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Projeto de

Jardim Universal
para a UFSC
Universidade Federal de Santa Catarina

Alvaro Toubes Prata


Projeto de
Reitor

Carlos Alberto Justo da SIlva


Jardim Universal
Vice-Reitor

Yara Maria Rauh Müller


para a UFSC
Pró-reitora de ensino de Graduação

Centro Tecnológico

Edison da Rosa
Diretor de Centro

Departamento de Arquitetura e Urbanismo

Sonia Afonso
Chefe de Departamento

Lino Fernando Bragança Peres


Coordenador do Curso

Grupo PET - Arquitetura e Urbanismo

Vera Helena Moro Bins Ely


Tutora e Orientadora

Marcio Thomasi da Silva


Grupo PET - Arquitetura e Urbanismo - UFSC - 2010
Patrícia Schappo
Coordenação e Orientação Capítulo 1: Introdução ............................................................. 09
Prof. Dr.ª Vera Helena Moro Bins Ely 1.1. Apresentação ___________________________________________10
1.2. Justificativa ____________________________________________11
Arq ª Juliana Castro Souza, MsC. 1.3. Etapas de Elaboração _____________________________________11
1.3.1. Primeira Etapa ______________________________________________11
Arq ª Vanessa Goulart Dorneles, MsC. 1.3.2. Segunda Etapa ______________________________________________13
1.4. Objetivo _______________________________________________13
1.5. Área de Intervenção ______________________________________14
Textos | Fotos | Tratamento de imagens | Arte final | Edição | Diagramação | Capa 1.6. Organização do Caderno ___________________________________15

Marcio Thomasi da Silva


Capítulo 2: Referenciais Teóricos.............................................17
Patrícia Schappo
2.1. A relevância do Espaço LIvre e Público na Cidade _______________18
2.2. As Contribuiçõe do Desenho Universal ________________________19
2.3. Os Jardins Sensoriais: O Exemplo Prático ______________________22

Capítulo 3: Metodologia Projetual Empregada ................25

Sumário
3.1. Etapa Pré Projeto ________________________________________26
3.1.1. Análise documental __________________________________________26
3.1.1.1. Plano Diretor do Campus ____________________________________26
3.1.1.2. Projetos Existentes _________________________________________26
Agradecimentos: 3.1.1.3. Projeto Burle Marx _________________________________________27
3.1.2. Visitas Exploratórias __________________________________________28
- Ao Grupo PET - Arquitetura e Urbanismo e aos Ex-bolsistas: 3.1.2.1. Estudo dos Fluxos Principais __________________________________28
Ani Zocolli 3.1.2.2. Levantamento da Vegetação Existente _________________________28
Fábio Bubniak 3.1.2.3. Estudo dos usos das edificações do entorno e acessos _____________30
Osnildo Wan-Dall Junior 3.1.3. – Entrevistas _______________________________________________30
Fábio Marcizio Gonçalves
Mirelle Papaleo Koelzer 3.2. Etapa de Projeto ________________________________________31
3.2.1. Simulações Gráficas __________________________________________31
- À Coordenadoria de Gestão Ambiental da UFSC 3.2.2. Pesquisa e Classificação de Espécies Vegetais ____________________32
- À Reitoria da UFSC 3.2.3. Pesquisa e Classificação dos Revestimentos ______________________38
- Ao Escritório de Paisagismo Jardins e Afins
Capítulo 4: O Jardim Universal ................................................41
4.1. Diretrizes e Objetivos do Projeto ______________________________42
4.2. Definição do Programa de Necessidades ________________________42
4.3. Partido Geral ______________________________________________43
4.3.1. Circulação e fluxos _____________________________________________44
4.3.2. As Áreas do Projeto e a Sua Finalidade _____________________________46
4.3.2.1. Área verde orgânica ___________________________________________46
4.3.2.2. Área reticulada _______________________________________________47
4.4. Pisos, Caminhos e Materiais __________________________________48
4.5. A proposta da Vegetação _____________________________________49
4.5.1. Na área orgânica _______________________________________________49
4.5.2. Na área reticulada _____________________________________________51
4.6. A Escolha do Mobiliário ______________________________________52
4.7. Aplicação dos Princípios do DU ________________________________54

Capítulo 5: Conclusões ................................................................ 59


5.1. Reflexões sobre a Inclusão Social. ................................................ ..60
5.2.O processo de Desenvolvimento do Jardim Universal para a UFSC-
Considerações Finais. ..................................................................... 61

Apêndices .................................................................................... 63
1 – Pranchas do Projeto____________________________________________________________64
2 – Artigos Publicados em Eventos Científicos________________________________________76
3 - Banners________________________________________________________________________98

Referências Bibliográficas.....................................................100
Capítulo 1:
INTRODUÇÃO
do Desenho Universal e de Paisagismo foram O encontro das intenções do Grupo PET corpo discente e no quadro de servidores. Esta
1.1. Apresentação correlacionados, visando sua aplicação Arquitetura e Urbanismo com a Administração do inserção é motivada por políticas de inclusão na
conjunta em espaços livres e públicos (BINS Campus Trindade, interessada em desenvolver educação, pela aplicação da Lei de Diretrizes
Neste caderno será apresentado o projeto
ELY; DORNELES; KOELZER, 2008). A pesquisa um espaço livre e público como o proposto no e Bases da Educação Nacional n. 9.394/1996
de um Jardim Universal para a UFSC. Esta
apresentou resultados muito satisfatórios que próprio campus universitário, tornou possível e pela abertura de vagas para deficientes em
extensão universitária resultou numa proposta
permitiram a criação de ferramentas facilitadoras este projeto. Esta parceria durou cerca de quatro concursos públicos.
de intervenção paisagística em uma praça
do processo de concepção de tais espaços, um anos e este projeto foi desenvolvido em duas Estas iniciativas de inclusão estão
do campus da Universidade Federal de Santa
CD-ROM (figura 1) com a compilação de todos etapas distintas devido a reformas que ocorreram crescendo em nosso país devido a conscientização
Catarina visando sua adequação aos usuários
os conceitos estudados, assim como fichas de no Campus durante este período e modificaram da População e do Poder Público em incluir todas
que dela usufruem.
restrições de usuários conforme sua deficiência, as necessidades na área. Estas duas etapas as pessoas em todos os níveis da sociedade,
Ao longo da história, a arquitetura
Fichas de Vegetação e Fichas de Materiais. A resultaram em duas propostas diferentes, como seja no lazer, no trabalho, na educação, entre
dos espaços públicos tem se transformado,
partir desta pesquisa que houve o interesse da será visto no item 1.3 deste capítulo. outros. Segundo o senso de 2000 do IBGE, cerca
refletindo as modificações dos usos e a melhoria
Universidade em desenvolver um Projeto de de 14,5% da população brasileira possui algum
da qualidade de vida da população. Somando-
Jardim Universal dentro do Campus Trindade da tipo de deficiência: físico-motora, cognitiva
se a este processo, a utilização desses espaços
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
1.2. Justificativa ou sensorial. Perante essa realidade, cabe ao
públicos por pessoas com deficiências se tornou
arquiteto a elaboração de espaços acessíveis
uma preocupação latente, pois os espaços Existe na cidade de Florianópolis uma
a todos, independente do tipo físico, idade ou
públicos não devem restringir o acesso de grande carência de espaços livres e públicos,
projeto de jardim universal para a ufsc

restrições. Sendo assim, o Grupo PET- Programa


quaisquer indivíduos. Sendo assim, procurou- como parques e praças, adequados para a
de Educação Tutorial - do Curso de Arquitetura
se elaborar elaborar uma proposta paisagística apropriação da população. Esta situação verifica-
e Urbanismo acredita ser indispensável a
vinculada à filosofia de Desenho Universal, se também no campus Trindade da UFSC, onde
adequação dos projetos arquitetônicos a todos
proporcionando não apenas o acesso de todas as além da ausência de espaços livres adequados
os usuários.
pessoas mas também sua participação efetiva em ao público universitário, existe a necessidade de
todas as áreas do projeto. Esta filosofia consiste projetos adequados às pessoas com deficiência ou
em elaborar projetos visando a inclusão e a restrições. A união dos conceitos de paisagismo
1.3. Etapas de Elaboração
integração da maior gama de pessoas possível, e da filosofia do Desenho Universal justificou
independentemente de suas habilidades ou a adoção do nome “Jardim Universal” para o
1.3.1. A Primeira Etapa
características físicas (CUD, 2005) projeto aqui descrito, pois consiste no projeto de
No intuito de dar continuidade à pesquisa
Entre 2004 e 2008, o Grupo PET Arquitetura um espaço livre acessível a todas as pessoas.
Desenho Universal aplicado ao Paisagismo (BINS
e Urbanismo da UFSC desenvolveu a pesquisa Observa-se uma maior diversificação do público
ELY; DORNELES; KOELZER, 2008), colocando os
“Desenho Universal Aplicado ao Paisagismo” que freqüenta os espaços do campus, devido
conhecimentos produzidos em prática, surge a
que serviu de base para o desenvolvimento Figura 01 – Abertura do CD-ROOM da pesquisa Desenho Universal tanto a quantidade de atividades que ali ocorrem
Aplicado ao Paisagismo. Fonte: (BINS ELY; DORNELES; KOELZER, idéia de elaborar um projeto para um espaço
desta extensão. Nesta pesquisa, os conceitos 2008) quanto ao acesso de pessoas com deficiência no

10 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


público na cidade de Florianópolis. Era necessário, que contém uma praça de alimentação).
então, iniciar-se um processo de escolha do
local que seria o futuro objeto de intervenção. A
primeira etapa deste trabalho foi escolher um local
para desenvolver uma proposta de Paisagismo e
Desenho Universal. Primeiramente se procurou
investigar a existência de interesse por parte da
administração da própria Universidade Federal
de Santa Catarina, incubadora do projeto aqui
descrito, de que este espaço projetado fosse
dentro do próprio campus. Logo em seguida, o Figura 02 – Mapa da Primeira Área de Atuação.
Grupo PET Arquitetura e Urbanismo foi contatado
pela Coordenadoria de Gestão Ambiental da Figura 05 - Mapa da Área de Atuação da Proposta Final.
UFSC, através do seu coordenador, o Professor
Figura 04 – Fotografia dos caminhos existentes da Praça.
Érico Porto Filho, que auxiliou a escolha do local
cuja demanda era existente dentro da UFSC. Além disso, foram consideradas nesta
O local escolhido para a implantação 1.3.2. A Segunda Etapa segunda proposta algumas implicações referentes
projeto de jardim universal para a ufsc

do projeto foi uma praça dentro do Campus ao Projeto da Praça da Cidadania (em frente à
Trindade, com área delimitada pelas edificações A segunda etapa caracterizou uma Reitoria da UFSC), projetada por Roberto Burle
do seu entorno e cuja qualidade paisagística retomada do projeto proposto pelo grupo PET Marx e também o projeto de ciclovias para o
estava degradada. Arquitetura e Urbanismo, a convite da Reitoria, campus.
Desta primeira parceria resultou um adotando para tratamento toda a área da praça, O projeto final, entregue a Reitoria da
projeto que antes mesmo de ser aprovado ficou agregando também a parcela a noroeste do UFSC, baseou-se nesta segunda proposta, mas
desatualizado, pois as edificações no entorno da Centro de Convivência (que não constava na passou por uma fase de readequação do desenho,
praça tiveram seus usos e acessos modificados. primeira etapa) e readequando o projeto aos conforme a compatibilização com outros projetos
Os materiais referentes a esta primeira proposta novos usos e acessos das Edificações do Entorno existentes no entorno desta área.
estão dispostos nos Apêndices 01 e 02 deste (figura 05). Entre as edificações do entorno
caderno, contendo os primeiros estudos e a destacam-se: o Restaurante Universitário, o
primeira proposta, respectivamente.
1.4. Objetivos
Figura 03 – Fotografia do Lago existente da Praça. Centro de Convivência (lugar onde são realizadas
atividades culturais voltadas aos estudantes) e O objetivo é a criação de projeto
o Centro de Cultura e Eventos (centro para a paisagístico que foge aos padrões tradicionais,
realização de formaturas, simpósios, congressos, ou seja, que busca dentro dos conceitos de

12 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


Desenho Universal criar um espaço cuja inclusão estudantes e funcionários, é utilizado também pouca manutenção. O capítulo II -Referenciais Teóricos -
social seja efetiva. Este projeto visa que todas as como local de lazer pela comunidade vizinha. Atualmente a área que constitui a praça contém os temas estudados para o embasamento
pessoas, independente de suas características O campus Trindade (figura 06) atualmente escolhida para o desenvolvimento deste projeto se científico, são eles: conceitos de espaços livres
físicas, possam utilizar o espaço com autonomia, é marcado pela carência de espaços livres que encontra degradada pela ausência de um projeto públicos, de desenho universal e de jardim
conforto e segurança. É voltado, portanto, incentivam o estar. Esta situação ainda é agravada paisagístico adequado ao uso, caracterizando- sensorial.
tanto para o público universitário, notadamente devido a construção de novas edificações, se pela existência de caminhos radiais e de um O capítulo III – Metodologia Projetual
jovem, como também para toda a população do dada à crescente demanda por salas de aula lago, utilizada na maioria das vezes como um Empregada - apresenta os métodos empregados
entorno da UFSC, transformando a praça em um e laboratórios. Devido a ausência de projetos ambiente de passagem para aqueles que utilizam no diagnóstico da área de intervenção, incluindo
espaço livre e público qualificado para o lazer de qualificadores dos espaços livres, a maioria as edificações do seu entorno. as pesquisas realizadas para dar suporte ao
toda cidade. desses poucos espaços externos apresenta-se Há cerca de um ano (2009) foi realizada a desenvolvimento do projeto, após o lançamento
O projeto de um Jardim Universal para a configurada como “vazios entre as edificações”, reforma da chamada “área do lago” para melhorar do partido arquitetônico.
UFSC nasce da intenção não de apenas reformar resultando em baixa apropriação por parte dos as condições de drenagem da praça e incentivar O capítulo IV - O Jardim Universal - explica
o espaço para torná-lo mais agradável e
usuários. Além disso, a maior parte das áreas maior apropriação do espaço pelos universitários o partido arquitetônico adotado e apresenta
funcional, mas também e, principalmente, para
torná-lo acessível a todos. É importante pensar livres existentes estão degradadas em função da e servidores do campus. Embora tenha sido uma alguns detalhes das características e recursos
que, sendo um projeto desenvolvido no interior iniciativa inteligente por parte da universidade, a empregados, incluindo a definição do programa
de uma universidade - que é um laboratório de existência deste “projeto isolado” deflagra ainda de necessidades e relatando a adequação das
idéias aberto a novos conceitos - pode servir mais a necessidade de um projeto que considere soluções aos princípios do Desenho Universal.
como uma reflexão para a sociedade a respeito
projeto de jardim universal para a ufsc

a área como um todo. O capítulo V traz as Conclusões, relatando


da inclusão social.
a experiência vivida pelo Grupo PET na realização
do projeto em parceria com a UFSC, apontando
1.5. Área de Intervenção 1.6. Organização do Caderno os benefícios e também as dificuldades do
processo.
Para facilitar a compreensão e dispor Os apêndices finalizam o caderno com a
A Universidade Federal de Santa
detalhadamente sobre os processos realizados e ilustração das Pranchas do Projeto Executivo,
Catarina, instituição científica criada em 1960 e
vividos no desenvolvimento do Jardim Universal dos Artigos Apresentados em Eventos Científicos
baseada no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão,
para a UFSC, o caderno foi organizado conforme bem como os banner expostos em Eventos.
situa-se na conexão de importantes bairros
a sequência cronológica das etapas que se
da capital Florianópolis – Trindade, Córrego
sucederam.
Grande, Pantanal, Carvoeira e Santa Mônica –
O Capítulo I – Introdução – apresenta o
configurando um nó urbano (ou centralidade)
tema desta extensão universitária, explicando a
que é potencializado pela sua posição geográfica
Figura 06 – Mapa do Campus Trindade na UFSC e seus limites (ver- iniciativa do projeto e o conceituando, apresenta,
favorável. Neste sentido, o campus Trindade da
melho). Em amarelo a área da praça para intervenção. também, a justificativa de sua aplicação e os
UFSC, além de ser um local de confluência de
seus objetivos.

