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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO:

Dissecando o Material de Estudo Interno


da Igreja Messiânica Mundial do Brasil

Rodrigo Neves de Mello Raposo


Leila de Almeida Barbosa
Vinícius Carvalho da Silva
1
VERDADE &
DEMONSTRAÇÃO:
Dissecando o MATERIAL DE ESTUDO DA
IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL DO
BRASIL

Rodrigo Neves de Mello Raposo


Leila de Almeida Barbosa
Vinícius Carvalho da Silva

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Quem é moderado na proclamação da verdade proclama

somente a metade da verdade e deixa a outra metade velada

por medo do que o mundo dirá.

Khalil Gibran

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Autores

Rodrigo Neves de Mello Raposo


Professor e Coordenador Pedagógico

Leila de Almeida Barbosa


Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás. Especialista em Teologia
pela Faculdade Messiânica. Doutoranda em História das Ciências e Epistemologia
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Vinícius Carvalho da Silva


Doutor em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Xilogravura da capa

Zebra Finch e Cherokee Rose, 七宝鳥 ハトヤバラ (1892), por Keibun Matsumoto.

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Sumário
PREFÁCIO ............................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13
PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS ......................................................................................... 14
ANÁLISE DO DOCUMENTO ELABORADO PELA IMMB .................................................... 15
A IMM E KYOSHU .................................................................................................................. 19
ADENDO I ................................................................................................................................ 66
A HISTÓRIA DA IGREJA E O TRONO DE KYOSHU ............................................................ 66
CAPITULO 1 ......................................................................................................................... 71
1.0 - O FUNDADOR ................................................................................................................. 71
MOKITI OKADA E A IMM ...................................................................................................... 71
1.1 HISTÓRIA DA IGREJA ...................................................................................................... 81
1.1.1. A IGREJA DURANTE A VIDA DE MEISHU-SAMA. ................................................... 83
1.1.1.2. SHIBUI E NAKAJIMA ................................................................................................. 83
1.1.2. A FAMÍLIA WATANABE .............................................................................................. 89
1.1.2.1. KATSUITI WATABANE ............................................................................................. 89
1.1.2.2. TETSUO WATANABE ................................................................................................ 92
1.2. HISTÓRIA DA IGREJA DO BRASIL ................................................................................ 95
CAPÍTULO 2 ......................................................................................................................... 100
2.0. O TRONO DE KYOSHU .................................................................................................. 100
2.1. TRANSIÇÕES NO TRONO ............................................................................................. 103
2.2. O TRONO DE KYOSHU ENTRE CONFLITOS E UNIFICAÇÕES ................................. 108
2.2.1. A TESE DA FUNÇÃO SIMBÓLICA DO TRONO DE KYOSHU ................................. 110
2.2.2. A TESE DA AUTORIDADE ECLESIÁSTICA E INSTITUCIONAL DO TRONO DE
KYOSHU ................................................................................................................................ 113
3.1 A TRANSIÇÃO PARA UMA NOVA IGREJA UNIFICADA EM KYOSHU-SAMA NA
IGREJA BRASILEIRA: ANÁLISE CRÍTICA E PERSPECTIVAS ......................................... 116
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 111
REFERÊNCIAS 1 .................................................................................................................... 115
ADENDO II ............................................................................................................................ 119
DUAS TESES SOBRE A NATUREZA DO TRONO DE KYOSHU ........................................ 119
DOUTRINA DA NATUREZA ECLESIÁSTICA SAGRADA DO TRONO DE KYOSHU ...... 119
DOUTRINA DA NATUREZA SIMBÓLICA DO TRONO DE KYOSHU ............................... 121
ADENDO III .......................................................................................................................... 135

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A IGREJA DE MEISHU-SAMA E O TRONO DE KYOSHU: UMA ANÁLISE LÓGICA DO
CORPUS DOUTRINÁRIO. ..................................................................................................... 135
REFERÊNCIAS 2 .................................................................................................................... 153
ADENDO IV ........................................................................................................................... 155
ALTRUÍSMO ............................................................................................................................ 155
ADENDO V .......................................................................................................................... 167
PERGUNTAS E RESPOSTAS ..................................................................................................... 167
ADENDO VI ......................................................................................................................... 220
O JUIZO FINAL ........................................................................................................................ 220

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PREFÁCIO

Três cenários acerca da destituição de Kyoshu-Sama Yoichi Okada

Bom dia amigos. Gostaríamos de compartilhar uma reflexão com todos. Antes,
desejamos reafirmar nosso compromisso em debater ideias, teses, exegeses,
entendimentos, ao invés de combater pessoas.

Precisamos reconhecer que essa purificação diz respeito, intimamente, a nós, ao


modo como vivemos nossa fé. Só assim promoveremos o necessário des-velamento, a
des-ocultação de tudo que precisa emergir à luz, para que se cumpra o que está escrito
na Oração Zenguen-Sanji:

“Seja no Céu ou na Terra,


Ó Deus, tudo que existe
Retorna às Vossas mãos
Envolto em manto de amor!”

Feita essa introdução, gostaríamos de analisar três cenários sobre a destituição


de Kyoshu-Sama Yoichi Okada.

Primeiro cenário: da ilegitimidade e ilegalidade da destituição;


Segundo cenário: da legitimidade e legalidade da destituição;
Terceiro cenário: da irrelevância de questões jurídicas, éticas e teológicas diante
da fé como fenômeno íntimo.

Vejamos:

(1) Da ilegitimidade e ilegalidade da destituição.

Neste primeiro cenário vamos considerar que a destituição de Kyoshu-Sama Yoichi


Okada afronta violentamente as normas que regem a Igreja, compreendendo tanto os
Cânones da Igreja Messiânica quanto o Regulamento da Família do Fundador. Para

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assumirmos que a destituição está de acordo com os Cânones da Igreja e o
Regulamento da Família do Fundador, teríamos que projetar em ambos uma
ambiguidade que não possuem, e teríamos que considerar que a atual diretoria possui
legitimidade. No entanto, a atual diretoria foi eleita sem a aprovação de Kyoshu-Sama
Yoichi Okada, o que inviabiliza a regularidade de seus atos. A atual diretoria,
empossada sem o consentimento do Kyoshu, praticou atos que violam as normas
eclesiásticas (e as normas mais básicas do bom senso), como se auto eleger
independente do rito estabelecido, e como tentar excluir a Igreja Su no Hikari da Igreja
Mãe.
Sendo assim, podemos considerar que, o que as diretorias da Igreja Mãe, Toho no
Hikari e Izunome entendem o que seja a doutrina da Igreja e suas normas é algo
peculiar e sem fundamento. Quanto à doutrina, eles discordam do Kyoshu, que é o
próprio guardador da doutrina. Quanto às normas a afronta não é menor.

O documento “Cânones da Igreja Messiânica Mundial”, em seu Capítulo I, Art.5, reza


que “O Líder Espiritual dá continuidade à Sagrada Obra do Fundador e unifica a Igreja
Messiânica Mundial fundamentada na Doutrina da mesma”.

No Art.6 está previsto que o Kyoshu será escolhido com base nas Normas da Família
do Fundador.

O Art. II. do Regulamento da Família do Fundador estabelece que a Assembleia da


Família (e não a direção da Igreja) deve indicar o Kyoshu. Ora, o Kyoshu-Sama é
membro da família Okada, assim como o Quinto Líder, Sr. Masaaki Okada e a esposa
de Yoichi Okada. Mas foram todos impedidos de participar da reunião da família,
denotando clara interferência da diretoria na Assembleia da Família do Fundador.
Vetar a participação do próprio Kyoshu e de seu núcleo familiar é impensável. Por isso,
no passado, a Segunda Líder e a Terceira Líder participaram normalmente da reunião.
Sendo assim, a diretoria atual violentou as normas da família:

O Art. V. do Regulamento da Família do Fundador define em quais casos a Assembleia


da Família (e não a direção da Igreja) pode indicar um novo Kyoshu:

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I. Em caso de morte do Kyoshu;
II. Em caso de doença grave ou acidente;
III. Em caso de abdicação por livre e espontânea vontade.

O que agora acontece não está inserido no hall de casos em que o afastamento
do Kyoshu (pela família e não pela diretoria) é possível.

Aquele que ocupa a posição de Kyoshu-Sama pode ser afastado de sua atividade
como Líder Espiritual, somente pela família do Fundador, se, e somente se, algum
motivo compreendido nos itens I, II e III for o caso. Além disso, o regulamento da
família do Fundador determina que alguém, antes de ser investido como
Kyoshu, deve ser declarado e preparado como “Sucessor de Kyoshu”,
(Como aconteceu com Yoichi Okada) sendo vedada a investidura de quem
quer que seja que não satisfaça tal condição.

O caso de afastamento por deturpação dos Ensinamentos, o que é alegado no


presente caso, não está previsto. E não está previsto porque é considerado
teologicamente absurdo pensar que aquele que foi investido por Meishu-Sama como
seu sucessor, e é por Ele inspirado, possa d’Ele se afastar. Admitir essa possibilidade
torna a Doutrina Messiânica INCONSISTENTE em diversos pontos, a saber:

A. Se Deus está no comando da Obra, como pode se enganar ao escolher o


Kyoshu?
B. Se Deus é todo poderoso e comanda a sua Igreja por meio do Trono de
Kyoshu, como Kyoshu pode d’Ele se afastar?
C. Se o poder de Meishu-Sama é ilimitado, como pode permitir que o
continuador de Sua Obra se afastasse de sua missão?
D. Se o espírito precede a matéria, como o Líder Espiritual pode ser corrigido e
controlado pelos dirigentes materiais?
E. Se não é Meishu-Sama que escolhe o Kyoshu, como sustentar que seu poder
é ilimitado e que é Ele quem governa a Igreja sem um mínimo de falha?

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Ou seja, Kyoshu-Sama ser destituído pela Diretoria da Igreja não é somente um
atentado claro ao que estabelece os Cânones da Igreja Messiânica Mundial em seu
Artigo VI e o Regulamento da Família do Fundador em seu Artigo V, como é algo que
promove imensa insegurança religiosa e inevitáveis contradições teológicas, criando
problemas insuperáveis para a Doutrina. Por isso, no que diz respeito às normas
internas da Igreja, o processo é ilegal, e na medida em que trai o Líder Espiritual, é
ilegítimo.

Aqui tomamos ilegalidade como conceito que denota uma ação praticada de
modo contrário ao que determina a lei e/ou normas de natureza geral, como os
Canônes da Igreja e o Regulamento da Família do Fundador.

Compreendemos legitimidade como um conceito que denota falta de apoio e


correção política, em desrespeito aos ritos e poderes constituídos e respaldados
legalmente, bem como ao pacto social. Com relação a este último ponto, precisamos
lembrar que a fé messiânica não foi edificada no mundo inteiro a partir de um discurso
de afronta a Kyoshu-Sama. Aqueles que realizaram a difusão mundial da fé, como o
Revmo. Tetsuo Watanabe, no Brasil e no mundo, e o Reverendo Francisco na África,
sempre o fizeram recebendo as orientações do Kyoshu-Sama em exercício, tomando-
o não como mero símbolo, mas como o autêntico “Senhor dos Ensinamentos”, e
lutando para a preservação do Trono de Kyoshu. É legítimo que membros do mundo
inteiro se identifiquem com essa fé, como estão fazendo agora.

(2) Da legitimidade e legalidade da destituição.

Mais do que o benefício da dúvida, vamos conceder aos nossos interlocutores


que defendem a destituição, o benefício da razão. Vamos assumir que eles estão certos
quando dizem que o processo foi, não somente legítimo, como legal. Ora, isso pode ser
o caso em diversos cenários:

A. Se, como desconhece o autor desse texto, os documentos citados foram legalmente
substituídos por outros, com o consentimento e a assinatura do Kyoshu em exercício;
B. Se o autor desse texto teve acesso a documentos falsos ou a traduções ambíguas;

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C. Se os estatutos contemplam outros artigos ignorados que contradizem os supracitados
(O que tornaria os documentos inconsistentes);
D. Por motivos tantos e variados que a razão desconhece e a imaginação não é capaz de
supor.

Não nos importa continuar, ad infinitum, pela eternidade, listando possíveis


razões que refutem a tese da “ilegitimidade e ilegalidade” do processo. Basta assumir
que dentre todos os mundos possíveis, existe pelo menos um em que os nossos
interlocutores estão com a razão – o processo é legal e legítimo – e que este mundo é
este em que vivemos.

O que o autor desse texto diria nesse caso? Ora, que as razões jurídicas e
políticas não são necessárias quando as teológicas são suficientes.

Mesmo que, por hipótese, o processo tenha sido politicamente legítimo e


juridicamente legal, é preciso lembrar que estamos falando de uma Igreja, e não de
uma mera empresa, e que tal Igreja deposita sua razão de ser em um sistema
doutrinário, cujos postulados teológicos são abertos e inequivocamente violentados
por tal destituição. Reconhecer a consistência teológica do processo exige grande
contorcionismo hermenêutico, que se revela infrutífero diante de exercício analítico
meticuloso. De tal destituição não sobra nada. Nem a divindade e o Poder Absoluto de
Meishu-Sama, nem a precedência do espírito sobre a matéria. A própria Igreja retira
de seus pés o alicerce doutrinário que lhe dá sustento.

No entanto, a despeito de qualquer demonstração lógica ou teológica, pode bem


ser que muitos simplesmente nos digam que não possuem fé na liderança de Kyoshu-
Sama Yoichi Okada, que tem fé somente em Meishu-Sama, ou que nutrem uma fé
inabalável em um novo Kyoshu-Sama.

(3) Da irrelevância de questões jurídicas, éticas e teológicas diante da fé como fenômeno


íntimo.

Nesse caso a única coisa que nos resta é respeitar profundamente a fé e a


sinceridade de tal pessoa. E mais do que isso, não somente respeitar, mas lutar, se

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necessário for, para que tal pessoa tenha assegurada sua plena liberdade de culto e de
expressão, ainda que não concordemos ou não compartilhemos do objeto de sua fé.
Estamos dispostos a debater teologia, filosofia, ciência, hermenêutica, Filosofia do
Direito, Ética, mas não debateremos a fé de ninguém, pois fé é algo íntimo, pessoal, e
nesse sentido, sagrado.

Não podemos desejar convencer ninguém a mudar de fé. Seria um


comportamento rude, mesquinho e inaceitável.

Não podemos desdenhar ou debochar da fé de ninguém. Seria realmente um


comportamento tolo, infantil e grosseiro.

Sendo assim, aqueles que buscam o “nascer de novo” e seguem as orientações


de Kyoshu-Sama Yoichi Okada não devem ofender, provocar ou condenar todos
aqueles que, fazendo uso da liberdade, da autonomia e da razão que receberam de
Deus, escolheram depositar a sua fé em outra direção. Não sejamos passivos, mas
verdadeiramente pacíficos. Rogamos que nossos irmãos que não compartilham os
pressupostos e o objeto de nossa fé, façam o mesmo conosco.

Mas o que vale para indivíduos não se aplica a instituições. Estas, além de
agirem movidas a fé, devem compreender que a fé se assenta em fundamentos
doutrinários, teológicos, que se forem rasgados, colocarão em risco tudo o mais. Por
isso é que esperamos que as instituições sejam transparentes, abertas, adotando uma
comunicação inequívoca, clara, objetiva e rápida, consoante com o século XXI.

Sigamos em paz e que Deus ilumine a todos.

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INTRODUÇÃO

Olá, queridos irmãos de fé messiânica.

Viemos, por intermédio desta réplica, não tentar convencer a Igreja Messiânica
Mundial do Brasil da validade do Trono de Kyoshu, tampouco tentar mostrar a
importância do papel do Quarto Líder Espiritual Kyoshu-Sama Yoichi Okada, pois,
consideramos que as posições encontram-se bem definidas. Além disso, não é nosso
desejo participar de nenhuma tentativa de convencimento de quem quer que seja. O
nosso único intuito é o debate teológico, não o combate pessoal. Compreendemos que
este ano de 2018 foi bem difícil, desgastante, para todos os envolvidos nesta
purificação. Pode ser que em algum momento tenhamos nos excedido, deixado de
debater conteúdos. Caso tenha acontecido, nunca foi a intenção inicial, e
humildemente, pedimos perdão.

O nosso real objetivo com esta réplica é, além de defender Kyoshu-Sama das
acusações feitas pela IMMB, seja nos comunicados oficiais, ou através de palestras,
como a proferida por um certo Reverendo e Diretor, mas também dar aos membros da
Igreja Messiânica Mundial, a oportunidade de enxergar o lado daqueles que
reconhecem e apoiam nosso Líder Espiritual Kyoshu-Sama Yoichi Okada, para que os
mesmos possam fazer suas escolhas de maneira justa.
Portanto, meus amigos, leiam este material e, com isso, tomem suas decisões
por conta própria.
Tenham todos uma boa leitura, em nome do Messias, que é uno à Meishu-Sama.

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PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS

Prezado corpo diretório da Igreja Messiânica Mundial do Brasil,

Gostaríamos de, antes de apresentar toda a nossa réplica, questionar alguns


pontos, e ficaríamos muito agradecidos se os mesmos fossem esclarecidos:
Quem escreveu o texto intitulado “Material de Estudo Interno da Igreja
Messiânica Mundial do Brasil”, que fora publicado no dia 14 de setembro de 2018, às
23:45, e em quais condições o mesmo fora feito? Terá sido feito por intermédio de uma
assembleia, congresso, concílio, convidando os teólogos, professores pesquisadores,
doutores da Igreja Messiânica Mundial do Brasil? Quanto tempo foi levado para aquele
material ser produzido? Qual é a qualificação teológica e acadêmica dos autores do
material?
Teria havido um congresso ou concílio promovido pela Igreja Messiânica
Mundial do Brasil? Ou, teria sido formado, em menor escala, uma comissão composta
pelos quadros objetivamente mais qualificados da IMMB? A comissão contou com a
participação de sacerdotes e teólogos que possuem diferentes entendimentos, senso
assegurado o amplo e irrestrito direito de expressão a todos? Nesse ambiente de
pluralidade, diversidade e liberdade de pensamento, terá a comissão pesquisado
meticulosamente as mais de quinhentas páginas de Orientações de Kyoshu-Sama nos
últimos anos? Se tiver sido este o caso, quem foram os ministros que compuseram tal
comissão? Qual foi o critério de escolha destes ministros?
Se a Igreja Messiânica Mundial do Brasil possui uma Faculdade, a mesma conta
em seus quadros com ministros com formação acadêmica até mesmo no exterior, com
evidente expertise. Logo, por que esses sacerdotes não foram convidados a fazer parte
da elaboração do material por vocês produzido? Houve real empenho da IMMB em
criar um ambiente institucional livre, leve, aberto, democrático, no qual ministros e
teólogos que defendem posições contrárias puderam se manifestar livremente sem
temer qualquer tipo de retaliação?
Ao que nos parece, o documento anteriormente citado soa mais como uma
sentença, uma execução sumária, onde o “processo” é meramente proforma.
Ficamos no aguardo de um retorno de alguém responsável do corpo diretório
da Igreja Messiânica Mundial do Brasil para nos esclarecer tais questionamentos.

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Que o Messias, que é uno a Meishu-Sama possa iluminar o caminho dos
senhores.

ANÁLISE DO DOCUMENTO ELABORADO PELA IMMB

O Material de Estudo Interno da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, em nossa


visão, não oferece ao leitor uma análise histórica capaz de revelar as sutilezas e
complexidades historiográficas que devem ser levadas em conta quando buscamos
compreender a origem da Igreja, seu desenvolvimento desde então, e sua relação com
o Trono de Kyoshu. Ao simplificar os fatos, retiram-lhe do contexto sociológico,
cultural, político e teológico em que ocorreram. Talvez, e só podemos dizer “talvez”,
por não haver um historiador profissional na equipe de redatores, ou talvez por outro
motivo, somos levados a pensar que a História da Igreja, em toda sua complexidade,
foi inadequadamente compactada em umas poucas páginas. O documento, por meio
de uma nota de rodapé, poderia poupar seus sacerdotes de ter que ler um documento
com dezenas de páginas, cheias de sutilezas acadêmicas. Não faremos isso neste
documento, pois apesar de se direcionar à IMMB, se direciona também a toda a
comunidade messiânica. Não pensamos que nosso leitor não tem a capacidade ou o
interesse intelectual para ler o quanto for preciso, diante da gravidade do momento
vivido, a fim de possuir o máximo de fundamentação na formação de seu juízo. Nós
pensamos que, diante de assunto tão sério, temos que elaborar um documento
pequeno, “objetivo”, de fácil leitura. Nosso compromisso é com a verdade, e não
importa sua extensão. No documento elaborado pela Igreja não fica claro que a Igreja
do Brasil não é desvinculada no tempo e no espaço da Igreja no Japão, não
mencionando a formação da Igreja em detalhes, sua centralização histórica no Trono
de Kyoshu. No Adendo que oferecemos, o leitor poderá compreender minuciosamente
como a Igreja do Brasil é o resultado de um processo histórico marcado pela defesa
incansável de Kyoshu-Sama, a começar pela época de Meishu-Sama.
É também de fundamental importância frisar, e nesse ponto a
omissão do documento da IMMB é imperdoável, que a vertente da Igreja
Messiânica, que se expandiu mundialmente e levou a fé para dezenas de

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países, é justamente aquela que sempre foi fiel a Kyoshu-Sama. O
documento da Igreja minimiza, de modo flagrantemente equivocado, o
fato de que toda a Igreja estruturada como temos hoje nasceu com Nidai-
Sama, a Segunda Kyoshu, e toda a Difusão Mundial ocorreu sob
Orientação da Terceira Kyoshu. Em nenhum momento o Revmo. Tetsuo
Watanabe fez difusão por conta própria, como um rebelde ou um
autônomo. Sempre respeitou e buscou a Orientação da Terceira Líder, e
agindo dentro de seu espírito, executou a expansão mundial da fé. O
documento da Igreja não aprofunda tal reflexão, e não deixa claro que,
PELA PRIMEIRA VEZ, DESDE A ASCENÇÃO DE MEISHU-SAMA AO
MUNDO DIVINO, A VERTENTE AGORA DENOMINADA “IZUNOME”, NA
QUAL A IMMB SE INSERE, SE ENCONTRA DESLIGADA DE KYOSHU-
SAMA. Uma história da Igreja que não enfatize esse ponto não possui o
mínimo teor crítico. Por que, então, deveria ser objeto de credibilidade?
Consideramos que o documento da IMMB também não deixa claro, como
deveria, que jamais considerou a posição de Kyoshu meramente simbólica. Sempre
considerou a posição como sagrada. A IMMB atenta contra a sua própria história,
caindo em inescapável contradição, quando dá a entender que Yoichi Okada tornou-se
Kyoshu-Sama por conta de negociações e acordos políticos no escopo do processo de
Unificação. Não somente sugere isso, como chega a dizer que mesmo após a
investidura de Yoichi Okada, ainda não o consideravam Kyoshu. A História desmente!
Sempre foi a Toho no Hikari, e não a Izunome, que considerou a posição de Kyoshu-
Sama simbólica. A Izunome, e seguindo essa, a IMMB, defendeu, historicamente, a
tese da natureza sagrada do Trono de Kyoshu. Para a compreensão do debate entre as
duas concepções divergentes, oferecemos como ADENDO II o texto “As duas teses
sobre o Trono de Kyoshu”.
Sendo assim, gostaríamos de oferecer ao leitor outra narrativa historiográfica
acerca da origem e da expansão da Igreja e de sua relação com o Trono de Kyoshu.
Poderíamos iniciar este documento com esta seção, mas optamos por inseri-la ao final,
na forma de um Adendo. Trata-se de um trabalho chamado “A História da Igreja e o
Trono de Kyoshu”, elaborado pela historiadora Leila Almeida Barbosa. Na medida em
que tal trabalho concedeu à Barbosa o diploma de especialista em Teologia pela
Faculdade Messiânica, estamos autorizados a pensar que foi chancelado pela própria
Igreja Messiânica Mundial do Brasil, a qual pertence a Faculdade. Neste trabalho,

16
Barbosa demonstra claramente, e com farta fonte documental, que não é possível
pensar na Igreja Messiânica do Brasil sem conceber seu respeito irrestrito ao Kyoshu,
ou seja, àquele que ocupa o Trono de Kyoshu. Como a Igreja pode ter acatado tal
trabalho em 2016, e dois anos depois, nos apresentar uma história alternativa,
compacta e simplificada? Como a Igreja pode sustentar que é possível respeitar o
Trono, ao mesmo tempo em que desrespeita aquele que o ocupa? No trabalho que
segue como “ADENDO I” poderemos constatar que não é possível. Apenas a título de
antecipar ao nosso leitor o que encontrará, de modo minucioso, bem estruturado em
metodologia da pesquisa científica, sem atropelos e simplificações, no “ADENDO I”,
antecipamos sua estrutura:

Os ADENDOS visam oferecer aos leitores em geral uma visão crítica, técnica,
acerca de algumas questões
• ADENDO I. A História da Igreja e o Trono de Kyoshu. Este documento
demonstra tecnicamente que a IMMB, em seu Material, simplificou, e até
mesmo distorceu a História da Igreja. Por meio do Adendo, o leitor poderá
constatar que a linhagem da Igreja que hoje corresponde à IZUNOME,
sempre defendeu inequivocamente a tese de que o Kyoshu-Sama é o
Supremo Orientador Espiritual da Igreja, e não apenas uma posição
simbólica. Não deixar isso claro não é somente tentar reescrever a História
sem compromisso com o conteúdo factual dos acontecimentos, como
apresentar uma nova teologia, distante e contrária aos preceitos
doutrinários básicos defendidos pela linhagem IZUNOME.
• ADENDO II. A História das teses acerca do Trono de Kyoshu. A leitura
deste Adendo nos proporciona o entendimento das diferenças teológicas
profundas entre a tese historicamente defendida pela linhagem que hoje
chamamos Izunome e a tese oposta, defendida pelo grupo hoje chamado
Toho no Hikari. Ao aceitar a tese da Toho no Hikari – e no plano prático é
de fato isso que está ocorrendo – o que a IMMB faz é atentar contra toda a
História e a Teologia da “Linhagem Izunome”, o que significa renegar todo
o legado do Reverendíssimo Watanabe e somar-se à Toho no Hikari na
defesa da tese de que o Reverendíssimo se enganou, e ao se enganar, induziu
milhares de membros e dezenas de países a praticar uma fé errada.

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ADENDO III. A Igreja de Meishu-Sama e o Trono de Kyoshu: uma análise
lógica do corpus doutrinário. Este Adendo oferece a exposição de um
argumento lógico que demonstra a insustentabilidade da tese de que
Kyoshu-Sama tem o poder de se afastar de Meishu-Sama. Insistir,
apaixonadamente nesta tese significa destruir a consistência lógica da
teologia messiânica. Demonstraremos logicamente que se Kyoshu-Sama se
afastou de Meishu-Sama, então Meishu-Sama não é o Messias, não governa
sua Igreja sem o mínimo de falhas, não possui poder espiritual algum. Logo,
aqueles que defendem a tese de que Kyoshu-Sama tem poder para se afastar
de Meishu-Sama estão, em realidade, ainda que não em intenção,
promovendo a destruição doutrinária da Igreja, expondo a sua teologia ad
absurdum.
• ADENDO IV. Do amor altruísta: Este adendo reúne 47 trechos das
Orientações de Kyoshu-Sama diretamente sobre a prática do amor
altruísta. Não se trata de mera especulação sem base, mas de demonstração
da verdade: a prática do amor altruísta é um dos pilares fundamentais das
Orientações de Kyoshu-Sama.
• ADENDO V. Perguntas e respostas: Elaboramos uma série de perguntas
sobre a relação entre os Ensinamentos de Meishu-Sama e as Orientações de
Kyoshu-Sama com a finalidade de esclarecer falsos problemas, oriundos de
incompreensão teológica, adendados por alguns segmentos que alegam
uma suposta – e infundada – incompatibilidade entre ambos.
• ADENDO VI. O Juízo Final: Publicamos, na íntegra, um texto
autodenominado “ensinamento de Meishu-Sama, para que o leitor possa
fazer sua própria análise acerca de seu conteúdo.

Caso o leitor deseje logo passar ao tratamento do documento da IMMB e se


restringir somente a tal seção, basta fazê-lo. As seções estão interligadas, mas este
documento foi elaborado visando a satisfazer diferentes níveis e tipos de compreensão
e espírito de busca. A leitura completa deste material e de todos os cinco adendos fica
por conta daqueles que desejaram um aprofundamento maior. O primeiro adendo é
um trabalho técnico em História, mas apesar disso, é de fácil leitura, assim como o
segundo adendo. Somente o terceiro adendo possui uma estrutura e estilo mais
técnicos, mas pode ser igualmente lido por todos. O quarto Adendo é uma compilação

18
das Orientações de Kyoshu-Sama sobre amor altruísta, e demonstra de modo
inequívoco que tal tema foi sempre privilegiado pelo Líder Espiritual, eliminando,
portanto, toda e qualquer pseudodiscussão a cerca da possibilidade (esdrúxula) do
Líder não nos incentivar tal prática. Por fim, o sexto adendo é apenas a transcrição, na
íntegra, do dito “ensinamento” O Juízo Final.
O leitor pode ainda ter uma pequena amostra de como o primeiro adendo
demonstra que a História da Igreja e sua expansão mundial são indissociáveis do
respeito à Kyoshu-Sama pela leitura do trecho abaixo, que consta do ADENDO I:

A IMM E KYOSHU

“Nesse caminho, a dedicação e o empenho de Nidai-Sama na organização e


estruturação da IMM foram fundamentais, e são certamente um modelo de como
servir a Meishu-Sama. Zelando pelo cumprimento dos ensinamentos e pela
manutenção da ordem, conforme o Fundador ensinou.”

Nidai-Sama fala sobre o significado do Trono de Kyoshu e de sua função, que


nos parece totalmente atual:

Como diz no Ensinamento “Deus é ordem”, no mundo espiritual existe


uma rigorosa hierarquia divina: Supremo Deus = Trono de
Kyoshu. Portanto, é natural que ao Kyoshu– que é o corpo principal
da Igreja – é dado pelo Supremo Deus o poder divino necessário para
a providência da Igreja, ou seja, o poder em relação à doutrina, aos
ofícios religiosos, e ao poder de decisão sobre todos os outros assuntos
administrativos da Igreja. (NIDAI-SAMA)1

Fundamentada em Ensinamento deixado por Meishu-Sama, a Líder


explicou seu papel na comunidade religiosa2. Expressa uma ligação direta
do Supremo Deus com o Trono de Kyoshu, que concilia de modo perfeito,
com a função do Líder Espiritual da Igreja, como intermediário de Meishu-
Sama e os fiéis, e destes com Meishu-Sama. Ligado ao Supremo Deus, o

1
NIDAI-SAMA. Kyoshu-Sama. Disponível em http://Johreiafrica.com. Acessado em 20/08/2015.
2
Ensinamento oral que recebeu diretamente de Meishu-Sama.

19
Líder Espiritual tem a autoridade eclesiástica, conforme Nidai-Sama, em
relação à doutrina, aos ofícios e aos assuntos administrativos – cuida da
estrutura da Igreja e da questão dogmática. Foge por completo da vertente
apresentada que ensejou colocá-lo na posição de ‘figura ilustrativa’, um
‘símbolo’, retirando dele o poder de Líder Espiritual.
Matsumoto (1986), Presidente da IMM, chamava atenção para este, alertando
que esta postura indicava falta de temor a Deus. As peças se juntam: a Divindade de
Meishu-Sama fica evidenciada, e sua figura como raiz da Igreja surge ao ser ele
(Meishu-Sama) a parte espiritual do elo Supremo Deus – Kyoshu– fiéis.
O presidente da Igreja diz ainda que a Igreja Renovada só poderia se
manifestar quando Kyoshu-Sama fosse o centro – obviamente, dadas as
observações anteriores, sendo o Líder a ligação entre os fiéis e Meishu-Sama, e sendo
também o representante de Supremo Deus na Terra, as imagens se sobrepõem:
Matsumoto diz que a Igreja Renovada deve ser a Igreja que aceita e recebe Meishu-
Sama como Salvador. (FMO, 1986, p.9)
Nidai-Sama fala acerca desta questão e esclarece:

Sem Meishu-Sama vivo, faz-se necessário um corpo físico que


represente o Supremo Deus e por isso Meishu-Sama instalou no
Trono de Kyoshu, o corpo material que o representasse. E Meishu-
Sama trabalha vivo dentro de Kyoshu, tal como o ancestral de um
actual chefe de família. (NIDAI-SAMA)

O site da Igreja Messiânica de África traz uma observação sobre Kyoshu-Sama


em sua página inicial que entendemos ser elucidativa:

A palavra “Kyoshu” significa “dono, senhor do ensinamento”. Assim,


aquele que ocupa o Trono de Kyoshu, chamado de Kyoshu-Sama,
além de ser o supremo orientador, tem a missão de ser o elo de ligação
entre Meishu-Sama, que está no Mundo Divino, e os membros
messiânicos, que se encontram no Mundo Material. Por isso, todos os
pedidos chegam a Deus através dele. (IMM África)3.

A questão da interpretação abordada por Nidai-Sama chama atenção para uma


infinitude de possibilidades de interpretação se esta estiver descentralizada – cada um,
em seu tempo e lugar, com suas diferentes experiências, fazendo uma leitura individual

3
Disponível em http://Johreiafrica.com. Acessado em 20/08/2015.
20
e independente de orientação, tendem a resultar em diferentes análises
(interpretações), o que poderia conduzir a dissidências ou divergências internas
significativas. Assim, a figura do Líder para orientar os pontos fulcrais faz-se
necessária:

“Os Ensinamentos possuem profundidade e amplitude infinitas e por


isso podem ser interpretados de numerosas formas, de acordo com o
grau de inteligência da percepção verdadeira de cada pessoa, ora de
modo profundo, ora de modo superficial, e por isso se não forem
reunidos sob a autoridade doutrinária do Kyoshue se uma orientação
padronizada da Sede Geral não for dada, as interpretações ficarão
diversificadas e não poderíamos assegurar que seja que seja inviável
a ocorrência de uma fragmentação.” (NIDAI-SAMA)4

A importância do Trono de Kyoshu para a comunidade messiânica,


no que diz respeito a sua condução como liderança eclesiástica, fica clara
nas falas de Nidai-Sama. O papel que o Reverendíssimo Tetsuo Watanabe
desempenhou nesta causa e sua dedicação para que o processo de
purificação da Igreja, como é chamado o período das dissidências pelos
messiânicos, fosse debelado, também parecem evidentes”.

ANÁLISE DO DOCUMENTO DA IMMB

Quando analisamos o documento elaborado pela IMMB, intitulado Material


de Estudo Interno da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, logo começam a
saltar aos olhos diversos problemas. Certas passagens são ambíguas, outras,
contraditórias. Vejamos:

Na página 5 do documento, pode ser lido o seguinte trecho:

Origem e significado dos termos Kyoshu e Trono de


Kyoshu

4
Idem.
21
Inicialmente, é importante esclarecermos a origem e significado
dos termos Kyoshu e Trono de Kyoshu dentro da nossa Igreja. A
palavra Kyoshu significa, em sua origem, “senhor dos
Ensinamentos”. Na nossa Igreja, ela ganhou o significado de
“líder espiritual”. “Trono de Kyoshu” é a expressão que
utilizamos para designar a posição de líder espiritual da Igreja.
Nesse sentido, a palavra “trono” simboliza o “lugar” no qual a
pessoa que virá a desempenhar a função de líder toma assento.
Portanto, quando dizemos “Kyoshu” ou Trono de Kyoshu é a
posição e não a pessoa.

Vê-se que a Igreja tenta dissociar o Trono daquele que o ocupa. Ao fazer isso,
comete uma falácia evidente. É óbvio que Kyoshu não é pessoa física, mas uma posição.
Mas o que isto significa? Que existe uma posição enquanto ente real independente da
pessoa que o ocupa? O Trono não é um objeto que existe independente de seu
ocupante. Temos aqui, em sentido técnico, uma anomalia lógico-semântica.
Explicando de modo a todos poderem entender, a Igreja afirma algo impossível, logo,
sem sentido. E por quê? Porque não há “posse” sem “empossado”, nem “investidura”
sem “investido”. O Trono não é uma coisa, mas uma linhagem, um ministério
sucessório, e não há linhagem sem membros ou linha sucessória sem sucessores. O
Trono é anterior a qualquer pessoa que seja Kyoshu depois de Meishu-Sama, e lhe será
posterior. Mas isto não significa que existe Trono de Kyoshu sem Kyoshu, significa
apenas que a investidura é sucessória, isto é, é transmitida de uma pessoa à outra. No
entanto, no momento em que uma pessoa está investida, empossada, como Kyoshu,
ela e o Trono não podem ser dissociados. Tudo o que cabe ao Trono cabe àquele que o
ocupa. Se o Trono expressa a Vontade de Deus, isso só pode se dar por meio do próprio
Kyoshu, ou, apelando ao animismo simplório das lendas infantis, teríamos que
imaginar um Trono (será dourado?) com olhos e boca, um trono falante, de desenho
animado! O Trono, enquanto ente eclesiástico, não fala, quem fala é o Kyoshu, aquele
que o ocupa. Admitir que o Trono é sagrado é reconhecer que a investidura de Kyoshu-
Sama é sagrada, pois é por meio do Kyoshu, e somente por meio dele, que a sacralidade
do Trono se encarna e realiza a Obra que lhe é própria. Se reconhecemos que a
atividade de Kyoshu é sagrada, o que é uma conclusão lógica e teológica inevitável e
irrefutável para quem reconheceu a sacralidade do Trono, então temos igualmente que

22
admitir a sacralidade de suas Orientações, e abominar concretamente qualquer ataque
ao seu ministério.
Se o Trono de Kyoshu é de caráter divino, mas a pessoa que ocupa o trono é um
herege, um “despreparado”, então há uma enorme contradição. Como Meishu-Sama
permitiu que o Trono fosse usurpado por seu próprio neto? Mais grave: Que Salvador
é este, que não salva sua própria família? Uma vez em que citou tal norma, caberia à
Igreja deixar claro que até o presente momento NENHUMA pessoa que satisfaz essa
condição, ou seja, que pertence à linhagem familiar de Mokiti Okada aceitou a
indicação para a função de Kyoshu. Para evitar ambiguidades e lacunas informativas,
a Igreja deveria explicar a razão de tal recusa.
A solução então seria dizer que o Trono de Kyoshu não tem caráter divino, o que
explicaria uma pessoa “despreparada” ocupando o cargo. Mas então o que dizer do
material divulgado pela própria Igreja? Estão ensinando mentiras no Curso de
Formação de Nível 3?

Na página 6 do material, a Igreja destaca um trecho de uma entrevista com o


Fundador Meishu-Sama:

"(...) ao ser perguntado sobre a razão para ele ter se tornado


Kyoshu naquela ocasião, Meishu-Sama respondeu: “Isto
significa que eu cheguei até o ponto de me manifestar como
“representante de Deus” (kami no daikosha)."

Entramos aqui numa situação delicada, pois a direção da Igreja enfatiza que eles
seguem Meishu-Sama. Porém, neste trecho, Meishu-Sama afirma que "ser Kyoshu
significa se manifestar como representante de Deus." E, no entanto, a Igreja critica e
condena o atual Kyoshu, alegando que ele não está de acordo com os Ensinamentos e
a doutrina da Igreja. Mas ele não é o representante de Deus? Será que a Igreja está
alegando que sabe mais sobre Ensinamentos de Meishu-Sama do que o próprio
“Senhor dos Ensinamentos”, e, portanto, encontra-se no direito de julgar e condenar
aquele que é "o representante de Deus"?

Na página 7, destacamos também o seguinte trecho:

23
"Na literatura messiânica, não consta nenhum registro sobre a
utilização da expressão “Trono de Kyoshu” por Meishu-Sama,
que também não expressou claramente como seria sua sucessão.
O registro que consta é o de um diálogo com sua esposa, Yoshi
Okada no qual ele diz: “Se, por desígnio Divino, eu vier a
ascender, estarei protegendo-a do Mundo Espiritual. Por isso,
aqui no Mundo Material, você deve dedicar-se à sagrada obra de
salvação do mundo — a construção do Paraíso Terrestre.”

Porém, vale ressaltar que a igreja sempre aceitou como desígnios de Meishu-
Sama a expressão "Trono de Kyoshu", uma vez que ela consta nos livros da Igreja Luz
do Oriente, Ensinamentos de Nidai-Sama, Material de Ensino Nível 3, além de possuir
fotografias dos líderes espirituais em diversos Johrei Centers e até mesmo no Solo
Sagrado de Atami. O que a Igreja faz agora, e isso é muito claro a todo leitor atento, é
apresentar uma nova teologia – é a nova teologia da IMMB que nasce com este Material
– e esta nova teologia é radicalmente contrária tanto à História da Igreja quanto a toda
teologia defendida historicamente pela linhagem Izunome. Depois de décadas, a “nova
teologia da IMMB”, nova não por que apresente qualquer inovação, mas porque rompe
com a tradição consolidada, resgata, de certo modo, os conflitos da época da ascensão
de Nidai-Sama ao posto de Líder Espiritual. Infelizmente é um retrocesso de décadas.
Após o debate ter sido inapelavelmente encerrado, a Igreja volta a questionar a
própria ideia de “Trono de Kyoshu”. É um estranho jogo retórico. Primeiro tenta
dissociar o Trono de Kyoshu do Kyoshu. O que por si só é um absurdo que a própria
análise semântica o revela. O Trono é de quem? De Kyoshu. Trono de Kyoshu. Quem
governa não é o Trono, objeto inanimado (ou animado, falante?), mas aquele que o
ocupa: o Kyoshu. Se fosse o contrário, a expressão correta (embora absurda) seria
“Kyoshu do Trono”, aquele que pertence ao Trono. Ora, o absurdo é flagrante. Então,
após, de modo absolutamente inconsistente, tentar dissociar o Trono de seu Ocupante
e declarar que a fé é no Trono e não em seu Ocupante (o que soa completamente non
sense), a Igreja estranhamente, parecendo alinhar-se ao que pensa a Toho no Hikari,
diz ao leitor que a própria existência do Trono é algo frágil, arbitrário, contingente, algo
que não foi fixado por Meishu-Sama. Ora, causa vertigem! Os senhores têm ou não
tem fé que o Trono é Sagrado? Tem ou não tem fé que foi Meishu-Sama que o instituiu?
Precisamos de clareza! Afinal, os senhores tem fé na sacralidade do Trono, e, portanto

24
reconhecem que ele se funda na determinação e na Vontade de Meishu-Sama, ou os
senhores relativizam o Trono e acreditam que o mesmo é fruto de uma construção
histórica que poderia ser diferente caso o “grupo de Nidai-Sama” tivesse sido superado
logo de início? Senhores, por isso questionamos as condições de produção e a expertise
dos produtores da redação deste material. É preciso consistência, clareza, objetividade!
Todo texto pode conter brechas. Brechas, mas não abismos. A leitura deve esclarecer e
não confundir ainda mais. Somente os já convictos e os apressados, ou, infelizmente,
aqueles desprovidos dos recursos técnicos adequados, não percebem com imenso
estranhamento, as deformidades que a narrativa vai produzindo, como se criasse o
próprio labirinto do qual, depois, não se pode escapar. Ou os senhores defendem a
natureza sagrada do Trono, ou relativizam as condições históricas de sua constituição.
Os dois? Jamais.

Na página 9, a Igreja tomou o cuidado de citar os artigos dos “Cânones da Igreja


Messiânica Mundial”. Pois bem, vamos analisar alguns casos:

“Art. 5 - Parágrafo Segundo – O Líder Espiritual utilizará o


sobrenome Okada.”

No entanto, temos aí uma ambiguidade. A Igreja não deixa claro, a despeito da


redação estatutária, o que reza o estatuto. Ela afirma que o Líder deve UTILIZAR o
sobrenome Okada. Mas quantas pessoas podem ter o sobrenome Okada no Japão e
no mundo? Não se trata de utilizar o sobrenome Okada. Alguém poderia
simplesmente adotar o sobrenome para então tornar-se elegível à posição de Kyoshu.
Para eliminar tal ambiguidade, que torna a redação imprecisa e inconsistente e
compromete a compreensão do texto, é preciso enfatizar que:

O Líder Espiritual deve POSSUIR o nome Okada por ser da linhagem


familiar do Fundador Meishu-Sama.

No entanto, a Igreja do Japão, infringiu tal artigo ao indicar uma pessoa que
não é da linhagem da família Okada para ocupar o Trono de Kyoshu. Alegarão que
fizeram isso sem intenção religiosa, que não foi um ato litúrgico, que aquele que hoje,
segundo eles, é Kyoshu-Sama, está nessa posição apenas por finalidade jurídica, uma

25
vez que no processo do alegado desligamento de Yoichi Okada, tiveram que indicar
um nome. Ora, e por que a indicação do nome não ocorreu conforme determina os
Cânones da Igreja e o Estatuto da Família do Fundador? A Igreja do Japão reconhece
que se utilizou de um artifício jurídico contrário ao Direito Canônico messiânico? Em
sentido teológico só nos resta constatar que o Trono de Kyoshu foi profanado pela
Igreja do Japão. O Trono é a Morada de Deus, o Centro da Obra Divina, o Fundamento
Teológico da Igreja. Fazer com que seja ocupado por uma pessoa que não foi
preparada para tal e não satisfaz as condições mínimas para ser Kyoshu-Sama,
alegando uma necessidade jurídica, é gravíssimo. A banalização do Trono, a falta de
respeito com sua sacralidade inviolável, demonstra bem o grau de desrespeito à Obra
Divina que está em curso no Japão, com o apoio e consentimento do Brasil.

No documento da IMMB a Igreja prossegue citando os Cânones, embora apoie


que o desrespeite:

“Capítulo II – Do Líder Espiritual.


Artigo 7 – O Líder Espiritual outorgará as Imagens Sagradas e os
“Ohikari”.
Sem Kyoshu-Sama, a Igreja deixa de ter mais Ohikari e Imagens Sagradas. Sem
Ohikari para consagrar, a expansão da igreja irá extinguir-se. A Igreja deve também
refletir e esclarecer o que acontecerá se recusa de algum membro da família Okada em
assumir o Trono persistir. Caso Kyoshu-Sama Yoichi Okada deixe de consagrar
material litúrgico, ou a expansão da Igreja será paralisada e mesmo finalizada, ou a
Igreja terá que ferir o estatuto e trabalhar com material não-consagrado. Afinal:

“Artigo 8 – O Líder Espiritual oficializará os atos litúrgicos da


Igreja.”

Mesmo ciente disso, em dezembro de 2015, o corpo diretório da Igreja


Messiânica Mundial do Brasil apresentou uma nova versão (até bonita) da oração
Messiânica. A grande questão é que ela não teve o consentimento de Kyoshu-Sama.
Essa “oração messiânica” foi apresentada a Kyoshu-Sama, que disse ser bonita,
mas que gostaria que fossem usados os textos Nosso Juramento, Palavras de Oração
e Palavras de Luz.
26
Alguns países adotaram as orações propostas por Kyoshu-Sama, mas a IMMB
as ignorou e continuou usando a sua versão. A Igreja, deste modo, diz reconhecer a
sacralidade do Trono, mas não obedeceu a suas orientações e fez modificações
litúrgicas por conta própria, o que é uma prerrogativa do Kyoshu. Assumindo a “nova
teologia da IMMB”, se o próprio Trono tivesse solicitado a mudança litúrgica,
conforme o Cânone citado (mas não respeitado) a IMMB teria obedecido, pois o Trono
é sagrado! Mas como quem solicitou foi Kyoshu, aquele que ocupa o Trono Sagrado,
mas que não participa dessa sacralidade, então a Igreja sentiu-se à vontade para não
obedecer a Orientação. Uma pena que o Trono “em si”, em sua objetiva “tronicidade”
existencial tenha ficado neutro e guardado silêncio...
Em resumo, todos os 13 artigos dos “Cânones da Igreja” começam com “O Líder
Espiritual irá (realizar, consagrar, reconhecer, etc...). Porém, como o próprio artigo 6
diz, “o Líder Espiritual será escolhido com base nas Normas da Família do Fundador.”
Como a Igreja Messiânica Mundial já não possui mais Líder Espiritual e nem mesmo
pode empossar outro qualquer que seja, pois não seria dentro das Normas da Família
do Fundador, a igreja vê-se diante de uma situação onde não poderá mais ter um Líder
Espiritual, não poderá mais consagrar Imagens Sagradas nem ‘Ohikari’, não poderá
mais definir atos litúrgicos e nem reconhecer mais Certificados de Qualificação
Sacerdotal.

Na página 10 lemos o seguinte trecho:

“Afinal, para nós, da Igreja Izunome (Shinsei) (...)”

Interessante a redação usar aqui “para nós, da Igreja Izunome”. A direção da


igreja sempre frisa que a IMMB é uma igreja independente, com seu estatuto próprio.
E agora se refere à Izunome como “nós”? Está certa. Não é independente. Nunca foi.
Sempre esteve no escopo da linhagem hoje denominada Izunome, e tal linhagem
sempre aceitou a sacralidade de Kyoshu-Sama, sem malabarismos exegéticos ou
contorcionismos hermenêuticos na tentativa frustrada e impossível de dissociar o
Trono de seu ocupante. Por isso, a Izunome sempre recebeu as Orientações de Kyoshu
como sendo Ensinamentos Divinos. A nova teologia da IMMB macula essa história.
Em seguida, ainda na página 10, o documento afirma:

27
“Acordou-se que a Terceira Líder abdicaria do Trono em favor do
Quarto Líder, e este se tornaria o Líder Espiritual das três Igrejas
sob o aconselhamento da Terceira Líder.”

Será que ela não estaria abdicando do Trono para acatar uma decisão do
Fundador Meishu-Sama, que nomeou Yoichi Okada o Quarto Líder Espiritual? Afinal,
ele foi preparado a vida toda para assumir o Trono de Kyoshu. Inclusive ele foi o
ÚNICO Kyoshu nomeado por Meishu-Sama, conforme divulgado em uma
Reminiscência.
A Igreja do Brasil pode alegar que tal reminiscência não é oficial. Não é oficial
ou a IMMB não quer reconhecer que é oficial? Lembramos que a reminiscência foi
relatada pela Sra. Tanzawa, pessoa que dedicou para Meishu-Sama. A reminiscência
foi devidamente relatada pela primeira vez em 1978, pela própria Sra. Tanzawa.
Mas a Igreja tem todo o direito de não reconhecer tal documento. No entanto,
considerar que é Meishu-Sama que escolhe o Kyoshu de cada época é um postulado
teológico básico da fé. Não é necessária nenhuma reminiscência para entender isso. Se
não é Meishu-Sama que escolhe o Líder Espiritual da Igreja, então Ele não possui
poder sobre sua própria Obra, e o espírito não precede a matéria.
A Igreja poderia argumentar que é realmente Meishu-Sama quem escolhe o
sucessor, mas também é Ele quem o afasta, caso necessário. O argumento é
aparentemente sofisticado, mas não resiste à mínima análise. Se Meishu-Sama deixou-
nos os Cânones da Igreja e Estatutos da Família do Fundador, e se a escolha do Kyoshu
dar-se-á em conformidade com os mesmos, então o seu afastamento também deveria
ser assim. E na verdade, as normas realmente preveem em quais casos o Kyoshu pode
ser afastado:
O Art. V. do Regulamento da Família do Fundador define em
quais casos a Assembleia da Família (e não a Direção da Igreja)
pode indicar um novo Kyoshu:

IV. Em caso de morte do Kyoshu;


V. Em caso de doença grave ou acidente;
VI. Em caso de abdicação por livre e espontânea vontade.

28
Yoichi Okada faleceu? Está gravemente doente, conforme laudos técnicos
demonstram? Sofreu acidente que impossibilita o exercício de sua missão, conforme
se encontra documentado? Abdicou por livre e espontânea vontade? O Sr. Yoichi
Okada, por quem Meishu-Sama governa a sua Igreja e o espírito precede a matéria, foi
escolhido por Meishu-Sama como o seu sucessor, que o fez chegar ao Trono conforme
os Cânones da Igreja e o Estatuto da família, que embora não tenham sido escritos pelo
Fundador, ou estão de acordo com sua Vontade, ou o Fundador carece de poder e
autoridade. Da mesma forma, se é da vontade do Fundador que o Sr. Yoichi Okada seja
afastado da posição de Kyoshu, então que isso se dê conforme as normas, seguindo a
ORDEM, o que não é o caso.
AQUI TEMOS UMA GRAVE CONTRADIÇÃO. A Igreja afirma seguir
obedientemente a Vontade de Meishu-Sama, mas convenientemente nega a teologia
de que a Vontade de Meishu-Sama é de que Yoichi Okada fosse o Quarto Líder
Espiritual. Com isso, nos diz que quem determina o Líder Espiritual é o homem, a
Diretoria, que o processo de constituição do Trono e de instituição de seu ocupante não
é de natureza divina, espiritual, mas trata-se apenas de processo histórico, material,
burocrático.
Ao dizer que o Líder Espiritual foi escolhido em um acordo, a IMMB narra uma
história política da sucessão, colocando a matéria na frente do espírito. Se realmente
estivéssemos comprometidos com o espiritualismo não teríamos que reconhecer que
Yoichi Okada foi escolhido por Vontade de Deus e Meishu-Sama? E uma vez na posição
de Kyoshu, não deveríamos segui-lo e obedecê-lo?
Yoichi Okada foi o único, dos quatro primeiros líderes espirituais que ocuparam
o Trono de Kyoshu, a ser preparado para esta missão a vida toda, justamente porque
Meishu-Sama assim havia decidido. Ele especializou-se em Ciências da Religião na
Universidade de Londres, é bacharel em Filosofia e pós-graduado em Sociologia,
ambos pela Universidade Keio. Estudou a fundo todas as religiões, desde a
adolescência. Leu e releu diversas vezes, durante décadas, TODOS (enfatizamos:
TODOS) os Ensinamentos de Meishu-Sama, para que, quando chegasse o momento
de assumir o Trono de Kyoshu, pudesse estar espiritual e materialmente preparado
para cumprir sua missão. Vale ressaltar que, os diretores que hoje ocupam seus cargos
nas Igrejas Toho no Hikari e Izunome, por mais que tenham acesso a TODOS os
Ensinamentos como eles mesmos afirmam, não estão em posição eclesiástica de
“Senhores dos Ensinamentos”. Somente uma pessoa, o Kyoshu, ocupa tal posição.

