Você está na página 1de 3

Curso: LICENCIATURA PLENA EM MÚSICA POPULAR

BRASILEIRA
Componente: LABORATÓRIO DE LEITURA E PRODUÇÃO
DE TEXTOS ACADÊMICOS
Docente: ÉRICA BASTOS DA SILVA
Data: 23/08/2021 Turma/Semestre: 2020.2 / 1º SEMESTRE
Discente: HARLAN ANDRADE DOS SANTOS NERY

RESENHA CRÍTICA

GOHN, Daniel. A Apreciação Musical na Era das Tecnologias Digitais. In: XVII Congresso
da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (Anppom), 2007, São Paulo.
Anais do XVII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música.
São Paulo: Anppom, 2007.

Harlan Andrade dos Santos Nery

Professor do curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal de São Carlos


(UFSCar), Daniel Gohn também é Mestre e Doutor pela Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Bacharel em Música Popular pela Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp). O professor citado tem como seus principais interesses o uso
de tecnologias na educação musical e processos de ensino e aprendizagem de instrumentos de
percussão. O também baterista e autor inicia seu texto citando autores que fizeram previsões
para o futuro que em alguns casos realmente aconteceram, principalmente no que se relaciona
com a tecnologia, onde na maioria das “profecias”, como o autor chama tais previsões, a
sociedade se vê refém dos seus avanços. Gohn acredita que as “novas e velhas tecnologias”
podem gerar possibilidades que haja um progresso na educação. Entende que o pesquisador
precisa ver o homem como dominador da máquina e não ao contrário, e também acredita que a
educação deve ser ter seu papel transformador e ser capaz de diminuir os problemas e aumentar
a qualidade de vida do indivíduo.
É interessante o pensamento do autor enquanto um idealizador de mudanças que
venham a ocorrer no presente. Muito se pensa no futuro, porém realmente há a necessidade de
que atitudes sejam tomadas no presente para que haja uma mudança no mesmo. Se há um desejo
de modificar o futuro, isso é bom, mas, e os que vivem no presente? Será que não há o que
melhorar hoje para que haja resultados também no hoje? E essa é uma das propostas do artigo.
O contato com o mundo da música hoje em dia é possível num teclar de dedos, basta ter acesso
à internet e a aparelhos eletrônicos, para que toda essa indústria chegue até um. Seja para fins
profissionais, educativos, terapêuticos etc. enfim, a proximidade e facilidade que a tecnologia
trouxe para a sociedade a leva ao contato com a diversidade musical expressada nas culturas de
todo um planeta. Há algum tempo o produto musical vinha pronto, hoje há um produto pronto,
mas que pôde-se ter havido a possibilidade de ter sido construído, planejado, e até executado
por qualquer indivíduo que se conectou com o artista.
O autor chama a responsabilidade para que cada um que quer estar dentro dessa
modernidade se aprimore nas novas tecnologias, além de sugerir o remodelamento do que já
existe. Por exemplo, os conteúdos digitais são constantes, e na área musical não é diferente.
Isso promove o acesso não só à musica em si, mas também a promoção do aprendizado sobre
música. Um curso de aula de canto era algo, muito difícil, ou de acesso apenas aos de classes
mais altas, porém, hoje, basta uma básica consulta em sites de pesquisa que o desafinado poderá
até se afinar. O acesso a música e suas vertentes é fácil e diverso, e logo é sugerido no texto o
pensar crítico quanto à variedade musical, bem como o estudo da apreciação musical e a
valorização da diversidade.
Gohn, traz uma possibilidade que, com certeza gera discussões no campo acadêmico, o
fato de se aprender a apreciar e a criticar música. Acredita-se que isso ocorra pelo fato de que
muitos entendem que música é dom e quem não tem, não consegue entender, muito menos
aprender. Os dois “quesitos” abordados pelo autor quando cita Aaron Copland, são muito
perceptíveis; o relacionamento com a experiência musical é identificável desde os primeiros
dias de vida do ser humano, e isso perdurará até seus últimos dias, por mais que haja de fato
“reações diferentes” em tal relação; já a “habilidade de avaliar” a experiência musical vivida
não é tão natural.
Quando o autor fala sobre a escuta profunda do ambiente sonoro do aluno, faz lembrar
o desafio que os professores de música têm quanto ao trabalho de analisar tal ambiente que é
diverso. É importante abordar e estudar outros estilos musicais que algumas vezes esteja
distante da realidade dos alunos, porém a música do seu cotidiano também tem sua riqueza, seja
ela de qualquer estilo. Há muitas abordagens que podem ser ensinadas e estudadas com os
alunos a partir do seu entorno musical. A 3ª fase do conhecimento de Campbell, citada pelo
doutorando, realmente é a mais complexa, pois é necessário que haja uma certa habilidade e
criticidade nas duas primeiras fases. O autor acredita que é importante para a educação musical
que haja discursões e análises críticas por especialistas ou não em música, pois as trocas
contribuem para o estudo musical. Tais interações hoje em dia ocorrem numa gama gigantesca
por causa da tecnologia que liga os distantes indivíduos interessados em uma conexão a uma
tamanha velocidade. Basta um artista acabar de lançar uma performance musical que em poucos
minutos as discussões vão se espalhar pela internet.
Quando o autor afirma que o rádio será substituído por “softwares e ferramentas de
busca de música”, levando em conta o crescimento da tecnologia e acesso a ela, acredita-se que
isso não será possível em sua totalidade, pois nem todos os indivíduos tem acesso à internet.
Por mais que haja uma tendência e realmente ocorrer isso, ainda temos uma gama muito grande
da sociedade que não utiliza das novas tecnologias.
Enfim, o autor e baterista conclui seu texto chamando a atenção, mais uma vez para as
consequências que as tecnologias digitais irão possibilitar à educação musical, levando até
muitos não músicos a estudarem música, ajudados pelos cursos EAD. E essa já é uma realidade
que pode-se ver no curso de Licenciatura em Música Popular Brasileira da UFRB, Polo de
Ilhéus, bem como em outros polos. Há muitos alunos que nunca estudaram música, mas que
gostam e se relacionam bem com ela e viram no curso a oportunidade de aprimorar sua
musicalidade. Vê-se também que alguns desses alunos tem certas dificuldades com a teoria
musical. Acredita-se que as instituições de ensino deverão estar sempre refazendo ou
reestruturando a didática dos seus cursos de música, já que cada vez mais os amantes da música
poderão querer se desenvolver mais musicalmente.

Você também pode gostar