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Curso De Psicologia 7º Semestre Período Noturno

Sala U105 7ºNB

Luzanira da Silva Vieira Caldas RA: 28259516


Thalita Garcia Inácio RA: 28259029
Katy Lívia Bezerra da Silva RA: 28259525

Tópicos integradores
Sonhos e representações

Guarulhos-SP

2020
Luzanira da Silva Vieira Caldas RA: 28259516
Thalita Garcia Inácio RA: 28259029
Katy Lívia Bezerra da Silva RA: 28259525

Tópicos integradores
Sonhos e representações

Trabalho Apresentado A Disciplina de tópicos


integradores Universidade Guarulhos.
Professor Paulo Felix.

Guarulhos-SP

2020
INTRODUÇÃO

O trabalho tem como objetivo abordar a psicanálise freudiana sobre os sonhos, iniciada em
1890. Onde Freud fala sobre sua crença de que a essência do sonho é um desejo que foi
reprimido. Abordaremos os sonhos e como podem revelar um pouco da personalidade
humana. Com o intuito de analisar a teoria freudiana e compreender os processos do
inconsciente manifesto através dos sonhos, procuramos a melhor compreensão a
respeito da temática abordada. Utilizaremos o levantamento bibliográfico, como os escritos
na bibliografia de Freud e autores que analisam sua obra, para apontarmos os aspectos
mais relevantes de sua teoria e trajetória dentro da psicanálise acerca dos sonhos.

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A IMPORTÂNCIA DOS SONHOS PARA A PSICANÁLISE

Introdução histórica

Os sonhos fazem parte do cotidiano humano e as suas narrativas são representadas


pela própria experiência, em estado de vigília, acerca da rotina de quem sonha. O conteúdo
dos sonhos, por sua vez, se entrelaça com a cultura da sociedade que cerca o sonhador.
Assim, as dúvidas sobre os conteúdos e simbolismos dos sonhos fizeram parte da História,
e a transição entre a crença no místico e o papel do inconsciente nos sonhos foi marcada
pelo estudo do psicanalista Freud.
Na Pré-história, por exemplo, eles eram vistos como representações do que iria
acontecer, havia uma forte relação entre sonhos e o universo sobre-humano, assim, as
funções de adivinho, eram dadas aos decifradores de sonhos. Gomes (2010) informa que
no período Pré-Histórico os sonhos ocupavam um papel decisivo na sociedade, tendo em
vista que as populações tribais baseavam as suas decisões por meio do conteúdo dos
sonhos do chefe da tribos.
Já Vernant (1990) explica a correlação dos sonhos com o Mythos (aquilo que se
opõe a razão, ou ao logos) segundo o autor, na, o adivinho é aquele que ultrapassa o mundo
interditado aos mortais e enxerga além do que é visível, fato que também ocorre no
momento que o adivinho sonha.
Assim, essa visão Pré-histórica dos sonhos ecoou na atitude adotada pelos povos
da Antiguidade Clássica. Segundo a obra de Freud (1990, p.15) os povos da Antiguidade
Clássica tomavam como verdade incontestável que os sonhos estavam relacionados
com o mundo dos seres sobrenaturais, mantendo relação dos sonhos com revelações de
deuses e demônios. Não havia dúvida, além disso, de que, os sonhos tinham uma finalidade
importante, que era, via de regra, predizer o futuro.
Em contrapartida, o filósofo Platão já começa, em 300 a.C., explorar o conceito de
que os sonhos não são exclusivamente oriundos do universo sobrenatural. Azevedo
(2013) relata que o filósofo já trata as abordagens do sonho sob uma perspectiva mais
psicológica que intuitiva, tendo em vista que via no significado dos sonhos um
adormecimento do lado racional humano, abrindo espaços para o lado instintivo e inato de
todo homem.