29
Nenhum deles teve acesso a todo o material por toda a sua vida, e nem foi
cuidadosamente preparado para assumir a posição única de “Senhor dos
Ensinamentos”. Portanto, alegar que Kyoshu-Sama está se desviando dos
Ensinamentos (e dizer que tem acesso ao mesmo material que ele), é arrogar-se, de
forma no mínimo problemática, que tem mais capacidade de compreender os
Ensinamentos que o “Senhor dos Ensinamentos”, escolhido como tal, pelo Autor dos
Ensinamentos, Meishu-Sama.
Ao relativizar a sucessão da Terceira para o Quarto Líder, a Igreja não percebe
que se coloca em uma situação limite? Não percebe que se coloca contra a parede? Não
compreende que, ao oferecer, de modo apressado, e sem fundamentação
historiográfica, a versão de que o Quarto Líder tornou-se Kyoshu-Sama não por
Vontade de Deus, mas por acordo político, está, desta forma, contradizendo tudo o que
sempre ensinou aos seus membros? Ora, a Igreja não se dá conta, de que ao fazer isso,
está, automaticamente, declarando que, ou mente, ou foi a Terceira Líder que mentiu?
A Igreja se esquece de que por anos, seu material oficial de ensino, do Curso de Nível
3, reproduz palavras da Terceira Líder na qual ela declara enfaticamente, de modo
claro e objetivo, que ELA DESEJOU A TRANSFERÊNCIA DO TRONO PARA O
QUARTO LÍDER, e que o mesmo foi feito conforme a VONTADE DE DEUS?

30
Qual versão está correta? É absolutamente necessário esclarecer. As duas
histórias narradas pela IMMB agridem-se frontalmente, a não ser que a IMMB venha
a fazer o que deveria ter feito no material, que é reconhecer que o processo político,
uma vez que é material, está subordinado ao espírito, à Vontade de Deus. Sendo assim,
a Igreja se vê obrigada a reconhecer que a ascensão do Quarto Líder ao Trono ocorreu
conforme o desejo da Terceira Líder e a Vontade de Deus. Então, gostaríamos de saber
por meio de quais esforços exegéticos descomunais a Igreja vai explicar como o Líder
Espiritual, instituído pela Vontade de Deus, teve que ser destituído dos seus
subalternos, que, para tanto, tiveram que ignorar os Cânones da Igreja e desrespeitar
o Estatuto da Família do Fundador. Como aquele que foi empossado por Deus pode ser
desempossado pelo homem? E com base em que Ensinamento, em qual autoridade, a
partir de qual critério, os senhores podem assegurar que Kyoshu-Sama foi
desempossado por Deus? Acaso existe alguma liderança espiritual na Igreja
Messiânica Mundial acima da posição do Kyoshu? Acaso a Diretoria está autorizada
por Meishu-Sama, e em qual Ensinamento, a ser o juiz de Kyoshu? Se Kyoshu é o
31
Senhor dos Ensinamentos, em que medida é minimamente razoável que a Diretoria,
ao invés de buscar aprender o que ele está orientando, se coloque na posição de ensiná-
lo ou repreendê-lo, ou até mesmo “demiti-lo”?
Se o Kyoshu é o Senhor dos Ensinamentos, a partir de qual posição e critério
podemos considerar que ele se afastou dos Ensinamentos se reconhecemos, como na
página 21 do material da IMMB, que não compreendemos a totalidade e a
profundidade dos Ensinamentos?
Vamos repetir, e em novo parágrafo, em negrito, e solicitando ao leitor a
máxima atenção, para que este ponto, de fundamental importância, não passe
despercebido. Assim, também somos honestos e generosos com nossos interlocutores,
oferecendo toda a oportunidade para apresentarem uma defesa que seja, ao menos,
coerente, na impossibilidade de ser inquestionável: Se os Srs. admitem, na página
21, que podem não compreender a plenitude dos Ensinamentos em sua
totalidade e profundidade, como podem se colocar categoricamente na
posição de juízes capazes de determinar que o seu Líder, que é o Senhor
dos Ensinamentos, se afastou destes? Dirão que não compreenderam tudo, mas
que em relação à parte que compreenderam, percebem contradições. Mas se não
compreenderam tudo, nem em sua extensão e nem em sua profundidade, como podem
estar tão certos que a parte que julgam compreender foi de fato compreendida? Dirão
que são capazes de demonstrar as contradições. Mas ora, todas as pretensas
contradições podem ser facilmente refutadas. Insistimos. Se os Srs. confessam o que
confessam na página 21, como podem estar certos de que estão em condições de
apontar “contradições”. Como podem estar certos de que tais contradições não são
frutos de sua falta de compreensão? Como podem sustentar o que estão dizendo?
A contradição chega a ser tão flagrante, que se revela um desrespeitoso atentado
à nossa inteligência. Os senhores realmente pensaram no que estavam a escrever?
Calcularam as consequências lógico-semânticas de suas palavras? Realmente zelaram
pela consistência doutrinária da teologia messiânica? Ou somente escreverem o que
julgaram conveniente? Não lhes ocorreu que qualquer pessoa com um mínimo de
preparo intelectual, poderia facilmente desmontar essa contradição tão evidente?

32
Ou os senhores conhecem a totalidade dos Ensinamentos, em sua amplitude e
profundidade, ou reconhecem que não se encontram na posição de avaliar se o Senhor
dos Ensinamentos está próximo ou afastado destes.
Ou os senhores assumem que, diante de um Ensinamento, são capazes de
aprender 100% de seu significado, ou reconhecem que não possuem nem a
legitimidade doutrinária, nem o poder espiritual, nem a autoridade teológica, para
dizerem ao seu Líder Espiritual, ao Senhor dos Ensinamentos, que ele está errado,
porque, acaso os Srs. conheçam 99% do sentido, e não 100%, a chave para a
compreensão daquilo que não entendem pode estar contida nesse 1% restante, e
Meishu-Sama nos ensinou a não menosprezar a força de 1%. Então pedimos esse
esclarecimento. Em termos quantitativos os Srs. assumem conhecer tudo que Meishu-
Sama escreveu e registrou? Em termos qualitativos, teológicos, assumem que diante
de um Ensinamento conhecem tudo o que ele significa? Se responderem que sim a
ambas as perguntas, admitem que o Material é contraditório e falso, e que o que
33
escreveram na página 21 está errado. Se admitirem que não, confessam que julgam
Kyoshu-Sama a partir de uma posição limitada, restrita, e que não estão em condições
de negar ou refutar suas Orientações, pois não se pode negar aquilo que não se conhece,
tampouco refutar o que não se compreende.
Por anos, a IMMB formou seus missionários para que acreditassem que
“Supremo Deus = Trono de Kyoshu”. Como podemos ler na página 103 do Curso de
Formação Nível 3 (imagem na página anterior), a IMMB sustentou que Kyoshu-Sama
recebe os Ensinamentos de Meishu-Sama. Como agora pode ter mudado? Qual é o
critério de tal mudança doutrinária? O entendimento dos senhores? Mas insistimos,
na página 21 do material da IMMB, os senhores não assumem que seu entendimento
é incompleto? Não percebem a absurda contradição em que ocorrem e que salta aos
olhos de todos que, despidos de preconceitos e interesses, analisam o caso? No mesmo
material de formação os senhores ensinaram por anos que Kyoshu-Sama herda a
sagrada Obra de Meishu-Sama, por ser de sua linhagem espiritual e material, e,
portanto, recebe os Ensinamentos do próprio Meishu-Sama (ver imagem na página
36). Não percebem que entram em inescapável contradição, e que o próprio material
da Igreja os desmente?
Temos apenas três opções:
1. Os senhores conhecem todos os Ensinamentos, e conhecem cada qual em
toda a sua profundidade. Mas então mentiram na página 21;
2. Os senhores não conhecem os Ensinamentos, logo não estão em condição de
refutar o Senhor dos Ensinamentos;
3. Os senhores não acreditam que ele é o Senhor dos Ensinamentos e não o
respeitam como Líder. Ora, nesse caso, além de revelaram uma crença
exótica, incompatível com aquela que ensinaram aos seus membros, de que
Deus se manifesta no superior, portanto as Orientações devem ser
obedecidas, os senhores confessam também que, por longos anos, por
alguma razão desconhecida, enganaram sistematicamente milhares de
pessoas, levando-as a acreditar em uma fé ilusória.

Não é uma posição fácil. Se escolhem 1, devem assumir que o Material contém
erros, e logo, que não possui credibilidade. Se escolhem 2, assumem que estão
atentando contra o fundamento da própria fé messiânica, e que não possuem condições
de sustentar a posição tomada. Se escolhem 3 revelam que toda a fé não passa de um

34
engodo, de uma sucessão de mentiras. Podem até tentar relativizar 3 e dizer que
descobriram a mentira agora, que também foram vítimas, mas ao colocarem-se na
posição de “descobridores”, assumem que tem a capacidade de julgar, o que pressupõe
que dominam os Ensinamentos, o que contraria a posição defendida na página 21. É
um labirinto sem escapatória. Que situação embaraçosa.

Ora, dirão que acordaram depois de anos de ilusão? Mantiveram-nos então, na


ilusão todo esse tempo? Admitem? E agora resolveram escrever o material? Ora, então,
diante de assunto tão sério, insistimos, os senhores realizaram concílios, congressos, e
elaboraram tal material mediante a consulta aos maiores estudiosos e especialistas em
teologia messiânica no Brasil? Podemos conhecer as datas e os participantes destes
encontros?
Pedimos a todos que leiam as respostas oficiais da IMMB sobre o Trono de
Kyoshu, que constam na imagem anterior, com especial atenção a R2, R3 e R4.
Os senhores afirmam categoricamente, por longos anos, em material oficial de
formação, que Kyoshu-Sama possui juntas as linhagens material e espiritual de
Meishu-Sama, que é Kyoshu que nos transmite a diretriz e que ESTAVA CLARO PARA

35
MEISHU-SAMA QUE A OBRA DIVINA SERIA PELAS SUCESSIVAS GERAÇÕES
CENTRALIZADAS EM KYOSHU-SAMA, a quem seria outorgado o PODER DIVINO!
Os senhores dizem que há diferença entre o Trono de Kyoshu e Kyoshu-Sama.
Os senhores pensaram nisso quando por longos anos ensinaram seus missionários que
o Poder Divino é entregado ao Trono de Kyoshu, referindo-se ao mesmo como “quem”
recebe o Poder Divino? Repetimos: Os senhores primeiro dizem que a Obra será
centralizada no Trono de Kyoshu, A QUEM será entregue o Poder Divino. “Quem” é
pronome que se refere a pessoa, não a objeto. Se o Trono de Kyoshu fosse um objeto,
os senhores deveriam ter dito que é o objeto “ao QUAL será entregue o Poder Divino”.
Parece que, quando da redação do Curso, estava claro que o Trono de Kyoshu não pode
ser distinguido da pessoa que o ocupa. O Trono não é uma abstração, nem um objeto
impessoal transcendental, mas uma investidura. E o material de formação da IMMB
prova que, à época, a Igreja sabia perfeitamente disso. O Poder Divino é entregue a
uma pessoa, e não a um objeto. O Trono não é substantivo concreto, não designa um
objeto, um ente cuja realidade é objetiva. O Trono de Kyoshu não é um assento, com
peso, forma, cor, tamanho. Não existe um Trono de Kyoshu neste sentido. Seria
madeira ou mármore? Não é a um objeto ou coisa que o Poder Divino é outorgado.
Trono, nesse caso, é um substantivo abstrato, se refere a um “espaço imaterial” que é
ocupado por uma pessoa. É Kyoshu-Sama, e não uma poltrona na qual ele senta, que
recebe o Poder Divino.
Os senhores admitiram isso por toda a História da Igreja. “A obra está
centralizada no Trono, A QUEM é passado o poder Divino”. Ou admitem que não
acreditam nisso e que fomos todos enganados, ou então admitem que estão tentando
nos convencer de que aquele que recebeu o Poder Divino de Deus é incapaz de nos
conduzir, o que seria o mesmo que dizer que Deus erra. Dificílimo impasse. Labirinto
lógico-semântico do qual não se pode escapar. Nenhum contorcionismo hermenêutico
ou malabarismo exegético pode superar o impasse. Aquele (QUEM) recebe o Poder
Divino recebe ou não recebe o Poder Divino? Ora, e se recebe o Poder Divino, como
pode utilizá-lo para colocar a Igreja em risco ou fora do caminho? O Poder Divino não
é poderoso contra o mal, o erro e o engano? Ou o Poder Divino não é divino? O absurdo
chega a ser tão grande, que ganha certo contorno tragicômico.
A IMMB, de modo vago e sem consistência lógico-semântica e teológica, busca
separar o Trono de Kyoshu de Kyoshu-Sama. Mas vejamos o que, em publicação oficial

36
da Igreja deste presente ano de 2018, em suplemento a livro de Ensinamentos, a IMMB
diz acerca do Trono de Kyoshu:

“O Trono de Kyoshu é o elo que une os membros a Deus e


Meishu-Sama. É através dele que passa todo e qualquer fato que
ocorre na Igreja. Por conseguinte, ocupar o Trono de Kyoshu
significa representar os membros perante Deus e Meishu-Sama.
Uma vez que o Trono de Kyoshu é o Trono de Deus,
devemos aprender as palavras de Kyoshu como o
próprio Ensinamento Divino. (IMMB. 2018, p. 106).”

Em relação a tal trecho temos quatro questionamentos: 1. Se Kyoshu-Sama é


representante dos membros junto a Deus e Meishu-Sama, quem o escolheu? Deus e
Meishu-Sama ou a Diretoria? Se a escolha de Deus é materializada por meio dos
trâmites previstos nos Cânones da Igreja e no Estatuto da Família do Fundador, por
que ambos foram desrespeitados pela Igreja-Mãe, quando, supostamente, o afastou?
2. Se o Trono de Kyoshu é o Trono de Deus, quem é aquele que o ocupa? 3. Se devemos
aprender as palavras de Kyoshu-Sama como Ensinamento Divino, quem somos nós
para corrigir Kyoshu-Sama? Se as palavras de Kyoshu-Sama, segundo documento
oficial da Igreja, são Ensinamentos Divinos, como a Diretoria pode questioná-los? Se
Deus nos diz coisas que não compreendemos e que nos abalam, nossa postura deve ser
humilde e obediente perante Deus, ou devemos confrontá-lo e desejar ensinar-lhe o
que é correto ou não? 4. Se Kyoshu-Sama não é o que os senhores disseram, então
confessam que, ao ser enganados, levaram milhares de pessoas ao erro, permitindo
que, em nome de uma fraude, doassem seu tempo, energia, dinheiro, e se desviassem
de Deus? Mas se já estiverem enganados tão profundamente por longos anos, como
poderemos saber que não estão enganados agora?
Novamente, na fonte supracitada, os senhores foram categóricos ao afirmar que
há plena e inegável identidade Kyoshu-Sama e o Trono de Kyoshu. Esse é o mais
retumbante tipo de fragilidade teórica. Quando podemos citar o próprio interlocutor
para demonstrar muito claramente a inconsistência de sua tese:

Kyoshu é a denominação usada para designar a função de chefe


da Igreja. Quem ocupa a posição ou Trono de Kyoshu é também

37
chamado de Kyoshu-Sama cuja missão além de ser a de
supremo orientador e, também, a de ser o elo de ligação entre
Meishu-Sama, que está no Mundo Divino, e os membros, que se
encontram no Mundo Material (sic) (IMMB. 2018, p. 105).

Na citação anterior a Igreja diz que as palavras de Kyoshu-Sama, e não do Trono


de Kyoshu, são Ensinamentos Divinos. É óbvio. O “Trono” não fala nada, quem fala é
o Kyoshu, que o ocupa. Se o Trono é “ocupado”, aquele que o ocupa possui a natureza
adequada para fazê-lo, não? Se o Trono é de Deus, aquele que fala em Seu nome profere
Ensinamentos Divinos. Até este ponto a lógica é impecável. No entanto, com a
introdução do argumento ad hoc, de que o Trono é uma coisa e seu ocupante é outra,
logo podemos concluir que qualquer pessoa pode “sentar” no Trono e tornar-se Deus,
pois é o Trono que é Divino. É essa teologia magicista mirabolante que vamos defender
doravante? Interessante, pois isso parece ferir as propriedades e funções atribuídas
diretamente à pessoa de Kyoshu-Sama. Vejamos, segundo a Igreja, ele:

1. é Chefe da Igreja;
2. é o Supremo Orientador;
3. pronuncia Orientações que são Ensinamentos Divinos;
4. está diretamente conectado a Meishu-Sama no Mundo Divino.

Analisemos esse quarto ponto. A citação acima é clara ao sustentar que Kyoshu-
Sama é elo entre Meishu-Sama e os membros. Ora, o elo conecta duas coisas. Logo,
Kyoshu-Sama está conectado a Meishu-Sama. Como Meishu-Sama não detém o poder
sobre aquele que o representa no Mundo Material? Meishu-Sama erra? É falho? É
fraco? A nova teologia da Igreja produz, de modo evidente, alguns efeitos nefastos para
a doutrina messiânica:

a. Atenta contra o princípio da infalibilidade de Meishu-Sama, apresentando-


o como alguém incapaz de orientar e direcionar sua própria Igreja;
b. Rasga em mil pedaços a chamada “lei da ordem” na tentativa, que soa como
contorcionismo teológico, de elaborar uma narrativa conforme a qual
Meishu-Sama teve que agir na Diretoria, que está abaixo do Trono de
Kyoshu, para neutralizar Kyoshu, que está diretamente conectado a Meishu-

38
Sama no Mundo Divino. Ora senhores, o que é isso? Temos que nos dar ao
respeito perante a comunidade teológica e os membros, que não são
desprovidos de raciocínio lógico! Que lei da Ordem é essa? Kyoshu-Sama
está diretamente conectado a Meishu-Sama, mas Meishu-Sama é incapaz
de atuar em Kyoshu-Sama? Para Meishu-Sama atuar no Trono de Kyoshu,
mesmo Kyoshu estando diretamente conectado a ele, deve passar pela
Diretoria? Afinal, que ordem é essa?;
c. Desmonta a lei “espírito precede a matéria” ao sustentar que Meishu-Sama,
que é Espírito Divino, não pode controlar, determinar e preceder Kyoshu-
Sama, que é seu representante material. Ora, que Meishu-Sama é esse que
precisa da Diretoria para ser salvo? Que Espírito é esse, que tem que recorrer
à matéria de outro corpo para preceder a sua própria matéria? Que confusão
é essa, senhores? Que teologia é essa? Se Kyoshu-Sama é o centro da obra
no mundo material e Meishu-Sama é o centro da obra no mundo espiritual
como os senhores podem defender que Kyoshu-Sama pode agir de modo
independente de Meishu-Sama sem negar a lei da precedência do espírito
sobre a matéria. Tal linha de argumentação é completamente destituída de
sentido, e promove uma perda teológica irreparável para a doutrina;
d. Inviabiliza completamente o ministério de todos os próximos Kyoshu’s, pois
aceita a tese histórica da Toho no Hikari, tão brilhante e enfaticamente
superada pela teologia do Revmo. Watanabe. Se o Kyoshu e o Trono são
coisas diferentes, se o Kyoshu erra, se Meishu-Sama não é capaz de
controlar seu próprio representante diretamente a ele conectado, se a ordem
precisa ser quebrada para que a Igreja seja salva, se é a matéria que precisa
corrigir o espírito, então como poderemos confiar nos próximos ocupantes
do Trono e como estes poderão realizar seu ministério sem
constrangimento?

São imensas as dificuldades que essa nova teologia da IMMB produz, fazendo
com que a doutrina messiânica se coloque em plano de grande fragilidade. Vamos
prosseguir na leitura do documento e encontrar outros pontos controversos. Na página
11 o documento da Igreja apresenta mais uma inconsistência:

39
“Porém, com o passar do tempo, as palavras do Líder Espiritual,
começaram a apresentar, pouco a pouco, conceitos que divergem
da doutrina messiânica, o que começou a causar preocupação na
3ª Líder Espiritual, no reverendíssimo Watanabe e diretores.”

É muito fácil dizer que Revmo. Tetsuo Watanabe e a Terceira Líder Sandai-
Sama estavam preocupados com as orientações de Kyoshu-Sama, sem eles vivos para
corroborarem tais afirmações. Existe alguma prova concreta e irrefutável ou é só
retórica? Onde se encontra documentada tal preocupação da Terceira Líder? Se a
Terceira Líder e o Revmo. Watanabe estavam preocupados e não fizeram nada, então
foram absolutamente omissos e irresponsáveis, e atentaram gravemente contra a
integridade da Obra de Meishu-Sama na Terra. É isso que devemos concluir do texto
da IMMB? A IMMB está reescrevendo a história da Igreja e atentando contra a
memória tanto da Terceira Líder quanto do Reverendíssimo Watanabe, ao afirmar que
ambos foram omissos? Precisamos de respostas. Podemos então concluir que se a
Terceira Líder e o Revmo. Watanabe estavam preocupados com as Orientações de
Kyoshu-Sama, então deixaram registrada tal preocupação? Será a palestra em que o
Revmo. narra sua presunção e demonstra seu arrependimento no processo de
aceitação do Quarto Líder? Ou será outra a fonte documental? Os senhores publicaram
um Adendo ao Material. Tal documentação consta do Adendo? Devemos concluir que
na falta de documentação essa alegação é pura especulação? Ou devemos acreditar no
relato, o que nos levará a sacramentar que a História da Igreja é a história da omissão
extremamente prejudicial de seus principais líderes? Devo então concluir que tal
história é uma farsa?
Os redatores do documento da IMMB entendiam, enquanto escreviam, a
extensão e a profundidade da redação que elaboravam? Entendiam que após dinamitar
a teologia messiânica, propondo uma nova teologia da IMMB, rasgando a lei da ordem,
da precedência do espírito sobre a matéria, inviabilizando a segurança de todos os
Kyoshu’s futuros, estavam também manchando a memória da Terceira Líder e do
Reverendíssimo Watanabe ao dizer que mesmo preocupados não fizeram nada para
evitar o desastre? Que foram omissos e permitiram que a Igreja entrasse em sua pior
crise? Os redatores fizeram sem querer, ao que tudo indica, porque não eram os
maiores experts em teologia e História da Igreja do Brasil? Por que elaboraram essa
nova teologia da IMMB desestabilizando a doutrina e maculando a História da Igreja?

40
Perdemos de uma só vez o Quarto Líder, que mesmo estando diretamente conectado a
Meishu-Sama, mesmo pronunciando palavras que são Ensinamentos Divinos, por
estranhíssima e inexplicável mecânica afastou-se de Deus, bem como perdemos a
Terceira Líder e o Reverendíssimo Watanabe, que mesmo preocupados não fizeram
nada de concreto, de efetivo, devidamente registrado, para impedir a perdição da
Igreja. Que Igreja sobra senhores? É essa a nova teologia e a nova História que a IMMB
tem a nos oferecer? A desconstrução desastrosa de sua doutrina e de sua memória? O
que resta? O que sobra?
Dizem os redatores que os líderes foram omissos. Trecho obscuro, ambíguo,
inconsistente. Se não é isso que a IMMB quer afirmar, então o trecho é
autocontraditório, mas se é isso que ela afirma, então diverge da História Oficial da
Igreja e ofende seus líderes. Que impasse terrível, fruto da obscuridade de um texto
cheio de problemas. O que a IMMB quer realmente dizer com isso?
Quando cotejamos tal passagem obscura, com todas as palestras e declarações
do Revmo. Watanabe e com o relato dos ministros que atuaram como seus auxiliares
até seu falecimento, elas se revelam falsas. Até os momentos finais o Reverendíssimo
permaneceu fiel ao Trono.
Então tudo o que foi dito pelo Revmo. Watanabe na orientação abaixo e
publicada no site oficial da Igreja Messiânica Mundial do Brasil era mentira? E a Igreja
tem o hábito de divulgar mentiras em sua página oficial? Segue, sem economia, o
trecho abaixo:

“Boa tarde a todos! Estão passando bem?


“A verdadeira unificação começa na centralização no
sentimento de Kyoshu- Sama”
O desejo de Kyoshu-Sama é: “A partir de agora, quero
desenvolver a Sagrada Obra de Deus em conformidade com a Lei
Espírito Precede a Matéria”. Como podemos assimilar esse
desejo como sendo o nosso desejo? Eu acredito que a verdadeira
unificação nascerá quando nos tornarmos um “único corpo” com
Kyoshu- Sama, aceitando que o Trono de Kyoshu herda a
Sagrada Obra de Meishu-Sama, fazendo do sentimento e do
desejo de Kyoshu-Sama, nossos sentimentos e desejos.

41
Antigamente, todos estavam “unidos a Meishu-Sama”. Mesmo
aqueles que se tornaram dissidentes da nossa Igreja, estavam
unidos a ele. Na última purificação da Igreja, cada grupo sentia
ou acreditava que estava unido a Meishu-Sama, mas na prática,
era cada um agindo conforme a conveniência… É fácil qualquer
um dizer: “Estou unido a Meishu-Sama”, “Estou centralizado em
Meishu-Sama”. Afinal, ninguém vai ouvir Meishu-Sama
contestar, dizendo: “Você ainda não está unido a mim…” Por esse
motivo, cada grupo interpretava conforme o próprio interesse, e
afirmava: “Somos nós que estamos certos, certamente somos
nós…” e assim surgiram grupos que igualmente se achavam
certos, nascendo assim os conflitos.
Eu também sei sobre a antiga unificação (NT. Ocorrida na década
de 1970). Naquela época, por que surgiram tantas igrejas
dissidentes? É porque aqueles que resolveram nos deixar,
achavam que Kyoshu-Sama não era necessário. Eles se
desligaram da nossa Igreja, e cada um se tornou um “Kyoshu-
Sama”. Mas será que Kyoshu-Sama queria que eles fossem
embora dessa maneira? Logicamente que não! Mesmo assim,
muitos se foram e se denominaram “Kyoshu”.
Depois disso, vivemos a grande “purificação da Igreja”, que se
arrastou por vinte anos. O que originou essa purificação? Se
pensarmos bem, vamos perceber que, mesmo Kyoshu-Sama
estando presente, era como se ela não estivesse lá. É porque não
a posicionaram no centro. Assim, cada grupo tinha sua
interpretação e achava que a sua é que era a certa e, por isso,
nasceram os conflitos.

“Estudar as palavras de Kyoshu-Sama e praticá-las,


para receber graças”
Nós, da Igreja Izunome, viemos defendendo que queríamos
consolidar um sistema de Obra Divina centralizado em Kyoshu-
Sama. Assim, atualmente Kyoshu- Sama vem, com muito
carinho, nos contemplando com suas orientações, de forma bem

42
detalhada. Nós estamos desenvolvendo uma Obra Divina em que
estudamos cada uma dessas orientações, empenhando-nos para
tentar compreendê-las. Depois que passamos a praticá-las,
surgem as graças, que são transmitidas às pessoas como
manifestações de Meishu-Sama.
Esta verdadeira unificação, ou seja, a necessidade de unificarmos
o mais depressa possível, já está se espalhando por todos os
cantos…, mas será que, dentro de cada um de nós, já
conseguimos verdadeiramente fazer do sentimento e do desejo
de Kyoshu-Sama, como nossos sentimentos e desejos? Eu
acredito que ainda não…
Muitas pessoas dizem: “Se conseguirmos ficar unidos a Meishu-
Sama, conseguiremos nos unir ao sentimento e desejo de
Kyoshu-Sama”. Eu não digo assim. O que eu tenho dito é o
seguinte: “Se nós conseguirmos nos unir ao sentimento de
Kyoshu-Sama, se fizermos de seu desejo, o nosso desejo, teremos
a permissão de nos unir a Meishu-Sama”. Para muitos, estas duas
formas de falar parecem iguais, não é?
Contudo, para mim, existe uma grande diferença entre: “Basta
estudar os Ensinamentos de Meishu-Sama e olhar seus feitos,
que vamos nos unir ao sentimento de Kyoshu-Sama” e “Se
compreendermos o desejo de Kyoshu-Sama, unindo-nos ao seu
sentimento, seremos agraciados com o caminho para nos unir a
Meishu-Sama”.
O que os senhores acham? É a mesma coisa? Não é, né… então,
qual deles é o certo? Quem acha que o certo é: “Se nos unirmos a
Meishu-Sama, estudando seus Ensinamentos e tudo o que ele
fez, conseguiremos nos unir ao sentimento de Kyoshu- Sama”,
pode levantar a mão?
E quem acha que o certo é: “Se nos unirmos ao sentimento de
Kyoshu-Sama, fazendo do desejo de Kyoshu-Sama, o nosso
desejo, conseguiremos merecer nos unir a Meishu-Sama”, pode
levantar a mão? Obrigado!

43
Eu também acho isso! Como Kyoshu-Sama está no centro do
Plano Divino desenvolvido neste mundo material, ele vai dizer
claramente as coisas. Se consultarmos Kyoshu-Sama: “O que o
senhor acha? Será que está errado?” Kyoshu- Sama vai
responder: “É… aquilo está errado!” E se perguntarmos: “O
senhor acha que já estamos unidos?” Ele vai responder: “Ainda
não…” Mesmo que façamos essas perguntas a Meishu-Sama, não
vamos ouvir a voz dele. Logo, o centro do Plano Divino
desenvolvido neste mundo material é Kyoshu-Sama! Não quer
dizer que vamos “endeusar” Kyoshu-Sama… Nada disso! É a
atuação do Trono de Kyoshu. E qual é essa atuação? Acho que os
senhores já devem saber, não é?
Dentro de suas orientações Kyoshu-Sama vem nos explicando
que o ser humano depende de seu Sonen, ou seja, esclarece a
importância do Sonen. É importante o que fazemos, mas, mais
importante ainda, é com que sentimento estamos fazendo. No
futuro, vai chegar uma época em que a humanidade vai pesquisar
a respeito do Sonen.
Ele disse também que todos nós somos representantes de Deus
que receberam a partícula divina e que somos a soma de
incontáveis antepassados. Kyoshu-Sama veio nos explicando
tudo isso com muito carinho, de forma bem detalhada e, graças
a isso, pela primeira vez, conseguimos entender muitas coisas.
Até então, acho que não tinha pensado seriamente em entender
esses temas, em acreditar dessa forma. Eu não sei quanto aos
senhores, mas eu era assim. Nas aulas de iniciação, eu falava
desse jeito, mas talvez da boca para fora. Será que realmente
somos representantes de Deus que receberam a partícula divina?
No caso de Meishu-Sama, talvez ele fosse mesmo, mas nós
também? Será que, antes, muitos não pensavam assim? Eu
pensava assim… Isso é importante! Se não entendermos isso, não
entenderemos também a visão sobre o Messias da Igreja
Messiânica, explicado por Kyoshu-Sama. Eu acredito que,
quanto mais estudarmos as palavras de Kyoshu-Sama, mais

44
aprofundaremos nosso entendimento sobre os Ensinamentos de
Meishu-Sama e alcançaremos um nível de fé cada vez mais
elevado.
Muitas pessoas dizem que a Purificação da Igreja se deu porque
muitos só ouviam levianamente os Ensinamentos de Meishu-
Sama. Se os tivessem estudado com seriedade e profundidade,
nada daquilo teria ocorrido. Por isso, era motivo de reflexão… foi
isso o que disseram. Eu pergunto: como vamos compreender
profundamente os Ensinamentos de Meishu-Sama? Eu acredito
que é somente quando estudarmos as palavras de Kyoshu-Sama,
que entenderemos com profundidade os Ensinamentos. É por eu
ter essa certeza que hoje estou aqui falando com os senhores.
Quando se está estudando as orientações de Kyoshu-Sama, será
que não aparece algo como: “Ah, então isso tinha esse
significado?” Será que quando entoarmos os salmos de Meishu-
Sama, não vamos perceber neles algum sentimento, algum
desejo que está contido neles, que até hoje não tínhamos
percebido? Eu acho que sim…

“Consolidar a visão de Messias da Igreja Messiânica


Mundial”
Quando faço reuniões, eu tenho sugerido: “Vamos praticar
verdadeiramente uma fé que se liga ao Messias Meishu-Sama?”,
“Vamos consolidar uma visão de Messias da Igreja Messiânica?”,
“Não é uma visão de Messias do Judaísmo, nem do Cristianismo,
nem do Islamismo… Vamos consolidar uma visão de Messias da
Igreja Messiânica!” E todos unanimemente têm se empenhado
nisso.
Estamos estudando com muito esmero e, depois, vamos
submeter a Kyoshu- Sama, até ganharmos dele a confirmação:
“Isso mesmo! Esta é a visão de Messias da Igreja Messiânica!”
Não pode haver diferenças entre aquilo que apresentamos à
sociedade e o que acreditamos. Não pode haver “frente e verso”,
nem “o que eu falo é uma coisa, mas o que eu penso é outra”…

45
Nossos estudos estão indo na direção de consolidar uma visão de
Messias que, tanto o que for explicado aos outros, como o que
nós acreditamos, sejam a mesma coisa. Devemos apresentar
aquilo que acreditamos. Quando finalizarmos esse estudo, quero
apresentá-lo a Kyoshu-Sama, e se ele disser: “É isso mesmo!
Vamos usar isso!”, quero divulgar a todos os senhores, no devido
formato, para que os membros passem a acreditar nisso, e
depois, difundir no mundo inteiro. Este é o meu plano.
Eu quero me empenhar voltado para o grande objetivo, que é a
verdadeira unificação, que certamente vamos alcançar.
Gostaria de fazer um pedido aos senhores. Desde o ano passado,
em cada região, em cada área, tenho pedido a todos os ministros,
integrantes e dedicantes para estudarem, juntos, as palavras de
Kyoshu-Sama e praticá-las. Peço também que, quando
receberem graças, levem-nas às reuniões e as compartilhem com
outros ministros. Gostaria que, por meio dessas graças recebidas,
pudessem perceber e apreender o desejo de Meishu-Sama, o
desejo de Kyoshu-Sama.
Se você estudar sozinho, há limites. Tempos atrás, pedi aos
funcionários dos setores internos da Sede Geral e das empresas
coligadas para fazerem esse estudo. Em conjunto, todos
deveriam discutir o que perceberam, o que aprenderam, como
praticaram, e quais graças receberam. Hoje, eu percebo que o
estudo em grupo fez com que todos crescessem, e os próprios
setores também evoluíram. Se o estudo fosse individualizado, o
resultado também ficaria “espalhado”…
Assim sendo, peço aos senhores que, a partir de agora, se
empenhem seriamente em compreender e praticar as palavras de
Kyoshu-Sama. Se não entenderem, pensem e repensem… ouçam
as graças recebidas dos colegas, aprendam com isso! Digam: “Ah,
então é isso? Eu não tinha entendido assim… realmente você está
certo…” e façam o compromisso de praticar. E quando receberem
uma graça, compartilhem com os colegas: “Olhem, eu alcancei
esse resultado! Estou muito feliz!”

46
Estudando dessa forma, espero que apareça em cada área um
representante que possa dizer: “Eu estudei as palavras de
Kyoshu-Sama e aprendi isso, fiz essa prática, consegui essa
graça… e os senhores, que graças receberam?” É isso que espero
dos estudos em conjunto. Como todos já estão focados em
estudar as palavras de Kyoshu-Sama, vão conseguir! Até agora,
talvez era um pouco diferente… há quem dizia: “Mais do que as
palavras de Kyoshu-Sama, temos que estudar os Ensinamentos
de Meishu-Sama e olhar os seus feitos”, ou ainda “Nós, da Igreja
Izunome, já estamos percebendo e fazendo as reflexões…”
Entretanto, para chegarmos ao ponto de fazermos reuniões em
que todos possam discutir concretamente sobre o quê e como
percebemos, o quê e como fazemos as reflexões, como estamos
colocando em prática e quais graças foram recebidas, cada um
dos senhores precisa praticar as palavras de Kyoshu-Sama.
Quem está praticando e já recebeu alguma graça, pode levantar a
mão? Quero que aqueles que já receberam graças, participem
dessas reuniões e as compartilhem com bastante orgulho.
Eu gostaria de criar em todo o país, um ambiente espiritual em
que as pessoas que praticam as palavras de Kyoshu-Sama
possam compartilhar dinamicamente suas graças e o que
aprenderam com essas práticas. Ou seja, criar um novo ambiente
espiritual. Eu acredito que esse seja o caminho que levará nossa
Igreja à unificação do ponto de vista da fé. Senhores, vamos
praticar? Este é o meu único desejo.

Orientação do Reverendíssimo Tetsuo Watanabe


Templo Messiânico – Atami, Japão
10 de fevereiro de 2008
Fonte:
http://www.messianica.org.br/Meishu-
Sama/mensagens/mensagens-importantes-do-solo-sagrado-
do-japao

47
Podemos constatar exatamente o quê Reverendíssimo Tetsuo Watanabe
pensava acerca de Kyoshu-Sama, lendo suas próprias palavras. E depois? Ele mudou
de ideia? Foi omisso? Nada nos alertou, nada fez, permitindo que a Obra corresse
severo risco? A Terceira Líder também se omitiu? O uso que fazem da memória da
Terceira Líder e do Reverendíssimo Watanabe macula a História da Igreja. Estão
reescrevendo a História. Ao invés de grandes líderes, responsáveis e sensatos, temos
agora dois personagens omissos e indecisos, cujo silêncio comprometeu toda a Igreja.
É o fim da História da Igreja conforme a linhagem Izunome e a vitória de uma História
alternativa, a da Toho no Hikari. A IMMB tem consciência de que está a chancelar
tamanha revisão histórica, ou foi utilizada sem perceber? Sem que seus teólogos
compreendessem o que estavam a fazer no momento em que escreviam o material?
Vamos prosseguir na análise do documento. Voltando ao Material de Estudo
Interno da Igreja Messiânica Mundial, destaquemos outro trecho ambíguo que pode
ser lido na página 11:

“Outro ponto a ser observado é que, a partir de 2014, o conteúdo


das palavras do Quarto Líder Espiritual no original em japonês,
diferem um pouco dos textos traduzidos para o inglês e o
português.”

Tem algum exemplo que corrobore tal acusação? Ora, qual tese acerca das
práticas de tradução a IMMB quer defender aqui? Não está claro, em absoluto. Será
que a IMMB pensa que um texto traduzido é 100% igual ao original? Ora, é uma
tradução. A própria tradução revisada do Alicerce difere da tradução anterior. Isso é
básico em metodologia da tradução: o conteúdo traduzido nunca é exatamente igual
ao original. As palavras são distintas, os conteúdos semânticos diversos, as tradições
linguísticas diferentes, os conceitos desiguais. É o óbvio ululante que haverá diferenças
de conteúdo entre o mesmo texto em quatro ou cinco idiomas diferentes. Esse é um
fato básico, elementar, que qualquer tradutor razoavelmente culto sabe. O que a IMMB
realmente quer dizer nesta passagem? Mais uma vez, temos um caso de redação vaga,
ambígua, inconsistente, que parece indicar um problema, mas o faz de modo apressado
e sem base. Ainda na página 11, a Igreja destacou:

48
"Mesmo ainda não estando traduzidos para outros idiomas,
todos os ensinamentos de Meishu-Sama que o Quarto Líder
Espiritual tem em mãos são do conhecimento da Igreja."

Porém, a própria diretoria menciona na página 21:

"Admitimos que, em muitos aspectos, a nossa prática do


ensinamento de Meishu-Sama ainda não atingiu o nível ideal. No
entanto, o problema não são os ensinamentos, mas sim, cada um
de nós, o nosso nível espiritual.”

Ou seja, como já foi mencionado anteriormente aqui, não basta ter “em mãos
todos os ensinamentos”. A questão é saber se a Igreja atingiu o nível espiritual para
poder compreendê-los e praticá-los plenamente. Talvez a diretoria deva alegar que “o
Senhor dos Ensinamentos” não tem nível espiritual para entender os Ensinamentos.
Agora perguntamos nós à direção da Igreja: onde, em qual Ensinamento de
Meishu-Sama está registrado que Meishu-Sama autorizaria a direção da Igreja a editar
seus Ensinamentos e a publicar apenas uma minúscula parcela deles aos membros do
mundo inteiro, após sua ascensão?
Logo em seguida, na página 12, ao se referirem às traduções das Orientações de
Kyoshu-Sama, o material mais uma vez é contraditório e inconsistente:

“Os registros dessas palavras foram distribuídos para todos os


funcionários da Igreja Izunome após terem sido devidamente
conferidos e corrigidos pelo Sr. Masaaki. Portanto, eles estão de
acordo com a intenção do autor e com o pensamento do Quarto
Líder Espiritual.”

Mas é claro que as palavras do Sr. Masaaki estão de acordo com o que orienta
Kyoshu-Sama. Estranho fosse se não estivesse. Afinal, sua missão será a de suceder o
Trono de Kyoshu, deixado pelo seu pai. Se as palavras nas diferentes traduções estão
de acordo com o autor, então não há divergências entre as traduções. A regra de uma
boa tradução é justamente essa. Fazer com que o texto traduzido transmita a intenção
do autor no original. Qual palavra é utilizada, ou se o texto é ligeiramente diferente, é
uma questão sem sentido, absolutamente secundária. A discussão da IMMB nesse
49
trecho beira o absurdo, revelando-se não somente frágil, mas verdadeiramente
confusa. A IMMB sabe, afinal, o que quer dizer neste trecho? Está a defender não
somente uma nova teologia contrária a lei da ordem e de precedência do espírito em
relação à matéria e uma nova História da Igreja, na qual a Terceira Líder e o
Reverendíssimo Watanabe foram omissos e irresponsáveis, mas também uma nova
teoria da tradução? Os tradutores da IMMB subscrevem este documento? Os
tradutores da IMMB concordam que uma boa tradução não é aquela que preserva o
sentido do texto original? Os senhores afirmam primeiro que nem todas as traduções
encontram-se fiéis ao original, mas reconhecem em seguida que todas estão de acordo
com a intenção do autor no texto original. Ora, que confusão é essa? É uma nova teoria
da tradução a ser apresentada ao mundo inteiro? O que exatamente, além de uma
insinuação ambígua e confusa, o material quer dizer nesta passagem?
O texto passa então a tratar de supostas incongruências entre as Orientações de
Kyoshu, as palavras do Sr. Masaaki Okada e os Ensinamentos de Meishu-Sama. Vamos
ver por tópicos.

1. Nascer de Novo e Reencarnação: O documento insinua de


modo absolutamente inconsistente que Kyoshu-Sama nega a teoria da
reencarnação.

Antes de tudo é preciso entender que os dois conceitos aparecem nos


Ensinamentos. O termo “reencarnação” aparece escrito assim: 生まれ変わる (umare
kawaru) no original, e o termo “nascer de novo”, está escrito assim 新しく生まれる
(atarashiku umareru). Estes dois termos foram utilizados por Meishu-Sama quando
da Cerimônia Provisória do Nascimento do Messias, em 1954. E Kyoshu-Sama utiliza
exatamente as mesmas expressões, com exatamente o mesmo significado que Meishu-
Sama. Ou seja: Kyoshu-Sama, em suas palestras, está sempre se referindo ao que
aconteceu com Meishu-Sama em 1954, na Cerimônia Provisória do nascimento do
Messias. Assim, não há nenhuma contradição entre o que Meishu-Sama falou em 1954
e o que Kyoshu-Sama vem falando recentemente, porque são exatamente a mesma
coisa.
Logo, os dois conceitos são citados por Meishu-Sama nos Ensinamentos, não
havendo a mínima contradição teológica entre ambos.

50
O grande problema desta parte, talvez a mais frágil e confusa de todas, é a
apresentação de uma falácia lógico-semântica gritante. Trechos de Orientações e
palavras do Sr. Masaaki sobre um assunto “A” são comparados com trechos de
Ensinamentos de Meishu-Sama sobre um assunto “B”. Como Kyoshu-Sama afirma
que A = 1, e Meishu-Sama afirma que B = 2, conclui-se, em manobra retórica grotesca,
que Kyoshu-Sama contraria Meishu-Sama, porque 1 ≠ 2. É uma afronta a inteligência
dos membros. Kyoshu-Sama afirma 1 e Meishu-Sama afirma 2, mas são assuntos
diferentes. Ora, um afirma 1 de A, o outro afirma 2 de B. Só haveria contradição caso
os dois estivessem tratando do mesmo objeto, A ou B. Só existem duas maneiras de
incorrer em falácia lógico-semântica tão básica: ou por má fé, ou por imperícia, falta
de expertise em fundamentação lógica de redação científica. Não acusamos a IMMB de
má fé, mas constatamos, tecnicamente, a imperícia nesta passagem.
Vamos explicar de um modo menos técnico para amplo entendimento. A
explicação acima teve o único intuito de revelar que a afirmação da IMMB é tão
inconsistente que o absurdo pode ser matematicamente demonstrado.
Nesta passagem do documento da IMMB, são citados trechos em que Kyoshu-
Sama fala sobre o “nascer de novo” de Meishu-Sama como o Messias. É um caso
concreto e não uma doutrina geral. Além disso, vimos que Meishu-Sama escreveu
sobre isso. O “nascer de novo” de Meishu-Sama como o Messias se encontra
documentado há décadas pela literatura oficial da Igreja, por exemplo, na Obra Luz do
Oriente, volume 3, páginas 217 à 220:

“E não se trata de renascer, mas de nascer de novo na mesma


vida.”
MEISHU-SAMA, no livro biográfico da Igreja Messiânica
Mundial do Brasil Luz do Oriente, volume 3, página 220.

Porém, na página 13, o Material de Estudos da Igreja alega que o Sr. Masaaki
Okada, assim como Kyoshu-Sama, vinha pregando que “não existia reencarnação”,
usando a seguinte edição de uma palestra proferida por Masaaki Okada:

“Em 5 de junho de 1954, Meishu-Sama declarou: “O


Messias nasceu”, “Nasceu de novo”. Então, nesse momento,
ele disse: “Não é reencarnar.” “Não é reencarnar”, viu? Isto é uma
51
grande reviravolta. Afinal, a maioria dos ensinamentos de
Meishu-Sama, até então, tem a reencarnação como premissa.
Inclusive os ensinamentos relacionados às camadas do Mundo
Espiritual.” [Destaque nosso]

Este trecho sequer é uma fala exclusiva do Sr. Masaaki Okada. Este é um trecho
escrito pelo próprio Meishu-Sama e consta em diversos materiais da IMMB, tais como:
Luz do Oriente, vol. 3 e Curso de Formação Nível 3. O Sr. Masaaki Okada está falando
da reencarnação de modo geral, ou especificamente do caso concreto de Meishu-Sama
em 1954? Vamos ler novamente, pausadamente, com atenção ao destaque em negrito!

“Em 5 de junho de 1954, Meishu-Sama declarou: “O


Messias nasceu”, “Nasceu de novo”. Então, nesse momento,
ele disse: “Não é reencarnar.” “Não é reencarnar”, viu? Isto é uma
grande reviravolta. Afinal, a maioria dos ensinamentos de
Meishu-Sama, até então, tem a reencarnação como premissa.
Inclusive os ensinamentos relacionados às camadas do Mundo
Espiritual.” [Destaque nosso]

Logo em seguida, o material menciona os Ensinamentos “Reencarnação”, “Vida


e Morte” e “Camadas do Mundo Espiritual”, em uma tentativa de descredibilizar as
palavras do Sr. Masaaki Okada. Porém, tais Ensinamentos se referem à
“reencarnação”, enquanto que o Sr. Masaaki Okada está falando sobre o “nascer de
novo como Messias” experimentado por Meishu-Sama em 1954, conforme descrito no
livro “Luz do Oriente, volume 3, página 220. Os Ensinamentos citados pelo Sr. Masaaki
Okada explicam o nascer de novo de 1954? Os Ensinamentos citados pela IMMB
explicam o evento de 1954?
Qual Ensinamento citado pela IMMB no material em questão trata
especificamente do Nascer de Novo do Messias em 1954? Todos? Nenhum? Nenhum?
Ora, mas é disso que o Sr. Masaaki está falando. Então, como Ensinamentos sobre
outro assunto são mencionados para contestar suas palavras? Percebem a imensa
confusão que fazem? A gritante fragilidade da estratégia retórica adotada?
Ora, qual é o objetivo de a Igreja citar Ensinamentos de Meishu-Sama sobre
“reencarnação”? Levar o leitor a pensar que Meishu-Sama desmente Kyoshu-Sama.

52
Mas é um famoso caso de “tiro pela culatra”, pois se levássemos a sério o que eles
propõem, Ensinamentos de Meishu-Sama (sobre reencarnação) seriam utilizados para
provar a falsidade de Ensinamentos de Meishu-Sama (sobre renascimento). A
proposta da IMMB é autodestrutiva, pois sua mensagem é que os Ensinamentos de
Meishu-Sama são contraditórios. Logo, estes pontos precisam ficar claros:

a. Nos trechos de Kyoshu-Sama, o assunto é NASCER DE NOVO, e


se restringe, naquela passagem, ao caso concreto do nascer de novo de Meishu-
Sama como o Messias em 1954;
b. A doutrina do renascimento não é invenção de Kyoshu-Sama,
constando dos Ensinamentos de Meishu-Sama;
c. Nos trechos de Meishu-Sama o assunto é REENCARNAÇÃO, e os
Ensinamentos citados não tratam de caso concreto, mas de uma doutrina geral.

Tomamos o cuidado de pesquisar e explanar TODAS as vezes em que Kyoshu-


Sama utiliza a palavra “reencarnação” em todas as suas palestras proferidas de 1998 a
2018:
“A este respeito, Meishu-Sama explicou que a cerimônia não era
para celebrar a reencarnação, mas sim, o nascer de novo na
mesma encarnação.”
CULTO DO PARAÍSO TERRESTRE (15/16 junho de 2004)

“Meishu-Sama nos ensinou que temos a vida eterna dentro de


nós. Alguns de nós talvez pensem que nossa vida é eterna através
da reencarnação. Mas isto está errado. A única forma pela qual
nossa vida pode ser eterna é através do reconhecimento de que
ela pertence a Deus.”
MENSAGEM DE ANO NOVO (1º de janeiro de 2016)

“Em junho de 1954, enquanto sofria com intensas dores causadas


por um derrame cerebral, Meishu-Sama anunciou que havia
nascido de novo como um Messias e disse claramente que
alcançar o status de Messias era diferente de uma
reencarnação.”

53
MENSAGEM DE ANO NOVO (1º de janeiro de 2016)

“Há 64 anos, em 1954, no ano que antecedeu a sua ascensão,


Meishu-Sama, quando passava por uma severa enfermidade de
um derrame cerebral, disse que não se tratava de uma
reencarnação, mas sim de um novo nascimento, anunciando
ao mesmo tempo o nascimento de um Messias.”
ENCONTRO COM MEMBROS DA REGIÃO OESTE (1º de maio
de 2018)

CONCLUSÃO: Em nenhum momento, em qualquer palestra de Kyoshu-Sama,


ele afirma que não existe reencarnação. TODAS as vezes em que fala do “nascer de
novo” de Meishu-Sama está se referindo ao fato de 1954. Em nenhuma vez a palavra
renascimento é utilizada em uma frase que nega a reencarnação.
A comparação entre os textos carece de racionalidade, revelando-se, no mínimo,
infundada. Em todas as palestras de Kyoshu-Sama, sempre que ele usou a palavra
“Reencarnação”, foi para dizer que a vinda do Messias não se tratava de reencarnação,
mas sim “nascer de novo nesta mesma vida”. Isto está completamente de acordo com
a literatura oficial da Igreja, que vale a pena repetir:

“E não se trata de renascer, mas de nascer de novo na


mesma vida.”
MEISHU-SAMA, no livro biográfico da Igreja Messiânica
Mundial do Brasil Luz do Oriente, volume 3, página 220.

