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DESENVOLVIMENTO E DA
APRENDIZAGEM
2ª Edição
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Q3p
ISBN 978-85-7141-434-1
ISBN Digital 978-85-7141-435-8
1. Psicologia educacional. - Brasil. Centro Universitário Leonar-
do Da Vinci.
CDD 370.15
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................
5
CAPÍTULO 1
BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS
DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA
APRENDIZAGEM HUMANA ............................................................7
CAPÍTULO 2
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS
DE ENSINO E APRENDIZAGEM E PSICOPATOLÓGICOS
VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU
DESENVOLVIMENTO
HUMANO ...................................................67
CAPÍTULO 3
CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
HUMANA ................129
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico.
TEÓRICOMETODOLÓGICAS DA PSICOLOGI
DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:
aprendizagem para aprimorar sua atuação profi ssional e pessoal nos diferentes
contextos educativos.
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
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APrENDiZAGEm
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
Serbena e Raffaelli (2003, p. 31) apontam mais mudanças na conceituação
da Psicologia após a Primeira Guerra Mundial. Nesse momento, a Psicologia
precisava desenvolver-se como ciência e elaborar técnicas efi cazes e
instrumentais. Com isso, “as noções metafísicas como a Psicologia da alma
foram abandonadas, devido a sua falta de precisão e de objetividade”.
FONTE: <http://www.vivaavelhice.com.br/tag/desenvolvimentohumano>.
Acesso em: 27 jun. 2019.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
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PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
Biaggio e Monteiro (1998) afi rmaram que houve, de certa forma, no período
entre 1960 e 1990, um grande interesse em compreender como os homens se
desenvolviam e aprendiam. Essa questão não é novidade. Muitos pensadores e
pesquisadores se debruçaram sobre isso desde a Antiguidade. Nesse período
mais recente, foi ampliado, signifi cativamente, o número de pesquisas nesse
campo da Psicologia do desenvolvimento humano e da aprendizagem.
Entretanto, não se pode ignorar que, nesse período, em meados da década de
1970, essas áreas sofreram, também, grandes infl uências da teoria behaviorista
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
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PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
adultos, sua estrutura rudimentar precisa de uma fonte externa para
desenvolver-se, algo fora deles; 3) a fonte de que o bebê precisa
está presente no mundo social na forma de comportamentos e
representações dos membros dos grupos, a cultura. Assim, a
organização mental é categorizada em: inata (o que vem com o
bebê, é visível, geneticamente programada, biológica) e social
(cultural, aprendida ou adquirida no ambiente) (MARTINS; VIEIRA,
2010).
Foi possível identifi car a partir do novo século, nos anos 2000, que os
pesquisadores do desenvolvimento humano passaram a enfrentar, ainda, mais
desafi os. Entre eles, o de inserir, em suas pesquisas, o caráter multidisciplinar
com uma linguagem que facilitasse a comunicação entre profi ssionais de
diferentes áreas de atuação (DESSEN; COSTA JUNIOR, 2005). Outro desafi o
foi o de refl etir sobre novas metodologias para os estudos, isto é, os
pesquisadores precisavam ultrapassar as metodologias tradicionais e refl etir
com seus pares que o desenvolvimento humano ocorre em um contexto.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
Nesta perspectiva, alguns pesquisadores afi rmam que o desenvolvimento
humano não se restringe a uma determinada faixa etária, ao contrário, deve ser
visto como algo que ocorre durante toda a vida do sujeito (BEE, 1997). Assim, o
desenvolvimento do homem ocorre desde a concepção até a morte,
considerando as diversas mudanças afetivas, cognitivas, sociais e biológicas no
curso da vida.
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PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
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3 CONCEITUANDO A PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA
APRENDIZAGEM HUMANA
É possível encontrar, nos dias de hoje, diversos conceitos de Psicologia do
desenvolvimento e da aprendizagem humana. Para compreender esses
conceitos, partimos do ponto de que a todo momento nos desenvolvemos e
aprendemos com e sobre os objetos, com os homens, com o mundo e com a
cultura. Enfi m, cada um de nós tem uma concepção de mundo, de sociedade, de
homem, de mulher, de jovem, de criança, de idoso e, ainda, de nós mesmos.
Essas concepções são modos de interpretar a relação entre sujeito-ambiente,
que deriva de uma tomada de posição epistemológica no que diz respeito ao
sujeito, ao meio e à cultura. Pontua-se que a epistemologia procura responder a
perguntas como as apresentadas a seguir:
Por outro lado, Raposo e Queiroz (2008) destacam que, de acordo com a
concepção de desenvolvimento e de aprendizagem escolhidas consciente ou
não, fazemos a seleção de um determinado referencial teórico que estará
vinculado a um tipo de mundo que se quer ter, de um tipo de homem que se quer
formar para construir esse mundo e essa sociedade e de um tipo de educação
que propiciará o desenvolvimento e a aprendizagem desse sujeito.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
percursos que explicam as mudanças que acontecem na vida dos sujeitos e o
modo como elas podem ser descritas e entendidas, como Jean Piaget (18961980),
Vygotsky (1896-1934), Skinner (1904-1990), entre outros.
desenvolvimento humano.
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PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
FIGURA 3 – DESENVOLVIMENTO HUMANO
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o indivíduo)
e dos processos de maturação do organismo, independentes da
informação do ambiente (a maturação sexual, por exemplo). Em
Vygotsky, justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos,
a ideia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos
envolvidos no processo. O termo que ele utiliza em russo
(obuchenie) signifi ca algo como “processo de ensino-
aprendizagem”, incluindo sempre aquele que aprende, aquele que
ensina e a relação entre essas pessoas. Pela falta de um termo
equivalente em inglês, a palavra obutchenie tem sido traduzida ora
como ensino, ora como aprendizagem e assim re-traduzida para o
português. Optamos aqui pelo uso da palavra aprendizado, menos
comum que aprendizagem, para auxiliar o leitor a lembrar-se de que
o conceito em Vygotsky tem um signifi cado mais abrangente,
sempre envolvendo interação social.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
4 DISCUTINDO A COGNIÇÃO E A
AFETIVIDADE NO
DESENVOLVIMENTO E
APRENDIZAGEM HUMANA
Estudar a relação entre cognição e afetividade é fundamental para se
compreender o desenvolvimento e a aprendizagem dos seres humanos. Apesar
desses temas serem diferentes, eles são, também, indissociáveis (ARANTES,
2002). Encontra-se, ainda, em nossa cultura, uma valorização maior da cognição
em detrimento à afetividade. Tal afi rmativa se assenta no argumento de que os
processos de ensino-aprendizagem exigem atitudes racionais para se obter
melhores resultados, pois para muitas pessoas as emoções, os sentimentos e o
afeto gerados pela afetividade podem até atrapalhar a aprendizagem. Será que
isso pode acontecer? Para aprender é preciso inibir a emoção, os sentimentos e
o afeto na relação entre quem ensina e quem aprende?
Alguns autores vêm afi rmando que essas ações, cognição e afetividade,
apesar de não trazerem, ainda, uma defi nição precisa sobre cada uma delas,
estão sendo solicitadas, nos debates educacionais, pelos gestores, professores,
famílias e estudantes para estarem presentes nas pautas de forma articulada nas
propostas e práticas pedagógicas nas últimas décadas (LEITE, 2012).
Em decorrência dessas discussões, faz sentido refl etir que não há oposição
entre pensar e sentir. Com isso parece razoável afi rmar que no trabalho
pedagógico não exixte uma aprendizagem apenas cognitiva ou racional, pois
estudantes e professores não deixam aspectos afetivos do “lado de fora” da sala
de aula, quando estão construindo o conhecimento escolar ou não deixam
“latentes” seus sentimentos, afetos e relações interpessoais, enquanto aprendem
na escola ou em qualquer lugar.
Dando continuidade a nossa interlocução, é relevante defi nir o termo
cognição. Essa palavra é oriunda do latim e signifi ca conhecer, assimilar e
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PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
Barreto (1998, p. 71) menciona outros elementos para aprimorar a defi nição
do termo quando diz que a afetividade pode ser compreendida como “[...] o
conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob as formas de emoções,
sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou de
prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou
tristeza”. Portanto, é a mistura de todos os sentimentos: amor, ciúme, raiva,
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
inveja, saudade. Uma forma de aprender a cuidar corretamente de todas essas
emoções poderá possibilitar ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada.
Por outro lado, a dimensão afetiva pode ser considerada, ainda, como a
energia vital que impulsiona os sujeitos durante sua existência, ou seja, ela
conduz o sujeito para desempenhar as ações. Desse modo, é um elemento
indispensável ao desenvolvimento humano, pois a sua presença ou a sua
ausência infl uencia signifi cativamente o desenvolvimento humano, pois ela é a
“substância” que nutre as ações e que, consequentemente, potencializa a vida
humana.
