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CURSO DE

GRAMÁTICA
COM PROFESSOR NOSLEN

EXERCÍCIOS DE DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO


1. (Espcex (Aman) 2019) Assinale a alternativa em que a palavra “boca” apresenta sentido denotativo.

a) Em boca fechada não entra mosquito.


b) Não contem nada a ninguém! Boca de siri!
c) Vestirei minha calça boca de sino.
d) Na boca da noite tudo acontece.
e) É proibido fazer boca de urna.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Violência: presente e passado da história
Vilma Homero

Ao olhar para o passado, costumamos imaginar que estamos nos afastando dos tempos da "barbárie pura e simples"
para alcançar uma almejada "civilização", calcada sobre ¹relações livres, iguais e fraternas, típicas do homem culto.
²Um olhar sobre a história, no entanto, põe em xeque esta visão utópica. ³Organizado pelos historiadores Regina
Bustamante e José Francisco de Moura, ⁴o livro Violência na História, publicado pela Mauad Editora com apoio da
FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram, ao longo do tempo, diferentes aspectos da violência, propondo uma
reflexão mais demorada sobre o tema. ⁵Nos ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como, desde a antiguidade
e ao longo da história humana, ⁶a violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de poder, ⁷seja entre Estado e
cidadãos, entre livres e escravos, entre homens e mulheres, ou entre diferentes religiões. "Durante a Idade Média, por
exemplo, vemos como a violência se manifesta na religiosidade, durante o movimento das Cruzadas. ⁸Ou, hoje, no caso
dos movimentos sociais, como ela acontece em relação aos excluídos das favelas. O sentido é amplo. A desigualdade
social, por exemplo, é um tipo de violência; a expropriação do patrimônio cultural, que significa não permitir que a
memória cultural de determinado grupo se manifeste, também", prossegue a organizadora. (...) A própria palavra
"violência", que etimologicamente deriva do latim vis, com significado de força, virilidade, pode ser positiva em termos
de transformação social, no sentido de uma violência revolucionária, usada como forma de se tentar transformar uma
sociedade em determinado momento. (...) Essas variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.⁹(...) Na Roma
antiga, as penas, aplicadas após julgamento, ganhavam um sentido religioso. Despido de sua humanidade, o réu era
declarado 10homo sacer. 11Ou seja, sua vida passava a ser consagrada aos deuses. 12Segundo a pesquisadora Norma
Mendes, "havia o firme propósito de fazer da morte dos condenados 13um espetáculo de caráter exemplar, revestido de
sentido religioso e de dominação, cuja função era o reforço, manutenção e ratificação das relações de poder." (...) 14O
historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva é um dos que traz a discussão para o presente, analisando as
transformações políticas do último século. 15"Desde Voltaire até Kant e Hegel, 16acreditava-se no contínuo
aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha inexorável em direção à razão. (...) O Holocausto, perpetrado
em um dos países mais avançados e cultos à época, 17deixou claro que a luta pela dignidade humana é um esforço
contínuo e, pior de tudo, lento. (...) 18E, sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a 19ocorrência de outros
genocídios – Ruanda, Iugoslávia, Camboja etc. – leva a refletir sobre a convivência entre os homens nesse começo do
século XXI." O historiador prossegue: "20De forma paradoxal, a globalização, conforme se aprofunda e pluga os homens
a escalas planetárias, 21é fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo religioso, étnico ou cultural,
promovendo ódios e incompreensões crescentes. 22Na Bósnia ou em Kosovo, na Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte,
a capacidade de entendimento 23chegou a seu mais baixo nível de tolerância, e transpor uma linha, imaginária ou não,
entre bairros pode representar a morte." 24Como nem tudo se limita às questões políticas e às guerras, o livro ainda
analisa as formas que a violência assume nas relações de gênero, na religião, na cultura e aborda também a questão
dos direitos humanos, vista sob a perspectiva de diferentes sistemas culturais.

(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.)

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2. (Epcar (Afa) 2019) Assinale a alternativa cuja palavra em destaque possui sentido denotativo.
a) "De forma paradoxal, a globalização, conforme se aprofunda e pluga os homens a escalas planetárias...” (ref. 20)
b) “Um olhar sobre a história, no entanto, põe em xeque esta visão utópica.” (ref. 2)
c) “(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após julgamento, ganhavam um sentido religioso.” (ref. 9)
d) “...acreditava-se no contínuo aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha inexorável em direção à
razão.” (ref. 16)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia a música de Marcelo Jeneci e responda à(s) questão(ões).

Dar-te-ei

[...] Não te darei papéis, não te darei, esses rasgam,


esses borram
Não te darei discos, não, eles repetem, eles arranham
Não te darei casacos, não te darei, nem essas coisas
que te resguardam e que se vão
Dar-te-ei finalmente os beijos meus
Deixarei que esses lábios sejam meus, sejam teus
Esses embalam, esses secam, mas esses ficam.
Não te darei bombons, não te darei, eles acabam,
eles derretem
Não te darei festas, não te darei, elas terminam, elas
choram, elas se vão [...]

<https://tinyurl.com/ybf22rpl> Acesso em: 10.11.2017.

3. (G1 - cps 2018) O autor da música enumera e destaca todas as coisas que dará e o que não dará a(o) sua(seu)
amada(o), enfocando que prefere as coisas que “ficam”. Para isso, ele faz uso da linguagem em seu sentido denotativo
e conotativo.

Assinale a alternativa em que há o exemplo e a explicação corretos dos tipos de linguagens utilizadas na música.
a) Linguagem denotativa acontece quando a linguagem é utilizada em seu sentido literal.
Deixarei que esses lábios sejam meus, sejam teus / Esses embalam
b) Linguagem conotativa acontece quando a linguagem é utilizada em seu sentido literal.
Não te darei bombons, não te darei, eles acabam, eles derretem
c) Linguagem denotativa acontece quando a linguagem é utilizada em seu sentido figurado.
Não te darei discos, não, eles repetem, eles arranham
d) Linguagem conotativa acontece quando a linguagem é utilizada em seu sentido figurado.
Deixarei que esses lábios sejam meus, sejam teus / Esses embalam
e) Linguagem denotativa acontece quando a linguagem é utilizada em seu sentido literal.
Não te darei festas, não te darei, elas terminam, elas choram

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.

