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EXTRADIÇÃO 1.

608 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


REQTE.(S) : SOB SIGILO
EXTDO.(A/S) : SOB SIGILO

DECISÃO:
Vistos.
Trata-se de pedido de Extradição executória formulada pelo
Governo do Chile, encaminhado por via diplomática ao Ministério das
Relações Exteriores, com base no Acordo de Extradição bilateral,
promulgado pelo Decreto nº 1.888/1937, pelo qual se pede a extradição do
nacional chileno MIGUEL ANGEL CAMPOS LOPEZ.
O extraditando foi condenado naquele País pelo crime de suborno.
O Estado requerente postula a decretação da prisão cautelar para
fins de extradição do extraditando, instruindo esse pedido com o
mandado de prisão expedido pelo Tribunal de Garantia de Santiago e
com outros documentos que narram todos os fatos que culminaram na
ação penal à qual ele responde.
Examinados os autos, decido.
Segundo a jurisprudência da Corte, a prisão preventiva, para fins de
extradição, deve pautar-se nos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, não podendo resultar num fim em si mesma para
impor ao extraditando tratamento diferenciado e mais gravoso do que ao
dispensado aos presos preventivamente em processos em curso na
jurisdição brasileira.
É por isso que não se admite que essa prisão se prolongue por
tempo, de modo a caracterizar constrangimento ilegal àquele que está
preso à disposição desta Suprema Corte para fins extradicionais. Nesse
sentido: EXT nº 1.054-QO, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de
22/2/08; e HC nº 91.657, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJ de 14/3/08.
Todavia, a prisão preventiva para fins extradicionais, que se reveste
de natureza cautelar, “destina-se, em sua precípua função instrumental, a
assegurar a execução de eventual ordem de extradição” (EXT nº 579-QO,
Tribunal Pleno, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 10/9/93).
Fixada essa premissa, anoto que o pedido de extradição se encontra

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EXT 1608 / DF

instruído com documentação que atende aos requisitos estabelecidos no


Tratado de Extradição e no art. 88, §§ 3º e 4º, da Lei nº 13.445/17 (Lei da
Imigração), havendo indicações precisas sobre o local, a data, a natureza e
as circunstâncias do fato criminoso, além de terem sido apresentadas
cópias dos textos legais sobre o crime, a competência, as penas e sua
prescrição.
O extraditando encontra-se perfeitamente identificado e o crime a
ele imputado, a princípio, não teria sido alcançado pela prescrição e
encontra correspondência na legislação penal brasileira ao crime de
corrupção ativa (CP, art. 333), satisfazendo, neste primeiro momento, os
requisitos da dupla tipicidade e da dupla punibilidade.
O crime também não parece incidir nas restrições estabelecidas pela
Lei de Imigração (art. 82 da Lei nº 13.445/17).
Ante o exposto, decreto a prisão preventiva do nacional chileno
MIGUEL ANGEL CAMPOS LOPEZ.
Expeça-se mandado de prisão.
A prisão deverá ser comunicada a esta Suprema Corte tão logo seja
efetivada.
Publique-se esta decisão somente após o cumprimento do
mandado de prisão.
Brasília, 2 0de dezembro de 2019.

Ministro DIAS TOFFOLI


Presidente
(RISTF, art. 13, VIII)
Documento assinado digitalmente

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