Bases teóricas
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
FONTE: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X2012000200006> . Acesso em: 30 jul. 2019.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
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GRÁFICO 1 – BOM PROFESSOR (VISÃO DOS ALUNOS)
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FONTE: <http://www.uel.br/ceca/pedagogia/pages/arquivos/JOSIANE%20
REGINA%20BRUST.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2019.
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PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
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5 CONCEPÇÕES
TEÓRICOMETODOLÓGICAS PARA O
DESENVOLVIMENTO E
APRENDIZAGEM HUMANA
As concepções teórico-metodológicas são modos de interpretar a relação
sujeito-ambiente que derivam das diversas tomadas de posições epistemológicas
com relação ao sujeito, ao meio e à cultura. Buscou-se, nesta seção, oferecer-lhe
um texto com um corpo sistematizado de ideias para subsidiar sua aprendizagem
e infl uenciar positivamente sua prática pedagógica.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
Nesse caso, as implicações educacionais que essa concepção nos traz são
conhecidas e representam àquelas argumentações recorrentes de que o
estudante pode ou não ter aptidões para aprender a lidar com conteúdos
escolares ou de que há necessidade de esperar o desenvolvimento biológico e a
maturação dele para que determinados conhecimentos sejam ensinados e
aprendidos. Por muito tempo se justifi cou com esse argumento da maturidade a
idade de sete anos para a criança ingressar na escolarização obrigatória.
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5.2 CONCEPÇÃO
AMBIENTALISTA, EMPIRISTA OU
COMPORTAMENTALISTA
A concepção ambientalista tem sua origem no empirismo, ou seja, privilegia
o meio ambiente, por isso é chamada de ambientalista. Os pesquisadores
ambientalistas, ao contrário dos inatistas, consideram que a pessoa está sujeita
às contingências do meio ambiente, sendo o conhecimento uma cópia de algo
dado no mundo externo. Nesse sentido, o sujeito se constitui a partir das infl
uências do meio, de suas experiências, as quais dão origem a determinados
comportamentos por esse meio, como destacam Raposo e Queiroz (2008).
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
Há uma preocupação excessiva em organizar o ensino,
baseando-se na ideia de que “ensinando bem” o aluno aprende.
Todo o conhecimento está fora do sujeito, portanto, no professor e
nos livros.
De acordo com as ideias de Becker (1993), na aula fundada
nessa concepção epistemológica, o professor fala e o aluno escuta;
o professor dita e o aluno copia; o professor decide o que fazer e o
aluno executa; o professor ensina e o aluno aprende. Por que o
professor age assim? Porque ele acredita que o conhecimento pode
ser transmitido para o aluno. Ele acredita no mito da transmissão do
conhecimento, enquanto forma ou estrutura, não só enquanto
conteúdo. Isso ocorre porque para ele, o indivíduo, ao nascer, nada
tem em termos de conhecimento: é uma folha de papel em branco,
ou, conforme já referido, uma tábula rasa. Portanto, o conhecimento
vem do meio físico e/ou social; de fora para dentro.
Nas exatas palavras de Becker (1993, p. 19), o professor:
FONTE: <http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/3453/Vygotsky%20e%20as%20
teorias%20da%20aprendizagem.pdf?sequence=1>. Acesso em: 30 jul. 2019.
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social coloca a pessoa diante de questões que rompem seu estado de equilíbrio
mental, ou seja, questões nas quais ele ainda não consegue compreender
completamente. Para Piaget, o sujeito tem uma tendência natural ao equilíbrio, o
organismo se mobilizará internamente para alcançar novamente seu estado de
equilíbrio. Nessa movimentação, os esquemas são reorganizados ou novos
esquemas são construídos, possibilitando uma ampliação da possibilidade de
interpretação ou adaptação da realidade (RAPOSO; QUEIROZ, 2008).
5.5 ESTÁGIOS DE
DESENVOLVIMENTO HUMANO E
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
Piaget defi niu como terceira fase o estágio operacional concreto. Nele, os
conhecimentos a respeito da realidade externa adquiridos na fase anterior (pré-
operacional) são gradualmente transformados em verdadeiros esquemas
conceituais. Isso signifi ca que neste estágio (operacional concreto) a criança dos
7 aos 11 anos de idade já forma esquemas conceituais e já trabalha com eles de
acordo com os princípios da lógica, mas depende da existência dos objetos do
mundo exterior.
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PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
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A partir dessa ideia, é possível entender o que Piaget (1999a) defi niu por
processo de aprendizagem. Para o autor, a aprendizagem é um processo de
construção ativa do sujeito, no qual o sujeito constrói seus próprios
conhecimentos quando colocado em situações de desequilíbrio mental. Nessa
situação, o sujeito tentará explicar o fenômeno estudado a partir de seus
conhecimentos prévios e, em um processo de tentativa de acerto e erro, irá
construindo novas hipóteses pessoais. Errar, portanto, ganha um signifi cado
diferenciado daquele conhecido na escola tradicional, uma vez que representa
uma etapa obrigatória do processo de construção de conhecimentos. Será
exatamente a partir das respostas erradas construídas no processo de adaptação
que o professor poderá atuar para conduzir o estudante a novos desequilíbrios
mentais e construção de novos esquemas, provocando, assim, o
desenvolvimento e a aprendizagem.
de seu interesse.
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6 ABORDAGEM
SOCIOINTERACIONISTA
Ainda com base na concepção teórica interacionista de desenvolvimento
humano, Raposo e Queiroz (2008) apresentam a teoria de Vygotsky, que
trabalha com a noção de que a relação do homem com o mundo não é uma
relação direta, mas mediada por instrumentos e signos. Para Vygotsky (1998), o
sujeito constrói ao longo de sua história representações mentais que substituem
os objetos do mundo real – os signos. Tais signos passam a ser compartilhados
pelo conjunto dos membros do grupo social, permitindo a comunicação entre os
indivíduos e o aprimoramento da interação social.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
Com base em sua teoria, Vygotsky (1984) ressalta que ao longo da história
da espécie humana, os signos passam a ser compartilhados pelo conjunto dos
membros do grupo social, permitindo a comunicação entre os indivíduos e o
aprimoramento da interação social. Os sistemas de representação da realidade,
portanto, são socialmente dados, ou seja, “é o grupo cultural, com o qual o
indivíduo se desenvolve que lhe fornece o modo de perceber e organizar o real,
que vai constituir os instrumentos psicológicos que fazem a mediação entre o
indivíduo e o mundo” (OLIVEIRA, 1993, p. 37).
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
Vygotsky (1982), o sujeito é ativo e age sobre o meio. Para ele, não
vygotskyana:
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FONTE: <http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/3453/Vygotsky%20e%20as%20
teorias%20da%20aprendizagem.pdf?sequence=1>. Acesso em: 30 jul. 2019.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se
costuma determinar através da solução independente de
problemas, e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através da solução de problemas sob orientação
de um adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes.
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Para fi nalizar esse capítulo, é necessário trazer algumas considerações
para orientar o seu estudo, especialmente, no tocante às bases epistemológicas
que procuram explicar como os sujeitos aprendem e se desenvolvem a partir da
concepção de mundo, de sociedade e de homem. Para isso, na primeira seção,
foram discutidos os conceitos de desenvolvimento e de aprendizagem,
demonstrando que o desenvolvimento vai além de apenas mudanças físicas,
intelectuais, emocionais e sociais que fundamentam as diversas concepções
apresentadas. Demonstrou-se, ainda, a importância de um desenvolvimento
humano de qualidade para corroborar com o processo de aprendizagem humana
dos saberes culturais e dos conhecimentos científi cos necessários para intervir
no processo de humanização das pessoas.
Se, por outro lado, a aprendizagem do estudante não está associada a ele,
mas à escola, ao professor ou à organização de uma atividade pedagógica efi
ciente, a partir dessa concepção ambientalista, cabe ao professor colocar o
estudante em contato com o conhecimento socialmente construído, de forma que
ele tenha condições de ir assimilando essas informações e reproduzindo-as
corretamente. Os casos de fracasso ou de sucesso na escola, portanto, estão
muito mais relacionados às contingências de reforço que o aluno teve ao longo
de sua vida escolar do que a sua ‘capacidade natural’.
REFERÊNCIAS
ARANTES, V. A. Afetividade no cenário da educação. In: OLIVEIRA, M. K. de e
colaboradores. Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea.
São Paulo: Moderna, 2002.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
Cortez, 1994.
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Capítulo 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA
PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM HUMANA
OSTERMANN, F.; CAVALCANTI, C. J. H. Um pouco de história: teorias
behavioristas. Porto Alegre: Evangraf: UFRGS, 2011.
