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Uniflu – Direito – 2021.

LÓGICA
E
ARGUMENTAÇÃO
JURÍDICA
SOBRE O PROFESSOR

ANDRAL NUNES TAVARES FILHO

Advogado
Professor do cursos de Direito e de Jornalismo
Ex-presidente da 12ª. Subseção da OAB (RJ)
Ex-Conselheiro titular da OAB (RJ)

(22) 999-813079
andralfilho@yahoo.com.br
NOSSO MODELO DE ATUAÇÃO
• Exercício permanente do pensamento lógico e
da argumentação
• Elaboração de peças em um processo
simulado
• Estudo de jurisprudência
• Debates e apresentações sobre temas
polêmicos do direito e o embate de
argumentos
O DIREITO E A ARGUMENTAÇÃO
Direito também é argumentação, na
medida em que a razão ficará do lado de
quem, diante da lei e dos elementos
fáticos do caso em discussão, tiver a
habilidade de melhor compor a
linguagem com o objetivo de levar
clareza e iluminação ao caminho pelo
qual julgador deve percorrer.
Lógica - parte da filosofia que trata das formas do
pensamento em geral e das operações intelectuais que visam
à determinação coerente do que é verdadeiro ou não.
Coerência é a característica daquilo que tem lógica e coesão,
quando um conjunto de ideias apresenta nexo e
uniformidade. Para que algo tenha coerência, a narrativa
precisa apresentar uma sequência que faça sentido aos olhos
e ouvidos do receptor, de forma que não haja contradições ou
dúvidas acerca do assunto.
Argumentação - Ato ou arte de argumentar, de debater
apresentando e contrapondo razões que levem a uma
conclusão. Troca de argumentos, de ideias, de pontos de vista
opostos; discussão.
A argumentação jurídica tem como
propósito convencer uma ou mais
pessoas (juízes de 1ª. instância, jurados
do Tribunal do Júri, Desembargadores
dos Tribunais, Ministros dos Tribunais
Superiores), para que julguem no
mesmo sentido da nossa tese
jurídica.
QUEM ARGUMENTA NO DIREITO?

• O juiz argumenta

• CF, Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo


Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
• (…)
• IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,
sob pena de nulidade, [...]
• O Ministério Público
argumenta

• O advogado argumenta

• O cliente argumenta
• LEI
• DOUTRINA
• JURISPRUDÊNCIA
• ANALOGIA
• COSTUMES
• PRINCÍPIOS GERAIS DE
DIREITO
O ADVOGADO É QUEM MAIS CRIA A
JURISPRUDÊNCIA!

Exemplos:

- União Estável
- Casamentos de pessoas do mesmo sexo
- Penhoras de salários
• JUIZ
• DESEMBARGADOR
• MINISTRO

• 1ª. INSTÂNCIA
• 2ª. INSTÂNCIA
• INSTÂNCIA SUPERIOR

• SENTENÇA
• ACÓRDÃO
• PETIÇÃO INICIAL
• CONTESTAÇÃO
• RECONVENÇÃO
• RÉPLICA
• RECURSO
Para quem quer enriquecer sua
argumentação:
1 - JusBrasil 8 - Conteúdo Jurídico
2 - JurisWay 9 - LegJur
3 - Conjur 10 - Planalto
4 - Âmbito Jurídico 11 - Informativo MIGALHAS -
5 - Pergunte Direito https://www.migalhas.com.br/

6 - Dicionário Jurídico 12 - TV JUSTIÇA -


https://www.direitonet.com. www.tvjustica.jus.br/
br/dicionario
7 - Língua Brasil
http://www.linguabrasil.com.br
EXERCÍCIO 1 - ELABORE UMA PROCURAÇÃO –
Você, advogado (a), foi procurado por um cliente
de nome PEDRO SILVA (invente a qualificação), em
seu escritório, a fim de contratá-lo (a) para ajuizar
uma AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS
MORAIS em face de sua ex-empregadora, pessoa
jurídica do ramo de frigoríficos de nome FRIGOXIS
LTDA (invente a qualificação). Seu cliente alegou
que tem 61 anos de idade e que sofreu
constrangimentos graves no ambiente de trabalho
(assédio moral) e que, em razão disto, pretende
obter pela via judicial uma compensação financeira
por danos morais.
FIM DA PRIMEIRA AULA
• POSTEI OS SLIDES DA 1ª. AULA