O sequestro das palavras


Gregório Duvivier

Vamos supor ¹que toda palavra tenha uma vocação primeira. A palavra mudança, por exemplo, nasceu filha da
transformação e da troca, e desde pequena ²servia para descrever o processo de mutação de uma coisa em outra coisa
que não deixou de ser, na essência, a mesma coisa ³– quando a coisa é trocada por outra coisa, não é mudança, é
substituição. A palavra justiça, por exemplo, brotou do casamento dos direitos com a igualdade (sim, foi um ménage):
⁴servia para tornar igual aquilo que tinha o direito de ser igual ⁵mas não estava sendo tratado como tal.
⁶No entanto as palavras cresceram. E, assim como as ⁷pessoas, ⁸foram sendo contaminadas pelo mundo __________
sua volta. As palavras, ⁹coitadas, não sabem escolher amizade, não sabem dizer não. A liberdade, por exemplo, é
dessas palavras que só dizem sim. Não nasceu de ninguém. Nasceu contra tudo: a prisão, a dependência, o poder, o
dinheiro 10– mas não se espante se você vir __________ liberdade vendendo absorvente, desodorante, cartão de
crédito, empréstimo de banco. A publicidade vive disso: dobrar as melhores palavras sem pagar direito de imagem.
Assim, você 11verá as palavras ecologia e esporte juntarem-12se numa só para criar o EcoSport 13– existe algo menos
ecológico ou esportivo que um carro14? Pobres palavras. Não 15tem advogados. Não precisam assinar termos de
autorização de imagem. Estão aí, na praça, gratuitas.
Nem todos aceitam que as palavras 16sejam sequestradas ao bel-prazer do usuário. A 17política é o campo de guerra
onde se 18disputa a posse das palavras. A “ética”, filha do caráter com a moral, transita de um lado para o outro dos
conflitos, assim como a Alsácia-Lorena, e não sem guerras sanguinárias. Com um revólver na cabeça, é obrigada
__________ endossar os seres mais amorais e sem caráter. A palavra mudança, que sempre andou com __________
esquerdas, foi sequestrada pelos setores mais conservadores da sociedade 19– que fingem querer mudar, quando o que
querem é trocar 20(para que não se mude mais). 21A Justiça, coitada, foi cooptada por quem atropela direitos e
desconhece a igualdade, confundindo-a o tempo todo com seu primo, o justiçamento, filho do preconceito com o ódio.
Já a palavra impeachment, recém-nascida, filha da democracia com a mudança, 22está escondida num porão:
23
emprestaram suas 24roupas __________ palavra golpe, que desfila por aí usando seu nome e seus documentos.
Enquanto isso, a palavra jornalismo, coitada, agoniza na UTI. As palavras não lutam sozinhas. É preciso lutar por elas.

Texto publicado em 21 mar. 2016. Disponível em:


<http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2016/03/1752170-o-sequestro-das-palavras.shtml>. Acesso
em: 06 abr. 2016.

4. (G1 - ifsul 2016) Analise as afirmações a seguir sobre as ideias explícitas e implícitas no texto “O sequestro das
palavras”.

I. A comparação da ética com o caso da Alsácia-Lorena pode ser entendida em razão dos recorrentes conflitos de
interesse que ocorre(ra)m no âmbito filosófico e histórico.
II. O texto expõe de forma irônica os problemas gerados pelo mau uso das palavras ao retomar temas recorrentes da
publicidade à propaganda.
III. O primeiro período do texto faz referência ao emprego das palavras em seu sentido literal, denotativo.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)


a) I e II apenas.
b) I e III apenas.
c) II e III apenas.
d) I, II e III.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia atentamente o texto abaixo para responder à(s) questão(ões).

Agora todo mundo tem opinião

Meu amigo Adamastor, o gigante, me apareceu hoje de manhã, muito cedo, aqui na biblioteca, e disse que vinha a
fim de um cafezinho. ¹Mentira, eu sei. ²Quando ele vem tomar um cafezinho é porque está com alguma ideia
borbulhando em sua mente.
E estava. ³Depois do primeiro gole e antes do segundo, café muito quente, ele afirmou que concorda plenamente
com a democratização da informação. Agora, com o advento da internet, qualquer pessoa, democraticamente, pode
externar aquilo que pensa.
⁴Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergência, e seu ⁵espanto também me espantou. Como
assim, ele perguntou, está renegando a democracia⁶? Pedi com modos a meu amigo que não ⁷embaralhasse as coisas.
Democracia não é um termo ⁸divinatório, que se aplique sempre, em qualquer situação.
Ele tomou o segundo gole com certa avidez e ⁹queimou a língua.
Bem, voltando ao assunto, nada contra a democratização dos meios para que se divulguem as opiniões, as mais
diversas, mais esdrúxulas, mais inovadoras, e tudo o mais. É um direito que toda pessoa tem10: emitir opinião.
O que o Adamastor não sabia é que uns dias atrás andei consultando uns filósofos, alguns antigos, outros
modernos, desses que tratam de um 11palavrão que sobrevive até os dias atuais: gnoseologia. Isso aí, para dizer teoria
do conhecimento.
Sim, e daí?12, ele insistiu.
O mal que vejo, continuei, não está na 13enxurrada de opiniões as mais isso ou aquilo na internet, e principalmente
com a chegada do Facebook. Isso sem contar a imensa quantidade de textos 14apócrifos, muitas vezes até opostos ao
pensamento do presumido autor, falsamente presumido. A graça está no fato de que todos, agora, têm opinião sobre
tudo.
− Mas isso não é bom?
O gigante15, depois da maldição de Netuno16, tornou-se um ser impaciente.
O fato, em si, não tem importância alguma. O problema é que muita gente lê a enxurrada de bobagens que
aparecem na internet não como opinião, mas como conhecimento. O Platão, por exemplo, afirmava que opinião (doxa)
era o falso conhecimento. O conhecimento verdadeiro (episteme) depende de estudo profundo, comprovação
metódica, teste de validade. Essas coisas de que se vale em geral a ciência.
O mal que há nessa “democratização” dos veículos é que se formam crenças sem fundamento, mudam-se as
opiniões das pessoas, afirmam-se absurdos em que muita pessoa ingênua acaba acreditando. Sim, porque estudar,
comprovar metodicamente, testar a validade, tudo isso dá muito trabalho.
O Adamastor não estava muito convencido da 17justeza dos meus argumentos, mas o café tinha terminado e ele se
despediu.

Texto de Menalton Braff, publicado em 03 de abril de 2015. Disponível em:


<http://www.cartacapital.com.br/cultura/agora-todo-mundo-tem-opiniao-7377.html>. Acesso em: 20 abr. 2015.

5. (G1 - ifsul 2015) A significação das palavras não é fixa. Elas podem variar, estabelecendo novos conceitos por meio
de associações, dependendo de seu emprego em uma frase. Dessa forma, na construção de sentido de um texto, as
palavras podem ser empregadas em sentido denotativo/literal e/ou conotativo/figurado.

Analisando o texto, qual alternativa apresenta palavra que foi empregada com sentido conotativo?
a) espanto (referência 5).
b) divinatório (referência 8).
c) enxurrada (referência 13).

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d) justeza (referência 17).