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O processo de estudo dos sonhos é amplamente abordado pela filosofia antes de
ser relacionado à ciência e a psicanálise por Freud em 1900. O processo histórico através
de alguns filósofos pode ser visto a seguir em ordem crescente de período e
posicionamento quanto a importância dos sonhos:
• Pitágoras (570 a.C) - Sonhos seriam a expressão de uma mensagem do
sobrenatural e sua conexão com o sonhador mantém relação com a pureza da alma.
• Sócrates (500 a.C) - Questiona sobre a diferença entre estado de sono e vigília, pois
em ambos os estados a realidade apresentada segue parâmetros do que tomamos
como verdade.
• Hipocrátes (460 a.C) antecipando os estudos de Freud, já esboça a crença de que
os sonhos são egocentrados.
• Demócrito - No mesmo período que Hipócrates, já abordava a ideia de que os sonhos
traziam consigo a experiência vivida no estado de vigília, de modo que excluía a
ideia de que os sonhos seriam apenas premonitórios.

Nas obras de Aristóteles (384 a.C), que sucedem as de Demócrito, já torna o sonho
como objeto de estudo psicológico. Suas obras informam que os sonhos não são enviados
pelos deuses e não são de natureza divina, mas que são “demoníacos”, visto que a
natureza é demoníaca, e não divina. Os sonhos, em outras palavras, não decorrem de
manifestações sobrenaturais, mas seguem as leis do espírito humano.

Freud e o marco do estudo dos sonhos para a psicanálise e a importância do estudo dos
sonhos

Assim como os sonhos tem forte influência nas sociedades, sejam elas da
antiguidade ou dos tempos atuais, a sua importância para a psicanálise se dá pela
exposição do inconsciente através do conteúdo dos sonhos, pois também é desta maneira
que se pode chegar a concepções das pulsões reprimidas do analisado.
A obra A Interpretação dos Sonhos, de Freud, publicada em 1900, foi um marco que
alterou as formas de análises da hipnótica para a onírica, utilizando o conteúdo dos sonhos
para a investigação do inconsciente. Esta obra é a primeira obra psicanalítica de Freud. A
publicação foi formulada por um período de quatro anos de estudos e posteriormente
publicada na virada do século como forma estratégica do próprio Freud.
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O desejo de Freud era o de que sua obra fosse um marco temporal da pesquisa
onírica (que diz respeito aos sonhos), porém a repercussão de seus estudos, foi dada
somente décadas depois. Para Freud, os sonhos trazem à tona os desejos (impulsos)
reprimidos, e esta abordagem afastou as hipóteses relacionadas ao universo místico e de
presságios, utilizando os sonhos como ferramenta para análise sobre um viés psicanalítico.
Na Interpretação dos Sonhos, Freud introduz um elemento a mais para fazer a
análise da nossa vida onírica. Além do conteúdo manifesto do sonho - o que
contamos sobre o que acabamos de sonhar- Freud também leva em conta as
associações do próprio sonhador. (SALES, 2016)

A autora informa ainda, que foi através da influência dos estudos de Freud que a
expressão do inconsciente é analisada sob a perspectiva do conteúdo e narrativa dos
sonhos, pois é no sonho que o material do inconsciente revela-se de outras formas e se
expressa. O sonho passa então a ser visto como uma expressão do inconsciente em um
momento em que ele encontra uma fresta para se revelar e saltar a barreira do consciente.
Uma ou outra abordagem sobre os sonhos favorecem o levantamento das
constatações importantes para a temática das relações inerentes ao continuum
consciente-inconsciente na realização humana, prosseguindo, no que refere à
linguagem do sonho, o esforço de Freud é caracterizá-la na substância das suas
propriedades ao desvelar pulsões e desejos. (LEITE, 1997).

Em resumo, foi através da obra freudiana “A Interpretação dos Sonhos” que teve
início o uso dos recursos da análise dos sonhos para trazer informações sobre o
inconsciente do indivíduo, de forma que marca o início também da psicanálise. Freud então,
interpreta os sonhos de seus clientes e os seus próprios, por meio de uma sistematização
psicanalítica, pois seus estudos revelavam que é no sonho que o consciente abre espaço
para que os desejos reprimidos do indivíduo pudessem vir à tona.