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C APÍTULO 2
TECENDO O OLHAR
SOBRE O CICLO
VITAL,
PROCESSOS DE
ENSINO E
APRENDIZAGEM
E PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS
PELOS
SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO
HUMANO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Estudar o desenvolvimento humano, tecendo o olhar para o ciclo vital
humano, as concepções epistemológicas de ensino e aprendizagem e os
processos psicopatológicos vivenciados pelos sujeitos é de extrema relevância
para se compreender as mudanças, como elas ocorrem de forma contínua,
descontínua, normal ou patológica ao longo da vida, contemplando o todo e as
partes. Assim, esse olhar pode ver as mudanças da infância para a adolescência,
da adolescência para a juventude, para a adultez e para a velhice. Podem ser
vistas as mudanças que ocorrem dentro de cada etapa e aquelas que acontecem
ao longo de todo o ciclo, pois elas não acontecem de forma isolada, como
algumas pessoas imaginavam, por exemplo: que mudanças aconteceram na
infância que podem impactar o desenvolvimento humano na vida adulta ou na
velhice?
68
Capítulo 2
FIGURA 1 – CICLO VITAL
FONTE: <https://www.istockphoto.com/br/vetor/homem-humano-venturian-fundode-ciclo-de-
vida-humana-gm979665398-266195711>. Acesso em: 14 jun. 2019.
FONTE: <https://pt.slideshare.net/F_Leiva/ciclo-de-vida-
>. Acesso em: 14 jun. 2019.
del-ser-humano/
etapas e não apenas sobre algumas delas isoladamente. Por outro lado, essas mudanças
são intensas:
70
Capítulo 2
FONTE: <https://www.google.com/search?q=ciclo+vital&sxsrf
=ACYBGNRPkbAh36sX_3-wgWm_vX77EHVp_Q:
1569472519993&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUK
Ewjmw6fg1O3kAhVPI7kGHetVCd0Q_AUIEigB
&biw=1821&bih=785#imgrc=cqXBZay8vjygQM>.
Acesso em: 19 ago. 2019.
O ciclo vital pode ser nomeado, também, como “ciclo da vida” de um ser
vivo, incluindo todas as etapas da vida, como mostra a Figura 3. Questões como:
“O que é o ciclo vital do desenvolvimento humano?”; “Todos os seres humanos
passam por todas etapas em um mesmo ciclo?”; “Será que a idade é a variável
mais importante para a concretização do ciclo vital, o qual determina estatutos e
funções diferentes para os sujeitos humanos?”; “A infância, a adolescência, a
vida adulta e a velhice sempre foram assim como conhecemos hoje?” e “Que
tipos de infl uências tornam uma pessoa diferente da outra?”. Consideramos
fundamental pensar sobre essas questões e tomá-las como o ponto de partida
para aprofundarmos o nosso entendimento acerca do ciclo de vida. Assim, o ciclo
vital pode ser compreendido como um:
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Nessa mesma direção, Xavier e Nunes (2013, p. 9) afi rmam que olhar o
desenvolvimento humano como um todo é um processo de:
Já Sifuentes, Dessen e Oliveira (2007, p. 380) afi rmam que durante o ciclo
72
Capítulo 2
Para enriquecer seu aprendizado nesta disciplina, trouxemos
um fragmento curto do artigo “Ciclos de vida: algumas questões
sobre a psicologia do adulto”, publicado por Oliveira (2004, p. 214),
na Revista Educação e Pesquisa, no qual a pesquisadora discutiu
as mudanças no ciclo de vida dos seres humanos.
[...] Pensemos, por exemplo, nos grandes períodos em que
normalmente tem sido dividida a vida humana – a infância, a
adolescência, a idade adulta e a velhice. Essas etapas nos têm sido
apresentadas como universais e associadas a características
comuns a todas as pessoas e a todos os grupos humanos: a
infância como o período em que ocorrem as experiências com efeito
determinante e confi gurador de todo o desenvolvimento posterior, a
adolescência como a época das mudanças drásticas e turbulentas,
a idade adulta como o momento de estabilidade e ausência de
mudanças importantes e a velhice como sinônimo de deterioração
dos processos psicológicos (PALACIOS, 1995, p. 21-22).
Por não levar em conta aspectos da história cultural e da
história individual dos sujeitos, essa perspectiva não contempla a
multiplicidade de possibilidades do desenvolvimento humano. Para
contestar essa suposta universalidade, basta imaginar e comparar
pessoas de diferentes grupos culturais nas mesmas etapas de
desenvolvimento: uma criança de classe média alta, de sete anos,
em Nova York, frequentando a escola, e uma criança de sete anos
na zona rural do Afeganistão, que trabalha no campo e cuida dos
irmãos menores; uma jovem paulistana que faz curso de inglês com
intenção de inscrever-se num programa de intercâmbio para estudar
na Austrália e a outra de um jovem fi lho da periferia de uma cidade
brasileira de médio porte; uma dona de casa carioca, um monge do
Tibete e um cientista inglês, o que eles têm em comum como
adultos?
A perspectiva universalizante não contempla, tampouco, a
própria essência do desenvolvimento, isto é, a transformação. Como
explicar os inúmeros casos de pessoas que superam condições
73
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
adversas ocorridas em sua infância? Ou dos jovens que percebem
sua adolescência mais como continuidade do que como ruptura com
seu percurso anterior? Onde fi caria o potencial transformador das
intervenções educativas na idade adulta? Os idosos que iniciam
uma nova atividade em idade avançada e tornam-se criativos,
produtivos, independentes?
Diante dessas refl exões, a questão não é eliminar o problema
das etapas do desenvolvimento, mas historicizar sua compreensão.
Toda sociedade é organizada por idades e toda sociedade tem um
sistema de expectativas sociais com relação ao comportamento
apropriado às idades. O indivíduo passa por um ciclo socialmente
regulado do nascimento à morte tão inexoravelmente como passa
pelo ciclo biológico: uma sucessão de status de idade delineada
socialmente, cada um com seus direitos, deveres e obrigações
reconhecidos (MERRIAN; CAFFARELLA, 1999, p. 120). É nesse
sentido que a ideia dos ciclos da vida pode ser mais promissora
para uma compreensão minuciosa do fenômeno do
desenvolvimento do que a ideia dos estágios.
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E
APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU
DESENVOLVIMENTO HUMANO
74
Capítulo 2
____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.
2.2.1 CoNCEPÇÕES
EPiSTEmoLÓGiCAS Do
DESENVoLVimENTo HumANo:
ABorDAGEm TrADiCioNAL E o
ProCESSo DE APrENDiZAGEm
A partir de sua experiência pessoal e profi ssional, que elementos ou
situações se confi guram em um ensino ou em uma escola tradicional em sua
opinião? Que implicações a abordagem de ensino tradicional refl ete sobre o
processo de ensino e de aprendizagem em nossa cultura?
76
Capítulo 2
[...] transmitir os conhecimentos, por meio dos conteúdos a
serem ensinados por esse paradigma seriam previamente
compendiados, sistematizados e incorporados ao acervo
cultural da humanidade. Dessa forma, é o professor quem
domina os conteúdos logicamente organizados e estruturados
para serem transmitidos aos alunos. A ênfase do ensino
tradicional, portanto, está na transmissão dos conhecimentos
(SAVIANI, 1991 apud LEÃO, 1999, p. 189).
77
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
Para assegurar a harmonia, o domínio do poder concentrado e a divisão de
classes sociais, que tipo de escola poderá atender a tais demandas? Que valores
a escola tem de adotar nessa abordagem? A escola, nessa abordagem, tem a
função de desvelar o mundo a partir das informações que os professores
consideram imprescindíveis para os estudantes. Assim, a escola é vista como o
lugar por excelência que se realiza a aprendizagem. Nessa perspectiva, a
educação formal é considerada importante e defi ne a escola como uma
instituição sistematizadora dos conhecimentos acumulados pela humanidade.
distraia. Considera o ato de aprender como uma cerimônia e acha necessário que
o professor se mantenha distante dos alunos” (MIZUKAMI, 1986, p. 12).
Mizukami (1986, p. 12) afi rma que o fi lósofo e ensaísta francês Émile Chartier
(1868-1951)
foi defensor da abordagem de ensino tradicional e defi niu a escola
como “o lugar também por excelência onde se raciocina”. Ademais, Chartier
defendeu a escola “como um ambiente físico austero para que o aluno não se
78
Capítulo 2
Chartier (1978) afi rmou, ainda, que o professor era um expertise naquilo
que se propôs a ensinar. Portanto, “não cabia ao estudante duvidar da
competência de seu professor. Em seu ofício era tido como uma autoridade
intelectual e moral, ou seja, uma autoridade máxima. Assim, o professor sabia
quais conhecimentos eram mais importantes para a formação dos estudantes”,
como destaca Mizukami (1986, p. 13). Portanto, a relação entre professor-aluno
se confi gura, na instituição escolar, como vertical. As possibilidades de
cooperação entre os pares eram reduzidas, uma vez que a maioria das tarefas
designadas aos estudantes exigia que fossem realizadas individualmente, pois
dessa forma, o controle do professor sobre os corpos e a cognição dos
estudantes era mais fácil.
