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DE MARKETING
Anya Révillion
Ética no marketing
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
As empresas organizam-se a partir de processos de planejamento de
posicionamento estratégico no mercado que são organizados por seu
departamento de marketing, que projeta ações que visem maior rentabi-
lidade e vantagem competitiva. No entanto, um elemento que deve ser
fundamental nesse planejamento, embora nem sempre o seja, é a ética,
a partir da qual as ações empresariais podem ser pautadas por princípios
e valores morais adequados às sociedades.
Neste capítulo, você vai aprender sobre o conceito de ética e como
os princípios éticos do marketing estão diretamente relacionados à ética
nos negócios, assim como os principais questionamentos éticos do sis-
tema de marketing. Você também vai aprender sobre estratégias éticas
e estratégias oportunistas de marketing por meio de exemplos reais de
empresas que utilizam o marketing verde em contraponto às empresas
que utilizam o greenwashing. Finalmente, você vai aprender a identificar
diversos fatores que influenciam o comportamento ético em marketing
na visão de Kerin et al. (2011).
A Heineken lançou no Brasil em 2016 uma versão local de sua campanha global de
consumo responsável de bebida alcoólica. A propaganda foge do convencional nos
comerciais de cerveja ao fazer uma homenagem àqueles que bebem moderadamente.
No filme, os sóbrios são retratados como “heróis da noite” e jovens aparecem pedindo
garrafas de água em festas e, por vezes, rejeitando uma nova garrafa de cerveja.
“Levantam-se enquanto outros caem, conversam enquanto outros se calam... eles sabem
quando é hora de agir e orgulham-se da noite na manhã seguinte. Sim, eles existem",
diz o narrador “aqueles que bebem moderadamente” (G1, 2016, documento on-line).
A marca afirma que essa campanha foi baseada em pesquisa com 5 mil jovens entre
21 e 35 anos em 5 países, incluindo o Brasil, apontando que o consumo responsável de
bebidas é bem visto pela chamada geração Y — 59% desses jovens dizem que manter
o controle sobre seus atos é a principal motivação para limitar o consumo de álcool.
Assista o filme completo no link a seguir.
https://qrgo.page.link/RL82G
Mas esse conceito vai muito além de apenas colocar produtos ambiental-
mente responsáveis no mercado. A American Marketing Association (AMA)
(2019a) define o marketing verde de três maneiras.
Em seu livro Design Gráfico Sustentável, Dougherty (2011) cita a empresa TerraChoice,
especializada em pesquisa mercadológica ambiental, que analisou 1000 produtos
com pretensões ecológicas. Nesse levantamento, descobriu-se que quase nenhum
dos produtos respaldava clara e completamente suas afirmações e, com base nos
resultados, a empresa identificou “os seis pecados do greenwashing”. Veja-os a seguir.
Malefícios esquecidos: quando a afirmação ecológica baseia-se em um conjunto
muito estreito de critérios, mascarando os impactos ambientais negativos de
outros aspectos do produto.
Falta de provas: quando há uma afirmação ecológica que não fornece um acesso
claro à informação que lhe dá suporte, não existindo certificação ou outro tipo de
comprovação, como, por exemplo, os percentuais de reciclagem ou degradação
dos materiais presentes nas embalagens.
Promessa vaga: quando se afirma algo demasiado vago, deixando-o sem sentido;
por exemplo, produtos ditos “naturais”, mas não necessariamente benéficos ao
meio ambiente, como urânio e mercúrio.
Irrelevância: quando a afirmação sugere um benefício ambiental, mas que, na
verdade, é inútil para os consumidores que buscam produtos ambientalmente
corretos, como a isenção de produtos químicos que, por lei, já são assegurados.
Dois demônios: quando há afirmativas sobre benefícios relativos em uma determi-
nada categoria de um produto e negligência quanto à fraqueza dessa categoria
como um todo.
Mentira: quando há afirmações falsas que expõem as empresas à responsabilidade
legal direta, como selos que não são reconhecidos representando economia de
energia ou uso de matérias-primas devidamente legalizadas.
Informação.
Todo produto deve trazer informações claras sobre sua quantidade, peso,
composição, preço, riscos que apresenta e sobre o modo de utilizá-lo. Antes de
contratar um serviço você tem direito a todas as informações de que necessitar.
(Continua)
(Continuação)
Proteção contratual.
Quando duas ou mais pessoas assinam um acordo ou um formulário com
cláusulas pré-redigidas por uma delas, concluem um contrato, assumindo
obrigações. O Código protege o consumidor quando as cláusulas do contrato
não forem cumpridas ou quando forem prejudiciais ao consumidor. Neste
caso, as cláusulas podem ser anuladas ou modificadas por um juiz. O contrato
não obriga o consumidor caso este não tome conhecimento do que nele está
escrito.
Indenização.
Quando for prejudicado, o consumidor tem o direito de ser indenizado por
quem lhe vendeu o produto ou lhe prestou o serviço, inclusive por danos
morais.
Acesso à Justiça.
O consumidor que tiver os seus direitos violados pode recorrer à Justiça e pedir
ao juiz que determine ao fornecedor que eles sejam respeitados.
Kerin et al. (2011, p. 96) destacam, ainda, que “[...] a cultura empresarial
também afeta o comportamento ético na concorrência. Nesse sentido, dois tipos de
comportamentos antiéticos são mais comuns: espionagem comercial e suborno”.
Espionagem comercial é a prática de obter informações de caráter secreto
ou confidencial sobre governos, organizações, empresas ou até mesmo pessoas
físicas, sem a sua autorização, para alcançar vantagem política, econômica,
tecnológica ou social. As atividades de espionagem incluem furto, fraude,
G1. Sóbrios são chamados de 'heróis da noite' em campanha da Heineken: nova pro-
paganda da marca faz ode àqueles que bebem moderadamente. Em filmes, mulheres
dispensam bêbados e jovens bebem cerveja e água. Economia: Mídia e Marketing, São
Paulo, 14 jan. 2016. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/
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