6. (G1 - ifce 2014) A linguagem pode ser empregada no sentido literal, real, chamado de denotativo ou no sentido
figurativo, não estritamente real, chamado de conotativo. Dentre as figuras de linguagem conotativas, tem-se a
hipérbole, que consiste no exagero, na exacerbação de um pensamento a ponto de tornar a imagem criada impossível,
improvável de ser factual, portanto, uma figuração conotativa. Dentre as sentenças abaixo, não corresponde a uma
hipérbole:
a) A mãe de Pedrinho anunciou o almoço, o garoto veio voando do quintal.
b) Vai fazer mil anos que estou neste ponto e não passa nenhum ônibus.
c) Estou com tanta sede, que poderia beber toda a água do Rio Amazonas.
d) Neste ano, o campeonato cearense atingiu recorde de público, milhares de pessoas lotaram o estádio Castelão.
e) Não sei mais o que fazer, já lhe disse um bilhão de vezes que não o amo mais.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Texto I
Existe amor em São Paulo

A maior criação do Brasil é a cidade de São Paulo, e calma porque isso quem diz não sou eu, é o IBGE*.
Da escala humana à escala financeira, São Paulo lidera. Mais de 10% das riquezas produzidas no Brasil são
produzidas nesta cidade. Que família do país não tem um parente trabalhando aqui?
Se São Paulo não tem mar, São Paulo tem um mar de ideias.
O planejamento do Brasil passa tanto pelas torres dos complexos empresarias das avenidas Faria Lima e Berrini quanto
pelos prédios da Esplanada dos Ministérios.
O novo ciclo de desenvolvimento do Brasil tem tudo a ver com a cidade. Seu supermundo financeiro faz a cidade evoluir
sempre de pilha nova, com carga máxima, conectada pelas antenas de seus 11 milhões de habitantes/seguidores.
São pouquíssimas as metrópoles do mundo que contam com área tão extensa de massa cinzenta, com mistura tão
completa de profissionais competentes, cada vez mais especializados.
É um ciclo virtuoso: os serviços de alta qualidade atraem trabalhadores de alta qualificação e remuneração, que
buscam mais serviços de ponta, como cultura, saúde, educação, luxo e alta gastronomia, que por sua vez atrairão
consumidores de outras cidades e países.
São Paulo hoje tem capital humano e capital financeiro para encubar qualquer empreendimento. Os galpões industriais
que ficaram vazios com a transferência das indústrias da cidade para outras regiões do Estado e do país são
rapidamente reocupados por atividades criativas e comerciais. A relativa menor atividade industrial (porque a cidade
segue potência fabril) foi compensada pela maior atividade cultural, de feiras e de eventos.
Não saí de Salvador para vir para São Paulo, mas acabei chegando à metrópole paulista e aqui me desenvolvi em
plenitude, prosperei como tantos outros migrantes e imigrantes.
Amo trabalhar e em São Paulo o trabalho sempre foi muito valorizado. Isso é fundamental, porque um dos grandes
problemas dessa sociedade tão demandada é o desrespeito ao trabalho.
Assim, quando as pessoas querem te ofender, elas dizem: “esse cara só pensa em trabalho”. Quando querem ofender
São Paulo, dizem a mesma bobagem: que a cidade só é boa para trabalhar.
Mas o que mais uma cidade precisa ser? Se ela é boa para trabalhar, o resto será consequência.

(Nizan Guanaes, Folha de S. Paulo, 24.01.2012. Adaptado)

* IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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Texto II

Não existe amor em SP*

Não existe amor em SP


Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever

Numa linda frase


De um postal tão doce
cuidado com doce
São Paulo é um buquê

Buquês são flores mortas


Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você
Não existe amor em SP

Os bares estão cheios de almas tão vazias


A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu

(Criolo, disponível em http://www.vagalume.com.br/criolo/nao-existe-amor-em-sp.html. Acesso em: 27.01.2012.


Adaptado)

* Na letra da música, a sigla SP refere-se à cidade de São Paulo e não ao Estado.

7. (G1 - cps 2012) Considerando que muitas palavras possuem um sentido próprio (denotativo) e também um sentido
figurado (conotativo), analise as afirmações sobre os trechos em destaque.

“Se São Paulo não tem mar, São Paulo tem um mar de ideias.” (3º parágrafo do Texto I)
“Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel” (4º estrofe do Texto II)

I. Nos dois trechos, a palavra mar foi empregada em sentido próprio, indicando abundância, fartura.
II. No Texto I, a ideia presente no trecho selecionado é retomada no 6º parágrafo, o que se confirma, por exemplo, pela
expressão “com área tão extensa de massa cinzenta”.
III. No Texto II, o autor escolheu a palavra fel, que em sentido próprio significa veneno, para fazer menção às
características negativas da cidade.

É correto o que se afirma em


a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Parente e Família

Sempre me emociono quando reparo o quanto filhos adotivos passam a se parecer com os seus responsáveis.
Ninguém diz que foram adotados: o mesmo olhar, o mesmo andar, a mesma forma de soletrar _____ respiração. Há um
DNA da ternura mais intenso do que o próprio DNA. Os traços mudam conforme o amor a uma voz ou de acordo com
o aconchego de um abraço.
Não subestimo a força da convivência. Família é feita de presença mais do que de registro. Há pais ausentes que nunca
serão pais, _____ padrastos atentos que sempre serão pais.
Não existem pai e mãe por decreto, representam conquistas sucessivas. Não existem pai e mãe vitalícios. A
paternidade e a maternidade significam favoritismo, só que não se ganha uma partida por antecipação. É preciso jogar
dia por dia, rodada por rodada. Já perdi os meus filhos por distração, já os reconquistei por insistência e esforço.
Família é uma coisa, ser parente é outra. Identifico uma diferença fundamental. Amigos podem ser mais irmãos do que
os irmãos ou mais mães do que as mães.
Família vem de laços espirituais; parente se caracteriza por laços sanguíneos. As pessoas que mais amo no decorrer
da minha existência formarão a minha família, mesmo que não tenham nada _____ ver com o meu sobrenome.
Família é chegada, não origem. Família se descobre na velhice, não no berço. Família é afinidade, não determinação
biológica. Família é quem ficou ao lado nas dificuldades enquanto a maioria desapareceu. Família é uma turma de
sobreviventes, de eleitos, que enfrentam o mundo em nossa trincheira e jamais mudam de lado.
Já parentes são fatalidades, um lance de sorte ou azar. Nascemos tão somente ao lado deles, que têm a chance natural
de se tornarem família, mas nem todos aproveitam.
Árvore genealógica é o início do ciclo, jamais o seu apogeu. Importante também pousar, frequentar os galhos, cuidar
das folhagens, abastecer as raízes: trabalho feito pelas aves genealógicas de nossas vidas, os nossos verdadeiros
familiares e cúmplices de segredos e desafios.
Dividir o teto não garante proximidade, o que assegura a afeição é dividir o destino.

Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2015/09/carpinejar-parente-e-familia-4842961.html>.


Acesso em: 08 de set de 2015.

8. (G1 - ifsul 2019) Qual a frase abaixo que está no sentido conotativo?
a) Família é feita de presença mais do que de registro.
b) Dividir o teto não garante proximidade.
c) Não subestimo a força da convivência.
d) Família é uma coisa, ser parente é outra.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto e responda à(s) questão(ões) a seguir.