FONTE: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
bv000268.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2019.
80
Capítulo 2
Nessa perspectiva, o papel do professor é o de um transmissor dos
conteúdos, os quais são predefi nidos e que constituem o próprio fi m da
escolarização. O papel do estudante, a partir dessa abordagem é o de um
memorizador e de um reprodutor desses conteúdos nas provas e exames
avaliativos. Essa reprodução feita pelo estudante muitas vezes assume a forma
automatizada e sem variações. Geralmente, os estudantes dão uma resposta
curta e não transmitem a compreensão esperada. Por outro lado, as avaliações
são vistas como instrumentos indicadores relevantes para demonstrar se houve
aprendizagem ou não por parte dos estudantes.
81
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
tradicional – o professor visto como o centralizador do conhecimento e o aluno
como um ser vazio à espera de informações fragmentadas.
[...]
Nesta concepção de educação, quanto mais vezes o professor
narrar determinado conhecimento, mais fácil será para o aluno
decorar e transferir para seus processos avaliativos. Logo, não se
percebe a construção de um conhecimento mais efetivo, pois não se
propicia isso nas aulas.
As perguntas são evasivas tanto quanto as respostas dos
alunos. Seguindo essa percepção, temos uma educação bancária.
Isso quer dizer que o educando está na escola somente para
receber informações, decorá-las para transferi-las a uma prova e
logo esquecer. Esquecer por quê? Porque esse processo educativo
não contribuiu para uma prática efi ciente da aprendizagem, pois
não se teve espaço para o debate, o uso da criatividade, a refl exão
da ética e a pesquisa, entre outros saberes considerados
importantes para a formação cognitiva do aluno, como também a
formação do seu eu enquanto sujeito capaz de transformar o meio
em que vive.
A didática, nessa abordagem, parece não facilitar a identifi cação das difi
culdades de aprendizagem dos estudantes, isto é, o professor expõe o conteúdo
e os estudantes escutam passivamente. Por outro lado, o atendimento individual
é bastante complexo durante a aula, pois quando o professor dá atendimento a
um único estudante, os demais fi cam isolados e dependendo do grupo, ocorrem
muitas conversas paralelas, atrapalhando mais do que ajudam a classe a
continuar seu trabalho escolar. Diante dessa situação, há uma tendência de o
professor não defi nir estratégias didáticas de trabalhos em grupo e tratar a todos
igualmente: todos deverão seguir o mesmo ritmo de trabalho, estudar os mesmos
livros-texto, utilizar o mesmo material didático, repetir as mesmas coisas para
adquirir os mesmos conhecimentos e resultados. Além disso, a escola tradicional
é encarada por excelência como o único local em que os estudantes se
apropriam do conhecimento acumulado pela humanidade, por meio da
transmissão de conteúdos e da imitação de modelos e demonstrações.
82
Capítulo 2
Xavier e Nunes (2013, p. 11) afi rmam que essa abordagem valoriza de
forma contundente a intervenção do meio ambiente no desenvolvimento humano
e no processo de aprendizagem, ou seja, ela:
De acordo com Xavier e Nunes (2013), essa abordagem se confi gura como
comportamentalista/behaviorista ou tecnicista e alguns elementos estão
presentes no cenário educacional brasileiro até os dias de hoje em nossas
escolas. A preocupação central dessa abordagem é, também, formar o estudante
para atender às necessidades da sociedade como tal, portanto, ela foi classifi
cada como uma abordagem conservadora. O behaviorismo nessa abordagem é
83
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
equivalente à abordagem comportamentalista? Como a ciência vê o
behaviorismo?
Essa abordagem surgiu nos Estados Unidos e foi trazida para o Brasil pelo
regime militar, por meio do Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao
Ensino Elementar – PABAEE, a partir de 1967 (RAPOSO; QUEIROZ, 2008). O
representante mais infl uente dessa abordagem ambientalista/behaviorista é o
psicólogo norte-americano Burrhus Frederic Skinner. Sua preocupação central foi
construir uma ciência do comportamento que defendesse a:
84
Capítulo 2
FIGURA 5 – A ESCOLA NÃO É LUGAR PARA MUITAS COISAS
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO HUMANO
CONCEPÇÃO AMBIENTALISTA/BEHAVIORISTA
85
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
Segundo os ambientalistas (ou comportamentalistas, também
chamados de behavioristas, do inglês behavior – comportamento),
os indivíduos buscam maximizar o prazer e minimizar a dor.
Com base nessa discussão, podemos guiar nossas refl exões com base nas
seguintes questões: “O que a diferencia da abordagem anteriormente?”; “Como o
sujeito aprende e se desenvolve nessa abordagem?”; “De modo geral, o que
caracteriza essa abordagem de ensino-aprendizagem?” e “Como se caracteriza o
conhecimento nessa abordagem?”.
Sampaio (2005, p. 380) afi rma que Skinner abordou nesse período (1953)
um “conjunto de concepções próprias utilizadas na abordagem do objeto, nas
quais se tornaram de grande importância o conceito de condicionamento
operante”. Esse conceito foi amplamente utilizado nas análises do
comportamento verbal e social para as ações humanas. Com isso, as questões
relativas à descrição, à evolução e ao planejamento de culturas ocuparam
grande parte do livro de Skinner. O termo condicionamento operante é um
conceito central na teoria de Skinner e pode ser compreendido como:
87
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
faminto quando vê o alimento intensifi ca a pressão da barra ou puxa o cordão
para acionar a comida). Como reforço negativo, aquele que intensifi ca as
respostas quando é removido. Temos, então, duas maneiras de defi nir o reforço
negativo. A primeira diz respeito ao efeito de enfraquecimento que tem quando
apresentado; a segunda está relacionada ao efeito de reforçamento pela sua
remoção. Nesse ponto, “o efeito se faz sentir sobre o comportamento operante;
um operante é
88
Capítulo 2
enfraquecido num caso e reforçado no outro. No entanto, deve-se
notar que o mesmo operante não deve sofrer as duas modifi cações
simultaneamente” (KELLER; SCHOENFELD, 1950, p. 75-76).
Skinner sempre justifi cou (e lutou) por uma ciência do comportamento com
base na crença de que ela poderia ajudar na resolução da maioria dos grandes
problemas com que nossa cultura convive. Para ele, o sentido último do
empreendimento de uma análise do comportamento não era teórico, mas prático.
Portanto, o objetivo fi nal dessa ciência seria o de promover a sobrevivência da
cultura (DITTRICH, 2004). Os analistas do comportamento, assim, “deveriam se
voltar sempre para o desenvolvimento de uma ciência e de uma profi ssão
voltados para tal fi m” (SAMPAIO, 2005, p. 382).
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO HUMANO
89
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
A aprendizagem para Skinner é fruto de condicionamento operante, ou seja,
um comportamento é premiado, reforçado, até que ele seja condicionado de tal
forma que ao se retirar o reforço, o comportamento continua a acontecer.
A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO
90
Capítulo 2
É necessário mencionar que, na fi xação de
critérios de desempenhos adequados, são consideradas igualmente:
as exigências da agência educacional; as exigências de outras
agências a ela ligadas, tais como família, grupos etc., as exigências
da própria sociedade. Dessa forma, os centros decisórios, em sua
maioria, encontram-se fora de cada situação particular de
ensinoaprendizagem.
O sistema educacional tem como fi nalidades básicas promover
mudanças nos indivíduos, mudanças essas desejáveis e
relativamente permanentes, as quais implicam tanto a aquisição de
novos comportamentos quanto a modifi cações dos já existentes.
O objetivo último da educação é que os indivíduos sejam os
próprios dispensadores dos reforços que elicitam seus
comportamentos. O uso adequado das técnicas de modifi cações de
comportamento é aquele em que se passa progressivamente o
controle da estruturação do esquema de contingência para cada
indivíduo.
O indivíduo, dessa forma, será capaz de estruturar as
contingências de seu próprio ambiente, de modo que seu
comportamento leve às contingências que deseja. Quanto maior o
controle, maior a responsabilidade.
O comportamento é moldado a partir da estimulação externa,
portanto, o indivíduo não participa das decisões curriculares que são
tomadas por um grupo do qual ele não faz parte.