14 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


Capítulo 2:
REFERENCIAIS
TEÓRICOS

16
Este capítulo apresenta o conteúdo urbano e as condições de drenagem; a Função diversas. E é exatamente pelo próprio conceito todas as pessoas de forma eqüitativa, necessita-
teórico estudado anteriormente ao lançamento Cultural, já que fortalecem a identidade local; e de “espaço democrático”, que uma área livre se a garantia total de acesso aos diversos locais
do partido arquitetônico do projeto. Nele são a Função Social, pois são agentes determinantes possui intrinsecamente, que se faz necessária e atividades. O Desenho Universal visa a máxima
tratados os conceitos de Espaço Livre e Público, para a integração, o lazer e a convivência das sua adequação às pessoas com as mais diversas autonomia na realização de atividades pelo
o de Desenho Universal e o de Jardim Sensorial, pessoas na sociedade, proporcionando uma vida particularidades, tornando o ambiente acessível maior número de pessoas, criando condições
explicando-os e demonstrando a importância mais saudável fisiológica e psicologicamente a qualquer indivíduo, independente de suas ambientais para a inclusão. Portanto, é preciso
da apropriação destes conhecimentos no ato de (BARTALINI, 1986). deficiências. compreender as necessidades específicas de cada
projetar o Jardim Universal para a UFSC. Souza (2003) define os espaços livres e usuário, provenientes de diferentes restrições
públicos como “espaços projetáveis normalmente (físico-motoras, sensoriais e cognitivas), pois
não edificados, com algum elemento configurador.
2.2. As contribuições do Desenho de acordo com Panero e Zelnik (2002, p. 37),
2.1. A Relevância do Espaço Em um espaço livre urbano este elemento pode Universal o “chamado ‘homem médio’ simplesmente não
ser o próprio entorno, as vias e as edificações existe”.
Livre e Público na cidade adjacentes”. A classificação desses espaços pode Assim, projetos universais devem permitir
ser feita de acordo com a Propriedade, público O termo Desenho Universal (DU) foi a qualquer pessoa, independente de suas
A cidade moderna, caracterizada utilizado pela primeira vez em 1985 pelo arquiteto
versus privado, ou ainda conforme a Função, limitações, a participação efetiva em atividades,
pelo crescimento urbano desenfreado, a Ronald Mace, idealizador do Centro de Desenho
circulação ou permanência. Neste contexto, a comunicação, a orientação no espaço, o
impermeabilização do solo e a verticalização, Universal da Carolina do Norte (EUA) e é definido
praças e parques são entendidos como espaços deslocamento com conforto e segurança, e o uso
deflagra uma série de problemas ambientais e como uma filosofia de projeto que compreende as
projeto de jardim universal para a ufsc

livres e públicos de permanência, considerados pleno de equipamentos urbanos. Para o projeto


sociais, como a diminuição dos sítios naturais necessidades individuais surgidas na interação do
um ponto de encontro de fluxos, realizando um de um Jardim Universal, além de estimular
e a piora na qualidade de vida da população. homem com o espaço construído e com os objetos
papel não só de descanso e contemplação, mas a percepção, é necessário abranger soluções
Por consequência, os espaços livres e públicos (CUD, 2005). Segundo Dischinger ET AL (2001),
também de estímulo à atividades de caráter espaciais acessíveis. Para a criação de projetos
tornam-se raros e importantes, amenizando este “o Desenho Universal é um modo de concepção
cultural, de lazer, físico ou mental. deste tipo devem ser aplicados os sete princípios
processo, rompendo a monotonia cinzenta da de ambientes, espaços e produtos visando sua
Machado (2007) destaca: “Ora, a do Desenho Universal, estabelecidos pela
paisagem urbana e constituindo-se como lugares utilização pelo mais amplo espectro de usuários,
praça não deve ser conservada porque é uma Universidade do Estado da Carolina do Norte –
destinados à tranquilidade e à paz (SOUZA, incluindo crianças, idosos e pessoas portadoras
paisagem notável. Mas simplesmente – e EUA (CUD, 2005) , listados a seguir:
2003). de deficiências temporárias ou permanentes”.
basta – porque é uma praça.”, o que ratifica o 1. Uso equitativo – O desenho do
Os espaços com esta característica Sendo assim, busca viabilizar a independência
aumento de projetos de praças para a população ambiente possibilita o uso por pessoas com
possuem inúmeras funções. Pode-se citar a durante a realização de atividades motoras e
urbana. habilidades diversas, possuindo o mesmo
Função Organizacional, pois auxiliam na infra- cognitivas, fazendo-se valer de mecanismos que
A possibilidade de inter-relacionamento significado de uso para todas quando possível ou
estrutura urbana, configurando o desenho da facilitem o uso, atribuindo segurança e conforto
que proporcionam os espaços livres acaba equivalente quando não for possível, impedindo
cidade; a Função Ecológica, pois estruturam áreas aos espaços e seus componentes, tornando-os
permitindo a existência, num mesmo ambiente, a segregação.
de proteção, funcionando como um regulador acessíveis.
de pessoas com características totalmente
térmico da urbe, melhorando o micro clima Para que haja a inclusão e a participação de

18 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


3. Uso simples e intuitivo – O design é
de fácil compreensão e independe da experiência,
conhecimento, habilidades de linguagem ou nível
de concentração do usuário. São eliminadas as
complexidades desnecessárias e o desenho é
coerente com as expectativas dos usuários.

Figura 07 – Exemplo do Princípio de Uso Equitativo: Todos os usuá-


rios podem utilizar todos os percursos, sem discriminação.

Figura 10 – Exemplo de Informação de fácil percepção: mapa com Figura 11 - Exemplo de Tolerância ao erro e dimensão e espaço para
a aproximação e o uso pois o contraste entre o piso e as áreas não-
2. Uso flexível – O desenho acomoda informações visuais e táteis sobre espaço colocado em local de des-
pisoteáveis (grama) informa aos visitantes os caminhos de passeio e
taque.
uma larga faixa de preferências e habilidades de estar. Além disso, os percursos são largos o bastante para com-
portar os visitantes, alertando ainda para a presença de mobiliário,
individuais, provendo escolhas na forma de
5. Tolerância ao erro – O design como bancos, postes de iluminação, lixeiras, etc. Fonte: Acervo dos
utilização e facilitando esse uso. Autores.
minimiza riscos e conseqüências adversas de
projeto de jardim universal para a ufsc

Figura 09 – Exemplo do Princípio de Uso Simples e Intuitivo pois a ações acidentais ou não intencionais, tornando
diferenciação dos pisos desperta o uso intuitivo e sensitivo de cada os elementos mais utilizados mais acessíveis,
usuário. Além do mais, o uso de pisos táteis permite o livre desloca-
mento dos deficientes visuais com segurança. isolando os elementos perigosos e sinalizando
devidamente sua presença.
4. Informação de fácil percepção – Os 6. Baixo esforço físico – O espaço pode
elementos efetivamente comunicam a informação ser usado eficientemente, confortavelmente e
necessária para o usuário, independente de com um mínimo de fadiga; o que permite ao
suas habilidades sensoriais ou das condições do usuário manter uma posição corporal neutra,
ambiente. usando forças moderadas nas operações e
minimizando ações repetitivas.
7. Dimensão e espaço para
aproximação e uso - Prover dimensão e espaço
Figura 08 – Exemplo do princípio de Uso flexível, pois o passeio com apropriados para o acesso ou para a mobilidade Figura 12 – Esta imagem também serve de exemplo para o princípio
as diferentes texturas de piso possibilitam o deslocamento de todos de Baixo esforço físico pois o passeio é geralmente plano e possui
do usuário. Os elementos importantes devem bancos ao longo do percurso, impondo pouco esforço no transitar.
os tipos de usuários.
estar contidos no campo visual de qualquer Fonte: Acervo dos Autores
usuário, sentado ou de pé.

20 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


Figura 14 – Jardim Sensorial da Faculdade de
2.3. Os Jardins Sensoriais: O Tecnologia e Ciência - Vitória da Conquista/BA.
Fonte:http://blog.ftc.br/ftcverde/wp-content/uploa-
Exemplo Prático ds/2009/07/coord_estudantes_ftc-vic_jardim-sen-
sorial-31jul09.jpg

Juntamente com os princípios do DU, o


Jardim Universal para a UFSC se inspirou em
soluções já existentes nos Jardins Sensoriais,
pois estes exploram a escolha e a organização dos
elementos paisagísticos de modo a proporcionar
a melhor compreensão do usuário. O objetivo
desses projetos é estimular os sentidos das
pessoas a partir dos atributos existentes nos
elementos projetuais no espaço.
A melhor integração ao ambiente depende
também da potencialização das habilidades
perceptivas que cada indivíduo possui, remetendo
ao ideal do Desenho Universal.
projeto de jardim universal para a ufsc

Figura 13 – Jardim Sensorial do Jardim Botânico de Curitiba. Fonte:


Portanto, para atingir este objetivo, são http://bonitobirdwatching.blogspot.com/2010_01_01_archive.html
utilizadas diferentes formas, cores, texturas e
odores nos elementos que compõem o jardim.
Exemplos de soluções para o enriquecimento do
espaço e do leque de sensações proporcionadas
podem ser: o uso de plantas que exalem
perfumes; canteiros com diferenças de nível -
estimulando o sentido háptico - e até mesmo
o contraste de cores em pisos e em plantas
com floração intensa, setorizando o espaço e
possibilitando a sua apreensão e entendimento
por pessoas com deficiências sensoriais.
No Brasil existem alguns exemplos de
jardins sensoriais. Pode-se citar o do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro e o do Jardim Botânico
de Curitiba.
22 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC
Capítulo 3:
METODOLOGIA
PROJETUAL
EMPREGADA

24
Neste capítulo serão apresentadas 3.1.1. Análise Documental conhecimento da existência de outros projetos 3.1.1.3. Projeto de Revitalização da Praça da Cidadania de
as duas etapas projetuais realizadas para o previstos para a mesma região da praça. Roberto Burle Marx
desenvolvimento do projeto do Jardim Universal Na análise Documental foram verificados Inicialmente o Grupo PET foi informado
da UFSC: 3.1) Etapa Pré-Projeto; 3.2) Etapa de alguns condicionantes ao projeto, como análise pela Prefeitura do Campus de mudanças No ano de 2010 a Universidade Federal
Projeto. do Plano Diretor, Análise do Projeto do Burle Marx dos acessos previstas para as edificações de Santa Catarina comemora os seus 50 anos
e demais projetos existentes para as edificações que definem a área da praça, os já citados de existência, estando toda a instituição voltada
do entorno. Restaurante Universitário, o Centro de Cultura para a realização de eventos e reformas. Uma
3.1. Etapa Pré-Projeto e Eventos e o Centro de Convivência, reformas iniciativa da Reitoria foi a revitalização do projeto
3.1.1.1. Plano Diretor do Campus (UFSC,2005) e contruções auxiliares que modificariam a do paisagista Roberto Burle Marx para a Praça da
O êxito de um projeto depende do
dinâmica dos Fluxos, e por fim, o próprio projeto Cidadania (em frente à Reitoria da UFSC – figura
reconhecimento dos condicionantes do sítio
Em maio de 2010 chegou ao conhecimento pensado na primeira etapa. A informação inicial 15) na associação com o arquiteto e urbanista
físico quanto as suas potencialidades e
dos projetistas do Jardim Universal a existência foi sobre a previsão de transformação da Ala José Tabacow, co-autor do projeto na época de
carências. Além disso, todo projeto deve estar
da proposta de um plano diretor da UFSC, A do Restaurante Universitário em um centro sua implantação.
focado nas pessoas que irão usufruí-lo, e assim,
direcionando as decisões urbanísticas dos campi, para estudantes e da construção de uma nova
é importante identificar as necessidades dos
principalmente do Campus Trindade. A proposta, cozinha na parte oeste da Ala B, bem como a
usuários e procurar atendê-las no projeto.
ainda em fase de aprovação contém o seguinte ampliação da última. No mesmo período se tomou
Considerando o contexto da Universidade
objetivo geral: “Propor um espaço universitário conhecimento de um projeto de revitalização da
Federal de Santa Catarina, é essencial levar
projeto de jardim universal para a ufsc

estruturado e coerente que seja propício ao “área do lago”, já executada e considerada no


em conta a existência de outros projetos para
convívio e à interação, onde as atividades novo desenho da praça.
a mesma área, de modo a obter um resultado
acadêmicas possam se realizar de forma mais Soube-se posteriormente da existência do
conjunto mais adequado à apropriação do
eficiente, criativa e inovadora e que reforce, projeto das ciclovias da UFSC e da reforma interna
público diversificado.
assim, o caráter público da Universidade Federal do Centro de Convivência, com a alteração de
Para a compreensão do método aplicado
de Santa Catarina”. algumas fachadas e acessos. Por problemas de
no processo do projeto, inicia-se com a
De acordo com este objetivo principal, comunicação entre os responsáveis do Escritório
Análise Documental, que contém informações
constata-se que o objetivo do projeto do Técnico Administrativo da UFSC (ETUSC), a
referentes à política urbanística do campus,
Jardim Universal corrobora com as intenções Reitoria e os Grupos envolvidos na realização
bem como a existência de outros projetos.
da administração da Universidade, sendo um do projeto fez-se necessário um processo de
Depois são relatadas as Visitas Exploratórias Figura 15 – Praça da Cidadania vista a partir do Centro de Cultura
projeto inovador e democrático. compatibilização dos projetos envolvidos na área e Eventos.
e a sua finalidade e por fim, Entrevistas para No projeto inicial de Burle Marx a área
central do Campus Trindade a partir de maio de
o conhecimento das opiniões e desejos dos 3.1.1.2. Projetos Existentes da praça para a qual foi desenvolvido o projeto
2010.
usuários. do Jardim Universal para a UFSC também
Logo que foi retomado o projeto, na constava nos desenhos. Em decisão conjunta
segunda etapa de elaboração, buscou-se o

26 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


com a Reitoria e os participantes da reforma da é feita com o uso de uma escala de cores. A Figura exemplares de cada espécie. marcante para serem exploradas sensorialmente
Praça da Cidadania foram definidos claramente 16 demonstra as circulações de acordo com a e nem valorizam visualmente o espaço.
os limites de cada projeto, para a execução da intensidade do fluxo, de forma não quantificável.
revitalização do projeto de Burle Marx somente Este diagnóstico auxiliou no traçado de novos
na parcela que efetivamente foi construída, não caminhos, buscando a adequação à demanda.
afetando decisivamente a proposta do Jardim
Universal.

3.1.2. Visitas Exploratórias

As visitas exploratórias são uma


aproximação com o local, que permitiram um
conhecimento mais íntimo do funcionamento da
praça. Assim foi possível traçar um panorama
geral das características da área e a apropriação
dos usuários, percebendo problemas e LEGENDA POR
INTENSIDADE
Figura 17 - Levantamento da Vegetação Existente.
potencialidades. As visitas ocorreram a partir da BAIXA
projeto de jardim universal para a ufsc

MÉDIA
visualização e anotação de informações técnicas ALTA Figura 18 -Guarapuvu (Schizolobium Parahyba) – Espécie mantida
sobre o local, registradas por fotos, medições e As espécies foram categorizadas em: no projeto.
desenhos de observação. Destas resultaram três 1-exemplares que permaneceriam na praça
exatamente onde estão; 2- exemplares que A Figura 19 a seguir demonstra a
estudos específicos: o dos fluxos, da vegetação Figura 16 - Estudo dos Fluxos com intensidade definida pelas cores.
seriam mantidos na praça, mas replantados em Proposta da Vegetação para a Praça, em relação
existente e dos usos das edificações do entorno. 3.1.2.2. Levantamento da Vegetação Existente
uma área diferente; 3 - exemplares que seriam a vegetação existente.
3.1.2.1. Estudo dos Fluxos Principais - rotas de maior fluxo O levantamento da vegetação existente removidos para replantio em outra localidade
foi necessário para conhecer as atuais espécies do campus e; 4 - exemplares que seriam
O estudo de fluxos possibilitou a simplesmente removidos. Na primeira categoria
presentes na praça (figura 17) e para definir
identificação das principais rotas utilizadas a ficaram as árvores de grande porte que marcam
quais exemplares seriam mantidos ou não no
partir da observação da circulação de pedestres, visualmente a paisagem, considerando um
novo projeto. A escolha foi feita considerando
bem como quais horários e dias da semana a Guarapuvu (ver figura 18) e alguns Ingás. Na
o porte da planta bem como a sua adequação
freqüência de pessoas é maior. A constatação foi segunda, ficaram algumas árvores frutíferas como
ao local onde está inserida. O estudo foi
feita de maneira empírica, em visitas em horários a goiabeira. Na última, estão algumas árvores de
realizado através de registros fotográficos e da
determinados para a observação. A demonstração pequeno porte que aparecem repetidamente na
identificação da localização e da quantidade de
dos resultados, conforme o método empregado, praça, mas que não possuem uma característica