A Autora Susemihl (2017) destaca ainda, alguns pontos do que seria a concepção
onírica de Feud, São elas:
• Quanto a concepção, os sonhos são compostos de conteúdos latentes e conteúdos
manifestos,
• O trabalho onírico é responsável por transformar o conteúdo latente em conteúdo
manifesto;

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• Os sonhos são compostos de conteúdos que se apresentam por meio do
deslocamento, condensação e consideração às suas representações e formas
secundárias de serem elaborados;
• É no estado de sono que a repressão do consciente relaxa e o conteúdo latente pré-
consciente se manifesta, realizando desejos reprimidos do indivíduo e se
apresentado de outras formas e caracterizações. Não há nada de novo quanto ao
conteúdo sonhado, o que existe é uma nova forma de apresentação.

Desta forma pode ser visto que a composição dos sonhos é dada por conteúdos
manifestos, ou seja, aqueles reais e da forma que se apresentam, e os conteúdos latentes,
que dizem respeito ao significado oculto dos símbolos que compõem os sonhos.
Segundo Cheniaux (2006, p.170) Os conteúdos latentes são considerados
conteúdo do inconsciente e é composto pelas impressões sensoriais noturnas (por
exemplo, a sensação de sede durante o sono), vestígios de informações que aconteceram
na véspera dos sonhos os restos diurnos e as pulsões do id que são as relacionadas a
fantasias de natureza sexual ou agressiva.
Os sonhos são, portanto, os responsáveis pela manutenção do sono, tendo em vista
que o conteúdo latente proporciona o despertar do indivíduo, contudo para que exista a
harmonia entre o id e o ego (o que reprime as pulsões) sem que o indivíduo desperte, há a
o conteúdo manifesto do sonho, ou seja, a fantasia visual. O fluxo de energia psíquica,
desta forma, ao invés de ser redirecionado para as vias motoras, retorna para as vias
sensoriais.
Neste contexto, a manifestação dos sonhos se dá por meio de uma distorção que
faz com que o processo primário do pensamento prevaleça, para isso os mecanismos
utilizados são os de:

• Condensação: onde as imagens formuladas dos sonhos, são na verdade uma


composição de incorporação de elementos e detalhes de outros conteúdos mentais.
Uma fusão de elementos em uma só representação.
• Deslocamento: No deslocamento, a imagem que menos tem importância do
conteúdo manifesto passa a ser a portadora da ideia central do conteúdo latente.
Como se o real significado de uma manifestação fosse deslocado para uma
apresentação de um elemento onírico aparentemente neutro.

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• Dramatização: De acordo com Freud, é por meio da dramatização que o sonho
adquire um aspecto teatral, em que os períodos de tempo (passado, presente e
futuro) são convergidos.

A teoria Freudiana, embora tenha sido revolucionária, também é questionada dentro


e fora da psicanálise, alguns autores questionam o conteúdo manifesto do sonho apenas
como a representação dos momentos vividos em estado de vigília do sonhador.
Coloca-se ainda em dúvida, a afirmativa de Freud de que desejos seriam
instigadores de todos os sonhos. Para diversos autores os sonhos refletiriam não
só os desejos e as defesas contra estes, mas a atividade mental como um todo, e
teriam inúmeras outras funções além de descarga (da energia psíquica) como a
solução de problemas (intelectuais ou emocionais), criatividade, autoconhecimento,
integração da mente, adaptação, aprendizagem, neutralização do estresse, entre
outras.(CHENIAUX, p.171)

Seguindo esta linha de pensamento, o que pode ser visto é que há a busca pela
conexão entre neurociências e visão psicanalítica dos sonhos. Conforme Karin & Scorsolini-
Comin (2013, p. 85) aponta, vários são os ramos da psicologia, todos diversificados em
conhecimento e o estudo dos sonhos são variáveis de acordo com os pressupostos
filosóficos adotados por cada tipo de abordagem. Contudo, foi o estudo do sonho sob uma
perspectiva científica que abriu caminhos para o estudo e reconhecimento do inconsciente.