Referindo-se aos reforços naturais ou primários, Skinner (1993;
1980) argumenta que a ideia do homem natural e bom, corrompido
pela sociedade, não é o sufi ciente para os indivíduos se
comportarem de certas maneiras desejáveis. Além disso, muitos
reforços naturais, se controladores do comportamento do indivíduo,
são muito mais prováveis de levar o indivíduo à preguiça e ao lazer
do que a um estado de trabalho e produtividade. Muitas vezes esses
reforços levam o indivíduo a demonstrar uma série de
comportamentos triviais, exaustivos e sem uso para si ou para a
sociedade.
O indivíduo pagaria muito caro, diz Skinner, se ele fosse
regulado simplesmente por acidentes e contingências naturais. É
importante – e nisso consiste o processo da educação ou
treinamento social – aumentar as contingências de reforço e sua
frequência, utilizando-se de sistemas organizados, pragmáticos, que
lançam mão de reforços secundários associados aos naturais, a fi m
de se obter certos produtos preestabelecidos, com maior ou menor
rigor.
92
Capítulo 2
defende-se o planejamento das condições ambientais
para a aprendizagem de determinados comportamentos.
A introdução de teorias ambientalistas na sala de aula teve o
mérito de chamar a atenção dos educadores para a importância do
planejamento de ensino. A organização das condições para que a
aprendizagem ocorra exige clareza a respeito dos objetivos que se
quer alcançar (objetivos instrucionais ou operacionais), a estipulação
da sequência de atividades, que levarão ao objetivo proposto, e a
especifi cação dos reforçadores que serão utilizados. A concepção
ambientalista da educação valoriza o papel do professor, cuja
importância havia sido minimizada na abordagem inatista. Coloca
em suas mãos a responsabilidade de planejar, organizar e executar
– com sucesso – as situações de aprendizagens. Para tanto, o
professor pode fazer uso de vários artifícios para reforçar
positivamente os comportamentos esperados: elogios, notas,
diplomas etc., premiando também a entrega de lições caprichadas e
corretas.
Por outro lado, as teorias ambientalistas tiveram também efeitos
nocivos na prática pedagógica. A educação foi sendo entendida
como tecnologia, fi cando de lado a refl exão fi losófi ca sobre a sua
prática. A ênfase na tecnologia educacional exigia do professor um
profundo conhecimento dos fatores a serem considerados numa
programação de ensino, contudo, tal conhecimento não era
transmitido a eles. Programar o ensino deixou de ser uma atividade
cognitiva de pesquisar condições de aprendizagem para se tornar
uma atividade meramente formal de colocar os projetos de aula
numa fórmula padrão.
A principal crítica que se faz ao ambientalismo e quanto à
própria visão de homem adotada: a de seres humanos como
criaturas passivas face ao ambiente, que podem ser manipuladas e
controladas pela simples alteração das situações em que se
encontram. Nesta concepção, não há lugar para a criação de novos
comportamentos. Na sala de aula, ela acarretou um excessivo
diretivismo por parte do adulto. Deixou-se de valorizar e fazer uso de
situações em que a aprendizagem pode se dar de modo
espontâneo, como aquelas nas quais as crianças cooperam entre si
para alcançar um fi m comum. Tal concepção propõe que as
situações de ensino devam ser bem estruturadas e planejadas
previamente, recorrendose, sempre que possível, à presença de
computadores, televisão e outros recursos audiovisuais.
Não há, na concepção ambientalista, preocupação em explicar
os processos por meio dos quais a criança raciocina e que estariam
presentes na forma como ela se apropria dos conhecimentos.
93
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO HUMANO
94
Capítulo 2
Neste sentido, o professor, além de ajudar os estudantes a se
estruturarem e agirem, busca organizar a metodologia de ensino, selecionando
os conteúdos mais signifi cativos que possam contribuir para a formação pessoal
e de mundo do trabalho para os estudantes. Na realidade, “não basta que os
conteúdos
95
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
sejam bem ensinados, é preciso que eles tenham signifi cação humana e social”
(LIBÂNEO, 1989, p. 39), ou seja, os conteúdos devem ser selecionados a partir
da experiência dos estudantes, atendendo às peculiaridades locais e às
diferenças individuais para serem confrontadas com o saber sistematizado.
Portanto, essa abordagem parte das experiências vivenciadas pelos estudantes
em seu cotidiano e os tornam o centro da aprendizagem para criar condições de
superar suas difi culdades sociais.
https://www.youtube.com/watch?v=j_0BOJO4YEM.
97
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
O jovem tentará, então, novas maneiras de agir, levando em consideração
as propriedades específi cas do monociclo. Em outras palavras, modifi cará seus
esquemas mentais para poder dominar essa nova situação pelo processo de
acomodação. No momento em que o jovem conseguir dominar adequadamente o
novo veículo, diremos que se adaptou a essa nova exigência da realidade e,
portanto, desenvolveu-se.
98
Capítulo 2
99
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
O objetivo da educação, portanto, não será a transmissão da cultura, mas o
desenvolvimento de uma autonomia intelectual que possibilite ao estudante
aprender por si próprio a construir o conhecimento. Além disso, é fundamental
que o processo pedagógico seja organizado de forma que haja um equilíbrio nas
relações interindividuais e condições de cooperação, colaboração, trocas e
intercâmbio entre as pessoas, ao invés de uma relação reguladora.
2.2.4 A ABorDAGEm
SoCioiNTErACioNiSTA: ALGumAS
CoNTriBuiÇÕES DE VYGoTSKY PArA A
EDuCAÇÃo
Passaremos a discutir, agora, a abordagem teórica sociointeracionista, cujo
principal representante é o crítico literário russo Lev Semyonovich Vygotsky
(1896-1934). Essa abordagem é, também, uma abordagem interacionista, na
qual “o homem é reconhecido como produto da interação dos aspectos
biológicos e sociais, dentro de um tempo e espaço determinados e em um
101
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
processo permanente de construção histórica” (ZANELLA; NUEMBERG, 2008, p.
121).
Os signos, por sua vez, são orientados pelo próprio sujeito. Eles se dirigem
ao controle de ações psicológicas, seja do próprio sujeito, seja de outras
pessoas. São interpretáveis como representação da realidade e podem referirse
a elementos ausentes do espaço e do tempo presentes, como fazer uma lista de
compras por escrito, utilizar um mapa para encontrar um determinado local ou
dar um nó no lenço para não esquecer um compromisso são ações de como
recorremos à mediação de signos para melhorar nossa possibilidade de
102
Capítulo 2
armazenamento de informações e de controle da ação psicológica. A
invenção e o uso de signos podem ser compreendidos como:
103
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
http://ead.ifg.edu.br/mod/page/view.php?id=34596;
https://www.youtube.com/watch?v=ZvY8qbIuLvQ.
104
Capítulo 2
transformação num movimento em que o processo de aprendizagem
desperta processos de desenvolvimento. É fundamental lembrar, ainda, que para
Vygotsky, o adulto ou a criança mais experiente deve interferir constantemente
nessa ZDP a fi m de movimentar o processo de desenvolvimento da criança.
FONTE: A autora
À medida que a criança vai sendo mediada por um outro ser social, ela vai
internalizando o andar em um plano intrapsicológico até conseguir desenvolver a
atividade sozinha. No momento em que a criança conseguir andar sozinha, seu
nível de desenvolvimento real passa a ser “andar”, e o potencial será uma outra
atividade mais difícil, como “correr” ou “saltar”, por exemplo. É importante, então,
que o mediador esteja sempre atento àquilo que a criança já faz sozinha, a fi m
de conduzi-la a níveis mais avançados de desenvolvimento por meio de
processos de aprendizagem.
http://ead.ifg.edu.br/mod/page/view.php?id=34596;
https://www.youtube.com/watch?v=vUX3XJVPlWo.
106
Capítulo 2
também pode funcionar como mediadora entre uma outra criança e as
ações e signifi cados estabelecidos como relevantes no interior da cultura”
(OLIVEIRA, 1997, p. 64).
107
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
internalizadas, ou seja, transformadas em ações internas. É
importante frisar que o desenvolvimento das capacidades de
pensar e agir não se dá de forma homogênea e nem como um
passe de mágica: são movidas por necessidades, interesses,
paixões, emoções, expectativas, inclinações e confl itos. Este
texto é parte da fundamentação psicopedagógica dos PCN e faz
referência ao autor:
( ) Piaget.
( ) Wallon.
( ) Paulo Freire.
( ) Vygotsky.
construídos.
descartados.
(d) Gerar um ambiente em que seja possível que os estudantes se
abram, façam perguntas e aproveitar, quando possível, as
contribuições dos alunos.
108
Capítulo 2
TECENDO O(e)
OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO HUMANO
os novos conteúdos e os
conhecimentos prévios, bem como determinar o que deve
constituir o ponto de partida das aulas.