28 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


Documental. seguintes perguntas: Qual a sua atividade na informações da área, foram realizados outros
A nova dinâmica de fluxos prevista com UFSC? Em qual período você costuma freqüentar estudos de modo a ajustar os espaços de
a implantação dos diversos projetos propostos esta praça? Em que dias da semana você permanência e de circulação considerando as
para área foi considerada no lançamento da costuma freqüentar a praça? Que tipos de espaço características climáticas, da vegetação e do
segunda proposta para o Jardim Universal, sendo você gostaria que estivessem disponíveis neste revestimento. Para isso, foram feitos então os
o motivo para a desistência da proposta feita na local? Qual o maior problema da área? E você seguintes procedimentos:
primeira etapa. almoçaria em uma área externa ao Restaurante
Uma das contribuições desta etapa do Universitário? 3.2.1. Simulações Gráficas
estudo foi a descoberta da construção de um novo A partir das respostas obtidas e da análise
edifício ao lado do Restaurante Universitário, de conteúdo foi possível comprovar algumas Foram utilizadas para auxiliar no processo
que servirá também para o fornecimento de constatações dos projetistas a respeito da de caracterização do espaço a partir do uso de
refeições. Foi verificado que uma das alas do RU, dinâmica do espaço e obter novas informações. dados científicos, permitindo a obtenção de
localizada no entorno, estava sendo desativada Conclui-se que a maioria dos entrevistados é informações que não seriam tão precisas através
e transformada em um centro de convívio de estudante do campus e costuma freqüentar a da simples observação e que demandariam
estudantes. Além disso, o Centro de Convivência praça no período do meio dia, devido ao uso do muito mais tempo para serem obtidas. A partir
estava sendo reformulado para abrigar novas Restaurante Universitário. Estes apontam que das simulações foi possível estudar a projeção
atividades, como o DCE. O café e a galeria de seria muito bom ter locais de convívio social da sombra das edificações no espaço aberto
projeto de jardim universal para a ufsc

exposições seriam relocados, visando maior disponíveis para o uso, já que indicam como uma (figura 20).
contato com o exterior. Estas modificações no das piores deficiências do espaço a ausência de O procedimento foi realizado com o
entorno imediato do espaço livre acarretarão bancos e mesas. Afirmam, ainda, em maioria auxílio do programa computacional SketchUp,
mudança nos fluxos, que foram avaliados na absoluta, que almoçariam em áreas externas ao da empresa GOOGLE, sendo desenvolvida uma
Proposta do Jardim Universal. RU, se estas existissem. maquete eletrônica com as medidas exatas das
Figura 19 – Proposta de manutenção, relocação e remoção de es-
pécies. Apesar da pouca representatividade da edificações do entorno da praça. Em seguida o
3.1.3. Entrevistas amostra, é possível desenvolver soluções para modelo foi posicionado de acordo com a latitude
3.1.2.3. Análise dos Usos das Edificações do Entorno adequar a praça aos anseios de quem a utiliza. de Florianópolis e direcionado em função do norte
Uma pesquisa de preferência foi realizada Esta etapa contribuiu para a complementação do geográfico. Desta forma foi possível verificar
A análise dos Usos das Edificações do com os usuários do Campus, com uma amostra de Programa de Necessidades da Proposta. o comportamento solar durante os meses do
Entorno permitiu verificar a situação atual sessenta pessoas, onde se levantou informações ano (foco no verão e no inverno) e em alguns
das edificações e coletar informações junto à a respeito do Uso do espaço, das insatisfações horários de maior utilização do espaço.
Prefeitura do Campus a respeito de reformas e dos desejos dos que freqüentam o local. O
3.1. Etapa de Projeto A percepção da incidência solar permitiu
e novas construções que poderiam afetar a procedimento foi realizado com a aplicação o reconhecimento de locais potenciais ou não
Após a etapa de levantamento de
dinâmica dos fluxos, como já citado na Análise de um formulário simples onde constavam as para a permanência do usuário, indicando áreas

30 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


às espécies nativas pela facilidade de obtenção de
exemplares, menor custo e maior adaptabilidade
ao clima local. Cada espécie foi selecionada por
suas características mais relevantes, atendendo
necessidades de conforto ambiental ou de
exploração dos sentidos. Esta pesquisa gerou
tabelas e fichas de vegetação de cada espécie
com as suas informações mais importantes,
tais como época e cor da floração e época de
frutificação.
A partir de uma pré-seleção das espécies
de interesse e da sua disposição inicial no
desenho do projeto foram simuladas situações
de floração em determinados meses do ano,
buscando obter uma idéia dos efeitos possíveis Tabela 1: Meses e Cor da floração das espécies selecinadas para o projeto. O cinza representa flores brancas.
gerados pelas combinações de cores (figuras
21 e 22) . O procedimento foi realizado com o
projeto de jardim universal para a ufsc

auxílio novamente do software SketchUp em


Figura 20 – Exemplo da simulação de incidência solar: 21 de Junho,
12:00. Em cinza, área sombreada; em amarelo, área não interferida
simulações nos meses de agosto e dezembro.
neste projeto. Este estudo ilustrativo facilitou a visualização
dos dados levantados nas tabelas de floração e
3.2.2. Pesquisa e Classificação de Espécies
frutificação e também permitiu a constatação de
Vegetais
que haveria flores e frutas em quase todos os
O estudo e classificação de espécies foi meses do ano, de acordo com a intenção dos
eficaz para a escolha da vegetação que melhor se projetistas.
adequaria ao local. Para isto foram considerados Além das tabelas, foram feitas fichas de
as épocas de frutificação e de floração (ver cada espécie arbórea (ver fichas de vegetação)
tabelas 1 e 2 ). contendo outras informações como o grau de
Para chegar ao resultado final, foram emissão de odores, a textura do tronco e das
realizadas pesquisas em livros de botânica folha, a intensidade do sombreamento e outras
e consultas com paisagistas experientes em características a fim de gerar uma diversificação
de atributos para explorar os sentidos humanos Tabela 2: Meses de Frutificação das espécies selecionadas para o projeto.
projetos de áreas externas. Foi dada preferência
e servir de referência para futuros projetos
paisagísticos do próprio Grupo PET. GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC
32
projeto de jardim universal para a ufsc

34
Fichas de Vegetação

GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


projeto de jardim universal para a ufsc

36 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


3.2.3. Pesquisa e Classificação dos Revestimentos

A pesquisa de busca e classificação de


revestimentos, realizada através do uso de livros
e da internet, possibilitou a pré-seleção dos
materiais a serem utilizados nos pisos. Para a
escolha final foram realizadas consultorias junto
a profissionais da área, permitindo a seleção dos
tipos mais adequados sob o ponto de vista das
normas da acessibilidade, principalmente quanto
a critérios de regularidade e rugosidade. Foram
Figura 23 – Exemplo da piso paver na cor cinza. Fonte: http://www.
muito importantes também características como maski.com.br/images/products-paver/pavers-novos/holland/natural.
a fácil aplicação e manutenção, o custo e a jpg
disponibilidade de obtenção na região.
Além disso, a aplicação do piso em
cores diferentes (figuras 23 e 24) possibilita
a conformação de espaços para o estar
projeto de jardim universal para a ufsc

contrastando com as áreas de maior circulação,


o que facilita a leitura dos ambientes criados e a
sua apropriação.

Figura 21 – Exemplo da simulação da floração no mês de agosto. Figura 22 – Exemplo da simulação da floração no mês de março.
Em lilás, Quaresmeira, em amarelo Cássia amarela e Ipê amarelo. Em lilás, Quaresmeira, em amarelo Cássia amarela e Ipê amarelo.
Em verde escuro, árvore sem floração neste mês. Em verde claro, Em verde escuro, árvore sem floração neste mês. Em verde claro,
floração sem relevância. floração sem relevância.

Figura 24 – Exemplo da piso paver na cor terracota. Fonte: http://


www.maski.com.br/images/products-paver/pavers-novos/holland/ter-
racota.jpg

38 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


Capítulo 4:
O JARDIM
UNIVERSAL

40
sência de acessibilidade e orientabilidade para os ratifica a integração desejada, pois permite a
4.1. Diretrizes e Objetivos do usuários na atual praça que atenda a todos; a
4.3. Partido Geral continuidade das atividades realizadas no RU e
Projeto não adequação dos caminhos traçados aos flu-
No projeto desenvolvido pelo Grupo PET/
no Centro de Convivência.
xos desejados pelas pessoas, a pouca variabi- Além de favorecer a permanência dos usuários,
Arquitetura pouco do que havia na praça origi- também foi prevista a instalação de exposições
O Projeto Final, embasado nos estudos lidade vegetal (assim como sua pouca atração
nal foi mantido. Excetuando algumas árvores artísticas ao ar livre nesta área reticulada.
citados no capítulo III, é a materialização da visual) e, por fim, problemas de drenagem e ma-
de grande porte e o lago, o novo partido exigiu
filosofia do Desenho Universal, transformando nutenção.
transformações no sistema de circulação e nas
um espaço pouco qualificado em uma área de Após este diagnóstico foram definidos os eixos
áreas de permanência, o que resultou em altera-
lazer agradável e acessível a todos. de circulação principal, contendo percurso podo-
ções de todos os elementos de composição pai-
A inspiração do projeto foi obtida tátil e mapas táteis para auxiliar na orientação
sagística, tais como piso, vegetação e mobiliário.
através do estudo de soluções utilizadas nos de pessoas com deficiência visual. A necessi-
É importante ressaltar que as mudanças realiza-
jardins sensoriais, como setorização da praça dade de explorar adequadamente o sítio físico,
das foram essenciais para adequar o espaço às
em regiões que exploram os sentidos e a amplo e plano, no emprego de caminhos com
necessidades dos usuários e à idéia de jardim
convivência, proposição de percursos rápidos piso que possibilita a drenagem da água tam-
sensorial.
(para o atendimento dos fluxos principais) e um bém se tornou ponto central no ato de projetar.
O partido arquitetônico implantado no
caminho alternativo para a contemplação. Por fim, o projeto da praça deveria atender aos
projeto é caracterizado por uma extensa área
Como condicionantes do projeto, sete princípios do Desenho Universal, sendo um
verde de formato orgânico que contém um ca-
projeto de jardim universal para a ufsc

destacam-se as características físicas naturais ambiente atrativo e adequado a todas as faixas


minho sensorial e que abraça o lago e contorna
do terreno, a presença de um lago e o deck etárias, contendo áreas próprias para o estar e a
o Centro de Convivência. Além dessa área verde,
que circunda parte do lago, idealizado por outra convivência, com mais mobiliário urbano.
o partido também é composto por um espaço
equipe do curso de Arquitetura e Urbanismo da Entre os espaços previstos no programa de ne-
reticulado formado de bancos e árvores criando
UFSC. cessidades, destacam-se:
uma centralidade para a Praça. Por último, a ala-
• Áreas de estar sombreadas, próximas ao
meda, junto à entrada do RU, ajuda a delimitar a
Restaurante Universitário,
4.2. Definição do Programa de • Espaço para exposições externas, próxi-
praça criando áreas de estar sombreadas (figura
25).
Necessidades mo ao Centro de Convivência,
Os limites da praça foram marcados a
• Palco para pequenas apresentações, pró-
partir do desenho dos canteiros, dando-lhe uma
A área da praça para a qual se projetou ximo às áreas de estar.
identidade definida. Além disto, um dos aspec-
o Jardim Universal é carente em vários sentidos. • Percurso sensorial, disposto como ca-
tos trabalhados é a relação interior/ exterior da Figura 25 – Partido Arquitetônico: 1. Lago, 2. Área verde Orgânica,
Os principais problemas constatados que deram minho alternativo aos fluxos principais, para a 3. Área Reticulada, 4. Alameda limitando a Praça e 5. Caminho Sen-
praça, que antes era deficiente. A instalação de
origem ao programa de necessidades foram: a exploração dos sentidos através de atributos da sorial.
bancos e mesas aproveitando a sombra das ár-
ausência de mobiliário e áreas de estar; a au- vegetação e materiais.
vores, na área reticulada (ver nº3 na figura 20)

42 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


4.3.1. Circulação e Fluxos

Figura 27 - C Esquema sem árvores mostrando ambientes e atrativos criados: nº 1- Caminho alternativo revestido em Petit pavê;
nº 2 – Área verde arborizada; nº 3 – Área para contemplação; nº 4 - Área externa à galeria da UFSC; nº 5 - Centralidade arbori-
zada com mobiliário para o estar; nº 6 – Jardins de chuva. Em vermelho, percurso podotátil para cego ou pessoa com baixa visão
Para os principais caminhos que ligam
um edifício à outro, foi garantida uma largura
Após a realização dos estudos e pes-
mínima de quatro metros, distancia suficiente
quisas da metodologia projetual adotada, fo-
para comportar a circulação em ambos sentidos
ram traçados os futuros fluxos em croqui, junto
de pessoas em cadeira de rodas acompanha-
com a vegetação de grande porte e o principal
das.
atrativo da praça – o lago – a fim de definir
Além dos caminhos de acesso rápido aos edifí-
áreas de estar, áreas de “massa verde” e áre-
cios, foi elaborado um caminho alternativo onde
as de contemplação da paisagem (figura 26).
o usuário poderá circular pela praça e experi-
mentá-la (ver nº 1 na figura 27), interagindo
com a vegetação do ambiente. Este circuito al-
ternativo possui piso diferenciado, não se inter-
rompe ao longo do percurso e conecta o futuro
Centro de Estudantes e o Centro de Convivência.
O caminho percorre quase toda a extensão da
praça: passando por uma área verde densamen-
te arborizada (ver nº 2 na figura 27), por um
espaço de contemplação do Lago (ver nº 3 na
figura 27), pela frente da galeria da UFSC (ver nº
4 na figura 27), que eventualmente exporá obras
externas e, por fim, termina no acesso ao Centro
de Convivência.
Para o deslocamento seguro das pessoas
com deficiência visual foram implantados pisos
podotáteis nos principais trajetos da praça. Além
disso, dois mapas táteis foram dispostos nas
principais entradas dos edifícios que sinalizam a
“face principal de acesso à praça ” - o Centro de
Convivência e Centro de Cultura e Eventos.

Figura 26 - Condicionantes naturais e principais fluxos.

44
4.3.2. Definição das áreas sinuoso, onde se pretende explorar os canais de
percepção sensorial através do paisagismo. A
Para facilitar a compreensão, o projeto disposição das espécies vegetais visa estimular
será explicado a partir das duas principais áreas o usuário a partir de suas diferentes texturas,
criadas: a chamada “Área verde orgânica” e a odores e cores. Além disso, foram utilizadas ár-
“Área reticulada”. vores que frutificam e atraem insetos e animais,
promovendo a existência de diferentes elemen-
4.3.2.1 Área verde orgânica tos para explorar a visão, o paladar, o olfato e a
audição.

Figura 29 – Vista para a área reticulada


O conjunto que forma esta área fica nas
extremidades da praça, perto da rua e do cen-
tro de Cultura e Eventos (figura 28), sendo com-
posto por dez canteiros envolvendo um caminho
projeto de jardim universal para a ufsc

4.3.2.2 Área reticulada

O projeto da praça, apesar da riqueza sensorial proporcionada e da adequação dos percursos


aos fluxos, ainda necessitava de uma centralidade que foi obtida através da Área reticulada. A região
central é aquela onde as pessoas tenham controle visual que transmite segurança, entretém o olhar
e é fundamental para o sucesso de um ambiente urbano (JACOBS, 2003). Além disso, trata-se de um
espaço público em uma universidade federal, logo uma centralidade que propicia uma convivência
cultural “é o lugar do discurso político (...) o lugar onde os problemas se apresentam, tomam forma,
ganham uma dimensão pública e, simultaneamente, são resolvidos” (GOMES, 2002).
A Área Reticulada, pavimentada com bancos, sombreada e com formato retangular, foi criada para
proporcionar uma infra-estrutura de estar e uma fácil compreensão do espaço (ver nº 5 na figura 27).
Além disso, os eixos criados a partir das árvores e do mobiliário dispostos em uma malha ortogonal
facilitam a orientação dos usuários (figura 29). Priorizou-se o uso de árvores com floração intensa e
que garantisse a existência de sombra o ano todo.
Figura 28 – Área Orgânica envolvendo o Lago
46 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC
4.4. Pisos, Caminhos e Materiais 4.5. A Proposta da vegetação
Para a pavimentação geral da praça, in- 4.5.1. Na Área verde orgânica
cluindo os percursos para fluxo rápido, foi es-
colhido o piso intertravado, uma vez que este Nos canteiros que enquadram o lago e acompanham o caminho sensorial foi escolhida como
apresenta mais vantagens em relação aos outros forração principal a grama esmeralda (Zoysia japonica), pois é pisoteável e de fácil manutenção. Com-
pesquisados. Entre as vantagens, destacam-se binada com esta espécie foram usados inúmeros outros tipos de forração e de arbustos. A escolha
a fácil instalação e manutenção, o baixo custo das plantas foi feita a partir da: a) emissão de odores – Gardênia (Gardênia jasminoides), Lavanda
e, ainda, a permissão de drenagem de parte da (Lavandula angustifólia), Alecrim (Rosmarinus officinalis), Lantana (Lantana camara), Malva (Malva
água da chuva. Para diferenciar áreas de estar sylvestris), Dama da Noite (Cestrum nocturnum) e Madressilva (Lonicera japonica); b) textura – As-
da circulação rápida a solução empregada foi a pargo-pluma (Asparagus meyers), Grama preta (Ophiopogon japonicus) e Barba-de-serpente (Liriope
variação da cor do piso intertravado. Criou-se muscari); e c) cor – Agapanto (Agapanthus africanus), Cacto-margarida (Lampranthus productus) e
espaços pavimentados com a cor terracota nas Azaléia (Rhododendron indicum).
áreas de descanso e de repouso, em contraste
com o cinza natural usado nos espaços de maior
circulação de pedestres.
O caminho sinuoso (número 1, figura 27), parte
projeto de jardim universal para a ufsc

constituinte da Área verde orgânica, é um pas-


seio secundário ligado à natureza (apreciação do
verde, do lago), onde o deslocamento pode ser
feito de modo mais lento, desconectado do fluxo
mais intenso. Para que esta marcação fique evi-
dente, foi empregado um piso diferenciado do
usado no restante da praça. O material escolhido
para a pavimentação deste percurso foi o petit
pavê devido sua fácil obtenção e possibilidade
de estimular o tato através do contato com os
pés, sem impedir a circulação de pessoas com
deficiência físico-motora. Além disso, este tipo
de piso faz uma referência à Praça da Cidadania,
projetada por Roberto Burle Marx, ao norte da
praça do Jardim Universal. Figura 30 – Exemplo de forrações utilizadas: a direita, Gardênia (Gardenia jasminoides); a esquerda, Lavanda (Lavandula angustifolia) e ao centro Liriope (Li-
riope spicata).
48 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC
Além das forrações e arbustos, que foram organizados em diferentes combinações nos cantei- 4.5.2. Na Área reticulada
ros a fim de garantir ao usuário uma sensação de acolhimento e destaque visual, árvores frutíferas
que facilmente se desenvolvem na região de Florianópolis também foram escolhidas para esta área: Para garantir a existência de sombra o ano todo e um efeito visual imponente através da flo-
Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), Goiabeira (Psidium Guajava), Pitangueira (Eugenia Uniflora), Ara- ração foram escolhidas três espécies arbóreas dispostas nos canteiros quadrangulares desta área: a
çá (Psidium Cattleianum) e Amora (Morus Nigra). A composição que formam ajuda a organizar Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a Cássia Amarela (Senna multijuga) e o Ipê- Amarelo (Tabebuia
tridimensionalmente o espaço (figura 31) , pois delimitam os canteiros, formando uma seqüência e chrysotricha), árvore símbolo do estado de Santa Catarina. O efeito é produzido pela disposição em
contornando a parte externa da área verde orgânica. É um referencial para pessoas com deficiência diagonal das espécies, pela diferença de tonalidade das folhas e também pela época de floração de
visual, pois identificam o local onde se encontram a partir da emissão de odores e, além disto, atraem cada uma - evidenciado nos estudos de floração - mesclando o amarelo das flores do Ipê e da Cássia
animais que emitem sons, enriquecendo o leque de sensações proporcionadas pela praça. com o roxo das flores da Quaresmeira e o verde das folhas, quando as árvores não estão floridas.
projeto de jardim universal para a ufsc

Figura 31 – Exemplo de
composição tridimen-
sional obitda através do
uso da vegetação.
Figura 32 – Vista para a área reticulada demonstrando a floração alternada, à esquerda jardim de chuva.