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NO QUE OS SONHOS INFLUICIAM

A interpretação dos sonhos, em 1900. O fundador da psicanálise apresentava o


método de relato e interpretação dos sonhos como meio mais eficiente de acesso ao
inconsciente. Além disso, ele explica por que ocorrem os sonhos, como eles funcionam e a
relação deles com este nosso lado oculto. Não é o conteúdo do sonho lembrado (o que ele
chama de “conteúdo manifesto”) em si que daria as respostas para a investigação de Freud
e sim o relato, a emersão dos pensamentos oníricos latentes, ou seja, aquilo que
corresponde aos traumas e desejos mais profundos do ser-humano. Freud i enxergava que
todos os conteúdos dos sonhos eram causados por experiências anteriores, desejos e
traumas.
Seus sonhos podem estar falando de desejos: Para Freud, todo sonho tem um
significado que se liga a uma realização de um desejo reprimido pela sua consciência.
Normalmente esses desejos são primitivos e, portanto, essa repressão surge por serem
desejos vetados pela moral vigente da cultura na qual o sujeito está inserido, ou então até
mesmo por estar relacionado a questões e aspirações pessoais dele. Os sonhos então
realizam esses desejos de alguma forma simbólica, para compensar essa repressão.
Seus sonhos podem estar relembrando coisas que aconteceram na véspera:
Freud, acreditava que a maior parte das referências do seu sonho vem das lembranças
recentes. Você, por exemplo, sonha que está passando por uma rua, vê uma loja de óculos
e essa loja explode. Apesar de durante o sonho você não conseguir reconhecer, a rua, pode
ser a rua que você passou no dia anterior, a loja de óculos pode estar remetendo à loja de

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óculos que você viu em um filme a uns dias atrás, e a explosão, uma lembrança da notícia
que você leu no jornal de ontem sobre a explosão de um posto de gasolina.
Amplifique o conteúdo dos seus sonhos: A amplificação é relacionar o conteúdo
dos seus sonhos com mitos, contos de fadas, religião, arte, música, tudo que diz respeito à
tradição cultural que influencia e influenciou a sua vida. Devemos usar a amplificação com
muita cautela para interpretar sonhos, pois ela diz respeito somente ao conteúdo do
inconsciente coletivo, e nem sempre o que você sonha está ligado ao inconsciente coletivo,
às vezes são coisas mais pessoais, individuais.
Os sonhos nos oferecem a principal via para adentrar ao inconsciente. Sua
linguagem caracteristicamente simbólica proporciona um desafio ao psicanalista. Os
sonhos trazem do nosso inconsciente para a consciência desejos mais reprimidos e
“proibidos”, desejos recalcados, no qual sublimamos, ou seja, inibimos nossos objetos de
desejo. É através dos sonhos que temos a capacidade de vivenciar esses objetos. Entrando
profundamente nesse vasto mundo de desejos reprimidos, fazemos um mergulho ao nosso
inconsciente, ou seja, para dentro de nós mesmos, tentando procurar o máximo de
realização. Dessa forma, é muito importante que o psicanalista em formação compreenda
os mecanismos de elaboração do sonho, bem como os princípios que o regem para sua
devida interpretação.
Como símbolo de uma nova psicanálise, Sigmund Freud tornou-se uma
referência em todos os tempos. Sua teoria de base foi A Interpretação dos Sonhos. Nessa
obra Freud edificou os principais fundamentos de sua teoria psicanalítica, constituindo-a
como o ponto de apoio para todo o desenvolvimento posterior de seus escritos. Após as
leituras realizadas, pode-se concluir que as teorias psicanalíticas de Freud, além de serem
bem fundamentadas e dotadas de sentido, servem como base para compreender a
inconsciência da mente como parte integrante de cada sujeito. Segundo o autor, a
interpretação dos sonhos pode servir como um instrumento revelador da personalidade
humana, sendo que revela os mais íntimos desejos suprimidos pelo ego. Na concepção de
Freud, o sonho é justamente o fenômeno da vida psíquica normal, em que os processos
inconscientes da mente são revelados de forma bastante clara e acessível ao estudo. Caso
se pergunte se é possível interpretar todos os sonhos, a resposta deve ser negativa. Não
se deve esquecer que, na interpretação de um sonho, têm-se como oponentes as forças
psíquicas que foram responsáveis por sua distorção ou censura.
Destaca-se ainda a importância dos sonhos na vida de qualquer indivíduo,
assim como a influência que exerce sobre os mesmos, sua análise em terapia
auxiliando o terapeuta durante o tratamento.
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Freud destaca em seus trabalhos que antes de começar os estudos sobre a
interpretação dos sonhos é preciso considerar as dificuldades envolvidas neste trabalho.
Primeiramente nós não temos nenhuma garantia de conhecer os sonhos tal como
realmente ocorreram, isso porque a nossa memória perde as partes mais importantes do
sonho e a parte lembrada sempre passa pela nossa ação interpretativa.
Para finalizar o presente estudo, uma das últimas afirmações a que Freud aponta
relevância: “A interpretação dos sonhos é a vida real que leva ao conhecimento das
atividades inconscientes da mente”.