EMBARQUE IMEDIATO
Não basta passar pelos dias. Viva a partir de agora, com emoção
Por Márcia de Luca

Neste mundo de turbulências em que estamos vivendo, muitas vezes nos sentimos deprimidos. Em certos
momentos, parece que tudo está perdido, não é mesmo? Achamos que tudo está diferente, que as pessoas estão
__________.
Mas aqui e agora, tome uma atitude firme em sua vida. Mude seu jeito negativo de ser, evitando que sua vida seja
insignificante.
Perdoe erros que você considerava imperdoáveis, troque as pessoas insubstituíveis por gente mais leve e solta. O

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apego aos outros está obsoleto. Nada nem ninguém é insubstituível. Aceite a decepção que outros lhe causaram para
que você também seja aceito. Sim, porque todos, inclusive nós, já decepcionamos alguém.
Antes de reagir por impulso, pare, respire fundo. E, só então, aja, com equilíbrio. Ame profundamente, __________
risadas gostosas, abrace, proteja pessoas queridas, faça amigos. Pule de felicidade e não tenha medo de quebrar a
cara – se isso acontecer, encare com leveza. Se perder alguém nesta vida, sofra comedidamente – e vá em frente, pois
tudo passa.
Mas, sobretudo, não seja alguém que simplesmente passa pela vida. Viva intensamente. Abrace o mundo com a
devida paixão que ele merece. Se perder, faça-o com classe, se vencer, que delícia! O mundo pertence a quem se
atreve a ser feliz. Aproveite cada instante dessa grande aventura.
Agora mesmo, neste __________, sente-se confortavelmente na poltrona, com a coluna ereta e de olhos fechados.
Faça vários ciclos de respiração profunda e sinta o ar entrando e saindo. Quando sentir seu corpo relaxado e sua mente
mais calma, pense em sua nova vida, mais leve. Desta maneira você viverá mais facilmente.

Fonte: Revista Gol – Linhas áreas inteligentes

9. (G1 - ifsul 2016) Sobre o título, são lançadas as seguintes afirmações:

I. A palavra embarque é classificada gramaticalmente como verbo e está acompanhada de um advérbio.


II. O sentido conotativo está presente e sugere uma mudança de atitude do interlocutor.
III. O sentido figurado minimiza o tom apelativo e resume a narrativa.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
a) I, II e III.
b) I e II apenas.
c) II apenas.
d) III apenas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


O texto abaixo servirá de base para responder à(s) questão(ões) a seguir.

Para comer depois

Na minha cidade, nos domingos de tarde,


as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca¹ e riem do rapaz de bicicleta,
a campainha desatada, o aro enfeitado de laranjas:
‘Eh bobagem!’

Daqui a muito progresso tecno-ilógico,


quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas,
em meu país de memória e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo.

¹tomar a fresca: refrescar-se ao ar livre nos dias mais quentes.

(Adélia Prado. Disponível em http://errancia.wordpress.com/2006/03/06/para-comer-depois/)

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10. (G1 - cp2 2015) Dos substantivos a seguir, o único que foi usado, no texto, com sentido conotativo é
a) “cidade” (verso 1).
b) “domingos” (verso 1).
c) “tarde” (verso 1).
d) “país” (verso 9).

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Texto 1
Araçatuba promove semana contra violência da mulher

Quebrando o Silêncio - Semana de Conscientização contra a Violência Doméstica irá acontecer pela quarta vez em
Araçatuba. A ação é um projeto da Adra (Agência de Desenvolvimento de Recursos Assistenciais),órgão oficial da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
Neste ano, a semana irá ocorrer em parceria com a Secretaria Municipal de Segurança, Câmara Municipal e
Delegacia de Defesa da Mulher. As atividades serão realizadas nos dias 13, 14 e 15, das 9h as 17h, no calçadão da
Marechal.

Disponível em www.folhadaregiao.com.br em 11/10/2010

Texto 2

Em 20 de novembro de 1959, foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos da Criança, com a intenção de
garantir à criança uma infância feliz.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069, art. 4º, esclarece que os direitos infantis precisam ser
recordados todos os dias como o direito à vida, saúde, alimentação, educação, esporte, lazer, profissionalização,
cultura, dignidade, respeito, liberdade e convivência familiar e comunitária.

Disponível em www.oecumene.radiovaticana.org em12/10/2010.

Texto 3
Violência em maternidades revela problemas na saúde pública

Uma pesquisa apresentada à Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) revela que grávidas em trabalho de parto
sofrem diversos maus tratos e desrespeitos por parte dos profissionais de saúde nas maternidades públicas. Segundo
a análise, esse tipo de violência, além de apontar para os problemas estruturais da saúde pública, revela a “erosão” da
qualidade ética das interações entre profissionais e pacientes, a banalização do sofrimento e uma cultura institucional
marcada por estereótipos de classe e gênero.

Disponível em www.correiodobrasil.com.br (Ano XI – nº 3937) em 12/10/2010

11. (G1 - ifal 2011) As afirmativas que seguem são verdadeiras ou falsas?
( ) Do texto 1, podemos inferir o oferecimento de um suporte social, psicológico, jurídico e preventivo às mulheres que
sofrem apenas com a violência familiar.
( ) A linguagem dos três fragmentos de textos é determinada pela finalidade: trata-se de textos informativos.
( ) Somente o texto 2 privilegia a correção gramatical e a precisão vocabular, isso porque a linguagem necessita ser
absolutamente objetiva.
( ) No texto 3, as aspas foram utilizadas para pôr a palavra ”erosão” em evidência, uma vez que se encontra no

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sentido secundário, conotativo.

Assinale a opção em que se encontra a sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo.
a) V – F – V – F
b) V – F – F – F
c) V – V – F – F
d) F – F – V –V
e) F – V – F – V

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Tarde Cinzenta

A 13tarde de inverno é perfeita. O tempo nublado acinzenta tudo. Mesmo os mais 11empedernidos cultores da
agitação, do barulho, das cores, hoje se rendem a uma certa passividade e melancolia. Os espíritos 12ensimesmados
reinam; os ativos pagam tributo à reflexão. Sem o sol, que provoca a 1rudeza dos contrastes, 2tudo é sutil, tudo é
suave.
Tardes assim nos reconciliam com o efêmero. 18Longe das ³certezas substanciais, ficamos flutuando entre as
⁴névoas da dúvida. A superficialidade, que aparentemente plenifica, dissolve-se; acabamos ancorados no porto das
insatisfações. E, ao invés de nos perenizarmos como singularidade, desejamos subsumir na névoa...como a
14
montanha e a tarde.
A vida sempre para numa tarde assim. É como se tudo congelasse. Moléculas, músculos, máquinas e espíritos
interrompem seu ⁵furor produtivo 19e se rendem, estáticos, à ⁶magia da tarde cinzenta.
20
Numa tarde assim, não há senão uma coisa a fazer: contemplar. O espírito, carregando consigo um corpo por
vezes contrariado, ⁷aquieta-se e divaga; ⁸torna-se receptivo a tudo: aos mínimos sons, 24às réstias de luz que
atravessam a névoa, ao lento e pesado progresso que tudo conduz para o fim do dia, para o mergulho nas brumas da
noite. 25As narinas absorvem com prazer um odor que parece carregado de umidade; a pele sente o toque enérgico do
frio. O langor impõe-se e comanda esse estar-no-mundo como que suspenso por um tênue fio 21que nos liga,
timidamente, à vida ativa.
Nas tardes cinzentas, o coração balança entre a paz e a inquietação, 23porque a calma e o silêncio inquietam. 9O
azáfama anestesia; 10o não fazer deixa o espírito alerta — como um nervo exposto a qualquer acontecer.
Não há jamais nada de espetacular nas 15tardes cinzentas, a não ser o espetáculo da própria tarde. E este é
grandiosamente simples: ar friorento, claridade difusa que se perde no cinza, contemplação, inatividade e o
contraditório do espírito aguçado e acuado por esse acontecer minimalista da vida.
Na tarde fria e cinzenta, corpos se rendem ao aconchego de 16roupas macias ou de braços macios em abraços
suaves. Somente olhares e corações conservam o fogo das paixões. As vozes agudas e imperativas transformam-se
em sons baixos, quase guturais, que muitas vezes convertem-se em sussurros, como temendo quebrar a magia da
tarde.
Não nos iludamos com as aparências: não há necessariamente tristeza nas tardes cinzentas. Mas também não
existe aquela alegria inconsequente dos dias cálidos e dourados pelo sol. 22Existe, sim, um equilíbrio perfeito, numa
equidistância entre o tédio e a euforia, fazendo-nos caminhar sobre um 17tênue fio distendido entre o amargor e a
satisfação, entre o entusiasmo e o tédio. Tudo isso, porém, só se mostra aqui e ali, em meio à bruma difusa, ao cinza
que permeia tudo.
Uma simples tarde cinzenta pode parar o mundo, pode deter a vida. Somente por um instante. Mas talvez apenas
nos corações sensíveis.