50 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


Para solucionar o atual problema da drenagem da água da chuva que a praça apresenta, foi
disposta, nas áreas mais críticas, um tipo de jardim de chuva (ver nº 6 na figura 27); este, composto
superficialmente por pedriscos e com cota de nível menor, funciona como um reservatório profundo
de água e, quando cheio, libera aos poucos a água para o solo. Além das pedras, foram aplicados
exemplares de Bromélia Imperial (Alcantarea imperiali) e de Agave-Dragão (Agave atenuatta) a fim
de criar um jardim ornamental para a contemplação.

Figura 33 – Esquema de Jardim


projeto de jardim universal para a ufsc

de Chuva. Fonte: http://www.blog-


dasaude.com.br/saude-ambien-
tal/2009/05/21/pracas-ecologica-
mente-corretas/

4.6. A Escolha do Mobiliário


Figura 34 – Vista para o pergulado e bancos.
O mobiliário empregado no projeto foi pensado de acordo com a área para a qual se destinava.
Os materiais empregados foram a madeira e o concreto, variando apenas as formas-base de acordo
com a área que o mobiliário seria aplicado. As formas básicas dos bancos são ou retângulos (que na Nos demais canteiros, os bancos de formas circulares possuem encosto, formando desenhos curvilí-
junção podem formar “L’s” ou “U’s”) ou curvas, formando semicírculos e outras formas de “ondas”. neos. Todos os bancos da praça são de concreto revestido de madeira.
Para delimitar alguns dos canteiros da Área reticulada, onde estarão dispostas as Quaresmeiras, Cás- Além dos bancos, é importante citar a existência de dois pergolados, nas extremidades do caminho
sias Amarelas e Ipês Amarelos, foram colocados bancos retangulares que organizam e evidenciam a sinuoso, de forma curva, feitos em madeira e servindo de apoio para as trepadeiras Madressilva (fi-
sua disposição ortogonal. As forrações usadas para preencher estes bancos são algumas das usadas gura 34).
na área verde orgânica, obedecendo à composição idealizada.

52 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


canteiros da área reticulada e o tipo de banco
4.7. Aplicação dos Princípios do empregado, permitindo a aproximação dos usu-
DU ários cadeirantes e a acomodação destes ao lado
dos bancos, sem obstruir a passagem de outras
Ao realizar o projeto do Jardim Universal, pessoas. Adéqua-se ao princípio citado por per-
inúmeras medidas e soluções foram adotadas mitir que todos utilizem o ambiente sem nenhum
para adequá-lo aos preceitos do DU. Uma das constrangimento.
medidas que prevê a aplicação do Uso Eqüita- Como exemplo de Uso Flexível, o percur-
tivo, primeiro princípio, é a distância entre os so sensorial foi desenvolvido tanto para usuários
projeto de jardim universal para a ufsc

Figura 36 – Vista da entrada da praça com o piso podotátil em vermelho

com deficiência visual, que necessitam de um referencial para locomover-se, quanto para aqueles que
querem apenas desfrutar da área do lago e dos canteiros que o rodeiam, experimentando as diversas
sensações que este caminho oferece (ver figura 35).
O projeto desta praça, contando também com a implantação de um percurso podotátil (ver
figura 36), atende ao princípio de Uso Simples e Intuitivo, garantindo a circulação independente da
pessoa com deficiência visual através das indicações que as ranhuras do piso oferecem. O percurso
criado conecta os principais edifícios que delimitam a praça e possibilita a apreensão total do espaço e
a liberdade de circulação para as diferentes áreas da praça.
Figura 35 – Vista da parte do caminho sensorial que circunda o lago
GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC
54
Quanto à Informação de Fácil Compreen-
são, foram tomadas medidas para comunicar da
melhor maneira possível o que o usuário precisa
saber sobre o espaço. Junto ao início do trajeto
podotátil, em duas “esquinas” da praça, foram
colocados mapas táteis da área, de forma a faci-
litar a formação de uma imagem mental da Pra-
ça e dos percursos, principalmente por usuários
com deficiência visual.
A implantação de uma pavimentação
adequada, regular, não deslizante e nivelada au-
xilia a diminuição do Esforço Físico em relação ao
deslocamento de qualquer usuário, e principal-
mente daqueles com dificuldade de movimento
ou que utilizam cadeiras de rodas. Seguindo o
mesmo princípio de Baixo Esforço Físico, a ins-
talação de bancos ao longo dos percursos traz
projeto de jardim universal para a ufsc

a todos os usuários, principalmente aos idosos,


a possibilidade de sentar-se com conforto para
descansar.
A respeito da Dimensão e Espaço para
Apropriação e uso adequados, sétimo princípio
do DU, a largura dos passeios e a disposição da
vegetação escolhida nos espaços permitem que
o essencial na praça esteja visível e identificável,
como o lago, a área de convivência, o caminho
sensorial e os edifícios que contornam a praça.

56 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


Capítulo 5:
CONCLUSÕES

58
5.2. O Processo de Desenvolvimento do Jardim Universal para a
UFSC – Considerações Finais
Desenvolver um projeto paisagístico em parceria com a universidade para uma região tão im-
portante do campus foi sem dúvida um grande desafio e também um ótima oportunidade de aprendi-
zado. A parceria com a reitoria acelerou o andamento do processo de projeto e indicou a preocupação
da administração central em preservar os espaços livres consolidados do campus da UFSC.
No entanto, percebe-se que assim como em outras situações, o atrelamento do projeto a um
orgão público deflagra outros condicionantes a serem considerados no ato de projetar. O maior desa-
fio encontrado foi a adequação do Jardim Universal a outros projetos concomitantes na mesma área.
Como citado anteriormente, este projeto foi fruto de uma reorganização de uma área livre da UFSC
juntamente com a reforma dos edifícios em seu entorno, que afetaram principalmente o traçado dos
percursos desejados pelos usuários.
O projeto do Jardim Universal encontrou, em sua fase de finalização, a necessidade de um processo
de readequação a estes projetos paralelos, situação esta que poderia ter sido minimizada diante de
5.1. Reflexões sobre a inclusão social uma maior comunicação entre os idealizadores das diferentes propostas e a Prefeitura do Campus.
Outra experiência importante deste projeto foi o emprego de soluções ecológicas na praça como a
projeto de jardim universal para a ufsc

Nos últimos anos, o número crescente de normas e de leis relativas à acessibilidade demonstra utilização de jardins de chuva para auxiliar a drenagem do solo e a possibilidade de uso de painéis
a importância de promover uma maior inclusão social. No entanto, o pouco conhecimento dos arqui- fotovoltaicos na iluminação do espaço, impulsionados pela prefeitura do campus, que como órgão pú-
tetos e engenheiros sobre o tema é um dos fatores responsáveis pelo fato da maioria dos espaços blico tem o dever de incentivar estratégias sustentáveis.
públicos ainda não estarem de acordo com esta legislação. Sabe-se que espaços livres ou edificações Isto é, o processo de desenvolvimento deste projeto ressalta a indivisibilidade das atividades de
não acessíveis podem impedir o direito de todos na participação de atividades – como lazer, educação pesquisa e extensão uma vez que, para propor as alternativas mais condizentes com o espaço, foi
e trabalho – e segregá-los socialmente. requerida uma grande pesquisa sobre a importância dos espaços públicos para a cidade, os diferentes
Como a missão da Universidade Federal de Santa Catarina é aplicar o saber “na construção de uma atributos da vegetação, as tecnologias e soluções disponíveis para tornar a praça sustentável e entre
sociedade justa e democrática e na defesa da qualidade de vida”, (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAN- outros.
TA CATARINA, 1993), é dever da mesma promover a acessibilidade física e complementar os estudos Assim, o desenvolvimento deste projeto foi uma experiência enriquecedora para o Grupo PET Arqui-
científicos quanto ao desenvolvimento do Desenho Universal. Cabe, portanto, à comunidade científica, tetura e Urbanismo, pois possibilitou a realização de um projeto executivo dentro do próprio campus,
aplicar este conhecimento, gerado por meio de pesquisas científicas, e apresentar à sociedade mode- com a orientação da Arquiteta Juliana Castro que possuí uma larga experiência e um grande reconhe-
los inovadores de arquitetura que reflitam as mudanças sociais. cimento do seu trabalho como paisagista.
Com o desenvolvimento deste projeto pode-se aplicar o conhecimento cientifico sobre Desenho Uni- Vale ressaltar que quando implantado, o projeto influenciará a dinâmica no local, assim como a vida
versal num espaço dentro da Universidade, promovendo assim uma maior inclusão social. dos universitários e de parte importante da população de Florianópolis, enriquecendo a possibilidade
do lazer e da convivência para àqueles que utilizam o Campus Trindade da UFSC.

60 GRUPO PET ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC


APÊNDICES

62
Vaga para

Legenda de Vegetação
deficiente

Canteiro

Ciclovia: projeto cordenado pela prof. Alina Santiago

C
Banco em
Ar8 Ar9 Ar7 concreto Ar9 Ar8
Ar8 revestido
em Madeira Ar14
M1
M2M1
F5
F6 F4 F6
CÓDIGO NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO QUANTIDADE ÁREA INFORMAÇÕES Porte do Porte
F5

F4 F4 M1 P2 F4 F5 F4
Ar7 Ar7 M1M2M1
Banco em
M1M2M1 Ar7 (m²) ADICIONAIS plantio (m) Final (m)
F6 M1 Banco em M1 Banco em Banco em
Banco em
concreto concreto
concreto
revestido concreto concreto
P1
AR1 Jabuticabeira (Myrciara Cauliflora) 9 - - 2,0 15,0
Ar1
revestido revestido em Madeira revestido
em Madeira
revestido
em Madeira
AR2 Goiabeira (Psidium Guajava) 4 - Árvore relocada - -
em Madeira em Madeira
AR3 Pitangueira (Eugenia Uniflora) 10 - - 1,5 10,0
Ar1 P4 P4

AR4 Araçá (Psidium Catlleianum) 2 - - 1,5 6,0


P1
F4
Calçamento B1 Ar3 AR5 Amora (Morus Nigra) 2 - - 2,0 8,0
de Piso
Piso intertravado
Intertravado
Ar1 AR6 Guarapuvu (Schizolobium Parahyba) 1 - Árvore Existente - -
pré-fabricado
(podotátil Alerta) Cinza
AR7 Quaresmeira (Tibouchina Granulosa) 14 - - 2,0 12,0
21x21x6 - cor grafite Ar1
F4
AR8 Ipê-Amarelo (Tabebuia Chrysotricha) 13 - - 1,5 10,0
Banco em Banco em T1
concreto concreto F11 ARB2
Ar3 AR9 Cássia Amarela (Senna Multijuga) 15 - - 1,5 10,0
revestido revestido F4
+0,48m

em Madeira em Madeira Ar14 F12 AR10 Leiteiro (Peschiera Fuchsiaefolia) 3 - - 1,5 6,0
M1 M1M2
F9 Piso intertravado AR11 Ingá Feijão (Inga marginata) 5 - Árvore Existente - -
M2M1 pré-fabricado
P2

F8
M1
Ar5
F9 Ar3 (podotátil Alerta) AR12 Aroeira (Schinus terebinthifolius) 1 - Árvore Existente - -
F4 T1 21x21x6 - cor grafite
F4 P2 M1M2 F4 B2
Ar1
AR13 Palmeira Real (Roystonea dunlapiana) 4 - Árvore Existente - -
Ar9 Calçamento
de Piso
AR14 Flamboyant (Delonix regia) 2 - Árvore Existente - -
Ar8 B3
Intertravado
B4
T1 Madressilva (Lonicera japônica) 7 - - 0,5 1,5
Terracota
+0,33m M1
M1M2M1
T1 F1 Peperonia (peperômia caperata) - 64 - 0,2 0,3
ARB3 Ar5 F2 Agapanto (Agapanthus africanus) - 50 - 0,45 0,6
ARB4 ARB3 F4
M1 F2 F3 Cacto-margarida (Lampranthus productus) - 36 - 0,3 0,45
M1M2 ARB4
F4 M1 F6
P4 F4 F4 F4 Grama Esmeralda ( Zoysia japônica) - 4200 - 0,05 0,10
Ar9
Ar7 Banco em concreto
revestido em Madeira
F5 Pitospóro (Pittosporun tobira) - 300 - 0,5 10,0
B B

Rampa i=8,5%
F6 Barba-de-serpente (Liriope muscari) - 110 - 0,15 0,3
Mapa tátil F7 Lavanda (Lavandula angustifolia) - 14 - 0,25 0,9
F4 F8 Dianela Variegata (Dianela Ensifolia) - 16 - 0,3 1,2
Ar8 Ar7 Piso intertravado
M1 pré-fabricado F9 Lírio Amarelo (Hemerocallis flava) - 260 - 0,4 0,6
M1M2 ARB3

N O

N IO
E C
D R
IM R
E E
ARB1 (podotátil Alerta)
F10 309 - - 0,3 0,7

O
A
T

T
M1 M1 21x21x6 - cor grafite Aspargo – pluma (Asparagus meyers)
P1 M1M2 F6 F5 ARB4
Calçamento de Piso M1 F11 Lantana (Lantana camara) - 60 - 0,2 1,5
Intertravado Cinza M1M2M1 M1M2M1 F12 - 180 - 0,6 1,4
F4
Estrelitzia (Strelitzia Reginae)
Banco em concreto M1 F4
ARB1 Dama da Noite (Cestrum nocturnum) 17 - - 0,5 3,0

E M

G M
S O

T G
M N
N A
A E
O T
O
C
R
A
E
V

E /
revestido em Madeira

M
D
ARB1

Y S
B A
R A
E L

A 0
F 2
ARB2 Gardênia (Gardenia jasminoides) 3 - - 0,5 1,5

C
É
Ar11 Ar11
ARB3 Bromélia-imperial Alcantarea imperialis 32 - - 0,6 3,0
Restaurante Universitário
F4 ARB4 Agave dragão Agave attenuata 32 - - 0,5 0,7

O
C
P
A
IS S
T A
R LA
U O
F5

IC IN
A H
Ç A
M L

O
N J

C
IR
C
U
Ç
O

A
Ã
C
P
A

L
à /

M
D
IN
A

A
IV
A
T
O

O
C

S
S A
B A
E L
O 0
3
+0,48 +0,33 P2 ARB3 ARB1 


Calçamento de Piso 

H
A
L
L

Intertravado
M1 Terracota P4
M2 Piso intertravado
P1 Ar9 P1
Calçamento de Piso pré-fabricado
ARB1
Rampa i=8,5%

ARB4 (podotátil Direcional)


Intertravado Cinza
M1 21x21x6 - cor grafite
 

M1M2 F5 

Legenda de Piso


PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT


A G

P D

IÇ R
A A
E E
E IA

OE
S A

E E
ÕT
DL
F4

S
L
M1 
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

ARB1

Ar8
D D 

F6

Ar9 Ar8 Ar7


M1
Ar9
M1M2


M1
A M1M2 F4 A
CÓDIGO TIPO

T O
A H

A R
R N
L A

IA E
D X
E
E T
E L
R L
F6

E
M1 F4 F4

IA S
U A
S A
F L
C 01
Banco em concreto P1 Piso de concreto Intertravado

R
R

/C
IV
A

A
É
M1M2

F
L
revestido em Centro de Convivência
Madeira
M1
Banco em concreto 21x21x6cm cor Cinza

1. Pranchas do Projeto Executivo


revestido em
Madeira P3
P2 Piso de concreto Intertravado
21x21x6cm cor Terracota
Ar7
P1 P3 Piso Intertravado Podotátil
Ar7
M1
Ar9
M1
21x10,5x6cm cor Grafite
Ar11
M1M2 M2M1 Ar9 P4 Petit Pavê Branco
M1 M1 F4
F4 F5 F5
F4 F4 F6
Ar8
Banco em concreto M1M2M1 M1M2M1 Ar10
M1 M1 concreto