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A INFLUÊNCIA DOS SONHOS NA PSICOTERAPIA

Objetiva-se destacar a importância dos sonhos na vida de qualquer indivíduo, assim como
a influência que exerce sobre os mesmos, sua análise em terapia e como isso auxilia o
terapeuta durante o tratamento. Através de pesquisa quantitativa bibliográfica, os dados
que povoam este trabalho foram discutidos, analisados e comparados a alguns autores,
tendo como base a teoria psicanalítica. É fundamental para o psicólogo entender tal
formação dos sonhos e como serão elaborados seus mecanismos de defesa, bem como os
princípios de sua devida interpretação.

Para alguns, os sonhos são uma ferramenta muito utilizada para se prever acontecimentos
ou até mesmo acreditam ser vozes de entidades divinas, devido a isso, acaba-se
despertando grande interesse nos indivíduos que cada vez mais estão ligados a assuntos
místicos, por trazerem uma carga de mistério, e por estarem mais voltadas ao narcisismo,
ao seu ego, procurando dessa forma um autoconhecimento ou buscando uma falsa
segurança, através de hipóteses e métodos falhos, embora na realidade o significado dos
sonhos não seja bem essa.

Os sonhos possuem grande importância nas terapias psicanalíticas por proporcionarem ao


terapeuta um conhecimento mais profundo do que se passa no íntimo de seus pacientes,
pois são carregados de informação sobre a vida destes e concomitantemente oferecem ao
analisando um conhecimento maior de si mesmo. É importante ressaltar o quanto é
desafiador o estudo e análise dos sonhos, pois eles trazem ao indivíduo forte influência em
sua psique, podendo em alguns casos, alterar significativamente seu comportamento.

Os sonhos possuem conteúdos manifestos e latentes e fazer a distinção destes conteúdos


para Freud foi um canal de encontro para a estranheza das pessoas que deparavam com
seus pensamentos. Pois, os conteúdos latentes dos sonhos, indicavam manifestações do
inconsciente e eram necessários métodos exclusivos para se entender o real significado,
feito isso, os sonhos acabavam se revelando como desejos inconscientes sempre com
material recalcado e infantil indicando uma relação com algo de caráter sexual.

Entender os significados dos sonhos a priori foi de extrema importância para a teoria
psicanalítica, pois através de suas interpretações, foi possível desvendar o material oculto
de cada indivíduo e concomitantemente entender a sua construção psíquica. “Freud
compreendia que tudo o que sabemos a respeito de nós mesmos representa apenas uma
pequena parte daquilo que somos na realidade” (ESTEVAM, 1995, p. 46). Os sonhos

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aparecem como forma de externalizarmos conhecimentos que possuímos, mas que
insistimos em dizer que desconhecemos.

Os sonhos configuram-se como métodos de descargas de pensamentos, que são


sublimados para que dessa forma não afetem diretamente nosso imaginário, por isso
muitos sonhos são vistos como absurdos e ilógicos à primeira vista, embora seja totalmente
o contrário. O material dos sonhos possui conteúdo psicológico fundamental para o estudo
da mente. Como nos diz Freud “O sonho possui um sentido”. (FREUD apud ESTEVAM,
1995, p. 47).