No Adendo, cuja publicação ad hoc revela uma tomada de consciência de que o


material inicial carecia de sustentação e fundamentação, lemos trechos em que
supostamente a teoria da reencarnação é negada.
Em tais trechos lemos a palavra “alma”. Ora, em qual Ensinamento Meishu-
Sama utilizou a palavra portuguesa “alma”, ou a palavra grega psiké, ou talvez soul,
palavra inglesa, ou do latim, anima? Meishu-Sama não utilizava tais palavras? Mas o
documento da IMMB não clama por uma adequação exata entre o texto original e o
texto traduzido? Não é isso que o material cobra de Kyoshu-Sama ao dizer que em
algumas traduções certas palavras “diferentes” passaram a ser utilizadas? Mas a IMMB

54
utiliza a palavra alma, sem que Meishu-Sama escreva “alma”, “anima”, “soul”. Ora,
qual é a palavra que Meishu-Sama utiliza para alma?
Se quisermos realmente discutir teologia, não deverá ser nesse nível.
Deveremos informar aos nossos membros que nos Ensinamentos em português,
quando lemos a palavra “alma”, no original, Meishu-Sama se refere a ela como 魂
(tamashii). Ademais, temos uma teologia da alma consolidada? A IMMB pode afirmar
categoricamente, e de modo irrefutável, que a alma reencarna? Para entendermos a
teologia da reencarnação, temos que entender a teologia da alma. Pois bem, se acaso
Kyoshu-Sama realmente dissesse que não há reencarnação, o que nunca disse como já
demonstramos acima, mas se o dissesse, e estivesse se referindo à alma, se dissesse
que não há reencarnação da alma, mas somente do espírito, a IMMB poderia
demonstrar o contrário? Nas Obras completas de Meishu-Sama (Zenshu) podemos ler
que o ser humano possui uma partícula divina 分霊 (Wakemitama), uma matriz no
mundo espiritual, chamada de Yukon (幽魂)e uma consciência encarnada, o Guenkon
(現魂).
A IMMB está a defender que o Yukon reencarna? Mas o Yukon encontra-se
encarnado? Não! Ele está no Mundo Espiritual. Logo, não encarna, não desencarna, e,
portanto, jamais reencarna. Pode a IMMB nos ensinar em qual Ensinamento Meishu-
Sama diz que o Yukon falece junto com o corpo? Ele sobrevive ao corpo? Então há algo
no ser humano que não reencarna? O Yukon não se encontra encarnado. Meishu-Sama
dizia que seu Yukon (no seguinte trecho, Yukon está sendo referido como “yutai”)
estava no terceiro paraíso, conforme mostra o seguinte trecho de um Ensinamento?

"Esse rapaz era um vendedor de loja e, por não seguir nenhuma


fé, não tinha nenhum conhecimento sobre assuntos espirituais;
exatamente por isso, acredito em seu relato. Creio que o referido
Altar pertencia a um santuário xintoísta do Terceiro Paraíso;
meu yutai, naquele momento, vivia dentro daquele santuário.”
(CONSTITUIÇÃO DO MUNDO ESPIRITUAL, A Medicina do
Amanhã (Myonichi no Ijutsu), 23 de outubro de 1943)

“そうして此男は、何等の信仰もなく、商店の店員であって霊的知
識など皆無であるから、反って信をおけるのである。

55
右の神殿は、第三天国の神社内ではないかと私は想うと共に、其
時の私の幽体は神社の中に住していたものであろう。”

Vejamos o caso da partícula divina. A partícula divina é Wakemitama, parte de


Deus. A partícula divina é o que a IMMB traduz como alma? A partícula divina
encontra-se encarnada no mundo material? Ora, a partícula divina reencarna? É essa
a teologia que a IMMB pretende defender? Poderá sustentá-la nos oferecendo ao
menos um Ensinamento, ou parágrafo de Ensinamento que corrobore tal tese? Até lá,
aguardaremos concluindo que sendo Deus Eterno e Absoluto, assim como o Yukon
encontra-se no mundo espiritual, a partícula divina habita o mundo divino. Terá a
IMMB entendido que quando Kyoshu-Sama diz que a partícula divina está “dentro”
de nós, se refere ao nosso corpo, à carne, aquilo que está encarnado? Poderemos extraí-
la mediante procedimento cirúrgico? “Dentro de nós” indica direção espacial? A alma
encontra-se encarnada dentro do corpo humano?
Ou seja: Em primeiro lugar, Kyoshu-Sama não está tratando da teoria da
reencarnação de um modo geral, mas do “nascer de novo” de Meishu-Sama em 1954.
Em segundo lugar, mesmo que, por hipótese, Kyoshu-Sama dissesse que há limitações
em nosso entendimento da teoria da reencarnação, e sustentasse que no ser humano,
há algo que reencarna, e há algo que não reencarna, recorrendo às Obras Completas de
Meishu-Sama e aos Ensinamentos sobre a alma, no original, a IMMB não teria
condições de afirmar que Kyoshu-Sama está incorreto, pois o Yukon faz parte do ser
humano e não se encontra encarnado, logo não reencarna, e a partícula divina é parte
de Deus, wakemitama, e seria necessária uma mirabolante retórica exegética para
tentar explicar que a alma está encarnada a ponto de poder ser localizada no mundo
material e ser extraída de nosso corpo por um fórceps. O que nunca encarnou jamais
poderá reencarnar. Não existe reencarnação de wakemitama. Logo, o modo como
tentam rebater Kyoshu-Sama é fragilíssimo, primeiro por que erra o alvo, falando de
um assunto que não é o assunto por ele tratado, e segundo por que mesmo se fosse, e
mesmo se ele dissesse o que alegam, a IMMB não teria como sustentar o contrário.
Duplo erro. O primeiro, de natureza lógica, o segundo, de sentido teológico.
Agora, já que entramos no assunto “reencarnação não existe”, gostaríamos de
tirar dúvidas com os senhores diretores da Igreja Messiânica Mundial do Brasil.
No ano de 1998, a IMMB publicou um livro chamado O DESPERTAR PARA A
GRATIDÃO – Material de Estudo vol. 1, dizendo ser “uma Coletânea de Ensinamentos

56
de Meishu-Sama que falam sobre a importância do verdadeiro sentimento de gratidão
e de como ele pode transformar a vida das pessoas.”, com uma tiragem de 05 mil
exemplares. No capítulo 1 (Construção do Mundo Ideal) do dito “Ensinamento de
Meishu-Sama”, mais precisamente à partir da página 11, encontra-se um texto
apresentado como “Ensinamento de Meishu-Sama”, intitulado “O Juízo Final”.
Interessante é que este “Ensinamento” tem o mesmo nome de um outro Ensinamento
de Meishu-Sama (O Juízo Final), que encontra-se no Alicerce do Paraíso vol. 1. Porém,
tal “Ensinamento” chamado também de “O Juízo Final” (“também”, por não se tratar
do mesmo texto), não se parece – de fato – com um Ensinamento de Meishu-Sama.
Questionamos diversos ministros especialistas em Ensinamentos e, para a nossa (falta)
de surpresa, eles também não reconheceram aquele texto como sendo um
Ensinamento de Meishu-Sama. Consultamos as “Obras Completas” de Meishu-Sama
em japonês e não localizamos o referido texto. Esse “Ensinamento” diz que no Juízo
Final, as almas que não serão úteis à Deus serão extinguidas para sempre (com isso,
não encarnarão mais). Então, dito isso, vamos às perguntas:
a) Os senhores poderiam nos informar em qual volume dos Ensinamentos de
Meishu-Sama (original) encontra-se este “Ensinamento”, assim como a sua
data de publicação?
b) Os senhores poderiam nos fornecer o “Ensinamento” na versão original, em
japonês?
c) Os senhores poderiam nos fornecer qualquer outro ensinamento de Meishu-
Sama em que ele fala sobre Sorei-Saishi? (lembrando que o Sorei-Saishi foi
instituído pela Segunda Líder Nidai-Sama, após a ascensão de Meishu-
Sama. Na época de Meishu-Sama, era feito apenas uma oração perante o
Butsudan. Não havia assentamentos). No presente “Ensinamento”, Meishu-
Sama fala que “fazer sorei-saishi não basta”. E o verbo “fazer” também não
condiz com a circunstância, pois não se “faz” sorei-saishi, mas sim “abre-se”
o sorei-saishi.
d) Caso os senhores digam que este texto não é (de fato) um Ensinamento de
Meishu-Sama, poderiam nos esclarecer o porquê de ele ter sido publicado
como sendo Ensinamento?
e) Os senhores poderiam nos esclarecer com que intenção este “Ensinamento”
foi publicado, de fato? Um texto que diz que, se as pessoas não dedicarem,
não “fazerem” Sorei-Saishi para seus antepassados, aqueles que não fossem

57
úteis a Deus seriam extinguidos para sempre. Ou seja, um texto que fala para
as pessoas empenharem-se na Construção do Solo Sagrado, caso contrário,
ficarão sem seus antepassados para todo o sempre, ou poderão, elas
mesmas, serem extintas, é ou não é Ensinamento de Meishu-Sama, e foi
publicado com que intenção?

Por fim, caso os senhores nos mostrem que este texto é (de fato) um
Ensinamento, ficaremos agradecidos pelo esforço dos mesmos em nos esclarecer essa
dúvida. Caso o mesmo não seja feito, poderemos aceitar o silêncio como uma
concordância de que este texto não se trata – em si - de um Ensinamento de Meishu-
Sama.
Infelizmente não pudemos publicar, neste material, fotos do citado livro
contendo o dito “Ensinamento”, uma vez que ele está protegido por direitos autorais,
nos proibindo reproduzir o texto parcial, ou integralmente. Porém, fica aqui o registro
do nome do livro, a editora, número de tiragens e o ano de publicação, assim como o
capítulo e a página onde se encontra o texto em questão. Mas, para não deixar dúvidas
quanto ao conteúdo do “Ensinamento”, fizemos questão de publicá-lo no fim deste
material, como um anexo (Adendo VI), uma vez que este texto foi publicado em outro
material de estudos (sem proteção de direitos autorais). Lembramos aos leitores que
nós fizemos questão de publicar o texto conforme ele está escrito, respeitando o
formato original dele, mesmo com diversos erros de gramática, concordância etc.
E por que citar esse Ensinamento agora? Ora, porque é de fundamental
importância para a compreensão exegética da questão da reencarnação. Nesse texto,
caso seja Ensinamento de Meishu-Sama, ele deixa claro que a reencarnação não é uma
lei eterna da natureza, pois, afinal, no juízo final, o ciclo da reencarnação será
interrompido para aqueles que forem extintos. De outra feita, se o texto não for - como
uma análise hermenêutica revela que não parece ser - realmente um Ensinamento de
Meishu-Sama, então nos encontramos diante de um problema grave que transcende o
escopo do debate teológico. Seja como for, uma genealogia do texto se faz necessária.
Mas a questão teológica fundamental sobre reencarnação e “nascer de novo” nos
parece, ainda não foi abordada. Eis a questão: É a reencarnação um meio ou um fim?
É a reencarnação o objetivo da vida humana? É para reencarnar que fomos criados?
Debater a questão da reencarnação de modo superficial poderá nos trazer qual ganho?
De nossa parte compreendemos que em nenhum Ensinamento Meishu-Sama diz que

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o objetivo da vida é reencarnar. O “nascer de novo” não se contrapõe à reencarnação.
Antes, é o grande fim a ser alcançado. Não será essa a grande reforma humana da qual
nos fala Meishu-Sama? Acreditamos que com boa vontade certamente poderemos
elevar o nível teológico do debate. Esperamos que isso aconteça.

2. Kyoshu-Sama e Trono de Kyoshu

Qualquer pessoa com um nível de educação básica em cultura japonesa, sabe


que Kyoshu é um ente de uma linha sucessória. A ideia de pertencer a uma linha
sucessória é constitutiva do significado da palavra. Um caso semelhante, na língua
portuguesa, é a palavra “Avô”. O que é um “avô”? É uma pessoa ou coisa que basta a si
mesma, sem relação com qualquer outra coisa? Não. Ninguém nasce avô. Alguém se
torna avô como membro de uma linha sucessória. Alguém é avô se, e somente se, tem
um neto(a). No Brasil não é preciso muito estudo para saber que se alguém se
apresenta como avô, isto significa que ele tem um filho ou filha, que teve um filho ou
filha. Não é preciso dizer isso a cada vez que se pronuncia a palavra. Isso acontece
também em muitos outros casos variados, sempre que o significado de uma palavra
pressupõe sua relação com determinadas condições. Se o avô de Shibui é motorista,
então ele é motorista de algo. Apresentar-se como motorista pressupõe a existência de
um automóvel. A palavra “Rei” pressupõe um reino. O professor pressupõe alunos. E
Kyoshu? O que pressupõe? Uma “liderança” em linha sucessória. Não existe Kyoshu
sem Kyoshunato. Basta estudar todos os Kyoshu’s contemporâneos a Meishu-Sama
para verificar que a característica básica de um Kyoshu é a de ser um líder religioso
máximo em uma linha sucessória. Sem mais falácias! Meishu-Sama instituiu o Trono
de Kyoshu, e negar isso equivale a negar a quadratura do quadrado.
Não demoraremos nesse ponto por já termos demonstrado, detalhadamente, e
de modo irrefutável, que a tentativa de separar o Trono de seu ocupante é
absolutamente inconsistente. Sendo assim, seremos breves, e até didaticamente
repetitivos. Na página 5 do mencionado documento, a Igreja faz a seguinte afirmação:

“A palavra Kyoshu significa, em sua origem, “senhor dos


Ensinamentos”. Na nossa Igreja, ela ganhou o significado de
“líder espiritual”. “Trono de Kyoshu” é a expressão que
utilizamos para designar a posição de líder espiritual da Igreja.”

59
Ora, a Igreja do Japão, com apoio da IMMB, se refere a Kyoshu-Sama como
“senhor dos ensinamentos” e “líder espiritual”, mas arroga-se no direito de dizer que o
“senhor dos ensinamentos” não segue os ensinamentos. Um tanto contraditório. O
Senhor dos Ensinamentos Divinos cujas palavras são Ensinamentos Divinos não está
de acordo com os Ensinamentos Divinos. Sim, é demais5. Mas é isto mesmo que
afirmam.
Também se arroga no direito de acusar, difamar e expulsar o “líder espiritual”.
Mas ele é líder, logo está acima de todos. Então quem vem abaixo age com arrogância,
desrespeitando a ordem à hierarquia. Isso não é insubordinação? O que houve com o
Ensinamento “Respeite a Ordem”?

Na página 11, a Igreja destacou:

"(...) é necessário lembrar que “a Doutrina da Igreja Messiânica


Mundial será fundamentada nos Ensinamentos Originais e
Ensinamentos Editados pela Igreja Messiânica Mundial” e que,
os “Ensinamentos Originais são os Ensinamentos apresentados
pelo próprio Fundador, e os Ensinamentos Editados são
Ensinamentos compilados e editados pela Igreja Messiânica
Mundial, com base nos Ensinamentos Originais.”

Ou seja, o “Senhor dos Ensinamentos", o "Representante de Deus", o "LÍDER


Espiritual" deve seguir e respeitar Ensinamentos que foram editados por uma banca
diretora da igreja? Ou é a Diretoria que deve seguir o sua Líder? Se é a Diretoria que
determina o que está e o que não está de acordo com os Ensinamentos Originais, para
que serve um “Senhor dos Ensinamentos cujas palavras devem ser recebidas como
Ensinamentos Divinos?”. Se é a Diretoria que determina o que está de acordo com os
Ensinamentos Originais, então como a lei da ordem se aplica à Igreja? Isso não seria
seguir a lei “Matéria precede Espírito"?

5
Conforme ensina a IMMB em Os Novos Tempos.
60
3. Amor altruísta

Na página 12, a Igreja menciona uma palestra de Kyoshu-Sama, que, segundo


a IMMB, apareceu numa edição extra do informativo Shin Zen Bi.
A respeito de tais alegações da diretoria da IMMB de que o Sr. Masaaki Okada
afirma que não devemos praticar ações altruístas, como pode ser observado nos
comentários feitos pela diretoria da IMMB na página 17, existem muitas coisas que o
Sr. Masaaki Okada falou sobre amor altruísta que não foram traduzidas. O que
observamos, através da palestra destacada no material, é que a IMMB vem falando que
a essência da fé era o amor altruísta. E o que o Sr. Masaaki está dizendo é que o amor
altruísta não é a essência da fé, mas sim o amor à Deus. O altruísmo é uma
consequência do amor à Deus. O objetivo da fé não é o amor ao próximo. Como ele
disse: “somente com o amor altruísta não se constrói o paraíso na terra.” Mas o Sr.
Masaaki Okada não está dizendo que não devemos praticar o amor altruísta. Ele disse
que SOMENTE o amor altruísta não constrói o paraíso na terra.
Vamos mencionar o ensinamento “Ser amado por Deus”: nele Meishu-Sama
levanta essa questão sobre o que é preciso fazer para ser amado por Deus. E a resposta
é que devemos ser uma pessoa com retidão, uma pessoa que não mente, que não faz
mal aos outros. A questão do amor altruísta é uma consequência. Agora vamos ao
Ensinamento “Segredo da felicidade”, que é um dos Ensinamentos mais comentados.
E o que diz o Ensinamento? Ele diz que precisamos fazer as pessoas felizes. Ótimo. Mas
como ele diz que isso deve ser feito? É para encaminharmos pessoas à Igreja? É para
ficarmos na rua entregando shorinka? É para fazermos pequenas práticas altruístas?
Não! Ele diz para sermos bons pais, maridos, esposas, funcionário, patrão, político.
Quando Meishu-Sama fala em fazer o próximo feliz, ele diz para VOCÊ ser um ser
humano íntegro, maravilhoso. E como seremos um ser humano maravilhoso? Ligando-
nos a Deus, que é a fonte do Bem. O que o Sr. Masaaki está orientando é seguirmos a
lei da ordem. Nidai-Sama também enfatizava a ordem, quando ela dizia que não era
para rezar para antepassados. O certo é rezar para Deus, para que Ele ilumine os
antepassados. Então o Sr. Masaaki está enfatizando a ordem. E a ordem é: ame a Deus.
E, naturalmente, quem ama a Deus, terá amor ao próximo. Ele está dizendo para
sermos humanos íntegros.
Já na página 16, a Igreja ousou editar um trecho de uma palestra de Kyoshu-
Sama, conforme mostrado abaixo:

61
“Meishu-Sama não está dizendo que possui um coração bondoso
e nem que precisamos fazer do amor ao próximo um
ensinamento religioso, como fazemos hoje[...] (CULTO PELA
PAZ MUNDIAL E CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS
(01/08/2016), Templo Messiânico, Atami)”

Quem lê este trecho pensa: “Nossa, então Meishu-Sama não tinha um coração
bondoso e nem devemos praticar o amor ao próximo? Ou será que foi esta mensagem
que tal edição tentou transmitir?
Agora vejamos NA ÍNTEGRA a frase usada nesta palestra:

“Meishu-Sama não está dizendo que possui um coração bondoso


e nem que precisamos fazer do amor ao próximo um
ensinamento religioso, como fazemos hoje. Ele está dizendo
que tais virtudes vieram de Deus, e a Ele precisam ser
atribuídas.”
(CULTO PELA PAZ MUNDIAL E CULTO ÀS ALMAS DOS
ANTEPASSADOS (01/08/2016), Templo Messiânico, Atami)”

Ele diz aqui que a bondade que praticamos não vem de nós, mas sim de Deus.
Meishu-Sama também dizia que tudo quem faz é Deus.

Na página 21, o material diz o seguinte:

“Admitimos que, em muitos aspectos, a nossa prática do


ensinamento de Meishu-Sama ainda não atingiu o nível ideal. No
entanto, o problema não são os ensinamentos, mas sim, cada um
de nós, o nosso nível espiritual.”

Será que o nível espiritual da Igreja é superior ao nível espiritual do Chefe da


Igreja? Será que a Igreja está acima de seu Chefe, de Kyoshu-Sama, para dizer que ele
está errado? E ainda assim o próprio material de estudos afirma que Kyoshu é o

62
“senhor dos ensinamentos, o “guardião dos ensinamentos”. A contradição é evidente e
está claríssima. Não é preciso dizer mais nada em relação a tal ponto.
Por fim, gostaríamos de pedir um esclarecimento aos senhores diretores da
IMMB, que atacam Kyoshu-Sama covardemente, dizendo que ele está “cristianizando”
a Igreja, que ele é evangélico, e aplaude os atos de espionagem do Sr. Kobayashi, mas
que até há pouco tempo, publicaram diversas notas oficiais em sua página oficial na
internet, dizendo-se apoiadores do Trono de Kyoshu, reconhecendo Kyoshu-Sama
como sendo representante da Vontade de Deus e exigindo que o Sr. Kobayashi cessasse
com os ataques e as espionagens, caso contrário os senhores iriam exigir a renúncia do
Sr. Kobayashi (veja comunicado logo abaixo).
O que faz com que uma diretoria que, hora diz que apoia Kyoshu e o reconhece
como representante de Deus e exige que os ataques param, e hora se junta ao grupo
que ataca e o chama de traidor, além de outros adjetivos que todos já conhecem?
Como podemos confiar nas palavras do Reverendo Resende e seus diretores, ao
subirem no altar nos cultos mensais, se as mesmas bocas que, uma hora diz uma coisa,
outra hora faz exatamente o oposto?

“Nós, da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, lamentamos


profundamente os acontecimentos envolvendo a direção da Igreja
Izunome do Japão e Kyoshu-Sama, e oramos para que a harmonia seja
reestabelecida o mais breve possível para que a Obra Divina de
Meishu-Sama continue se desenvolvendo.
Aproveitamos esta oportunidade para reiterar que sempre estivemos
centralizados no Trono de Kyoshu, e juntos, continuaremos seguindo
os passos de Meishu-Sama.
Atenciosamente,
Rev. Marco Antonio Baptista Resende – presidente, e diretores da
IMMB”6

Prezado Senhor Presidente e Diretores da Igreja Izunome

6
30 de setembro de 2017 - Publicada no Site oficial da IMMB. Link:
http://www.messianica.org.br/imprensa/comunicado-2

63
“Prezados Senhores,
Segue o pronunciamento oficial da Igreja Messiânica Mundial do
Brasil:
No Brasil, as pessoas que ingressam na fé messiânica, buscam a
salvação, as soluções de seus problemas, tendo como caminho a
prática dos ensinamentos de Meishu-Sama.
Os Solos Sagrados do Japão, o trono de Kyoshu e a Igreja Izunome do
Japão, são pontos de referência da fé dos messiânicos brasileiros.
Fomos envolvidos por uma profunda tristeza ao tomarmos
conhecimento dos fatos ocorridos a partir do
dia 4 de fevereiro de 2017, culto do início da primavera, até os dias
atuais, envolvendo o Líder Espiritual e a direção da Igreja Izunome.
Por mais que tentemos compreender a situação só podemos chegar à
conclusão que é uma purificação concedida por Meishu-Sama.
A Igreja Messiânica Mundial do Brasil não participa das decisões da
Igreja Izunome do Japão, mas, gostaríamos de ressaltar que seus
reflexos atingem diretamente o desenvolvimento da Obra Divina no
Brasil.
Neste sentido, cumpre-nos, neste momento, rogar a V. Sas. que, com
serenidade, empreendam todos os esforços necessários, na busca de
um diálogo amistoso e sendo guiados pelo sentimento de Meishu
Sama, possamos alcançar uma solução pacífica e harmoniosa para
superar essa purificação.
A Igreja Messiânica Mundial do Brasil, reafirma o seu compromisso de
continuar respeitando o trono de Kyoshu e a direção da Igreja
Izunome.
Com respeito e gratidão, estaremos orando para que a vontade de
Meishu Sama seja concretizada!
Atenciosamente,

64
Presidente e Diretores da Igreja Messiânica Mundial do Brasil”7

Por fim, o comunicado oficial mais veemente enviado pela IMMB, mas que hoje
não está mais disponível na web, assim como nenhum outro comunicado da IMMB
defendendo Kyoshu-Sama:8
(ver na página seguinte)

7
São Paulo, 10 de outubro de 2017 no Site da Igreja. Link: http://www.messianica.org.br/meishu-
sama/mensagens/carta-aos-membros-da-immb
8
5 de Janeiro de 2018 - Site oficial da Igreja na Internet. Link: http://www.messianica.org.br/imprensa/noticias-
immb/comunicado-da-igreja-messianica-mundial-do-brasil-3

65
ADENDO I

A História da Igreja e o Trono de Kyoshu

Introdução

O presente trabalho busca observar na História da Igreja Messiânica Mundial o


processo de unificação centralizado (recentralização) em Kyoshu-Sama9 após período
conhecido como ‘grande purificação’10 da Igreja, e aproximar-se dos possíveis
desdobramentos deste fato na identidade11 da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, a
partir do olhar e das orientações do Reverendíssimo Tetsuo Watanabe.12
Observamos aproximações dos conteúdos teológicos e pragmáticos presentes
nas orientações de Kyoshu-Sama e palestras do Reverendíssimo Watanabe,
entendendo o primeiro como orientador máximo e líder espiritual da Igreja Messiânica
Mundial e o Reverendíssimo, como portador e incentivador dessas orientações, sendo
tarefa de indiscutível importância, uma vez que deve aproximar e mesmo
contextualizar essas orientações buscando o fortalecimento e difusão da fé messiânica.
Conforme Tomita (2014) o processo de recentralização da IMM13 no Trono de
Kyoshu obteve êxito, logrando afastar da Igreja a crise identitária provocada pelo
processo de passagem de ‘religião’ para ‘ultrarreligião’ ocorrido na década de 90: a face
de ‘religião’ da IMM firma-se diante das abordagens sobre Deus, Messias Meishu-

9
O sentido de Kyohu-Sama aqui apresentado não se refere especificamente à pessoa de um Líder Espiritual
especificamente (a IMM tem hoje o 4o. Líder na sucessão do Trono), mas da função atribuída pelo Trono de
Kyoshu, conforme Raffo (2014) Não se trata de espaço físico, mas sim, de posição espiritual. (Raffo, 2014, p. 08).
10
O tema da ‘grande purificação’ da Igreja merece uma particular imersão de pesquisa. Sobre este período o
Presidente da Igreja Yassushi Matsumoto afirmou que as pessoas não estão se dividindo como na separação que
houve nas antigas Igrejas Kannon e Miroku: está havendo uma divergência dentro da mesma Igreja, e um
fenômeno da atual Igreja é estar surgindo separações em todo lugar. (FMO, 1988, p.10). Matsumoto atribui essa
divergência interna a falta de estabelecimento de um Sistema de Obra Divina centralizado em Kyoshu-Sama.
Entende que esse movimento de purificação (comparado a contrações de um nascimento) dará luz a uma Kyoshu-
Sama que se posicionará no centro da nova Igreja. (FMO, 1988, p. 9)
11
Tomita (2014) apresenta extenso trabalho acerca da Identidade Messiânica, de sua construção e relação com as
diferentes culturas que contacta, nos movimentos de difusão. Entende que a fronteira entre religião e ultra-religião
– [é] um dos principais aspectos constituintes da identidade messiânica. (TOMITA, 2014, p.227).
12
O Reverendíssimo Tetsuo Watanabe foi líder da IMM no Brasil - sendo, portanto, portador das orientações vindas
do Trono de Kyoshu para a Igreja (considerada aqui toda a comunidade envolvida) e incentivador das práticas
orientadas pelo Líder Espiritual da Igreja Mundial, tanto da 3a. Líder quanto do 4o. Líder.
13
IMM é a sigla em português para Sekai Kyusei Kyo (Igreja Messiânica Mundial).
66
Sama e a ligação do ser humano com seus antepassados.
Questionamos, contudo, se a transição da Igreja japonesa para um sistema
unificado, centralizado no Trono de Kyoshu, já foi assimilada também como elemento
constituinte da identidade da Igreja brasileira. De outro modo, se a condição
identitária da Igreja Unificada em Kyoshu-Sama - como autoridade eclesiástica e
institucional - já foi antropologicamente assimilada como a cultura institucional da
Igreja do Brasil?
Acreditamos que tal assimilação encontra-se em andamento a partir das
orientações do Revmo. Watanabe à IMMB. Ou seja: A instrumentalização e os usos das
orientações de Kyoshu-Sama pelo Revmo. Watanabe teriam desencadeado na IMMB
a transição para uma Nova Igreja Unificada (NIUK) centralizada na autoridade
eclesiástica e institucional de Kyoshu-Sama.
Georgia B. O. Raffo, em seu trabalho Estudo das Orientações de Kyoshu-Sama
(2014) afirma que não raramente, ouço o seguinte comentário: Nossa! Kyoshu-Sama
tem ‘um jeito muito ‘difícil’ de escrever! (RAFFO, 2014, p. 09). Junte-se a isso os vários
debates nos quais participamos onde Kyoshu-Sama foi considerado ‘muito filosófico’
no seu modo de expressar-se, o que se traduziria em dificuldade de entender,
interpretar o que pretende transmitir em seus textos. Para Raffo (2014) seria mais
adequado afirmar que os textos não são difíceis de ‘entender’ e sim de ‘aceitar’. A autora
entende essa maneira peculiar de escrever pode ser vista como modo de chamar
atenção, provocar a reflexão. Nesse sentido, as palestras do Reverendíssimo Watanabe
ao transmitir as orientações do Líder Espiritual seriam um facilitador desta
aproximação da membresia com o constante aprimoramento e busca da elevação
espiritual recomendados por Kyoshu-Sama.
Há ainda uma questão para refletir: na História da IMM houve um momento
em que a figura do Líder Espiritual aproximava-se muito mais de um símbolo que de
uma figura eclesiástica. Em contrapartida, foram apresentadas orientações e
relembrados ensinamentos do próprio Meishu-Sama que buscavam esclarecer este
dilema – uma questão político-institucional, ou um debate ontológico da teologia
messiânica. Se por um lado, havia o questionamento do papel de Kyoshu-Sama como
figura eclesiástica, por outro, permanecia a defesa da manutenção deste status quo
baseado nos ensinamentos de Meishu-Sama e nas orientações de Nidai-Sama,
Segunda Líder.
O propósito do texto, considerados seus limites, é apresentar e iniciar uma

67
análise da questão, quiçá fazendo alguma alusão ao problema já se torne também parte
da solução ao propor questões e reflexões – afinal, o diálogo (subentendido) entre o
Líder Espiritual da IMM e sua comunidade, especialmente a Igreja do Brasil, estaria
ocorrendo a partir das orientações do Reverendíssimo Watanabe, ou ainda, se este
estaria criando condições de acessibilidade dos textos de Kyoshu-Sama para a
comunidade.
Como abordar os ensinamentos de Kyoshu-Sama, considerando a questão
apresentada de que suas orientações seriam filosóficas e, portanto, de difícil
compreensão? Qual seria o caminho para abordar suas orientações já que é Ele o
representante espiritual da Igreja, teologicamente falando, a ponte entre a comunidade
da IMM e o Messias Meishu-Sama? Como se apresenta na comunidade brasileira a
‘figura’ de Kyoshu-Sama? Teriam as características sociais e culturais ocidentais
(horizontalizadas), alguma interferência no processo de integralização do modelo
oriental (verticalizado) trazido pela IMM – no Brasil, IMMB, ao dirigir seu olhar para
a figura do Líder Espiritual?
Por fim, do ponto de vista teórico/metodológico este trabalho insere-se no
campo da historiografia da IMMB se observado do ponto de vista teórico, uma vez que
busca nos meandros da História da Igreja, da trajetória das sucessões do Trono de
Kyoshu e suas respectivas motivações, e de sua repercussão na Igreja do Brasil.
Teologicamente, faz um esforço no sentido de observar as orientações de
Kyoshu-Sama e paralelamente observar como a linha de orientação do
Reverendíssimo Tetsuo Watanabe reflete as orientações dos Líderes – Sandai-Sama e
o atual Kyoshu-Sama, respectivamente 3a. e 4o. Líder (Kyoshu); e as orientações
pragmáticas que podem ser observadas num primeiro momento nas Diretrizes Anuais
da Igreja, mas também nas palestras dos Cultos Especiais, onde o discurso parece
renovar e adequar as orientações para que sejam compreendidas e assimiladas com
maior facilidade pela comunidade em geral.14
Em suma, nosso objetivo é averiguar os impactos da centralização da Igreja do
Japão no Trono de Kyoshu na Igreja do Brasil. Queremos investigar também qual o
papel do Reverendo Watanabe nesse processo de unificação da Igreja e sua relação com
o Trono de Kyoshu.

14
Sobre as orientações de Diretrizes Anuais da IMMB, ver TOMITA, 2014 que apresenta quadro com os textos
(diretrizes) de 1964 a 2014. TOMITA, 2014, p. 325-327)
68
Metodologia

A metodologia utilizada será principalmente pesquisa bibliográfica, conforme


Gil (2002) uma vez que está fundada principalmente em livros e artigos científicos. As
principais referências utilizadas são: obra biográfica de Mokichi Okada, intitulada Luz
do Oriente, publicada pela Igreja Messiânica Mundial – FMO-MOA (2007); a
coletânea de ensinamentos de Meishu-Sama, intitulada Alicerce do Paraíso (2007;
2008), que constitui a doutrina da IMM, bem como outras obras do Fundador. Foram
também de fundamental importância os trabalhos de Raffo (2010) e Tomita (2014) que
apresentam construção e leitura de registros historiográficos da IMM e da IMMB.
O trabalho foi divido em três partes, a saber: na primeira parte, Capítulo 1,
apresentamos Mokiti Okada, fundador da IMM e alguns aspectos da História da Igreja;
na segunda parte, Capítulo 2, o Trono de Kyoshu, aspectos das transições, os conflitos
e unificações no Trono; as teses de acerca da representatividade do Líder Espiritual da
Igreja como ‘figura simbólica’ ou ‘eclesiástica’; Kyoshu-Sama no decorrer do processo
de unificação da Igreja; e na terceira parte, Capítulo 3, A transição para uma Nova
Igreja Unificada em Kyoshu-Sama; a transição para uma Nova Igreja Unificada em
Kyoshu-Sama na Igreja brasileira; e Considerações Finais, buscando refletir acerca do
papel do Reverendíssimo Watanabe no processo de Unificação da Igreja do Japão e
seus reflexos na Igreja do Brasil.

69
CAPITULO 1

1.0 - O FUNDADOR

Mokiti Okada e a IMM

Nesta parte do trabalho, apresentamos Mokiti Okada, fundador da Igreja


Messiânica Mundial (IMM), e alguns aspectos do histórico da Igreja. Para tanto
fazemos uso das coletâneas Luz do Oriente (2007) da FMO, Alicerce do Paraíso (2007;
2008) e Reminiscências de Meishu-Sama (1981). Bem como dos trabalhos de Tomita,
Religiões Japonesas e a Igreja Messiânica no Brasil: integração religiosa e cultural
(2014) e Raffo, A "localização" institucional da Igreja Messiânica Mundial no Brasil:
uma abordagem a partir da teoria da mundialização (2010).
Buscamos apresentar Mokiti Okada e sua formação secular, antes de tornar-se
religioso, e aspectos de sua família, de seu contexto social. Aqui, além das obras do
próprio autor, lançamos mão do trabalho de Raffo (2010) em sua dissertação A
"localização" institucional da Igreja Messiânica Mundial no Brasil: uma abordagem
a partir da teoria da mundialização.
Entendemos como parte fundamental para compreensão dos conteúdos um
conhecimento mínimo do contexto em que ocorrem as transformações e, em que são
constituídas as reflexões apresentas. Contudo, Okada (Apud Raffo, 2010) parece
valorizar especialmente sua trajetória pós-conversão (como religioso):

Num texto autobiográfico (OKADA MOKICHI ZENSHU


HENSHU IIN KAI, 199515), Okada afirmou que a primeira metade de
sua vida, ou seja, o período anterior ao seu despertar para a fé, fora

15
Autobiografia Hikari he no michi [Caminho para a Luz]. In OKADA MOKICHI ZENSHU HENSHU IIN KAI.
Okada Mokichi Zenshu - chojutsu hen. [Obra Completa de Mokiti Okada - Artigos]. Vol. 6. Atami: Matsumoto
Yasushi (Repres.), 1995. IN.: RAFFO, Geórgia Branquinho de O. A "localização" institucional da Igreja
Messiânica Mundial no Brasil: uma abordagem a partir da teoria da mundialização. 2010. 184 fls.
Dissertação (Mestrado em Língua, Literatura e Cultura Japonesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

71
absolutamente comum, com uma trajetória semelhante ao de muitos
de seus contemporâneos. (RAFFO, 2010, p.18)

Raffo entende que:

Provavelmente, ele não viu muito sentido em escrever com


mais detalhes sobre esse período, porque estava se dirigindo a um
público que conhecia bem as circunstâncias da época. Assim, sua
ênfase foi no período pós-conversão e pós-conscientização da missão
divina que recebera. Entretanto, para o leitor atual, conhecer melhor
essa fase de sua vida é fundamental para a compreensão de alguns
aspectos essenciais do seu pensamento e obra. (RAFFO, 2010, p.18)

Consideramos, contudo, que neste momento, dado o distanciamento da época


e do lugar em que nos achamos, é interessante perceber como era o Mokiti Okada
secular (não religioso) e como se dá sua transformação e iluminação ao envolver-se no
mundo da religião, em busca da felicidade, para si e para os demais. Notaremos que
sua vida foi cheia de altos e baixos durante o período de ceticismo (por volta da meia
idade) e que os sofrimentos enfrentados por ele e pela família (que passara a chamar
posteriormente de purificações) acabaram por incitar o interesse pela ascese. E o fez
como ninguém: com determinação, firmeza de caráter, dedicação, sinceridade,
sensibilidade, entre outras qualidades que Okada assimilara na família e em sua
constante busca de melhorar sua vida, seus conhecimentos, sua saúde.
Entendemos que é interessante perceber que o Messias Meishu-Sama que hoje
conhecemos percorreu um caminho de purificação e determinação que não nos é tão
estranho na vida secular. Aproximarmo-nos desse Mokiti Okada e notar sua
transformação com a iluminação, cremos, serve também de estímulo e exemplo de que
mesmo nas circunstâncias mais difíceis, como as que enfrentara o Fundador
(problemas de saúde, financeiros, decepções em seus sonhos, timidez, insegurança) é
possível encontrar o caminho para superação. Especialmente se o considerarmos como
exemplo.
Raffo (2010) salienta um aspecto interessante que é a situação de fronteiras em
que nasceu Mokiti Okada:

O fundador da Igreja Messiânica Mundial, Mokichi Okada,


nasceu e criou-se entre fronteiras. Não se trata de fronteiras entre
países, mas de fronteiras entre épocas, entre culturas, entre
mentalidades.
Após quase três séculos de isolamento, pressionado pelas

72
grandes potências ocidentais, mais especificamente, pelos Estados
Unidos da América, o Japão viu-se obrigado a abrir seus portos. Para
a liderança política nipônica da época, o único meio de se evitar que
o país fosse invadido e dominado por aquelas potências seria
alcançando e superando seu grau de desenvolvimento,
principalmente, tecnológico e industrial. Era preciso modernizar o
Japão imediatamente. A Restauração Meiji (1868)16 marca o início
efetivo desse movimento. (RAFFO, 2010, p. 21)

A modernização do Japão trazia certa ocidentalização que provocou reações por


parte do que julgavam esse movimento excessivo. (ORTIZ, 2000, p.27/28 apud
RAFFO, 2010, p. 20). Esse era o contexto em que nasceu Mokiti Okada. O bairro onde
nasceu também representa para Raffo (2010) um local de fronteira sociocultural:

Mokichi nasceu no bairro de Asakusa, principal centro


cultural de Tóquio desde o período Edo (1603-1867) até meados do
século 20. À época de seu nascimento, Asakusa, que se situa às
margens do rio Sumida, a principal via fluvial da capital japonesa,
concentrava um grande número de estabelecimentos comerciais e de
fábricas; de residências populares e também de casas de alto-padrão;
o Templo Sensoji atraía peregrinos de todas as partes e à sua volta
foram-se instaurando restaurantes, teatros e, com a modernização,
cinemas, além do Shin Yoshiwara. (RAFFO, 2010, p.21)

Além desses aspectos, Raffo (2010) salienta ainda a ligação do local do


nascimento de Mokiti Okada com a profecia da Luz do Oriente. O próprio Okada
publicou um artigo falando sobre este aspecto:

[...] Luz do Oriente era uma predição relacionada à minha


pessoa. Não haverá quem não se espante ao tomar conhecimento
dessa verdade, e poucas pessoas conseguirão aceitá-la de imediato.
[...] Por isso, tentarei me explicar melhor, apresentando provas reais
do que estou dizendo.
A primeira prova é o local onde nasci e o trajeto das mudanças
que fiz.Nasci num bairro antigamente denominado Hashiba, situado
em Assakussa, na cidade de Tóquio. O país chamado Japão, como
todos sabem, localiza-se no extremo leste do globo terrestre;
acrescente-se que Tóquio é uma cidade do leste do Japão. O leste de
Tóquio é Assakussa, cujo leste, por sua vez, é Hashiba, o bairro
ao qual me referi há pouco. A leste desse bairro está o rio Sumida.

16
‘Restauração Meiji é o nome dado à grande reforma política, econômica e social que, com a pressão das grandes
potências capitalistas, derrubou o sistema feudal, instaurou o sistema capitalista japonês e originou uma nação
imperial moderna no ano de 1868’. In.: RAFFO, Geórgia Branquinho de O. A "localização" institucional da
Igreja Messiânica Mundial no Brasil: uma abordagem a partir da teoria da mundialização. 2010. 184 fls.
Dissertação (Mestrado em Língua, Literatura e Cultura Japonesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

73
Assim, Hashiba é realmente o leste do leste; em termos
mundiais, é o extremo leste do mundo. [...] Aos oito anos, fui morar
no bairro de Senzoku, a oeste de Hashiba; mais ou menos na época
em que concluí o curso primário, mudei-me para o bairro de Naniwa,
em Nihon-bashi, e em seguida, para Tsukiji, em Kyo-bashi; depois fui
para os bairros de Oi e Omori, ambos em Ebara; mais tarde,
transferi-me para Koji e, a seguir, para Tamagawa, onde existe,
atualmente, o Solar da Montanha do Tesouro. Posteriormente, dando
um salto bem grande, mudei-me para Hakone e Atami, e, agora, para
Quioto. Assim, troquei de residência dez vezes, e dessas
mudanças, excetuando-se o bairro de Koji, nove foram para o
oeste. Naturalmente, daqui em diante a Luz do Oriente
avançará cada vez mais para o oeste; um dia, é óbvio, chegará
à China e, finalmente, à Europa. [...] (FMO, 2007, p.27)

Em artigo escrito em 1952, Okada admite que provavelmente, no futuro, as


pessoas desejarão conhecer tudo sobre sua vida, sua trajetória:

Aqueles que me conhecem, cientes da grande obra de salvação


por mim realizada, naturalmente gostariam de saber tudo o que for
possível a meu respeito; no futuro, será incalculável o número de
pessoas, no mundo inteiro, que terão o mesmo desejo. Assim, como
criador do princípio do Mundo Paradisíaco, pretendo deixar para as
gerações vindouras a imagem mais fiel da minha pessoa, e por isso
escreverei a meu respeito. (FMO, 2007a, p.31)

O Fundador apresenta seu estranhamento quanto ao fato de outros religiosos


terem suas ideias e ensinamentos registrados amplamente, mas sua vida ser pouco
conhecida:

Parece-me estranho que aqueles três grandes religiosos -


Cristo, Maomé e Sakyamuni - tenham expressado suas ideias de
forma tão bem elaborada, através de magníficos ensinamentos, como
podemos ver, por exemplo, nos oitenta e quatro mil livros
relacionados ao budismo - esforço esse louvável - mas nada tenham
falado a respeito de si mesmos. É como se estivessem trajados com
magníficas vestes e não quisessem tirá-las; desse modo, não podemos
conhecer suas impressões e confissões. (FMO, 2007a, p.31-32)

Expressa o desejo de agir de modo diferente, mostrando de si mesmo as


considerações que acredita possam parecer inverossímeis para seus espectadores:

[…] Desejo escrever tudo a meu respeito, com todos os


detalhes. Provavelmente encontrarão pontos incompreensíveis em
minhas explanações, fatos que lhes parecerão verossímeis ou
inverossímeis, grandes ou pequenos, claros ou obscuros, finitos ou

74
infinitos etc.. Por isso, creio que; saboreando minhas palavras,
conseguirão obter a sabedoria da vida e tornar-se-ão possuidores de
espírito inabalável. (FMO, 2007a, p. 32)

Mokiti Okada nasce em 23 de dezembro de 1882, em Tóquio17. Segundo filho


numa família de cinco pessoas: Kissaburo Okada (pai); Tori (mãe); Shizu (irmã),
Takejiro (irmão) e Okada. Moravam de aluguel numa residência humilde, no bairro de
Hashiba, n° 63 (atualmente Hashiba, quadra 2, no 2, Distrito de Daito). O local, hoje,
faz parte da Sede Metropolitana de Tóquio da Igreja Messiânica Mundial. (FMO,
2007a, p. 73). Sobre sua infância e as dificuldades enfrentadas, o Fundador escreveu:

Nasci em Hashiba, bairro localizado em Assakussa, Tóquio.


Lembro-me vagamente de que meu pai negociava com objetos usados
e de que nossa casa só tinha dois cômodos: um, com mais ou menos
4,90 m², onde funcionava a loja, e uma sala de estar com
aproximadamente 7,30 m². Todas as noites, ele ia ao Parque
Assakussa, distante mais ou menos 1 quilômetro, para abrir sua
barraca noturna.
Desde que tenho consciência, muitas vezes ouvi meu pai falar
que, se não conseguisse determinada quantia naquela noite, não
teríamos o que comer no dia seguinte.
[…]
Portanto, em minha infância, e mesmo quando já tinha uma
família para cuidar, durante um bom espaço de tempo provei o sabor
da pobreza, podendo compreender o quanto o dinheiro é motivo para
gratidão. Isso me foi de grande proveito, pois ainda hoje não consigo
desperdiçar nada, nem viver no luxo, de modo que sou até grato pela
adversidade daquela época. (FMO, 2007a, p. 73)

Apesar de ser o segundo filho, e toda dificuldade enfrentada pela família, aos
seis anos de idade (1889), o Fundador entrou na Escola Primária Básica Nishin, situada
no bairro de Sanya. Era um estudante dedicado, provavelmente em atitude de gratidão
ao amor dos pais. (FMO, 2007a, p.92)
Sobre este período, Okada relatou:

Até os doze ou treze anos eu era uma criança fraca e doentia e


vivia tomando remédios. Consegui terminar o curso primário com

17
Essa data desperta interesse por seu significado e porque se relaciona com a referência feita à ‘Luz do Oriente’
– surgida na Europa a mais de dois mil anos e bastante propalada, que o Fundador entende ser uma predição a seu
respeito: ‘O interessante é que 23 de dezembro corresponde ao dia seguinte do solstício de inverno no hemisfério
norte, dia em que o período noturno é o mais longo durante todo o ano. O dia 23 é a data em que o período diurno
começa a alongar-se novamente. O inverno pode ser considerado a fase negativa do ano, de modo que no dia 23
de dezembro se começa a caminhar para a fase positiva. (FMO, 2007a, p.69)

75
muito sacrifício e, apesar de minha pouca idade, sentia inveja quando
via crianças saudáveis. Mas era interessante como eu tinha bom
aproveitamento na escola; sempre estava em primeiro ou segundo
lugar, nunca ficando abaixo. (FMO, 2007a, p. 98)

Sobre as marcas que este tempo teriam deixado em Okada, Luz do Oriente
(2007) relata:
O Fundador foi criado num lar muito pobre, presumindo-se
que, por isso, tenham ficado fortemente gravados, em seu coração, a
dor e o sofrimento causados pela miséria. Ele não os conheceu em
termos teóricos, mas por meio da sua própria vivência, de modo que
lhe doía muito ver as pessoas à sua volta sofrendo por esse problema.
Passando por tais experiências, ele não se limitou apenas a sofrer,
mas fez dos sofrimentos e adversidades o alimento espiritual que
poliram ainda mais o seu amor altruísta e aumentaram, em largura
e profundidade, a sua personalidade. Isso resultou, anos mais tarde,
numa busca da prática para salvar o próximo e solucionar o
problema da pobreza existente em todas as épocas. (FMO, 2007a, p.
102-103)

Aos treze anos (1896) Mokiti Okada concluiu o Segundo Nível da Escola
Primária Assakussa e ingressou na Escola de Belas Artes, contando para isso com o
apoio da irmã Shizu que ficara viúva, e mantinha uma Pensão – Seiguetsu. A família
acreditava que por sua saúde frágil, o melhor para Okada seria dedicar-se à pintura
profissionalmente.

A felicidade de Okada porém duraria pouco – um problema


na visão o afasta da Escola de Belas Artes. Até os vinte anos, o
Fundador enfrentaria ainda graves problemas de saúde: aos quinze
contrai pleurisia, e recuperado, torna adoecer apresentando
tuberculose de terceiro grau – contava 18 anos.(FMO, 2007a, p. 111-
113)

Luz do Oriente (2007) relata, na juventude de Okada, um período depressivo,


ao contrário do que deveria ser, momento de sonhar e planejar a vida. A morte é que
parecia lhe ‘sorrir’ – diz o Fundador: Era como se eu tivesse sido condenado à morte
sem dia determinado para a execução’. (FMO, 2007a, p. 114)
Okada não vendo alternativas tomou uma decisão radical: buscaria um método
inovador para sua cura – contrariando o conselho médico que lhe indicava uma dieta
com alimentos de origem animal, adotou dieta vegetaria, e ficou curado.
Na coletânea Alicerce do Paraíso (2007), o Fundador ao falar de ‘Pessoas
Medrosas’, fala desse período que vivenciou:
76
Dos quinze aos vinte anos mais ou menos, era mais tímido que
qualquer outra pessoa. Sem nenhum motivo, tinha receio de me
encontrar com desconhecidos; principalmente quando achava que a
pessoa era um pouco mais importante, nem conseguia falar direito
com ela. Diante de moças, eu enrubescia, meus olhos ficavam
perdidos e eu nem ao menos conseguia olhar para o rosto delas ou
falar-lhes. Como fiquei pessimista por causa disso!
Consequentemente, muito duvidei se conseguiria integrar-me na
sociedade como cidadão adulto. Naquela época, quando me via frente
a qualquer pessoa, sempre tinha a impressão de que ela era mais
inteligente e importante que eu. (FMO, 2007a, p.116)

O Fundador tinha interesse por diversos tipos de arte: artesanato, literatura,


cinema. Interessava-se por filosofia ocidental, em especial de Henri Bergson (em
especial, pela Teoria da Intuição) e William James (em especial, pela Teoria do
Pragmatismo). Segundo Luz do Oriente, na juventude, esteve próximo do marxismo e
chegou a pensar em fazer doações para o Partido Comunista para suas campanhas
depois que fizesse fortuna. (FMO, 2007 a).
Kissaburo, o pai, acreditava e aceitava a habilidade dos filhos (Okada e seu
irmão) com as artes, mas não pode vê-los realizados. Faleceu em maio de 1905, quando
o Fundador contava 23 anos. (FMO, 2007a, p. 136).
Sobre este período, Tomita (2014) relata:

Com o falecimento do pai, Okada, aos 23 anos, recebeu como


herança uma quantia que utilizou para abrir uma loja de miudezas,
a Korin- do nome dado em homenagem ao artista Korin Ogata (1658
- 1716) – alvo de grande admiração do Fundador. Seus negócios
prosperaram até que ele estabeleceu uma loja atacadista de adornos
– a Loja Okada. Nesta época, Okada sofreu uma grave isquemia
cerebral, e ao longo de dez anos, contraiu várias enfermidades: crises
de hemorroidas, dores de cabeça e estômago, reumatismo,
prostração nervosa, uretrite, amigdalite, catarro intestinal,
problema das válvulas cardíacas, periodontite, dores de dentes, entre
outras. (TOMITA, 2014, p.27-28)

Com os negócios indo a contento, Okada forma sua família.

Aos 24 anos, casou-se com Taka(19), que conseguiu engravidar


pela primeira vez após 8 anos de casamento. Por três vezes, Taka deu
à luz crianças que faleceram logo após o nascimento.

77
Sua esposa, Taka, foi extremamente cuidadosa, e o ajudou nos negócios, que
prosperaram, tendo sucesso como fabricante e atacadista de miudezas. Porém, o
casamento foi interrompido bruscamente.

Devido ao tifo intestinal contraído antes do terceiro parto,


Taka acabou falecendo em junho de 1919. Neste mesmo ano, Okada
sofreu um duro golpe que o levou à falência e deixou-lhe dívidas que
perduraram durante 22 anos, até 1941. Em dezembro de 1919, aos 37
anos de idade, Okada casou-se pela segunda vez com Yoshi Ota.
(FMO, 2007 a, p.218)

A princípio a família Ota recusou o casamento, mas por intermediação do


médico Matsumoto e insistência do pedido de Okada, o pedido foi aceito. A cerimônia
do casamento foi realizada no Grande Santuário Hibiya, que foi construído para os
moradores de Tóquio que não podiam ir a Isse. Yoshi viria a ser Segunda Líder
Espiritual da Igreja Messiânica Mundial. (FMO, 2007a, p.223-224).
Conforme Luz do Oriente (2007) tendo sua vida pessoal harmonizada, Okada
concentrou-se nos negócios. Sua vida de empresário não mudara, mas parece insinuar-
se ali uma mudança de pensamento:

Entretanto, devido às amargas experiências que passara com


a morte da esposa e dos filhos e com a falência, começava, bem no seu
íntimo, uma grande mudança de pensamento. (FMO, 2007, P. 229).

Tomita (2014) informa que até os 38 anos de idade, Okada nunca teria rezado.
Considerava irracional a adoração a imagens, estátuas e outros objetos para venerar
divindades. Entendia até que os inúmeros templos e santuários seriam obstáculo ao
progresso do Japão. (TOMITA, 2014, p.28). Pergunta a autora: ‘Como um ateu
declarado teria se tornado um líder religioso carismático, fundador de uma NRJ, que,
com o passar do tempo, se tornou uma das mais conhecidas dentro e fora do Japão?’
Sobre o contexto histórico-social da época, Tomita (2014) informa que:

Por ocasião do término da 1a Guerra Mundial (1914-1919),


Tóquio era não somente palco de um intenso movimento social, mas
também espiritual. Dentre as várias manifestações religiosas da
época, é possível destacar a crescente atividade missionária dos
cristãos católicos e protestantes. O Cristianismo foi introduzido no
Japão pela primeira vez, em 1549, pelas mãos de missionários
católicos. Porém, devido à proibição imposta pelo governo

78
Tokugawa, sobreviveu na clandestinidade tendo sido reintroduzido
no país, desta vez, por protestantes no período Meiji. (TOMITA, 2014,
P. 29).

