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TEMA: O QUE IMPEDE A ERRADICAÇÃO DA INSEGURANÇA ALIMENTAR?

CONTEXTUALIZAÇÃO: Fome – Bráulio Bessa

[...] Que rainha estranha é essa na partilha que é malfeita. vinte gramas de inflação
que só reina na miséria, E mexendo um caldeirão e trinta escolas fechadas.
que entra em milhões de lares eu vi a corrupção
sem sorrir, com a cara séria, cozinhando a tal da fome, Sendo assim, se a fome é feita
que provoca dor e medo temperando com vaidade, de tudo que é do mal,
e sem encostar um dedo misturando com maldade é consertando a origem
causa em nós tantas feridas. pro pobre que lhe consome. que a gente muda o final.
A maior ladra do mundo Fiz uma conta, ligeiro:
que nesse exato segundo Acrescentou na receita se juntar todo o dinheiro
roubou mais algumas vidas. notas superfaturadas, dessa tal corrupção,
um quilo de desemprego, mata a fome em todo canto
[...] Achei seus ingredientes trinta verbas desviadas, e ainda sobra outro tanto
na origem da receita, rebolou no caldeirão pra saúde e educação.
no egoísmo do homem,

TRANSIÇÃO: Bráulio Bessa, em seu poema, ao tentar entender a fome, é assertivo em afirmar que “essa rainha estranha
que só reina na miséria” é perpetuada pela ganância de autoridades, que, mesmo em um mundo que produz alimento
suficiente para suprir toda a população, pouco fazem para resolver a problemática da insegurança alimentar.

TESE DISSERTAÇÃO: Assim, a erradicação da insegurança alimentar, a qual é constantemente estabelecida pela ONU
como meta primordial dos países, é impedida pela grande concentração de renda, que aumenta a pobreza e,
consequentemente, a fome, e pela corrupção ainda vigente, responsável por desviar verbas destinadas a esse fim, sobretudo
na realidade brasileira.
TESE ARTIGO DE OPINIÃO: Como jornalista encarregado da ONU no Brasil, já escrevi muitas matérias para o boletim
ONU News em que a erradicação da fome, a qual é constantemente estabelecida como meta primordial para os países, é
impedida devido a muitos elementos, todos eles relacionados à ineficácia das medidas adotadas e à falta de priorização
dessa pauta. Contudo, percebo que os fatores mais agravantes que atravancam o fim da insegurança alimentar estão ligados
à grande concentração de renda, que aumenta a pobreza e, consequentemente, a fome, e à corrupção, responsável por
desviar verbas destinadas a esse fim, sobretudo na realidade brasileira.

DESENVOLVIMENTOS:
Argumento 1 + para contra-argumentar o Texto 4 da coletânea:
11,1% de todas as pessoas no mundo passam fome
[...] A estagnação econômica dos países de renda média e dependentes da exportação de matérias-primas,
como o Brasil, estão aumentando a concentração de renda, a pobreza e a fome.
Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado em 2019, o número de famélicos no
mundo aumentou. Organizações que compõem a ONU, como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), alertam para o aumento do número de
pessoas que não só passam fome, mas também de subnutridos e de pessoas com insegurança alimentar grave e moderada.
O segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) , que prevê fome zero até 2030 está mais distante de
acontecer hoje do que estava em 2017. O número de pessoas passando fome aumentou de 811 milhões para 820 milhões.
Segundo Rafael Arantes, nutricionista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC): “O relatório de
2019 da FAO sobre ‘O estado da Segurança Alimentar e Nutricional no mundo’ reacende uma luz de preocupação. A
estagnação da diminuição e recente crescimento do número de pessoas que passam fome em algumas partes do mundo
representa um cenário que reflete as desigualdades em termos de acesso à alimentos. A esse cenário, se soma uma outra
camada de igual complexidade em razão do avanço do excesso de peso e obesidade em todas as regiões do globo. Apesar
de diferentes fatores estarem relacionados com a falta ou excesso de alimentos, a causa raiz destes problemas é a
mesma: Sistemas alimentares estruturados de tal forma que asseveram a fome, geram doenças e degradam os
recursos naturais. O relatório de 2019, assim como vários outros sobre o tema, alertam para urgência na tomada de ações
que alterem profundamente as estruturas e relações de produção e consumo de alimentos. A inércia de uma governança
assertiva e comprometida traz riscos para além do não cumprimento de metas mundialmente pactuadas, mas de
falhar em garantir condições dignas de existência para as gerações presentes e futuras.”
Aumento das desigualdades e da fome são diretamente proporcionais
De acordo com o relatório da Oxfam de 2018, a desigualdade de renda entre ricos e pobres está aumentando
e tende a continuar. Cerca de 82% da riqueza foi parar nas mãos do 1% mais rico do planeta.
No ano de 2017, os bilionários aumentaram sua riqueza em 13% ao ano, em média. Se considerarmos 2010 como
ano-base para a análise, isso significa que a fortuna dos bilionários aumentou seis vezes mais rápido do que os salários
pagos a trabalhadores – estes tiveram aumento de apenas 2% por ano no mesmo período.
Mais da metade da população mundial vive com renda entre US$ 2 e US$ 10 por dia. Segundo critérios da
ONU, pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia estão incluídas na linha da pobreza e são vítimas de
insegurança alimentar e fome.
Renata Vilela, jornalista do site Reconta aí. Disponível em: https://recontaai.com.br/111-de-todas-as-pessoas-no-mundo-passam-fome/

