Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Absbract
This text has as its central interest to structure the field of the arts, albeit in an initial
and partial way, the embryonic relationship between the project that constitutes
modernity and the history of colonialism in the Ibero-American space, a theme that
has been brought up by production. of diasporic artists from countries in whose
common colonial past circulate bodies, memories and affections such as ibero
Figura 1 Tuga Suave. Yonamine Miguel. Registo geral da exposição, 2008. Fonte: imagem
de divulgação, Galeria 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa.
Em toda instalação criada por esse artista, aborda -se o tema do apagamento.
Apagamento que pode ser lido como uma cicatriz consequente do processo de
colonização portuguesa nos países africanos, mas também de um apagamento
subjetivo, identitário que Yonamine nos chama a atenção quando toca no tema das
migrações e dos trânsitos culturais originados no refluxo pós-colonial da Europa
contemporânea.
No maço de cigarro, “português prejudica gravemente a sua saúde e a dos que
o rodeiam”, Yonamine transforma, de maneira sarcástica, a orientação geral de
consumo num enfrentamento e toca o cerne político da lusofonia, consequência
“natural” do colonialismo: a língua portuguesa. A metáfora trazida pela imagem
convoca um olhar opositor não só para a língua, mas também para “o mundo que o
português criou” num claro posicionamento anti-colonial. Essa exposição de
Yonamine confronta também, a nosso ver, o projeto em curso de fins dos anos 1990
que configurou a CPLP, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, cuja
Figura 3 Fotograma de The Desire Project [O projeto desejo]. Grada Kilomba, 2015-2016.
Figura 4 Exposição Secrets to tell. Grada Kilomba. MAAT, 2018, Lisboa.
A imagem da escrava Anastácia com uma máscara em sua face acompanha o
trabalho de Grada Kilomba, desde seu texto acadêmico mais conhecido, Plantation
Figura 6 A gente combinamos de não morrer. Jota Mombaça.. EGEAC, Lisboa, 2018.
Fonte: acervo pessoal.
Contemporânea das artistas apresentadas, observamos o trabalho “97
empleadas domésticas (2010)”, de Daniela Ortiz, artista peruana residente em
Barcelona. Ortiz cria uma reflexão sobre o universo anônimo das empregadas
domésticas, que aparecem em fotos de famílias de classe alta, peruana, no Facebook,
e que podem ser enxergadas em segundo plano da foto. A série foi exposta no Museo
Universitario de Arte Contemporáneo, MUAC, em México, D.F. Ortiz utiliza vários
formatos em seu trabalho, para falar de racismo, discriminação, classe, migração.
Em Barcelona constitui-se em uma voz de ativismo direcionado para os movimentos
migratórios.
Recentemente realizou uma exposição em Lisboa, na Casa da Cerca, Centro
de Arte Contemporânea, onde apresenta o “ABC de Europa Racista” (2017). Trata-
se de dois livros em forma de cartilhas, onde a artista e ativista questiona a atitude
Figura 7 ABC de Europa Racista. Daniela Ortiz. 2017. Fonte:
https://ogajeironagavea.wordpress.com/2018/02/27/el-abc-de-la-europa-racista-de-daniela-
ortiz-libelo-sobre-o-racismo-colonial-europeio/.
A letra “A”, por exemplo, faz alusão à palavra avião, sistema de transporte
utilizado pelo turismo europeu para viajar livremente pelas ex-colónias, que por sua
vez deporta aos imigrantes. A artista investiga com esse trabalho a relação que se
estabelece entre sistema migratório europeu e colonialidade. Esse trabalho de Ortiz
inicia-se em 2016 a partir da análise de livros do século XIX utilizados para o ensino
de inglês, para crianças, estruturados pelo abecedário. Nesse caso cada letra
representava uma imagem relacionada com discriminação, supremacia branca e
outros próprios desse sistema colonial e pós-colonial.
Referências
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da
invenção do outro, em LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber:
eurocentrismo e ciências sociais, perpectivas latino-americanas. Buenos Aires:
Clacso. 2005.
MILLS, Charles. The Racial contact. United States: Cornell University Press, 1997
FOSTER, Hall. El retorno de lo real: La vanguardia a finales de siglo. Madrid: Akal.
2001.
_________ . Design e crime (e outras diatribes). Belo Horizonte: Editora UFMG. 2016
Foucault, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel
Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987.
KILOMBA, Grada. Plantation Memories.Episodies of everyday racism. Urast: Berlin,
2010
____________. Secrets to Tell. Lisboa: Fundação EDP, 2018.
MELENDI, María Angélica. Estratégias da Arte e uma era de catástrofes. Rio de
Janeiro: Cobogó, 2017.
MIGNOLO, Walter. Coloniality is far from over, and so must be decoloniality. Afterall
jornal, Londres, n.43, primavera-verão 2017, pp. 38-45. Disponível em:
https://www.journals.uchicago.edu/doi/full/10.1086/692552
MOMBAÇA, Jota. Rastros de uma Submetodologia Indisciplinada. Concinnitas. Ano
17, volume 01, número 28, setembro de 2016
OSÓRIO, Luiz Camilo. Yonamine. Em: http://www.buala.org/pt/cara-a-
cara/yonamine, acedido em 10 de janeiro de 2019
VASCONCELOS, José. La raza cósmica. México DF: Espasa Calpe, 1948.
Vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=vztLJfJYPYs
constitutivos das sociedades humanas, o espaço de liberdade e de deliberação pública. Por sua vez,
“a política”, citando Heidegger e Hannah, se refere às práticas da política convencional no que diz
respeito às instituições e às práticas pelas quais se cria uma determinada ordem social. In: Mouffe,
Chantal. En torno a lo político. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2011. p.15 e 16.
iv Disponível em: https://poro.redezero.org/biblioteca/textos-referencias/insercoes-em-circuitos-
ideologicos-cildo-meireles/