Conta ainda que havia a presença do Exército da Salvação, e que Okada, mesmo
não sendo religioso, contribuía com essa instituição, preocupado em fazer o bem a
quem precisasse. Segundo a autora, Okada teria sido convidado a participar da religião
Tenrikyo, mas não se interessou; e que teria falado com Ekai Kawaguti, famoso bonzo
da religião Obaku que pesquisou a religião budista no Tibete, mas também não se
converteu. (TOMITA, 2014, p.29).
Na década de 20 Okada frequenta palestras da religião Oomoto e torna-se
seguidor. Para Tomita, ‘Dois teriam sido os motivos principais que o atraíram para
esta religião: o ideal de reforma e reconstrução do mundo e a noção sobre a
toxicidade dos remédios.’ (TOMITA, 2014, p.29).
Tomita afirma que:

Esteve afastado da Oomoto por três anos, mas continuou


pesquisando o Ofudesaki. Manteve contato com um grupo de pesquisa
sobre Parapsicologia e, neste período, aprofundou-se em questões
teológicas. […]
A partir de 25 de dezembro de 1926, durante três meses,
Okada teria entrado em estado de transe e recebido uma série de
revelações sobre o passado e o futuro da humanidade bem como de
sua própria pessoa, além de previsões sobre situações mundiais do
pós-guerra.
Temendo represálias decorrentes do controle das autoridades
no tocante a questões religiosas, Okada teria queimado todos os
registros dos conteúdos destas revelações. (TOMITA, 2014, p. 26)

Conforme registros na Luz do Oriente Mokiti Okada18 recebeu uma revelação


divina e dirigiu-se ao Monte Nokoguiri; seguia com uma comitiva de 28 pessoas. Na
madrugada, tendo alcançado o cume do Monte, Okada entoou a oração Amatsu-
Norito. Recebeu ali a revelação sobre a Transição da Noite para o Dia19 e de sua

18
Contudo a expressão “Meishu-Sama” – ‘Senhor da Luz’, para se referir a Mokiti Okada, seria cunhada e
anunciada pelo próprio Fundador apenas em 4/2/1950, ocasião da instituição da Igreja Messiânica Mundial a partir
da fusão da Igreja Kannon do Japão com a Igreja Miroku do Japão.
19
Segundo a concepção da IMM, a evolução do universo obedece a ciclos definidos em que se alternam períodos
de claridade e escuridão. Ciclos menores ou maiores podem ocorrer a cada dez, mil, três mil, dez mil anos e assim
por diante. Após uma era de aproximadamente três mil anos de relativa obscuridade, a humanidade se encontraria
no alvorecer de uma nova Era de Luz. Isto significa o colapso da Cultura da Era da Noite – baseada no materialismo
e no egoísmo em que se negligência o respeito à Natureza – e a construção da Cultura da Era do Dia, baseada no
79
missão. (FMO, 2007a, p.32-34)
Tomita (2014) entende que Okada se afastou da Oomoto por preferir dedicar-se
a cuidar das pessoas doentes que envolver-se em questões ideológicas. Além do que,
passara a confeccionar amuletos e Ohineri e distribuir aos fiéis o que criara um
ambiente hostil entre os dirigentes omotanos. (TOMITA, 2014, p.30)
A autora observa que:

… a partir da década de (19)30, Okada centralizou suas


atividades na confecção de caligrafias e pinturas de Kannon, feitas
em diversos tamanhos. Em vários trechos de seus diários, ele
registrou sua ligação com Kannon. Por outro lado, no ano de 1935,
recebeu a qualificação de sacerdote xintoísta. Segundo sua obra
biográfica, esta qualificação teria sido uma medida cautelosa com
vistas ao desenvolvimento da Obra Divina “numa época em que as
autoridades eram rigorosas com as novas religiões”. (TOMITA, 2014,
p. 31)

Salienta ainda que a ideia de que a “presença” de Kannon no início remoto da


religião messiânica poderia indicar uma marca de ruptura de Mokiti Okada com sua
religião anterior, a Oomoto. (TOMITA, 2014, p.31)

espiritualismo e altruísmo. “Transição da Era da Noite para Era do Dia” corresponde, pois, a esse período
intermediário, iniciado no Mundo Espiritual em 15/6/1931.(TOMITA, 2014, p. 89)
80
1.1 HISTÓRIA DA IGREJA

O ano de 1935 é apontado como data oficial da instituição da Igreja Messiânica


Mundial. Contudo, a fundação da Sekay Meshiya Kyo (Igreja Messiânica Mundial) só
ocorreu de fato em 1950, sendo este nome alterado para Sekay Kyusei Kyo20 (Igreja
Messiânica Mundial) em 1957, como permanece. Na data 1° de janeiro de 1935 ocorreu
a instituição da Dai Nippon Kannon Kai (Associação Kannon do Grande Japão), a
primeira instituição de cunho religioso fundada por Mokichi Okada, esclarece Raffo
(2010, p. 43). A autora atenta para o fato de que a obra de Mokiti Okada tem como
ponto fundamental ser marcada pela evolução e dinamismo, e essa imagem de Igreja
que nasce ‘pronta’, pode criar certo equívoco.
Nesse sentido, a autora observa que desde o período em que institui a Dai
Nippon Kannon Kai (Associação Kannon do Grande Japão) até a fundação da Igreja
Messiânica Mundial, Okada enfrenta várias dissoluções (organizacionais):

Foram, ao todo, constituídas e dissolvidas seis principais


organizações, além de outras secundárias: 1) Dai Nippon Kannon Kai
(Associação Kannon do Grande Japão): de 1° de janeiro de 1935 a 1°
de julho de 1936; 2) Dai Nippon Kenko Kyokai (Associação Japonesa
de Saúde): fundada em 15 de maio de 1936 e dissolvida em 28 de julho
do mesmo ano; 3) Nippon Joka Ryoho Fukyu-kai (Associação de
Divulgação da Terapia Japonesa de Purificação): de 11 de fevereiro
de 1947 até, provavelmente, 30 de agosto; 4) Nippon Kannon Kyodan
(Igreja Kannon do Japão): instituída em 30 de agosto de 1947 e
dissolvida em 4 de fevereiro 1950; 5) Nippon Miroku Kyokai (Igreja
Miroku do Japão): instituída em 30 de outubro de 1948 e dissolvida
em 4 de fevereiro de 1950; 6) Sekai Meshiya Kyo (Igreja Messiânica
Mundial): fundada em 4 de fevereiro de 1950 a partir da dissolução e
da fusão das igrejas Kannon do Japão e Miroku do Japão. Foi
renomeada Sekai Kyusei Kyo em março de 1957. (RAFFO, 2010, p.48)

A partir de 1950, Mokiti Okada que era conselheiro passou a ser responsável
pela Igreja, ocupando a posição de Kyoshu– Líder Espiritual. Passou a ser chamado
Meishu-Sama – Senhor da Luz. Instituída a Igreja Messiânica Mundial, Okada assume
juridicamente a posição de responsável da Igreja, e do ponto de vista religioso, Líder

20
(Tradução literal: Igreja (Kyo) + Kyosei (Ensinamento/Salvação) + Sekay (mundial/do mundo). (TOMITA.
2014, p. 37).
81
Espiritual. Para Raffo (2006) começa aí então uma nova fase de seu trabalho para
salvação da humanidade. (Raffo, 2010, p. 67).
Okada estava atento à expansão internacional da IMM, relata Raffo:

(… ) em 1953, quando Mokichi Okada enviou aos Estados


Unidos a ministra Kiyoko Higuchi, que, antes de deixar tudo para
seguir a carreira missionária e tornar-se a responsável da igreja
Nikko […] . Em 1954, ao tomar conhecimento de que uma jovem
messiânica, de dezoito anos de idade, estava emigrando para o Brasil
com o intuito de difundir seus ensinamentos, Mokichi Okada pediu ao
responsável pela igreja à qual a jovem estava filiada que lhe
entregasse uma imagem da Luz Divina (imagem do altar) e dez
talismãs (Ohikari) para ela levar e outorgar aos membros que fossem
formados no Brasil. (RAFFO, 2010, p.69).

82
1.1.1. A IGREJA DURANTE A VIDA DE MEISHU-SAMA.

Conforme Luz do Oriente, no dia 11 de janeiro de 1935, logo após a instituição


da Igreja Dai Nippon Kannon Kai, o Fundador dirigiu aos fiéis uma palestra sobre
Kanzeon Bossatsu. Contrariando o que se dizia na época, a teoria sobre a identidade
entre Buda e Deus, o Fundador pregava que Deus é a figura original e Buda, sua
manifestação.

Foi a primeira palestra oficial que ele fez sobre Kanzeon


Bossatsu, o qual atuava em sua pessoa e é o alvo da fé na Dai Nipon
Kannon Kai. Desde então, sempre que tinha oportunidade, nas
palavras dirigidas aos fiéis ou nos artigos que publicava, o Fundador,
com uma interpretação completamente diferente dos sutras de
caráter ‘Daijo’, posicionou o Kanzeon pregado por ele acima de
Amida e não como acompanhante deste. (FMO, 2007b, p. 37).

Para Okada, o Kanzeon Bossatsu que é alvo da fé na Dai Nipon Kannon Kai, não
se limita à concepção budista.

O Fundador explicou, ainda, a forma como se manifesta a


grande virtude de Kanzeon Bossatsu e como se desenvolve a
Providência Divina de salvação, dizendo que, quando o poder de
Kanzeon Bossatsu se irradia através dele, é que se manifesta como o
―Poder Kannon, capaz de salvar as pessoas e o mundo. (FMO, 2007b,
p. 19).

1.1.1.2. SHIBUI E NAKAJIMA

Em 1994, Yassuhi Matsumoro, o Presidente da IMM, fala da publicação da obra


O Servidor – Sôsai Shibui – Relatos Orais, a respeito da colaboração do Reverendo
Shibui na fase inicial da Igreja, bem como de seu exemplo de fé e dedicação.
O Reverendo atuou como Presidente da Igreja Kannon do Japão (Nippon
Kannon Kyodan) e, posteriormente, tornou-se Presidente da Igreja Miroku do Japão
(Nippon Miroku Kyo). (FMO, 2005, p.4). Quando a Igreja passa a se chamar Igreja
Messiânica Mundial (Sekai Kyusei Kyo), ele se tornou o responsável da Grande Igreja

83
Miroku (Miroku Dai Kyokai), sendo a coluna de sustentação do desenvolvimento da
nossa Igreja em sua fase inicial, afirma Matsumoro. (FMO, 2005, p.4)
O Servidor (2005) afirma que entre Meishu-Sama e Shibui haveria confiança e
reverência:
Não importa qual o aspecto observado, seja a postura de
dedicação total a Meishu-Sama, a dedicação monetária fora do
comum ou a extraordinária força do Johrei e de difusão; em qualquer
um Sôsai Shibui sobressaía-se. Esta é a prova de como Sôsai Shibui
reverenciou e dedicou-se a Meishu-Sama como existência absoluta e,
por outro lado, compreendemos também que a sua força e sua
atuação eram concedidas por Meishu-Sama. A grande confiança que
Meishu-Sama depositava nele pode ser observada através das
palavras de Meishu-Sama: “70% do que existe em nossa Igreja
atualmente se deve ao Shibui.” (FMO,2005, p.6)

A mãe de Shibui buscara tratamento no Método Okada de Tratamento pelo


Shiatsu. O próprio Shibui procurou Meishu-Sama para socorrer uma sobrinha sua que
sofria de cárie nos ossos. Ao conhecer Shibui, Meishu-Sama faz uma consideração a
seu respeito: Aquele rapaz é uma pessoa muito inteligente e, futuramente, será muito
útil. Por seu lado, Shibui for a ver que tipo de pessoa era Meishu-Sama. Nesse encontro
Shibui decidiu dedicar sua vida a Meishu-Sama. (FMO, 2007 b, p. 88).
Sobre o Johrei, O Servidor relata muitas experiências de Shibui, destacando sua

‘força’:

A força no Johrei que Sôsai Shibui possuía era imensa. Todas


as pessoas que receberam seu Johrei são unânimes nesta afirmação.
Mesmo aqueles doentes graves que vinham recebendo Johrei dos
ministros, discípulos do Reverendo, sem alcançar um bom resultado,
ao receberem por poucos instantes o Johrei do Revmo. Shibui,
imediatamente sentiam alívio (FMO, 2005, p.33)

Era conhecido também o fato de Shibui ter o costume de apresentar-se ao


Fundador usando um avental. Perguntado do motivo, Shibui expõe um importante
significado:

Posso ser ministro para todos os senhores, mas, perante


Meishu-Sama, não passo de um guri ou aprendiz. Procuro nunca me
esquecer disso. O fato de eu me apresentar a ele com avental é a
expressão desse sentimento. (FMO, 2007b, p.53)

84
Motoko, filha de Shibui, relatou uma fala de Shibui sobre Meishu-Sama:

Meishu-Sama é o Salvador. Por ele estou disposto até a morrer


na cadeia, se for necessário. Por isso, estejam preparados. Em
seguida, foi para a delegacia. Ainda hoje me lembro perfeitamente do
quanto me tocou aquela séria decisão de meu pai. (FMO, 2007, p.53)

De acordo com Luz do Oriente (2007), Shibui faleceu aos sessenta e nove anos,
no dia 17 de maio de 1955, três meses após a ascensão do Fundador.
Com a instituição da Dai Nipon Kannon Kai, o Fundador passa a empenhar-se
na construção do Paraíso Terrestre, conforme seu entendimento da vontade Divina. A
Apostila de Terapia Japonesa explicava o poder de salvação atribuído por Deus;
relacionado com ela, o Curso Kannon falava sobre a Verdade, conforme Revelação
Divina. O Fundador, entendendo que a compreensão dos ‘ensinamentos’ de Kannon
era difícil, passou a ministrar um curso sobre a doutrina. O Curso Kannon teve início
no dia 15 de julho de 1935.

Assim, durante três meses, o Fundador ministrou, ele mesmo,


o curso sobre a doutrina da Kannon Kai. Àqueles que assistiram às
sete aulas, foi atribuído a qualificação de ―Sendo-shi (missionário).
[…] Após o término da sétima aula, no dia 15 de setembro, tivera início
o segundo curso, a partir do qual o Fundador designou sete pessoas
— Mitsuo Massaki, Shinjiro Okaniwa, Shintaro Shimizu, Issai
Nakajima, Shiguenori Matsuhissa, Yoshihiko Kihara e Tomozo Hida
— para ministrarem o Curso Kannon como seus auxiliares. (FMO,
2007b, p. 51-52)

Após o segundo caso Tamagawa (1940)21, o Fundador deixou a cargo de seus


discípulos a ministração do Johrei, o curso de iniciação, a outorga de Ohikari, e
outras tarefas que vinha realizando desde a fundação da Igreja. (FMO, 2007c, p.121).
Entre os principais discípulos dessa época estavam Issai Nakajima, Sossai
Shibui e Otomatsu Araya.

A partir daí Nakajima, Shibui e os demais discípulos

21
Sobre o Caso Tamagawa: Ver Luz do Oriente, vol. 1, Estabelecimento do Johrei – 1a. Fase: Antes da Segunda
Guerra Mundial, por duas vezes – em 1936 e em 1940 – o Fundador prestou depoimento na delegacia de
Tamagawa, por suspeita de ter infringido as Leis da Medicina. Em 1936, ficou preso durante dois dias, e em 1940,
durante três. Esses acontecimentos são conhecidos, respectivamente, como Primeiro e Segundo Caso Tamagawa.
(FMO, 2007a, p. 321).
85
outorgavam o talismã22 às pessoas que vinham em busca da salvação
e, em seguida, encaminhavam-nas ao Hozan-So, para fazerem a
entrevista com o Mestre. (FMO, 2007b, p.103)

Como o controle ideológico tornara-se bastante severo, o Fundador evitava


reunir-se com muitas pessoas no Hozan-so23. Por esta razão, tomaram o hábito de
realizar jantares onde podiam ouvir os ensinamentos. Como a impressão de
ensinamentos também era muito limitada, as palavras do Fundador eram muito
valorizadas, eram diretriz e salvação que não se trocavam por nada deste mundo.
(FMO, 2007b, p.109)
Desse modo, formaram grupos, cujos líderes (dirigentes) se encarregavam de
organizar os encontros. Em cinco grupos: Grupo Toitsu - Grupo Tengoku -
Responsável: Issai Nakajima; Grupo Outi (posteriormente denominado Grupo Hinode
e, depois, Grupo Miroku) Responsável: Sossai Shibui; Grupo Daiwa - Responsável:
Takao Sakai; Grupo Toko - Responsável: Takuji Moriyama e Grupo Shinshin -
Responsável: Otomatsu Araya. Havia muito interesse dos líderes em levar os relatórios
para Meishu-Sama, informando o andamento de cada grupo, fosse com relação ao
número de Johrei ou de novos membros da comunidade messiânica.
Conforme Raffo (2010):

Na época, as igrejas regionais tinham Mokichi Okada como


centro, porém, existia uma grande rivalidade entre elas, fosse no
aspecto de difusão, doutrinário ou organizacional. A Igreja Miroku
(dirigida por Shibui Sosai), que apresentava o melhor resultado na
difusão, e a Igreja Tengoku (dirigida por Nakajima Isai), que apoiava
toda a igreja no aspecto estrutural, eram as mais representativas.
(RAFFO, 2010, 63-64).

O ano de 1950 seria muito importante para a Igreja, afirmava o Fundador.

Escreveu na Revista Tijo Tengoku:

Finalmente, entramos no ano de 1950. Para as pessoas


comuns, é um ano como outro qualquer; no nosso ponto de vista, é um
ano muito importante, porque corresponde a um nó no desenrolar da
transição do Mundo da Noite para o Mundo do Dia, preconizado por

22
Naquela época, para evitar problemas com a Polícia, por conta da perseguição religiosa que acontecia no Japão,
o talismã era entregue como ‘lembrança’. Ver Luz do Oriente, volume 2, 3a. Ed.,São Paulo: FMO, 2007, p. 103.
23
Solar da Montanha Preciosa. (FMO, 2007c, p.121).
86
nós. (FMO, 2007b, p.196).

Luz do Oriente relata que neste ano, de fato, ocorrem fatos importantes, entre
eles, o falecimento Nakajima:

Em janeiro, faleceu Issai Nakajima, grande discípulo do


Fundador; no dia 4 de fevereiro, Dia do Início da Primavera, foi
instituída a Igreja Messiânica Mundial; em abril, houve um grande
incêndio que destruiu a maior parte do centro de Atami; em maio, a
sede provisória da Igreja, localizada no bairro de Shimizu, também
em Atami, o Hekiun-So, residência do Fundador, situada no bairro de
Minaguti, na mesma cidade, e outros prédios, foram revistados
inesperadamente; pouco depois, o próprio Fundador foi preso. (FMO,
2007b, 196)

Esse momento foi marcante na história da Igreja, pois as duas organizações


independentes, Igreja Kannon do Japão e Igreja Miroku do Japão foram dissolvidas e
unificadas, passando a constituir a Igreja Messiânica Mundial. (FMO, 2007b, p.196)
Também nesse ano, o Jornal Hikari passou a ser chamado Kyussei, e na
primeira página trazia a saudação proferida pelo Fundador A respeito do nascimento
da Igreja Messiânica Mundial, dizia:

A Igreja Kannon do Japão, fundada como pessoa jurídica de


natureza religiosa a 30 de agosto de 1947, e a Igreja Miroku do Japão,
fundada sob os mesmos termos a 30 de outubro de 1948, foram
dissolvidas espontaneamente e, com a união de ambas, sob um novo
plano, criou-se a entidade religiosa denominada Igreja Messiânica
Mundial, no Dia do Início da Primavera deste ano, 4 de fevereiro de
1950. (FMO, 2007b, p.197)

Continuava explicando a atuação de Kanzeon Bossatsu para salvação da


humanidade, e que deixava de restringir-se ao oriente, para ser mundial – salvar toda
a humanidade, e que a Igreja Messiânica Mundial era a manifestação de tudo isso.
Começava o novo sistema onde o Fundador que antes ocupava o cargo de Conselheiro
(desde 1947 – fundação da Igreja Kannon do Japão) passa a ocupar a posição de Líder
Espiritual, no primeiro plano da Igreja. Conforme a Ordem Divina, relata Luz do
Oriente, começa a usar o nome de Meishu-Sama. Sobre este momento, a obra registra
uma fala do Fundador:

Dei o primeiro passo em fevereiro de 1928. Faz, pois,


exatamente vinte e dois anos. Nesse período, ficaram prontas as

87
obras básicas e, por fim, estou organizando o pessoal, hasteando a
grande bandeira da salvação do mundo e começando as atividades
propriamente ditas. Ou seja, é como se eu estivesse me preparando no
meu camarim e, já pronto, subisse ao palco. (FMO, 2007b, p.198)

88
1.1.2. A FAMÍLIA WATANABE

1.1.2.1. KATSUITI WATABANE

O pai do Reverendíssimo Watanabe, Katsuiti Watanabe foi fiel seguidor de


Meishu-Sama. Katsuiti era mais que um servidor, demonstrava ter carinho por
Meishu-Sama. Um caso ocorrido em junho de 194524, narrado em Luz do Oriente
mostra o grau de seu sentimento em tudo que fazia para Meishu-Sama:

Katsuiti Watanabe, que fazia difusão na cidade de Nagoya,


dirigiu-se à estação ferroviária levando uma caixa térmica com
ayu25, conservada no gelo, para oferecer ao Fundador, que gostava
muito desse peixe. Entretanto, devido aos costumeiros ataques
aéreos, os trens estavam parados e não havia previsão sobre o
restabelecimento da linha férrea. Ele não sabia o que fazer, mas,
decidido a não desistir da viagem, sentou-se em frente à entrada da
estação e, orando, ficou esperando que os trens voltassem a
funcionar. Passado algum tempo — uma hora, talvez — Watanabe
ouviu pelo alto-falante que sairia um trem para Tóquio e embarcou
nele. Assim, a truta chegou a tempo de ser servida ao Fundador na
refeição da manhã seguinte. Ele estava tomando desjejum numa das
salas, quando ouviu a voz do Mestre, que viera até a cozinha. Pela sua
maneira dura de pisar, percebia-se que ele estava bastante zangado:
Quem assou este peixe? Quem assou, está querendo pisar no
sentimento da pessoa que o trouxe fresquinho especialmente para eu
comer - repreendeu ele. De fato, o peixe sobre o prato, parecia uma
sardinha estorricada. [...] Watanabe nunca tinha preparado ayu,
mas disse: Eu vou preparar outro. Assou-o com sal e levou-o ao
Fundador, numa bandeja. Entretanto, no seu íntimo, estava muito
preocupado, sem saber se ele ficara no ponto. Pouco depois,
dirigindo-se para o banho matinal, o Fundador o encontrou e Ihe
disse: O peixe estava delicioso! Ouvindo essas palavras — poucas,
mas cheias de amor — Watanabe sentiu o cansaço e as dificuldades
enfrentadas para chegar ali voarem para longe. (FMO, 2007c, p. 137)

Conforme o relato percebe-se que o afeto era mútuo. Foi nesse sentimento,
nessa dedicação sincera que Katsuiti encaminhou Tetsuo Watanabe, que viria a ser
Presidente da Igreja, e nosso Reverendíssimo.

24
Cabe lembrar que era momento da 2a. Guerra Mundial, e o Japão estava sofrendo com ataques e as condições de
vida da população estavam prejudicadas.
25
Peixe de água doce, semelhante à Truta. Ver Luz do Oriente, 2007, vol.3, p. 102.
89
Katsuiti vinha de uma vila pobre, da Província de Guifu. Sofrera desde a
infância. Sua primeira visita ao Fundador ocorreu em 1943, trazido por Sosai Shibui –
tinha então trinta anos. Foi encaminhado na fé por Teruhiko Onuma (mais tarde
responsável da Igreja Shinsei e presidente da Igreja). Luz do Oriente registra que
Watanabe declarou: Existe uma pessoa como Deus, dizia ele, traduzindo uma emoção
que quase se poderia chamar de temor. (FMO, 2007c, p.138).
Katsuiti Watanabe tornou-se fiel no mesmo ano e ofereceu sua vida à Obra
Divina e contribuiu para o crescimento da Igreja na Região Tyukyo onde se tornou
dirigente, logo depois da Guerra, e em 1969, presidente do Conselho Administrativo da
Igreja Messiânica Mundial.
Os relatos de Luz do Oriente (2007) deixam claro que o Fundador valorizava
o sentimento impregnado nos presentes que recebia – não o valor monetário ou a
quantidade.
Na obra O Servidor26 há relatos da relação que indicam o forte laço entre
Watanabe e Shibui, de como dedicavam juntos. Relata um ministro que:

Mais ou menos em 1947 ou 1948, fui dedicar em Hozan-sô, mas


desde essa época aumentaram-se as viagens do Revmo. Shibui às
regiões, e principalmente à região Chubu, viajara muitas vezes, pela
solicitação do Revmo. Watanabe. (FMO, 2005, p.65).

Outro relato de um responsável da Igreja, registrado em O Servidor também


sinaliza a ligação entre os dois Reverendos:

Eu visitei o Consultório de (...) mais obrigado por Revmo.


Katsuiti Watanabe, e isso foi o primeiro encontro com o Revmo.
Shibui. Assim, foi possível observar de perto o Revmo. ministrando
Johrei. Ele pronunciava algumas palavras somente de vez em quando
e continuava ministrando Johrei. Como todas as pessoas que
recebiam Johrei diziam que melhoravam, no início, eu pensei que
estivesse utilizando “iscas”, habilmente. (FMO, 2005, p.82)

26
Trata-se de uma compilação de relatos de pessoas que conviveram com Sosai Chibui, conforme declaração do
Presidente da IMM Yassuhi Matsumoro (1994) visando futuramente concluir a Biografia de Sôsai Chibui.

90
Observando a relação entre Katsuiti e Shibui e a ligação destes com Meishu-
Sama, percebemos um elo, formando uma espécie de corrente, conforme relato de um
Ministro em O Servidor:
Os mestres ligados como uma corrente
Eu fui ligado a Deus em 1947, após a experiência do término
da guerra, aos xx anos, Mas foi o encontro com o Johrei um estranho
mistério que encaminhou o meu destino. E também é profunda a
sensação de que o encontro com os primorosos mestres, sim, fora a
causa decisiva. Iniciando-se no meu superior imediato, o Revmo.
Katsuiti Watanabe, que esse Ministro devotava-se e o Revmo.
Shibui que o Revmo. Watanabe admirava infinitamente...
Atrás deles, sempre se encontrava os seus superiores e eles estavam
interligados como uma corrente e atrás das palavras e ações do
Revmo. Shibui brilhava a existência de Meishu-Sama.
Posteriormente estudei sobre o espírito guardião, mas está em mim
fortemente gravada a impressão de que isso fosse como uma corrente
de espíritos guardiões vivos. [Grifo nosso] (FMO, 2005, p.89).

O relato de outro Ministro em O Servidor fala da sincera dedicação que os


Reverendos dispensavam entre si e deles com Meishu-Sama:

Foi mais ou menos em março de 1945, quando os Revmos.


Sôsai Shibui e Katsuiti Watanabe viajaram para (...). Nessa ocasião,
encontrei-me pela primeira vez com os dois mestres, e recebi o Vínculo
Divino. (...) O Revmo. Watanabe contava quase que
diariamente sobre o Revmo. Shibui. Da mesma maneira que
o Revmo. Shibui dedicava Makoto para Meishu-Sama, o
Revmo. Watanabe também se dedicava totalmente ao
Revmo. Shibui. Eu dedicava-me na difusão pioneira sob o Revmo.
Watanabe, desde 1945 a janeiro de 1950, mas sentia como que o
espírito do Revmo. Shibui apresentasse totalmente no espírito do
Revmo. Watanabe. (sic) (...) Não esqueço até hoje da gratidão
pelo Revmo. Watanabe que sempre louvava o Revmo. Shibui como
mestre e cuidava para que ele pudesse servir sempre a Meishu-Sama,
com saúde. O Revmo. Watanabe entregava alimentos da época no
Hozan-sô e eu sentia como que a frescura desses produtos contasse a
sua sinceridade. Eu também agradecia todos os dias pela figura de
alegria do Revmo. Shibui e pelo espírito sincero do Revmo. Watanabe
que pensara no mestre. (FMO, 2005, p. 94-95)

O relato deste Ministro é bastante claro quanto a dedicação que os ligava, e a


sinceridade que demonstravam em sua relação. Notando sempre nestes relatos a
expressão da gratidão de uns para com os outros, mesmo de Meishu-Sama para com
seus dedicantes.

91
1.1.2.2. TETSUO WATANABE

O Reverendíssimo Tetsuo Watanabe

Raffo (2010) afirma que na história da difusão da Igreja Messiânica no Brasil, o


nome de Tetsuo Watanabe destacou-se: por sua trajetória, Watanabe tornou-se um
marco na história da IMMB. Filho de Katsuiti Watanabe, um dos mais fervorosos e
bem-sucedidos discípulos de Mokiti Okada, a autora afirma:

Em 1964, graças à sua ousadia e determinação, mudou-se


para a cidade do Rio de Janeiro, onde não havia colônia japonesa, e
abriu uma nova frente de difusão, dedicando-se à divulgação direta
da fé messiânica para brasileiros não nikkei. Devido ao grande
número de pessoas que, naquela época e por diversos motivos,
transitavam entre o Rio de Janeiro e outros estados (resquícios do
passado recente do Rio como capital federal), a difusão ganhou
âmbito nacional. (RAFFO, 2010, p.121)

Esse modo de empreender a difusão, adotado por Watanabe diferia dos


demais ministros japoneses. Além de ter partido para a cidade do Rio de Janeiro em
que não havia membros messiânicos, concentrou esforços na divulgação entre os
brasileiros. (YAMAMOTO Apud TOMITA, 2009, p. 69).
O trabalho de Tomita (2009) apresenta o relato de Tetsuo Watanabe sobre o
início de sua carreira missionária no Brasil, desde sua chegada em 1962:

Quando cheguei ao Brasil, com 21 anos de idade, não havia


nada: não havia uma só igreja construída e, muito menos a Sede
Central. Só havia uma casa alugada na avenida Brigadeiro Luis
Antonio, que nós usávamos para fazer reunião com missionários e
ministros. Cabiam apenas 20 pessoas e nada mais. [...] Todos os
pontos de Johrei eram casas alugadas, inclusive a Igreja Butantã, na
Rua Alvarenga, perto de Pinheiros, aonde dediquei logo que cheguei
ao Brasil. Naquela época, a Igreja não tinha nada, e eu também não:
sem dinheiro, sem experiência de difusão... Também não sabia falar
português direito. [...] Mas uma coisa eu possuía: uma grande
vontade de fazer difusão pioneira num país desconhecido, para poder
comprovar os Ensinamentos de Meishu-Sama e a força do Johrei. Por
isso eu ministrava muito Johrei, de manhã até à noite. (...) Se não me
engano, naquela época, só havia dois ou três membros brasileiros; os
demais eram japoneses. Depois de dois anos, já eram quase 700
membros brasileiros. Mas eu não os encaminhei sozinho, não. Foram
os dez, vinte primeiros que eu formei que foram encaminhando e

92
formando novos membros. Eu dava amor aos missionários e passava
o dia todo ministrando Johrei aos frequentadores. Foi assim que
chegamos a formar 50 novos membros por mês. [...] Depois que
ganhei convicção no Johrei, comecei a fazer difusão pioneira no Rio
de Janeiro. No início, não foi fácil. Mas, pouco a pouco, começaram a
aparecer pessoas [...] que queriam receber Johrei, e foram surgindo
muitas graças, muitos milagres, um atrás do outro. (...) Como
naquela época não havia livros, unidades religiosas, mas só uma casa
pequena que servia de ponto de Johrei, eu então contava meus sonhos
para as pessoas: “Em breve, vamos construir uma grande Igreja aqui
no Rio de Janeiro. Depois vamos abrir igrejas em todo o Brasil, criar
a Fundação Messiânica, para cuidar da parte cultural, e vários polos
de agricultura, para produzir produtos naturais. [...] Os reverendos
de hoje eram todos jovens ainda, mais novos do que eu. Todos eles
quando iam ao Rio de Janeiro, ouviam meus sonhos e sonhavam junto
comigo, para poder realmente desenvolver a Obra Divina. Eu dizia:
‘Vai ter Fundação... Vai ter Comunidade Messiânica, vai ter
Universidade Mundial... ’ Eles, então, compraram esses sonhos,
dedicaram e cresceram, e hoje são executivos de todas as
atividades coligadas à Igreja. (...) (TOMITA, 2009, p. 69-70)

A centralização da IMM no Japão em 1972, conforme Raffo (2010) fortaleceu as


sedes do Japão e do exterior. Por outro lado, a vinda de Watanabe para o Rio de Janeiro
não interferiu no trabalho de difusão que empreendia. Tomita (2009) registra que:

No tocante à expansão da IMM a outros Estados, mesmo após


a transferência dos membros outorgados no Rio de Janeiro,
Watanabe seguia orientando-os à distância. Um exemplo disto pode
ser lido no trecho abaixo, extraído do depoimento da sra. Laís
Guarçoni, esposa do médico Elydio Guarçoni, que expandiu a IMMB
no Maranhão, a partir de 1967:
Durante todos aqueles anos, o rev. Watanabe acompanhava
nosso trabalho de difusão em Colinas não só através das nossas
viagens ao Rio, mas, também, das cartas que eu lhe escrevia de vez
em quando. Nessas oportunidades, eu sempre o convidava para que
nos visitasse, pois havia algumas pessoas preparadas para receber o
Ohikari, mas não tinham condições financeiras de ir ao Rio de
Janeiro. Foi então que, no dia 13 de maio (1971), recebemos um
telegrama inesperado: o Rev. Watanabe avisava-nos da sua iminente
chegada! (TOMITA, 2009, p.71).

Nesse caminho, foi-se concretizando a autonomia da Sede Central da IMM no


Brasil. Futuramente Watanabe assumiria a Presidência da Igreja no Brasil:

Como seu presidente, de 1976 a 2006, Watanabe, dentre muitas


outras coisas, consolidou e investiu na formação e aprimoramento do
elemento humano, dando especial atenção ao programa de formação

93
sacerdotal. Observando-se o fato deste programa priorizar o estudo da língua
japonesa, é possível inferir que haja, por parte da direção da IMM, a intenção
de se formar elementos capazes de preservar o vínculo com o Japão, tanto do
ponto de vista doutrinário quanto operacional. (RAFFO, 2010, p.122)

Em 1985, com a visita da 3ª Líder Espiritual, a IMMB foi autorizada pela Sede
Geral a construir o primeiro Protótipo do Paraíso fora do Japão. Tetsuo Watanabe
acumulava função de Presidente da IMMB com a vice-presidência do grupo Shinsei27
no Japão. (Tomita, 2014). Raffo (2010) observa que neste momento Watanabe se torna
responsável pelo Departamento Internacional da Sede Geral, e uma nova fase nas
atividades de difusão mundial, que, exceto na maior parte dos países asiáticos,
passaram a ser desenvolvidas principalmente por brasileiros. (Raffo, 2010, p.121).
Raffo entende que ao retornar para o Japão, Watanabe já havia se
transformado, ou dizendo de outro modo, sido afetado pelos modos brasileiros:

Após ter vindo ainda bem jovem para o Brasil, passado boa
parte da sua vida aqui e assimilado muito do ‘espírito brasileiro’,
quando retornou ao Japão, Watanabe certamente não era mais um
‘autêntico’ japonês. Mesmo de volta ao seu país de origem, ele
continua passando, ao menos, três meses do ano no Brasil, atuando
na condição de presidente de honra da IMMB e coordenando a
segunda etapa da construção do Solo Sagrado de Guarapiranga. O
restante do seu tempo divide entre o Japão e os demais oitenta países
nos quais a IMM está presente. Portanto, sua experiência como
cidadão do mundo é motivo de grande expectativa na condução de
uma Igreja Messiânica cada vez mais mundializada. (RAFFO, 2010,
p.121-122)

27
Conforme Tomita (2014): A partir de 1984, iniciou-se no Japão um conflito interno na IMM que culminaria com
a divisão da organização em três grupos denominados Saiken, Shinsei e Goji. Este conflito apresentou reflexos
no Brasil, sobretudo, levando à criação a MOA Internacional por parte do grupo Saiken. (TOMITA, 2014, p.80).
94
1.2. HISTÓRIA DA IGREJA DO BRASIL

O trabalho de Raffo (2010) registra que a difusão só começa oficialmente no

Brasil em 1955:

A chegada do ministro integrante Nobuhiko Shoda (26 anos


de idade) e de seu assistente, Minoru Nakahashi (19), em 9 de agosto
de 1955, é considerada a data oficial do início do trabalho de difusão
em solo nacional. (RAFFO, 2010, p.109)

Registra, contudo, a história de Teruko Sato que chegou ao Brasil, no estado do


Amazonas, em 1954, tendo 18 anos, e tendo o desejo de realizar difusão. Segundo a
autora sua trajetória é digna de registro e divulgação28.
No trabalho de pesquisa de Raffo (2010) observamos o registro histórico dos
primeiros missionários da difusão no Brasil. Entre eles: Ken'ichi Kato, membro da
Igreja Daijo do Japão, que 1959 solicita ao seu responsável no Japão que envie
missionários para o trabalho que vinha realizando em São Bernardo do Campo - São
Paulo (vieram Kazuro Hosono (mar/1959), Morihiro Hirata (nov/1960) e Katsumi
Yamamoto (nov/1961) e em 1962 da Igreja Daijo, vieram ainda Isao Yokoyama e
Sayohiko Asami.
Raffo aponta outras Igrejas da IMM do Japão que enviaram missionários nessa
primeira fase:
Paralelamente à Igreja Daijo, as igrejas da IMM do Japão que
mais investiram nessa primeira fase da difusão no Brasil foram: a
Igreja Seiko, que enviou Shoda e Nakahashi (ago/1955) e Kanbe e M.
Nakahashi (jul/1962); a Igreja Zuiun, que encaminhou Teruko Sato
(nov/1954) e Kunji Okada (set/1962); e a Igreja Kiko, que mandou
Katsumi Morimoto [sobrenome de casado, Kogure] (jan/1958),
Hitoshi Nishikawa e Mitsuhiro Omae (jul/1962). (RAFFO, 2010,
p.116)

Nesse período a Sede Geral não dava suporte aos missionários, que vinham para
o Brasil ancorados por seus antigos orientadores. Desse modo não havia ainda uma

28
Ver também trabalho de: TOMITA, Andréa Gomes Santiago. Recomposições identitárias na integração
religiosa e cultural da Igreja Messiânica no Brasil. São Bernardo do Campo, SP, 2009. 319p. Tese (Doutorado
em Ciências da Religião – Teologia e História). São Bernardo do Campo, Universidade Metodista de São Paulo,
2009.

95
diretriz que guiasse a todos. (Raffo, 2010). Em 1961, na inauguração do novo Templo
Messiânico no Japão, conforme a autora, os ministros e missionários Shoda,
Nakahashi e Hosono vão representando o Brasil. Nesse momento, os três ministros
apresentam seus relatórios e informam a necessidade de criar um sistema com uma
sede para unificar a difusão no Brasil. Até esse momento, ressalta a autora, a difusão
no Brasil não tinha o devido reconhecimento nem ajuda financeira.

Em 10 de julho de 1962, chega ao Brasil o primeiro grupo de


missionários preparados e enviados pela Sede Geral. Dentre os oito
jovens que vieram, estava Tetsuo Watanabe, presidente mundial da
IMM desde 2000. Posteriormente, será comentado mais a seu
respeito.
Em 1964, é efetivado o registro como pessoa jurídica da Igreja
Messiânica Mundial – Sede Central do Brasil e, em 1965, foi fundada,
de fato, a Sede Central da IMM no Brasil com a presença do
presidente mundial da Igreja, Masakazu Fujieda, que participou da
cerimônia como representante da Líder Espiritual da IMM, Itsuki
Okada, sua esposa. A cerimônia contou com a participação de mais
de 18 mil pessoas. Ainda nesse ano, começa a ser editado o primeiro
periódico em língua portuguesa. (RAFFO, 2010, p. 119)

Gonçalves (2008) fala dos primeiros missionários da Igreja Messiânica no


Brasil e aponta o trabalho do Reverendíssimo Watanabe como momento de mudança
no foco de atuação da Igreja:

No Brasil, a religião de Mokiti Okada foi introduzida em 1955


através do trabalho dos missionários Minoru Nakahashi e Nobushiko
Shoda. De 1955 a 1965, a expansão ficou restrita a comunidades de
descendentes de japoneses, apresentando, portanto, a característica
de religião étnica. A partir de 1965, com a vinda do reverendo Tetsuo
Watanabe a expansão adquiriu outra natureza, passando a ocorrer
de modo vigoroso entre brasileiros sem origens japonesas. Mais
tarde, Tetsuo Watanabe veio a se tornar presidente da Igreja
Messiânica Mundial do Brasil (I.M.M.B.) (GONÇALVES, 2008, s/p.)29

Em 1969, foi inaugurado o edifício da Sede Central. Por outro lado, no Japão,
na Sede Geral, estabelecia-se o sistema administrativo que buscava a unificação da
Igreja – centralização do poder (Kyodan Ichigenka). O descontentamento de algumas
igrejas da IMM no Japão conduziu a dissidência.

29
Revista eletrônica disponível em: http://www.pucsp.br/revistanures Revista Núcleo de Estudos Religião e
Sociedade. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 1981.Acesso em 20/08/2015.
96
Uma delas foi a Igreja Seiko, igreja de origem de alguns membros da diretoria
da Igreja no Brasil. Entre eles, o Presidente. Temendo pela estabilidade da Igreja no
Brasil, a Sede Geral chamou-o de volta ao Japão. Entretanto, outros dois diretores
acabaram deixando a Sede Central do Brasil e fundaram suas Igrejas. Fato que não
chegou a desestabilizar a IMM no Brasil. (Raffo, 2010).

Sobre esta questão Tomita (2009) explica que:

Na IMM do Japão, a década de 19(70) é marcada por uma


sucessão de dissidências de igrejas motivada pela rejeição ao Sistema
de Unificação das Igrejas (ichigenka), consolidado em 1972 sob a
liderança do então presidente da IMM ― Teruaki Kawai. (TOMITA,
2009, p.72)

A autora esclarece ainda os reflexos desse movimento na Igreja do Brasil:

Os reflexos da ichigenka, em âmbito brasileiro, decorreram,


sobretudo, da separação da Igreja Seiko no Japão. Shoda e
Nakahashi tinham sido enviados ao Brasil, por iniciativa de Ichiro
Nakamura, líder da Igreja Seiko, desligada da Sede Geral em 1970.
No mesmo ano, Shoda, que ocupava o cargo de responsável da IMMB,
foi chamado de volta ao Japão e passou a atuar como ministro
responsável da IMM na região de Saitama. No entanto, Nakahashi,
que era o vice responsável, não voltou definitivamente ao Japão.
Como havia sido designado para traduzir o livro Homem – ser
religioso, de autoria do então presidente Teruaki Kawai, acabou
permanecendo no Brasil e vive em São Paulo até os dias atuais. Em
dezembro de 1972, se desligou da IMM e fundou uma vertente da
religião messiânica conhecida como Templo Luz do Oriente.
(TOMITA, 2009, p.72-73)

Conforme Tomita (2009) em 1976 iniciaram-se as atividades de reunião do lar


com o objetivo de expansão da fé messiânica. Ainda nesse ano, foi instituído o CENDAL
(Centro de Difusão da IMM para a América Latina), cujo presidente nomeado foi
Morihiro Hirata. Assumiram como responsável da difusão da IMMB, Tetsuo
Watanabe, e vice responsável, Katsumi Yamamoto.
Tomita entende que com a criação do CENDAL (Centro de Difusão da IMM para
a América Latina), a Sede Geral pretendia fortalecer a subordinação da igreja
brasileira, contudo, o efeito foi contrário:

Em 1981, consolidou-se a autonomia da Sede Central do

97
Brasil perante a Sede Geral, e o cargo de responsável da difusão
passou a ser denominado de “Presidente da Sede Central”. […] No
mesmo ano, iniciou-se a construção da Igreja Regional em Minas
Gerais. Em 1982 e 1985, foram inaugurados os prédios que
abrigariam as sedes da IRESP e IRERJ, respectivamente. (TOMITA,
2009, p.73)

Masako Watanabe (Apud Raffo, 2010)30 indica uma periodização na história


da IMM no Brasil com cinco grandes fases:

1) Difusão pioneira desenvolvida por unidades religiosas


(igrejas) do Japão (1955-1961);
2) Estabelecimento de uma sede e criação de igrejas,
unidades-base da difusão (1962-1975);
3) Autonomia da sede brasileira (1976-1984);
4) Construção do Solo Sagrado e consolidação do sistema de
formação (1985-1994), e
5) Esforços para uma reestruturação interna após a
inauguração do Solo Sagrado (a partir de 1995 até os dias atuais).
(RAFFO, 2010, p. 102-103)

Sobre este aspecto, Tomita (2014) afirma que propõe uma divisão semelhante a
de Masako Watanabe, com uma diferença nos anos e focada no processo de integração
cultural da IMM no Brasil:
1) Difusão pioneira multifacetária (1954-1964);
2) Instituição legal da Sede Central e abertura de frentes de
expansão em território nacional (1964 – 1975);
3) Diversificação das atividades da IMMB (1976-1984);
4) Construção e inauguração do Solo Sagrado do Brasil / Pós-
construção (1985-2000)
5) Implantação do sistema de Johrei Center e Centralização
no Trono de Kyoshu (4° Líder Espiritual) – (a partir de 2000
até os dias atuais) [grifo nosso] (TOMITA, 2014, p.55)

Nos dois quadros observamos que à medida que as autoras explicitam os fatos
que as fases ou recortes históricos, a figura do Reverendíssimo Watanabe vai se
destacando, seja pela forma como empreendeu a difusão, de modo diferenciado, com
foco nos brasileiros e não apenas nos Nikkei31, na construção do Solo Sagrado, nas

30
WATANABE, M. ―Sekai Kyusei Kyo Jyorei no Kiseki to Ikusei Shisutemuǁ [IMM – Os milagres do Johrei e
o Sistema de Formação]. In: Burajiru nikkei Shinshukyo no Tenkai: Ibunka Fukyo no Wadai to Jissen
(Developmental Processes of Japanese New Religions in Brazil:Tasks and Achievements of Missionary Work in
Brazilian Culture). Tokyo:Toshindo, 2001.
31
Nome dado aos descendestes de japoneses nascidos fora do Japão.
98
visitas da Terceira Líder Espiritual. Tomita (2014) atenta para a Reforma do Sistema
de Expansão, em 2000, baseada no Johrei Center, criando assim, para a autora, duas
frentes distintas: uma religiosa (interna) e uma ultrarreligiosa (externa), formada esta
última por segmentos de áreas de interesse: arte, cultura, educação, meio ambiente.
(TOMITA, 2014(a)).

99
CAPÍTULO 2

2.0. O TRONO DE KYOSHU

Conforme Raffo a palavra Kyoshu em japonês significa ‘Senhor dos


Ensinamentos’; ‘Líder central da Igreja’; Sama é uma forma de tratamento respeitoso.
Já o Trono de Kyoshu “significa o ‘lugar’ em que o Líder Espiritual da IMM toma
assento”:

Não se trata do espaço físico, mas sim, de posição espiritual.


É o nível mais elevado dentro da hierarquia messiânica. Ocupá-lo
significa representar Meishu-Sama vivo na Terra e servir
como elo entre Deus e os fiéis. O Kyoshu representa Deus e
Meishu-Sama perante os fiéis e estes perante Deus e Meishu-Sama.
[grifo nosso] (RAFFO, 2014, apostila, p.7)

A expressão Trono de Kyoshu só aparece após a investidura de Nidai-Sama, a


Segunda Líder da IMM. A posição ou status de Kyoshu foi estabelecido em fevereiro
de 1950, quando as Igrejas Kannon do Japão e Miroku do Japão foram dissolvidas e
unificadas, passando a constituir a Igreja Messiânica Mundial. Até essa data, o
Fundador não estava posicionado juridicamente à frente da Igreja – afinal, havia várias
Igrejas, cada uma com seu representante jurídico, e Meishu-Sama os orientava a todos:
era chamado Daí Sensei – Grande Mestre. Raffo (2010) explica que:

(…) ao instituir a IMM, Meishu-Sama assume, do ponto de


vista jurídico, a posição do responsável, de representante principal
da igreja e do ponto de vista religioso, o papel de Líder Espiritual de
uma instituição que, a partir daquele momento, seguindo a
Providência Divina, dava início a uma nova fase do Plano de Deus
para a salvação da humanidade. (RAFFO, 2014, p. 08)

Raffo entende que a expressão Trono de Kyoshu é uma síntese do que Meishu-
Sama ensina sobre Ordem dentro da Religião. Numa analogia Meishu-Sama compara
a Igreja (IMM) a uma árvore:

100
Entre as pessoas da Igreja Messiânica Mundial eu sou a raiz e
as pessoas da diretoria seriam mais para os galhos; o tronco ainda
não posso dizer quem é. Com os grandes galhos sendo salvos é que
os galhos pequenos vão sendo salvos. Tentar salvar as folhas
deixando-os de lado está em ordem errada e por isso elas não são
salvas. (Shinkan – Eu sou a raiz). [grifo nosso] (OKADA Apud
RAFFO, 2014, p. 09).

O Trono de Kyoshu é a posição mais elevada na hierarquia da IMM. A autora


registra que Meishu-Sama respondeu a um jornalista que lhe questionou sobre a razão
de ter se tornado Kyoshu que Isto significa que cheguei até o ponto de me manifestar
como representante (daikosha) de Deus. E continua explicando que o motivo de Deus
precisar de um representante está expresso em um poema do próprio Meishu-Sama:
Embora a salvação da humanidade seja obra Sua, Deus a realiza através do homem.
(PNCD, p.40). (RAFFO, 2014, p.09).
A segunda Líder – Nidai-Sama se empenhou no estabelecimento da
centralização da Igreja no Trono de Kyoshu. Sobre esta questão e outras realizações de
Nidai-Sama, Raffo (2014) indica a leitura da série Cinquentenário da ascensão de
Nidai-Sama, publicado no Brasil na Revista Izunome, 2012. (RAFFO, 2014).
A respeito do Estudo dos Ensinamentos, publicado no volume Prática da Fé, da
coletânea A Fonte da Sabedoria, encontramos a orientação de Nidai-Sama:

É desnecessário dizer, a essa altura, que os inúmeros


Ensinamentos que Meishu-Sama nos deixou são a Verdade
máxima. Transpondo o passado e o presente, eles sobreviverão por
toda eternidade, tornando-se os alicerces para a construção do
Paraíso Terrestre. [...] Portanto, estudar os Ensinamentos,
obviamente, é um ponto importantíssimo na elevação da nossa fé.
Porém, os membros da nossa Igreja devem estar atentos ao seguinte
aspecto: não se esquecerem de quem é a ‘autoridade eclesiástica’,
expressão que não deve ser usada indiscriminadamente. [...]
Gostaria que os diretores, chefes de Igreja, enfim, que todas
as pessoas que ocupam funções importantes em nossa
Igreja realizassem seus estudos tendo gravado no coração
quem é a autoridade eclesiástica. Referi-me especialmente a este
assunto por compreender que se trata de um ponto muito importante
para o fortalecimento da nossa Igreja. [...] Em japonês, o termo
‘Kyoshu’(Líder Espiritual), literalmente significa ‘Senhor dos
Ensinamentos’. Meishu-Sama foi o Fundador e o Líder Espiritual de
nossa Igreja. O Líder Espiritual de cada época é o supremo
orientador e responsável da doutrina, ou seja, da
interpretação, compilação, unificação ou explicação minuciosa de
qualquer texto original. [...] Podemos dizer que esta é uma
atribuição oficialmente delegada pela Vontade Divina. Após
sua ascensão, Meishu-Sama passou a desenvolver a obra de

101
construção do Paraíso Terrestre, seu grande desejo, por intermédio
da atual Líder Espiritual da Igreja Messiânica. A vontade de
Meishu-Sama se reflete em mim e os pontos fundamentais
sobre a doutrina são orientados através da minha pessoa.
[...] Assim, gostaria que, ao se dedicarem aos estudos dos
Ensinamentos, como fiéis da Igreja Messiânica, estivessem sempre
conscientes de que o estão fazendo sob a autoridade da Líder
Espiritual. [grifos nossos] (NIDAI-SAMA, 2002, p. 43-44)

Nidai-Sama nos chama atenção ao fato de que o Líder Espiritual de cada época
é quem pode, sob orientação Divina, interpretar, compilar, unificar ou explicar os
textos originais dos Ensinados, dos quais, como seu título diz, é ‘Senhor’. Se
entendermos que a expressão Verdade máxima, utilizada por Nidai-Sama, ao falar
dos ensinamentos do Fundador, expressam a vontade Divina, e guia a Igreja como um
todo, podemos inferir que se trata de uma verdade teológica da Igreja Messiânica,
portanto, dogmática. Dessa forma, poderíamos também entender que o Líder
Espiritual é quem tem autoridade para movimentar, se e quando necessário os dogmas
da Igreja. Kyoshu-Sama - corpo material - está atualizando’ no mundo (material)
aquilo que é eterno no mundo espiritual - Transpondo o passado e o presente, eles
(ensinamentos) sobreviverão por toda eternidade, diz Nidai-Sama como citamos
acima, e Kyoshu-Sama é ‘Senhor’ destes Ensinamentos.
Nesse sentido, Raffo (2010) atenta para o fato de que a Igreja não pode incorrer
no risco de se tornar anacrônica, conforme Ensinamento Religião Progressita32
(2007b) de Meishu-Sama no qual esclarece que se a religião não acompanhar a marcha
do tempo, poderá tornar-se anacrônica. Por outro lado, se cada ministro ou fiel buscar
atualizar os Ensinamentos a seu modo, tocado por seu lugar social-histórico,
certamente surgiriam diversas interpretações. Por isso a importância de um Líder que
oriente a congregação, evitando segregações ou enfraquecimentos.33

32
Este Ensinamento pode ser consultado na Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 2, 5a. Ed.. São Paulo: FMO, 2007.
33
Para melhor compreender a questão do estudo dos Ensinamentos de Meishu-Sama, ler O Ensinamento e sua
leitura, in.: COMISSÃO EDITORIAL DA IMMB (coord.) Coletânea A Fonte da Sabedoria. 1a. Ed.. São Paulo:
FMO, 2002, p.45-62.
102
2.1. TRANSIÇÕES NO TRONO

O Fundador da IMM – Meishu-Sama – foi o primeiro Kyoshu-Sama. Contudo,


como observamos em Raffo (2014) a expressão Trono de Kyoshu só surge após a
investidura de Nidai-Sama, segunda Líder Espiritual, 2a Kyoshu. No trono, os líderes
são chamados de Kyoshu-Sama, quando deixam o Trono, passam a usar o nome
formado pelo numeral mais o sufixo ‘Sama’: Nidai-Sama – segunda Líder; Sandai-
Sama – Terceira Líder, assim por diante.34 O primeiro Líder constitui uma exceção,
pois foi chamado Meishu-Sama – Senhor da Luz. 35
A transição do primeiro para segundo Kyoshu deu-se a partir da ascensão do
Fundador, quando sua esposa, Yoshi Okada, assumiu como Segunda Líder. Diante do
altar, Yoshi fez o seguinte juramento:

Na reunião de diretores realizada imediatamente após a


Ascensão de Meishu-Sama, foi decidido, por unanimidade, acolher-
me como Segunda Líder Espiritual, obedecendo à vontade que ele
manifestou antes de ascender. Eu aceitei essa decisão. Assim, darei
continuidade ao plano de construção do Paraíso Terrestre,
empenhando-me no Servir neste Mundo Material. Para isso, peço que
ele me proteja do Mundo Espiritual. (FMO, 2007c, p.253-254)

Em Luz do Oriente (2007) encontramos o registro da fala do Fundador, dirigida


a Yoshi, dias antes de sua ascensão:

Se, por desígnio Divino, eu vier a ascender, estarei


protegendo-a do Mundo Espiritual. Por isso, aqui no Mundo
Material, você deve dedicar-se à sagrada obra de salvação do mundo
— a construção do Paraíso Terrestre.
[…] Em tom bastante comovido, prosseguira: "Eu exigi muito
de você, não foi?" Naquele instante, Yoshi começara a entender que a
rigorosidade com que ele a tratara, era um aprimoramento
necessário ao objetivo que tinha em mente. (FMO, 2007c, p. 254)

A respeito da sucessão de Meishu-Sama, Raffo (2010) esclarece que:

Antes de sua morte, Mokichi Okada não deixou claramente


definido quais deveriam ser os critérios escolhidos para definir seus
sucessores. Às pessoas mais íntimas, teria dado a entender que a

34
O Quarto Líder será chamado ‘Youndai-Sama’.
35
Sobre este tema ver RAFFO (2014).
103
pessoa mais indicada para sucedê-lo seria a esposa. Todavia, isso não
era oficial e, dentre os discípulos mais próximos que ocupavam
posições elevadas na hierarquia, começou a surgir um clima de
tensão acerca de quem seria o próximo Líder Espiritual. Ciente da
gravidade da situação e do perigo que ela representava para o futuro
da Igreja, Yoshi Okada tomou a frente e, num gesto de muita
determinação e coragem, afirmou aos diretores da Igreja que o novo
líder tinha que ser ela.