• Quem não enviou a


PROCURAÇÃO, enviar para:
andralfilho@yahoo.com.br
PROCURAÇÃO

OUTORGANTE: PEDRO SILVA, brasileiro, casado,


comerciário, inscrito no CPF sob n. ..., RG n. ...,
IFP(RJ), residente e domiciliado na Rua Clarice
Lispector nº 02, Condomínio Sonho Bom, Centro,
Campos dos Goytacazes (RJ), CEP-28.030-000,
endereço eletrônico: silvapedro@hotmail.com

OUTORGADO: ANTÔNIO PEDRO, brasileiro, solteiro,


advogado inscrito na OAB(RJ) nº ... e no CPF nº
698396117-04, endereço eletrônico:
antpedro@yahoo.com.br, com escritório profissional
à Rua Baronesa da Lagoa Dourada n. 126, Centro,
CEP. 28035-200 - Campos dos Goytacazes (RJ).
PODERES OUTORGADOS: Gerais para o foro e os especiais
para receber citação inicial, confessar, reconhecer a
procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito
sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar
compromisso e firmar declaração de hipossuficiência
econômica (artigo 105, CPC).

FINALIDADE ESPECÍFICA: Ajuizar Ação de Compensação por


Danos Morais em face da empresa FRIGOXIS LTDA, CNPJ n. ...,
com endereço na à Rua ... n. ..., Centro, Campos dos
Goytacazes (RJ), endereço eletrônico frigoxis@yahoo.com.br.

Campos dos Goytacazes (RJ), 12.03.2022.

____________________________________
PEDRO SILVA
• Será importante, junto com a procuração,
colher a assinatura do PEDRO SILVA em um
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE
ADVOCACIA, também conhecido como
CONTRATO DE HONORÁRIOS.

• Os HONORÁRIOS PODEM SER:


Contratados
De sucumbência
Arbitrados judicialmente
EXERCÍCIO COM QUE ROUPA...
• Tribunais começaram a se dar conta de que a primeira impressão gera
enorme efeito nas relações humanas e anulou o julgamento em que o
acusado, na sessão do júri, permaneceu com as roupas de presidiário. O
desembargador Lopes Santos (TJMA), no julgamento da Apelação,
consignou:

• “A submissão do acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri utilizando


vestes de interno do sistema penitenciário, em contraposição à
irresignação da defesa técnica quanto a referido fato, leva à anulação
da sentença e do respectivo ato processual, diante da clara violação dos
princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da isonomia,
da vedação ao tratamento desumano ou degradante, posto que tal
ocorrência gerou desnecessária estigmatização prévia do apelante
perante o Conselho de Sentença, a denotar clara infração à garantia da
paridade de armas no processo penal. Apelo conhecido e provido”.
STJ anula condenação de réu que não pôde
usar roupas comuns em sessão do júri
Consultor Jurídico, 10 de agosto de 2021, 20h14

Por constatar violação aos princípios da


dignidade da pessoa humana, da isonomia, da
presunção de inocência e da plenitude da
defesa, o Superior Tribunal de Justiça anulou
uma decisão condenatória contra réu que, no
julgamento pelo Tribunal do Júri, foi impedido
de trocar o uniforme prisional por roupas
comuns.
O homem havia pedido autorização para comparecer ao Tribunal
do Júri sem o uso de algemas e com vestimentas levadas ao local
por sua família. A 1ª Vara do Júri e das Execuções Criminais de
Ribeirão Preto (SP) dispensou as algemas, mas barrou a troca de
roupas.
A Defensoria Pública de São Paulo impetrou Habeas Corpus no
STJ e pediu anulação do julgamento. Segundo o defensor houve
cerceamento de defesa, já que o acusado foi impedido de ter uma
concepção inicial neutra por parte do júri. "É certo que os
uniformes prisionais carregam forte estigma negativo, que
invariavelmente alteram o ânimo dos jurados leigos",
argumentou. O defensor também apontou decisão anterior da
corte favorável em um caso similar.
O ministro Sebastião Reis Júnior acolheu
os argumentos da Defensoria. "Diante de
ausência de fundamentação válida para o
indeferimento do pedido da defesa para que
o réu vestisse roupas civis durante a sessão
do júri, verifica-se ilegalidade a ser sanada
por esta corte", pontuou. Com informações da
assessoria de imprensa da Defensoria Pública de SP.
Réu preso pode usar suas próprias roupas
no tribunal do júri, decide STJ
Revista Consultor Jurídico, 19 de agosto de 2019, 10h23

Caracteriza constrangimento ilegal impedir que o


réu busque a melhor forma de se apresentar ao
júri, desde que razoável. O entendimento é da 5ª
Turma do Superior Tribunal de Justiça ao
garantir a um réu o direito de se apresentar para
o julgamento na sessão do júri vestindo suas
próprias roupas, em vez do uniforme do presídio.
"A par das algemas, tem-se nos uniformes prisionais outro
símbolo da massa encarcerada brasileira, sendo, assim,
plausível a preocupação da defesa com as possíveis
preconcepções que a imagem do réu, com as vestes do
presídio, possa causar ao ânimo dos jurados leigos", afirmou
o relator do recurso em mandado de segurança, ministro
Ribeiro Dantas.