Este projeto de extensão resultou em um


revestido em Banco em concreto Banco em
P1
Madeira revestido em Calçamento de Piso revestido em
Madeira Intertravado Madeira
Terracota
Planta Baixa de Vegetação

Ar7 M1 Ar9 M1 F11

projeto executivo apresentado em seis pranchas


Ar8 M1M2 M1M2 Ar8 Ar7
M1 M1 M1
M1M2 F4 Ar6
M1 F4 F5 F4 F5 F4
F4
Ar9

A1 para a Reitoria e entregue ao ETUSC para a


Banco em concreto Banco em concreto Banco em concreto
revestido em revestido em revestido em
P1 Madeira Madeira
Área a ser projetada Madeira
Banco em concreto
após a definição dos revestido em Ar9
usos e acessos das Madeira Ar8 Ar7

elaboração dos projetos auxiliares.


edificações
Ar11
Ar8
Banco em concreto
F4 revestido em F9
F6 F4 F4 F6 F5
Madeira

Aqui neste caderno de conclusão da pes-


Ar9 Ar9 M1M2M1

F4
F4
Restaurante Universitário LAGO

quisa, as pranchas estão dispostas de forma es-


Ar4
F9
Ar2
Ar1 F9

P1P1

F10 F4 Calçamento de Piso

quemática devido ao espaço disponível. São elas


Ar2 Intertravado Cinza
B9

B8
F4

respectivamente: Planta Baixa de Vegetação,


Ar2
B9
P4

Ar11 F9

F4
T1
T1
T1

Pergolado de Madeira
(ver detalhe)
F10

F10
Ar12
Ar4 que contém também a tabela das espécies apli-
cadas no projeto; Planta de Revestimentos, com
T1
B6 Ar3 Ar3 B10
B7 B13 Ar10

cotas de piso e de canteiros; Cortes, demons-


B6
ARB1 F4 Ar1
P4
Ar1 Piso em Petit Pavê
Ar2 Branco

trando a volumetria criada a partir do uso da ve-


Ar3 Ar3
F3 Ar11
Ar1 F2

F4
Ar13

F4
Ar1
F4

B12
F12 Piso intertravado
pré-fabricado
(podotátil Direcional)
getação; Mobilário, que apresenta em detalhes
21x21x6 - cor grafite

F1
B11 P1
Calçamento de Piso
Intertravado Cinza os equipamentos a serem construídos e, por fim,
Ar3

os detalhes de encaixe de piso e de construção


Planta Baixa
Mapa tátil
Ar9 Ar3 Calçamento de Piso
Ar10
Intertravado Cinza Piso intertravado
pré-fabricado

dos pergolados.
P1 (podotátil Alerta)
Ar3 Ar10 21x21x6 - cor grafite

Ar1
Escala 1/200 Ar13 Ar13
Ar10 Ar13

Ar1

[UFSC] UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


64 Centro de Cultura e Eventos

Grupo PET/ARQ/UFSC
RTE
C

NO
Agecom
Planta de Vegetação - Escala 1/200. Agosto, 2010

[Orientadoras] Prof. Dr.ª Vera helena Moro Bins Ely


Arq.ª Juliana Castro Souza, MsC.
[Bolsistas] Marcio Thomasi da Silva
Patrícia Schappo
66
Planta de Revestimentos
68
Cortes e Jardim de Chuva
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATI
MobiliárioMobiliário
A A

Escala indicada Escala indicada

Banco em concreto revestido


Banco emem
Madeira
concreto revestido em Madeira
Tipo 1

Bicicletário
Tipo 1

Biciclatário
Escala 1/50 Corte A Corte B Corte C
Escala 1/50 Corte A Corte B Corte C
Escala 1/20 Escala 1/20 Escala 1/20
B
B
Escala 1/20 Escala 1/20 Escala 1/20

DET.1 DET.1 DET.2 DET.3


Escala 1/20
Escala 1/20 Escala 1/20
DET.2 Escala 1/20 DET.3
Piso
Escala 1/20 Piso
Escala 1/20 A A
Escala 1/20
Bloquete de concreto cinza 10,5x21x8cm A A
Piso
em desenho "espinha-de peixe" Bloquete de concreto
Piso cinza 10,5x21x8cm Bloquete de concreto cinza 10,5x21x8cm Piso
Piso assentado sobre areia grossa Petit Pavê Brancoemassentado
desenho "espinha-de
sobre peixe" Piso
em desenho "espinha-de peixe" Bloquete de concreto cinza 10,5x21x8cm
Bloquete de concreto cinza 10,5x21x8cm Piso ver planta de revestimentos assentado sobre
areia areia grossa
grossa Petit sobre
Pavê Branco assentado sobre
em desenho "espinha-de peixe" BloqueteBANCO
de concreto
1 cinza 10,5x21x8cm ver
ver planta deplanta de revestimentos
revestimentos
assentado areia grossa
ver planta de revestimentos areia grossa
em desenho "espinha-de peixe"
Linha de Terra Linha de Terra
assentado sobre areia grossa
Linha de Terra Linha de Terra


assentado sobre areia grossa emconcreto
Em desenho "espinha-de peixe" BANCO 1 ver planta de revestimentos ver planta de revestimentos
ver planta de revestimentos assentado
Assento sobre
em pinus areia grossa
autoclavado Em concreto
Réguasver4 planta
x 9 cmde revestimentos Assento em pinus autoclavado
Barrotes de 4 x 4 cm Réguas 4 x 9 cm
Barrotes de 4 x 4 cm

Meio-fio
Em concreto 4cmx15cm Meio-fio Meio-fio
Em concreto 4cmx15cm Em concreto 4cmx15cm Meio-fio
Em concreto 4cmx15cm

B
B

Tipo 2
Tipo 2
Escala 1/50 Corte A
C Escala 1/50
B CorteCorte
A B
Corte B
Corte C
Corte C
C
Escala 1/20 Escala
B
Escala 1/20 1/20 Escala 1/20
Escala 1/20
Escala 1/20
M1 M1 M2
Escala 1/20
Escala 1/20 Escala 1/20 M2
Escala 1/20 A A
A A

Linha de Terra Linha de Terra


Linha de Terra Linha de Terra
Bicilerário Tubular em Aço com
dediâmetro de 5cm Bicilerário Tubular em Aço com
dediâmetro de 5cm

B
B

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT


C

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT


C
Linha de Terra Linha de Terra
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Tipo 3
Tipo 3
Escala 1/50 Corte A
Escala 1/50 Corte A
C
Escala 1/20 Corte B Corte C
C
Escala 1/20Escala 1/20 Corte B Corte C
B Escala 1/20
B Escala 1/20 Escala 1/20
Vista Lateral Vista Frontal
A A
A A
Mobiliário para a Área Reticulada

Linha de Terra Linha de Terra


Linha de Terra Linha de Terra

C B
C B

Biciclatário
Biciclatário
Escala 1/20 Escala 1/20

Bicilerário Tubular em Aço com


dediâmetro de 5cm Bicilerário Tubular em Aço com Bicilerário Tubular em Aço com
dediâmetro de 5cm dediâmetro de 5cm Bicilerário Tubular em Aço com
dediâmetro de 5cm

Linha de Terra Linha de Terra


Linha de Terra Linha de Terra

Vista Lateral Vista Lateral Vista Frontal Vista Frontal

[UFSC] UNIVERSIDADE FEDERAL DEUNIVERSIDADE


[UFSC] SANTA CATARINA
FEDERAL DE SANTA CATARINA
Grupo PET/ARQ/UFSC Grupo PET/ARQ/UFSC

Mobiliário - Escala indicada. Agosto,indicada.


Mobiliário - Escala 2010 Agosto, 2010
[Orientadoras] Prof. Dr.ª Vera helena Moro Bins
[Orientadoras] Ely Dr.ª Vera helena Moro Bins Ely
Prof.
Arq.ª Juliana Castro Souza, MsC.Arq.ª Juliana Castro Souza, MsC.

70 [Bolsistas] Marcio Thomasi da Silva


Patrícia Schappo
[Bolsistas] Marcio Thomasi da Silva
Patrícia Schappo

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT


PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
Mobiliário B9 Corte A

Mobiliário
B5 Escala 1/50 Escala 1/10
Escala 1/50
Escala indicada B1 A
B9 Corte A
Escala 1/50 B5 A Escala 1/50 Escala 1/10
Escala 1/50
Escala indicada A B1 A

A
Escala 1/50 A
A

A
A
A
A

Linha de Terra

Linha de Terra

Estrutura Tubular em Aço Apoio em madeira Plástica 5X5


parafusada na estrutura

Estrutura Tubular em Aço Apoio em madeira Plástica 5X5


B2 parafusada na estrutura
Escala 1/50

A B2
A
Escala 1/50

B8
Escala 1/50
Mobiliário para a Área Verde Orgânica

B8
Escala 1/50

B3
Escala 1/50 A

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT


B3 B4 A
Escala 1/50
Escala 1/50 A
A
A

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT


A
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

B4 A
Escala 1/50 A
A

A
A

B10
A Escala 1/50

B10

A
Escala 1/50

A
A

A
A

B7 B13
Escala 1/50 Escala 1/50
A

B7 A B13
A

Escala 1/50 A Escala 1/50


A

B6
Escala 1/50 A
A

A
A

B6
A

Escala 1/50
A

A
A

B12

72
Escala 1/50

[UFSC] UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


B12
Escala 1/50
B11
Escala 1/50 Grupo PET/ARQ/UFSC
A

[UFSC] UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


B11 Mobiliário - Escala indicada. Agosto, 2010
Escala 1/50 Grupo PET/ARQ/UFSC
A

[Orientadoras] Prof. Dr.ª Vera helena Moro Bins Ely


A

Mobiliário
Arq.ª Juliana Castro Souza,- Escala
MsC. indicada. Agosto, 2010
[Bolsistas] Marcio Thomasi da Silva
[Orientadoras] Prof. Dr.ª Vera helena Moro Bins Ely
A

Patrícia Schappo
74
Detalhes de Piso e dos Pergolados
10º ERGODESIGN – Anais do 10º Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de
10º ERGODESIGN – Anais do 10º Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de
Interfaces Humano-Tecnologia: Produto, Informações, Ambiente Construído e Transporte
Interfaces Humano-Tecnologia: Produto, Informações, Ambiente Construído e Transporte
17 a 20 de maio de 2010 – PUC-Rio / Rio de Janeiro
17 a 20 de maio de 2010 – PUC-Rio / Rio de Janeiro

2. Artigos Apresentados Devido a ausência de projetos qualificadores dos ou simplesmente passar por cima deles para cortar
em Eventos Científicos PROJETO DE JARDIM UNIVERSAL PARA A UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
espaços livres, a maioria das áreas externas
apresenta-se configurada como vazios entre as
caminho.

edificações, resultando em baixa apropriação por


parte dos usuários.
UNIVERSAL GARDEN PROJECT TO FEDERAL UNIVERSITY OF
SANTA CATARINA É neste contexto que surge, por parte da Reitoria
da UFSC, a demanda de um projeto paisagístico
Vera H. M. Bins Ely¹, Juliana Castro Souza², Marcio Thomasi da Silva³, Patrícia Schappo4, para o Grupo PET Arquitetura e Urbanismo. O
Milena de Mesquita Brandão5 projeto se refere à reestruturação de uma
importante praça na vivência cotidiana do campus
(1) Doutora em Engenharia, Professora no Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, (ver figura 2), localizada entre edificações centrais:
Universidade Federal de Santa Catarina o Restaurante Universitário, o Centro de
e-mail: vera.binsely@gmail.com Convivência (edifício multiuso com prestação de
(2) Arquiteta e urbanista, Mestre no Programa de Pós Graduação da Engenharia de Produção – serviços, espaços para exposições...) e o Centro de
Universidade Federal de Santa Catarina Cultura e Eventos (centro para realização de
e-mail: juliana@jardinseafins.com.br formaturas, simpósios, seminários, com praça de
(3) Graduando em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina alimentação e prestação de serviços). Figura 3 – Vista dos caminhos radiais que direcionam
e-mail: marciothomasi@gmail.com ao centro da Praça.
(4) Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina
e-mail: patischappo@hotmail.com Além dos passeios radiais existe o que se poderia
(5) Arquiteta e Urbanista, Mestranda do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, chamar de “o grande atrativo” da praça: um lago
Universidade Federal de Santa Catarina que ladeia uma das principais vias da

CONVIVÊNCIA
CENTRO DE
e-mail: milena.brandao@gmail.com CENTRO DE CULTURA
E EVENTOS
Universidade. Apesar de ser o local de maior foco
visual, com o qual geralmente se exerce contato ao
adentrar o espaço da praça, o lago em questão está
Palavras-chave em português (Desenho Universal, paisagismo, campus universitário) mal cuidado e limitado por vegetação arbustiva
projeto de jardim universal para a ufsc

O Campus Trindade da UFSC possui uma grande quantidade de espaços livres pouco qualificados para atender as que dificulta a aproximação das pessoas (ver figura
necessidades de seus usuários, principalmente aqueles com deficiência. Buscando propor a revitalização e AGECON 4). Além destas espécies, existem exemplares de
adequação de uma praça, foram realizados estudos para elaboração de um projeto baseado na filosofia do salgueiro-chorão mal cuidados que, devido à
Desenho Universal. RU erosão das margens do lago, se debruçam sobre a
RU água, tornando a visão parcial e pouco agradável,
Key-words in English (Universal Design, landscaping, university campus) “informando” aos que passam que o espaço está
The UFSC Trindade Campus has a lot of disqualified free spaces that supplies the needs of its users, especially Figura 2 - Foto aérea da Praça localizando as
those with disabilities. Seeking to propose the revival and adaptation of a square, studies were performed in order
abandonado.
edificações do entorno imediato.
to result a project based on the philosophy of Universal Design.
Embora seja um local central por onde passam
1. Apresentação e Justificativa milhares de pessoas diariamente, encontra-se
subutilizado pela ausência de atrativos naturais e
A Universidade Federal de Santa Catarina, criada de mobiliário urbano que possibilite a permanência
em 1960, situa-se na conexão de importantes dos usuários, tornando-se basicamente uma praça-
2.1 10º Ergodesign bairros da capital Florianópolis - Trindade, corredor, ligando os diferentes prédios do seu
10º Congresso Internacio- Pantanal, Carvoeira e Córrego Grande - entorno. A apropriação desse espaço de lazer
configurando uma centralidade que é também é dificultada pela inexistência de relação
nal de Ergonomia e Usabilidade potencializada pela localização geográfica entre as atividades internas das edificações e o
de Interfaces Humano-Tecnologia: favorável (ver figura 1). espaço externo da praça atual.
Produto, Informações, Ambiente Além de ser uma instituição voltada à formação As características físicas do atual projeto não
Construído e Transporte. acadêmica, pesquisa científica e atividades de aproveitam bem a topografia do sítio - amplo e
extensão, a UFSC é também um local de lazer para plano. Os passeios de traçado radial possuem Figura 4 - Foto do entorno do lago mostrando a
quem vive em seu entorno. No entanto, os espaços centralidade que não é justificada por nenhum precariedade da vegetação existente. Ao fundo, o Centro
livres foram sendo ocupados por edificações ao de Cultura e Eventos.
76 longo da história da universidade, dada à crescente
atrativo (ver figura 3). Além do mais, a maioria
Figura 1 - Foto do campus da UFSC e seus limites dos passeios se mostra inadequada aos trajetos
demanda por salas de aula e laboratórios. (vermelho). Em amarelo a área da praça para desejados por aqueles que transitam entre os Simultaneamente à precariedade dos espaços
intervenção. edifícios, sendo necessário desviar-se dos canteiros abertos do Campus, existe outro foco a ser
abordado neste artigo - a inclusão social - questão
10º ERGODESIGN – Anais do 10º Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de 10º ERGODESIGN – Anais do 10º Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de
Interfaces Humano-Tecnologia: Produto, Informações, Ambiente Construído e Transporte Interfaces Humano-Tecnologia: Produto, Informações, Ambiente Construído e Transporte
17 a 20 de maio de 2010 – PUC-Rio / Rio de Janeiro 17 a 20 de maio de 2010 – PUC-Rio / Rio de Janeiro