Para se analisar os sonhos são imprescindíveis que não se direcione a atenção somente
aos conteúdos manifestos, mas principalmente nos conteúdos latentes dos sonhos, pois é
ai que se encontra seu verdadeiro significado. “O conteúdo manifesto é, assim, uma espécie
de tradução resumida do conteúdo latente; um trailer de um filme de longa-metragem”
(FORRESTER, 2009, p.12).

Portanto, dar atenção aos sonhos e aos seus significados é ao mesmo tempo dar atenção
aos conteúdos mentais que foram recalcados e sublimados da consciência pela ação de
nosso ego e superego, pois é nos sonhos que nossos desejos primitivos e instintivos (id)
encontram vazão para conquistar seu lugar ao sol.

Durante a terapia o paciente em seus relatos pode descrever algum sonho que lhe ocorra
de maneira recorrente ou não, depois de se verificar durante o processo de análise deste
paciente, a transferência, a resistência e demais mecanismos do mesmo, é possível assim,
fazer a análise do material descritivo e significativo que este paciente traz ao analista.
Através do método de associações livres em que o paciente fala tudo o que lhe vem à
mente em relação ao fato, é possível ir montando o quebra-cabeça do sonho.

Para analisar os sonhos é necessário “decompô-lo em elementos e aplicar a cada um deles


a técnica da associação livre” (FORRESTER, 2009, p.26), pois, não é possível interpretá-
lo em sua totalidade, porque ele é formado pelo inconsciente e, portanto, de meros
fragmentos da realidade, configurando-se muito confuso e fantástico. Durante o sono,
tomamos as imagens oníricas por imagens reais graças ao nosso hábito mental (que não
pode ser adormecido) de supor a existência de um modo externo com o qual estabelecemos
um contraste com o nosso ego.

A análise do sonho possibilita acompanhar a evolução do caso, do tratamento, pois os


sonhos são a expressão de nosso mundo interno aquilo que sentimos, vivemos ou
desejamos, mas que não encontram a maneira certa de se externalizar, ficando a cargo
dos sonhos esse papel.
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Por agirmos muitas vezes baseados em nosso ego e superego, naquilo que é tido como
certo aos olhos da sociedade, negligenciamos o papel fundamental de nosso id, pois seu
conteúdo pode fugir ao controle e aos moldes das leis morais e também de nosso ideal de
eu. Contudo, surgem assim os conflitos psíquicos inconscientes que nos atormentam e nos
angustiam, causando sofrimentos ao indivíduo, e que encontram nos sonhos um meio de
se libertarem.

Os indivíduos acometidos por esses sofrimentos psíquicos, não se sentem preparados para
lidar com essas mudanças de pensamentos e ações, pois os sonhos interferem em sua
vida e em seus comportamentos de maneira significativa, principalmente quando são mal
elaborados e colocados à prova. Devido isso, o indivíduo procura ajuda e orientação
profissional para melhor compreender o que se passa em seu interior, para entender quais
são as suas necessidades psíquicas. “Não é possível dizer que um sonho é “somente” um
sonho, na medida em que ele é um ato mental a parte integrante da vida interior de cada
um” (SAROLDI apud FORRESTER, 2009, p. 16)

O recalcamento e sublimação de fatos, pensamentos, ideias ou imagens que foram jogados


no inconsciente por ação do ego e do superego impedindo a ação do id, acarreta um dos
motivos para o surgimento das neuroses, pois esse indivíduo tem forte poder de reprimir o
que deseja anulando a voz de seu id, e esse fato o leva a gerar conflitos internos, como a
neurose. Logo, a análise dos sonhos na terapia é imprescindível, pois é através dessa
análise juntamente com todas as técnicas de psicanálise, que o terapeuta pode focalizar no
paciente quais são seus conflitos internos, suas angústias, medos e porque eles ocorrem
com maior ou menor intensidade. Os sonhos são capazes de nos dar informação suficiente,
para entender o indivíduo muito mais do que as palavras proferidas por ele na terapia, pois
os sonhos possuem conteúdos que nós mesmos “desconhecemos”.

