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O Código de Processo Civil foi elaborado com base nas teorias, teses e
posições de Enrico Túlio Liebman. Uma das mais importantes teorias deste
doutrinador italiano, é a que prega a autonomia entre processos. Cognição e
Execução deveriam se desenvolver em processos diferentes. O primeiro processo
declara a sentença e pode dar mais algum provimento (condenar ou constituir). O
segundo processo transforma em realidade prática o que foi obtido no primeiro.
Tal teoria até com a reforma superveniente ainda terá seus vestígios. Isto
porque existem processos de conhecimento a que não se segue nenhuma
atividade executiva (para Alexandre são as sentenças mandamentais, a exemplo
do 461 e 461-A do CPC) Também existem processos executivos que não são
precedidos de nenhuma atividade de cognição.
Lei 11.232/06
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Cumpre destacar que a Lei 11.232/06 aproveitou para lidar com tema que não
está ligado à execução. Tal ocorre com a tutela jurisdicional específica com
relação a emitir declaração de vontade.
Tal instituto hoje vem disposto nos artigos 639 a 641 do CPC, ainda em vigor.
Neste caso, as partes celebram um contrato que gera outro contrato: emitir
declaração de vontade.
CASO CONCRETO
Baseado no atual artigo 641 do CPC e com a entrada em vigor da nova lei,
migrará para o artigo 466-A do CPC.
A solução é a mesma, tratando-se do atual dispositivo ou do futuro. A
“pegadinha”, está na expressão condenado o devedor. Na verdade a natureza
jurídica de tal sentença é constitutiva.
Esta sentença ao transitar em julgado já satisfaz plenamente o credor, vez
que traz os mesmos efeitos que o contrato traria. Nesta sentença não há
execução, provisória ou definitiva, não cabe multa ou qualquer outra cominação
que busque compelir o devedor ao seu cumprimento. Antes do trânsito em
julgado a sentença não tem eficácia. Não há eficácia provisória.
OBS: este artigo (641 CPC) é cópia do Código de Processo Italiano. Lá não existe
sentença condenatória e sim de prestação. Para os italianos, a terminologia
condenar tem sentido diverso do usado aqui.
Toda vez que o bem devido é fungível, não basta os dois primeiros elementos,
sendo necessário se apurar também o quantum debeatur.
Já a condenação genérica não declara o quantum debeatur. Declara
menos que a anterior; logo não pode ser executada por falta de liquidez.
Quando o juiz profere sentença genérica, não se pode ingressar direto na
execução. Há incidente processual chamado de liquidação de sentença.
Pela nova lei, a liquidação termina com decisão interlocutória, atacada por
agravo de instrumento. Tal previsão consta no artigo 475-H da Lei 11.232/06.
Caso só se aceitasse o agravo retido, primeiro o juiz teria que prosseguir com o
processo, executar a sentença, para depois corrigir erro na liquidação.
O termo inicial dos 15 dias, para Athos Gusmão, é contado a partir da eficácia
da sentença. Não há necessidade de intimação, contando-se tal prazo a partir:
- do trânsito em julgado;
- da interposição de recurso sem efeito suspensivo.
OBS: Quando a eficácia decorrer de ato praticado no processo em Brasília, haverá
problema para que se promova o pagamento espontâneo, pois o processo não
retornará ao Tribunal de origem em 15 dias (Nota de Alexandre).
Artigo 475-J § 4.º = quando houver pagamento parcial do valor devido, a multa
prevista no caput do artigo, incidirá sobre o restante do valor devido.
IMPUGNAÇÃO
Artigo 475-M = Recebe tal nome a defesa em execução. Como cognição e
execução ocorrem em um mesmo processo passa a ter natureza jurídica de
incidente processual.Como regra a impugnação não tem efeito suspensivo, o que
é muito bom, vez que afasta defesa meramente procrastinatória. A nova lei
adotou posição oposta ao previsto no artigo 739, § 1.º do CPC.
Contudo em duas situações a impugnação poderá ser dado efeito suspensivo:
-relevantes os seus fundamentos, ou seja, quando houver probabilidade de o fato
alegado pelo devedor ser verdadeiro = fumus boni iuris;
-grave dano, ou seja aquele de difícil ou incerta reparação = periculum in mora.
OBS: Para Alexandre custas é igual à taxa. A cobrança de ambas constitui bis in
idem. Nos outros tribunais é cobrado taxa de 1% do valor da causa quando do
recebimento da inicial, não se cobra mais nada nem preparo para interpor
recurso.
Artigo 475-L = alguns incisos merecem comentários, outros são repetição dos
previstos no 741 do CPC.
I – Falta ou nulidade de citação no processo que tenha corrido à revelia. Não fala
mais em processo de conhecimento.
III – Possibilidade de alegação de vício na avaliação. Isto se dava depois do
julgamento de embargos, e agora ocorre na impugnação porque a lei antecipou o
momento da avaliação.
VI – Pode ser alegada todas as causas previstas no 741 VI do CPC, mas no que
tange a compensação não existe mais o termo “execução aparelhada”. Logo pode
haver compensação com crédito vencido (vincendo quando se tratar de matéria
tributária), com confissão de dívida sem assinatura de testemunhas etc.
Neste inciso o legislador perdeu oportunidade de corrigir crítica da doutrina,
porque causa impeditiva superveniente não existe, vez que o que impede sempre
antecede. Pode haver causa modificativa e extintiva superveniente à sentença.
CONSIDERAÇÕES
O legislador não disse na lei tudo o que deveria dizer. Ver 475-R da lei.
Julgada a impugnação, ou se não houver tal incidente, o próximo passo é a hasta
pública, com base no texto atual do CPC. Logo daqui para frente se aplica o livro
II do CPC.
A lei 11.232/06 foi silente com relação a embargos à arrematação e à
adjudicação. Já tem autor falando que tal instituto foi substituído por exceção ou
objeção de pré-executividade. Para Alexandre cabe impugnação à arrematação e à
adjudicação, também como incidente processual, igual ao 475-L, mudando o que
deve ser mudado. Para ele seria impugnação em 2.ª fase da execução. Para ele,
isto é princípio e não precisa estar escrito. Também será compatível com o novo
sistema que a lei estabelecerá.