que é também motivadora do projeto para a praça, infra-estrutura urbana, configurando o desenho da provendo escolhas na forma de utilização e e possibilitando a sua apreensão e entendimento
justificando sua identificação como “Jardim cidade; uma Função Ecológica, ao estruturarem facilitando esse uso. por pessoas com deficiências sensoriais.
Universal”. Observa-se dia a dia uma maior áreas de proteção, funcionando como um regulador
diversificação do público que freqüenta o espaço térmico na urbe, melhorando o micro clima 3. Uso simples e intuitivo – O design é de fácil 3. Métodos e Técnicas
do campus, devido tanto a quantidade de atividades urbano; uma Função Cultural, já que fortalecem a compreensão e independe da experiência,
que ali ocorrem quanto o acesso de pessoas com identidade local; e uma Função Social, pois são conhecimento, habilidades de linguagem ou nível O êxito de um projeto depende do reconhecimento
deficiência no corpo discente e no quadro de agentes determinantes para a integração, o lazer e a de concentração do usuário. São eliminadas as dos condicionantes do sítio em termos de suas
servidores. Esta inserção é motivada por políticas socialização das pessoas na sociedade, complexidades desnecessárias e o desenho é potencialidades e carências. Além disso, é
de inclusão na educação, pela aplicação da Lei de proporcionando uma vida mais saudável coerente com as expectativas dos usuários. importante identificar as necessidades dos usuários
Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. fisiológica e psicologicamente. e procurar atendê-las no projeto.
9.394/1996 e pela abertura de vagas para 4. Informação de fácil percepção – Os elementos
deficientes em concursos públicos. A possibilidade de inter-relacionamento que efetivamente comunicam a informação necessária Para obter informações a respeito da dinâmica do
proporcionam os espaços livres acaba permitindo a para o usuário, independente de suas habilidades espaço da Praça da UFSC e compreender mais
O projeto de um Jardim Universal para a UFSC existência, num mesmo ambiente, de pessoas com sensoriais ou das condições do ambiente. detalhadamente as suas características foram
nasce da intenção não de apenas reformar o espaço características totalmente diversas. E é exatamente
para torná-lo mais agradável e funcional, mas pelo próprio conceito de “espaço democrático”, realizadas visitas exploratórias e entrevistas,
5. Tolerância ao erro – O design minimiza riscos e descritas a seguir.
também e, principalmente, para torná-lo acessível a que uma área livre possui intrinsecamente, que se
conseqüências adversas de ações acidentais ou não
todas as pessoas que o freqüentam, faz necessária sua adequação às pessoas com as
intencionais, tornando os elementos mais utilizados 3.1 Visitas exploratórias
independentemente de suas características mais diversas particularidades, tornando o
mais acessíveis, isolando os elementos perigosos e
pessoais. É importante pensar que, sendo um ambiente acessível a qualquer indivíduo,
sinalizando devidamente sua presença. Serviram para aproximar os projetistas do local,
projeto desenvolvido no interior de uma independente de suas deficiências.
universidade - que é um laboratório de idéias permitindo um conhecimento mais íntimo do
aberto a novos conceitos - pode servir como uma 6. Baixo esforço físico – O espaço pode ser usado funcionamento da praça. Foi possível, então, traçar
De acordo com Panero e Zelnik (2002, p. 37), o
reflexão para a sociedade a respeito da inclusão eficientemente, confortavelmente e com um um panorama geral das características da
“chamado „homem médio‟ simplesmente não
social. existe” e é esta afirmação que inspira a filosofia do mínimo de fadiga; o que permite ao usuário manter apropriação dos usuários e a percepção de
Jardim Universal, desenvolvida pelos criadores do uma posição corporal neutra, usando forças problemas e potencialidades. As visitas ocorreram
moderadas nas operações e minimizando ações a partir da visualização e anotação de informações
2. Fundamentação Teórica projeto. Este conceito de jardim busca aplicar os
preceitos do Desenho Universal, proporcionando repetitivas. técnicas sobre o local, registradas por meio de
De acordo com SOUZA (2003) os espaços livres uma apreensão do espaço a partir de elementos fotos, medições e desenhos de observação.
paisagísticos que estimulem os diferentes sentidos. 7. Dimensão e espaço para aproximação e uso - Possibilitou três estudos específicos: dos fluxos, da
são caracterizados como “espaços projetáveis
normalmente não edificados, com algum elemento Prover dimensão e espaço apropriados para o vegetação existente e dos usos das edificações do
configurador. Em um espaço livre urbano, por O termo Desenho Universal (DU) foi utilizado pela acesso ou para a mobilidade do usuário. Os entorno.
exemplo, esse elemento pode ser o próprio primeira vez em 1985 pelo arquiteto Ronald Mace, elementos importantes devem estar contidos no
entorno, as vias e as edificações adjacentes”. A idealizador do Centro de Desenho Universal da campo visual de qualquer usuário, sentado ou de 3.1.1 Estudo dos principais fluxos
classificação dos espaços livres pode ser feita de Carolina do Norte (EUA) e é definido como uma pé.
acordo com a Propriedade, público versus privado; filosofia de projeto que compreende as Permitiu a identificação da quantidade de pessoas
e com a Função, circulação versus permanência. necessidades individuais surgidas na interação do Juntamente com os princípios do DU, o Jardim que utiliza a praça bem como as rotas mais visadas,
Seguindo esta lógica, as praças e parques são homem com o espaço construído. Busca viabilizar Universal para a UFSC se inspirou em soluções já possibilitando também a percepção de quais
entendidos como espaços livres públicos de a independência durante a realização de atividades existentes nos Jardins Sensoriais. O objetivo desses horários e dias da semana ocorre maior frequência
permanência. motoras e cognitivas, fazendo-se valer de projetos é estimular os sentidos das pessoas a partir de uso. A constatação foi realizada de maneira
mecanismos que facilitem o uso, atribuindo dos atributos existentes nos elementos projetuais empírica, em visitas feitas em horários
A cidade moderna, caracterizada pela densificação segurança e conforto aos espaços e seus implantados no espaço. A melhor integração ao determinados para observação. Devido ao método
e verticalização das edificações, acarreta uma série componentes, tornando-os acessíveis. Sua prática é ambiente depende também da potencialização das empregado, os dados conseguidos não são
de problemas ambientais e sociais. Seu realizada na adoção de sete princípios norteadores, habilidades perceptivas que cada indivíduo possui. quantificados. Portanto, utiliza-se uma escala de
crescimento desenfreado resulta na diminuição dos listados a seguir: cores para a intensidade de fluxo a fim de ilustrar
sítios naturais e na piora da qualidade de vida Portanto, para atingir este objetivo, são utilizadas os resultados (ver figura 5). Este diagnóstico
urbana. A ênfase e o cuidado com os espaços livres 1. Uso equitativo – O desenho do ambiente diferentes formas, cores, texturas e odores nos auxilia o traçado dos caminhos num novo projeto,
representam a amenização deste processo, possibilita o uso por pessoas com habilidades elementos que compõem o jardim. Exemplos de buscando a melhor adequação à demanda.
possibilitando a interação democrática da diversas, possuindo o mesmo significado de uso soluções para o enriquecimento do espaço e do
população urbana. para todas quando possível ou equivalente quando
78 não for possível, impedindo a segregação.
leque de sensações proporcionadas podem ser: o
uso de plantas que exalem perfumes; canteiros com
A existência de espaços livres no contexto da diferenças de nível - estimulando o sentido háptico
cidade é de fundamental importância. Possuem 2. Uso flexível – O desenho acomoda uma larga
- e até mesmo o contrastes de cores em pisos e em
uma Função Organizacional, ao auxiliarem na faixa de preferências e habilidades individuais,
plantas com floração intensa, setorizando o espaço
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um centro de convívio para os estudantes. Estas 3.3.1 Simulações Gráficas


modificações no entorno imediato do espaço livre
acarretarão mudança nos fluxos, e o novo projeto Buscaram auxiliar no processo de caracterização
deverá se adequar às futuras rotas. do espaço a partir do uso de dados científicos,
RU permitindo informações que não seriam tão
Centro de 3.2 Entrevistas precisas se obtidas através da simples observação e
Convivência
que demandariam muito mais tempo para serem
A pesquisa com os usuários da praça permitiu conseguidas. A partir das simulações foi possível
levantar informações a respeito do uso do espaço, estudar a projeção da sombra das edificações nos
das insatisfações e dos desejos dos que freqüentam espaços abertos (ver figura 8).
RU o local. Estes dados foram obtidos a partir de uma
amostra de 60 pessoas. O procedimento foi
realizado com a aplicação de um formulário
Centro de Cultura
simples onde constavam as seguintes perguntas:
Agecom e Eventos Qual sua atividade na UFSC? Em qual período RU
Figura 5 – Estudo dos Fluxos: Linhas Amarelas, baixo você costuma freqüentar esta praça? Em que dias
fluxo; Linhas Laranjas, médio fluxo; Linhas Marrons, da semana você costuma freqüentar a praça? Que Centro de
alto fluxo. tipos de espaços você gostaria que estivessem Convivência

disponíveis neste local? Qual o maior problema


3.1.2 Levantamento da Vegetação Existente desta área? E você almoçaria em uma área externa
ao Restaurante Universitário?
Possibilitou o conhecimento das atuais espécies da Figura 6 – Exemplo de vegetação que será mantida:
praça, permitindo a seleção de quais exemplares Guarapuvu (Schizolobium Parahyba).
A partir da análise dos dados, foi possível RU

devem ou não ser mantidos no projeto. Esta comprovar algumas constatações dos projetistas a
escolha foi feita considerando o porte da planta respeito da dinâmica do espaço e obter novas
bem como sua adequação ao local. O estudo foi informações. Concluiu-se que a maioria dos
realizado através do registro em fotografias e da entrevistados é estudante da universidade e Centro de Cultura
e Eventos
identificação da localização e da quantidade de freqüenta a praça durante os dias de semana, Agecom

exemplares de cada espécie. principalmente ao meio dia, devido ao uso do Figura 8 – Exemplo da incidência solar: 21 de Junho,
Restaurante Universitário. Apontam que seria 12:00.
As espécies foram categorizadas em: exemplares muito bom ter locais de convívio social disponíveis
que permaneceriam na praça exatamente onde para o uso, já que indicam como um dos maiores O procedimento foi realizado com o auxílio do
estão; exemplares que seriam mantidos na praça, problemas do espaço a ausência de bancos e programa computacional Sketchup, sendo
mas replantados em uma área diferente; mesas. Ainda afirmam, em maioria absoluta, que desenvolvida uma maquete eletrônica com as
exemplares que seriam removidos para replantio almoçariam em áreas externas ao RU se estas medidas exatas dos edifícios que circundam a
em outra localidade do campus e exemplares que existissem. praça. Logo após, o modelo foi posicionado de
seriam simplesmente removidos. Na primeira acordo com a latitude de Florianópolis e
categoria ficaram as árvores de grande porte que Figura 7 – Exemplo de Vegetação que será replantada: Apesar da pouca representatividade da amostra, é direcionado em função do norte geográfico. Assim
Areka-bambu (Dypsis lutescens) foi possível verificar o comportamento solar
são as que marcam visualmente a paisagem; entre possível desenvolver algumas soluções para
elas um Guarapuvu (ver figura 6) e alguns Ingás. adequar a praça aos anseios de quem a utiliza. durante alguns meses do ano (verão e inverno) nos
3.1.3 Estudo dos usos das edificações do entorno horários de maior utilização do espaço.
Na segunda categoria estão algumas árvores 3.3 Pesquisas de suporte ao desenvolvimento do
Além da observação da maneira como são A percepção da incidência solar permitiu o
frutíferas como a goiabeira; na terceira projeto
utilizados os prédios ao redor da praça e quem os reconhecimento de locais potenciais para a
classificação estão árvores de pequeno porte que utiliza, foram colhidas informações junto à
aparecem repetidamente na praça, mas que não Em uma etapa posterior, após o lançamento do permanência do usuário, indicando áreas onde a
Prefeitura do Campus a respeito de reformas e partido, surgiu a necessidade da realização de utilização de determinados tipos de vegetação se
valorizam o ambiente e não possuem uma novas construções que podem afetar a dinâmica
característica marcante para serem exploradas novos estudos tanto para ajustar melhor os fazia necessária pelo excesso de insolação.
dos fluxos. diferentes espaços de permanência e circulação às
sensorialmente (ver figura 7). Na última categoria
estão alguns arbustos que rodeavam o lago e características climáticas, quanto para uma melhor 3.3.2 Pesquisa e Classificação de Espécies
Uma informação importante obtida junto à adequação dos materiais e espécies vegetais. Vegetais
árvores mal cuidadas que dificilmente resistiriam
80 ao replantio, como é o caso dos salgueiro-chorões
universidade foi a descoberta da construção de um Foram feitos então os seguintes procedimentos:
novo edifício ao lado do Restaurante Universitário, Este estudo permitiu a análise de diferentes
ao redor do lago. que servirá também para o fornecimento de espécies, o que resultou em uma escolha das que
refeições. Uma parte do RU, localizada no entorno melhor se adequariam ao local. Para isto foram
da praça, deve ser desativada e transformada em considerados as épocas de frutificação e de
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Quanto ao caminho sinuoso, é um passeio


floração e o grau de emissão de odores a fim de 4. Resultados secundário mais ligado à natureza (apreciação do
gerar uma diversificação de atributos para explorar verde, do lago) cujo transitar pode ser feito de
os sentidos humanos. O Projeto Final, embasado nos estudos realizados, modo mais lento, desconectado do fluxo mais
é a materialização dos preceitos do Desenho intenso. Para que esta marcação fique evidente,
Para se chegar ao resultado final, foram feitas Universal, citados na Fundamentação Teórica, possui um piso diferenciado do usado no restante
pesquisas em livros de botânica e consultas com transformando um espaço pouco qualificado em da praça. O material escolhido para a
paisagistas experientes em projetos de áreas uma área de lazer agradável e acessível a todos. pavimentação deste percurso foi o petit pavê
externas. Foi dada preferência às espécies nativas Além dos condicionantes naturais do terreno soma- devido sua fácil obtenção e possibilidade de
pela facilidade de obtenção de exemplares, menor se o projeto em execução de um deck no entorno estimular o tato através do contato com os pés, sem
custo e maior adaptabilidade ao clima local. Cada do lago, idealizado por outra equipe do curso de impedir o transitar dos cadeirantes, desde que seja
espécie foi selecionada por suas características Arquitetura e Urbanismo da UFSC. bem executado. Além disso, este tipo de piso faz
mais relevantes, atendendo necessidades de uma referência à Praça da Cidadania, localizada no
conforto ambiental ou de exploração dos sentidos, 4.1 Partido Geral Campus da UFSC, projetada por Roberto Burle
por exemplo. Esta pesquisa gerou tabelas e fichas Marx.
de vegetação de cada espécie com as suas No projeto desenvolvido pelo Grupo
informações mais importantes, tais como época e PET/Arquitetura pouco do que havia na praça
Figura 9 – Partido Arquitetônico: 1. Lago, 2. Área verde Nos canteiros, como forração principal foi
cor da floração e época de frutificação. original foi mantido. Excetuando algumas árvores
Orgânica, 3. Área Reticulada, 4. Alameda limitando a utilizada a grama esmeralda (Zoysia japonica),
de grande porte e o lago, o novo partido exigiu Praça e 5. Caminho Sensorial. pois é pisoteável e de fácil manutenção.
A partir de uma pré-seleção das espécies de transformações no sistema de circulação e nas Combinada com esta espécie foram usados
interesse e da sua disposição inicial no desenho do áreas de permanência, o que resultou em alterações Para facilitar o detalhamento dos elementos e inúmeros outros tipos de forrações e de arbustos. A
projeto, foram simuladas situações de floração em de todos os elementos de composição paisagística, soluções encontradas no projeto, dividimos sua escolha das plantas foi feita a partir da: a) emissão
determinados meses do ano, buscando obter uma tais como piso, vegetação e mobiliário. É apresentação de acordo com as duas áreas já de odores – Gardênia (Gardênia jasminoides),
idéia dos efeitos possíveis geradas pelas importante ressaltar que as mudanças realizadas descritas. Lavanda (Lavandula angustifólia), Alecrim
combinações de cores. O procedimento foi foram essenciais para adequar o espaço às (Rosmarinus officinalis), Lantana (Lantana
realizado com o auxílio dos softwares Sketchup e necessidades dos usuários e à idéia de Jardim 4.11 Área verde orgânica camara), Malva (Malva sylvestris), Dama da Noite
CorelDraw em simulações nos meses de agosto e Universal. (Cestrum nocturnum) e Madressilva (Lonicera
dezembro. Este estudo ilustrativo facilitou a
O conjunto que forma esta área fica nas japonica); b) textura – Aspargo-pluma (Asparagus
visualização dos dados levantados nas tabelas de O partido arquitetônico implantado no projeto é extremidades da praça, perto da rua e do centro de meyers), Grama preta (Ophiopogon japonicus) e
floração e frutificação e também permitiu a caracterizado por uma extensa área verde de Cultura e Eventos (ver figura 10), sendo composto Barba-de-serpente (Liriope muscari); E c) cor –
constatação de que haveria flores e frutas em quase formato orgânico que contém um caminho por sete canteiros cortados por um caminho Agapanto (Agapanthus africanus), Cacto-
todos os meses do ano, de acordo com a intenção sensorial e que abraça o lago e contorna o Centro sinuoso, onde se pretende explorar os canais de margarida (Lampranthus productus) e Azaléia
dos projetistas. de Convivência. Além dessa área verde, o partido percepção sensorial através do paisagismo. A (Rhododendron indicum).
também é composto por um espaço reticulado disposição das espécies vegetais visa estimular o
Além das tabelas, foram feitas fichas de cada formado de bancos e árvores criando uma usuário a partir de suas diferentes texturas, odores Além das forrações e arbustos, que foram
espécie com as suas informações mais importantes centralidade para a Praça. Por último, a alameda, e cores. Além disso, foram utilizadas árvores que organizados em diferentes combinações nos
visando gerar, no projeto, soluções paisagísticas de junto à entrada do RU, ajuda a delimitar a praça
frutificam e atraem animais, promovendo a canteiros a fim de garantir ao usuário uma
acordo com a intenção dos projetistas. criando áreas de estar sombreadas (ver figura 9).
existência de diferentes elementos para explorar o sensação de acolhimento e destaque visual, árvores
paladar, o olfato e a audição. frutíferas também foram escolhidas para esta área:
3.3.3 Pesquisa e escolha de pisos No projeto proposto, os limites da praça tornam-se
Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), Goiabeira
bem marcados a partir do desenho dos canteiros,
A pesquisa, realizada através do uso de livros e da (Psidium guajava), Pitangueira (Eugenia uniflora),
dando-lhe uma identidade definida. Além disto, um
internet, possibilitou a pré-seleção de alguns tipos Araçá (Psidium cattleianum) e Amora (Morus
dos aspectos trabalhados é a relação interior/
de piso. Para a escolha final foram realizadas nigra). A composição que formam ajuda a
exterior da praça, antes tão deficiente. Prova desta
consultorias junto a profissionais da área, organizar tridimensionalmente o espaço, pois
integração é a instalação de bancos e mesas
permitindo a escolha dos pisos mais adequados sob delimitam os canteiros, formando uma seqüência e
aproveitando a sombra das árvores, na área
o ponto de vista das normas da acessibilidade, contornando a parte externa da área verde
reticulada (ver nº3 na figura 9), espaço que pode
principalmente quanto a critérios de regularidade e orgânica. É um referencial para pessoas com
dar continuidade as atividades realizadas no RU e
rugosidade. Foram muito importantes também deficiência visual, pois identificam o local onde se
no Centro de Convivência. Além de favorecer a
características como a fácil manutenção, o custo e permanência dos usuários, neste espaço, foi encontram a partir da emissão de odores.
82 a disponibilidade de obtenção na região. prevista a possibilidade de exposições artísticas ao
ar livre nesta área. 4.1.2 Área Reticulada