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CONCLUSÃO

Pudemos perceber com esse trabalho que os sonhos nos oferecem a principal via para
acessar o inconsciente. Com uma linguagem simbólica proporciona um desafio ao
psicanalista. Nos sonhos temos a possibilidade de realizar nossos mais profundo desejos,
Os sonhos trazem do nosso inconsciente para a consciência desejos mais reprimidos e
“proibidos”, desejos recalcados, no qual sublimamos, ou seja, inibimos nossos objetos de
desejo. É através dos sonhos que temos a capacidade de vivenciar esses objetos. Entrando
profundamente nesse vasto mundo de desejos reprimidos, fazemos um mergulho ao nosso
inconsciente, ou seja, para dentro de nós mesmos. Freud tornou-se uma referência em
todos os tempos. Sua teoria de base foi A Interpretação dos Sonhos. Após as leituras
realizadas, pode-se concluir que as teorias psicanalíticas de Freud, além de serem bem
fundamentadas e dotadas de sentido, servem como base para compreender a
inconsciência da mente como parte integrante de cada sujeito. Segundo o autor, a
interpretação dos sonhos pode servir como um instrumento revelador da personalidade
humana, sendo que revela os mais íntimos desejos suprimidos pelo ego. Na concepção de
Freud, o sonho é justamente o fenômeno da vida psíquica normal, em que os processos
inconscientes da mente são revelados de forma bastante clara e acessível ao estudo. Caso
se pergunte se é possível interpretar todos os sonhos, a resposta deve ser negativa. Não
se deve esquecer que, na interpretação de um sonho, têm-se como oponentes as forças
psíquicas que foram responsáveis por sua distorção ou censura. Para finalizar o presente

Dessa forma, é muito importante que o psicanalista em formação compreenda os


mecanismos de elaboração do sonho, bem como os princípios que o regem para sua devida
interpretação.

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SONHOS E REPRESENTAÇÕES

QUESTIONÁRIO.

1. 96. (PMAM / 2011) No caso de psicoterapias de base psicanalítica, a seguinte


técnica NÃO faz parte do conjunto de recursos comumente utilizados:

A. manejo da associação-livre;
B. interpretação dos sonhos;
C. interpretação do vínculo transferencial;
D. estratégias de enfrentamento.

Comentário

MANEJO DA ASSOCIAÇÃO LIVRE – Técnica segundo a qual o paciente é instruído a


comparecer à sessão com a disposição para falar sobre tudo que vier à sua mente, mesmo
quando o conteúdo lhe seja embaraçoso ou sem sentido, possibilitando que o analista
identifique o conteúdo inconsciente por meio do discurso.

INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS – Na Psicanálise, o trabalho do sonho é entendido


como a realização de um desejo inconsciente, cujo conteúdo se expressa por meio de
imagens substitutivas do verdadeiro significado, pois o recalque dos conteúdos originais os
distorcem para que possa se manifestar na consciência. O modo como estas imagens
inconscientes são distorcidas ocorre por meio dos processos de condensação e
deslocamento. A interpretação dos sonhos é considerada por Freud como a principal via de
acesso ao inconsciente, pois permite o conhecimento acerca dos conteúdos recalcados e
do funcionamento psíquico do paciente.

INTERPRETAÇÃO DO VÍNCULO TRANSFERENCIAL – transferência é o processo


segundo o qual o paciente realiza no setting analítico a atualização de suas relações com
objetos anteriores (relações primárias), através da projeção inconsciente destes conteúdos
sobre o analista. As relações primárias resultam na maneira como a pessoa se relaciona
com o mundo e, portanto, com o analista. A instauração da transferência é ponto
fundamental do processo de análise, pois permite que o paciente elabore o conflito primário.
Assim, considera-se que a situação analítica está instaurada quando é estabelecida a
neurose de transferência.

