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Este trabalho tem como objetivo refletir acerca da utilização da imprensa como
elemento importante para a ampliação da assistência psiquiátrica no estado do Paraná,
tomando como foco, principalmente a década de 1970. No entanto, a assistência
psiquiátrica a partir da década de 1960 estava passando por diversas transformações e
reestruturações no atendimento e nas políticas públicas que norteavam este período. O
governo do Estado, ancorado em políticas nacionais, tinha como prerrogativa a
ampliação e interiorização da rede de assistência a saúde.
Neste sentido, é possível verificar que a imprensa teve um papel importante para
a ampliação e implantação de uma assistência psiquiátrica pelo interior do Paraná.
Através de intervenções sociais, ora com a tentativa de informar ou conscientizar a
população a cerca desta assistência, ora como difusora e defensora dos interesses
econômicos dos setores privados ligados a assistência psiquiátrica ou com os dois
objetivos ao mesmo tempo. É possível compreender a imprensa como um agente social
e perceber as intervenções sociais que se vinculam por meio de reportagens enquanto
produtoras de sentidos acerca de determinados temas.
Ao Lidar como este aporte documental é importante estar atento às estratégias e
aos grupos que estes aparelhos privados de comunicação representam, ou seja, requer do
historiador uma atenção redobrada na análise dos editoriais, compreendendo a
reportagem não de forma isolada, mas no conjunto do periódico como um todo.
Compreender como estas intervenções sociais têm sido difundidas, inseridas numa
esfera regional a partir dos mecanismos de informações, proporciona estabelecer
reflexões acerca dos significados e valores atribuídos a ampliação da assistência
psiquiátrica no Estado do Paraná.
Na década de 1960 documentos oficiais noticiavam a ampliação do atendimento
ambulatorial no Paraná, que havia se iniciado na década de 1940 e retomado apenas em
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Doutoranda em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU; Mestre em História pela
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. E-mail: franfange20@hotmail.com
Anais Eletrônicos do II Congresso Internacional de História Regional (2013) – ISSN 2318-6208
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Esta discussão está presente em minha dissertação, apresentada no ano de 2011 na Unioeste, conferir referência
completa no final do artigo.
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Esta percepção pode ser balizada a um ponto da Declaração de Direitos em Saúde Mental, trata-se do terceiro item,
que diz respeito a: “[...] 03 - Reorganização: A integração dos fatores físicos, psicológicos e sociais na gênese e na
eclosão das doenças mentais, na terapêutica e na recuperação dos doentes mentais, é elemento importante na
caracterização das necessidades regionais, na mobilização de recursos e na implantação de serviços.” (GIORDANO
Jr. apud PAULIN; TURATO, 2004, p. 249)
Anais Eletrônicos do II Congresso Internacional de História Regional (2013) – ISSN 2318-6208
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Mensagem apresentada à Assembleia Legislativa do Estado em 1975 pelo Senhor Emílio Hoffman Gomes,
Governador do Estado. Curitiba: Assembleia Legislativa do Paraná, 1975.
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PARANÁ. Assembleia Legislativa. Mensagem apresentada à Assembleia Legislativa do Estado em 1976 pelo
Senhor Emílio Hoffman Gomes, Governador do Estado. Curitiba: Assembleia Legislativa do Paraná, 1976.
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PARANÁ. Assembleia Legislativa. Mensagem apresentada à Assembleia Legislativa do Estado em 1979 pelo
Senhor Jayme Canet Junior, Governador do Estado. Curitiba: Assembleia Legislativa do Paraná, 1979.
Anais Eletrônicos do II Congresso Internacional de História Regional (2013) – ISSN 2318-6208
tratada pode vir a gerar “distúrbios de conduta” e “atitudes anti-sociais”, como também
o uso de bebidas alcoólicas e o “uso de tóxicos”.
Para Foucault, assim como a instituição psiquiátrica, o saber psiquiátrico terá um
papel significativo no controle das condutas e normatização da sociedade. A ele estão
incumbidos os desígnios da normalidade, ou seja, o saber psiquiátrico terá a
responsabilidade e autoridade suficiente para julgar se este ou aquele indivíduo é normal
ou não para permanecer em uma sociedade em que as elites zelam pela ordem moral e
social.
[...] O poder psiquiátrico é antes de mais nada certa maneira de gerir,
de administrar, antes de ser como que uma terapia ou uma intervenção
terapêutica: é um regime, ou melhor, é porque é e na medida em que é
um regime que se espera dele certo número de efeitos terapêuticos –
regime de isolamento, de regularidade, emprego do tempo, sistema de
carências medidas, obrigação de trabalho, etc. (FOUCAULT, 2006,
P.217)
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, José Carlos de Souza; PAULA, Sergio Goes. Saúde e Previdência: Estudos de
Política Social. São Paulo: CEBES; HUCITEC, 1981.
Jornal TRIBUNA D’OESTE. A saúde mental tem maior assistência no Paraná. semana
de 10 a 17 de agosto de 1977. Ano II; nº 96: Toledo - PR.