(b) Promover o trabalho independente por meio de situações em que
possam se atualizar e utilizar autonomamente os conhecimentos
3 APRESENTANDO PROCESSOS
PSICOPATOLÓGICOS DOS SUJEITOS
NO DESENVOLVIMENTO HUMANO
A psicopatologia é o estudo das doenças mentais, mais especifi camente,
um campo de estudo acerca do sofrimento psíquico. Essa construção de
conhecimento tem como propósito contribuir com informações e dados
sistematizados para que os sujeitos, durante seu desenvolvimento, tenham
acesso a esclarecimentos e desmistifi cação sem um julgamento moral do objeto
em apreciação. Isso porque o propósito é poder observar, reconhecer e ter um
melhor entendimento das doenças mentais que afetam as pessoas.
109
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
uma tradição médica (observação de doentes mentais, sobretudo ao longo do
século XIX e XX) e humanista (Filosofi a, Literatura, Artes e Psicanálise).
FIGURA 7 – PSICOPATOLOGIAS
FONTE: <http://www.ceusb.com.br/as-psicopatologiasmais-comuns/>.
Acesso em: 19 ago. 2019.
110
Capítulo 2
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO HUMANO
FONTE: <https://noticias.universia.com.br/carreira/noticia/2015/09/02/1130688/8-
dicas-melhorar-cotidiano.html>. Acesso em: 19 ago. 2019.
Xavier e Nunes (2013, p. 12) afi rmam que quando se trata da evolução
humana, a palavra “‘normal’ não deve ser entendida como um julgamento de
valor do que é melhor ou pior, mas como um parâmetro científi co para avaliar
diversos caminhos, formas e expressões do desenvolvimento”. Outro autor que
discute sobre normalidade é Foucault (1926-1984). Para ele, o termo
normalidade tem sido visto como um instrumento de controle social,
compreendido a partir de determinadas culturas como “os comportamentos,
pensamentos e sentimentos “adequados” para a população, em geral. Assim, faz
referência à ideia de enquadre e ajustamento” (XAVIER; NUNES, 2013, p. 12).
Para Bee (2000 apud XAVIER; NUNES, 2013, p. 12):
111
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
FIGURA 9 – RECONHECIMENTO DE QUE A PSICOPATOLOGIA NÃO É CIENTÍFICA
112
Capítulo 2
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO HUMANO
FONTE: <https://fce.edu.br/blog/perspectivas-atuais-no-ensino-de-ciencias-
objetivos-conteudos-e-metodos/>. Acesso em: 19 ago. 2019.
A psicopatologia da infância e da adolescência é confi gurada pela
existência de transtorno em pelo menos uma das seguintes dimensões:
comportamento manifesto; estados emocionais; relacionamentos interpessoais; e
função cognitiva. Para o estudo desse campo voltado para a infância e para a
adolescência são considerados enfoques que subvencionam tais pesquisas,
como podemos assinalar os seguintes: fenomenologia clínica; fatores
psicossociais; fatores demográfi cos; fatores biológicos; fatores genéticos; fatores
familiares; história natural; e resposta à intervenção.
FONTE: <https://www.psicoedu.com.br/2016/10/psicopatologia-etranstornos-de-
comportamento.html>. Acesso em: 19 ago. 2019.
Como podemos notar, esse campo de estudo se vale de muitos referenciais
em razão da complexidade e das exigências a que uma discussão desse porte
pode estar relacionada ao ser humano, que demanda cada vez mais um estofo
para construir possibilidades interpretativas. É importante salientar que para
pensar acerca de um transtorno mental é preciso entender as operações mentais
que estão envolvidas nessa condição apresentada. Logo, em termos de
operações mentais, as funções neuropsicológicas precisam ser evidenciadas, ou
seja, aspectos concernentes à memória, à atenção e às funções mentais
executivas. Por outro ângulo, faz-se necessário, também, nessa esteira de
113
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
propósitos, discutir as atividades psíquicas que são fontes importantes, como é o
caso das funções mentais superiores, tais como: raciocínio, julgamento,
percepções, consciência e sentimentos, como destaca Vygotsky (1984).
Nos dias atuais, os diagnósticos psiquiátricos estão cada vez mais presentes
em outras áreas médicas. Para além dos psiquiatras, quem mais medicam
antidepressivos e tranquilizantes são os médicos ginecologistas,
otorrinolaringologistas, oftalmologistas, osteopatas etc. Já os diagnósticos, em
um processo de vulgarização e simplifi cação, são apresentados por todos os
profi ssionais da área de saúde, os professores, os pais, entre outros.
115
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
FONTE: <https://www.psicoedu.com.br/2016/10/psicopatologia-
e-transtornos-de-comportamento.html>.
Acesso em: 19 ago. 2019.
116
Capítulo 2
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO HUMANO
Admite-se que muitas pessoas que com diagnósticos dados pela psiquiatria
podem desconsiderá-los ou criticá-los, pois aquela experiência pode ser vista
pelo paciente como uma diferença ou uma idiossincrasia ou singularidade que
não merece, não precisa e não deve ser considerada como doença. Muitos
autistas se consideram apenas como neurodiversos e não como neurotípicos.
Nota-se que as classifi cações são baseadas em uma ideia de modelo ideal,
logo, o ser humano é muito mais que isso e a pluralidade deve ser vista também
como base para novos critérios que possam fazer com que muitos sejam apenas
considerados como diferentes e não como patológicos (MISKOLCI, 2003). Dessa
forma, a fronteira entre a normalidade e a patologia é uma das áreas mais tênues
da psiquiatria. O caso dos autistas ou até mesmo da homossexualidade, nos
117
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
anos 1970, por exemplo, se reafi rmou apenas como diferente da maioria dos
episódios da estatística e que não tinha nada a ver com patologias.
119
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
Smith (2008) declara que as pessoas com autismo
normalmente não precisam de apoio da alta tecnologia, em vez
disso, a tecnologia útil aos autistas, na maioria dos casos, é simples
e de baixo custo.
Um dos recursos utilizados e amplamente conhecidos no
mundo inteiro são os materiais e cartões com elementos
representativos de imagens e fi guras, denominados de PCS –
(Símbolos de Comunicação Pictórica).
O PCS é uma técnica de intervenção criada pela fonoaudióloga
estadunidense Roxanna Mayer Johnson, em 1980. Essa técnica de
comunicação utiliza desenhos simples, de fácil reconhecimento,
facilmente combináveis e úteis para a criação de atividades
educacionais. O sistema de símbolos PCS geralmente é aplicado na
intervenção de autistas com graves atrasos na fala e grandes
comprometimentos na área da linguagem.
122
Capítulo 2
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO HUMANO
FONTE: <https://www.wattpad.com/story/100928798-a-
crian%C3%A7a-psicopata>. Acesso em: 19 ago. 2019.
124
Capítulo 2
trabalho a contento em razão de melhorar a sua capacidade de se
relacionar com os estudantes. Isso está relacionado à compreensão dos
distúrbios atinentes à seguinte tríade: físico, psíquico e social. Essa possibilidade
de visão que pode ser agregada por meio de uma formação mais robusta acerca
da dimensão psíquica permite uma leitura do mundo menos alienada por parte
dos educadores.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Para fi nalizar esse capítulo, é interessante trazer algumas considerações
para orientar o seu estudo, especialmente, no tocante ao ciclo vital, às
abordagens psicológicas do desenvolvimento humano e da aprendizagem que
dão ênfase ao processo de aprender e de desenvolver. Para isso, na primeira
seção, teceu-se o olhar sobre o ciclo vital do desenvolvimento humano e as
mudanças físicas, intelectuais, emocionais e sociais do sujeito humano. Buscou-
se demonstrar, ainda, que os processos de mudanças ocorrem ao longo de toda
a nossa vida e estão relacionados a um conjunto complexo de fatores, incluindo
a qualidade de vida.
O ciclo vital humano foi abordado nesse texto por meio da infância, da
adolescência, da idade adulta e da velhice. Essas etapas nos têm sido
apresentadas como universais e associadas a características comuns a todas as
pessoas e a todos os grupos humanos. A infância como o período em que
ocorrem as experiências com efeito determinante e confi gurador de todo o
desenvolvimento humano, a adolescência como a época das mudanças drásticas
e turbulentas; a idade adulta como o momento de estabilidade e ausência de
mudanças importantes e a velhice como sinônimo de deterioração dos processos
psicológicos.
Piaget destaca que uma criança não pode pular do estágio sensóriomotor
para o operatório concreto sem ter passado pelo pré-operatório. Afi nal, suas
estruturas vão amadurecendo gradativamente. Para ele, à medida que as
aquisições do indivíduo na construção da inteligência vão se complexifi cando, há
um decréscimo da infl uência da maturação e, consequentemente, um aumento
das infl uências do meio físico e social.
REFERÊNCIAS
ASSIS, M. Conto de escola. 32. ed. Rio de Janeiro: Cosac Naify, 2005.
127
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
COLL, C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. Necessidades educacionais
especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 43. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
2004.