CARINO, J.
Disponível em: http://www.almacarioca.net/tarde-cinzenta-j-carino/
Acesso em: 23 ago. 2010. (Adaptado)

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12. (Cesgranrio 2011) A expressão que, no texto, está empregada no sentido conotativo é
a) “...tarde de inverno...” (ref. 13)
b) “...a montanha e a tarde.” (ref. 14)
c) “...tardes cinzentas,” (ref. 15)
d) “...roupas macias...” (ref. 16)
e) “...tênue fio...” (ref. 17)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


PARA QUEM QUER APRENDER A GOSTAR

01 "Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu
amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que
ninguém aceita aprender.
02 Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de
entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou
embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.
03 Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebem ameaçados apenas e
tão-somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de
compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razões. Sim, de
razões. Ter razão é o maior perigo do amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de
exigir justiça, equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida
no qual não possa ter razão. Nem queira. Ter razão é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com justiça,
mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão.
04 Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do
gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza
possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes
necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele
pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual,
irmão, criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.
05 Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de
quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomendam-se: encabulamentos, ser pego em flagrante gostando; não
se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar a convivência com teorizações; adiar sempre, se possível com beijos, 'aquela
conversa importante que precisamos ter'; arquivar, se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida. Para
quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção
possível. Quem ama bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.
06 Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como a criança de nariz
encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos sonhos); não teorize sobre o amor; ame. Siga o destino dos
sentimentos aqui e agora.
07 Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer
(sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a verdade do tamanho do amor que sente.
08 Jogue por alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser
sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja
você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo
o coração bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que intuiu em criança. Sem medo de dizer eu
quero, eu gosto, eu estou com vontade.
09 Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor, ou amar
fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases não altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expressão
de tudo o que você é, e nunca: deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser.

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10 Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da
forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser
capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz."

(TÁVOLA, Arthur da. "Para quem quer aprender a amar". In: COSTA, Dirce Maura Lucchetti et al. "Estudo de texto:
estrutura, mensagem, re-criação". Rio, DIMAC, 1987. P. 25-6)

13. (Uece 1996) Está empregada no sentido CONOTATIVO a palavra:


a) "cercas", parágrafo 5
b) "escritores", parágrafo 6
c) "brinquedos", parágrafo 6
d) "manhãs", parágrafo 8

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.

MAIS IDOSOS NO MERCADO DE TRABALHO


Com mudanças no estilo de vida, aposentadoria está cada vez mais tardia

Durante toda a sua carreira, entre uma reportagem e outra, o jornalista Ricardo Moraes tinha um sonho além dos
papéis: ter um bar. Há dois anos, quando se aposentou, preferiu trocar a desaceleração de uma vida inteira de trabalho
pelo desafio de recomeçar. E, aos 65 anos, acabou de inaugurar a filial do boteco paulistano Bar Léo, no Centro do Rio.
Mas não é só ele. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, os idosos somam 23,5 milhões dos brasileiros,
mais que o dobro do registrado em 1991. E a projeção é que serão 30% da população em 2050 (em 2010, eram 10%).
Para compor a equipe, Moraes misturou a energia e a agilidade de funcionários jovens à experiência em
atendimento de excelência dos mais velhos. Para isso, chamou o também aposentado Luis Ribeiro, de 67 anos, para
ser seu maître, e o garçom Francisco Carlos, que ainda não se aposentou, mas já passou dos 50 anos.
“Eu ensino organização, senso de hierarquia e como ser mais formal e excelente no atendimento ao cliente. E eles
me ensinam muito sobre tecnologia”, conta Ribeiro, que tem 45 anos de estrada e se aposentou há três anos.
Essa mistura de gerações não é de hoje, mas prepare-se, porque ela será cada vez mais presente dentro das
empresas. E por um motivo muito simples: as pessoas estão envelhecendo mais tarde.
Com avanços da medicina e estilo de vida mais saudável, aquele senhor que, em décadas passadas, preparava-se
para ficar no sofá aos 60 anos, hoje está a todo vapor. Além disso, há a questão pessoal, de querer se manter ocupado
e útil, e a financeira, pois, como se sabe, apesar da contribuição de uma vida inteira, o retorno é quase sempre baixo
em relação aos trabalhadores comuns.
Tudo isso afeta diretamente o mercado de trabalho, que passa a contar com uma força de trabalho mais madura e
bem presente, e traz desafios também. Um deles é justamente a harmonia entre gerações tão diferentes. Em tese,
ambos agregam: os mais velhos com sua experiência, padrões de qualidade sólidos e comprometimento; e os mais
jovens com sua vivacidade, fácil adaptação e familiaridade à tecnologia. Na prática, porém, há outras questões.

RIBAS, Raphaela. Mais idosos no mercado de trabalho. O Globo, São Paulo, 25 mar. 2018. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/emprego/mais-idosos-no-mercado-de-trabalho-22520971>. Acesso em: 01 out.
2018 (adaptado).

14. (G1 - ifpe 2019) Em diversos gêneros textuais, é possível perceber o uso de termos com sentido figurado.
Entendemos essa prática como o emprego da conotação. Diante dessa informação, assinale a opção na qual se pode
identificar um ou mais termos cujo sentido literal foi ampliado ou alterado, o que caracteriza a existência de conotação.
a) “E a projeção é que serão 30% da população em 2050 (em 2010, eram 10%) [...]” (2º parágrafo).

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b) “E, aos 65 anos, acabou de inaugurar a filial do boteco paulistano Bar Léo, no Centro do Rio” (1º parágrafo).
c) “Com avanços da medicina e estilo de vida mais saudável, aquele senhor que, em décadas passadas, preparava-se
para ficar no sofá aos 60 anos, hoje está a todo vapor” (6º parágrafo).
d) “‘Eu ensino organização, senso de hierarquia e como ser mais formal e excelente no atendimento ao cliente’” (4º
parágrafo).
e) “Além disso, há a questão pessoal, de querer se manter ocupado e útil […]” (6º parágrafo).