Após ter o pedido negado em primeira e segunda instâncias,


a defesa alegou que as roupas de uso diário dos detentos
trazem associação com violência, de forma que construiriam
uma imagem negativa do réu perante os jurados. Assim,
apontou ofensa ao direito à imparcialidade, em razão do
prejuízo à concepção neutra do réu pelos jurados.
Além disso, ressaltou o ministro, as Regras de
Mandela dispõem que, sempre que um preso for
autorizado a se afastar do presídio, deverá ter
permissão de usar suas próprias roupas ou outra
que seja discreta. O relator lembrou que o
Conselho Nacional de Justiça fixou que as
Regras de Mandela podem e devem ser
utilizadas como instrumento a serviço da Justiça
criminal. Com informações da assessoria de imprensa do
Superior Tribunal de Justiça.
FIM DA PRIMEIRA AULA
PRÓXIMA ATIVIDADE

PROCURAÇÃO →

• Como ARGUMENTAR e dar início ao processo


judicial?

• ARGUMENTAÇÃO E O ADVOGADO/DEFENSOR
PÚBLICO/PROMOTOR DE JUSTIÇA/PROCURADOR
DA REPÚBLICA: Meio usado para persuadir,
convencer o julgador, buscando que ele julgue
favoravelmente ou negativamente a questão a ele
submetida.
EXERCÍCIO PETIÇÃO INICIAL
• Seu cliente, PEDRO SILVA (invente a qualificação) tem
61 anos de idade e trabalhou por 5 anos como
auxiliar de produção do frigorífico FRIGOXIS LTDA
(invente a qualificação) e todos os dias, antes de
iniciar as suas atividades – por exigência da empresa
– era obrigado a tomar banho em banheiro coletivo
dos empregados, utilizando sabonete líquido especial
fornecido pela empresa, o qual eliminaria
eficazmente as bactérias que poderiam contaminar a
carne a ser exportada para países europeus, com
controle rígido da qualidade das carnes que importa.
• Ocorre que os boxes dos chuveiros não tinham
portas, deixando expostos os empregados
durante o banho a que estavam obrigados
diariamente.
• A empresa argumentava que a colocação de
portas poderia ensejar a que nem todos os
funcionários cumprissem a exigência e não se
higienizassem adequadamente, colocando em
risco toda a produção, com graves
conseqüências legais, contratuais e financeiras
em desfavor da empresa.
• Seu cliente, entendendo ter sofrido dano
moral sob a forma de ofensa à sua dignidade,
já que ficava fortemente constrangido por ter
que se banhar diariamente sob os olhares dos
seus colegas e, por várias vezes, também os de
seus superiores hierárquicos (os quais, com
certa freqüência, adentravam ao vestiário
para se assegurarem de que a regra está
sendo cumprida), contratou você para ajuizar
uma ação compensatória de danos morais.
• Você deverá produzir uma petição inicial de uma
AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS,
buscando a condenação da empresa a pagar ao
seu cliente um valor que você deverá estipular
considerando a gravidade do dano, elencando, na
causa de pedir (o fato e os fundamentos
jurídicos) os bons argumentos que entende
importantes para o convencimento do juiz. Como
o seu cliente tem mais de 60 anos, requeira a
prioridade na tramitação do processo (artigo
1.048 do CPC). Como ele está desempregado,
requeira a gratuidade de justiça (artigo 98, CPC).
3 Passos Simples para você
escrever a Petição Inicial Perfeita!
Como escrever a Petição Inicial que todo Juiz gosta de ler.
Com base em artigo publicado por Analice Costa
Primeiro passo: definir o problema e encontrar a
solução.

O cliente te procura com um problema. Talvez você


já saiba a solução porque conhece bem o assunto,
ou irá pesquisar em busca de uma solução.

Ele te conta os fatos e você pergunta a respeito das


provas que ele possui ou que pode alcançar. Você
terá que decidir entre buscar uma solução
amigável – caso possível – ou desde já reivindicar
esse direito através de uma ação judicial.
OS ELEMENTOS PRINCIPAIS DE UMA PETIÇÃO
INICIAL

Os FATOS são a história do seu cliente e as provas


que ele possui.

O DIREITO é a regra jurídica que precisa ser


aplicada e que você ou já sabia ou descobriu
estudando e pesquisando.