Conforme Raffo (2014) a decisão de acatar Yoshi como Segunda Líder,


desagradou a muitos, pois não havia nenhuma indicação oficial sobre a sucessão:

Portanto, a decisão de acolher Yoshi, como sucessora,


desagradou alguns, inclusive de alta posição hierárquica dentro da
Igreja. Entre esses, houve ministros que se desligaram da IMM e
fundaram dissidências. Provavelmente, o que mais tenha
desagradado essas pessoas foi a adoção do critério do parentesco e
da consanguinidade para determinação da sucessão do Trono de
Kyoshu. Porém, do ponto de vista dos Ensinamentos de Meishu-Sama,
esse é um critério perfeitamente válido. (RAFFO, 2014, p. 12)

Para Hayashi Nakai36 (Apud Raffo) essa atitude de Yoshi Okada salvou a Igreja
de um colapso, pois, naquele momento, em que todos se sentiam meio órfãos, ela se
posicionou com a firmeza da mãe que sabe o que é melhor para os filhos, conseguindo
mantê-los, quase todos, unidos em torno da causa principal. (RAFFO, 2010, p.70).
A autora acredita que foi com base em Ensinamentos de Meishu-Sama como
Elo Espiritual, A causa das doenças e o pecado, por exemplo, que a direção da IMM
acolheu a família do Fundador como responsável pelos sucessores do Trono de
Kyoshu. (Raffo, 2014). A partir de Nidai-Sama a Igreja dotou o critério de
consanguinidade na sucessão do Trono de Kyoshu.

Raffo (2014) aponta algumas das realizações de Nidai-Sama, destacando:

União da IMM após a ascensão do Fundador; a organização


da Liturgia da IMM; a criação do Sorei-Saishi; a ênfase do Johrei
como oração em ação, e não como terapia, conforme o Ensinamento
‘Mudança no Método do Johrei’(Luz do Oriente, vol.3, p.150); edição
do Alicerce do Paraíso, como compilação dos ensinamentos básicos de

36
Hayashi Nakai serviu diretamente com Meishu-Sama durante os três últimos anos de sua vida e, após sua morte,
continuou servindo junto a Nidai-Sama. Exerceu vários cargos executivos dentro da Igreja, com destaque para a
função de secretário executivo da comissão editorial que elaborou a coletânea Reminiscências sobre Mokichi
Okada e a sua biografia, Luz do Oriente. Foi o diretor geral da Divisão de Administração e vice-presidente da
IMM – Grupo Shinsei. (RAFFO, 2010, p.70).

104
Meishu-Sama; e Orientação sistemática sobre a prática da fé,
direcionando-se aos diferentes públicos: ministros, missionários,
jovens, etc. (RAFFO, 2014, p. 15).

Em 1962, Nidai-Sama ascendeu. Depois de sua ascensão, Itsuki Okada –


Sandai-Sama, assume como a Terceira Líder Espiritual da Igreja. Sobre a Terceira
Líder, Raffo (2014) informa que esta se dedicou a expansão da Difusão Mundial, e
também:

[…] ao fortalecimento das colunas de salvação Belo e


Agricultura Natural;
fundação da academia Kado Sanguetsu, em 1971; construção
do Museu de Arte de Atami, em 1982; abertura de polos de
desenvolvimento da Agricultura Natural; Viagens missionárias ao
Brasil, foram 4 (1974, 1977, 1985 e 1998); Autorização para construir
o primeiro Solo Sagrado fora do Japão; Construção do Solo Sagrado
de Kyoto (em andamento);
Aconselhamento do Quarto Líder. (RAFFO, 2014, P. 16)

Foi no período de Kyoshu de Sandai-Sama que a IMM consolidou-se como das


dez maiores NRJ, dentro e fora do Japão. Foi também nesse período que ocorreu o
processo de Unificação da Igreja, que resultou em um grande cisma na IMM que
dividiu a Igreja em três grupos – Saiken (Reconstrução), Shinsei (Renascimento) e Goji
(Preservação) – na década de 1980, que é chamado período de purificação da Igreja.
(RAFFO, 2010).
A sucessão de Sandai-Sama ocorreu de modo diferente: o Trono foi passado ao
Quarto Líder ainda em vida, por abdicação da Terceira Líder. Até então, a posição
ocupada no Trono de Kyoshu foi vitalícia, mas há indícios de que essa ação da Terceira
Líder ocorreu em prol da unificação da Igreja, que vinha passando por purificação a
muito tempo. A transmissão do Trono ocorreu de modo extraoficial em 1992, e
oficialmente em 1998. A Terceira Líder passou a atuar como conselheira do Quarto
Líder e presidente da Fundação Cultural e Artística – MOA.
A Terceira Líder comunicou pessoalmente a transferência do Trono de Kyoshu para o
Quarto Líder no Culto do Início da Primavera, realizado em fevereiro de 1998. Numa
palestra amistosa, Sandai-Sama fala das dificuldades que vinha enfrentando e sobre
seu desejo que o Quarto Líder pudesse dividir com ela a tarefa:

105
Gostaria de dizer que a transferência do Trono de Kyoshu,
ocorrida durante o conflito da Igreja, foi desejada por mim,
respeitando a vontade de Deus. Por outro lado, estou imensamente
feliz por presenciar a posse oficial do Quarto Líder e ouvir suas
palavras de saudação, aqui no Templo Messiânico, diante dos
senhores membros e dos grupos Shinsei e Goji, neste significativo dia
do ano de 1998, que marca a partida rumo à Paz. [...] Durante minha
permanência no Trono de Kyoshu, dentro da Obra Divina que se
tornava cada vez mais complexa, desejei que a sucessão acontecesse
o quanto antes, para que o então indicado a sucessor do Trono de
Kyoshu, pudesse assumir e dividir a árdua tarefa comigo. Então, por
ocasião do reinício das atividades da Obra Divina no Solo Sagrado de
Hakone, esse fato foi concretizado inesperadamente. Hoje, cinco anos
mais tarde, o Quarto Líder Espiritual assume oficialmente sua
posição, em sentimento uno com a Terceira Líder. Quando penso em
todo o processo para chegarmos até aqui, emociono-me
profundamente com o misterioso Plano Divino. [...] Assim, o Trono de
Kyoshu estará sempre repleto com a Luz de Izunome de Meishu-Sama
– o Senhor da salvação absoluta – e será o novo símbolo da Igreja
reconciliada, voltada para o século 21, trilhando o caminho para se
tornar cada vez mais abrangente, poderosa e sólida. Nem preciso
dizer que esta purificação foi proteção divina, a Vontade de Deus, em
função da qual, os membros, os ministros e a diretoria dos três
grupos, cada um com sua opinião, dedicaram-se diligentemente,
alcançando grandes resultados, através da prática da fé que
reconhece a divindade de Meishu-Sama. Agradeço a Deus, do fundo
do meu coração. (RAFFO, 2014, p.16-17)

A Terceira Líder fala de como desejava a transição e de como confia no Quarto


Líder para continuar seu trabalho no Trono de Kyoshu. E relaciona o início do
Kyoshunato do Quarto Líder com o início de um caminho trilhado pela Igreja
Unificada. A Terceira Líder relembra o fato de já ter anunciado essa unificação no
Trono de Kyoshu, doze anos antes, na época do Cinquentenário de Fundação da Igreja,
e que, ela não se concretizou. A Igreja passou antes por uma longa purificação:

Decorrido um longo período de purificação, estabeleceu-se,


neste Risshun (dia do início da Primavera), o Trono de Kyoshu, que
tem a Terceira e o Quarto Líder juntos. É impossível achar que isso é
obra humana. Graças à Providência Divina, concretizou-se, hoje, o
Trono de Kyoshu muito mais forte do que imaginei. (RAFFO, 2014,
p.17)

A Terceira Líder falou ainda das qualidades de Kyoshu, relembrando as palavras

de Nidai-Sama:

106
[…] Nidai-Sama disse: Kyoshu é o sucessor de Meishu-Sama
no trabalho da Obra Divina e ao mesmo tempo, Seu servo. Isso quer
dizer que ele é servo dos fiéis. Segundo ela, a maior qualidade de
Meishu-Sama era Sua capacidade de acreditar nas pessoas, ninguém
jamais acreditou tão desmedidamente no ser humano. Ele chegava a
parecer tolo, de tão crédulo. Era realmente espantoso como ouvia
atentamente o que as pessoas lhe diziam. Acreditava docilmente na
Vontade de Deus e se alegrava. (RAFFO, 2014, p.18)

E continua a Terceira Líder:

Há tempos, que percebi que acreditar e ser dócil são duas


características inerentes ao Quarto Líder Espiritual. Por isso, peço-
lhes, do fundo do meu coração, que fiquem tranquilos e o recebam
com alegria, tratando-o com o mesmo sentimento com que sempre
trataram a Terceira Líder e que, juntos, conduzamo-lo ao Trono da
Sagrada Obra, repleto de força das trilogias Verdade-Bem-Belo e
Saúde-Prosperidade-Paz. (RAFFO, 2014, p.18)

Ainda tratando das características do Quarto Líder, Raffo (2014) diz que ao
buscar conhecer um autor para realizar a tradução de um texto, também ocorre uma
aproximação com o mesmo. A autora esclarece que participa como tradutora, do
processo de transposição das palavras de Kyoshu-Sama do idioma japonês para o
português. E fala sobre o autor, a partir de seus textos:

Observando a linguagem e o discurso utilizados por Kyoshu-


Sama, é possível afirmar que ele é uma pessoa extremamente
generosa, polida e humilde. É um inspirado, um profundo conhecedor
da natureza humana e dono de imensa compreensão e sabedoria
divinas. (RAFFO, 2014, p. 09)

Sobre as orientações de Kyoshu-Sama, a autora entende que, consideradas as


limitações do trabalho que desenvolve, poderia descrever o empenho do Quarto Líder
como:

(…) voltado para a promoção de uma mudança completa do


nosso padrão de pensamento, do nosso sonen, a fim de que nos
tornemos aptos a viver a Era do Dia e cumprir nossa missão como
seres humanos. Para isto, Kyoshu-Sama vem enfatizando e
interpretando os Ensinamentos de Meishu-Sama relativos à nossa
origem, essência, missão e razão de ser, de modo que possamos
apreendê-los com mais clareza. (RAFFO, 2014, p. 09)

107
Ao assumir o Trono de Kyoshu, o Quarto Líder tinha um grande desafio pela
frente - (re)unificar a Igreja, centralizando-a no Trono:

O Quarto Líder Espiritual tomou assento ao Trono de Kyoshu


em 4 de fevereiro de 1998. Seu principal desafio seria promover a
reconciliação dos três grupos cindidos na década anterior. Em 2000,
foi instituído um novo sistema centralizado numa Igreja-Mãe, a Sekai
Kyusei Kyo, que possui igrejas-filiais. Assim, os grupos Saiken,
Shinsei e Goji passaram a ser denominados Igreja Luz do Oriente
(Toho-no-Hikari Kyodan), Igreja Izunome (Izunome Kyodan) e
Igreja Luz Primordial (Su-no-Hikari Kyodan), respectivamente; e
representantes das três igrejas assinaram um acordo de
reconciliação, por meio do qual firmaram o compromisso de
trabalharem em conjunto, para que, visando à verdadeira unificação
da IMM, consigam superar as diferenças de opinião concernentes aos
aspectos doutrinários, organizacionais e de difusão. (RAFFO, 2010,
P. 71-72).

Raffo (2010) aponta o intercâmbio entre os fiéis das três igrejas, em eventos e
outras atividades como resultado desse empenho do Quarto Líder – Kyoshu-Sama.

2.2. O TRONO DE KYOSHU ENTRE CONFLITOS E UNIFICAÇÕES

A centralização da Igreja no Trono de Kyoshu gerou insatisfações e divisões


em seu interior. Conforme Tomita (2009) a década de 70 foi marcada por
dissidências, motivadas pela rejeição ao Sistema de Unificação das Igrejas
(ichigenka), que foi consolidado pelo Presidente da IMM – Teruaki Kawai – em
1972. (TOMITA, 2009).
A partir da década de 80, conforme Tomita (2009) ocorreu um conflito
interno na IMM que culminou com a divisão da organização em três grupos
denominados Saiken, Shinsei e Goji. Este conflito apresentou reflexos no Brasil,
sobretudo, levando à criação da MOA Internacional por parte do grupo Saiken.
(TOMITA, 2009, P. 70).

Sobre este período, Raffo (2010) observa que:

108
Durante os trinta e seis anos nos quais a Terceira Líder
estivera à frente da obra divina, a IMM consolidou-se como uma das
dez maiores NRJ, dentro e fora do Japão. Em âmbito nacional,
passou por uma profunda reforma organizacional, que
visou à unificação da Igreja. O novo sistema descontentou a
muitos, gerando uma grande tensão que, além de ter ocasionado
algumas dissidências, culminou em um cisma, que dividiu a Igreja em
três grupos – Saiken (Reconstrução), Shinsei (Renascimento) e Goji
(Preservação) – na década de 1980. [grifo nosso] (RAFFO, 2010, p.71)

Nesse momento de conflitos dentro da IMM, o Reverendíssimo Watanabe


acumulava as funções de vice-presidente da IMM e Presidente da IMMB:

Com o conflito interno da IMM deflagrado no Japão, Tetsuo


Watanabe passa a acumular a função de vice-presidente do grupo
Shinsei no Japão, além da Presidência da IMMB. Em 1985, por
ocasião da visita missionária da 3a Líder Espiritual ao país, a IMMB
recebeu autorização da Sede Geral para construir o primeiro
protótipo do Paraíso fora do Japão. (TOMITA, 2009, p.75)

O ano de 1998 ficaria marcado com a visita missionária da Terceira Líder


Espiritual, que logo em seguida, dois anos, deixaria a função de Líder Espiritual para
o Quarto Líder, Yoichi Okada, neto do Fundador:

Tal encaminhamento teria contribuído para o início do


processo de Reconciliação dos três grupos dissidentes no Japão
(Saiken, Shinsei, Goji), a partir de 2000. Tetsuo Watanabe passou a
acumular o cargo de Presidente Mundial da Igreja Messiânica, no
Japão, que engloba as três igrejas criadas a partir dos grupos citados
anteriormente (Igreja Toho no Hikari; Izunome e Su no Hikari).
(TOMITA, 2009, p.76)

Observa-se que mesmo no momento de crise, em meio a dissidência, o


Reverendíssimo Watanabe consegue conciliar a Presidência da Igreja, comportando os
três grupos, e se reelegendo:

[…] a partir de 1984, iniciou-se no Japão um conflito interno


da IMM decorrente das insatisfações motivadas pela Unificação da
IMM na década anterior, entre outras razões. A IMM ficou dividida
em três grupos denominados Saiken, Shinsei e Goji. Em 2000, firmou-
se um Acordo de Reconciliação que propôs a reunião das três
organizações (agora renomeadas como Igrejas-filiais Toho no
Hikari, Izunome e Su no Hikari) sob o comando de uma Igreja-Mãe,
composta pelo Kyoshu-Sama (4o Líder Espiritual) e um presidente
mundial da IMM (cargo atualmente ocupado pelo Revmo. Tetsuo

109
Watanabe, em seu segundo mandato, eleito em comum acordo pelas
3 igrejas-filiais). (TOMITA, 2014 a, p.82)

Tal fato para sinaliza a força política do Reverendo no interior da IMM. Vale
observar ainda que com o Acordo de Reconciliação firmado na IMM do Japão foram
necessárias mudanças estruturais na Instituição. Tomita (2014) registra que foram
necessárias alterações no estatuto sobre o Trono de Kyoshu. A 3a Líder Espiritual
tornou-se a Presidente Executiva da Fundação Cultural e Artística – MOA, enquanto
seu sobrinho e neto do Fundador assumiu a liderança espiritual da Igreja
Messiânica. (TOMITA, 2014, p.82).
Observa ainda que o Quarto Líder desde que assumiu o Trono tem participado
em cultos oficiais com maior frequência que a Terceira Líder que optara por ficar
reservada durante os conflitos entre os três grupos divergentes. E ainda que: Desde que
assumiu o Trono de Kyoshu, o 4o Líder Espiritual tem proferido saudações que são
traduzidas para o português e publicadas em periódicos e livretos da IMMB.
(TOMITA, 2014, p. 82)

Podemos considerar que embora a reconciliação tenha ocorrido somente nos


anos 2000, a Igreja Brasileira, com a liderança do Reverendo Watanabe agia em
conformidade com a autoridade eclesiástica de Kyoshu-Sama (então Terceira Líder),
de tal modo que ocorrem as visitas da Terceira Líder ao Brasil na década de 90. Isso
demonstra a proximidade do Rev. Watanabe com o Trono de Kyoshu, ou seja, com sua
representante oficial. E ainda, quando Terceira e Quarto Líder passam a atuar em
consonância percebe-se o empenho do Reverendo Watanabe em colaborar para a
estabilização e o progresso da IMM.

2.2.1. A TESE DA FUNÇÃO SIMBÓLICA DO TRONO DE KYOSHU

Contudo, com o cisma da Igreja, abriu-se também essa prerrogativa de


questionar a posição do Líder Espiritual. Dadas as questões internas surgidas na IMM,
a posição de Kyoshu-Sama parece ter ficado por longo período em questionamento.

110
Em visita ao Brasil, em palestra proferida no Solo Sagrado, Guarapiranga - Brasil, a
Terceira Líder Espiritual proferiu as seguintes palavras:

Este ano corresponde ao Cinquentenário da Fundação da


nossa Igreja; corresponde ainda aos trinta anos da ascensão de
Meishu-Sama e também aos 30 anos desde que foi introduzida a Luz
da Salvação no Brasil. Constitui-se, portanto, para a Igreja, e para os
senhores, um ano de nova partida, e também o início de um novo ciclo.
Vir ao Brasil, na minha terceira viagem missionária, justamente
neste ano de profundo significado, é algo muito especial. Esta é a
primeira vez que venho ao Brasil assumindo a posição central da
Obra Divina – verdadeiramente como Terceira Líder Espiritual. Já
estive aqui por outras duas vezes. Contudo, naquelas ocasiões, eram
viagens missionárias de uma Líder Espiritual simbólica, porque
o poder máximo da Igreja estava centralizado na administração
e não na Líder Espiritual. Limitada era, portanto, a força que
eu podia manifestar. Desta vez é diferente. Ao se aproximar o ano
do Cinquentenário de Fundação, a Igreja recebeu uma grande
purificação, e através dela, foi possível receber a vontade Divina
nos conduzindo à renovação da Fé. O antigo sistema, que era
centralizado na adminsitração é que poderíamos chamar de
“Sistema matéria precede o Espírito”, mudou para um sistema
centralizado na Líder Espiritual, que poderemos chamar de
“Sistema Espírito Precede a Matéria”. Esse novo sistema está
plenamente em concordância com a Ordem Divina e é a questão mais
importante na fé. Logicamente, tudo isso faz parte do Plano de Deus,
mais não deixa também de ser uma exigência do tempo que estamos
vivendo. Por isso, esta viagem missionária é toda alicerçada na
alegria de ter recebido a hora determinada pelos Céus para o
desenvolvimento da Difusão Mundial. Por conseguinte, desejo que
todos os senhores sintam isso do fundo dos seus corações. [grifo
nosso] (FMO, 1985 b)

A Terceira Líder fala claramente de sua posição simbólica no Trono de Kyoshu,


sem autonomia para dirigir a Igreja. Atenta para o fato de que tal posição contraria a
vontade Divina, e relembra o Ensinamento de Meishu-Sama sobre a precedência do
Espírito sobre a Matéria. Declara que a Igreja tem andado em sentido oposto ao que
foi orientado por Meishu-Sama, o Fundador.
Em seguida, a Terceira Líder afirma que a partir desse momento assumirá o seu
lugar na Obra Divina, estando portando em concordância com as Leis Divinas, e desse
modo, ganhando poder para guiar a Igreja:

[...] A Terceira Líder Espiritual da fase Terra agora


assume de direito e de fato o poder central da Obra Divina.
Desejo do fundo da minha alma, que os senhores compreendam e

111
aceitem a maravilha do seu significado, a marcha do ritmo do Dia e
o testemunho do poder de Deus. [grifo do editor] (FMO, 1985 b)

Mais tarde, depois da grande purificação da Igreja, já na década de 90, a


Terceira Líder fala dessa ocasião em que anunciou a segunda Fundação da Obra Divina
e diz que, certamente, a obra não foi concluída nesta primeira fase por conta da
Vontade Divina. No momento em que a Terceira Líder anuncia a abdicação em favor
de Yoichi Okada, neto de Meishu-Sama, cria um fato novo na História da IMM – a
presença de dois Kyoshu’s no Trono ao mesmo tempo.
Durante a visita da Terceira Líder ao Brasil, o então Presidente Yassushi
Matsumoto discorre sobre o significado da palestra proferida pela Kyoshu-Sama
naquele momento:

Vivemos numa época de grandes mudanças no Mundo


Espiritual – a fase de Transição da Era da Noite para a Era do Dia.
[...]
[...] No início do ano Kyoshu-Sama declarou que o
cinquentenário da nossa Igreja marca, também, a sua segunda
instituição. Segundo suas orientações “segunda instituição’ significa
o retorno ao ponto inicial, objetivando o desenvolvimento que nos
possibilite atingir um novo estágio com ritmo mais intenso de
frutificação. Aprendendo profundamente a Vontade Divina, Kyoshu-
Sama lançou a Diretriz para o estabelecimento do sistema da Obra
Divina, centralizado na Líder Espiritual, nos incentivando à criação
de uma Igreja Renovada.
Essa Diretriz, transformando totalmente o mundo Espiritual
da Igreja, vem se constituindo na base da nossa caminhada rumo à
renovação. (FMO, 1985a).

No trecho seguinte de sua fala, Matsumoto trata da analogia que Meishu-Sama


fez da Igreja comparada a uma árvore, e esclarece a posição de Kyoshu-Sama, de sua
ligação com o Fundador:

Comparando a nossa Igreja a uma árvore, Meishu-Sama é a


raiz e Kyoshu-Sama é o Tronco. Somente quando acreditamos nessa
unidade em nosso Mestre e a Líder Espiritual nos transformamos em
fiéis que atuam como seus instrumentos no servir, é que se manifesta
a união direta entre Meishu-Sama, Kyoshu-Sama e os membros,
numa linha vertical. Acredito que é a partir desse momento que
podemos receber a Luz de forma magnífica, uma magnitude que nem
sequer conseguimos imaginar.
Os antepassados dos senhores estão aguardando
ansiosamente a salvação de seus descendentes. Juntamente com seus
ancestrais, gostaria que os senhores adquirissem uma fé que lhes

112
permitisse entregar-se inteiramente a Meishu-Sama e Kyoshu-Sama,
e com essa nova postura, ao término desse congresso, retornassem
aos seus lares. [...] “MEISHU-SAMA, KYOSHU-SAMA, POR FAVOR,
UTILIZA-ME NA VOSSA OBRA DIVINA!” Procurem orar repetidas
vezes murmurando essas palavras. Assim, a figura de Kyoshu-Sama
que está diretamente ligada a Meishu-Sama, se abrigará firmemente
no pensamento e no coração de todos os senhores. (FMO, 1985 a).

Ao incentivar os fiéis a buscar ajustar-se à vontade Meishu-Sama, o Presidente


os convide a aceitar a posição de Kyoshu-Sama como liderança espiritual da Igreja.
Fica claro o empenho de dedicar a Kyoshu-Sama o respeito devido ao seu lugar de
liderança da Igreja. Apresenta-se então uma divergência no interior da IMM: uma
questão teológica de liderança na Igreja colocada em xeque pelo status quo da
liderança administrativa.

2.2.2. A TESE DA AUTORIDADE ECLESIÁSTICA E INSTITUCIONAL DO TRONO DE

KYOSHU

Considerando os questionamentos apontados sobre a autoridade e a posição


hierárquica do Trono de Kyoshu na IMM, buscamos examinar a tese de que o ‘Trono
de Kyoshu’ tem autoridade eclesiástica e Institucional inquestionável.
Nesse sentido, o Jornal Messiânico, 1987, em entrevista ao então Presidente da
IMM Reverendo Katsumi Yamamoto, pergunta-lhe como compreender a Segunda
Instituição da Igreja, tanto em nível mundial quanto do Brasil, ao que o Reverendo
responde:

Nós compreendemos a Segunda Instituição da Igreja, tanto a


nível (sic) mundial como no caso específico do Brasil, como a
reconfirmação daquilo que nos foi ensinado por Meishu-Sama como
o verdadeiro caminho que possibilitará a concretização do Paraíso
Terrestre. Esse caminho unificado, em orno do qual todos os
messiânicos estão agora centralizados, foi novamente vivificado pela
nossa Líder Espiritual, ao definir o Trono de Kyoshu como o centro
da Obra Divina no Mundo Material. E sob sua orientação, estamos
desenvolvendo a atividade básica de salvação da nossa Igreja – o
Johrei – centralizado no Trono de Kyoshu. O resultado desse esforço
pode ser avaliado de várias maneiras. (JM, 1987)

113
O Reverendo Yamamoto relata que uma vez centralizados em Kyoshu-Sama os
messiânicos estavam recebendo mais graças e conseguindo encaminhar seus amigos e
parentes com maior facilidade do que antes. Afirma, que na medida em que as pessoas
foram confirmando a Verdade das orientações de Kyoshu-Sama no seu dia-a-dia,
foram renascendo a alegria e a vontade de fazer o melhor.
Yamamoto nessa entrevista também aponta os resultados em nível
administrativo, desse movimento de centralização. Diz o Reverendo:

[...] podemos definir esse fato como a ação conjunta de duas


tendências. A primeira, religiosa, é a grande concentração do
sentimento de todos os messiânicos em torno do Trono de Kyoshu.
Vamos chamar essa tendência de ação centrípeta, de volta ao centro.
E a outra é a ação administrativa que visa levar a todos os lugares
maiores e melhores condições de praticar essa fé centralizada na
Líder Espiritual. Podemos chamar isso de ação centrífuga, que parte
do centro para fora. Em outras palavras, é o Mundo Espiritual e o
Mundo Material funcionando harmonicamente; é mais uma prova de
que a centralização no Trono de Kyoshu é o verdadeiro caminho a
seguir. (JM, 1987).

A orientação sobre a difusão em nível mundial também é apresentada pelo


Reverendo Yamamoto como uma orientação fundamental de Kyoshu-Sama. O
Reverendo afirma:

[...] E com o apoio do Presidente Yassushi Matsumoto e do


Chefe da Secretaria Internacional da Sede Geral, Reverendo Tetsuo
Watanabe, estamos participando diretamente na formação de
homens com visão universal, conforme Meishu-Sama orientou em
Seus Ensinamentos. (...) objetivamos finalmente estruturar uma
teologia capaz de levar a palavra e a Luz de nosso Mestre a todos os
povos, indistintamente. (JM, 1987).

O Reverendo reforça ainda o empenho da Igreja do Brasil em se preparar para


receber a visita da Líder Espiritual em 1991. Declara na entrevista que tem expectativas
positivas dessa visita, considerando que ela trará Luz e felicidade par toda a
comunidade, e que abrirá também oportunidade para que caravanistas venham de
todas os lugares compartilhar desse momento único.
O Presidente Matsumoto, em 1986, na obra O Nosso Empenho na renovação
da Igreja, trata especificamente da questão do Trono de Kyoshu estar sendo colocado
114
em segundo plano, em desacordo com a vontade Divina. Aponta como um erro de falta
de temor a Deus e Kyoshu-Sama. Fala da renovação da Igreja, explicando o que é a
Segunda Instituição, e o que significa a Igreja Renovada.
Matsumoto aponta a purificação como uma lição pelo desrespeito a Kyoshu-
Sama:

Qual foi a lição que aprendemos com a purificação da Igreja?


Que a pessoa que passe a ocupar o cargo de presidente ou de
diretor não deve ter o pensamento de que ‘Kyoshu-Sama deve
permanecer como símbolo’. O erro acontece por falta de temor a Deus,
a Kyoshu-Sama. Em termos religiosos, acredito que seja assim.

Matsumoto deu esse esclarecimento, sobre o posicionamento da Igreja do Brasil


frente a purificação da IMM, numa reunião de membros. O presidente entendia que o
Plano Divino iria se manifestar na Igreja Renovada, aquela que tem Kyoshu-Sama no
centro: até que nasça essa Igreja, Kyoshu-Sama ficará provisoriamente ‘na barriga’.
Depois, com as contrações, surgirá uma Kyoshu-Sama que se posicionará no centro
da nova Igreja. (FMO, 1988, p. 09).

Em 2000, foi instituído um novo sistema centralizado numa


Igreja-Mãe, a Sekai Kyusei Kyo, que possui igrejas-filiais. Assim, os
grupos Saiken, Shinsei e Goji passaram a ser denominados Igreja Luz
do Oriente (Toho-no-Hikari Kyodan), Igreja Izunome (Izunome
Kyodan) e Igreja Luz Primordial (Su-no-Hikari Kyodan),
respectivamente; e representantes três igrejas assinaram um acordo
de reconciliação, por meio do qual firmaram o compromisso de
trabalharem em conjunto, para que, visando à verdadeira
unificação da IMM, consigam superar as diferenças de opinião
concernentes aos aspectos doutrinários, organizacionais e de
difusão. (RAFFO, 2010, p. 71-72)

Tal proposta torna-se viável na medida em que o poder de dirigir a Igreja esteja
centralizado em Kyoshu-Sama, como Senhor dos Ensinamentos, como orientou
Nidai-Sama; sendo ele o representante de Meishu-Sama no mundo Material, e
reconhecido como elo (ligação) entre Meishu-Sama e os fiéis, e vice-versa. De outro
modo, sem um Líder que represente a autoridade Espiritual e que possa manejar em
conformidade com essa autonomia as orientações pragmáticas da Igreja, e orientar a
interpretação e atualização da leitura dos Ensinamentos, deixados por Meishu-Sama,
fatalmente, surgirão novas divergências.
115
Raffo (2010) observa ainda que o Líder tem utilizado estratégias para alcançar
este objetivo, de aprofundar e estabilizar a unidade da IMM:

Para conseguir tal objetivo, o Quarto Líder Espiritual vem orientando


espiritualmente os líderes e membros das três igrejas e os resultados já
começam a aparecer. Um exemplo é o intercâmbio que vem ocorrendo
entre os fiéis das três igrejas por meio da participação em eventos e
atividades realizadas em conjunto. Portanto, é grande a expectativa em
relação à continuidade do trabalho que vem sido desenvolvido pelo
Quarto Líder, Kyoshu-Sama. (RAFFO, 2010, p.71-72).

Vale ressaltar ainda uma vez a presença do Reverendíssimo Watanabe na


Presidência da Igreja, reconciliada, agora com as três filiais renomeadas como Toho no
Hikari, Izunome e Su no Hikari.
De acordo com o Quarto Líder a participação do Reverendo Tetsuo Watanabe
junto com Sandai-Sama foi fundamental para que a Igreja do Japão não desmoronasse
e uma Igreja Renovada pudesse surgir.37

3.1 A TRANSIÇÃO PARA UMA NOVA IGREJA UNIFICADA EM KYOSHU-SAMA NA

IGREJA BRASILEIRA: ANÁLISE CRÍTICA E PERSPECTIVAS

A transição é um processo organizacional, da instituição IMM, mas também um


evento de cunho espiritual, ontológico.
A transição tem, portanto, natureza plural e complexa. É um evento teológico
que ocorre no ‘kairos’, no tempo de Deus, de Ordem Divina, Espiritual. A Terceira
Líder ao abdicar em favor de Yoichi Okada, Quarto Líder, afirmou que tratava-se de
um plano Divino, e não humano: É impossível achar que esse fato seja ‘obra humana’.
Graças à Grandiosa Providência Divina, concretizou-se, hoje, o Trono de Kyoshu
muito mais forte do que imaginei. (Sandai-Sama, fevereiro,1998). Entende-se nas
palavras da Líder que se tratava de um plano da espiritualidade, cumprindo o desejo
de Meishu-Sama, que se materializa nessa transição.

37
OKADA, Yoichi. Uma fé inabalável. Revista Izunomê. Nov/2013.
116
Por outro lado, o evento da transição também é político-institucional-social.
Afeta as relações já estabelecidas com a Terceira Líder, como por exemplo, sua ligação
com Reverendíssimo Watanabe, ao mesmo tempo que abre novas possibilidades,
quando observa-se que os três grupos dissidentes resolvem reunir-se sob a orientação
do Quarto Líder. O papel do Reverendíssimo Watanabe neste momento é também
importante – O Reverendo assume a Presidência da Igreja Messiânica Mundial com a
anuência dos grupos dissidentes, que nesse momento se reintegram a Sekay Kyusei
Kyo.
Vale observar que sua trajetória de vida dentro da Instituição desde o início de
sua carreira missionária é notadamente produtiva. A começar por seu modo peculiar
de realizar a difusão no Brasil, buscando alcançar os brasileiros, não nikkeis até seu
empenho no envio de missionários a diversos países, em todo o mundo. Era um
missionário experiente no trabalho de difusão. E nesse momento, oficialmente, ao
assumir a Presidência, assume também a liderança dos grupos que antes eram
dissidentes, e agora, unificados aceitam o Acordo de Reconciliação que propõe a
reunião das três organizações como Igrejas-filiais – renomeadas como Toho no Hikari,
Izunome e Su no Hikari, sob o comando de uma Igreja-Mãe, composta pelo Kyoshu-
Sama (4o Líder Espiritual) e um presidente mundial da IMM - Revmo. Tetsuo
Watanabe, que é reeleito no segundo mandato, em comum acordo pelas 3 igrejas-
filiais.
No tocante ao caráter social/institucional/político é importante observar que é
um evento externo objetivo, ligado à realidade, há (ocorre, existe) no mundo
concretamente. Seus efeitos e feitos podem ser notados: Os grupos dissidentes
retornam e se integram.
Numa interpretação axiológica modifica-se o ‘ethos’ da Igreja. Ora, se a
ontologia muda, podemos conceber que o “ethos” da Igreja também acompanha esta
transformação.

117
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pretendemos no desenvolvimento deste trabalho apresentar na História da


Igreja Messiânica Mundial o processo de unificação da Igreja do Japão no Trono de
Kyoshu, e sua repercussão na identidade da Igreja do Brasil. Investigamos qual teria
sido o papel do Reverendíssimo Tetsuo Watanabe e sua relação com esse processo de
unificação, bem como sua posição frente a Igreja do Brasil.
Para tanto, buscamos analisar obras da historiografia da Igreja, desde as
publicações do Fundador, até as mais recentes como as de Tomita (2009; 2014) e Raffo
(2010), sem pretender exaurir a questão ou realizar um trabalho de recuperação da
trajetória historiográfica em sua íntegra.
Observamos o debate gerado em torno da questão da centralização da Igreja,
sobre o papel de Kyoshu-Sama como figura simbólica ou como autoridade
eclesiástica da Instituição.
Notamos o importante papel desempenhado pelo Reverendíssimo Tetsuo
Watanabe no processo de centralização (reunificação) da Igreja do Japão, seu apoio ao
Trono de Kyoshu e o empenho no diálogo com todas as alas da Igreja do Japão e do
Brasil.
Iniciamos este trabalho falando da vida de Meishu-Sama. Encontramos em
Nidai-Sama o estímulo para observar, e observar de novo os fatos da vida do Mestre:
nosso exemplo, nosso modelo. Desse modo, considerando Meishu-Sama como nosso
modelo de dedicação e determinação para alcançar a felicidade, o status de
Verdadeiros Filhos de Deus, entendemos que cada detalhe é importante, e cada
retorno ao material oferece reflexões que podem trazer iluminação em nosso
cotidiano.
Observar o movimento da Difusão tem o mesmo propósito – observando os
missionários que dedicaram suas vidas a mudar a vida da humanidade, a ensinar o
caminho da felicidade, como o Reverendíssimo Watanabe, por exemplo. Um exemplo,
entre tantos outros, e seguido por tantos outros. Quiçá um movimento infinito de
altruísmo e fé.
Observar o Kyoshu nato vai além do exemplo – busca conhecer a ordem, a
centralidade da IMM e da IMMB na figura de Kyoshu-Sama. Reflete sobre a
mudança institucional filosófica – porque não ontológica da igreja, dada a

111
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

profundidade e extensão das orientações vindas do Trono de Kyoshu, especialmente,


depois da grande Unificação. Os temas da Divindade de Meishu-Sama, da Partícula
Divina, do aprimoramento do Sonen, na era do Dia, na condição Shojo, vertical, do
aperfeiçoamento pessoal e espiritual de cada membro da IMM – incluindo aqui os
membros da IMMB, como filhos de um mesmo corpo, da busca de interiorização dos
ensinamentos de Meishu-Sama, agora traduzidos por seu representante no
Mundo material – no corpo físico da Igreja, visando alcançar a posição de
Verdadeiros Filhos de Deus – como Kyoshu-Sama diz, nos lembrar de nosso Pai.
Nesse caminho, a dedicação e o empenho de Nidai-Sama na organização e
estruturação da IMM foram fundamentais, e são certamente um modelo de como
servir a Meishu-Sama. Zelando pelo cumprimento dos ensinamentos e pela
manutenção da ordem, conforme o Fundador ensinou.
Nidai-Sama fala sobre o significado do Trono de Kyoshu e de sua função, que
nos parece totalmente atual:

Como diz no Ensinamento “Deus é ordem”, no mundo espiritual existe


uma rigorosa hierarquia divina: Supremo Deus = Trono de
Kyoshu. Portanto, é natural que ao Kyoshu– que é o corpo principal
da Igreja – é dado pelo Supremo Deus o poder divino necessário para
a providência da Igreja, ou seja, o poder em relação à doutrina, aos
ofícios religiosos, e ao poder de decisão sobre todos os outros assuntos
administrativos da Igreja. (NIDAI-SAMA)38

Fundamentada em Ensinamento deixado por Meishu-Sama, a Líder


explicou seu papel na comunidade religiosa39. Expressa uma ligação
direta do Supremo Deus com o Trono de Kyoshu, que concilia de modo
perfeito, com a função do Líder Espiritual da Igreja, como intermediário
de Meishu-Sama e os fiéis, e destes com Meishu-Sama. Ligado ao
Supremo Deus, o Líder Espiritual tem a autoridade eclesiástica, conforme
Nidai-Sama, em relação à doutrina, aos ofícios e aos assuntos
administrativos – cuida da estrutura da Igreja e da questão dogmática.
Foge por completo da vertente apresentada que ensejou colocá-lo na
posição de ‘figura ilustrativa’, um ‘símbolo’, retirando dele o poder de
Líder Espiritual.
Matsumoto (1986), Presidente da IMM, chamava a atenção para este, alertando

38
NIDAI-SAMA. Kyoshu-Sama. Disponível em http://Johreiafrica.com. Acessado em 20/08/2015.
39
Ensinamento oral que recebeu diretamente de Meishu-Sama.

112
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

que esta postura indicava falta de temor a Deus. As peças se juntam: a Divindade de
Meishu-Sama fica evidenciada, e sua figura como raiz da Igreja surge ao ser ele
(Meishu-Sama) a parte espiritual do elo Supremo Deus – Kyoshu– fiéis.
O presidente da Igreja diz ainda que a Igreja Renovada só poderia se
manifestar quando Kyoshu-Sama fosse o centro – obviamente, dadas as
observações anteriores, sendo o Líder a ligação entre os fiéis e Meishu-Sama, e sendo
também o representante de Supremo Deus na Terra, as imagens se sobrepõem:
Matsumoto diz que a Igreja Renovada deve ser a Igreja que aceita e recebe Meishu-
Sama como Salvador. (FMO, 1986, p.9)

Nidai-Sama fala acerca desta questão e esclarece:

Sem Meishu-Sama vivo, faz-se necessário um corpo físico que


represente o Supremo Deus e por isso Meishu-Sama instalou no
Trono de Kyoshu, o corpo material que o representasse. E Meishu-
Sama trabalha vivo dentro de Kyoshu, tal como o ancestral de um
actual chefe de família. (NIDAI-SAMA)

O site da Igreja Messiânica de África traz uma observação sobre Kyoshu-Sama


em sua página inicial que entendemos ser elucidativa:

A palavra “Kyoshu” significa “dono, senhor do ensinamento”. Assim,


aquele que ocupa o Trono de Kyoshu, chamado de Kyoshu-Sama,
além de ser o supremo orientador, tem a missão de ser o elo de
ligação entre Meishu-Sama, que está no Mundo Divino, e os membros
messiânicos, que se encontram no Mundo Material. Por isso, todos os
pedidos chegam a Deus através dele. (IMM África)40.

A questão da interpretação abordada por Nidai-Sama chama atenção para


infinitude de possibilidades de interpretação se esta estiver descentralizada – cada um,
em seu tempo e lugar, com suas diferentes experiências, fazendo uma leitura
individual e independente de orientação, tendem a resultar em diferentes análises
(interpretações), o que poderia conduzir a dissidências ou divergências internas
significativas. Assim, a figura do Líder para orientar os pontos fulcrais faz-se
necessária:

40
Disponível em http://Johreiafrica.com. Acessado em 20/08/2015.

113
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Os Ensinamentos possuem profundidade e amplitude infinitas e por


isso podem ser interpretados de numerosas formas, de acordo com o
grau de inteligência da percepção verdadeira de cada pessoa, ora de
modo profundo, ora de modo superficial, e por isso se não forem
reunidos sob a autoridade doutrinária do Kyoshu e se uma
orientação padronizada da Sede Geral não for dada, as
interpretações ficarão diversificadas e não poderíamos assegurar
que seja que seja inviável a ocorrência de uma fragmentação.
(NIDAI-SAMA)

A importância do Trono de Kyoshu para a comunidade messiânica


no que diz respeito a sua condução como liderança eclesiástica fica clara
nas falas de Nidai-Sama. O papel que o Reverendíssimo Tetsuo Watanabe
desempenhou nesta causa e sua dedicação para que o processo de
purificação da Igreja, como é chamado o período das dissidências pelos
messiânicos, fosse debelado, também parecem evidentes.
Parece-nos também que uma análise mais completa do Trono de Kyoshu
envolve evidentemente para os messiânicos, questões teológicas, além de sociológicas.
Nesse sentido, cabe pensar uma exegese dos textos de Kyoshu-Sama e até mesmo a
possibilidade de uma “Kyoshulogia”.41 Se o Trono de Kyoshu está produzindo os textos
sagrados, atualizando a doutrina da Igreja, é pertinente refletir acerca da necessidade
de uma exegese destes textos, quiçá, de uma necessidade futura de constituição e
sistematização de uma disciplina Teológica, própria para tal.

41
Nesse sentido, vale lembrar que na Teologia Tradicional existe uma cristologia com estudo da Divindade de
Cristo e uma exegese de seus Ensinamentos. Sobre esta temática, consultar: BÖTTIGHEIMER, Christoph.
Manual de Teologia Fundamental – a racionalidade da questão de Deus e da Revelação. Trad. Markus A.
Hediger & Eduardo Gross. Petrópolis: Editora Vozes, 2014. pp. 218, 315-318

114
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MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

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118
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

ADENDO II

DUAS TESES SOBRE A NATUREZA DO TRONO DE KYOSHU

Historicamente há uma disputa entre duas teses opostas sobre a natureza do


Trono de Kyoshu. Com a ascensão de Meishu-Sama, duas doutrinas sobre o “Kyoshu
nato” são sustentadas por grupos diferentes. A primeira tese será chamada de
“Doutrina da natureza eclesiástica sagrada do Trono de Kyoshu”. A segunda tese de
“Doutrina da natureza eclesiástica simbólica do Trono de Kyoshu”.

DOUTRINA DA NATUREZA ECLESIÁSTICA SAGRADA DO TRONO DE KYOSHU

Conforme esta tese, Kyoshu-Sama é o centro espiritual e material da obra


divina na Terra, representando o Deus Vivo, o Supremo Deus e o Messias Meishu-
Sama no mundo terrestre. Não é a pessoa física de Kyoshu-Sama, pois Kyoshu-Sama
não é pessoa física – é pessoa eclesiástica e institucional, é pessoa carismática e
doutrinária – mas o Trono de Kyoshu, que está investido, por Meishu-Sama, de tal
sacralidade. O Trono de Kyoshu é, em si, uma instituição nuclear, pois é o núcleo, o
fundamento, de outra instituição que lhe é subordinada, a Igreja. Assim como o
espírito precede a matéria, o Trono de Kyoshu precede a Igreja. Desejar que a Igreja
limite ou delimite o Trono de Kyoshu é fazer com que a matéria prevaleça sobre o
espírito.
Posto que haja identidade entre espírito e matéria, o centro espiritual, por
necessidade lógica e lei divina, é também o centro material. O governo espiritual é
também governo material. Kyoshu-Sama é o “Senhor dos Ensinamentos”, guardando
a doutrina da Igreja. O desdobramento máximo de tal tese pode ser encontrado nos
dias atuais entre aqueles que defendem que as Orientações de Kyoshu-Sama são uma
nova compreensão dos Ensinamentos de Meishu-Sama. Kyoshu-Sama não somente
falaria sobre Meishu-Sama, mas COMO Meishu-Sama, pois espiritualmente agiria
sobre livre manifestação do Messias. Dito de outro modo, Kyoshu-Sama, em si, nada

119
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

fala: É sempre Meishu-Sama Quem fala por meio do Trono de Kyoshu. Assim, se
Kyoshu-Sama nos diz “vire à esquerda”, é o próprio Messias Meishu-Sama que,
executando a Vontade de Deus, unido a Ele, diz “vire à esquerda”. Entre o que Kyoshu-
Sama nos orienta e o que Meishu-Sama, uno ao Messias, deseja, não haveria um
milímetro de distância ou diferença. Assim, Kyoshu-Sama seria não somente o
Orientador Espiritual, mas o Dirigente Institucional da Igreja, não se limitando à
posição de “Teólogo dos teólogos”, que se ocupa apenas de aspectos doutrinários, mas,
também, “Sumo Pontífice”, isto é, que detém a palavra final em assuntos
administrativos e institucionais, como Meishu-Sama em seu tempo, que de fato dirigia
a Igreja.
Para os adeptos de tal doutrina, ou defensores de tal tese, “centralizar a Igreja
no Trono de Kyoshu” significa fazer de Kyoshu-Sama não somente o “Líder
Espiritual”, como também o “Líder Institucional” da Igreja, tal como se fosse,
efetivamente, Meishu-Sama vivo neste mundo. Meishu-Sama dirigia a Igreja não
somente espiritualmente. Ele era o Centro de toda a Obra, em todas as suas dimensões,
dos aspectos teológicos mais abstratos até os aspectos institucionais e administrativos
mais detalhados. Quando ele não se envolvia em assuntos administrativos não é
porque não podia, porque não tinha “Poder” ou “Direito”, mas porque não “queria”,
porque “delegava” funções conforme julgava necessário. Em síntese, conforme aqueles
que sustentam tal tese, Kyoshu-Sama deve ser aceito como o representante efetivo do
Messias Meishu-Sama na terra, sendo líder espiritual e material da Igreja.
Esta doutrina foi defendida historicamente, a começar, pela Segunda Líder,
Nidai-Sama e pelo grupo Shinsei. Como diz no Ensinamento

“Deus é ordem”, no mundo espiritual existe uma rigorosa


hierarquia divina: Supremo Deus = Trono de Kyoshu. Portanto,
é natural que ao Kyoshu– que é o corpo principal da Igreja – é
dado pelo Supremo Deus o poder divino necessário para a
providência da Igreja, ou seja, o poder em relação à doutrina, aos
ofícios religiosos, e ao poder de decisão sobre todos os outros
assuntos administrativos da Igreja.
NIDAI-SAMA

120
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Sem Meishu-Sama vivo em corpo no mundo material, faz-se necessário um


corpo físico que represente o Supremo Deus e por isso Meishu-Sama instalou no
Trono de Kyoshu, o corpo material que o representasse. E Meishu-Sama trabalha vivo
dentro de Kyoshu, tal como o ancestral de um atual chefe de família. Nidai-Sama
Dentre outros defensores podemos citar o Revmo. Matsumoto, o Revmo. Katsuiti
Watanabe, Revmo. Tetsuo Watanabe, e, atualmente, o Reverendo Shirasawa.

