicas como diarréia, pneumonia,
dências de que o herpesvírus humano tipo 8 tuberculose, toxoplasmose, citomegalovírus, con-
seja o principal co-fator na manifestação des- dilomas, alterações do sistema nervoso central,
sa neoplasia. Na boca as lesões podem apre- entre outras (Brasil, 2000; Cotran et al., 2000).
sentar-se como manchas isoladas ou múlti- Algumas alterações podem ser resultantes do uso
plas, planas ou elevadas, lisas ou ulceradas, de anti-retrovirais, como a queda do número de
de cor vermelha, violácea ou acastanhada. plaquetas.
São assintomáticos e os locais mais comuns Segundo Brasil (2000) e Shirlaw et al. (2002),
de manifestação são o palato e gengiva. O níveis de plaquetas abaixo de 60.000 células/mm3

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(normal de 150.000 a 400.000) interferem no tem- • Níveis de linfócitos T CD4+ abaixo de


po de coagulação; se o número de plaquetas cair 200 células/mm3. Este fator, isoladamente,
para menos de 20.000 células/mm3, os procedi- não é um determinante para profilaxia anti-
mentos cirúrgicos odontológicos são contra-indi- biótica, mas sua presença requer uma aná-
cados. lise mais cuidadosa do plano de tratamen-
to, já que indica um comprometimento mais
Objetivos do tratamento odontológico do severo do sistema imunológico (Shirlaw et
paciente HIV/AIDS al., 2002).
O objetivo principal do tratamento odonto- • Níveis de granulócitos (neutrófilos, eosinófi-
lógico neste grupo de pacientes é melhorar a sua los e basófilos) abaixo de 1000 células/ mm3.
qualidade de vida e para isso é fundamental revi- A queda do número de granulócitos diminui
sar sua história médica. Além disso, é importante a resistência orgânica, representando um
conversar com o paciente para avaliar sua expec- fator de risco para infecções bacterianas, o
tativa com relação ao tratamento (remoção de dor, que exige profilaxia antibiótica antes de pro-
melhoria da estética), suas condições emocionais cedimentos invasivos.
e financeiras (Hastreiter e Jiang, 2002). Quando indicado pela história médica, os an-
O estado emocional do paciente se reflete dire- tibióticos e regimes posológicos devem ser os mes-
tamente na sua capacidade de aderir ao tratamen- mos que os já recomendados pela American Heart
to, comparecendo às consultas e fazendo uma boa Association para a prevenção de endocardite in-
higienização oral. A condição financeira influencia fecciosa (Dajani et al., 1997; Shirlaw et al., 2002).
a capacidade do paciente de se alimentar corre- Do mesmo modo que nos pacientes não in-
tamente (melhorando ou piorando seu estado fectados, a utilização de bochechos com diglu-
nutricional e portanto, sua condição geral) e a pos- conato de clorexidina a 0,2%, antes dos proce-
sibilidade de pagar uma prótese ou mesmo com- dimentos invasivos, é uma prática recomendável
prar um simples fio dental. Em resumo, o plano para reduzir a magnitude das bacteremias (An-
de tratamento deve ser o mais simples possível que drade, 1999; Pallasch e Slots, 2000).
possa atender às necessidades e expectativas do
paciente.
CONCLUSÕES
Conversar com o paciente explicando que a má
higiene oral favorece o aparecimento de lesões e As alterações bucais causadas pelo HIV/aids
infecções que podem afetar o seu estado de saúde dão ao cirurgião-dentista um importante papel no
geral é de fundamental importância. diagnóstico precoce da infecção e manutenção da
saúde geral dos pacientes portadores.
Profilaxia antibiótica O advento da aids veio reforçar a necessidade
Uma dúvida freqüente dos dentistas que aten- de atualização constante do cirurgião-dentista no
dem pacientes HIV/aids é quanto à necessidade de sentido de promover saúde bucal, sem expor o
se fazer profilaxia antibiótica antes de procedimen- paciente, a equipe de trabalho e a si próprio a ris-
tos invasivos. cos desnecessários.
Diversos autores têm estudado o assunto e se- O número de pacientes HIV/aids é elevado e
gundo Glick et al. (1994), Patton et al. (2002) e muitas vezes o paciente desconhece ou não infor-
Shirlaw et al. (2002), apesar da presença de com- ma sua condição. Desse modo ao invés de temer a
prometimento imunológico nestes pacientes, pare- aids, o cirurgião-dentista deve adotar as normas
ce não haver diminuição da capacidade de repara- universais de biossegurança e considerar que to-
ção tecidual e aumento da ocorrência de alveolites. do paciente é potencialmente portador de alguma
Desse modo, a profilaxia antibiótica somente de- doença infecto-contagiosa.
verá ser indicada em casos particulares, que de-
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