Fome no Brasil
A fome provém da falta de alimentos que atinge um número elevado de pessoas no Brasil e no mundo. Apesar dos
grandes avanços econômicos, sociais, tecnológicos, a falta de comida para milhares de pessoas no Brasil continua. Esse
processo é resultado da desigualdade de renda, a falta de dinheiro faz com que cerca de 32 milhões de pessoas
passem fome, mais 65 milhões de pessoas que não ingerem a quantidade mínima diária de calorias, ou seja, se
alimentam de forma precária.
Número extremamente elevado, tendo em vista a extensão territorial do país que apresenta grande potencial
agrícola. Mas isso é irrelevante, uma vez que existe uma concentração fundiária e de renda. Grande parte do dinheiro do
país está nas mãos de somente 10% da população brasileira.
O difícil é entender um país onde os recordes de produção agrícola se modificam de maneira crescente no decorrer
dos anos, enquanto a fome faz parte do convívio de um número alarmante de pessoas. A monocultura tem como objetivo a
exportação, pois grande parcela da produção é destinada à nutrição animal em países desenvolvidos.
Mesmo com programas sociais federais e estaduais o problema da fome não é solucionado, o pior é que ela se faz
presente em pequenas, médias e grandes cidades e também no campo, independentemente da região ou estado brasileiro.
A solução para a questão parece distante, envolve uma série de fatores estruturais que estão impregnados na
sociedade brasileira. Fornecer cestas básicas não resolve o problema, apenas adia o mesmo, é preciso oferecer condições
para que o cidadão tenha possibilidade de se auto-sustentar por meio de um trabalho e uma remuneração digna.
Eduardo de Freitas, geógrafo e colunista do site Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/fome-no-brasil.htm

Argumento 2:
“Os Objetivos do Milênio irão fracassar se não houver ações efetivas de combate à corrupção”
Centenas de organizações de interesse público ao redor do mundo enviaram hoje uma mensagem ao Presidente da
Assembleia Geral das Nações Unidas, John Ashe, e aos líderes nacionais, solicitando medidas mais duras para garantir o
fim do desvio de recursos públicos causado pela corrupção. Tais recursos poderiam ser utilizados para diminuir a
insegurança alimentar, reduzir a mortalidade infantil, assegurar educação para todos, fornecer água potável, garantir saúde
de qualidade e reduzir os danos da mudança climática. Metas essas, propostas pelos Objetivos do Milênio (ODM).
As organizações advertem que os governos deveriam tomar medidas efetivas para acabar com a cultura do sigilo,
que beneficia os corruptos, e trabalhar para preencher as lacunas das leis que são tolerantes com aqueles que cometem atos
de corrupção e garantem a impunidade. Os governos ainda devem acabar com as barreiras que impedem as agências
governamentais recuperarem ativos roubados. As organizações fazem parte de uma rede global, a Coalizão UNCAC, que
trabalha para ajudar os governos a implementar da melhor forma a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção
(UNCAC), que leva a assinatura do Brasil. [...]
[...] A Coalizão UNCAC – representando as 350 organizações que a compõe – enviou uma carta para o Presidente
Ashe, enfatizando que a corrupção é uma enorme barreira para o avanço dos Objetivos do Milênio, seja agora ou seja no
futuro. A carta, assinada pelo Presidente da Coalizão, Vincent Lazatin, expressa que "a corrupção não é um crime qualquer.
A corrupção causa danos irreversíveis e destrói a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. Prejudica o
desenvolvimento econômico e gera desigualdade e injustiça. A corrupção viola os direitos humanos e a dignidade das
pessoas". 
Sobre os Objetivos do Milênio (ODM)
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são oito metas estabelecidas após a Cúpula do Milênio das Nações Unidas em
2000. São elas: erradicação da pobreza e da fome, educação universal primária para todos, igualdade de gênero, redução da
mortalidade materna e infantil, combate às doenças, garantia da sustentabilidade ambiental e fomento de uma parceria para
o desenvolvimento global.
Disponível em: https://amarribo.org.br/os-objetivos-do-milenio-irao-fracassar-se-nao-houver-acoes-efetivas-de-combate-a-corrupcao/

CONCLUSÃO: Síntese + retomada da contextualização

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