DOUTRINA DA NATUREZA SIMBÓLICA DO TRONO DE KYOSHU

Tal tese defende que o Trono de Kyoshu desempenha uma função simbólica.
Ele é a sede atemporal da Igreja, de onde partem orientações espirituais. Tais
orientações são valiosas, mas não possuem a natureza divina de Ensinamentos de
Meishu-Sama. Kyoshu-Sama, deste modo, simbolizaria a continuação da obra de
Meishu-Sama, promovendo, diplomaticamente, a unidade da Igreja. No entanto,
Kyoshu-Sama não teria uma natureza divina una ao Messias Meishu-Sama, não tendo
a autoridade divina para apresentar novos Ensinamentos e, podendo, ainda, caso se
desvie de Meishu-Sama, deturpar a doutrina da Igreja, fixada pelo próprio Messias.
Neste sentido, aquele que ocupa o Trono, apesar de ser reconhecido como líder
espiritual, não é reconhecido, plenamente, como representante do Deus Vivo, uno a
Meishu-Sama. Além disso, não possui nem poder, nem direito, ao governo material
da Igreja, estando legalmente impedido de liderar institucionalmente a Igreja. Sua
função simbólica se assemelharia 3 àquela que o chefe de Estado possui em
monarquias parlamentaristas modernas, como o Reino Unido. O líder é um símbolo
de unidade e poder tradicional, e tem algumas funções delimitadas, mas não dispõe
do real poder de governo. A direção institucional efetiva da Igreja caberia aos diretores
eleitos pelo conselho.
O líder espiritual deveria se escusar de emitir opiniões sobre a administração
da Igreja, sua estrutura, seu desenho institucional, seus planos de ação. Se trabalho
seria restrito à consagração de material litúrgico e à orientação espiritual restrita à
doutrina fixada pelos Ensinamentos de Meishu-Sama. Para os adeptos de tal doutrina,
ou defensores de tal tese, “centralizar a Igreja no Trono de Kyoshu” significa
reconhecer Kyoshu-Sama como líder espiritual, porta voz da Igreja, símbolo de
unidade das igrejas em uma Igreja mãe. Dentre seus principais proponentes podemos

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

citar o Revmo. Kawai, e nos dias atuais, o Reverendo Kobayashi e sua diretoria. A
centralização no Trono de Kyoshu como elemento (in)comum. Ambas as teses
defendem a centralização no Trono de Kyoshu. No entanto, para cada qual, tal
centralização possui um significado peculiar. A disputa, portanto, não é entre os
adeptos da centralização e os defensores da não centralização. A questão é mais sutil.
Qual é a natureza do Trono de Kyoshu? Centralizar em Kyoshu é reconhecê-lo como
uno a Meishu-Sama, sujeito de fala de novos “Ensinamentos”, governante máximo,
espiritual e material, teológico e institucional, da Igreja, ou significa reconhecê-lo
como símbolo de unidade religiosa, como porta voz, sem poder e sem direito de
governo efetivo da Igreja enquanto instituição social complexa?
Constatamos, portanto, que partidários de ambas as doutrinas falam em
centralização, mas entendem coisas distintas quando empregam o termo. Para uns,
centralizar significa reconhecer Kyoshu-Sama como centro espiritual e material da
Igreja, recebendo suas palavras como Ensinamentos, e acatando suas deliberações
como atos legítimos de governo atemporal e temporal, teológico e administrativo,
sagrado e profano, divino e terrestre. Para outros, centralizar significa manter Kyoshu-
Sama como figura simbólica que se ocupa de aspectos rituais enquanto o governo
institucional efetivo é levado a cabo pelos diretores da Igreja. Deste modo, é preciso
que o leitor tenha em mente, quando lê sobre planos de “centralização no Trono de
Kyoshu”, que o significado de tal centralização varia 4 profundamente conforme o
modo como seu proponente responde a questão “Qual é a natureza do Trono de
Kyoshu?”.

O debate das duas teses na atual purificação da Igreja

O Quarto Líder Espiritual, aquele que está sob a investidura do Trono de


Kyoshu, tem se destacado por uma atuação propositiva à frente de suas funções.
Seu trabalho teológico possui um caráter dialético, apresentando,
concomitantemente, duas ações. Desvelar e revelar:

1. Desvelar: Trazer à luz o real significado dos Ensinamentos de Meishu-Sama.


2. Revelar: Transmitir as Orientações para uma fé totalmente renovada.

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Na execução de tal tarefa, suas palavras têm sido fortes e surpreendentes. Ela
alerta a Igreja de que “não entendemos o real significado dos Ensinamentos”, “estamos
atrasados décadas em relação a Meishu-Sama” e, portanto, “temos de receber as
Orientações como boas novas do Messias para renascermos para uma fé totalmente
renovada”. Vários conceitos são ressignificados, e alguns pontos até então pouco
explorados na doutrina da Igreja se tornam centrais. Dentre as principais “inovações
teológicas” destacam-se:
1. Messias Meishu-Sama: A divindade de Meishu-Sama foi encarada como
principal linha de pesquisa proposta por Kyoshu-Sama. Era preciso esclarecer e
difundir, de modo aberto e claro, a divindade de Meishu-Sama. Inicialmente falou-se
em “Messias Meishu-Sama” e posteriormente introduziu-se a expressão “Messias que
é uno a Meishu-Sama”.
2. O início da Era do Sonen: Conforme Kyoshu-Sama, em 1954 Meishu-Sama
teria dito de modo claro, que o Plano Divino entrara em nova fase. O poder do Sonen
tornava-se seu elemento central. No plano da experiência cotidiana da fé, nos últimos
anos, a “Prática do Sonen” passa a ocupar um lugar cada vez mais central, até ser
incorporada como a prática fundamental da fé messiânica, aquela que serve de
fundamento e ponto de partida a todas as demais.
3. Sonen e Johrei: Como acima exposto, o Sonen ocupa hoje, nas Orientações
de Kyoshu-Sama, o lugar de prática básica 5 central. O Johrei é importante, desde que
alicerçado no verdadeiro Sonen. O mesmo ocorre com todas as práticas de fé da
religião messiânica.
4. O Eu, eu, ego, consciência: Estudar a natureza do Eu Original, do eu pessoal,
do ego, a origem da consciência, a relação entre a consciência e o ego particular;
compreender a atuação do Eu, tornou-se um elemento central da teologia messiânica.
5. Projeção x Construção do Paraíso Terrestre: Kyoshu-Sama empenhou-se em
esclarecer que o Paraíso já está pronto dentro de nós, que foi preparado por Deus antes
mesmo da criação do universo, e que não cabe à humanidade construí-lo, mas ser
agente de sua projeção.
6. Guinada esotérica: O termo esotérico não possui, aqui, conotação mística.
Refere-se apenas ao que é interior. Ao passo que exotérico, com x, ao que é exterior.
Historicamente a fé messiânica era exterior, voltada para fora, para a expansão, a
difusão. A principal tarefa do membro era encaminhar, divulgar Meishu-Sama para a
sociedade, gerando novas outorgas, o que era compreendido como etapas da salvação.

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Com o Quarto Líder há, paulatinamente, uma mudança de eixo. A fé volta-se para a
interioridade. Os antepassados estão vivos DENTRO de cada pessoa. Deus está vivo
DENTRO de cada um. O espírito da palavra Messias vibra DENTRO de nós. O Paraíso
já está pronto DENTRO do ser humano. O interior, o lado de dentro, passa a ser a
dimensão teológica que fundamenta e anima a Igreja. É no interior, refletindo sobre
as naturezas do Eu, eu, ego, que a vivência da fé encontra seu local de destaque. Em
sentido religioso salvar os outros, encaminhar, difundir e expandir não deixam de ser
importantes, mas passam a ser vistos como consequências – a verdadeira expansão é
para dentro, é um aprofundamento, um renascimento. A salvação externa é uma
projeção do renascimento interno. Antes de tudo, a principal tarefa do ser humano –
sua missão, na verdade, sua razão de ser – passa a ser “retornar ao Paraíso para
renascer como verdadeiro Filho de Deus”.
Além de uma atuação teológica arrojada, proativa, que se propõe desvelar o
verdadeiro significado dos Ensinamentos de Meishu-Sama, o atual Kyoshu-Sama
também se mostrou proativo institucionalmente, não se contentando em ser mero
símbolo. Reunindo equipe de reverendos e ministros de confiança, liderados pelo
Reverendo Shirasawa, Kyoshu-Sama buscou empreender uma “reformulação
drástica” de diversos assuntos administrativos e estruturais da Igreja, o que incluía
redesenhar, inclusive, os critérios de admissão e formação sacerdotal. Neste sentido,
podemos dizer que o próprio Líder Espiritual não permaneceu alheio ao debate entre
as duas teses, clamando para si a centralidade espiritual e institucional da Igreja. A
comunidade messiânica tem acompanhado, com ávido interesse e grave preocupação,
os sucessivos casos de desrespeito ao Trono de Kyoshu protagonizados pela diretoria
da Igreja Izunome no Japão, a começar por seu Presidente, o Reverendo Kobayashi.
Em sua carta aos membros da Igreja, o Quarto Líder escreveu palavras
duríssimas, denunciando uma alarmante trama permeada por desconfianças e
espionagens. Neste documento, Kyoshu-Sama é claro ao afirmar que não há mais a
mínima condição para conviver com este grupo, o que inviabiliza, totalmente, a
estabilidade institucional de Sekai Kyusei Kyo.

A inconsistência do “praticismo” ante a complexidade da Igreja

O praticismo se caracteriza pelo discurso simplório, superficial e apressado de


que a fé não é vivida em sua dimensão teórica, mas enquanto prática concreta, ação

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
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efetiva, no mundo. O praticismo não se confunde com o pragmatismo, pois enquanto


o pragmatismo também enfatiza a inegável importância da prática, ele não a esvazia
de seus alicerces teóricos, conceituais, ideológicos, de seus pressupostos metafísicos e
religiosos. Enfim, tanto o praticista quanto o pragmatista reconhecem a prática
concreta, a ação efetiva, como instância de produção de sentidos e de experiência da
vida. Mas enquanto o pragmatista, em sua sofisticação intelectual, sabe que as práticas
se conectam a crenças, princípios, ideias, doutrinas, teorias, o praticista ignora a
importância teórica e doutrinária e fala em uma “prática pura”, uma espécie de ação
que se esgota em si mesma, que se fundamenta em si mesma, como se não fosse a
encarnação de compromissos teóricos, doutrinários, de crenças e postulados de fé que
são anteriores às ações.
No debate entre as duas teses sobre a natureza do Trono de Kyoshu, a
inconsistência flagrante do praticismo fica patente. Enquanto o praticista fala que “o
8 importante é praticar”, ele ignora que suas práticas são produzidas, legitimadas,
consolidadas, reconhecidas e incentivadas por doutrinas. O praticista fala em
“centralizar em Kyoshu-Sama” sem se perguntar, contudo, pelos fundamentos
doutrinários de tal centralização. Centralizar, mas no escopo de qual tese?
O praticista repete incessantemente que é preciso focar nas práticas básicas da
fé, mas não reconhece que tais práticas são comuns aos adeptos das duas teses, e que
é possível passar a vida ministrando Johrei, indo a cultos, dedicando, lendo os
Ensinamentos, sendo tanto pertencente ao grupo que defende A quanto ao grupo que
defende B. Tanto faz? O importante é praticar? Ora, enquanto indivíduo isolado,
portador de uma fé cândida, crente religioso imerso em sua cotidianidade limitadora,
realmente tanto faz. Mas enquanto ser pensante, sujeito crítico, consciente de suas
relações de pertencimento e identidade, é impossível ser indiferente entre A ou B, pois
cada tese instaura uma Igreja, responde de modo diferente pelo mistério da atuação
do Messias no tempo, constitui de modo diverso uma resposta para a questão “O que
é a religião messiânica?”. Saber em qual espaço doutrinário se dá a prática,
reconhecer-se adepto de A ou B, longe de ser uma trivialidade, é o que produz o
universo de significados do membro, o que o faz pertencente a uma comunidade de
ideias e crenças, o que lhe dá a identidade religiosa que reveste suas práticas de
sentido, sem o qual, elas seriam meras ações automáticas.
Em nossa visão, o praticismo representa uma minoridade espiritual, intelectual
e moral na experiência da fé. Sendo assim, existe A ou B e o limbo. Isto é, aqueles que

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
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ainda vivem a fé em sua imediatividade praticista experimentam a vida religiosa como


uma espécie de infância tardia, o que é compreensível em um primeiro estágio, nos
momentos iniciais da conversão e da vida religiosa, quando, geralmente o que se
procura é a solução para problemas concretos da existência. Nesse estágio a fé é vivida
como prática obediente simples, como salto no escuro, livre de problematizações ou
racionalizações.
Todavia, a um religioso cuja motivação não é a busca por graças, mas a vida na
graça, ao religioso que vive a fé como caminho espiritual profundo, como experiência
do mistério, que medita sobre os problemas teológicos fundamentais, romper com o
praticismo é um imperativo fundamental, escatológico, que se impõe em sua
radicalidade. Nesse estágio a prática cega é antes um mal do que um bem. Não se nega
a ação, as práticas básicas, mas tampouco é admissível permanecer endossando uma
total desconexão entre estas e os princípios doutrinários mais profundos. 9 O autêntico
messiânico não é o praticista, alienado, ignorante, preso ao mundo imediato de
práticas desprovidas de entendimento teológico amplo e profundo, mas o pragmatista,
aquele que tomou consciência da obviedade de que toda prática é precedida por um
elemento abstrato que a motiva e anima: uma ideia, uma crença, um afeto, uma teoria,
uma doutrina.
A “prática pela prática” é uma ilusão perigosa, uma experiência de autômatos,
não sendo compatível com quem tem o costume de “pensar profundamente sobre
todas as coisas”, “não menosprezar os cálculos”, buscar o “saber das coisas”,
ampliando sua compreensão de mundo. Esse clamor por esclarecimento se faz
conhecendo-se a história da Igreja, reconhecendo a existência das duas teses, e, à
medida que são contrárias e inconciliáveis, optando-se claramente, e solidamente, por
uma. Assim como não é possível prosseguir na ignorância, é igualmente irrealizável
pretender agradar aos gregos sem desagradar aos troianos. A indiferença não é
permitida, pois a disputa teórica é como um chamado radical que coloca um “juízo
final” diante do membro esclarecido.
Não é possível ficar alheio, “deixar aos japoneses” tais assuntos, permanecer,
embrutecido, repetindo que o que importa são as práticas básicas, o cotidiano, a
obediência à religião imediata da realidade local – pois a questão que não cala agora é
“no escopo de qual Igreja?”, e o que define o que é a Igreja é justamente se
respondemos pela natureza do Trono de Kyoshu de modo A ou B. O membro
esclarecido tem de assinar seu nome em A ou B, e têm de saber por que o faz. Ao agir

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
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assim, rompe com sua minoridade intelectual. Ter consciência da doutrina que se
pratica é colocar um ponto no centro do círculo.
Permanecer alheio ao fundamento doutrinário, encarando a prática como
autorreferente, como algo que fundamenta a si mesma, é permanecer circunscrito a
um círculo vazio. Mas não é tudo. Feita sua escolha, restará ainda o problema
escatológico final, a questão que encerra o “Juízo Final” da própria concepção de fé e
igreja que se adotou: estará de acordo com a Verdade do Supremo Deus? Afinal, ou o
religioso coloca o problema teológico acima da questão política, ou já não é
verdadeiramente religioso.

Inovações teológicas e influências externas?

No centro do debate teológico atual encontra-se o seguinte problema: estaria o


Quarto Líder se distanciando dos Ensinamentos de Meishu-Sama ao absorver
teologias externas ao escopo messiânico? Em suma, estaria Kyoshu-Sama sendo
influenciado por 10 concepções teológicas e filosóficas de outras tradições religiosas,
como o gnosticismo?
Em primeiro lugar, a solução deste problema depende fortemente de qual seja
o pressuposto metafísico assumido acerca da natureza do Trono de Kyoshu. Isto
significa que, antes de responder as questões acima levantadas, devemos procurar
entender qual é a ontologia (sagrada ou simbólica?) de Kyoshu-Sama para aquele que
levanta tal questão. Em outras palavras, qual tese defende o interlocutor? Ora, aqueles
que pensam, como Nidai-Sama, que na terra, “Supremo Deus = Trono de Kyoshu”,
jamais levantariam tais questionamentos, pois os mesmos, lhes parece, carecem de
sentido. Tais questões fazem sentido somente para aqueles que entendem que o Trono
é uma posição eclesiástica institucional e humana, logo, passível de erros. Os que
pensam, como Nidai-Sama, que “Meishu-Sama trabalha vivo dentro de Kyoshu-
Sama” concebem que é simplesmente non sense, absurdo, perguntar se Kyoshu-Sama
está deturpando os Ensinamentos de Meishu-Sama ou sendo influenciado por outras
teologias.
Caso Kyoshu-Sama apresente orientações que parecem inovadoras, para eles a
reflexão será simplesmente outra: “Nossa compreensão dos Ensinamentos de Meishu-
Sama é muito deturpada, pois não estamos conseguindo entender as palavras que o
Messias, que é Uno a Meishu-Sama, está proferindo por meio de Kyoshu-Sama”. Se

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
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Kyoshu-Sama é absolutamente inspirado por Meishu-Sama, então não pode estar se


distanciando de Meishu-Sama. A contradição seria flagrante. Como não pode haver o
mínimo de erro nas Obras de Deus, então estas pessoas pensam: “se não estamos
entendendo Kyoshu-Sama, isso não significa outra coisa senão que nós é que estamos
afastados de Meishu-Sama”. Já os que, diferentemente de Nidai-Sama, concebem que
o Trono de Kyoshupossui autonomia espiritual em relação à Meishu-Sama,
considerariam a hipótese de que há divergências entre os desígnios de Deus e os
pronunciamentos do líder espiritual.
O fato das Orientações de Kyoshu-Sama conter traços filosóficos que nos
remetem a outras tradições, como o gnosticismo, o hinduísmo, o budismo, ou mesmo
o cristianismo místico, não constitui nenhuma surpresa, embaraço ou dificuldade para
os defensores da “Doutrina da natureza eclesiástica sagrada do Trono de Kyoshu”.
Desde seu nascedouro, a fé messiânica é aberta. Meishu-Sama sempre dialogou
fortemente com outras tradições religiosas. Falou em “Salvador”, “Jeová”, “Cristo”, e
“Messias”, se apropriando e ressignificando termos judaico-cristãos. A crença em um
Supremo Deus remonta às reformas dos cultos indo-iranianos, promovido pelo
monoteísmo de Zoroastro. O primeiro nome da instituição religiosa de Meishu-Sama,
Dai Nippon Kannon Kai, nos remete à deusa Kannon, do budismo japonês. A deusa
Kannon é um ente divino cultuado em diversas religiões do oriente, na Índia, China,
Coréia, Vietnã e outras regiões.

No Tibet, Kannon é Avalokiteśvara, (अवलोकते वर). O culto às almas dos

antepassados é um elemento tradicional do xintoísmo. Enfim, em toda doutrina


messiânica há diversos elementos oriundos do xintoísmo, budismo, hinduísmo e
cristianismo e de outras religiões. A teoria da reencarnação, metempsicose ou
“transmigração das almas”, nos advém dos antigos cultos órficos e pitagóricos da
Grécia antiga. A ideia de purificação no mundo espiritual é narrada no “Mito de Er”,
por Platão, no Livro X de A República. A trilogia Verdade, Bem e Belo é central nos
escritos platônicos e neoplatônicos, além de ser fundamental na Igreja Católica
renascentista. No Vaticano, o aposento onde se situa o painel “A Escola de Atenas” de
Rafaelo Sanzio é chamado de “Sala da Verdade, do Bem e do Belo”. A trilogia
Pensamento, Sentimento e Vontade também foi apresentada de modo independente
de Meishu-Sama pelo pensador austríaco Rudolf Steiner, que desenvolveu um método
de agroecologia, a agricultura biodinâmica, além da metodologia Waldorf. Meishu-

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Sama fala em “Construção do Paraíso Terrestre”, ou “Concretização do Reino dos Céus


na Terra”, ideia esta fundamental entre os protestantes milenaristas do século XVI. A
doutrina da existência de Inferno, Intermediário (Purgatório) e Paraíso advêm da
teologia cristã, e a teologia do Juízo Final é o elemento central da escatologia católica.
Teria o próprio Meishu-Sama importado teologias? Teria Meishu-Sama sido
influenciado por tantas tradições diferentes? Em termos acadêmicos, conforme o olhar
técnico, não religioso, de um pesquisador das religiões, a resposta é inequívoca: sim.
O culto messiânico, fixado pelos Ensinamentos de Meishu-Sama, é neoxintoísta, com
fortes elementos budistas, hinduístas e judaico-cristãos. Ora, se o próprio Meishu-
Sama constituiu o corpo de Ensinamentos da fé messiânica absorvendo teologias
externas, não deveria ser nenhuma surpresa que Kyoshu-Sama, mantendo a tradição,
dialogasse com outros sistemas de pensamento. No entanto, em termos não
acadêmicos, mas religiosos, nos parece que os messiânicos seguidores da “tese da
natureza sagrada” de Kyoshu-Sama responderão que Meishu-Sama não foi
influenciado por outras tradições.
Tais tradições é que, em sua época, transmitiram ensinamentos que continham
parte da Verdade, e uma vez que a Verdade é transcendental, única, universal e
atemporal, e que Meishu-Sama é o desvelador e concretizador da Verdade, tudo o que,
ao longo da história, conteve algum traço de Verdade, por necessidade lógica e unidade
teológica, 12 ecoa de alguma forma nos Ensinamentos de Meishu-Sama. Para tais
devotos não é que Meishu-Sama foi influenciado por tradições diferentes. Como tais
tradições se aproximaram da Verdade, consequentemente, estão contidas pelos
Ensinamentos de Meishu-Sama. E estando Meishu-Sama vivo em Kyoshu-Sama, o
mesmo se passa com este. Sendo assim, se orientações de Kyoshu-Sama contém traços
de outra teologia, isto indicaria tão somente que a Verdade não contempla divisões, e
que pelo fator tempo, chegou o momento de desvelar mais esse aspecto da realidade
eterna de Deus.
Se realmente as orientações de Kyoshu-Sama contêm elementos comuns ao
gnosticismo ou a qualquer outra tradição teológica, isso significaria, apenas, que tais
doutrinas se aproximaram da Verdade no passado, e que tais traços verdadeiros estão
contidos nas palavras que Meishu-Sama agora revela ao mundo por meio de Kyoshu-
Sama. Aqueles que discordam de tal exegese podem se perguntar: “Se tais elementos
ensinados por Kyoshu-Sama são de fato verdadeiros, por que, então, não foram
apresentados pelo próprio Meishu-Sama?”. Entretanto, poderiam ser lembrados pelo

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

outro grupo que o próprio Meishu-Sama ensinou a importância do fator tempo, que
“tudo tem o tempo certo”, e que se tais Ensinamentos não foram apresentados no
passado, mas agora, é porque o “tempo certo” chegou, conforme o plano divino. Sendo
assim, concluímos que para aqueles que sustentam a “tese da natureza sagrada”,
perguntar se Kyoshu-Sama se distancia de Meishu-Sama não faz sentido. Kyoshu-
Sama não têm nem a liberdade, nem o poder de se distanciar de Meishu-Sama. A
impossibilidade não seria social, política ou institucional, mas teológica. Kyoshu-
Sama não desejaria se distanciar de Meishu-Sama, e não poderia desejar tal coisa.
Assim como o braço só se move se receber o comando da mente, assim como a perna
se move para a esquerda ou para a direita por que recebe a “ordem” da mente, Kyoshu-
Sama se move, naturalmente, pelo poder e pela ordem de Meishu-Sama. Meishu-
Sama é que comandaria a Igreja por meio do Trono, pois a matéria é limitada e mortal,
mas o espírito é ilimitado e eterno. Sendo assim, se Kyoshu-Sama nos fala da
“anulação do velho eu”, elemento comum ao gnosticismo, ao hinduísmo, ao budismo,
às mais diversas tradições místicas e religiosas, é por que Meishu-Sama está dizendo
que agora chegou o tempo de sua Igreja refletir sobre tal ponto.
Pensar que Kyoshu-Sama tem o poder de se distanciar de Meishu-Sama e de
deturpar seus Ensinamentos equivale a assumir que a matéria precede e comanda o
espírito, que Meishu-Sama tinha o domínio de sua Igreja quando estava vivo no
mundo físico, e que o perdeu ao falecer. Mas isso seria confrontar um fundamento
teológico da fé messiânica: é o invisível que move e determina o visível. Com a
ascensão de Meishu-Sama, seu poder de atuação não poderia ter diminuído, mas só
aumentado. Para os defensores da “tese da natureza simbólica”, o ocupante do Trono
de Kyoshu pode se distanciar dos Ensinamentos de Meishu-Sama, e isto se deve a sua
natureza humana autônoma em relação à Meishu-Sama. Caberia aos sacerdotes do
alto clero zelar pelo bem da Igreja caso isso acontecesse. Nesse caso, eles é que seriam
“Kyoshu”, isto é, “senhores” e guardiões dos Ensinamentos, agindo para proteger sua
pureza e sacralidade.
É evidente que ambas as teses podem estar corretas, mas não ao mesmo tempo.
Pelo princípio de não contradição da lógica aristotélica, se A e B são proposições
contrárias, sempre que A for verdadeira, B será necessariamente falsa, e vice-versa. A
verdade de uma tese implica consequentemente na falsidade da outra.

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
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A anulação do velho eu: elemento gnóstico?

Os defensores da “tese da natureza simbólica” aventam que o atual Kyoshu-


Sama pode estar sendo influenciado pelo gnosticismo. Já vimos no tópico anterior
como os defensores da “tese da natureza sagrada” discordam de tal análise. Um dos
elementos gnósticos que seria mais evidente nas orientações de Kyoshu-Sama seria
sua ênfase na “devolução do velho eu”, o ego, como caminho de retorno e
renascimento. Sob a luz de uma análise científica, isto é, imparcial e técnica, de tal
argumento, ele parece conter uma lacuna teórica. A proposição de que o ego, ou “velho
eu”, ou consciência particular, é uma ilusão, e que a verdadeira natureza do Ser é
universal, absoluta e eterna, não é somente uma tese gnóstica, mas um elemento
comum a diversas tradições, como o hinduísmo, o budismo e o cristianismo místico,
não sendo consistente ignorar tal ponto.
Em termos teóricos, portanto, não seria adequado, ou, ao menos, não seria
intelectualmente sofisticado, falar em influência do gnosticismo, mas sim em diálogo
com diversas tradições teológicas e filosóficas, tanto orientais quanto ocidentais.
Analisando a consistência histórica e conceitual de tão diálogo, nos parece que o
mesmo se relaciona com a tradição messiânica de ressignificar conceitos e temas de
outras religiões, como apontado no tópico anterior, e que tem por fundamento o
próprio conceito messiânico de ultrarreligião, isto é, de uma religião que transborda
fronteiras, transcende limites e que não fica restrita em si mesma.

Doutrina do “velho eu”

Outra questão é saber se a doutrina da devolução do “velho eu” descaracteriza


os Ensinamentos de Meishu-Sama. Já vimos que esta questão só faz sentido no escopo
da “tese da natureza simbólica”, uma vez que, para os defensores da “tese da natureza
sagrada” é impossível que Kyoshu-Sama tenha à vontade, a liberdade e o poder de se
distanciar de Meishu-Sama. Observando tecnicamente a partir de uma análise do
universo conceitual messiânico é possível constatar que em diversos Ensinamentos
Meishu-Sama diz que o ser humano é dotado de uma partícula divina, ou alma. Ora,
uma partícula divina é uma parte de Deus. Se o ser humano possui, em si, uma parte
de Deus, e se Deus é o Criador e o ser humano a criatura, então aquilo que há de mais
elevado no homem é sua natureza divina, e não seu ego individual. Ora, Deus é

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
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universal e ilimitado, ao passo que o ego é particular e limitado. Em termos teológicos


e filosóficos, portanto, não é difícil compreender que um dos fundamentos da religião
messiânica é a proposição de que a verdadeira natureza humana é divina, e que o ego
é uma natureza secundária.

Salvação terrestre ou transcendental?

Outro tema do atual debate gira em torno da “teoria da salvação”, ou


soteriologia messiânica. É dito que, enquanto Meishu-Sama fala de salvação terrena,
física, Kyoshu-Sama fala de salvação transcendental, espiritual, promovendo uma
negação do mundo. Em termos filosóficos parece que estamos diante de um “falso
problema”.
O falso dilema decorre do fato de que salvação terrena e salvação espiritual não
são teses autoexcludentes, não são logicamente contrárias nem teologicamente
incompatíveis. Pela lei de que o espírito precede a matéria o evento salvífico na terra
só pode ocorrer se a salvação já tiver se concretizado no mundo espiritual. Do mundo
espiritual ela é projetada no mundo material. Em seus Ensinamentos Meishu-Sama
diz que “o espírito precede a matéria”, que tudo acontece antes no mundo espiritual:

“Para mostrar a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo


Material, é importante entender que todo fenômeno ocorre
primeiramente no Mundo Espiritual e depois se reflete no
Mundo Material. Fazendo uma comparação, é como se aquele
fosse o filme, e este, a tela de projeção”. Meishu-Sama – A
Grande transição do mundo

“... explicando a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo


Material, tudo o que acontece no Mundo Material é reflexo do
Mundo Espiritual (...). Observando-se os fatos no Mundo
Material, que são a projeção do que ocorre no Mundo Espiritual,
isso se torna muito claro”. Meishu-Sama – Transição da Noite
para o Dia

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Como vimos, é Meishu-Sama que fala em projeção no mundo material daquilo


que acontece antes no mundo espiritual. Sendo assim, a salvação terrestre ou material
está subordinada à salvação transcendente ou espiritual. Uma não nega a outra. Pelo
contrário, a salvação terrestre ou material depende e decorre da salvação
transcendente ou espiritual. Da mesma forma, a construção do Paraíso Terrestre no
mundo material só pode ser uma projeção neste da construção do Paraíso Terrestre no
mundo espiritual. Por necessidade lógica e consistência conceitual, o Paraíso Terrestre
só pode ser construído no mundo material caso esteja pronto no mundo espiritual.
Transcendendo a crise, no atual momento da Igreja, o debate entre as duas teses possui
desdobramentos políticos e institucionais graves.
Os defensores da “doutrina da natureza simbólica do Trono de Kyoshu” dizem
que agem em prol da preservação dos Ensinamentos de Meishu-Sama e defendem que
Kyoshu-Sama deve se limitar à sua posição eclesiástica simbólica, deixando à diretoria
o governo material da Igreja. No entanto, mesmo a função ritual, litúrgica e
doutrinária de Kyoshu-Sama estaria comprometida, caso ele estivesse efetivamente se
afastando dos Ensinamentos de Meishu-Sama. Enquanto isso, os seguidores da
“doutrina da natureza sagrada do Trono de Kyoshu” defendem que Meishu-Sama
trabalha vivo dentro de Kyoshu-Sama, e que, portanto, a ele cabe tanto o governo
espiritual quanto o material. Além disso, estes messiânicos pontuam que os diretores
das igrejas Izunome e Toho no Hikari feriram os princípios éticos mais básicos. Isto
significa que do ponto de vista moral, independente de qualquer Ensinamento
religioso, o modo como conduziram e conduzem o atual momento é moralmente
condenável, em qualquer que seja o contexto ou grupo social. O fato de ocorrer entre
religiosos só agrava a situação, revelando comportamentos incompatíveis com pessoas
de fé.
Uma via alternativa, não conflitosa e não polarizada, também pode ser vista
entre aqueles que se mantêm fiéis, em seus corações, à Kyoshu-Sama. Neste modo de
ver as coisas, seguindo as próprias orientações de Kyoshu-Sama, tudo o que acontece
na Obra Divina tem uma única finalidade: fazer-nos retornar ao Paraíso e renascer
como verdadeiros filhos de Deus. Sendo assim, o “grande cisma” que hoje ocorre não
é diferente. Buscando compreender e aplicar as Orientações de Kyoshu-Sama, tais
indivíduos entendem que não lhes cabe condenar os defensores de uma tese ou outra,
tampouco dividi-los superficialmente entre bons e maus. Aceitando todos os fatos
como Obra Divina, creem que os acontecimentos que hoje se desdobram na Igreja

133
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

expressam o Perdão e o Amor de Deus, ainda que de uma maneira que pode escapar à
compreensão comum. Creem que as duas teses existem em nosso interior, que são
projeções de nossos conflitos internos, e que Deus está trazendo-as à luz, para que
possamos trilhar o caminho do renascimento.

134
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

ADENDO III

A IGREJA DE MEISHU-SAMA E O TRONO DE KYOSHU: UMA ANÁLISE LÓGICA DO

CORPUS DOUTRINÁRIO.

Introdução

Neste trabalho, entendemos por doutrina o conjunto de princípios básicos,


postulados fundamentais e pressupostos teóricos de um determinado sistema de
crenças. Sendo assim, de um ponto de vista lógico, o modo mais simples de representar
uma doutrina é por meio de uma lista de frases elementares. Para que a doutrina seja
consistente, as sentenças não devem ser contraditórias. As sentenças, por sua vez,
podem se relacionar entre si, e de tal relação outras sentenças podem ser deduzidas
por necessidade lógica. Imaginemos um sistema de crenças bastante elementar,
composto por 4 sentenças.

1. O Criador é eterno e infinito.


2. O Grande Reino sempre foi a casa do Criador.
3. Nenhuma criatura possui os atributos do Criador.
4. Após a morte, os bons espíritos ingressam no Grande Reino.

Ao lógico não importa se ele crê ou não crê em tais proposições. Ele lida com
elas como um matemático lida com números, e isso basta. Chamemos tal doutrina de
X. Vejamos. Se calcularmos as duas primeiras proposições, se segue uma terceira, que
embora não esteja arrolada entre as proposições básicas de X, será para os crentes de
X uma necessidade lógica. Eis a proposição: “O Grande Reino é eterno”. Ora, se o
Criador é Eterno, e se o Grande Reino sempre foi sua casa, logo não podemos concluir
de outro modo. Apesar de termos apenas 4 postulados escritos, outros postulados
básicos ocultos podem ser deduzidos com total segurança. Por exemplo, do postulado

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

3 se segue que nenhuma criatura é eterna, e do postulado 4 se segue que após a morte
as boas criaturas ingressam na eternidade. Embora não existam desde sempre,
existirão para todo o sempre após tal ingresso. Vemos, portanto, como funciona um
sistema de proposições. As sentenças estão encadeadas, e o modo como se relacionam
nos permite chegar a outras sentenças igualmente certas, bem como saber quais
sentenças são incompatíveis com o sistema.
Vejamos, agora, o caso da doutrina messiânica, tratando-a como um sistema de
proposições igualmente simples. Quais seriam algumas dessas sentenças
fundamentais? Vejamos:

1. Deus é Absoluto e sua Vontade é infalível.


2. Meishu-Sama é o Messias, o concretizador da verdade.
3. O espírito precede a matéria.
4. Deus é ordem.
5. Kyoshu-Sama é o Líder espiritual da Igreja.
6. O Johrei é a luz divina que purifica o espírito, eliminando suas
máculas.

Não procuramos nem escolher quais seriam as sentenças principais, nem


ordená-las, tampouco esgotá-las, mas apenas listar umas poucas sentenças simples
que todo messiânico concordaria que compõem a doutrina básica da Igreja. Ao longo
deste trabalho queremos analisar o que esta lista tem a nos dizer em termos lógicos.
Principalmente em se tratando das cinco primeiras sentenças, a questão que se coloca
é: Se estas cinco proposições são verdadeiras, a quais conclusões podemos chegar
acerca da natureza do Trono de Kyoshu? Se conseguirmos avançar nesta pesquisa,
veremos que podemos concluir determinadas coisas sobre de Kyoshu-Sama por meio
de análise lógica. A grande vantagem de tal abordagem é obtermos um conhecimento
totalmente objetivo e exato, independente de inclinações subjetivas e interpretações
pessoais.

136
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

1. Qual é a natureza da relação entre Kyoshu-Sama e Meishu-


Sama?

Qual é a natureza de Kyoshu-Sama? Ora, temos, ao menos, três “hipóteses”.


Vou chamar a primeira de “Hipótese do instrumento” e a segunda de “hipótese da
segunda Vinda do Messias”. A terceira hipótese será chamada de “hipótese do
símbolo”. Argumentamos que, das três hipóteses, a do 3 “instrumento” se impõe por
necessidade lógica a partir da simples relação entre os princípios básicos da fé
messiânica. Isso não significa que as outras duas não possam ser corretas, a não ser
que sejam logicamente contrárias a ela (é o que veremos a seguir), pois duas
proposições contrárias, por lei lógica, não podem ser ambas verdadeiras.
Na “hipótese do instrumento”, Kyoshu-Sama é um instrumento de Meishu-
Sama como “guardião dos seus Ensinamentos” e Líder Espiritual da Igreja. Ora, como
Meishu-Sama reina no mundo divino, de natureza espiritual, e Kyoshu-Sama lidera a
Igreja no mundo terrestre, material, logo Kyoshu-Sama é absolutamente comandado
(ou manejado) por Meishu-Sama.
Resumindo, Kyoshu-Sama é o Líder Espiritual da Igreja, e como tal, está
subordinado a Meishu-Sama, que em seu poder ilimitado como Messias, a ele se
impõe de modo inescapável. Tal hipótese, como dito, é deduzida da própria doutrina
da Igreja. Não é possível aceitar que “Meishu-Sama é o Salvador”, que “O mundo
espiritual determina o mundo material”, “que o espírito prevalece sobre a matéria”,
que “Meishu-Sama governa a Igreja sem um mínimo de falha” sem aceitar, por
consequência lógica, afim de não incorrer em contradição evidente, que Kyoshu-
Sama, sendo o Líder Espiritual da Igreja está subordinado a Meishu-Sama, e que
sendo aquele, matéria, e este, espírito, não pode a matéria, limitada e finita prevalecer
sobre o espírito ilimitado e infinito. Ora, Kyoshu-Sama pode nos levar a regiões
desconhecidas, nos convidar a percorrer outros caminhos, nos mostrar novas
paisagens ou novos ângulos da mesma paisagem, mas não detém o poder de conduzir
a Igreja para fora dos domínios de Meishu-Sama, como Songoku não pode, por mais
que corra milhões de milhas, sair das palmas da mão do Buda.
O leitor deve entender, ainda que não seja versado em lógica, que o que aqui
chamamos de “hipótese do instrumento” é, na verdade, não uma hipótese, mas um
axioma da doutrina messiânica – uma verdade autoevidente que decorre da própria
relação entre os princípios básicos da fé. Isto significa que a correção do conteúdo de

137
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

tal hipótese não depende de interpretação ou gosto pessoal. É uma necessidade lógica.
Assim como alguém que compreenda o 4 significado do número 2 e o significado das
operações básicas da aritmética não interpreta que 2+2=4, mas apenas constata que
é, e que não poderia ser de outro modo, que não é por opinião, interpretação ou gosto
que a operação resulta em 4, mas por necessidade lógica, também alguém que aceite
como princípios da fé messiânica (a) a divindade de Meishu-Sama42, (b) Sua
capacidade (poder e saber) para governar a Igreja43 e (c) a primazia do Mundo
Espiritual sobre o Mundo Material44, terá, para não cair em contradição, que admitir
que Kyoshu-Sama está sob o domínio e o comando de Meishu-Sama.
Já na “hipótese da segunda vinda do Messias” o cenário é diferente. Significa
que o Messias que se manifestara em Meishu-Sama 50 anos antes, voltou a
manifestar-se na terra por meio de Kyoshu-Sama. A atuação de Kyoshu-Sama,
portanto, passa não somente a de ser comandado por Meishu-Sama, mas a de ser uno
ao Messias, que é Uno a Meishu-Sama. Tal hipótese não é contrária à hipótese do
instrumento. Ambas podem ser corretas, pois não há nada em uma que exclua a outra.
No entanto, enquanto vimos que a hipótese do instrumento na verdade é uma
conclusão inevitável da própria doutrina messiânica, o mesmo não se passa com a
hipótese da segunda vinda. Ela não é contrária à doutrina, mas também não é sua
consequência imediata. É possível que seja correta, mas não é necessário – como no
caso anterior, no qual a necessidade lógica fica demonstrada. Se considerada
verdadeira, tal afirmação não é de natureza lógica, mas teológica.
Por último temos a “hipótese do símbolo”, conforme a qual, Kyoshu-Sama é um
símbolo, e não a presença de Meishu-Sama na terra. Como símbolo é passível de erros,
enganos, tropeços. Esta é claramente a hipótese adotada na década de 1980 pelo grupo
do Reverendo Kawai, pelo Instituto de Estudos sobre Mokiti Okada45 e atualmente
pelo grupo do Reverendo Kobayashi. Mais uma vez, vamos analisar a consistência
lógica de tal hipótese sem levar em conta fatores extra-lógicos. Isto significa que, para
tal análise, opiniões, interpretações e convicções não importam.

42 “(...) em mim não há distinção entre Deus e o homem. Este é o verdadeiro Estado de União com Deus
com Deus”. Jornal Eiko nº 155, “Estado de união com Deus” – (07/05/52)

43 “De posse dessa luz poderosa, não há nada que eu não possa saber”. Ver “Minha Luz” em Alicerce do Paraíso.
44 Ver “O espírito precede a matéria” em O Alicerce do Paraíso.
45
O Instituto publicou, nos anos 1980, um estudo que apresentava a sua versão dos fatos, intitulado “Meishu-
Sama e a luta entre o Bem e o Mal”.

138
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Basta apenas verificar a compatibilidade entre os princípios que compõem os


pilares básicos da fé messiânica e a proposição de que Kyoshu-Sama pode desorientar
a Igreja, levando-a além dos domínios de Meishu-Sama. Concluímos que para que tal
hipótese seja correta é necessário que (a) Deus não seja Onipotente, Onisciente e
Onipresente (de modo que seja possível, como Líder de sua Igreja, desobedecê-lo e
enganá-lo), (b) Meishu-Sama não seja o Salvador (de modo que tendo poder e
conhecimentos limitados não possa impedir o Líder de sua Igreja de degradá-la) e (c)
O Mundo Espiritual não seja precedente em relação ao Mundo Material (de modo que
o Líder da Igreja no mundo material seja capaz de escapar ao domínio do Líder da
Igreja no mundo espiritual). Mas (a), (b), e (c) contradizem a doutrina da Igreja, logo
tal hipótese é logicamente incompatível com esta doutrina46.
Sendo assim, a despeito de quaisquer disputas de opiniões, de caráter subjetivo,
fato é que, a partir de uma análise sumamente lógica, chegamos ao seguinte quadro:

Hipótese do instrumento = logicamente necessária a partir da doutrina.


Hipótese da segunda vinda do messias = logicamente possível
Hipótese do símbolo = logicamente incompatível com a doutrina

Se a hipótese da Segunda vinda do Messias fosse correta seria absurdo negar a


Kyoshu-Sama o pleno governo da Igreja, em todas as suas dimensões. No entanto,
neste trabalho, vamos deixar de lado tal hipótese, não por ser ou não ser correta, mas
por não ser necessária aos nossos fins, e trabalhar somente com a primeira. Nosso
objetivo é demonstrar, não pela via da opinião e da retórica subjetiva, mas do
raciocínio lógico, que a primeira hipótese é suficiente para chegarmos à conclusão que,
uma análise dos pilares doutrinários da Igreja, nos obriga a assumir tanto que o
governo pleno da Obra de Meishu-Sama na terra cabe a Kyoshu-Sama, quanto que
este não pode (não dispõe da possibilidade) de se afastar de Meishu-Sama.

2. O que é a Igreja de Meishu-Sama?

46
Voltaremos a explicar e frisar tal incompatibilidade, de um modo direto, em pelo menos outras duas
oportunidades nesse trabalho. Primeiro, quando demonstramos que o “argumento da profanação” é falacioso, e
por último, na conclusão do texto.

139
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Antes de nos aprofundarmos sobre os atributos do Trono de Kyoshu, devemos


perguntar “O que é a Igreja de Meishu-Sama?”. Como toda questão aparentemente
simples, esta pergunta é multidimensional, isto é, pode ser respondida de muitos
modos, cada qual abordando uma dimensão distinta. Desta feita, a resposta pode
possuir uma característica jurídica institucional, ou histórico social, pode apelar ao
aspecto político, ou, em nível mais profundo, tratar do âmbito filosófico e teológico.
Se respondermos que a Igreja de Meishu-Sama é simplesmente o que está
fixado pelo estatuto, a lei, descrevendo, como em um organograma, a estrutura
institucional da Igreja, cremos que teremos optado por um caminho no qual o corpo
predomina sobre o espírito. Teremos dado uma resposta legalista, mas será a resposta
espiritualista? Será que a instituição não faz parte da Igreja, mas não a esgota,
tampouco a fundamenta?
Se respondermos que a Igreja é formada por templos, Johrei Centers, solos
sagrados, centros de pesquisa, seu corpo sacerdotal, missionário, de membros e
frequentadores, seu quadro de funcionários, não teremos dado uma resposta
sociológica simplória e uma resposta teológica superficial? Ora, não seria correto
pensar, novamente, que todas essas coisas fazem parte da Igreja, mas que não são, por
si mesmas, a Igreja?
No entanto, se buscamos uma compreensão teológica mais sublime, então
teremos que pensar que a Igreja é, antes de tudo, um reino espiritual. Sendo assim,
diremos que a Igreja de Meishu-Sama é o reino espiritual de Meishu-Sama que se
materializa na terra. Um reino possui um centro, e no centro do reino há um trono.
Qual é a natureza deste trono? Devemos prosseguir em nossos esforços teológicos. A
que outra definição poderíamos chegar, com base nos Ensinamentos de Meishu-Sama,
a não ser que este Trono existe no mundo divino e é ocupado pelo próprio Meishu-
Sama? Pela lei de precedência do espírito sobre a matéria não poderíamos concluir de
outra forma. E como a mesma lógica determina que há identidade entre espírito e
matéria, existindo o Trono de Meishu-Sama, deve haver algo no mundo material que
seja seu correspondente exato e direto. E o que poderia ser este correspondente senão
o Trono de Kyoshu? Logo se conclui, por necessidade lógica, a tal ponto que não sobra
a mínima margem para dúvida, que o domínio espiritual que Meishu-Sama detém
sobre a sua Igreja se materializa neste mundo na forma da autoridade espiritual e
institucional do trono de Kyoshu.

140
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

O Trono de Kyoshu é a expressão na Terra do domínio do Supremo Deus sobre


a Igreja. E como Deus é Senhor não somente daquilo que é espírito, res cogitans, como
daquilo que é matéria, res extensa, como Deus é ilimitado e irrestrito, o Trono de
Kyoshu, se é sua expressão na Terra, então, é igualmente ilimitado e irrestrito,
comandando tanto o espírito quanto a matéria da Igreja. Ora, o que acontece se
admitimos que o Trono de Kyoshu não detém o governo material da Igreja?
Incorremos em grave violação da lei de espírito precede a matéria, o que tornaria a
doutrina messiânica insustentável, incoerente e logo, sem credibilidade. E por quê?
Por que conforme tal lei, tudo o que existe no mundo material corresponde a algo que
existe, antes, no mundo espiritual. Logo, se a Igreja possui um comando no mundo
espiritual, então possui um comando no mundo material. Qual seria esse comando no
mundo espiritual senão Meishu-Sama? E quem representaria diretamente Meishu-
Sama no mundo material? A Diretoria? Meishu-Sama escreveu em 1953 que:

Entre as pessoas da Igreja Messiânica Mundial, eu sou a raiz, e


as pessoas da diretoria seriam mais para os grandes galhos (...)47.

Meishu-Sama deixa claro e de forma explícita que ele é a raiz, e a diretoria


representa os grandes galhos. Ora, que árvore é essa em que os grandes galhos se ligam
diretamente à raiz, emanando dela, sem ser unificados e sustentados pelo tronco? Se
Meishu-Sama é a raiz, e definitivamente a diretoria não é o tronco – o texto é
claríssimo – o que é o tronco, então, senão o Trono de Kyoshu? Com a ascensão de
Meishu-Sama ao mundo divino, a raiz passou a ser completamente espiritual. A raiz
nutre e se liga diretamente ao tronco, e somente do tronco, subordinados a ele, podem
brotar e se ramificar os galhos. Por isso, o centro da Obra Divina no mundo material
não pode ser outro senão o Trono de Kyoshu, como nos dissera o Reverendíssimo
Tetsuo Watanabe:

Como Kyoshu-Sama está no centro do Plano Divino


desenvolvido neste mundo material, ele vai dizer claramente as
coisas. Se consultarmos Kyoshu-Sama: “O que o senhor acha?
Será que está errado?” Kyoshu- Sama vai responder: “É… aquilo

47 Mioshie-shu Nº 26 (05/071953)

141
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

está errado!” E se perguntarmos: “O senhor acha que já estamos


unidos?” Ele vai responder: “Ainda não…” Mesmo que façamos
essas perguntas a Meishu-Sama, não vamos ouvir a voz dele.
Logo, o centro do Plano Divino desenvolvido neste mundo
material é Kyoshu-Sama48!

Entre o que existe no mundo espiritual e o que existe no mundo material há


uma relação de identidade (identidade entre espírito e matéria). Se dissermos que o
Trono de Kyoshu é o centro espiritual, logo, temos que admitir também, que é o centro
material. Ora, ao afirmarmos que é o centro espiritual da Igreja na terra, estamos
declarando que o Trono de Kyoshu é o par idêntico, na Terra, ao Trono de Meishu-
Sama, que é o centro espiritual da Igreja no mundo divino. Isto significa, na verdade,
que não há o Trono de Meishu-Sama e o Trono de Kyoshu, mas um só Trono, que
transcendendo os limites do espaço-tempo, ocupa tanto o mundo espiritual quanto o
mundo material:

Como diz no Ensinamento “Deus é ordem”, no mundo espiritual existe


uma rigorosa hierarquia divina: Supremo Deus = Trono de Kyoshu.
Portanto, é natural que ao Kyoshu– que é o corpo principal da Igreja
– é dado pelo Supremo Deus o poder divino necessário para a
providência da Igreja, ou seja, o poder em relação à doutrina, aos
ofícios religiosos, e ao poder de decisão sobre todos os outros assuntos
administrativos da Igreja. (...) Sem Meishu-Sama vivo, faz-se
necessário um corpo físico que represente o Supremo Deus e por isso
Meishu-Sama instalou no Trono de Kyoshu, o corpo material que o
representasse. E Meishu-Sama trabalha vivo dentro de Kyoshu, tal
como o ancestral de um actual chefe de família. NIDAI-SAMA49

Se o Trono de Kyoshu é o Trono de Meishu-Sama, e se Kyoshu não tem o


governo material da Igreja, sendo limitado e possuindo ação restrita, então Meishu-
Sama é limitado e restrito, e o reino espiritual é igualmente limitado e restrito em face
do reino material. Entender que por necessidade lógica, pretender limitar Kyoshu-
Sama é limitar o próprio Meishu-Sama é uma chave fundamental para pensarmos o
futuro da Igreja. Isto não significa dizer que Kyoshu-Sama é Meishu-Sama, mas que

48Orientação do Reverendíssimo Tetsuo Watanabe. Templo Messiânico – Atami, Japão. 10 de


fevereiro de 2008. http://www.messianica.org.br/Meishu-Sama/mensagens/mensagensimportantes-do-solo-
sagrado-do-japao

49 http://Johreiafrica.com/?page_id=11029

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

aquele que ocupa o Trono de Kyoshu-Sama está investido de poder espiritual e


material, sob o domínio de Meishu-Sama, para governar a Igreja. Sendo Meishu-Sama
o primeiro ocupante do Trono, se segue que aquele que é seu sucessor, não tem o
poder, nem a vontade, nem a liberdade, de se afastar de Meishu-Sama. Em termos
filosóficos ainda mais fundamentais, não poderia ter o poder de se afastar de Meishu-
Sama. Isso é mais do que uma ausência factual de poder, trata-se de uma
impossibilidade ontológica. Pensar que Meishu-Sama pode perder, ainda que por uma
fração de segundos, o domínio sobre Kyoshu-Sama, é pensar que a matéria predomina
sobre o espírito, que o poder de Meishu-Sama é limitado, que seu Trono pode ser
usurpado. Mas se é assim, se Meishu-Sama não tem o poder do Salvador, como fixado
pela doutrina, então já não é o que pensamos que fosse. Ora, se reconhecemos a
divindade de Meishu-Sama e a precedência do espírito sobre a matéria, então temos
que admitir que com sua ascensão para o mundo divino seu poder tornou-se ilimitado
e irrestrito, muito mais do que era em vida carnal, a tal ponto que o ocupante do Trono
de Kyoshu é, nas mãos de Meishu-Sama, um ventríloquo, um instrumento perfeito,
por meio do qual o próprio Meishu-Sama desenvolve sua obra. Se Kyoshu-Sama
ocupa o Trono que é de Meishu-Sama, e tem o poder para mover-se um centímetro
que seja fora da Vontade de Meishu-Sama, então nem o espírito precede a matéria, e
nem Meishu-Sama comanda a Igreja.
Como há precedência de A (espírito) em relação a B (matéria), o governante de
B não pode ser autônomo em relação ao governante de A. Absurdo maior é pensar que
o governante de B pode limitar e constranger o comandante de A. Isto só ocorre à custa
de uma total subversão da ordem entre espírito e matéria. Quem comanda A deve
comandar B. Reconhecer que Kyoshu-Sama é Líder de A (Líder Espiritual) e negar
que seja Líder de B (Líder Material) é incorrer em flagrante contradição. Ora, se o
espírito comanda a matéria, e se Kyoshu-Sama é o Líder Espiritual da Igreja, então é
o seu Líder Material. Que o Líder Espiritual seja privado da liderança material, e que
os líderes materiais, mais do que isso, limitem a ação do Líder Espiritual e digam a ele
como se comportar, o que dizer e como agir, é um caso evidente e claríssimo de
inversão da ordem operante no sistema lógico da doutrina em questão. Para percebê-
lo não é necessário ser pessoa religiosa, basta conhecer a doutrina em questão,
conhecer as leis da lógica, estar ciente dos fatos atuais, e calcular se os fatos confirmam
ou contradizem a coerência lógica do sistema doutrinário estudado. A incoerência
silogística entre a doutrina da precedência do espírito precede a matéria e a limitação

143
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

do Trono de Kyoshu à Liderança Espiritual é patente, pois conforme o conteúdo desta


mesma doutrina, se S comanda o espírito e o espírito comanda a matéria, logo S
comanda a matéria. Grau zero de incerteza, sem um milímetro que seja como área de
manobra.
A diretoria atual sempre se referiu a Kyoshu-Sama como Líder Espiritual.
Como Kyoshu-Sama pode ser o líder espiritual sem ser reconhecido como Líder
Material? Em outro sistema doutrinário fundamentado em uma teologia dualista em
que espírito e matéria são independentes e autônomos, poderia ser o caso – mas como
poderia sê-lo em base doutrinária que pressupõe o comando da matéria pelo espírito?
Dito isto, sendo Deus o Senhor de todos os mundos, sendo Deus o centro não somente
do mundo espiritual como do mundo material, concluímos com certeza matemática
que se algo na Igreja lhe corresponde como centro espiritual, então também lhe
corresponde como centro material. Para que algo na Igreja seja a representação de
Deus, detenha o poder espiritual e não o material, é necessário que Deus seja o Senhor
somente do espírito, sem que reine sobre a matéria. Mas então, já não poderia ser
realmente chamado de Deus. Ou não admitimos que o Trono é a expressão de Deus na
Terra, ou não admitimos a lei de precedência e identidade entre espírito e matéria, ou,
se admitimos tais pontos, então não poderemos negar que, do simples fato de ser o
Trono de Kyoshu o centro espiritual da Igreja, decorre necessariamente que também
seja o centro material. Pretender que o Trono se restrinja às orientações espirituais
sem que detenha o governo material é ferir a lógica que o próprio Meishu-Sama
ensinou. Não há maneira de salvar a doutrina da Igreja e restringir o poder do Trono
de Kyoshu ao mesmo tempo.
Qualquer tentativa de relegar a Kyoshu-Sama somente o governo espiritual e
não o material nos conduz a paradoxos, confusões e falácias, promovendo fendas e
rachaduras estruturais no edifício da doutrina da Igreja. Ou bem reconhecemos que o
espírito precede a matéria, e que, portanto, o governante espiritual é,
consequentemente, governante material, ou bem admitimos que o governo material é
independente do governo espiritual, e, portanto, que a matéria independe do espírito.
Mas isso descaracterizaria radicalmente a doutrina messiânica, tornando-a
insustentável e incoerente, inviabilizando a teoria da purificação, do Johrei, e todo o
resto. Logo se percebe que não temos um impasse político, mas insuperável problema
teológico que pode simplesmente fazer desmoronar toda a doutrina da Igreja. Não há
espiritualismo messiânico sem a lei de precedência do espírito sobre a matéria, e não

144
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

há modo de conciliar tal lei com a restrição de Kyoshu ao escopo das orientações
espirituais. Como alguém poderia ser capaz de orientar a Igreja espiritualmente, e
incapaz de fazê-lo materialmente, se é a matéria que é subordinada ao espírito, e não
o contrário? Como alguém poderia ser o Orientado Espiritual da Igreja, e não ser o
Orientador Material, se entre espírito e matéria impera a lei de identidade? Ou bem
aquele que é o Orientador Espiritual é também, por consequência e necessidade lógica
o Orientador Material, ou bem o espírito não comanda a matéria, e nem há identidade
alguma entre ambos. Mas isto não está na base dos Ensinamentos de Meishu-Sama?
Não há solução hermenêutica, lógica e teológica. Ou reconhecemos os
Ensinamentos de Meishu-Sama, e, portanto, as leis de relação entre espírito e matéria,
e então aceitamos Kyoshu-Sama como Orientador Pleno, Espiritual e Material, ou não
o aceitamos, o que implica necessariamente em não reconhecer as leis de relação entre
espírito e matéria, e, consequentemente, em negar os Ensinamentos. Não nos é
possível manipular convenientemente tal encadeamento, como se entre tais elementos
não operasse uma lógica claríssima e exata. O que temos diante de nós não é uma
questão estatutária, mas verdadeiramente doutrinária. Não é um problema para
juristas, mas para teólogos. Não há como conciliar a lei de precedência do espírito
sobre a matéria e a tese de que o governo de Kyoshu-Sama é apenas espiritual. Se for
espiritual, então também será necessariamente material. Se for material, então será
necessariamente institucional e administrativo, a não ser que o próprio Kyoshu-Sama
delegue tal governo a outrem. O que está em jogo aqui é a própria doutrina da Igreja e
a confiabilidade hermenêutica da teologia messiânica. Como em um jogo de dominó,
se derrubarmos uma peça estrutural, todo o resto cairá por terra. Ou assumimos que
Kyoshu-Sama não têm o governo espiritual, o que vai contra todos os
pronunciamentos públicos acerca do Trono de Kyoshu, mesmo os daqueles que hoje
atentam contra o mesmo, ou assumimos que Kyoshu detém o governo espiritual e
material, o que preserva a história da Igreja e a fé da membresia atual, ou, por meio de
estranha manobra hermenêutica, assumimos que Kyoshu detêm o governo espiritual,
mas não o material, e então atentamos contra a precedência do espírito sobre a
matéria. Mas aí destruímos a unidade e a coerência da doutrina da Igreja.