O PEDIDO é a solução que será buscada junto ao


Poder Judiciário.
FATOS

Após entrevistar o seu cliente e antes de


começar a escrever os fatos, pense o
seguinte:

Como eu vou contar essa história ao juiz?


Como posso fazer o julgador entender
facilmente os fatos?
Escreva a história do seu cliente, mas não
complique. Siga uma ordem simples,
respondendo a estas perguntas:

Onde e quando tudo começou?


O que aconteceu? Em que ordem
cronológica aconteceu?
Quais são as provas?
Qual é o direito ofendido/desrespeitado?
O que o seu cliente quer obter do juiz?
Onde e quando tudo começou?

Comece introduzindo o juiz na história

Se é um divórcio, tudo começou no casamento.


“Desde o ano tal, autor e réu são casados...”

Se é um habeas corpus, tudo começou na prisão.


“No dia tal, o autor foi preso...”

Se é uma ação de indenização, tudo começou no


início da relação entre autor e réu. “Desde o ano
tal, o autor contratou os serviços do réu”...
• Sempre que for possível narrar os fato de modo
simples, faça isso!
• Lembre-se sempre que o seu processo não será
o único do planeta. O juiz e seus assessores leem
muitas petições por dia. Facilite o trabalho
deles. Seja simples, breve e claro.
• Mas sempre que for preciso entrar em detalhes,
entre em detalhes! Às vezes, não é possível ser
simples. O direito é complexo.
• Não existe uma regra absoluta aqui. O importante
é saber julgar o seu próprio trabalho. Mantenha o
seu bom senso sempre afiado como uma
navalha.
O que aconteceu? Qual a ordem
cronológica?
Depois, conclua a história. Tudo começou e
algo desfavorável ao seu cliente aconteceu:
• Seu cliente foi preso, mas a prisão é ilegal.
• Seu cliente se inscreveu no concurso, mas
foi injustamente eliminado.
• Seu cliente contratou os serviços da
empresa. Porém a empresa não cumpriu as
suas obrigações contratuais, lhe causando
prejuízos.
Quais são as provas?

Você já tem uma história. Mas é preciso


desde já provar o alegado (ou requerer
medidas para se alcançar a prova).
Reúna todos os documentos, e-mails,
fotos ou vídeos, elabore uma
declaração para ser assinada por
alguém envolvido, imagine quem
poderá testemunhar.
TIPOS DE PROVAS

• DEPOIMENTO PESSOAL
• CONFISSÃO
• PROVA DOCUMENTAL: Fotografias, desenhos,
contratos, atestados médicos, documentos
fiscais, áudios e vídeos.
• PROVA PERICIAL
PROVA TESTEMUNHAL
• Incapazes
• Impedidos pela lei: o cônjuge, o companheiro,
o ascendente e o descendente em qualquer
grau e o colateral, até o terceiro grau, tutor,
representante legal da pessoa jurídica, o juiz,
o advogado.
• Suspeitos: inimigos da parte ou o seu amigo
íntimo e os que tiverem interesse no litígio.
• Contradita.
PROVA EMPRESTADA

• Prova emprestada é a prova de um fato,


produzida em um processo, seja por
documentos, testemunhas, confissão,
depoimento pessoal ou exame pericial, que é
trasladada para outro processo, por meio de
certidão extraída daquele.
ATA NOTARIAL
• Trata-se de uma prova que certifica uma circunstância,
um fato, através de um tabelião, sendo lavrada em um
cartório notarial.
• A titulo de exemplo podemos citar uma ofensa
realizada pela internet. Como sabemos, essa ofensa
pode ter seu registro apagado. Portanto, a Ata Notarial
é um meio de autenticar a veracidade da existência
daquela ofensa naquela data específica, enquanto
houver seu registro.
• Outro exemplo de utilidade da Ata Notarial consiste na
sua lavratura para certificar o estado de um imóvel no
momento da entrega do bem para fins de rescisão
contratual de aluguel, sendo constatado o perfeito
estado do bem a fim de se evitar uma possível
incidência de multa contratual.
PROVA ILÍCITA
• A prova ilícita é aquela obtida por meio de algum
tipo de violação as limitações constitucionais ou
infraconstitucionais.
• Sendo assim, é nula qualquer tipo de prova que
seja constituída através da abusiva intromissão na
vida privada, no domicilio, na correspondência ou
telecomunicação do indivíduo.
• Nesse sentido, a Constituição da República
federativa do Brasil prevê no seu artigo 5º inciso
LVI que são inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meios ilícitos.
FIM DA TERCEIRA AULA

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