128
Capítulo 2
TECENDO O OLHAR SOBRE O CICLO VITAL, PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM E
PSICOPATOLÓGICOS VIVENCIADOS PELOS SUJEITOS EM SEU DESENVOLVIMENTO HUMANO
129
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
VYGOTSKY, L. S. A formação da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
130
C APÍTULO 3
CONTRIBUIÇÕES
DAS
NEUROCIÊNCIAS
PARA O
DESENVOLVIMENTO E
APRENDIZAGEM HUMANA
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
2 NEUROCIÊNCIA: ABORDAGENS E
CONTRIBUIÇÕES
Oliveira (2014, p. 14) afi rma que a neurociência “tem raízes que somente a
partir do século XIX começaram a fl orescer”. Entre os profi ssionais envolvidos
com essa área em neurociência, os professores vêm despertando para a
necessidade de se compreender eventos biológicos relacionados ao
desenvolvimento e à aprendizagem.
FIGURA 1 – NEUROCIÊNCIAS
132
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
FONTE: <https://newsrondonia.com.br/noticias/
conceitos+fundamentais+de+neurociencias+015+nascimento+vida+e+morte+
do+sistema+nervoso/100358>. Acesso em: 4 out. 2019.
133
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
O cérebro é a porção mais maciça e o principal órgão do
sistema nervoso. Ele é responsável por comandar ações motoras,
estímulos sensoriais e atividades neurológicas, como a memória, a
aprendizagem, o pensamento e a fala. Ele é formado por duas
metades, os hemisférios direito e esquerdo, separados por uma fi
ssura longitudinal. Os dois hemisférios compreendem o telencéfalo.
O cerebelo ou metencéfalo representa 10% do volume do
encéfalo. Ele é relacionado com a manutenção do equilíbrio
corporal, controle do tônus muscular e aprendizagem motora. Assim
como ocorre no cérebro, o cerebelo possui dois hemisférios
separados por uma faixa estreita, o vérmis.
O tronco encefálico é constituído pelo mesencéfalo, ponte e
bulbo. O mesencéfalo é a menor parte do tronco encefálico,
localizase entre a ponte e o cérebro. A ponte localiza-se entre o
mesencéfalo
134
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM
e o bulbo. HUMANA
No bulbo, a parte inferior liga-se à medula espinhal e a
superior com a ponte.
A medula espinhal é a parte mais alongada do sistema nervoso
central. É caracterizada por um cordão cilíndrico composto por
células nervosas, localizado no canal interno das vértebras da coluna
vertebral.
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/sistema-
nervoso-central/>. Acesso em: 14 nov. 2019.
Nesse sentido, Cosenza e Guerra (2011 apud OLIVEIRA, 2014, p. 16) nos
esclarece que o SNC é:
FONTE: <https://institutoagc.com.br/2016/04/15/neurocienciaspos-em-
neurociencia-para-todas-as-areas/>.
Acesso em: 2 out. 2019.
137
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
Para ampliar a compreensão do termo neurociência, tendo
como pauta a discussão da neurociência, sugerimos que você
assista ao vídeo “O que é neurociência e por que você precisa
entender mais sobre isso”. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=8O9SIdR985gm.
FONTE: <https://www.slideshare.net/analuciah/ufrgs-neurocincias-
na-formao-bsica-do-professor>. Acesso em: 2 out. 2019.
138
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
A neurociência é uma ciência nova, mas apresenta bases sólidas para a
compreensão da aprendizagem, tendo como foco o debate acerca do sistema
nervoso central, visto que existe uma anatomia e uma fi siologia em um cérebro
que aprende, e isso dialoga com o debate educacional. Essa ciência pode nos
ajudar a entender a estrutura, o funcionamento e as patologias no
comportamento humano no que diz respeito à percepção, à memória, ao humor,
à atenção, ao sono e ao comportamento em geral. Oliveira (2014, p. 14) afi rma
que a neurociência se constitui como:
Rato e Caldas (2010, p. 627) afi rmam que “a ideia de que a investigação
neurocientífi ca pode infl uenciar a teoria e prática educacional já não é mais uma
novidade. Atualmente, com as novas descobertas científi cas, a neurociência e a
educação voltam a cruzar caminhos”.
Oliveira (2014, p. 14) destaca que “há entraves que podem ser apontados
para esta aproximação, por exemplo, a questão se refere à limitação em
demonstrar cientifi camente como a mente e o cérebro funcionam”.
139
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
pessoas e objetos, a estimulação para perceber e compreender comportamentos
e ações, o desenvolvimento afetivo que permite um maior grau de envolvimento e
interação, a maturação e a maturidade e a modifi cabilidade cognitiva.
140
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM
A fi gura a seguir apresentaHUMANA
as dimensões do desenvolvimento humano
e que dialogam intimamente com o debate acerca das dimensões que se deve
considerar para pensar o aprendizado e a sua relação com a neurociência para
que se consiga de modo mais holístico alcançar a integralidade do sujeito, com
respeito as suas particularidades (COLL; MARCHESI; PALACIOS, 2004; 1995).
141
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
cos relacionados e como se processam os pensamentos, a memória, o
planejamento das ações, as habilidades e as formas motoras, que são
condicionadas na sala de aula e na escola, em geral.
142
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
partir da perspectiva coletiva. É a diversidade ou pluralidade dentro da
singularidade. Os nossos cérebros são únicos, porém sofrem alterações em
função dos processos de ensino e aprendizagem. É o ator principal na
estimulação do sujeito do século XXI. Em razão disso, é necessário entender as
dimensões, as necessidades, as expectativas, as capacidades, as limitações, os
afetos e as emoções, em síntese, as particularidades do funcionamento cerebral
para usar a favor dos estudantes.
FONTE: <http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2013/12/
teoria-do-cerebro-trino.html>. Acesso em: 2 out. 2019.
FONTE: <https://www.anatomiaemfoco.com.br/sistemanervoso/tronco-
encefalico-cerebral/>.
Acesso em: 2 out. 2019.
FONTE: <https://abcdamedicina.com.br/tronco-encefalico-anatomianucleos-
e-cortes-estrutura-e-funcao.html>. Acesso em: 2 out. 2019.
144
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
FIGURA 9 – DIVISÕES DO TRONCO ENCEFÁLICO
FONTE: <https://quecuriosidades.com/cerebro-reptilianodecisiones-
basicas/>. Acesso em: 2 out. 2019.
145
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
146
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM
FIGURAHUMANA
12 – CÉREBRO NEOCÓRTEX
FONTE: <https://amenteemaravilhosa.com.br/neocortex-
estruturas-e-funcoes/ >. Acesso em: 2 out. 2019.
147
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
Diante dessa exposição, pontuamos que a Teoria do Cérebro Trino ainda é
“a única visão macroevolutiva no mercado sobre a morfologia e genética do
cérebro humano e de como as emoções humanas estariam a partir daí prefi
guradas” (MOGRABI, 2015, p. 239).
148
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
FIGURA 14E–APRENDIZAGEM HUMANA NOS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS
ATIVIDADES ‘PREPONDERANTES’
FONTE:
<https://www.passeidireto.com/arquivo/62487219/atividadespreponderantes
-nos-hemisferios-cerebrais>. Acesso em: 3 out. 2019.
FONTE: <encurtador.com.br/zQTX5>.
Acesso em: 3 out. 2019.
149
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
O cérebro social é o da cultura, das relações, da sociedade e depende do
cérebro individual para realizar tarefas, está representado na estrutura do
cérebro numa área denominada pré-frontal e requer a atenção e as habilidades
nas atitudes positivas da personalidade.
FONTE: <https://notivagosodiapelanoite.blogspot.com/2019/03/cortexpre-
frontal-o-misterio-do-lobo.html>. Acesso em: 3 out. 2019.
FIGURA 17 – PARIETAL
FONTE: <https://amenteemaravilhosa.com.br/lobo-parietal-
funcoes-anatomia/>. Acesso em: 3 out. 2019.
150
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
FIGURA 18 – HIPOTÁLAMO
FONTE: <https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/
hipotalamo/>. Acesso em: 3 out. 2019.
O hipotálamo é uma região que coordena parte signifi cativa das funções
endócrinas. Exerce ação direta na hipófi se e indireta em outras glândulas
(mamárias, tireoide, gônadas sexuais, adrenais). Localiza-se na base do
encéfalo, abaixo do tálamo e acima da hipófi se. A sua dimensão é do tamanho
de uma amêndoa. Atua na regulação de fatores, como a sede, a temperatura, o
apetite, o ciclo do sono e o sistema nervoso autônomo (GRAEFF, 2007).
151
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
expressar da melhor forma os desejos e sentimentos, bem como constitui novas
oportunidades em descobertas e curiosidades.