Figura 10 – Área Orgânica envolvendo o Lago. Agregado à área verde orgânica, elaborou-se um
espaço reticulado pavimentado, no centro da Praça,
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composto por locais sombreados para o convívio adequá-lo aos preceitos do DU. Uma das medidas
social. Buscou-se assegurar uma infra-estrutura que prevê a aplicação do Uso Eqüitativo, primeiro A implantação de uma pavimentação adequada, 6. Referências Bibliográficas
adequada e gerar eixos visuais marcados tanto pelo princípio, é a distância entre os canteiros da área regular, não deslizante e nivelada auxilia a
mobiliário quanto pela vegetação, a fim de reticulada e o tipo de banco empregado, permitindo diminuição do Esforço Físico em relação ao BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
proporcionar uma fácil orientação dos usuários a aproximação dos usuários cadeirantes e a deslocamento de qualquer usuário, e 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
(ver figura 12). acomodação destes ao lado dos bancos, sem principalmente daqueles com dificuldade de nacional. Brasília, 1996. Disponível em:
obstruir a passagem de outras pessoas. Se adéqua movimento ou que utilizam cadeiras de rodas. <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescol
ao princípio citado por permitir que todos utilizem Seguindo o mesmo princípio de Baixo Esforço a/leis/lein9394.pdf > Acesso em 30/11/09.
o ambiente sem nenhum constrangimento. Físico, a instalação de bancos ao longo dos
percursos traz a todos os usuários, principalmente PANERO, Julius; ZELNIK, Martin.
Como exemplo de Uso Flexível, o percurso aos idosos, a possibilidade de sentar-se com Dimensionamento humano para espaços
sensorial foi desenvolvido tanto para usuários com conforto para descansar. interiores. um livro de consulta e referência para
deficiência visual, que necessitam de um projetos. Tradução de Anita Regina de Marco.
referencial para locomover-se, quanto para aqueles A respeito da Dimensão e Espaço para Barcelona, Editorial Gustavo Gili, 2002
que querem apenas desfrutar da área do lago e dos Apropriação e uso adequados, sétimo princípio do
canteiros que o rodeiam, experimentando as DU, a largura dos passeios e a disposição da SOUZA, Juliana Castro. Análise da Paisagem:
diversas sensações que este caminho oferece. vegetação escolhida nos espaços permitem que o Instrumento de Intervenção nos Espaços
essencial na praça esteja visível e identificável, Livres da Lagoa da Conceição, Florianópolis.
O projeto desta praça, contando também com a como o lago, a área de convivência, o caminho 2003. Dissertação (Mestrado em
Figura 12 – Vista para o espaço reticulado. implantação de um percurso podotátil (ver figura sensorial e os edifícios que contornam a praça. Engenharia de Produção) – Universidade Federal
13), atende ao princípio de Uso Simples e de Santa Catarina, Florianópolis, 2003
Para garantir a existência de sombra o ano todo e Intuitivo, garantindo a circulação independente da 5. Conclusão
um efeito visual imponente através da floração, pessoa com deficiência visual através das THE CENTER FOR UNIVERSAL DESIGN.
foram escolhidas três espécies arbóreas dispostas indicações que as ranhuras do piso oferecem. O Nos últimos anos, o número crescente de normas e NORTH CAROLINA UNIVERSITY. Disponível
nos canteiros quadrangulares: a Quaresmeira percurso criado conecta os principais edifícios que de leis relativas à acessibilidade demonstra a em:
(Tibouchina granulosa), a Cássia Amarela (Senna delimitam a praça e possibilita a apreensão total do importância de promover uma maior inclusão <http://www.design.ncsu.edu/cud/about_us/usron
multijuga) e o Ipê- Amarelo (Tabebuia espaço e a liberdade de circulação para as social daqueles com deficiência. mace.htm > Acesso em 30/11/09.
chrysotricha), árvore símbolo do estado de Santa diferentes áreas da praça.
Catarina. O efeito é produzido pela disposição em No entanto, talvez a ausência de conhecimento dos UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
diagonal das diferentes espécies e também pela arquitetos e engenheiros sobre o tema seja um dos CATARINA. Missão da UFSC. Florianópolis,
época de floração de cada uma - evidenciado nos fatores responsáveis pela maioria dos espaços 1993. Disponível em:
estudos de floração - mesclando o amarelo das públicos ainda não se encontrar de acordo com esta <http://www.ufsc.br/paginas/missao.php.> Acesso
flores do Ipê e da Cássia com o roxo das flores da legislação. Sabe-se que espaços livres ou em: 23 fevereiro 2010.
Quaresmeira e o verde das folhas, quando as edificações não acessíveis podem impedir o direito
árvores não estão floridas. de todos na participação de atividades – como
lazer, educação e trabalho – e segregá-los
Delimitando alguns dos canteiros onde estarão socialmente.
dispostas as árvores, foram colocados bancos
retangulares que organizam e evidenciam a sua A Universidade Federal, caracterizada como uma
disposição ortogonal. As forrações usadas para instituição pública e democrática, de pensamento
preencher estes bancos são algumas das usadas na livre, tem como missão aplicar o saber “na
área verde orgânica. Figura 13 – Vista da Praça com o piso podotátil em
vermelho.
construção de uma sociedade justa e democrática e
na defesa da qualidade de vida”.
Para a pavimentação da Praça, foi escolhido o piso (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
intertravado, uma vez que este apresenta mais Quanto à Informação de Fácil Compreensão, foram
tomadas medidas para comunicar da melhor CATARINA, 1993)
vantagens em relação aos outros pesquisados. É de
fácil instalação e manutenção, possui baixo custo e maneira possível o que o usuário precisa saber
sobre o espaço. Junto ao início do trajeto podotátil, Cabe, portanto, à comunidade científica, além de
ainda permite a drenagem de parte da água da produzir estudos relacionados ao DU e à
chuva. em duas “esquinas” da praça, foram colocados
mapas táteis da área, de forma a facilitar a Acessibilidade, aplicar o conhecimento gerado por
formação de uma imagem mental da Praça e dos meio de pesquisas no seu Campus, apresentando à
84 percursos, principalmente por usuários com sociedade modelos inovadores de arquitetura que
4.2 Aplicação dos Princípios do DU reflitam as mudanças sociais.
deficiência visual.
Ao realizar o projeto do Jardim Universal,
inúmeras medidas e soluções foram adotadas para
Desenvolvimento de um Jardim Universal: um projeto O campus da UFSC atualmente é marcado pela ausência de espaços livres que justifiquem o
estar, situação agravada pela construção de novas edificações, o que dificulta a possibilidade de
paisagístico para o Campus da Universidade Federal de Santa um tratamento paisagístico adequado. Além disso, a maior parte das áreas livres existentes
Catarina estão degradadas em função da pouca manutenção.
Este projeto foi desenvolvido pelo GRUPO PET Arquitetura e Urbanismo, a convite da reitoria da
Vera H. M. Bins Ely (1) Juliana Castro (2) Vanessa Goulart Dorneles (3) Marcio Thomasi da
Universidade, que ciente do desenvolvimento de pesquisas voltadas para o Desenho Universal,
Silva (4) Patrícia Schappo (5)
procurou o grupo para que se desenvolvesse um projeto de paisagismo diferenciado dentro da
(1) Dep. de Arquitetura e Urbanismo, UFSC, Brasil. e-mail: vera.binsely@gmail.com UFSC. O projeto consiste, portanto, na reforma de uma praça existente do Campus que deveria
(2) Arquiteta e Urbanista, Brasil. e-mail: Juliana@jardinseafins.com.br se adequar a novos usos das edificações do entorno: o Restaurante Universitário, o Centro de
(3) Dep. de Arquitetura e Urbanismo, UFSC, Brasil. e-mail: arq.vanessadorneles@gmail.com Convivência (centro onde são realizadas oficinas, exposições e reuniões estudantís) e o Centro
(4) Dep. de Arquitetura e Urbanismo, UFSC, Brasil. e-mail: marciothomasi@gmail.com de Cultura e Eventos (centro para a realização de formaturas, simpósios, congressos, que
(4) Dep. de Arquitetura e Urbanismo, UFSC, Brasil. e-mail: patischappo@hotmail.com contém uma praça de alimentação). Vale ressaltar ainda, que o espaço localiza-se ao lado da
Praça da Cidadania (em frente à Reitoria do campus), projetada por Roberto Burle Marx (figura
2).
Resumo: O Campus da Universidade Federal de Santa Catarina possui poucos espaços livres e
públicos, e, os existentes estão pouco qualificados para o uso, devido à ausência de
manutenção. Neste contexto, foi desenvolvida uma proposta de projeto paisagístico para uma
importante praça da universidade, localizada entre alguns dos edifícios de maior fluxo de
pessoas no Campus Trindade. O objetivo do projeto é transformar um espaço degradado em um
local de lazer e convivência, onde estudantes, servidores do campus e a comunidade ao redor
da UFSC possam usufruir de uma praça rica em experiências sensoriais obtidas através do
paisagismo. Assim, com a aplicação dos princípios do Desenho Universal foi criado o projeto de
um Jardim Universal, que visa proporcionar a convivência de todas as pessoas. Soma-se a isto
o emprego de soluções sustentáveis, tornando a praça um estímulo para que outras iniciativas
sigam o exemplo.
Palavras-chave: Projeto de Paisagismo, Desenho Universal, Sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta o desenvolvimento de um projeto de paisagismo de um Jardim Universal
para uma área caracterizada por uma grande circulação de usuários dentro do Campus
Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
A UFSC, além de ser uma instituição científica baseada no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão,
configura-se como o ambiente de lazer da população que habita os bairros ao redor do campus: FIGURA 2 - Foto aérea da praça e do seu entorno; à direita a Praça da Cidadania, projetada por Roberto
Trindade, Corrego Grande, Pantanal e Serrinha. Esta situação ocorre devido à carência de Burle Marx
espaços livres e públicos na cidade de Florianópolis.
Atualmente a praça em estudo encontra-se degradada pela ausência de um projeto paisagístico
adequado, caracterizando-se pela existência de caminhos radiais e de um lago, sendo utilizada
na maioria das vezes como um ambiente de passagem para aqueles que utilizam as edificações
do seu entorno.
2.2 10º Enepea
Assim, foi desenvolvido um projeto mais específico para a área, que será apresentado no
10º Encontro Nacional de decorrer do artigo.
Ensino de Paisagismo em Escolas
de Arquitetura e Urbanismo no 2. OBJETIVO
Brasil. O objetivo deste artigo é apresentar o desenvolvimento de um projeto paisagístico que foge aos
padrões tradicionais, ou seja, que busca dentro dos conceitos de Desenho Universal criar um
espaço cuja inclusão social seja efetiva. Este projeto visa que todas as pessoas, independente
de suas características físicas, possam utilizar o espaço com autonomia, conforto e segurança.
O projeto é voltado tanto para o público universitário, notadamente jovem, como também para
86 toda a população do entorno da UFSC, transformando a praça em um espaço livre e público
FIGURA 1 - Foto aérea do Campus Trindade da UFSC e seus limites (vermelho) em amarelo a área da qualificado para o lazer de toda a população da cidade.
praça para intervenção.
Assim, para que todas as pessoas, incluindo aquelas com necessidades especiais, pudessem sítio. Além disso, é importante identificar as necessidades dos usuários e procurar atendê-las ao
usufruir o espaço, buscou-se a inspiração em projetos de jardins sensoriais, adotando algumas máximo no projeto.
das soluções empregadas nestes. O objetivo é estimular os sentidos dos usuários a partir dos
Para isso foram utilizados os seguintes métodos: revisão bibliográfica, visitas exploratórias e
atributos existentes nos elementos naturais e construídos, pois a melhor integração ao ambiente
entrevistas.
depende muito da potencialização das habilidades perceptivas que cada indivíduo possui.
4.1. Revisão Bibliográfica
3. JUSTIFICATIVA
Consiste em retomar a fundamentação teórica realizada antes do desenvolvimento do projeto.
O projeto do Jardim Universal para a UFSC nasce da intenção de reformar o espaço não apenas
Os temas estudados são tratados a seguir.
para torná-lo mais agradável e funcional, mas também para agregar à praça a acessibilidade e a
possibilidade de um uso autônomo por todas as pessoas, independente de suas características 4.1.1. A importância do espaço livre e público
pessoais.
A cidade moderna, caracterizada pelo crescimento urbano desenfreado, a impermeabilização do
A área de aplicação do projeto, embora seja um local por onde passam milhares de pessoas solo e a verticalização, deflagra uma série de problemas ambientais e sociais, como a
diariamente, está subutilizada pela ausência de atrativos naturais e pela falta de mobiliário que diminuição dos sítios naturais e a piora na qualidade de vida da população. Por consequência,
possibilite a permanência dos usuários. A apropriação do espaço também é dificultada pela os espaços livres e públicos tornam-se raros e importantes, rompendo a monotonia cinzenta da
inexistência de relação entre as atividades realizadas no interior das edificações do entorno e o paisagem urbana e constituindo-se como um lugar destinado à tranquilidade e à paz.
espaço externo que constitui a praça.
Os espaços com esta característica possuem inúmeras funções. Pode-se citar a Função
O principal atrativo do local constitui-se num lago próximo à borda que faz a conexão com a Organizacional, pois auxiliam na infra-estrutura urbana, configurando o desenho da cidade; a
Praça da Cidadania; este recentemente passou por uma reforma, recebendo novo mobiliário e Função Ecológica, pois estruturam áreas de proteção, funcionando como um regulador térmico
tornando-se mais adequado para a permanência de usuários. Apesar de ser uma iniciativa da urbe e melhorando o micro clima urbano e as condições de drenagem; a Função Cultural, já
inteligente da universidade, a revitalização do lago ratifica ainda mais a importância da que fortalecem a identidade local; e a Função Social, pois são agentes essenciais para a
implantação de um projeto paisagístico que recupere o restante da área, visto que se tornou integração, o lazer e a convivência das pessoas na sociedade, proporcionando uma vida mais
mais evidente a carência de um tratamento adequado para a praça. saudável fisiológica e psicologicamente.
Os principais problemas que justificam a nova proposta são: o projeto que não aproveita bem a Souza (2003) define os espaços livres e públicos como “espaços projetáveis normalmente não
topografia do sítio – amplo e plano; o traçado radial dos caminhos - que possui uma centralidade edificados, com algum elemento configurador”. Em um espaço livre urbano este elemento pode
não justificada por nenhum atrativo (natural ou construído) e não atende os principais fluxos das ser o próprio entorno, as vias e as edificações adjacentes. A classificação destes pode ser feita
pessoas (sendo necessário desviar-se dos canteiros ou simplesmente passar por cima deles de acordo com a Propriedade, público versus privado, e com a Função, circulação versus
para cortar caminho); e a deficiência da drenagem do solo, que foi minimizada com a reforma da permanência. Neste contexto, praças e parques podem ser entendidos como espaços livres e
área do lago, mas que continua existindo em situações de chuvas mais prolongadas, públicos de permanência, considerados um ponto de encontro de fluxos, realizando um papel
ocasionando o alagamento de boa área da praça, inclusive dos caminhos. não só de descanso e contemplação, mas também de estímulo à criatividade, com atividades
culturais e de lazer, físico ou mental.
Machado (2007) destaca “Ora, a praça não deve ser conservada porque é uma paisagem
notável. Mas simplesmente – e basta – porque é uma praça.”, o que ratifica o aumento de
projetos de praças para a população.