15. (Fmp 2017) As palavras podem ser empregadas no sentido literal ou no sentido figurado.
O trecho da obra de Graciliano Ramos que se caracteriza pela presença de linguagem figurada é:
a) “Não me ajeitava a esse trabalho: a mão segurava mal a caneta, ia e vinha em sacudidelas, a pena caprichosa fugia
da linha, evitava as curvas, rasgava o papel, andava à toa como uma barata doida, semeando borrões.” RAMOS, G.
Infância. 9. ed. São Paulo: Martins, 1972, p. 135.
b) “A mulher gorda chamou-me, deu-me uma cadeira, examinou-me a roupa, o couro cabeludo, as unhas e os dentes.
Em seguida abriu a caixinha branca, retirou o folheto: — Leia.” RAMOS, G. Infância. 9. ed. São Paulo: Martins, 1972, p.
135.
c) “Atrás da loja, de quatro portas, duas em cada frente, havia o armazém de ferragens e o depósito de milho, onde eu
e minhas irmãs brincávamos” RAMOS, G. Infância. 9. ed. São Paulo: Martins, 1972, p. 72.
d) “Datam desse tempo as minhas mais antigas recordações do ambiente onde me desenvolvi como um pequeno
animal. Até então algumas pessoas, ou fragmentos de pessoas, tinham se manifestado, mas para bem dizer viviam fora
do espaço.” RAMOS, G. Infância. 9. ed. São Paulo: Martins, 1972, p. 26.
e) “Na cidade ainda não havia hotéis, e à tardinha, ao chegar o trem, quase diariamente nos apareciam carregadores
que transportavam bagagens.” RAMOS, G. Infância. 9. ed. São Paulo: Martins, 1972, p. 256.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Para responder às questões, leia o poema a seguir.

Definição do amor

Mandai-me, Senhores, hoje


que em breves rasgos descreva
do Amor a ilustre prosápia,
E de Cupido as proezas.

Dizem que de clara escuma,


dizem que do mar nascera,
que pegam debaixo d’água
as armas que o Amor carrega.

[...]

O arco talvez de pipa,


A seta talvez esteira,
Despido como um maroto,
Cego como uma toupeira.

[...]

E isto é o Amor? É um corno.

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Isto é o Cupido? Má peça.

[...]

O amor é finalmente
Um embaraço de pernas,
Uma união de barrigas,
Um breve tremor de artérias
Uma confusão de bocas,
Uma batalha de veias,
Um reboliço de ancas,
Quem diz outra coisa é besta.

Gregório de Matos: Poemas escolhidos (Seleção, prefácio e notas de José Miguel Wisnik). São Paulo: Cia. das Letras,
2010, p. 301-312 (fragmento).

16. (G1 - cftmg 2016) O termo grego “retórica” significa, literalmente, a arte de falar bem. Ele tem sido utilizado desde
o Período Clássico para tratar da organização do discurso e do uso da linguagem para fins persuasivos.

Dentre as estratégias retóricas utilizadas por Gregório de Matos, distingue-se a


a) presença de argumentos contrários ao senso comum.
b) construção de diálogos com diferentes interlocutores.
c) apresentação dos argumentos principais na introdução.
d) menção a deuses gregos para confirmação dos argumentos.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

João Gilberto Noll nasceu em Porto Alegre, no ano de 1946. Além de contista e romancista, fez incursões pela literatura
infantil. Ganhou cinco prêmios Jaboti. João Gilberto Noll faz uma literatura caracterizada pela dissolução. Seus
romances são concisos e apresentam enredos episódicos sustentados pela causalidade. Essa técnica difere da técnica
narrativa que estabelece o elo entre o real e o ficcional. Os personagens de Noll são seres não localizados e alijados
da experiência; muito embora lançados numa sucessão frenética de acontecimentos e passando por um sem número
de lugares, o que vivem não se converte em saber, em consciência de ser e de estar no mundo.

Duelo antes da noite

¹No caminho a menina pegou uma pedra e atirou-a longe, o mais que pôde. ²O menino puxava a sua mão e reclamava
da vagareza da menina. ³Deviam chegar até a baixa noite a Encantado, e o menino sabia que ele era responsável pela
menina e deveria manter uma disciplina. Que garota chata, ele pensou. Se eu fosse Deus, não teria criado as garotas,
seria tudo homem igual a Deus. ⁴A menina sentia-se puxada, reclamada, e por isso emitia uns sons de ódio: graças a
Deus que eu não preciso dormir no mesmo quarto que você, graças a Deus que eu não vou morar nunca mais com
você. Vamos e não resmunga, exclamou o menino. ⁵E o sol já não estava sumindo? Isso nenhum dos dois perguntava
porque estavam absortos na raiva de cada um. A estrada era de terra e por ela poucos passavam. Nem o menino nem
a menina notavam que o sol começava a se pôr e que os verdes dos matos se enchiam cada vez mais de sombras.
Quando chegassem a Encantado o menino poria ela no Opala do prefeito e ela nunca mais apareceria. Ele não gosta
de mim, pensou a menina cheia de gana. Ele deve estar pensando: o mundo deveria ser feito só de homens, as
meninas são umas chatas. ⁶O menino cuspiu na areia seca. A menina pisou sobre a saliva dele e fez assim com o pé

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para apagar cuspe.


⁷Até que ficou evidente a noite. ⁸E o menino disse a gente não vai parar até chegar em Encantado, ⁹agora eu proíbo que
você olhe pros lados, que se atrase. 10A menina não queria chorar e prendia-se por dentro porque deixar arrebentar uma
lágrima numa hora dessas é mostrar muita fraqueza, é mostrar-se muito menina. E na curva da estrada começaram a
aparecer muitos caminhões apinhados de soldados e a menina não se conteve de curiosidade. 11Para onde vão esses
soldados? – ela balbuciou. 12O menino respondeu ríspido. Agora é hora apenas de caminhar, de não fazer perguntas,
caminha! A menina pensou eu vou parar, fingir que torci o pé, eu vou parar. E parou. O menino sacudiu-a pelos ombros
até deixá-la numa vertigem escura. Depois que a sua visão voltou a adquirir o lugar de tudo, ela explodiu chamando-o
de covarde. Os soldados continuavam a passar em caminhões paquidérmicos. E ela não chorava, apenas um único
soluço seco. 13O menino gritou então que ela era uma chata, que ele a deixaria sozinha na estrada que estava de saco
cheio de cuidar de um traste igual a ela, que se ela não soubesse o que significa traste, que pode ter certeza que é um
negócio muito ruim. A menina fez uma careta e tremeu de fúria. Você é o culpado de tudo isso, a menina gritou. Você é
o único culpado de tudo isso. Os soldados continuavam a passar.
Começou a cair o frio e a menina tiritou balançando os cabelos molhados, mas o menino dizia se você parar eu te deixo
na beira da estrada, no meio do caminho, você não é nada minha, não é minha irmã, não é minha vizinha, não é nada.
E Encantado era ainda a alguns lerdos quilômetros. A menina sentiu que seria bom se o encantado chegasse logo para
se ver livre do menino. Entraria no Opala e não olharia uma única vez pra trás para se despedir daquele chato.
Encantado apareceu e tudo foi como o combinado. Doze e meia da noite e o Opala esperava a menina parado na frente
da igreja. Os dois se aproximaram do Opala tão devagarinho que nem pareciam crianças. O motorista bigodudo abriu
a porta traseira e falou: pode entrar, senhorita. Senhorita... o menino repetia para ele mesmo. A menina se sentou no
banco traseiro. Quando o carro começou a andar, ela falou bem baixinho: eu acho que vou virar a cabeça e olhar pra
ele com uma cara de nojo, vou sim, vou olhar. E olhou. Mas o menino sorria. E a menina não resistiu e sorriu também.
E os dois sentiram o mesmo nó no peito.