152
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
O autor afi rma também que essas atividades externas e sociais são
gradualmente internalizadas pela criança, conforme ela passa a regular sua
própria atividade intelectual. Além disso, as estratégias são importantes para
impulsionar o desenvolvimento das competências cognitivas, mediante a
formação de conceitos e desenvolvimento do pensamento teórico, como também
os meios pelos quais os estudantes podem melhorar e potencializar sua
aprendizagem. Refere-se ao saber como fazer, para estimular as capacidades
investigadoras dos estudantes, ajudando-os a desenvolver competências e
habilidades mentais.
Assim, Libâneo (2004) aponta que uma prática pedagógica a serviço de uma
pedagogia voltada para a formação de sujeitos pensantes e críticos deve
privilegiar estratégias pedagógicas que oportunizem os estudantes internalizar
conceitos, desenvolver competências e habilidades do pensar, assumir postura
crítica para lidar com a realidade, resolver problemas, tomar decisões e formular
estratégias de ação.
155
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
das estratégias de aprendizagem, que são técnicas ou métodos que
os alunos usam para adquirir a informação. Assim, o educador pode
implementar ações inovadoras, o que proporciona ao educando o
desenvolvimento de suas próprias habilidades de estudo, facilitando
assim a aquisição de conhecimentos.
É imprescindível que educadores conheçam as estruturas
cerebrais como interfaces da aprendizagem e que seja sempre um
campo a ser explorado.
Os professores conhecedores dessa realidade transformam a
informação em conhecimento e o conhecimento em experiência. A
experiência é registrada de maneira privilegiada nos solos da
memória, capazes de transformar a personalidade. Por isso, é
fundamental envolver as informações que transmitem para a
experiência de vida. A neurociência por si só não introduz novas
estratégias educacionais. Ela fornece razões importantes e
concretas, demonstrando por que algumas abordagens são mais efi
cientes do que outras. Explorar as bases da aprendizagem a partir
da neurociência poderá contribuir de forma satisfatória para
responder algumas questões, tais como: garantir o sucesso de um
currículo compatível com o desenvolvimento cerebral; converter o
conhecimento obtido em pesquisas e métodos instrucionais efetivos
com cenários reais; melhorar a instrução nas disciplinas; impacto de
novas tecnologias no desempenho escolar. O educador é o profi
ssional que maior impacto pode causar no sistema atual da
educação e do qual muito se espera.
De acordo com a neurociência, o aprendizado e a memória são fases
diferentes do mesmo mecanismo progressivo e contínuo. Sem memória, o
aprendizado se torna impossível e, sem aprendizado, não existe memória.
Aprendizagem, memória e emoção fi cam interligadas, quando ativadas
pelo processo de aquisição do conhecimento. O desafi o para a educação
não é apenas saber como ensinar ou como avaliar, mas apresentar o
conhecimento em um formato que o cérebro aprenda melhor. Salienta-se
que, na aprendizagem, sendo esta uma atividade social, os alunos
precisam de oportunidades para discutir tópicos em um ambiente tranquilo,
que possibilita o encorajamento à exposição de seus sentimentos e ideias.
O educador tem papel fundamental na formação do sujeito; em
razão disso, é indispensável uma atualização contínua, uma revisão
crítica de sua atuação e de sua proposta pedagógica. No
desenvolvimento da revisão científi ca, percebe-se a necessidade de
mais investimentos que aliem os conhecimentos da educação com
as neurociências, visto que os educadores também precisam
conhecer e compreender a infl uência dos aspectos biológicos e
sociais que repercutem na aprendizagem dos seus educandos.
156
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
FONTE: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/
v34n105/09.pdf>. Acesso em: 22 set. 2019.
157
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
Nessa perspectiva, os professores precisam elaborar atividades
pedagógicas adequadas, que deem possibilidades aos estudantes, a partir de
suas singularidades, de se desenvolverem e aprenderem. De-Nardin e Sordi
(2007) orientam, a partir do estudo realizado sobre as formas de atenção do
professor em sala de aula e suas implicações para a aprendizagem dos
estudantes, que a prática pedagógica deve inserir atividades que proporcionem a
problematização de situações e sua resolução, o levantamento de hipóteses,
bem como experiências práticas, envolvendo situações de conhecimento e
interações com a realidade dos estudantes.
FONTE: A autora
158
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM
FIGURA 20 – HUMANA
BINGO DE SÍLABAS E PALAVRAS
FONTE: A autora
FIGURA 22 – BINGO DE PALAVRAS
159
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
FONTE: A autora
FONTE: A autora
O cérebro se
FIGURA 24 – BINGO DE SÍLABAS E DESENHOS dedica a
Entre as estratégias de aprendizagem, o professor mediador, no aprender aquilo
contexto de sala de aula, pode optar por aquelas que possibilitam que ele entende
oportunidades de sucesso para a aprendizagem do estudante, por como signifi
exemplo, aquelas que usam perguntas abertas feitas no começo da cante.
aula e a resposta é dada no fi nal, pois elas facilitam o desenvolvimento da
atenção sobre o tema ou assunto que será discutido na aula, conforme destacam
Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2006). Os processos de elaboração, revisão e
consolidação de uma atividade, por exemplo, a produção de um texto para um
estudante que vivencia o TDAH, é um exemplo de outra estratégia. Nesses
casos, é importante trabalhar a produção do texto em etapas para que sinta confi
ança que dará conta de resolver cada uma das etapas. É interessante sinalizar
ao estudante que as etapas poderão ser cumpridas e ele será capaz de concluir
FONTE: A autora
160
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
a atividade total, eliminando, assim, situações de frustrações, as quais são
vivenciadas muito frequentemente por ele em seu dia a dia.
161
PSiCoLoGiA Do DESENVoLVimENTo E DA
APrENDiZAGEm
escritos, considerando que esses procedimentos didáticos tanto atendem às
necessidades do estudante disléxico quanto não prejudicam os estudantes que
estão construindo sua aprendizagem sem obstáculos.
Por outro lado, nos dias de hoje, as emoções podem contribuir para a
aprendizagem dos estudantes de forma signifi cativa e o estresse tem efeito
contrário. Cabe ao professor colaborador na produção da consciência e memória,
trocar a dispersão pela atenção consciente. Nessa perspectiva, Tunes, Tacca e
Bartholo Júnior (2005, p. 691) ressaltam que a “vivência na escola perpassa por
um processo signifi cativo, despertando o desenvolvimento integral do indivíduo e
as múltiplas inteligências implicam novos paradigmas para a educação, pois afi
rmam que os alunos são construtores do seu conhecimento”.
Com isso, o estudante deve ser considerado em seu contexto geral, pois
possui outras inteligências e o professor, o mediador do processo de
Estudantes
aprendizagem, portanto, não é um transmissor de informações prontas
motivados
e o estudante um reprodutor dessas informações. A teoria das demonstram
inteligências múltiplas revela a nós educadores que os sujeitos interesse pelas
humanos possuem diferentes tipos de inteligências e diversas tarefas e
possibilidades para compor atividades diversifi cadas (ANTUNES, geralmente
1998; 2014). trabalham com
mais
vontade.
Cosenza e Guerra (2011) afi rmam ainda que é importante o
Portanto, é
professor compreender com clareza quais os problemas dos estudantes, essencial que o
pois assim ele poderá criar estratégias que infl uenciarão no processo professor crie
de aprendizagem, por exemplo, estudantes com difi culdades de planejamentos
concentração, ele pode colocar o estudante para sentar-se na primeira fi de ensino que
leira, próximo a sua mesa, para manter o contato visual mais constante mantenham a
e manter a sala de aula mais silenciosa, com menos estímulos e quando motivação da
for trabalhar com grupos, inserir esse estudante em um dos grupos que turma.
costumam se engajar nessas atividades. Observa-se que essas
estratégias têm trazido resultados positivos para todos os estudantes.
162
Capítulo 3 CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
envolvimento também possibilita a aquisição de novos conhecimentos e
habilidades de forma qualitativa, ou seja, estudantes motivados demonstram
interesse pelas tarefas e geralmente trabalham com mais vontade. Portanto, é
essencial que o professor crie planejamentos de ensino que mantenham a
motivação da turma.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nesse capítulo, buscamos conceituar e discutir as abordagens sobre
a neurociência e a importância dela no processo de desenvolvimento e
aprendizagem veiculados nos dias de hoje, trazendo também os diferentes
cérebros humanos e como eles agem com relação a essa temática.
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REFERÊNCIAS
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aprendizagem da linguagem escrita. Pesquisa e Prática em Educação
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DESENVOLVIMENTO
E APRENDIZAGEM HUMANA
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Planalto,
1996.
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https://www.redalyc.org/pdf/1935/193517360010.pdf. Acesso em: 14 nov. 2019.
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um diálogo necessário. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação
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Ensino de Ciências na Amazônia. 2008.
168