4.1.2. Contribuições do Desenho Universal


Os espaços livres e públicos, considerando as praças, são determinantes para proporcionar a
socialização da população urbana diversificada, culturalmente e também em relação às suas
capacidades fisiológicas e psicossociais. Entende-se também que um espaço livre e público
possui intrinsecamente a noção de “espaço democrático”, sendo portanto necessária a sua
adequação ao uso das mais diversas pessoas. De acordo com Panero e Zelnik (2002, p 37), o
“chamado „homem médio‟ simplesmente não existe”. Esta afirmação inspira a idéia do “Jardim
Universal”, desenvolvida pelos projetistas da praça, que busca aplicar os preceitos do Desenho
Universal - DU através da criação de um projeto que permite a apreensão do espaço através
dos elementos paisagísticos.
O DU foi utilizado pela primeira vez em 1985 pelo arquiteto Ronald Mace, idealizador do Centro
FIGURA 3 – Vista dos caminhos radiais a partir do centro da praça e das edificações do entorno,
identificadas.
de Desenho Universal da Carolina do Norte, e consiste num modo de projetar que compreende
as necessidades individuais surgidas na interação do homem com o espaço construído. Busca
88 4. MÉTODO EMPREGADO
viabilizar a independência durante a realização de atividades motoras e cognitivas, fazendo-se
valer de mecanismos que facilitem o uso e atribuam segurança e conforto aos espaços e seus
O êxito do projeto paisagístico depende do conhecimento teórico-científico do tema, do componentes, tornando-os acessíveis. Para atingir seu propósito, o DU possui sete princípios
levantamento das condicionantes ambientais e da percepção das potencialidades e carências do norteadores: Uso equitativo; Uso flexível; Uso simples e intuitivo; Informação de fácil percepção;
Tolerância ao erro; Baixo esforço físico e Dimensão e espaço para aproximação e uso, todos
Permitiu a observação da maneira como são utilizadas as edificações ao redor da praça e quem
estes levados em consideração no projeto do Jardim Universal.
as utiliza, bem como incluiu a coleta de informações junto à Prefeitura do Campus a respeito de
reformas e novas construções que poderiam afetar a dinâmica dos fluxos.
4.2. Visitas Exploratórias
Uma informação importante obtida junto à universidade foi a descoberta da construção de um
Visitas exploratórias são uma aproximação com o local, permitindo um conhecimento mais
novo edifício ao lado do Restaurante Universitário, que servirá também para o fornecimento de
íntimo do funcionamento da praça. Assim foi possível traçar um panorama geral das
refeições. Paralelamente, uma das alas do RU, também localizada no entorno, deve ser
características da área e a apropriação dos usuários, percebendo problemas e potencialidades.
desativada e transformada em um centro de convívio de estudantes. Soma-se ainda a previsão
As visitas ocorreram a partir da visualização e anotação de informações técnicas sobre o local,
de uma reforma no Centro de Convivência e a existência de outros projetos na região da praça
registradas por fotos, medições e desenhos de observação. Destas resultaram três estudos
que ocorrem paralelos ao projeto desenvolvido pelo Grupo PET Arquitetura e Urbanismo. Estas
específicos: o dos fluxos, da vegetação existente e dos usos das edificações do entorno.
modificações no entorno imediato do espaço livre acarretarão mudança nos fluxos, sendo
necessário que o novo projeto se adéqüe às futuras rotas.
4.2.1. Estudo dos Fluxos Principais
Com este foi possível perceber quais as principais rotas utilizadas bem como quais horários e 4.3. Entrevistas
dias da semana a freqüência de pessoas é maior. A constatação foi feita de maneira empírica,
A pesquisa foi feita com os usuários em uma amostra de sessenta pessoas, onde se levantou
em visitas em horários determinados para a observação. A demonstração dos resultados, devido
informações a respeito do Uso do espaço, das insatisfações e dos desejos dos que freqüentam
ao método empregado, é feita com o uso de uma escala de cores de acordo com a intensidade
o local. O procedimento foi realizado com a aplicação de um formulário simples onde constavam
do fluxo, não quantificável (ver figura 4). Este diagnóstico auxiliou no traçado de novos
as seguintes perguntas: Qual a sua atividade na UFSC? Em qual período você costuma
caminhos, buscando a adequação à demanda.
freqüentar esta praça? Em que dias da semana você costuma freqüentar a praça? Que tipos de
espaço você gostaria que estivessem disponíveis neste local? Qual o maior problema da área?
E você almoçaria em uma área externa ao Restaurante Universitário?
A partir das respostas obtidas e da análise dos dados foi possível comprovar algumas
constatações dos projetistas a respeito da dinâmica do espaço e obter novas informações.
Conclui-se que a maioria dos entrevistados é estudante do campus e costuma freqüentar a
praça no período do meio dia, devido ao uso do Restaurante Universitário. Estes apontam que
seria muito bom ter locais de convívio social disponíveis para o uso, já que indicam como uma
das piores deficiências do espaço a ausência de bancos e mesas. Afirmam, ainda, em maioria
absoluta, que almoçariam em áreas externas ao RU, se estas existissem.
Apesar da pouca representatividade da amostra, é possível desenvolver soluções para adequar
a praça aos anseios de quem a utiliza.

5. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
FIGURA 4 – Estudo dos Fluxos: Linhas Amarelas, baixo fluxo; Linhas Laranjas, médio fluxo; Linhas Após o lançamento do anteprojeto, foram realizados outros estudos de modo a ajustar os
Marrons, alto fluxo. diferentes espaços de permanência e circulação às características climáticas e também para
uma melhor adequação de materiais e espécies vegetais a serem empregados. Foram feitos
4.2.2. Levantamento da Vegetação Existente então os seguintes procedimentos:
Possibilitou o conhecimento das atuais espécies presentes na praça e a escolha de quais
5.1. Simulações Gráficas
exemplares seriam mantidos ou não no novo projeto. A escolha foi feita considerando o porte da
planta bem como a sua adequação ao local onde está inserida. O estudo foi realizado através de Foram utilizadas para auxiliar no processo de caracterização do espaço a partir do uso de dados
registros fotográficos e da identificação da localização e da quantidade de exemplares de cada científicos, permitindo a obtenção de informações que não seriam tão precisas através da
espécie. simples observação e que demandariam muito mais tempo para serem obtidas. A partir das
simulações foi possível estudar a projeção da sombra das edificações no espaço aberto (ver
As espécies foram categorizadas em: exemplares que permaneceriam na praça exatamente
figura 5).
onde estão; exemplares que seriam mantidos na praça, mas replantados em uma área diferente;
exemplares que seriam removidos para replantio em outra localidade do campus e exemplares
que seriam simplesmente removidos. Na primeira categoria ficaram as árvores de grande porte
que marcam visualmente a paisagem, considerando um Guarapuvu e alguns Ingás. Na
segunda, ficaram algumas árvores frutíferas como a goiabeira. Na última, estão algumas árvores
de pequeno porte que aparecem repetidamente na praça, mas que não possuem uma
característica marcante para serem exploradas sensorialmente e nem valorizam visualmente o
90 espaço.

4.2.3. Análise dos Usos das Edificações do Entorno

5
6
5.3. Pesquisa e Classificação dos Revestimentos
A pesquisa, realizada através do uso de livros e da internet, possibilitou a pré-seleção de alguns
tipos de revestimentos para os pisos. Para a escolha final foram realizadas consultorias junto a
profissionais da área, permitindo a seleção mais adequados sob o ponto de vista das normas da
acessibilidade, principalmente quanto a critérios de regularidade e rugosidade. Foram muito
importantes também características como a fácil aplicação e manutenção, o custo e a
disponibilidade de obtenção na região.

6. RESULTADOS OBTIDOS

6.1. A Concepção do projeto a partir dos elementos paisagísticos

6.1.1. O partido arquitetônico a partir dos caminhos


Após a análise dos estudos feitos anteriormente, foram traçados os futuros fluxos em croqui,
junto com a vegetação de grande porte e o principal atrativo da praça – o lago – a fim de definir
áreas de estar, áreas de “massa verde” e áreas de contemplação da paisagem (ver figura 6).

FIGURA 5 – Exemplo da simulação de incidência solar: 21 de Junho, 12:00.


O procedimento foi realizado com o auxílio do programa computacional SketchUp, da empresa
GOOGLE, sendo desenvolvida uma maquete eletrônica com as medidas exatas das edificações
do entorno da praça. Em seguida o modelo foi posicionado de acordo com a latitude de
Florianópolis e direcionado em função do norte geográfico. Desta forma foi possível verificar o
comportamento solar durante os meses do ano (foco no verão e no inverno) e em alguns
horários de maior utilização do espaço.
A percepção da incidência solar permitiu o reconhecimento de locais potenciais ou não para a
permanência do usuário, indicando áreas onde o uso de determinados tipos de vegetação se
fazia necessário para minimizar o efeito do excesso de insolação.

5.2. Pesquisa e Classificação de Espécies Vegetais


Este estudo permitiu a análise de diferentes espécies, resultando na escolha das que melhor se
FIGURA 6 – Condicionantes naturais e principais fluxos visados
adequariam ao local. Para isto foram considerados as épocas de frutificação e de floração e o
grau de emissão de odores, a fim de gerar uma diversificação de atributos para explorar os Para os principais passeios que ligam um edifício à outro, foi garantida uma largura mínima de
sentidos humanos. quatro metros, distancia suficiente para comportar a circulação em ambos sentidos e
Para chegar ao resultado final, foram realizadas pesquisas em livros de botânica e consultas cadeirantes acompanhados.
com paisagistas experientes em projetos de áreas externas. Foi dada preferência às espécies Além dos caminhos de acesso rápido aos edifícios, foi elaborado um caminho alternativo onde o
nativas pela facilidade de obtenção de exemplares, menor custo e maior adaptabilidade ao clima usuário poderá circular pela praça e experimentá-la (ver nº 1 na figura 7), interagindo com a
local. Cada espécie foi selecionada por suas características mais relevantes, atendendo vegetação do ambiente. Este circuito alternativo, de piso diferenciado, conecta o futuro Centro
necessidades de conforto ambiental ou de exploração dos sentidos. Esta pesquisa gerou tabelas de Estudantes e o Centro de Convivência e percorre quase toda a extensão da praça, passando
e fichas de vegetação de cada espécie com as suas informações mais importantes, tais como respectivamente por uma área verde densamente arborizada (ver nº 2 na figura 7), por um
época e cor da floração e época de frutificação. espaço de contemplação do Lago (ver nº 3 na figura 7), pela frente da galeria da UFSC (ver nº 4
A partir de uma pré-seleção das espécies de interesse e da sua disposição inicial no desenho do na figura 7), que eventualmente exporá obras externas e, por fim, termina no acesso ao Centro
projeto foram simuladas situações de floração em determinados meses do ano, buscando obter de Convivência.
uma idéia dos efeitos possíveis gerados pelas combinações de cores. O procedimento foi
realizado com o auxílio novamente do software SketchUp em simulações nos meses de agosto
92 e dezembro. Este estudo ilustrativo facilitou a visualização dos dados levantados nas tabelas de
floração e frutificação e também permitiu a constatação de que haveria flores e frutas em quase
todos os meses do ano, de acordo com a intenção dos projetistas.

7 8
O projeto da praça, apesar da riqueza sensorial proporcionada e da adequação dos percursos
aos fluxos, ainda carecia de uma centralidade onde as pessoas tenham controle visual que
transmite segurança, entretém o olhar e é fundamental para o sucesso de um ambiente urbano
(JACOBS, 2003). Além disso, trata-se de um espaço público em uma universidade federal, logo
uma centralidade que propicia uma convivência cultural “é o lugar do discurso político (...) o
lugar onde os problemas se apresentam, tomam forma, ganham uma dimensão pública e,
simultaneamente, são resolvidos” (GOMES, 2002).
Portanto, foi desenvolvida uma área pavimentada com bancos, sombreada e de forma reticulada
a fim de proporcionar uma fácil compreensão do espaço (ver nº 5 na figura 6). Além disso, os
eixos criados a partir das arvores e do mobiliário dispostos em uma malha ortogonal facilita a
orientação dos usuários (ver figura 8). Priorizou-se o uso de árvores com floração intensa e que
garantisse a existência de sombra o ano todo. A Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a Cássia
Amarela (Senna miltijuga) e o Ipê Amarelo (Tabebuia chrysotricha) confeririam um efeito visual
imponente.

FIGURA 7 – Esquema sem árvores mostrando ambientes e atrativos criados: nº 1- Caminho alternativo
revestido em Petit pavê; nº 2 – Área verde arborizada; nº 3 – Área para contemplação; nº 4 - Área externa
à galeria da UFSC; nº 5 - Centralidade arborizada com mobiliário para o estar; nº 6 – Jardins de chuva.
Em vermelho, percurso podotátil para cego ou pessoa com baixa visão.
Para o deslocamento seguro das pessoas com deficiência visual foram impalntados pisos
podotáteis nos principais trajetos da praça. Além disso, dois mapas táteis foram dispostos nas
principais entradas dos principais edifícios – o Restaurante Universitário, o Centro de
Convivência e Centro de Cultura e Eventos (ver figura 6).

6.1.2. O partido arquitetônico – utilizando a vegetação


Para a área verde densamente arborizada (ver figura 7), citada anteriormente, foram escolhidas
árvores frutíferas que facilmente se desenvolvem na localidade. Entre elas estão a Jabuticabeira FIGURA 8 – Espaço central seguro e da convivência. Na lateral esquerda, o Jardim de Chuva.
(Myrciaria cauliflora), a Pitangueira (Eugenia uniflora), o Araçá (Psidium cattleianum) a Amora
(Morus nigra) e ainda exemplares de Goiabeiras (Psidium guajava) relocadas de outra parte da 6.2. A Concepção do projeto e as estratégias ambientais
praça atual.
Visando solucionar o atual problema da drenagem da água da chuva que a praça apresenta, foi
Esta escolha foi tomada diante da possibilidade de estimular o paladar dos usuários e atrair disposta, nas áreas mais críticas, uma espécie de jardim de chuva (ver nº 6 na figura 6); este,
animais que emitem sons, o que enriqueceria o leque de sensações proporcionadas pela praça. composto superficialmente por pedriscos e com cota de nível menor, funciona como um
Para facilitar o acesso do usuário às arvores frutíferas, foi utilizada a grama esmeralda (Zoysia reservatório profundo de água e, quando cheio, libera aos poucos a água para o solo. Além das
japônica), uma forração pisoteável e de fácil manutenção. Já nos canteiros que enquadram o pedras, foram aplicados exemplares de Bromélia Imperial (Alcantarea imperiali) e de Agave-
lago e que acompanham o caminho alternativo foram organizados diferentes combinações de Dragão (Agave atenuatta) a fim de criar um jardim ornamental para a contemplação (ver figura
forrações e arbustos a fim de garantir ao usuário uma sensação de acolhimento e destaque 8).
visual e olfativo. Portanto optou-se por forrações de floração e odor predominante como
Gardênia (Gardênia jasminioides), Lavanda (Lavandula angustifólia), Alecrim (Rosmarinus 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
officinalis), Lantana (Lantana camara), Malva (malva sylvestris), Dama da noite (Cestrum
noctornum), Agapanto (Agapanthus africanus), Cacto-margarida (Lamprathus productur) e por Desenvolver um projeto paisagístico em parceria com a universidade para uma região tão
fim a Azaléia (Rhododendron indicum). importante do campus é sem dúvida um grande desafio e também um ótima oportunidade de
aprendizado.
94 6.1.3. O partido arquitetônico – a solução para a ausência de centralidade A parceria com a reitoria acelera o andamento do processo e indica a preocupação da
administração central em preservar os espaços livres consolidados do campus da UFSC. No
entanto, percebe-se que assim como em inúmeras outras situações em que o projeto está

9 10
associado à iniciativa pública, o atrelamento à Universidade gera inúmeros outros MACHADO, Paulo Affonso Leme. in Direito Ambiental Brasileiro, Ed. Malheiros Editores, 4ª
condicionantes a serem considerados no ato de projetar. edição. São Paulo: 2007.
O maior desafio encontrado foi a adequação do Jardim Universal a outros projetos que ocorrem PANERO, Julius; ZELNIK, Martin. Dimensionamento humano para espaços interiores. um livro
concomitantes na universidade, para a mesma região. Como citado anteriormente, este projeto de consulta e referência para projetos. Tradução de Anita Regina de Marco. Barcelona, Editorial
foi fruto de uma reorganização de uma área livre da UFSC juntamente com a reforma dos Gustavo Gili, 2002.
edifícios em seu entorno, que afetam principalmente o traçado dos percursos a serem desejados
SOUZA, Juliana Castro. Análise da Paisagem: Instrumento de Intervenção nos Espaços Livres
pelos usuários (ver figura 9).
da Lagoa da Conceição, Florianópolis. 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis: 2003.

.
FIGURA 9 – Vista aérea do projeto final juntamente com os edifícios que o entornam.

O projeto atualmente encontra-se em fase de readequação a estes projetos paralelos, situação


que poderia ter sido minimizada pela eficiência na comunicação entre os idealizadores dos
diferentes projetos e a Prefeitura do Campus.
Outra experiência importante deste projeto foi o emprego de soluções ecológicas na praça como
a utilização de jardins de chuva para auxiliar a drenagem do solo e o uso de painéis fotovoltaicos
na iluminação do espaço, impulsionados pela associação com a Universidade Federal de Santa
Catarina, que como órgão público tem o dever de incentivar estratégias sustentáveis.
Assim, o desenvolvimento deste projeto tem sido uma experiência enriquecedora para o Grupo
PET Arquitetura e Urbanismo, pois possibilita a realização de um projeto executivo dentro do
próprio campus, servindo de exemplo da aplicação dos princípios do DU que considera as
características de todas as pessoas.
Vale ressaltar que quando implantado o projeto influenciará a dinâmica no local, assim como a
vida dos universitários e de parte importante da população de Florianópolis.

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