NOLL, João Gilberto. In: Romances e contos reunidos.


São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 690-692. (Texto adaptado).

Segundo Massaud Moisés, o conto é, do ponto de vista dramático, univalente: contém um só drama, uma só história,
um só conflito (oposição, luta entre duas forças ou personagens), uma só ação. As outras características (limitação do
espaço e do tempo; quantidade reduzida de personagens; unidade de tom ou de emoção provocada no leitor, concisão
de linguagem) decorrem da unidade dramática.

Com base nessas informações, resolva a(s) questão(ões) a seguir.

17. (Uece 2016) A relação entre as duas crianças pode ser lida no plano do concreto (do literal) e no plano do abstrato
(da metaforização). Atente ao que se diz a esse respeito.

I. No plano da concretude, constata-se um embate entre um menino e uma menina que não se gostam e não se afinam.
II. No plano da metaforização, as duas crianças, mesmo sem ter consciência, incorporam papéis e lugares de adultos
no meio social em que vivem.
III. Ainda no plano da metaforização, faz-se a leitura mais ampla sobre os lugares do homem e da mulher na sociedade.

Está correto o que se afirma em


a) I e II apenas.
b) I e III apenas.
c) II e III apenas.
d) I, II e III.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Texto para a(s) próxima(s) questão(ões).

Jornais impressos são coisas palpáveis, ¹concretas, estão materializados em papel. No papel está seu suporte físico.
Do papel, assim como da tinta, podem-se examinar a idade e a autenticidade. Já em televisão, como em toda forma de
mídia eletrônica, é cada vez mais difícil encontrar o suporte físico original da informação. A bem da verdade, na era
digital, quando já não se tem mais sequer o negativo de uma fotografia, ²posto que as fotos passaram a ser produzidas
em máquinas digitais, praticamente não há mais o suporte físico primeiro, original, ³do documento que depois será
objeto de pesquisa histórica. São tamanhas as possibilidades de alteração da imagem digital ⁴que, anos depois, será
difícil precisar se aquela imagem que se tem corresponde exatamente à cena que foi de fato fotografada. E não se terá
um negativo original para que seja tirada a ⁵prova dos nove.

Eugênio Bucci e Maria R. Kehl, Videologias: ensaios sobre televisão. São Paulo: Boitempo, 2004.

18. (Fgv 2015) Examine os seguintes comentários sobre diferentes elementos linguísticos presentes no texto:

I. Na oração que inicia o texto, a palavra “concretas” (ref. 1) é um adjetivo que amplia o significado de outro adjetivo.
II. No trecho “do documento que depois será objeto de pesquisa histórica” (ref. 3), a palavra “objeto” assume sentido
abstrato.
III. A expressão “prova dos nove” (ref. 5) deve ser entendida, no texto, em seu sentido literal.

Está correto o que se afirma em


a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


PORTÃO

O portão fica bocejando, aberto


para os alunos retardatários.
Não há pressa em viver
nem nas ladeiras duras de subir,
¹quanto mais para estudar a insípida cartilha.
Mas se o pai do menino é da oposição,
à ²ilustríssima autoridade municipal,
prima por sua vez da ³sacratíssima
autoridade nacional,
⁴ah, isso não: o vagabundo
ficará mofando lá fora
e leva no boletim uma galáxia de zeros.

A gente aprende muito no portão


fechado.

ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Carlos Drummond de Andrade: Poesia e Prosa. Editora Nova Aguilar:1988. p.
506-507.

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19. (Uece 2014) Atente ao que é dito sobre o vocábulo “insípida” (ref. 1).

I. Foi empregado na acepção de sem graça, desinteressante, monótono.


II. Foi empregado no seu sentido literal, não figurado.
III. A mudança da posição desse adjetivo para depois do substantivo não alteraria o significado do substantivo.

Está correto o que se afirma somente em


a) I e II.
b) III.
c) I e III.
d) II.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

O texto a seguir foi extraído do livro de memórias do escritor e jornalista carioca, que nasceu em 1926, Carlos Heitor
Cony.
Um livro de memórias é “relato que alguém faz, frequentemente, na forma de obra literária, a partir de acontecimentos
históricos dos quais participou ou foi testemunha, ou que estão fundamentados em sua vida particular”. Não deve ser
confundido com autobiografia.

O suor e a lágrima

Fazia calor no Rio, quarenta graus e qualquer coisa, quase quarenta e um. No dia seguinte, os jornais diriam que fora
o dia mais quente deste verão que inaugura o século e o milênio. ²Cheguei ao Santos Dumont, o voo estava atrasado,
decidi engraxar os sapatos. Pelo menos aqui no Rio são raros ³esses engraxates, só existem nos aeroportos e em
poucos lugares avulsos.
Sentei-me ⁴naquela espécie de cadeira canônica, de coro de abadia pobre, que também pode parecer o trono de um rei
desolado de um reino desolante.
O engraxate era gordo e estava com calor — o que me pareceu óbvio. Elogiou ⁷meu sapato, cromo italiano, fabricante
ilustre, os Rossetti. ⁶Uso-o pouco, em parte para poupá-lo, em parte porque quando posso estou sempre de tênis.
Ofereceu-me o jornal que eu já havia lido e começou seu ofício. Meio careca, o suor encharcou-lhe a testa e a calva.
5Pegou aquele paninho que dá brilho final nos sapatos e com ele enxugou o próprio suor, que era abundante.
Com o mesmo pano, executou com maestria aqueles movimentos rápidos em torno da biqueira, mas a todo o instante
o usava para enxugar-se — caso contrário, o suor inundaria o meu cromo italiano.
E foi assim que a testa e a calva do valente filho do povo ficaram manchadas de graxa e o meu sapato adquiriu um brilho
de espelho, à custa do suor alheio. Nunca tive sapatos tão brilhantes, tão dignamente suados.
Na hora de pagar, alegando não ter nota menor, deixei-lhe um troco generoso. Ele me olhou espantado, retribuiu a
gorjeta me desejando em dobro tudo o que eu viesse a precisar no resto dos meus dias.
Saí daquela cadeira com um baita sentimento de culpa. Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos assim, por 45
míseros tostões fizera um filho do povo suar para ganhar seu pão. ¹Olhei meus sapatos e tive vergonha daquele brilho
humano salgado como lágrimas.

CONY, Carlos Heitor. In: Eu aos pedaços: memórias. São Paulo: Leya, 2010. p. 114-115.

20. (Uece 2014) No título do texto, os termos — suor e lágrima — extrapolam o sentido literal e podem ser
interpretados, respectivamente, como
a) o fluido destilado pelos poros da pele; a secreção produzida pelas glândulas lacrimais.
b) a exploração do outro; a culpa, o remorso.
c) a tristeza; o trabalho duro.
d) o trabalho forçado; o desejo de vingança.