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO – termo também conhecido como coping, diz


respeito às ações cognitivas e comportamentais utilizadas pelo indivíduo frente a situações
estressantes (situações de dano, ameaça, desafio), tanto por demandas internas como
externas, que ultrapassam o repertório do indivíduo, ocasionando desequilíbrio emocional,
pessoal e social (Lazarus e Folkman, 1984).

2. Contextualizando o poema de Mário Quintana “A vida é um sonho” e seu conteúdo,


sob a perspectiva Freudiana dos sonhos, pode-se fazer analogias de alguns
elementos citados com quais expressões oníricas do indivíduo?

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A vida é um sonho

Não desças os degraus do sonho


Para não despertar os monstros.
Não suba aos sótãos – onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco esse nosso mundo...
(QUINTANA, 2005, P.327)

A. As concepções do universo místico que se revelariam aos indivíduos em estado de


adormecimento do ego, no trecho “Não suba aos sótãos onde Os deuses...”

B. No trecho “Para não despertar os monstros...”, pode-se fazer uma analogia aos
conteúdos manifestos dos sonhos, tendo em vista que é uma simbologia do que
sonha e nada tem a ver com o seu próprio inconsciente, apenas a uma crença própria
ou conteúdos vividos antes do adormecimento.

C. No trecho “Não desças, não subas, fica.” pode ser feita uma analogia a busca do
equilibro entre o id e o ego para que a manifestação dos sonhos mantenham o estado
do sono do sonhador. Tendo em vista que a energia psíquica se desloca para a
manifestação visual do sonho e não para as regiões motoras, fazendo com que o
indivíduo não desperte.

D. Em “Os deuses por trás das suas máscaras” traz a concepção de que, nos sonho,
todas as manifestações expressam de forma clara aquilo que representam, não
fazendo assim, alusão a nenhum tipo de simbologia ou conteúdo do inconsciente.

E. N. D. A (Nenhuma das Alternativas Anteriores)

3. A afirmativa de que “os sonhos são formas de satisfazer desejos que não foram ou
não podem ser realizados durante o dia” pertence a qual teoria da personalidade?

A. Rogeriana- Rogers.
B. Teoria cognitiva de Kelly – Kelly.
C. Topologia de Lewin – Lewin.
D. Adleriana – Adler.
E. Psicanálise – Freud.

4. Sobre os sonhos, marque a alternativa correta:

A. É uma forma de satisfazer desejos que não foram ou não podem ser realizados
durante o dia.

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B. Os resíduos diurnos que formam o conteúdo manifesto do sonho servem como
estrutura do conteúdo latente ou dos desejos disfarçados.

C. Sonhos repetidos podem ocorrer quando um acontecimento diurno provoca o


mesmo tipo de ansiedade que levou ao sonho original.

D. Sonhos tentam satisfazer desejos, mas nem sempre são bem sucedidos.

E. Todas as afirmativas anteriores estão corretas.

5. Analise as afirmativas abaixo:

I. O ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade


externa.
II. O id, ele próprio, é amorfo, caótico e desorganizado.
III. O superego atua como juiz ou sensor sobre as atividades e pensamentos
do ego.

Está (ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):


A) I
B) I e II
C) II e III
D) III
E) I, II e III

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GABARITO: Preencha o gabarito com “X” a letra que

representa a resposta correta.

A B C D E

1 X

2 X

3 X

4 X

5 X

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BIBLIOGRAFIA

Referências:

AZEVEDO, Erico de Lima. Da Fenomenologia de Edmund Husserl ao nexo ontológico de


Antonio Menegheti: origens históricas, teorias e aplicações. Pontíficia Universidade Católica
de São Paulo. São Paulo, 2013.

VERNANT, Jean Pierre (1990, p.362). Mito e pensamento entre os Gregos. Rio de Janeiro:
Paz e Terra.

CHENIAUX, Elie. Os sonhos integrando as visões psicanalíticas e neurocientífica. Revista


de psiquiatria do Rio Grande do Sul. Sociedade de psiquiatria do Rio Grande do Sul. Vol.
28, n2. Pag 169-72.Porto Alegre, mai/ agosto, 2006.

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