145
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

3. Não existe Igreja de Meishu-Sama sem verdadeira centralização


no Trono de Kyoshu

Aristóteles, na antiguidade clássica, ensinou-nos que todo ser possui


propriedades necessárias e contingentes. As necessárias são aquelas que definem o ser,
ou seja, sem as quais o ser se descaracteriza, deixa de ser o que é, perde sua identidade.
Dito de outro modo, uma propriedade P de X é necessária se, e somente se, com a
supressão de P, temos a supressão de X. Uma propriedade é necessária quando não
pode não ser. Já as propriedades contingentes não são essenciais, isto é, não são
necessárias. Se suprimirmos uma propriedade desta natureza, o ser permanece tal e
qual. O que é contingente não entra na definição do ser; não o determina. Pensemos
em uma circunferência azul, desenhada em uma folha de papel. Se mudarmos sua cor
de azul para vermelho, isso em nada alterará o fato de que a figura no papel é uma
circunferência. Se ao invés de papel tivermos uma lâmina de aço, se ao invés de medir
x centímetros de raio a figura mediar y centímetros, se ao invés da circunferência estar
desenhada em qualquer superfície, ela não passar de uma ideia em minha mente, isso
em nada mudaria o ser da circunferência, pois cor, peso, tamanho e outros atributos
são meramente contingentes. Podem ser substituídos ou mesmo subtraídos, sem que
o ser seja alterado. Mas, se ao invés de ter todos os pontos de sua superfície
distribuídos exatamente à mesma distância do centro, tivermos uma forma
ligeiramente diferente, seja o que for que tivermos diante dos olhos ou em nossa
mente, já não será uma circunferência, mas outro ser – uma falsa circunferência, uma
elipse, uma falsa elipse et caetera. Nesse caso, a modificação provocou uma
transformação essencial, que modifica a própria definição do ser. Encontramos, pois,
sua natureza fundamental e necessária.
Da mesma forma, uma pessoa não deixa de ser pessoa caso mude de tamanho,
nacionalidade, cor, peso, profissão, estado civil, simplesmente porque nenhuma
destas características são necessárias ao conceito de pessoa, mas deixa de ser pessoa
(humana), caso deixe de ser um ser vivo, subjetivo, individual. Um quadrado pode ser
violeta ou marrom, mas não pode possuir somente três lados. Sendo assim, ao
perguntarmos “O que é a Igreja de Meishu-Sama?”, perguntamos, com Aristóteles, “O
que faz deste ser, exatamente este ser, e não outro qualquer?”, ou “O que é necessário
e o que é contingente na Igreja de Meishu-Sama?”. Tal questão requer, sem via de
dúvidas, muito esforço analítico e pesquisa em eclesiologia. Por isso, apesar de nossa

146
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

resposta nessa ocasião, a investigação teológica deve se aprofundar em tais questões.


No entanto, por hora, nos satisfazemos com a seguinte síntese: A Igreja de Meishu-
Sama pode ter ou não ter esta ou aquela forma de organização administrativa, pode
ter ou não ter estes ou aqueles templos, muitos ou poucos seguidores, estes ou aqueles
diretores, sacerdotes, membros, frequentadores, mas o que ela não pode deixar de ter
são os Ensinamentos de Meishu-Sama. O Johrei, a Agricultura Natural e o Belo,
enquanto colunas de salvação não são autônomos em relação aos Ensinamentos,
antes, porém, são práticas fixadas pelos Ensinamentos. Os Ensinamentos contêm o
corpus doutrinário fundamental da fé messiânica, e sem tal fundamentação da fé, não
existe Igreja Messiânica. Logo se vê a profunda relação entre a Igreja e sua Doutrina,
entre ekklesia/ecclesia, e doctrina. Não há Igreja sem doutrina, e não há doutrina sem
os Ensinamentos. Ora, ocorre que Kyoshus significa “Senhor do Ensinamento”,
conforme a fonte supra citada no site da Igreja da África:

A palavra “Kyoshu” significa “dono, senhor do ensinamento”.


Assim, aquele que ocupa o Trono de Kyoshu, chamado de
Kyoshu-Sama, além de ser o supremo orientador, tem a missão
de ser o elo de ligação entre Meishu-Sama, que está no Mundo
Divino, e os membros messiânicos, que se encontram no Mundo
Material. Por isso, todos os pedidos chegam a Deus através dele.
O primeiro a ocupar o Trono de Kyoshu foi Meishu-Sama.

Se não há Igreja de Meishu-Sama sem os Seus Ensinamentos, e se Kyoshu-


Sama é o dono, senhor dos ensinamentos, então não há Igreja de Meishu-Sama sem
Kyoshu-Sama, e mais do que isso, se Kyoshu-Sama é o Senhor dos Ensinamentos, e
os Ensinamentos são o fundamento necessário da Igreja, então Kyoshu-Sama é o
Senhor da Igreja de Meishu-Sama.
Concedamos a palavra, agora, a um interlocutor hipotético, contrário ao
governo de Kyoshu-Sama. Ele concorda conosco que Kyoshu-Sama é o “Senhor dos
Ensinamentos”, mas nos adverte que esse é justamente o problema, e é isto que
devemos denunciar, pois como guardião dos Ensinamentos, o atual Kyoshu os está
desvirtuando, deturpando, profanando, portanto, a palavra de Deus. Temos, então,
que levar tal aparte a sério e analisar logicamente, se, dado os pilares doutrinários da
fé messiânica, aquele que ocupa o Trono de Kyoshu pode deturpar os Ensinamentos

147
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

do Messias. Trata-se de uma discussão acerca da infalibilidade de Kyoshu-Sama. Ora,


demonstramos anteriormente que Kyoshu-Sama não pode se afastar de Meishu-
Sama17, não por que seja todo poderoso e infalível, mas justamente pelo contrário, ou
seja, por que é Meishu-Sama que é poderoso e infalível, porque é Ele que governa a
Igreja, porque Kyoshu-Sama, estando no mundo material, não poderia predominar
sobre Meishu-Sama, que reina no mundo divino, de natureza espiritual.
Em resumo, chamamos de "Argumento da profanação" o juízo de que Kyoshu-
Sama está desvirtuando ou deturpando os Ensinamentos de Meishu-Sama. No
entanto, a partir de uma análise minuciosa de tal argumento, logo se compreende que
não há como sustentar o argumento da profanação sem negar (a) a atuação da
onipotência de Deus na preservação de Sua Igreja, (b) a divindade de Meishu-Sama,
(c) a lei de precedência do espírito sobre a matéria. Logo, o argumento da profanação
nos leva (I) ao ateísmo (negação de Deus), (II) ao não-messianismo (negação da
divindade de Meishu-Sama) e (III) ao materialismo (negação do predomínio do
espírito sobre a matéria). Logo, o argumento da profanação é, em absoluto, letra a
letra, incompatível com a doutrina messiânica. No escopo de tal doutrina é
teologicamente inconsistente, logicamente falacioso e filosoficamente insustentável.
Do ponto de vista religioso, chega a ser herético. Ironicamente, ao negar o Governo de
Deus sobre sua própria Igreja e a divindade do Messias, o “argumento da profanação”
é uma profanação dos alicerces mais básicos dos da fé messiânica.
Se há uma Igreja que se diz seguidora dos Ensinamentos de Meishu-Sama, mas
não reconhece Kyoshu-Sama como o Senhor destes Ensinamentos, e, portanto,
Senhor da Igreja, então como poderia esta instituição ser realmente a Igreja de
Meishu-Sama?50
Se há uma Igreja que diz reconhecer Kyoshu-Sama como Senhor da Igreja, mas
que não o trata como tal, como poderíamos, realmente, acreditar em sua sinceridade
e servir? Ou bem Kyoshu, por ser o Senhor dos Ensinamentos, é, portanto, Senhor da
Igreja – ao guardar os Ensinamentos guarda a própria Igreja, ao ter a doutrina, tem a
própria ecclesia, – ou bem temos uma Igreja sem o Senhor dos Ensinamentos, e logo,
já não temos Igreja, ainda que persista uma organização com tal nome. A partir de tal
análise, chegamos a dois axiomas fundamentais da fé messiânica:

50 Não se trata de uma simples falta factual de poder, mas de uma impossibilidade lógica.

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

1. O que é fundamental na Igreja de Meishu-Sama é o Trono de Kyoshu.


2. Sem o Trono perdemos a segurança51 em relação aos Ensinamentos.
Sem os Ensinamentos, não há Igreja.

A Igreja persiste se um templo é fechado. A Igreja persiste se qualquer membro,


sacerdote ou não, deixa seu quadro. A Igreja persiste nesta ou naquela configuração
institucional. Mas a Igreja não persiste sem os Ensinamentos, e na doutrina da Igreja
e na fé dos membros, os Ensinamentos não persistem sem aquele que foi investido
como seu guardião, ou “Senhor”. Uma Igreja afastada de Kyoshu é uma Igreja que
retira o alicerce que guarda e esclarece os próprios Ensinamentos que lhe dão vida, o
que é insustentável. A Igreja de Meishu-Sama existirá onde o Trono de Kyoshu existir.
Existirá quando o Trono de Kyoshu existir. E será como o Trono de Kyoshu quiser que
seja. Se subtrairmos do mundo o Trono de Kyoshu, automaticamente desaparecerá da
terra a Igreja de Meishu-Sama. Mas se preservamos o Trono de Kyoshu, mesmo que
todo o resto desapareça, a Igreja de Meishu-Sama permanece viva na terra. Este, e
somente este, pode ser o significado de uma verdadeira centralização no Trono de
Kyoshu. Falar em centralização no Trono de Kyoshu’s em reconhecê-lo e tratá-lo como
o Senhor dos Ensinamentos, e, portanto, da Igreja, não passa de retórica non sense.
Desejar sinceramente a centralização no Trono de Kyoshu é reconhecer que na Igreja
tudo, exceto o Trono, é contingente. Se cortarmos todos os galhos, com o tempo, do
tronco brotarão outros.
Mas se o tronco é extirpado, nenhum novo galho pode ganhar vida. Quando são
os galhos que cerram sua ligação com o próprio tronco que lhes alimenta e sustenta, o
que dizer? O Trono existe sem a Igreja (em sentido institucional), por que
teologicamente ele é a Igreja (seu centro, e, portanto, seu “início”, no mundo material).
Mas a Igreja não pode existir sem o Trono. Isto não significa retirar a importância de
todas as coisas. Pelo contrário, é compreender a real importância de cada coisa. Na
Igreja, as coisas são importantes justamente por que não existem de modo desconexo
e desordenado, mas por derivarem de um centro comum, uma ordem central, assim
como os galhos são importantíssimos e nos dão belos frutos, mas não teriam vida sem
estar ligados ao tronco, e o tronco à raiz.

51Kyoshu-Sama possui a totalidade dos Ensinamentos, e a missão de guardá-los e comunicá-los à Igreja. Sem
Kyoshu-Sama, é exigido do membro, contra a sua cultura e fé, que aceite os Ensinamentos em nome da Instituição.
Mas o membro confia e espera de Kyoshu-Sama a Orientação Espiritual devida.

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Conclusão

Por mais elementar que seja, no campo da lógica clássica, o cálculo silogístico,
por ser formal e exato, serve às nossas necessidades atuais. De duas proposições
básicas, chamadas de premissas, deduzimos uma conclusão irrefutável. Chamar tal
operação de exata significa dizer que para cada cálculo silogístico existe um, e somente
um resultado correto. Ao resultado chegamos por dedução lógica a partir de uma
operação objetiva sem interferência de quaisquer elementos subjetivos. Estamos aqui
em seara fundamental da pesquisa lógica, que equivaleria na aritmética, por exemplo,
ao campo das operações básicas. Um silogismo simples é tão elementar – e infalível –
quanto uma adição simples do tipo 2 + 2 = 4. Conhecidos os símbolos e suas relações,
e suas regras de combinação, não há margem para dúvidas quanto ao modo de se
executar o cálculo e de se verificar a correção do resultado obtido. Não há a mínima
margem para subjetivismos, interpretações e resultados alternativos.
Ideologias, opiniões e paixões não importam aqui. Em qualquer lugar do
mundo, de qualquer religião, ideologia ou sistema de crenças que seja, qualquer pessoa
que somar 1+1 só poderá obter um resultado correto: 2. Do modo mesmo modo, no
cálculo silogismo, independente das paixões individuais, qualquer pessoa que souber
que “Todo S é P” e que “Q é S” terá que concluir, a favor ou contra seus afetos,
necessariamente, que, “Logo, Q é P”.
Aplicando a teoria silogística ao presente caso, temos que escolher, antes de
tudo, qual será nossa primeira premissa.

Opção 1: Kyoshu-Sama é o Líder Espiritual da Igreja.


Opção 2: Kyoshu-Sama não é o Líder espiritual da Igreja.

Podemos escolher a opção 2, mas ela é contrária a toda história da Igreja e até
mesmo ao posicionamento daqueles que hoje se insurgem contra a liderança de
Kyoshu-Sama. Vejamos, por exemplo, recente pronunciamento do Rev. Kobayashi:

A Igreja Messiânica Mundial – Izunome, desde a purificação da

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

nossa igreja, objetivou o estabelecimento de um sistema


centralizado no Líder Espiritual, Kyoshu-Sama52.

Ora, nesta sentença se reconhece Kyoshu-Sama como Líder Espiritual. Somos


forçados a escolher por premissa a opção 1:

Kyoshu-Sama é o Líder Espiritual da Igreja

Agora temos que escolher entre duas premissas aquela que está conforme à
doutrina da Igreja.

Opção a: O espírito comanda a matéria.


Opção b: A matéria comanda o espírito.

A opção que está conforme a doutrina da Igreja é:

“O espírito comanda a matéria”

Calculemos então as duas premissas em questão:

Se Kyoshu-Sama é o Líder Espiritual da Igreja


E o espírito comanda a matéria
Então, Kyoshu-Sama é o Líder Material da Igreja.

A que outra conclusão poderíamos chegar sem ferir o mais reto e elementar bom
senso? E ainda mais elementar, a que conclusão poderíamos chegar sem que nosso
erro não fosse matemático e básico? Se quisermos tornar o raciocínio mais completo
poderíamos acrescentar:

Kyoshu-Sama é o Líder Espiritual da Igreja.


Se é o Líder Material da Igreja e

52 Saudação do Presidente Masayoshi Kobayashi. Culto Mensal de Agradecimento – Maio. Templo


Messiânico, Solo Sagrado de Atami. 1º de maio de 2017. http://www.messianica.org.br/Meishu-
Sama/mensagens/mensagensimportantes-do-solo-sagrado-do-japao

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

O espírito precede a matéria


Logo, Kyoshu-Sama é o Líder Espiritual que precede o
Líder Material da Igreja.

Ou seja, ou Kyoshu-Sama acumula a liderança espiritual e material, ou há um


Líder espiritual e outro material, mas como a matéria é comandada pelo espírito, a ele
serve e obedece, logo o Líder Material é comandado pelo Líder Espiritual. Mas se o
Líder Material é comandado, logo não é líder, título que não cabe a ele, mas ao seu
comandante. Portanto se vê que a Igreja só admite um Líder, que este só pode ser o
Líder espiritual, que é líder material por consequência, estando a matéria subordinada
ao espírito, e que este Líder só pode ser aquele que ocupa o Trono de Kyoshu. Se
pensarmos a doutrina da Igreja como um sistema fechado de proposições, isto é, uma
lista de frases que expressam os preceitos básicos da religião messiânica, certamente
duas das mais fundamentais proposições serão “O espírito precede a matéria”53 e
“Kyoshu-Sama é o Líder Espiritual da Igreja”.
Se estas duas proposições compõem o mesmo corpus doutrinário, se segue, por
dedução lógica irrefutável, a conclusão de que “Kyoshu-Sama é o Líder Material da
Igreja”. Deste modo, negar a Kyoshu-Sama a liderança material da Igreja, a despeito
de todo cenário político, sociológico e jurídico, é, em termos doutrinários, um absurdo
lógico e um erro matemático. Consiste, para a teologia messiânica, grave lacuna e
aguda inconsistência conceitual.

53É anterior, predomina, comanda, determina.

152
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

REFERÊNCIAS 2

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Alfredo Bosi (Trad.). São Paulo:


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BÖTTIGHEIMER, Christoph. Manual de Teologia Fundamental: A
racionalidade da questão de Deus e da Revelação. Markus A. Hediger e
Eduardo Gross (Trad.). Petrópolis: Editora Vozes, 2014.
KOBAYASHI, Massayoshi. Coletânea de orientações do Reverendo
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OKADA, Mokiti. Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 2, 3ª ed. SP: Fundação Mokiti
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OKADA, Mokiti. Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 3, 3ª ed. SP: Fundação Mokiti
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Paulo: Fundação Mokiti Okada, 1986.
OKADA, Mokiti. A Outra Face da Doença. São Paulo. Fundação Mokiti Okada,
1986.
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FMO, 1990.
OKADA, Mokiti. Chave da Difusão. São Paulo. Fundação Mokiti Okada, 1999.
OKADA, Mokiti. Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 1, 3ª ed. SP: Fundação
MokitiOkada, 2007 .
OKADA, Mokiti. Os novos tempos. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 1993.
SAMA, Kyoshu. Coletânea de orientações do Líder Espiritual Kyoshu-Sama.
São Paulo: IMMB, 2014.
SAMA, Kyoshu. Coletânea de orientações do Líder Espiritual Kyoshu-Sama.
São Paulo: IMMB, 2015.
SAMA, Kyoshu. Coletânea de orientações do Líder Espiritual Kyoshu-Sama.
São Paulo: IMMB, 2016.

153
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

SAMA, Kyoshu. Revista Izunomê, nº 22. São Paulo: IMMB, 2009. Culto de Outono.
SAMA, Meishu. Alicerce do Paraíso. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 1987.
SAMA, Meishu. A Chave da Difusão. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 1987.
SAMA, Meishu. Alicerce do Paraíso. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 2008.
SAMA, Meishu. Fé é confiança. Igreja Messiânica Mundial de Portugal, Boletim
Informativo. Setembro de 215, N. 24.
SAMA. M. Evangelho do Céu v.III, Reino Divino. São Paulo, Ed. Lux Oriens, set,
2014.

154
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

ADENDO IV

O presente ADENDO é uma prova concreta de quão frágil e sem sentido é


qualquer acusação de que Kyoshu-Sama nos desvia da prática do altruísmo. Aqui fica
demonstrado, de modo claro e inequívoco, que na verdade, as Orientações de Kyoshu
sobre o altruísmo são fartas. Somente entre 2004 e 2018, Kyoshu-Sama pronunciou
as palavras “altruísmo/altruísta” em 47 oportunidades e em 8 falou diretamente sobre
“felicidade do próximo”, contabilizando 55 passagens diretas sobre amor altruísta em
suas Orientações.

ALTRUÍSMO

“(...) a Prática Diária do Johrei repleto de altruísmo,


que os senhores estão fazendo, é o Núcleo da Obra Divina
de Meishu-Sama, e dentro dela está o conteúdo básico que
se liga a toda a Obra de Salvação.”
CULTO DE NATALÍCIO DE MEISHU-SAMA
(23/DEZ/04)

“(...) todos nós desejamos servir à Obra Divina de


construção do Paraíso Terrestre e de salvação da
humanidade mencionada por Meishu-Sama, e também
praticar o altruísmo; em outras palavras, desejamos
ser utilizados para partilhar as bênçãos de Deus com
muitas pessoas.”
CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS
(1º/JUL/08)

“Sinto muita gratidão pelo empenho de todos os


messiânicos da Igreja Izunome em elevar a consciência
de que estamos unidos ao Messias Meishu-Sama,
desejando tornar-se um modelo do ser paradisíaco por
meio da Prática do Sonen de Altruísmo.”

155
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

“Sendo assim, no que diz respeito à realização da


Prática do Sonen de Altruísmo, o fundamental é servir
com o sentimento (...)”

“A gratidão também é muito importante para a


Prática do Sonen de Altruísmo.”
CULTO DE OUTONO (1º e 2/OUT/09)

“Este presente é o fruto da dedicação de todos, que


seguiram a orientação do presidente Watanabe nos
últimos seis meses sobre a “Prática do Sonen de
Altruísmo”
CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS (1º e
2/NOV/09)

“Agradeço sinceramente a todos os senhores por


estarem se empenhando na prática do sonen de
altruísmo para – como disse o presidente Watanabe em
sua saudação de Ano-Novo – “conduzir o maior número
possível de pessoas ao caminho da felicidade, tendo o
Johrei e os Ensinamentos como guia, e a postura de
Meishu-Sama como exemplo.”

“Creio que Meishu-Sama deva estar extremamente


feliz com o sentimento sincero de todos os senhores, que,
visando se tornar pessoas paradisíacas, vêm se
empenhando em progredir, passo a passo, por meio do
exercício das práticas do sonen de altruísmo e das
pequenas ações altruístas.”
CULTO DE INÍCIO DA PRIMAVERA (4/FEV/10)

156
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

“Os senhores estão se dedicando à prática de levar


amor ao próximo, ou seja, estão exercitando o
altruísmo.”
CULTO DO INÍCIO DA PRIMAVERA (4/FEV/13)

“A razão pela qual ele pregou a importância do


altruísmo dessa forma, foi que ele queria que
entendêssemos que um indivíduo não pode viver sozinho,
e é sempre dependente dos outros.”
CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS
(1º/JUL/14)

“Para ser franco, nós, seres humanos, queremos fazer


as pessoas felizes somente quando gostamos delas
pessoalmente, e é realmente difícil para nós
expressarmos o altruísmo àqueles de quem não
gostamos.”
CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS
(1º/JUL/14)

“Mais do que isso, a Prática Diária do Johrei repleto


de altruísmo, que os senhores estão fazendo, é o Núcleo
da Obra Divina de Meishu-Sama, e dentro dela está o
conteúdo básico que se liga a toda a Obra de Salvação.”
CULTO DE NATALÍCIO DE MEISHU-SAMA
(23/DEZ/04)

“Assim, estão buscando a essência da prática do amor


altruísta pregada por Meishu-Sama, realizando, com o
sentimento renovado, os atos que objetivam levar a
verdadeira felicidade para as outras pessoas.”
CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS
(1º/JUL/08)

157
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

“Estou profundamente agradecido pelo empenho de


todos os messiânicos em cultivar a fé fortemente ligada
ao Messias Meishu-Sama, buscando compreender,
através da “Prática do Sonen” e da “Prática do Sonen de
Gratidão” o significado da verdadeira felicidade e do
amor altruísta pregados por Ele.”
CULTO DO NATALÍCIO DE MEISHU-SAMA
(23/DEZ/08)

“Será que a prática do amor altruísta não seria um


treinamento para reconhecermos que esse amor existe
plenamente em tudo e, juntos a Meishu-Sama,
recebermos a permissão de retornarmos para junto do
Supremo Deus?”

“Para que isso se torne possível, é necessário dar


continuidade à “Prática do Sonen”, que se completa com
o amor altruísta, começando pelo próprio lar, que é a
menor unidade da sociedade.”

“Será que nosso esforço em evoluir e crescer não seria


para conseguirmos nos tornar pessoas que, ao aprender
algo ou conseguir realizar algo e, até mesmo, ao praticar
o amor altruísta, consigam voltar-se para o Supremo
Deus e dizer: “Foi o Senhor que realizou tudo, não foi?
Muito obrigado”?”
CULTO DO INÍCIO DA PRIMAVERA (4/FEV/09)

“Por meio, especialmente, da “Prática do Sonen” os


senhores estão se empenhando para se tornarem pessoas
capazes de agradecer em qualquer circunstância e,
desejando a felicidade do outro, estão se dedicando à
prática do amor altruísta, revelando assim, imenso
respeito pelo sentimento de Meishu-Sama (...)”

158
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

“Bem, de onde surge o sentimento do amor altruísta


que os senhores estão praticando? Será que ele não surge
do Supremo Deus, que é a origem de todas as coisas?”

“Creio que a “Prática do Amor Altruísta”, que vem


sendo realizada por todos os senhores corresponde ao
propósito do amor do Supremo Deus e é uma prática
extremamente nobre, através da qual podemos servi-Lo.”

“Sendo assim, o mais importante é praticar o amor


altruísta com o sentimento de que todos os nossos
antepassados, todas as pessoas que vêem à nossa mente e
todas as pessoas que se relacionam conosco estão ligadas
a este caminho.”

“Tenho a impressão de que o fato de conseguirmos


reconhecer, de coração, Meishu-Sama como o Messias,
bem como o fato de estarmos nos empenhando em
agradecer e também em oferecer nosso servir por meio
da “Prática do Sonen” e da “Prática do Amor Altruísta”,
enfim, o fato de estarmos conseguindo sentir todas essas
coisas não seria porque o Supremo Deus nos agraciou
com o grandioso perdão que é o Seu amor (...)”
CULTO DO PARAÍSO TERRESTRE (15 e 16/JUN/09)

““Nós é que traçamos o destino”, lido no culto de hoje,


Meishu-Sama nos ensina que precisamos cultivar o
sentimento de amor altruísta para sermos felizes e que
a fé é o único caminho para cultivarmos esse sentimento.”

“Por meio da prática de pequenas ações altruístas,


que está sendo feita por todos os senhores, crescerá
dentro de cada um, sem que o percebamos, uma fé em que

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

nossa alegria é alegrar o Supremo Deus e Meishu-Sama


e não uma fé que objetiva apenas nossa própria
felicidade.”

“Sendo assim, vamos nos empenhar para que, por


meio da prática do amor altruísta, possamos nos
aproximar cada vez mais do ser paradisíaco que é
Meishu-Sama, construindo um “eixo da fé”, um eixo
vertical inabalável.”
CULTO DE INÍCIO DA PRIMAVERA (4/FEV/10)

“Acredito, ainda, que Meishu-Sama deva estar muito


feliz pelo fato de cada um dos senhores estar se
dedicando, diligentemente, aos treinamentos chamados
“prática do sonen” e “prática das pequenas ações
altruístas”, visando ao ser paradisíaco iluminado e
radiante, plenamente afinado com a Era do Dia.”

“O Supremo Deus nos uniu, desde o início, a Meishu-


Sama por meio do Seu amor e está nos criando e
educando. Não seria por isso que estamos conseguindo
realizar, junto com todos, a prática do amor altruísta,
agradecendo Seu amor?”

“Acredito, porém, que esta noção é a base do


sentimento altruísta, por meio do qual louvamos a
glória do Supremo Deus, que não pode ser blasfemada.”
CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS (1º e
2/JUL/10)

“Agradeço aos messiânicos o empenho em aprender e


praticar, diariamente, os ensinamentos de Meishu-Sama
visando ao aperfeiçoamento individual e à
transformação do seu meio em paraíso, exercitando,

160
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

diligentemente, o amor altruísta a partir de pequenas


práticas.”
CULTO DO NATALÍCIO DE MEISHU-SAMA (22 e
23/DEZ/10)

“Estou muito feliz por saber que os messiânicos estão


se empenhando na prática do sonen de gratidão e das
pequenas ações altruístas para fazer com que o sonen –
que até hoje considerávamos ser nosso – seja utilizado
para o Supremo Deus e Meishu-Sama se manifestarem
nele.”
CULTO DE INÍCIO DA PRIMAVERA (4/FEV/11)

“Neste sentido, desejo que as práticas do sonen de


gratidão e do amor altruísta, desenvolvidas pelos
senhores, cresçam e ganhem plenitude para que nos
aproximem do sentimento de Meishu-Sama.”
CULTO DO PARAÍSO TERRESTRE (15 e 16/JUL/11)

“Agradeço de coração a todos os messiânicos, que,


cultivando diariamente o amor altruísta e o sentimento
de gratidão (...)”
CULTO DE INÍCIO DA PRIMAVERA (4/FEV/12)

“Sei que os senhores estão se dedicando com toda


sinceridade à prática do amor altruísta, centralizando-
se no Johrei e no desenvolvimento de atividades ligadas à
agricultura e à alimentação naturais e ao belo.”
CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS
(1º/JUL/12)

“Sinto-me profundamente agradecido pelo fato de os


senhores, messiânicos, estarem despertando para a
prática da horta caseira e praticando, com todo afinco, o

161
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

amor altruísta, desejosos de se tornarem pioneiros da


salvação de alguém. Os senhores buscam a vontade de
Meishu-Sama e a força que atua no centro do Johrei, da
Agricultura e Alimentação Naturais e do Belo: a horta
caseira e a vivência do amor altruísta fazem parte deste
ciclo de aprendizado e de sua aplicação.”

“Por essa razão, no nosso dia a dia, quando


estivermos realizando qualquer coisa com base no amor
altruísta, que o façamos com esse mesmo sentimento
que temos para com o Johrei.”
CULTO DO NATALÍCIO DE MEISHU-SAMA (22 e
23/DEZ/12)

“Sou ainda imensamente grato pelo fato de os


messiânicos continuarem esmerando-se, mais que no ano
passado, na prática do amor altruísta, no cultivo do
sentimento de gratidão e na dedicação incansável às
atividades relacionadas aos três pilares da salvação.”

“Como o Supremo Deus, que habita nas outras


pessoas, é exatamente o mesmo que habita em mim,
quando penso no próximo e decido realizar alguma
prática altruísta, primeiramente, eu deveria voltar-me
para o Supremo Deus dentro de mim e, juntamente com
Meishu-Sama, reconhecer a existência do Seu amor (...)”

“Contudo, além de estarmos sendo criados e educados


por Deus, fomos agraciados com a posição de ser Seus
servidores oficiais, o que significa que devemos, como
intermediários, conduzir e entregar a Ele tudo o que está
ligado a nós. Esta é a essência do espírito altruísta.”
CULTO DO INÍCIO DA PRIMAVERA (4/FEV/13)

162
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

“Nos dizem para praticar ações altruístas para o


próximo. Quando fazemos algo pelo próximo como
resultado do nosso amor altruísta, temos a tendência de
nos tornarmos senhores dos nossos próprios atos. Mas
precisamos entender isso corretamente. Deus é o senhor
de tudo. Ele é o único que pode praticar ações altruístas
para o próximo.”

“Vamos admitir que o amor de Deus já envolveu tudo


e todos. Sem admitir isso, nós, e não Deus, nos
tornaremos os senhores das nossas ações altruístas.”
CULTO DO NATALÍCIO DE MEISHU-SAMA (22 e
23/DEZ/14)

“Sei que os senhores estão se esforçando em praticar o


amor altruísta, em praticar boas ações, e em se
tornarem “pessoas agradáveis”. Também sei que estão
tentando expressar gratidão por tudo aquilo que possa
acontecer no seu dia-a-dia. Eu admiro todo esse nobre
esforço dos senhores.”
CULTO DO INÍCIO DA PRIMAVERA (4/FEV/15)

“Muitas religiões enfatizam objetivos semelhantes: a


construção do Paraíso Terrestre e a salvação da
humanidade, ou atividades parecidas com a prática do
amor altruísta. Não são apenas as religiões, existem
também muitas pessoas e organizações que têm o mesmo
objetivo.”
CARTA-RESPOSTA DE KYOSHU-SAMA AO
REPRESENTANTE DOS MEMBROS JAPONESES
(15/FEV/18)

“Mesmo que desejamos manter sempre bons


sentimentos como espírito de fé, makoto, gratidão e amor

163
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

altruísta, somos infalivelmente perseguidos pelos


sentimentos contrários.”
CULTO DE OUTONO (1º e 2/OUT/05)

FELICIDADE DO PRÓXIMO

“Nobre é o homem que, desejando o bem do


próximo, coloca-se em segundo plano”.
“Se você deseja corresponder à Vontade de Deus,
torne-se uma pessoa que deseja a felicidade do
próximo”.

“Toda vez que me deparo com o sentimento de Meishu-


Sama de desejar a felicidade do próximo, percebo que
preciso me tornar uma pessoa capaz de corresponder a
este sentimento.”

“Entretanto, o pensamento que nasce da vontade de


receber as bênçãos, como, por exemplo, o desejo de
receber graças, de ser mais feliz, de ser uma pessoa bem
vista pelos outros, acabam surgindo em primeiro lugar, e
sinto que me falta generosidade para desejar a
felicidade do próximo e priorizar o outro no partilhar
das bênçãos divinas.”
CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS
(1º/JUL/08)

“Considero esta prática a atividade básica para


corresponder ao sentimento de amor do Supremo Deus,
que flui sem cessar dos Ensinamentos e das realizações de
Meishu-Sama. Meishu-Sama afirmou: “Se não
fizermos a felicidade do próximo, não poderemos
ser felizes”.
CULTO DE OUTONO (1º e 2/OUT/09)

164
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

“Estou muito feliz por saber que os messiânicos estão


se empenhando na prática do sonen de gratidão e das
pequenas ações altruístas para fazer com que o
sonen – que até hoje considerávamos ser nosso – seja
utilizado para o Supremo Deus e Meishu-Sama se
manifestarem nele. Por meio da constância destas
práticas, todos estão se esforçando em partilhar a alegria
de desejar a felicidade do próximo com o maior
número de pessoas.”
CULTO DE INÍCIO DA PRIMAVERA (4/FEV/11)

“Entretanto, o mais importante é que Meishu-Sama


queria que soubéssemos que, de fato, é Deus quem
realmente deseja a felicidade do próximo. Para ser
franco, nós, seres humanos, queremos fazer as pessoas
felizes somente quando gostamos delas pessoalmente, e é
realmente difícil para nós expressarmos o altruísmo
àqueles de quem não gostamos.”
CULTO ÀS ALMAS DOS ANTEPASSADOS
(1º/JUL/14)

“O ensinamento escolhido para o culto de hoje foi


“Minha Natureza”. Nele, Meishu-Sama escreveu: “Se
não fizermos a felicidade do próximo, não
poderemos ser felizes”.

“No entanto, os Ensinamentos de Meishu-Sama vêm


de Deus e estão além da compreensão, da experiência e
da sabedoria humanas. Eles não podem ser
compreendidos através da sabedoria ou conhecimento
humanos. Apesar disso, eu pensava que entendia o
significado das palavras: “Se não fizermos a

165
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

felicidade do próximo, não poderemos ser


felizes”.

“Só existe uma única felicidade. A “felicidade


exclusivamente humana” não existe. A felicidade de Deus
é a nossa felicidade. A frase, “Se não fizermos a
felicidade do próximo, não poderemos ser felizes”, se
refere à felicidade de Deus e ao Seu amor por nós. Isto
quer dizer que Ele só poderá se tornar feliz quando nós
nascermos de novo como Seus filhos e vivermos com Ele
no Paraíso. Portanto, esta frase deve ser entendida como
“Se Deus não nos fizer felizes, Ele jamais poderá ser feliz”.
Além disso, o título do ensinamento “Minha Natureza”
deve ser entendido como “A Natureza de Deus”.
CULTO DO NATALÍCIO DE MEISHU-SAMA (22 e
23/DEZ/16)

Referência

SAMA, Kyoshu. Coletânea de Orientações do Líder Espiritual. São Paulo IMMB,


2018.

166
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

ADENDO V

Perguntas e Respostas

1) Qual é a proximidade real entre a Religião do Messias e o


Cristianismo?

Da perspectiva da igreja, conforme os Ensinamentos de Meishu-Sama,


principalmente aqueles que datam de 1950 em diante, o fiel deverá se aproximar
gradativamente do cristianismo, até chegar ao ponto de trabalhar em consonância54
com ele. Desta forma, acusar Kyoshu-Sama de “pretender fazer da messiânica uma
nova religião cristã” é não compreender a essência de nossa fé. Trata-se de um erro
crasso de compreensão, algo que viola a compreensão mais básica, em nível elementar,
da fé instituída por Meishu-Sama. Vejamos o que Meishu-Sama diz a respeito:

Pergunta: Qual é o significado global do nascimento da Igreja


Mundial do Messias?

Resposta: Nosso principal objetivo é guiar o mundo inteiro em


direção à felicidade através da fé. Porém, no Ocidente, existe o
cristianismo. Jesus Cristo pregou que “o Reino dos Céus
se aproxima”. Esse seu ensinamento é muito próximo
do nosso, uma vez que pregamos o advento de um
“Paraíso na Terra”. O que Jesus Cristo pregou é
realmente digno de louvor. Temos que admitir sua
grandeza e o seu poder divino de trazer a salvação a
todo o mundo. Por essa razão, a nossa nova religião
deseja atuar em consonância com o cristianismo para

54
De acordo com o dicionário Aurélio, “consonância” significa CONCORDÂNCIA, ACORDO,
HARMONIA https://dicionariodoaurelio.com/consonancia

167
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

cumprir, de corpo e alma, nossa divina missão de salvar


a humanidade e conduzi-la na direção correta,
começando no Oriente, a partir do Japão. Tenho certeza
de que nossos esforços contribuirão imensamente para a
melhoria do mundo. Também acredito que somos a primeira e
maior religião do Japão que poderá estar a serviço da promoção
da paz mundial. Assim como diz a expressão “não há fronteiras
para a religião”, se conseguirmos transmitir a seriedade e o
poder divino confiados por Deus à nossa religião, com certeza
não só o povo japonês como todos os orientais conseguirão
alcançar um nobre e puro estado de espírito repleto de
verdadeira e eterna paz. A fim de estabelecer a paz mundial e
erradicar os conflitos humanos, nossas atividades precisam
ganhar força num futuro próximo. Aqueles que não conseguirem
aceitar a Verdade ensinada por nós é porque são infelizes que
rejeitam a paz.

Pergunta: Essa é uma explicação que o senhor vem fazendo há


muito tempo, não é?

Resposta: É verdade. Só que, como o poder de Deus se


intensificou, nossos ideais se tornaram maiores e mais realistas.
(JORNAL KYUSEI, VOL. 48, 4 DE FEVEREIRO DE
1950).

“Umas nove da noite, recebi um telefonema da família Nakajima.


A mensagem era um pedido de graça porque o Sr. Nakajima
havia caído inconsciente. Eu pensei que a situação estava muito
estranha e pedi detalhes sobre sua condição. Todos os sinais
indicavam hemorragia cerebral. Depois disso, eu dei instruções
sobre o caso. Vinte minutos depois, me ligaram novamente. O
caso não parecia ser hemorragia cerebral. O Sr. Nakajima
vomitava e estava ficando muito mal, então eu questionei a

168
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

pessoa que me ligou [N.T.: sobre o estado do Sr. Nakajima] e sua


condição me pareceu ser realmente grave. Depois disso, tiveram
uma ou duas ligações. A última ligação foi às três horas da
madrugada. Já estava tarde, e meu motorista morava longe de
mim, mas depois de um tempo o chamando, ele finalmente
acordou. Fui de carro para a casa do Nakajima. Quando eu o vi,
os sintomas eram aqueles de uma hemorragia cerebral. Em casos
como esse, sintomas assim poderiam indicar hemorragia
cerebral ou anemia, mas se fosse anemia, o mal estar não deveria
durar tanto. Se fosse um caso de possessão espiritual, ele não
deveria estar vomitando. Assim, a condição do Sr. Nakajima era
semelhante a uma hemorragia cerebral. Em tais casos, o braço
esquerdo ou o direito perde o movimento. Em casos raros, os
dois perdem o movimento. Eu ministrei Johrei nele por cerca de
vinte ou trinta minutos. Na maioria dos casos, há melhora após
esse tempo de Johrei. Em casos de hemorragia cerebral, o
paciente recupera a consciência, então eu fui para casa e fiquei
por um tempo lá. No dia seguinte, recebi a notícia de que o Sr.
Nakajima havia falecido. Fiquei surpreso, mas depois parei e
refleti sobre o ocorrido. Aquilo não foi uma purificação. Coisas
desse tipo acontecem para aqueles que tem importante missão.
Enfrentávamos um período de grande transição, até agora... em
outras palavras, estamos no ponto em que o budismo vai ser
extinto e o Mundo Divino vai se tornar realmente ativo. No
Mundo Búdico, há muitos pecados e impurezas. Quando não se
tem tempo suficiente para limpar tudo, uma pessoa se torna um
protótipo de sacrifício para aquela determinada limpeza. Estes
pecados foram extintos desse modo. Tudo leva a crer que esta foi
a situação do Sr. Nakajima. Até agora, durante o período de
Kannon, havia salvação sem distinção de bem ou o mal, de modo
que a salvação era bastante aprazível. Mas a partir de agora, a
salvação será muito rigorosa, levando em conta os pecados e as
impurezas acumulados durante todo esse tempo... O tempo
chegou. É por isso, que incidentes como este podem ocorrer.

169
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

No primeiro dia da primavera [N.T.: Dia de Setsubun], nossa


organização se transformou. No Ano Novo, eu disse que, a partir
deste ano, haveriam muitos eventos significativos. Vocês podem
ter pensado que meus comentários se aplicavam apenas à
sociedade em geral, mas a própria igreja experimentou uma
grande mudança. De agora em diante, eu acredito que haverá
muitos eventos estranhos, como este, no mundo. A atividade
estritamente búdica de Kannon não é mais possível a partir de
agora. Na nossa oração [N.T.: Zenguen Sanji], adicionei
as frases, ".... Manifestou-se como Ooshin Miroku e
tornou-se Messias". Kannon tornou-se Messias. A
atividade de Kannon se tornará a atividade do Messias.
Kannon é uma manifestação do Extremo Oriente e,
portanto, não é mundial. Em termos da salvação da
humanidade, a Messiânica vai se aproximar dos
conceitos do cristianismo. No tempo certo é isso que
deve acontecer e o período para isso, finalmente
chegou. Deus está fazendo várias coisas, e uma dessas é o
pagamento das dívidas da era dos Deuses[N.T.: Antiga Era do
Dia]. Então, essa morte tem significado importante. O que o Sr.
Nakajima fez acabará por ser reconhecido como sendo algo bom.
Pode até nos parecer um sacrifício, mas nenhuma conclusão
pode ser alcançada, a menos que a situação seja analisada de
maneira completa.
PALAVRAS DE MEISHU-SAMA SOBRE A TRANSIÇÃO DO SR.
NAKAJIMA

O que o Sr. Nakajima fez acabará por ser reconhecido como sendo algo bom?
Pode até nos parecer um sacrifício, mas nenhuma conclusão pode ser alcançada, a
menos que a situação seja analisada de maneira completa.

Gostaria de esclarecer aos leitores e lembrar a direção da IMMB que o Sr.


Nakajima em questão, trata-se do Revmo. Issai Nakajima, um dos maiores discípulos
de Meishu-Sama, ao lado do Revmo. Sosai Shibui. Sua filha, Mihoko, era cristã e deu

170
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

à luz Yoichi-Okada, o atual Kyoshu-Sama. Ou seja, Kyoshu-Sama é filho de Mihoko


(filha do Revmo. Nakajima) e de Mihomaro (filho de Meishu-Sama).

Podemos concluir que o trabalho de Kyoshu-Sama de nos comunicar que a


aproximação com o cristianismo foi determinada por Meishu-Sama é de
suma importância para compreendermos os fundamentos doutrinários da fé
messiânica, bem como seus postulados teológicos. Negar tal conteúdo ou tratá-lo de
modo vil, caricatural ou superficial, é assumir uma postura de obstinada negação dos
Ensinamentos de Meishu-Sama.

2) Os Ensinamentos de Meishu-Sama evoluem no tempo ou desde


sempre, independente do ano em que foram escritos ou ditados, são
todos, igualmente, absolutamente verdadeiros?

Um dos argumentos daqueles que não aceitam as Orientações de Kyoshu-Sama


é que suas Orientações contradizem os Ensinamentos de Meishu-Sama. Quando
explicamos que estão de acordo com os Ensinamentos dos últimos anos de sua vida, a
saber, dos anos 1950 em diante, em especial 1954, estes mesmos interlocutores dizem
que é um erro pensar que os Ensinamentos mudam conforme o tempo. Os
Ensinamentos correspondem à Verdade Absoluta e não importa o ano em que foram
escritos, dizem. Poderíamos mostrar os erros de hipótese fragilíssima citando muitos
temas, mas escolhemos um: Tatuagem. O que será que Meishu-Sama disse sobre
“tatuagem” em 1949, e depois, em 1953, após ter alcançado o Estado de União com
Deus em 1950? Vejamos:

Interlocutor: Algumas pessoas gostam de tatuagem. Existe


algum significado espiritual para isso? Isso não é uma
profanação perante Deus?
Meishu-Sama: Claro, é uma profanação perante Deus. Não há
significado espiritual. Nós ainda temos restos de uma natureza
bárbara em nós. Os Ainu no norte do Japão tatuam suas faces. É
realmente uma profanação a Deus.
GOKOWA-ROKU, 1949

Em 1949 Meishu-Sama sentenciou que a tatuagem é “uma profanação a Deus”.


Vejamos o que disse em 1953:

171
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Pergunta: Há alguma influência espiritual nas pessoas que têm


tatuagem em seu corpo?
Meishu-Sama: não, não há.
Pergunta: então, não há nenhum problema?
Meishu-Sama: não, há nenhum problema!
Pergunta: O que é melhor: ter uma tatuagem ou uma cicatriz
de mocha?
Meishu-Sama: Nada disso é de grande importância. Tão
insignificante como arroto. Nosso objetivo principal está em
como salvar as pessoas que estão sofrendo ou como torná-las
realmente felizes. Quanto à pele do nosso corpo, não há a menor
importância. Mesmo que alguém tenha tatuagem, isso não
interfere na salvação do próximo. Mesmo que seja uma pessoa
sem um dos braços, não há nenhum problema, se está apta a
salvar pessoas.
MIOSHIE MONDOSHU - PERGUNTAS E RESPOSTAS
01 DE NOVEMBRO DE 1953

Apenas quatro anos depois, ao falar exatamente do mesmo tema, Meishu-Sama


não diz que é “uma profanação a Deus”, mas que “não tem problema nenhum”, “Nada
disso tem grande importância”. Ora, é uma profanação a Deus, e, portanto, um grave
pecado, ou é algo sem nenhum problema, sem nenhuma importância? AS DUAS
RESPOSTAS SÃO CONTRADITÓRIAS E INCONCILIÁVEIS. Ou A é algo que profana
a Deus ou A é algo sem importância, que não constitui um problema. As duas coisas
ao mesmo tempo não podem ser ambas verdadeiras.

E 1949: T = profanação a Deus (Algo gravíssimo)


E 1953: T = sem importância (Sem gravidade alguma)

Ou admitimos que alguma coisa mudou em Meishu-Sama entre 1949 e 1953, e


que tal mudança explica a diferença inequívoca entre o Ensinamento de 1949 e o
Ensinamento de 1953 sobre o mesmo assunto, ou somos obrigados a concluir que os
Ensinamentos são contraditórios. E se são contraditórios, como poderão nos orientar?
Se em todos os tempos os Ensinamentos possuem o mesmo conteúdo de Verdade, se
o que foi escrito em uma década está no mesmo nível do que o que foi escrito duas
décadas depois, se o que foi dito em um ano está no mesmo nível do que o que foi dito
5 anos depois, então qualquer estudante mediano de hermenêutica, lógica, teologia,
encontrará diversas passagens contraditórias na literatura messiânica, o que torna a
doutrina messiânica absolutamente inconsistente. A única maneira de evitarmos tais

172
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

contradições é considerando que tais passagens não se anulam justamente por que
jamais se encontram.

Dois objetos não podem colidir, ainda que estejam em movimento retilíneo
uniforme em direções opostas, desde que em retas diferentes. A diferença de nível é o
que garante que os dois objetos passem pela “mesmo” ponto p (transversal) sem se
chocar frontalmente, pois não se deslocam na mesma linha reta em direções opostas,
mas em linhas paralelas. Ainda que em um Ensinamento A o conteúdo vá à direção
leste-oeste, e em outro Ensinamento B o mesmo conteúdo vá à direção oeste-leste,
jamais haverá uma colisão se admitirmos uma diferença de nível entre A e B, ou seja,
se considerarmos que A é uma paralela, por exemplo, a linha 1949 da figura acima, e
B é outra paralela, a linha 1954. O que é dito em B (ou a direção do conteúdo na paralela
1954) não contradiz A, (ou a direção do conteúdo na paralela 1949). B não contradiz
A. B supera, ou transcende A. O que foi dito em A continua verdadeiro para aquele
nível, mas deixa de ser verdadeiro quando subimos de nível. Assim, as Escrituras não
possuem contradições, mas “níveis de verdade”. Um nível de verdade não se choca com
outros. Se há estratificação em “níveis”, logo não há atrito caso os elementos de cada
nível se desloquem em direções contrárias.
Defendemos, portanto, a tese de que a metodologia da pesquisa hermenêutica
e exegética do corpus doutrinário da teologia messiânica deve assumir como
pressuposto o postulado dos “níveis de profundidade”. Toda Escritura é Sagrada, mas
nem tudo o que é Sagrado encontra-se no mesmo nível. As diferentes paralelas
temporais, ou recortes históricos, carregam em si diferenças de profundidade
teológica. Se o nosso método de pesquisa não contemplar os postulados de que os
Ensinamentos evoluem no tempo, alcançando diferentes níveis de profundidade, o
máximo que conseguiremos realizar será uma “arqueologia das contradições”,

173
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

identificando e classificando todas as inúmeras passagens em que os Ensinamentos de


Meishu-Sama se anulam por contradição.
Se considerarmos que os Ensinamentos de Meishu-Sama são, em todas as
épocas, a Verdade Absoluta, logo teremos que admitir que contradições concretas
podem ser apontadas em seus textos, o que significa que a tese da “Verdade Absoluta
Atemporal” não pode estar correta. Ora, somos obrigados a admitir que existem
diferenças entre os Ensinamentos, que eles evoluem no tempo, que aquilo que foi dito
após 1950 tem preponderância sobre o que foi dito antes, e o que foi dito em 1954,
igualmente prepondera sobre os textos anteriores. Sem o estabelecimento deste
recorte histórico teológico não é possível compreender a natureza transcendente dos
Ensinamentos. As Orientações de Kyoshu-Sama sobre sonen, entrega do “velho eu”,
retorno ao Paraíso, renascimento como verdadeiro Filho de Deus, estão
fundamentadas nos Ensinamentos de Meishu-Sama da última fase, que foram escritos
ou ditados em seus últimos anos no mundo material.