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Resposta da questão 1:
[A]

[A] Correto. Apesar de ser um provérbio, o termo apresenta sentido real na oração, fazendo menção à parte externa da
cavidade bucal.
[B] Incorreto. O termo é empregado em sentido conotativo, relacionado ao pedido de silêncio.
[C] Incorreto. A palavra está em sentido conotativo, fazendo referência ao modelo largo da barra da calça.
[D] Incorreto. Conotativamente, “boca da noite” remete ao início da noite.
[E] Incorreto. Conotativamente, “boca de urna” faz referência à propaganda eleitoral promovida na iminência da
votação.

Resposta da questão 2:
[C]

[A] Incorreto. “Plugar” está em sentido metafórico, no sentido de unir homens.


[B] Incorreto. “Olhar” está em sentido metafórico, no sentido de “análise”.
[C] Correto. “Penas” é sinônimo de “penalidades”.
[D] Incorreto. “Marcha” está em sentido metafórico, no sentido “destino”.

Resposta da questão 3:
[D]

A linguagem conotativa é aquela do sentido figurado, ao passo que a denotativa é do sentido literal. Assim, nos versos
“Deixarei que esses lábios sejam meus, sejam teus / Esses embalam”, vemos o uso da linguagem conotativa, uma vez
que os lábios não embalam literalmente, mas figuradamente.

Resposta da questão 4:
[B]

[II] Incorreta: o texto não faz um mau juízo de valor acerca do uso das palavras deslocado do seu sentido original. Ele
expõe, no entanto, que há pessoas que ficam insatisfeitas com esse uso.

Resposta da questão 5:
[C]
Neste caso, “enxurrada” está sendo usada no sentido conotativo de “várias”, ao passo que seu sentido denotativo seria
“corrente de água”.

Resposta da questão 6:
[D]

[A] A expressão veio voando é uma hipérbole para dizer que o garoto veio muito rápido.
[B] A expressão mil anos indica que espera há muito tempo. Há um exagero, portanto uma hipérbole.
[C] Há uma hipérbole quando diz que poderia beber toda água do Amazonas.
[D] Correta. Em um estádio pode caber milhares de pessoas.
[E] Há uma hipérbole no exagero um bilhão de vezes.

Resposta da questão 7:
[D]

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[I] Incorreta: a palavra “mar” não foi empregada no sentido próprio de extensão de água salgada. Na verdade ela foi
empregada no sentido conotativo, indicando abundância.

Resposta da questão 8:
[B]

Em [B], a expressão “dividir o teto” está no sentido conotativo, trazendo a ideia de compartilhamento da mesma casa,
apresentando laços sanguíneos, mas sem necessariamente ter um vínculo afetivo.

Resposta da questão 9:
[C]

[I] Incorreta: a palavra “embarque” é classificada como substantivo.


[III] Incorreta: o sentido figurado, na verdade, contribui para o tom apelativo, pois sugere justamente uma mudança de
atitude do interlocutor (como colocado corretamente em [II]).

Resposta da questão 10:


[D]

Por tratar-se de um poema que procura resgatar um tempo vivido na memória, cada palavra tem o seu quê conotativo,
sobretudo por tratar-se de um poema cuja base de composição é a metáfora. Dessa maneira, o vocábulo país, neste
contexto, pode ser entendido em sua função conotativa.

Resposta da questão 11:


[E]

São falsas a primeira e penúltima afirmativas, pois o texto 1 informa sobre o suporte a todos que são vítimas de violência
doméstica e a linguagem do texto 2 não é diferente dos outros dois, pois todos procuram ser objetivos e precisos,
usando a função referencial da linguagem. Assim, é correta a opção [E]: F – V – F – V.

Resposta da questão 12:


[E]

No contexto, a expressão “tênue fio” é usada com sentido conotativo, sugerindo a dificuldade em definir objetivamente
as sensações antagônicas captadas pelo autor perante o ambiente que o cerca (“Existe, sim, um equilíbrio perfeito…
fazendo-nos caminhar sobre um tênue fio distendido entre o amargor e a satisfação, entre o entusiasmo e o tédio”).

Resposta da questão 13:


[A]

Resposta da questão 14:


[C]

Na alternativa [C], vemos o uso da expressão “estar a todo vapor”, que indica que uma pessoa está com muita energia.
Assim, vemos que não há uso da literalidade na expressão, mas sim, da conotação.

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Resposta da questão 15:


[A]

Em [A], vemos um narrador em primeira pessoa que descreve um trabalho manual no qual a pena ganha vida e “foge
da linha”, “andando à toa como uma barata doida”, “semeando borrões”. Vê-se, assim, o emprego da linguagem
figurada, uma vez que o sentido dado a essas expressões não é literal: a pena não fugiu literalmente, tampouco andou
ou semeou.

Resposta da questão 16:


[A]

O senso comum costuma idealizar o amor. Gregório de Matos utiliza argumentos que vão justamente na contramão
dessa idealização, desnudando o sentimento amoroso e fazendo uma crítica à idealização. Dessa forma, consegue
estabelecer uma estratégia retórica com argumentos contrários ao senso comum.

Resposta da questão 17:


[D]

[I] Verdadeira. As personagens, por algum motivo, são obrigadas a trilharem uma estrada até Encantado; a relação dela
é de desarmonia em grande parte do tempo.
[II] Verdadeira. O garoto assume a posição de liderança da missão. Ele está compromissado (“Deviam chegar até a
baixa noite a Encantado, e o menino sabia que ele era responsável pela menina e deveria manter uma disciplina”), mas
a menina tem outro ritmo, é mais curiosa e sentimental.
[III] Verdadeira. O garoto assume posturas machistas, inclusive por meios violentos (“O menino sacudiu-a pelos ombros
até deixá-la numa vertigem escura”), mas ela tenta assumir o lugar que cabe a ela (“Depois que a sua visão voltou a
adquirir o lugar de tudo, ela explodiu chamando-o de covarde”), mesmo que também reflita o pensamento predominante
(“A menina não queria chorar e prendia-se por dentro porque deixar arrebentar uma lágrima numa hora dessas é
mostrar muita fraqueza, é mostrar-se muito menina”).

Resposta da questão 18:


[D]

[I] Correta. A palavra concreta cumpre a função de um adjetivo, ampliando o sentido de outro adjetivo: palpáveis.
[II] Correta. Em objeto de pesquisa histórica a palavra objeto adquire sentido de substantivo abstrato.
[III] Em prova dos nove a expressão indica conferência, um tira-teima perante um original necessário para conferir
veracidade à imagem. Não pode ser literal porque a expressão faz um empréstimo da matemática.

Resposta da questão 19:


[C]
O termo “insípido” caracteriza denotativamente aquilo que não tem sabor, valor semântico que não condiz com o texto
de Drummond em que predomina a função poética da linguagem. Na verdade, o autor usa-o na acepção de sem graça,
desinteressante, monótono, portanto com valor conotativo. Como o seu significado não seria alterado se fosse posposto
ao verbo, apenas a alternativa [C] é correta.

Resposta da questão 20:


[B]

O enunciado da questão invalida a alternativa [A], por esta ser formada pelo sentido denotativo das palavras indicadas.

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O suor está metaforicamente relacionado ao trabalho, assim como a lágrima, à expressão de sentimentos; uma vez que
não há no texto referências ao sentimento de vingança, os termos relacionam-se, respectivamente, à explosão do outro;
à culpa e ao remorso.

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