3) O que significa uma fé completamente nova?

O que será que Kyoshu-Sama quer nos dizer com “uma fé completamente
nova”? Para tanto, destacamos um parágrafo do livro LUZ DO ORIENTE, vol. 3,
página 220, publicado pela Fundação Mokiti Okada, com um destaque para a frase em
negrito:
“O segundo fenômeno misterioso relaciona-se aos cabelos do
Fundador. Desde jovem, como já dissemos, ele possuía cabelos
completamente brancos, quase cor de prata. Pois ao mesmo
tempo em que lhe surgiram as linhas na palma da mão,
começaram a nascer-Ihe fios de cabelo preto como de criança na
parte posterior da cabeça, em três locais. O barbeiro Saegussa,
que trabalhava nessa profissão há mais de vinte anos, disse
nunca ter visto um caso semelhante. No dia 5 de junho, os
dirigentes de Igrejas e os principais ministros foram chamados
ao Solar da Nuvem Esmeralda, em Atami, para uma breve
entrevista com o Fundador; era a primeira, desde o início de sua
purificação, em abril. Nessa ocasião, ele disse: "Fala-se sobre a
vinda do Messias. não? Pois o Messias (53) nasceu. Não são

174
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

apenas palavras; é realidade mesmo. Eu próprio fiquei surpreso.


E não se trata de renascer, mas de nascer novamente. É esquisito
nascer depois de velho, mas o mais interessante é que minha pele
ficou delicada como a pele de um bebê e, além disso, como
podem constatar, surgiram-me estes cabelos pretos. Ao vê-los, o
barbeiro disse que parecem cabelo de criança. Os fios brancos
foram sumindo gradativamente e só nasciam fios pretos. (. . .)
Esse Messias tem a posição mais elevada na hierarquia do
mundo. No Ocidente, ele é considerado o Rei dos Reis. Assim,
a minha vinda se reveste da maior importância, pois,
graças a ela, a humanidade será salva."”

Neste trecho, de acordo com a tradução oficial da IMMB, Meishu-Sama diz que
a vinda do Messias é de suma importância, pois, graças a ela, a humanidade será salva.
Porém, a tradução do trecho em negrito não foi feita de forma fiel ao original, tendo
uma expressão em particular sido ignorada. Segue agora a tradução daquele trecho na
íntegra, sem cortes, seguido da versão oficial, em japonês:

"Portanto, com a minha vinda, pela primeira vez a


humanidade será salva.”
だから、私が出てはじめて人類は救われるのです。

O que será que Meishu-Sama quis dizer com isso? O que ele quis nos mostrar
ao dizer que a vinda do Messias fará com que a humanidade seja salva PELA
PRIMEIRA VEZ? É de fundamental importância que o leitor atente para o fato de que
Meishu-Sama não se refere ao seu nascimento, tampouco a eventos que ocorreram em
1926 ou 1931. Esse trecho deve ser meticulosamente analisado em seu contexto.
Meishu-Sama está tratando, especificamente, do seu renascimento como Messias em
1954. É a partir do evento de 1954, do renascimento em vida (e não de sua
reencarnação) que a humanidade toda será salva pela primeira vez. Ora, se será salva
pela primeira vez a partir de um evento ocorrido em 1954, é porque antes não fora
salva, mesmo já existindo Igreja, Johrei, Agricultura Natural, Ikebana, a ideia e a
execução dos “Solos Sagrados”, coleção de obra de arte, atividades de expansão e um
numeroso corpo de Ensinamentos, a humanidade não estava salva. É a partir do RE-

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

NASCIMENTO DE 1954 QUE A HUMANIDADE SERÁ SALVA PELA PRIMEIRA VEZ.


Palavras de Meishu-Sama. PALAVRAS DE MEISHU SAMA.
E toda a sua dedicação com a ikebana? E toda a sua dedicação na construção
dos Solos Sagrados? E toda a dedicação com a agricultura natural? E toda a sua
dedicação com o Johrei? Em suma, e tudo o que Meishu-Sama vinha fazendo desde
que recebeu a Revelação Divina, até o momento de se tornar Messias, não era a
verdadeira salvação? Meishu Sama disse categoricamente sobre seu
RENASCIMENTO em 1954: Pela primeira vez a humanidade será salva!
Caros leitores, o que Meishu-Sama quis dizer com esta frase é que nada do que
ele achava ser a Salvação, assim o era de fato. Ao se tornar Messias, ele teve outra
Revelação, e esta outra revelação era a Verdadeira Salvação da Humanidade. Ele
ascendeu ao mundo Divino meses após esta revelação. É essa a teologia que Kyoshu-
Sama quer nos transmitir para que a Vontade de Meishu-Sama chegue a nós. Meishu-
Sama está a falar de algo sublime e transcendente, que é o “nascer de novo” do ser
humano. Isso é a verdadeira salvação. Terapia é bom? É bom. Agricultura Natural,
Ikebana, Solos Sagrados, tudo isso é meio, e não fim. Tudo isso é maravilhoso, mas
não é a verdadeira salvação ainda. Eis a Boa Nova dita por Meishu-Sama em 1954:
Com seu RENASCIMENTO, pela primeira vez a humanidade será salva!
E é exatamente isso o que Kyoshu-Sama vem tentando nos ensinar. Seu foco,
em suas palestras, é no MESSIAS Meishu-Sama, e não no MOKITI OKADA Meishu-
Sama, no terapeuta, no Mestre Okada, mas no Messias, ou seja, na Revelação do que
seria a Verdadeira Salvação, após se tornar Messias. E não estamos falando das
práticas básicas da fé messiânica, pois isso era o que o MOKITI OKADA Meishu-Sama
vinha fazendo, antes de se tornar Messias.
Ou seja, temos aqui dois cenários:

1) a Era Meishu-Sama MOKITI OKADA, pré União com Deus, antes de 1950;
2) a Era Meishu-Sama pós União com Deus em 1950 (Fase intermediária entre
pré e pós renascimento).
3) a Era Meishu-Sama MESSIAS, pós-renascimento de 1954.

O que as Igrejas vêm fazendo desde então é focar nas práticas da Era Meishu-
Sama MOKITI OKADA (Agricultura Natural, Belo e Johrei), enquanto que Kyoshu-
Sama está nos levando para a “fé completamente nova”, que são as práticas da fé da

176
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Era Meishu-Sama MESSIAS, nos convidando a não nos restringirmos a questões


práticas e operacionais, materiais, mas a viver a fé como algo transcendente, sublime
e verdadeiramente espiritual. A não viver a Igreja como Empresa nem o sacerdócio
como gerência, mas a viver a Igreja como CAMINHO DE RENASCIMENTO e o
sacerdócio como caminhada nesta senda.
Então será que as Igrejas estão fazendo errado ao nos ensinar as práticas
básicas? De forma alguma! Elas são muito boas. Mas essas práticas pertenciam a Era
da Noite, e estamos agora na Era do Dia (Era da LUZ, do PERDÃO) que são as práticas
do Meishu-Sama MESSIAS. E é exatamente isso que Kyoshu-Sama vem nos dizendo,
em suas palestras:

“Nós já estamos 62 anos atrasados em relação a Meishu-Sama.


Quanto tempo mais vamos demorar e continuar nos esquivando
desta mensagem que Meishu-Sama nos deixou – esta mensagem
revolucionária que está sempre evoluindo?”
(CULTO DO INÍCIO DA PRIMAVERA, 4 de fevereiro de 2016)

“No passado, eu achava que sabia qual era a mensagem de


Meishu-Sama. Eu achava que tinha a resposta. Eu achava que
essa mensagem era a de espalhar a felicidade pelo mundo e
construir um paraíso na Terra através do Johrei, da Agricultura
Natural e das atividades artísticas. No entanto, quanto mais eu
conheço a totalidade dos Ensinamentos de Meishu-Sama, mais
eu perco confiança em minha resposta. O que é a felicidade para
Meishu-Sama? O que é o paraíso para Meishu-Sama? O que é
Johrei? Acredito que estamos todos interpretando mal os
Ensinamentos de Meishu-Sama e a sua mensagem.”
(CULTO DO NATALÍCIO DE MEISHU-SAMA, 22 e 23 de
dezembro de 2016)

177
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

4) Se Meishu-Sama é Pai (Ou Deus) como pode ter nascido de novo


como Filho de Deus?

Pois bem. A Divindade de Meishu-Sama é Deus Supremo, Sushin, o Senhor que


perdoa, o PAI. Ao mesmo tempo, Meishu-Sama também é homem, tem atuação de
Izanagui no Mikoto, FILHO. Vamos citar dois Ensinamentos dele falando sobre a
atuação de Inazagui no Mikoto:

A ATUAÇÃO DE IZANAGUI NO MIKOTO

Ao se fazer um pedido, as pessoas costumam fazê-lo a "Komyo


Nyorai" e a "Meishu-Sama", mas só "Meishu-Sama" é suficiente.
Isto porque eu tenho a atuação de Komyo Nyorai Sama. Eu sou
a origem e, por isso, basta pedir apenas à origem.
Outra coisa. Até agora eu não falava as coisas de modo muito
claro e, por isso, de acordo com o tempo, irei esclarecendo
diversas coisas, e todos precisam saber o seguinte:
O trabalho que estou realizando no momento é o trabalho de
Izanagui-no-Mikoto.
Existe uma frase no Kojiki que diz: “A coluna do céu foi virada
por ambos os deuses". Inicialmente Izanami-no-Mikoto, a deusa
esposa, virou para a direita. Só que, assim, o mundo não foi
muito bem; em suma, ela falhou. Aí Izanagui-no-Mikoto disse:
"Está vendo só? Eu disse que não podia virar para a direita, mas
você virou e as coisas ficaram assim. Agora, eu vou virar para a
esquerda". E assim Izanagui-no-Mikoto girou para a esquerda o
mundo. Isto porque girar para a direita é centrípeto, é matéria
precede espírito. E, quando Izanagui-no-Mikoto girou para a
esquerda o mundo, ele adotou o método verdadeiro. É como a
atual medicina; é centrípeta e, portanto, matéria precede
espírito. É a medicina que gira para a direita.

178
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Agora, o Johrei, que faz do espírito o principal, é girar para a


esquerda. E o trabalho que estou realizando é o de Izanagui-no-
Mikoto.
Outro dia, Amaterassu Oomikami encostou na esposa do Sr.
Taga e se referiu a mim como "Supremo Deus". Ela veio para
comemorar algo de bom que aconteceu. Disse: "Gostaria de
pedir ao Supremo Deus para comemorar". E por fim: "Quero
pedir a proteção do Supremo Deus". Ela encostou de fato.
Na sociedade, pensa-se que Amaterassu Oomikami é uma deusa
muito elevada, mas ela é filha de Izanagui-no-Mikoto e Izanami-
no-Mikoto. Isso consta também na história da Era dos Deuses.
Então, Amaterassu Oomikami é filha de Izanagui-no-Mikoto.
Por isso, em termos mais compreensíveis, é minha filha. E
Amaterassu Oomikami não tem poder de salvar
verdadeiramente as pessoas.

Tsukiyomi-no-Mikoto também veio comemorar. Um dia


publicarei na revista Tijyo Tengoku, mas, como ainda é cedo,
estou pensando em fazê-lo no Ano Novo. Para salvar é preciso o
Deus da Lua e o Deus do Sol juntos. A luz surge da perfeita união
do Sol e da lua.
Tanto o Sol como a Lua possuem luz, mas o verdadeiro poder da
luz só surge com a perfeita união de ambas.
Por isso, a luz do Johrei que sai de mim é a luz do Sol e da Lua
juntos. O myo do nome Komyo Nyorai é constituído de (?) (sol)
e (?) (lua) e, portanto, a Luz do Sol e da lua constituem o
verdadeiro Poder.
MIOSHIE-SHU N0 16 (15/11/1952)

IZANAGUI NO MIKOTO - O REPRESENTANTE DO SUPREMO


DEUS
As pessoas costumam fazer os pedidos e cumprimentar Komyo
Nyorai Sama e Meishu-Sama, mas basta fazê-los somente a
Meishu-Sama e, portanto, seria bom agir assim.

179
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Embora isso não tenha sido para menos, pois não havia dito a
verdade, Komyo Nyorai Sama é o meu representante. Como é
muito difícil eu ir toda hora na presença dos fiéis, faço com que
Komyo Nyorai Sama seja enviado e agraciado - seja cultuado.
Tenham essa intenção... (fiquem cientes...) Por isso, em casos
corriqueiros, basta pedir a Komyo Nyorai Sama. E, dependendo
do caso, quando for um sofrimento insuportável ou de perigo e
urgência, é bom fazer o pedido diretamente a Meishu-Sama. Pois
eu, em suma, sou o fabricante. Creio que ficaria fácil de entender
se pensarem que é no sentido de pedir para falar diretamente
com o fabricante.
Outra coisa: O trabalho que estou realizando no momento é o de
Izanagui-no-Mikoto. Isso consta no Kojiki. "Girar a coluna do
céu". A coluna foi girada. E Izanami-noMikoto a girou para a
direita. É o movimento centrípeto. A direita avança e a esquerda
recua. Entretanto, por causa disso, as coisas não foram bem. O
mundo não se organizou e, finalmente, Izanami-no-Mikoto
ajuda a seu esposo.
Aí Izanagui-no-Mikoto disse: "Está vendo? Eu disse desde o
começo que não se devia girar para a direita, mas de tanto você
insistir eu permiti. É preciso mesmo ser para a esquerda. Então,
deixe que agora eu faço por você". E girou para a esquerda.
Realmente, o espírito precede a matéria. A medicina curar com
aparelhos e outras coisas é ação centrípeta. Curar com o Johrei é
ação centrífuga e, portanto, o método de Izanagui-no-Mikoto. E
Izanagui-no-Mikoto é o representante de Deus. Por isso, seu
poder é extremamente forte. Outro dia, Izanami-no-Mikoto
encostou na esposa do Sr. Taga e disse: "Eu estava muito errada.
Por isso, daqui para frente, vou ajudar o máximo".
No mundo atual, considera-se Amaterassu Oomikami a deusa
mais importante de todas, mas outro dia ela se manifestou e
estava se referindo a mim como “Supremo Deus". Ela disse:
"Gostaria de pedir toda proteção sua". E isso é verdade.

180
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Como consta na História da Era dos Deuses, Amaterassu


Oomikami nasceu de Izanagui-no-Mikoto e Izanami-no-Mikoto.
Por isso, Amaterassu Oomikami seria minha filha. A filha mais
velha. O que nasceu em seguida foi Sussanoo-no-Mikoto.
O Deus chamado Sussanoo-no-Mikoto, como também consta em
meus livros, é o ancestral da cultura material, dos judeus, mas
não é bem isso. Também pode-se dizer isso, mas o povo israelita
é filho de Sussanoo-no-Mikoto e ele corresponde ao povo judeu.
A cultura material que temos hoje é a cultura judia. Em suma,
ela foi construída por Sussanoo-no-Mikoto.
Então, Jesus é descendente de Sussanoo-no-Mikoto. Por isso,
Jesus tem por ancestral um deus que nasceu de Izanagui-no-
Mikoto; ele nasceu depois, e, portanto, é muito natural que meus
discípulos consigam realizar milagres da altura de Jesus Cristo.
Seria muito interessante contar mais detalhes sobre essas coisas,
mas pretendo escrevê-los aos poucos.
MIOSHIE-SHU Nº16 (17/11/1952)

Em outros Ensinamentos ele se identifica tanto a Jeová, que é Pai, quanto a


Cristo, que é Filho. Meishu Sama, Messias, era espírito puro, e, portanto, Pai, mas
Mokiti Okada era uma pessoa de carne e osso, matéria, e, portanto, Filho. Mas se ele
alcançou a união com Deus em 1950 como “voltaria” a ser filho em 1954? Há certo
verniz cômico nesse tipo de questionamento, por tornar o debate teológico bastante
superficial. Primeiro porque foi a mesma pessoa que disse que alcançou a União com
Deus em 1950 que também disse que RE-NASCEU EM VIDA, em 1954, que sua pele
ficou como a de um bebê. Como pode? Como pode o Pai renascer como Filho? Como
pode o Filho ser Pai de si mesmo? Velho hábito farisaico o de querer enxergar a Deus
pelas estreitas lentes humanas. Pode porque é Deus Supremo que faz poder, pode
porque assim Deus determinou. Encerra um mistério para além de vossa
compreensão? Então retira as sandálias dos teus pés, porque o solo que pisas és Santo!
O fato é que Meishu-Sama, após afirmar que alcançou a União com Deus em 1950,
afirmou igualmente que RE-NASCEU (e quem NASCE é o Pai ou o Filho?) em 1954.
Ao invés de levantarmos questionamentos superficiais a esse respeito, como se nós que

181
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

tivéssemos a sabedoria e a autoridade para dizer a Deus e Meishu-Sama a ordem exata


das coisas, deveríamos nos empenhar, humildemente, em conquistar a instrução e a
elevação espiritual necessárias para entender as Palavras de Deus.

5) Diversos ministros e reverendos da IMMB, favoráveis ao Sr.


Kobayashi, acusam Kyoshu-Sama de ter sido irresponsável, ao
explanar publicamente a questão da espionagem. Por que Kyoshu-
Sama tornou isso público? Como começou esta terceira
purificação?

O que segue agora é um relato, na íntegra, de um ministro da Igreja:

“Infelizmente alguns senhores estão se baseando em espionagem, mentiras e


um golpe que deram na direção do Japão, obtendo a maioria dos votos dos diretores.
Kyoshu-Sama tentou, com toda a humildade, conversar com os diretores. Mas
ninguém quis ouvi-lo. E como esta já é a terceira Grande purificação da Igreja pelo
mesmo motivo, os diretores não querer seguir o líder espiritual legítimo do momento.
Aconteceu o mesmo com Nidai-Sama e com Sandai-Sama.
Então Kyoshu-Sama não teve outra alternativa, expondo o problema para os
membros. Assim, um grande número de membros, reverendos e ministros da Igreja
do Japão decidiram apoiar Kyoshu-Sama. Por isso se tornou uma purificação. Sem
contar com o golpe que os diretores deram na diretoria da Igreja-Mãe e na igreja do
Japão. Esperaram um reverendo, que era diretor (Reverendo Maeda), morrer e outro
reverendo (Reverendo Tachibana) que também era diretor ter derrame cerebral, e
assim, demitiram mais um diretor, e deram um golpe na diretoria, colocando quem
eles quiseram como diretores, sem eleição. Este foi o grande motivo da purificação.
Além de não respeitarem Kyoshu-Sama, não respeitaram a maioria dos reverendos e
ministros. Quase ninguém sabe desta verdade. Assim, os membros do Brasil um dia
irão entender o porquê de uma grande parcela dos membros e sacerdotes ter saído da
Igreja e apoiado Kyoshu-Sama na fundação da Igreja (Su no Hikari no Japão e Igreja
Mundial do Messias, no Brasil). Todos os brasileiros que já se decidiram são aqueles
que não estão dando ouvidos para as mentiras a respeito de Kyoshu-Sama, pois tais

182
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

mentiras foram produzidas por espionagem e má conduta, invadindo a privacidade de


Kyoshu-Sama e apresentando as coisas da maneira que os diretores atuais querem.
Os atuais diretores se auto elegeram, ilegalmente. É já até empossaram uma outra
pessoa que não tem consanguinidade com Meishu-Sama para virar um Kyoshu-Sama
ilegítimo, uma pessoa que só concorde com tudo que a atual direção quer.”
Este relato, feito por um ministro adjunto, esclarece questões sobre o porquê de
Kyoshu-Sama não ter visto outra alternativa senão levar à tona o que estava
acontecendo.
O mais vergonhoso, na atitude da IMM em empossar um Kyoshu ilegítimo é o
motivo, que é exclusivamente político, pois quando a Igreja-Mãe abriu um processo
junto ao Ministério da Educação e Cultura, no Japão, pelas leis do Japão, era
necessário que o trono de Kyoshu estivesse ocupado, para que fosse necessário dar
andamento nos processos jurídicos. Mas como isso não era possível, pois a diretoria
destituiu ilegalmente o legítimo Kyoshu-Sama, foi-se necessário produzir um Kyoshu
qualquer.
Como já foi explanado aqui neste documento, de acordo com os cânones da Igreja,
somente um membro da família de Meishu-Sama pode indicar o próximo Kyoshu.
Porém, a investidura do Kyoshu ilegítimo, com o intuito de burlar as leis do Japão,
foi feita pela diretoria da Igreja, que não possui laços consanguíneos nenhum com a
família de Mokiti Okada.
Como se não bastasse a sucessão de eventos houve quem dissesse que além de
terem feito essa posse ilegal de um Kyoshu ilegal, a Igreja não tinha a intenção de
anunciá-lo como líder espiritual; isso servia apenas para fins jurídicos. Mas se a
intenção foi essa, se a Igreja nomeou alguém como KYOSHU, isto é, SENHOR DOS
ENSINAMENTOS, GUARDIÃO DA DOUTRINA, apenas como um estratagema
jurídico, então estamos diante de um gravíssimo caso de PROFANAÇÃO do Trono de
Kyoshu. O Trono é SAGRADO, a posição de Kyoshu é SAGRADA, não pode ser violada
e ocupada por finalidades banais. Se nomearam alguém como Kyoshu sem que esta
pessoa tenha a missão e o preparo para ser Kyoshu, sem que a intenção é que seja
Kyoshu de fato, mas apenas como uma “jogada” jurídica ou burocrática, então o Trono
foi gravemente profanado, e toda tentativa espúria de defender a profanação se reduz
à mais vil blasfêmia.

Então temos o seguinte cenário:

183
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

1) Destituíram ilegalmente o Kyoshu-Sama legítimo, escolhido por Meishu-


Sama, infringindo o estatuto da Igreja e seus cânones;
2) Entraram com um processo no Ministério da Cultura e Educação contra o
mesmo Kyoshu-Sama;
3) Para dar seguimento ao processo, era necessário que o “cargo” Trono de
Kyoshu estivesse ocupado, de acordo com as leis do Japão;
4) Afim de cumpir com as leis do Japão, empossaram ilegalmente (sob a ótica do
regulamento da Igreja) um Kyoshu qualquer, apenas para que pudessem dar
continuidade ao processo contra Kyoshu-Sama. Foi escolhido o Sr. Nobuyuki
Watase, fiduciário de uma organização relacionada a Toho no Hikari, uma
fundação sem fins lucrativos chamada MOA Health Science Foundation, e
também professor emérito de pesquisa em filosofia indiana da Universidade
de Tokai como o Quinto Líder Espiritual.

Ou seja, o presidente ilegítimo, juntamente com sua diretoria ilegítima,


empossou ilegitimamente um Kyoshu ilegítimo (Nobuyuki Watase), apenas para dar
continuidade a uma ação jurídica movida contra o Kyoshu legítimo (Yoichi Okada,
neto de Meishu-Sama), que fora ilegitimamente destituído.
O motivo da destituição de Kyoshu era o de que Kyoshu-Sama estava
“cristianizando a Igreja”. Mas decidem por empossar um pesquisador de filosofia
indiana, para ocupar o Trono de Kyoshu. Um ato de profunda levianidade, profanação
e blasfêmia, que atenta contra a Obra Divina estipulada por Meishu-Sama.

Seguem abaixo alguns documentos redigidos por ministros no Japão (em


português, e no original, em japonês) esclarecendo detalhes da atual purificação. São
importantes fontes de estudo para compreendermos o caso atual. Por um princípio de
absoluta fidelidade editorial e de metodologia da pesquisa com fontes textuais,
reproduzimos os documentos na íntegra, sem cortes ou edição, revisão ou modificação
de qualquer espécie:

184
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

25 de fevereiro de 2018

A exclusão de Kyoshu-Sama pela Toho no Hikari e a direção


centralizada no Rev. Kobayashi – Sobre o documento “Opiniões”
do advogado Kigawa –

- Introdução

Recentemente, no dia 23 de fevereiro, a Toho no Hikari e a direção


centralizada no Rev. Kobayashi encaminharam o documento “Opiniões
III”, elaborado pelo advogado Kigawa para Kyoshu-Sama. O conteúdo
desse documento é assustador, pois consiste no seguinte: “Se o Kyoshu não
anular o conteúdo das orientações proferidas até hoje, ele deve ser excluído
da Igreja Messiânica Mundial”. A Igreja Messiânica Mundial desenvolve a
nobre obra de Deus através do Kyoshu – Líder Espiritual, sendo que
Meishu-Sama foi o primeiro, e Nidai-Sama, Sandai-Sama e o atual
Kyoshu-Sama, herdaram a sagrada Obra Divina de Meishu-Sama.
Cremos que todos estão totalmente cientes de que nesta linha sucessória
corre, ininterruptamente, não somente a linhagem espiritual de Meishu-
Sama, mas também, sua linhagem consanguínea. Em síntese, o documento
“Opiniões” do Dr. Kigawa é, em outras palavras, a posição da Toho no
Hikari e da direção centralizada no Rev. Kobayashi. Será que o objetivo
deles é banir Kyoshu-Sama e abolir o sistema institucional com um Líder
Espiritual? Ou será que eles planejam empossar um novo “Kyoshu” que não
tenha nenhuma gota da nobre linhagem consanguínea de Meishu-Sama?
Se for isso mesmo, nós podemos permitir que algo assim aconteça? Claro
que isto é inadmissível. Perante a situação em que chegamos, será que
todos nós, membros e ministros, não precisamos demonstrar claramente o
que sentimos, assumindo uma posição inabalável para com o que está
acontecendo?

- Sobre o documento “Opiniões” do advogado Kigawa


Está claro que o advogado Kigawa, no documento “Opiniões”, possui uma
visão tendenciosa e unilateral quanto à atual situação da Igreja Izunome e

185
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

quanto à interpretação do estatuto. O advogado Kigawa, com relação aos


vários problemas administrativos da Igreja Izunome, apresenta a opinião
de que o fato de Kyoshu-Sama expressar a sua vontade consiste numa
violação do estatuto. Entretanto, o princípio básico de instituição da Igreja
Izunome se resume na seguinte postura de fé: “Queremos seguir a vontade
de Kyoshu-Sama”. Em 2006, a Igreja Izunome esclareceu isso no
documento: “Considerações sobre ‘O que precisa ser percebido e
corrigido?’” (divulgado no Jornal Shinsei nº 421). Nele, está
registrado o princípio básico da Igreja Izunome: “o sentimento de Meishu-
Sama nos é transmitido por meio do desejo e da vontade de Kyoshu-Sama”.
No mesmo documento, também está registrado claramente como a nossa
Igreja deve ser administrada: “Toda a direção da Igreja Izunome, a começar
pelo seu presidente, deseja seguir em frente, relatando a Kyoshu-Sama a
nossa real situação tal qual ela é, para recebermos a confirmação de que
nossas atitudes e pensamentos estão corretos ou não, bem como também
recebermos sua orientação no sentido de saber se essas atitudes e
pensamentos estão coerentes ou não, com a sua vontade e com a vontade
de Meishu-Sama”. É justamente por este motivo que Kyoshu-Sama nos
transmite a sua vontade e nos orienta. Caso a direção tenha mudado o
contexto desse princípio básico, isto deve ser comunicado a Kyoshu-Sama.
Entretanto, além de não terem feito tal comunicação, argumentam que “o
fato de Kyoshu-Sama transmitir a sua vontade, consiste numa infração do
estatuto”, o que é muito estranho. Abertamente, a direção diz que se
mantém centralizada no Kyoshu, mas, por outro lado, assume uma postura
de quem não deseja a centralização no Kyoshu. Essa postura da direção,
como a de quem tem duas faces, dá margem para muitas dúvidas. Essa
mesma direção aponta que “o fato de Kyoshu-Sama transmitir a sua
vontade, consiste numa infração do estatuto” e, além disso, afirma que isso
é um bom motivo para invalidar a investidura de Kyoshu-Sama. Esse tipo
de opinião só pode ter um objetivo: desprezar Kyoshu-Sama.
Quando discorre sobre sua interpretação em relação à doutrina, o
advogado Kigawa, mesmo estando na posição de jurista, conclui: “As
orientações de Kyoshu-Sama são diferentes dos ensinamentos”.
Entretanto, está mais do que claro que Kyoshu-Sama sempre profere suas

186
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

palavras com base nos ensinamentos, nos salmos e nas realizações de


Meishu-Sama. Também está claro que quem escreveu o texto “Opiniões” é
alguém que não estuda profundamente as palavras de Kyoshu-Sama.
Trata-se de um absurdo uma pessoa assim emitir opiniões como “Revogue
as orientações dadas até o momento! Caso contrário, sua investidura está
cancelada! Seu salário não será mais pago! Saia das instalações da Igreja!”.
Em primeiro lugar, o fato de um advogado opinar sobre questões referentes
às orientações de Kyoshu-Sama ou sobre os ensinamentos é algo que
extrapola o campo de atuação de um advogado. Além disso, mesmo citando
artigos do estatuto, ele não menciona uma vez sequer o artigo que define a
autoridade de Kyoshu-Sama: “O Kyoshu determina os princípios
fundamentais da doutrina”. Ele ainda apresenta o argumento de que: “A
doutrina é composta pelos ensinamentos e pelas escrituras. O problema
está no fato de as palavras de Kyoshu-Sama não estarem baseadas nisso”.
Porém, como foi dito há pouco, está claro que Kyoshu-Sama sempre nos
orienta com base nos ensinamentos, nos salmos e nas realizações de
Meishu-Sama. Se ele argumenta que “não se considera doutrina o texto que
não é, palavra por palavra, do jeito que está nos Ensinamentos de Meishu-
Sama”, conclui-se então que as três Igrejas Filiais estão “incoerentes com a
doutrina”, pois todas utilizam palavras que não estão nos ensinamentos e
nas escrituras de Meishu-Sama. Sobre a situação atual da nossa Igreja, o
advogado Kigawa se mostra extremamente tendencioso. Isto é motivado
pela posição unilateral de quem faz relatórios para o advogado Kigawa.
Enquanto a grande maioria dos membros possuem o desejo de querer
receber as orientações de Kyoshu-Sama e de dar importância à sua
vontade, aqueles que fazem relatórios para o advogado sobre a atual
situação da Igreja, são pessoas que pensam: “Não precisamos de Kyoshu-
Sama; não queremos receber as orientações de Kyoshu-Sama”. Talvez seja
por esse motivo que o advogado Kigawa acabou emitindo tal parecer. Além
disso, o maior de todos os problemas são as ameaças feitas a Kyoshu-Sama.
Resumindo, o texto “Opiniões” consiste no seguinte: “Se o Kyoshu não
corrigir sua forma de pensar, deve renunciar ao cargo de Kyoshu. Não vai
mais receber salários. Saia da Igreja!” Está claro que acenaram com
questões de salário e moradia, numa tentativa de controlarem o

187
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

pensamento de Kyoshu-Sama, o que é inadmissível. A Toho no Hikari e o


presidente Kobayashi têm, há muito tempo, o seguinte pensamento: “O
Kyoshu possui uma linha de pensamento diferente dos ensinamentos. A
investidura dele como Kyoshu deve ser cancelada”. Mesmo assim, para não
deixarem pistas de que, na verdade, tudo ocorre conforme suas intenções,
afirmam: “Já que é a opinião de um advogado, não tem jeito. Teremos que
agir dessa forma...”. Ou seja, escondem-se atrás do advogado e avançam seu
plano para banir Kyoshu-Sama. Somos obrigados a dizer que isso é,
realmente, um estratagema muito baixo da parte deles. Também não se
pode esquecer que “a Toho no Hikari quer banir Kyoshu-Sama para
transformar a Igreja Messiânica Mundial numa ‘MOA – Toho no Hikari’ e,
por isso, está usando a Igreja Izunome, o presidente Kobayashi e o
advogado Kigawa”. Basta ler o documento encaminhado à Kyoshu-Sama
para perceber claramente essa intenção. Isto pode ser comprovado nos
seguintes trechos desse documento: “Recebemos, do diretor executivo
Kobayashi, o relatório de que o Dr. Toichiro Kigawa, consultor jurídico da
Igreja Izunome, entregou-lhe pela terceira vez um texto com seu parecer de
jurista” e “Decidimos encaminhar a opinião franca do advogado Kigawa, no
mesmo formato que foi entregue à direção da Igreja Izunome”. Além do
mais, a Toho no Hikari mostra, pela frente, que são argumentos
apresentados pela Igreja Izunome, mas, por trás, é ela quem manipula os
acontecimentos, avançando ardilosamente seu plano, de forma que ela não
sofra nenhum dano. Como foi dito anteriormente, a Igreja Izunome está
sendo totalmente manipulada pela Toho no Hikari. O seu plano é criar
confusões dentro da Igreja Izunome e dominar a Igreja Messiânica
Mundial. Recentemente, a Direção da Igreja Mãe apresentou o documento
“Proposta de Alteração do Estatuto da Igreja Messiânica Mundial”,
assinado como se a diretoria tivesse aprovado tal proposta. Segundo esse
documento, a diretoria da Igreja Mãe, que é composta por sete diretores
executivos, passou a ser formada por quatro diretores executivos da Toho
no Hikari e três da Igreja Izunome. Isto é inacreditável! Por que o
presidente Kobayashi e os seus diretores não percebem isso? É algo muito
estranho. A Toho no Hikari não quer banir apenas Kyoshu-Sama. Ela

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

também pretende excluir a Igreja Izunome da Igreja Mãe. Quem está dando
risadas, por trás dessa situação, é a própria Toho no Hikari.

- Conclusão

Ao observarmos a atual situação da Igreja Izunome, somos tomados pelo


sentimento de vergonha para com os reverendos e ministros que fundaram
a Igreja Izunome e sacrificaram a própria vida na luta pelo estabelecimento
do sistema de Obra Divina centralizado no Trono de Kyoshu. O texto
“Opiniões” não é uma ficção. O plano para invalidar a investidura de
Kyoshu-Sama e bani-lo da Igreja deve, sem dúvidas, começar a ser
executado num futuro bem próximo. Estamos, agora, prestes a presenciar
a expulsão de Kyoshu-Sama e faremos parte de uma Igreja sem um Líder
Espiritual. Não seria o momento de nos levantarmos contra isso? Vamos
nos unir e avançar com uma postura inabalável?

Grupo de ministros e membros comprometidos da Igreja Izunome.

23 de fevereiro de 2018

Ao Líder Espiritual da Igreja Messiânica Mundial Senhor Yoichi


Okada

De Diretores Executivos da Igreja Messiânica Mundial

Nós, diretores executivos da Igreja Messiânica Mundial – Igreja Mãe,


recebemos, do diretor executivo Kobayashi, o relatório de que o Dr.
Toichiro Kigawa, consultor jurídico da Igreja Izunome, entregou-lhe pela
terceira vez um documento com seu parecer de jurista. Esse documento
consiste na opinião do advogado Kigawa sobre assuntos relacionados a
Kyoshu-Sama, cujo conteúdo, redigido a partir de um ângulo jurídico,
consiste no que vem sendo frequentemente conversado entre a Igreja
Izunome e o advogado Kigawa, e foi entregue para Igreja Izunome como

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

parecer. A direção da Igreja Messiânica Mundial analisou e estudou esse


texto, refletindo profundamente sobre o seu conteúdo. Mesmo cientes de
que seria uma indelicadeza para com Kyoshu-Sama, com o desejo de que
tivesse essa visão jurídica, decidimos encaminhar a opinião franca do
advogado Kigawa no mesmo formato que foi entregue à direção da Igreja
Izunome. Também acreditamos que existem inúmeras perguntas a serem
feitas ao senhor. Portanto, caso seja possível, gostaríamos de agendar uma
reunião entre o senhor e o advogado Kigawa. O que o senhor pensa a este
respeito?
FIM

19 de fevereiro de 2018

Ao senhor Masayoshi Kobayashi Presidente da Igreja Messiânica


Mundial – Igreja Izunome

OPINIÕES III

De Toichiro Kigawa Consultor jurídico da Igreja Izunome

Com base nos estatutos, apresentarei abaixo minha opinião sobre a posição
de Kyoshu. Sobre o Kyoshu, está estabelecido no artigo 5 do estatuto da
Igreja Messiânica Mundial – Igreja Mãe – que “o Kyoshu herda a sagrada
obra do Fundador e, com base na doutrina, unifica a Igreja Messiânica
Mundial”. O primeiro ponto, que representa a posição do Kyoshu, consiste
no fato dele ser o herdeiro da sagrada obra do Fundador. A partir deste
ponto, é possível chegar-se à seguinte conclusão: As palavras do Kyoshu
não podem contrariar os ensinamentos do Fundador. Na condição de
herdeiro da sagrada obra do Fundador, é inadmissível que suas palavras
contradigam os ensinamentos do Fundador. Considerando este ponto, é
preciso que o Kyoshu revogue, sem falta, as orientações relativas ao Paraíso
Terrestre, às práticas altruístas e ao Messias que divergem dos
ensinamentos do Fundador. O segundo ponto, consiste no seu dever de

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

“unificar a Igreja Messiânica Mundial com base na doutrina”. Entretanto,


existe o seguinte pronunciamento que contraria esse dever do Kyoshu: “A
Toho no Hikari e o presidente Kobayashi não podem se falar”. Este
pronunciamento que hostiliza a Toho no Hikari contraria o dever de
unificador do Kyoshu. O terceiro ponto consiste no fato do Kyoshu ser o
“símbolo da unidade dos membros”. Creio que, por serem apropriados à
posição de símbolo, seria bom tomar os pronunciamentos da Sua Majestade
Imperial como referência. Isto porque, Sua Majestade Imperial, nada mais
é do que uma pessoa que recebeu a posição de símbolo. Sua Majestade
Imperial não tem o direito de não reconhecer o primeiro-ministro Abe
como tal e dizer: “Eu reconheço o Sr. Shirasawa, que também é ministro do
gabinete imperial, como primeiro-ministro, e quero que ele faça o discurso
como tal”. Isto é uma transgressão à posição de símbolo ocupada pelo
Kyoshu. Entretanto, o Kyoshu afirma que não reconhece o presidente
Kobayashi como tal. Isto é uma transgressão à posição de símbolo do
Kyoshu. Falar: “Reconheço o Sr. Shirasawa, que é do ministério, como
primeiro-ministro. Portanto, quero que ele discurse como tal”, também vai
contra a posição de símbolo. Além disso, os trabalhos administrativos de
uma pessoa jurídica religiosa são da responsabilidade e da competência dos
diretores executivos. Todavia, o Kyoshu intervém nesse trabalho, indicando
trechos a serem retirados dos materiais impressos ou, até mesmo,
proibindo a distribuição de materiais aprovados pela Direção, o que
também consiste numa transgressão à posição de símbolo. Não é apenas
isso, está determinado no regulamento interno da Igreja Messiânica
Mundial, entre os artigos 7 e 17, quais são as atribuições do Kyoshu, sendo
que em nenhum deles consta esse tipo de intervenção do Kyoshu. Ou seja,
trata-se de uma violação dos regulamentos pelo Kyoshu. Para começar,
gostaria que o Kyoshu evitasse emitir opiniões específicas como sendo a sua
vontade. Se ele transmite opiniões específicas para problemas concretos,
inevitavelmente, o interior da Igreja se divide em dois. A situação atual da
Igreja é exatamente essa. Primeiramente, o Kyoshu não deve ter o
comportamento de avaliador. Não é bom pronunciamentos como: “o
presidente ‘A’ não serve” ou “seu antecessor, o presidente ‘W’, era melhor”.
Se o Kyoshu deixar transparecer esse tipo de opinião, certamente surgirá

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

dentro da Igreja uma divisão de opiniões. O Kyoshu não pode fazer


pronunciamentos que venham a causar divisão entre os membros. Antes de
qualquer coisa, deve ser evitado que a Igreja se divida em grupos, como:
grupo pró-Kyoshu e grupo anti-Kyoshu. A melhor maneira de evitar que
isso aconteça é não fazer pronunciamentos inadequados à posição de
símbolo. Quando surge uma divergência de opinião dentro da Igreja, o
correto é deliberar tendo como base o que diz os ensinamentos do Fundador
e livrar-se por completo do pensamento de que as palavras do Kyoshu são
absolutas. Segundo consta, atualmente, existe dentro da Igreja duas linhas
de pensamento: uma pró-Kyoshu e outra pró-presidente Kobayashi.
Inflamar a chama desta divisão é o caminho para a extinção da Igreja
Messiânica. Tanto na época de Nidai-Sama como na época de Sandai-
Sama, nunca existiu, entre os membros, uma divisão de pensamentos como
a que existe atualmente. No final, isto se deve ao fato de que tanto Nidai-
Sama como Sandai-Sama tinham um ponto em comum: respeitavam os
ensinamentos do Fundador. A minha conclusão se resume no seguinte:
quando o Kyoshu extrapola sua posição de símbolo e emite sua opinião
sobre problema específicos, a Igreja é levada ao caminho da divisão e do
enfraquecimento. Além disso, uma vez que o Kyoshu é herdeiro da sagrada
obra do Fundador, é preciso que ele revogue as orientações que contrariam
os ensinamentos do Fundador. Considerando os pontos mencionados até
aqui, caso a confiança da direção no Kyoshu fique abalada, os diretores
devem invalidar a decisão de ter empossado o atual Kyoshu como Líder
Espiritual. No momento em que a decisão de invalidá-la for manifestada, o
atual Kyoshu deixa de ser o Líder Espiritual e os diretores devem exigir que
ele se retire dos imóveis que pertencem à Igreja. Além disso, por não ser
mais o Kyoshu, o pagamento do seu salário deve ser interrompido. Segundo
o artigo 6 do estatuto, está definido que “o Kyoshu é aquele que foi indicado
com base no Regulamento da Família do Fundador e empossado pela
Direção”. A investidura do Kyoshu como Líder Espiritual tem como
pressuposto ele cumprir devidamente com os deveres herdar a sagrada
obra, unificar com base na doutrina e atuar como o símbolo da unidade dos
membros. Quando esse vínculo de confiança se quebra, a direção deve, para

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

o bem da Igreja Messiânica Mundial, encaminhar ao Kyoshu um


comunicado de invalidação da sua indicação.

FIM

Segue agora essas mesmas cartas na versão original, em japonês:

平成 30 年 2 月 25 日

東方之光と小林執行部がついに教主様追放へ
― 木川弁護士の「意見書」について ―

<はじめに>
この度、2 月 23 日、東方之光と小林執行部は、教主様に対して、木川弁
護士
からの「意見書Ⅲ」なるものを届けました。
その内容は驚くべきものであり、「もし教主が今までのご教導の内容を
撤回し
なければ、教主は世界救世教から追放されるべきである」という趣旨の
ものであ
ります。
世界救世教は、初代の教主である明主様、そしてその後を受け継がれ、
明主様
のご聖業を継承されてきた、二代様、三代様、そして現在の教主様を通
して、尊
いご神業を進めてきました。

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

そこには、明主様のご霊統だけではなく、明主様のご血統が連綿と流れ
ている
ことは、皆様も充分ご承知のことと思います。
木川弁護士の「意見書」は、すなわち、東方之光と小林執行部の姿勢で
ありま
す。
東方之光と小林執行部は、教主様を追放し、教主制を廃止しようという
のでし
ょうか。それとも、明主様の尊いご血統が一滴も流れていないものを
「教主」と
して立てようというのでしょうか。もしそうであるならば、そのような
ことが許
されていいのでしょうか。断じて許されてはなりません。
事ここに至り、私ども信徒・専従者一人ひとりは、明確な意思表示を
し、断固
たる姿勢を示すことが求められているのではないでしょうか。

<木川弁護士の「意見書」について>
木川弁護士は、このたびの「意見書」をもって、いづのめ教団のあり様
と教規
の理解につき、一方的で偏っている見解をもっていることが明らかとな
った。
木川弁護士は、教主様が、いづのめ教団の運営上の様々な問題につい
て、 「教
主様がご意向を示されることは規則違反である」との見解を示している
が、「教主様からのご意向をお受けしたい」という姿勢は、いづのめ教
団の基本理念に基
づく信仰心の発露なのである。
いづのめ教団は、平成 18 年に作成した「何に気づき、何をどう改めるべ
きか」

194
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

という文書(「新生」第 421 号/3頁)でもお知らせしたとおり、いづ


のめ教団
の基本理念は「明主様のみ心は教主様のご意志、願いを通して、私ども
に伝えら
れている」としてきた。また、その文書の中で、教団運営のあり方につ
いても、
「常に私どもの実情をありのまま教主様にご報告申し上げ、考え方や在
り方が
正しいか否か、それが教主様のお心に、ひいては明主様のみ心に適うも
のである
かどうかをお導きいただき、確認しつつ進ませていただきたいと理事長
をはじ
め、執行部全員が等しく願っている」と明確に謳った。
そうであればこそ、教主様は、私どもにご意向をお示しくださり、お導
きくだ
さったのである。教団執行部がこの基本姿勢を変更したのであれば、教
主様にそ
の旨報告すべきであるが、何も報告せずして、「教主様がご意向を示さ
れること
は問題だ。規則違反である」と主張するのは明らかにおかしい。表向き
は「教主
中心」を掲げながら、一方では「教主中心を望んでいない」という教団
執行部の
二枚舌の姿勢が疑問視されるべきところ、「教主様が教団運営にご意向
を述べる
ことは規則違反である」と指摘し、しかもそのことを理由に「教主様の
推戴を取
り消すべきだ」という意見は、教主様を貶める以外の何物でもないので
ある。

195
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

また、教義の解釈について、木川弁護士は、法律家という立場でありな
がら、
「教主様のご教導が御教えと違う」と断定しているが、教主様は常に明
主様の御
教え、御歌やご事蹟に基づいてお言葉をくださっているのは明らかであ
り、教主
様のお言葉を何ら真剣に学んでおられないのは、この意見書からも明白
である。

そのような方が「今までのお言葉を撤回せよ。さもなくば、推戴取り消
しだ。
給料は支払わないぞ、教団施設から出ていけ」という意見を述べること
は言語道
断である。そもそも、教主様のご教導や御教えという教義の問題につい
て、弁護
士が意見を述べること自体、弁護士の分を大幅に超えた問題発言であ
る。しかも、
木川弁護士は教規に触れているものの、教規に定められた「教主は、教
義の大綱
を定める」という権能については一切言及していない。
よく、「教義とは、原典及び教典に拠るのだ。教主様のお言葉は、原典
及び教
典に基づいていないのが問題なのだ」との主張もあるが、今指摘したよ
うに、教
主様は常に、御教え、御歌、ご事蹟に基づいてご教導くださっているこ
とは明ら
かである。 「一言一句、御教えにある明主様のお言葉を使用していなけ
れば教義
ではない」というならば、三被包括法人とも原典及び教典に拠らない言
葉を多用

196
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

していることから、三被包括法人とも「教義と異なる」という結論にな
らざるを
得ない。
教団の現状認識について、木川弁護士は極めて一方的な認識に偏ってい
るが、
これは一重に、木川弁護士に報告する者の姿勢によるのである。大多数
の信徒が
「教主様のご意向を大切にしたい、ご教導をお受けしたい」という願い
を持って
いるにもかかわらず、教団の現状を報告する者が「教主様排除の思想
や、教主様
のご教導を受け入れたくない」という者であるからこそ、木川弁護士が
このよう
な意見を持つに至ったのであろう。
しかも最大の問題点は、教主様を脅している点である。この意見書は、
一言で
言えば、「教主が考えを改めないなら教主を辞めろ。給料は出さない
し、教団か
ら出ていけ」という趣旨である。生活場所やお金のことをちらつかせな
がら、教
主様を思想統制しようとする姿勢そのものが、いかに許しがたいもので
あるか
は明白である。

東方之光と小林理事長は「教主は異質な思想の持主である。このような
教主の
推戴は取り消すべきだ」と以前より考えていたにもかかわらず、自分た
ちが主導
で進めた事実を残さないために、「弁護士の意見だからしょうがない。
このよう

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

にせざるを得ない」というように、弁護士を利用し、弁護士を隠れ蓑に
しながら
教主様排除を進めていく手法が卑劣極まりないと言わざるを得ない。
さらに忘れていけないのは、「東方之光は、教主様を排除し、世界救世
教を東
方之光・MOA化するために、いづのめ教団、小林理事長、木川弁護士
を利用」
していることである。
このことは教主様宛の書簡を見れば一目瞭然である。すなわち、同書簡
には「い
づのめ教団顧問弁護士木川統一郎氏より、三度目の意見書が届けられた
ことを、小林役員より報告を受けました」「木川弁護士より、いづのめ
教団執行部にあて
た率直な意見をそのままお届けすることにいたしました」とあり、これ
が何より
の証左なのである。
また、東方之光は、表向きはいづのめ教団が主導したように見せかけ、
影でそ
れを操りながら、被害を受けないように巧みに物事を進めているのであ
る。先に
述べたとおり、いづのめ教団は、東方之光に完全に利用されているので
ある。東
方之光は、いづのめ教団を混乱させた上で、世界救世教を乗っ取ろうと
している
のである。このたび、包括役員会で議決されたとする「世界救世教規則
変更案」
では、包括役員の定数7人は、「東方之光から4人、いづのめ教団から
3人」と
なっている。何をか言わんやである。なぜ、小林理事長ら執行部はこの
ことに気

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

づかないのか、不思議でしょうがない。
東方之光は、教主様だけでなく、いづのめ教団も世界救世教から排除し
ようと
しているのである。裏で笑っているのは、東方之光である。

<おわりに>
いづのめ教団の現状を鑑みますと、「教主中心の神業体制の確立」を成
し遂げ
んがため命がけで戦ってきた、いづのめ教団の先達の先生方に申し訳な
い気持
ちでいっぱいになります。
この「意見書」は決して架空のものではありません。教主様の推戴を取
り消し、
教主様を教団から追い出す手はずは、確実に、極めて近い将来実行され
ていくこ
とは間違いがありません。教主追放、そして、教主様無き教団が現実に
ならんと
している今、いよいよ立ち上がるべき時がきたのではないでしょうか。
皆で一致結束して、断固とした姿勢で進んでいこうではありませんか。

いづのめ教団 専従者・信徒有志一同

Agora, gostaríamos de publicar uma carta do Presidente Shirasawa aos


membros da IMM, à respeito da direção de Kobayachi, e estamos agora
divulgando esta carta aos membros do Brasil, primeiro na versão traduzida,
e em seguida, na versão original, em japonês:

12 de abril de 2018

Carta endereçada aos membros

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
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Sobre a nova direção do Sr. Masayoshi Kobayashi, que se


denomina Presidente da Igreja Izunome

Michio Shirasawa
Masahiro Kawatani

Em sua palestra no Culto da Primavera, realizadas nos dias 1 e 2 de abril de


2018, o Sr. Kobayashi disse que, devido ao término do mandato da direção,
foi realizada a eleição dos novos diretores. Porém, ele não disse que a
eleição foi feita de forma ilegal. O Sr. Kobayashi se denomina Presidente da
Igreja Izunome, mas ele não recebeu, como exige o estatuto, o
reconhecimento de Kyoshu-Sama para assumir o mencionado cargo. Ou
seja, a nova direção estabelecida recentemente pelo Sr. Kobayashi é uma
mentira total.

1. Punição dos Reverendos que tinham direito a voto na eleição


da direção

Dia 29 de março, a direção do Sr. Kobayashi determinou as seguintes


punições aos Reverendos que apoiam Kyoshu-Sama.

- Michio Shirasawa
Destituição de todos os cargos na Igreja, cassação do título sacerdotal
(Ministro Dirigente - Reverendo) e exclusão do cadastro de membro.
Consequentemente, não faz mais parte do quadro de diretores executivos
da Igreja Izunome. Demitido a partir do dia 29 de março de 2018, sem
direito a remuneração por tempo de serviço.

- Yutaka Kawatani
Destituição de todos os cargos na Igreja, cassação do título sacerdotal
(Ministro Dirigente - Reverendo) e exclusão do cadastro de membro.
Consequentemente, não faz mais parte do quadro de diretores executivos
da Igreja Izunome. Demitido a partir do dia 29 de março de 2018, sem
direito a remuneração por tempo de serviço.

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

- Keizo Ono e Teruya Furutsu


Destituição de todos os cargos na Igreja, cassação do título sacerdotal
(Ministro Dirigente - Reverendo) e exclusão do cadastro de membro.
Consequentemente, não faz mais parte do quadro de diretores da expansão
da Igreja Izunome. Demitido a partir do dia 29 de março de 2018, sem
direito a remuneração por tempo de serviço.

- Harumitsu Fujimoto e Masakatsu Takahara


Destituição de todos os cargos na Igreja e cassação do título sacerdotal
(Ministro Dirigente - Reverendo). Consequentemente, não faz mais parte
do quadro de diretores da expansão da Igreja Izunome. Terão que entregar
a carta de pedido de demissão até o dia 10 de abril de 2018. Caso a referida
carta não for entregue até essa data, será demitido por justa causa sem
direito a remuneração por tempo de serviço.

- Keizo Miura
Destituição de todos os cargos na Igreja, cassação do título sacerdotal
(Ministro Dirigente - Reverendo) e exclusão do cadastro de membro.
Consequentemente, não faz mais parte do conselho de delegados da Igreja
Izunome. Demitido a partir do dia 29 de março de 2018, sem direito a
remuneração por tempo de serviço.

- Akio Ito e Toshimitsu Matsuzaki


Destituição de todos os cargos na Igreja. Consequentemente, não faz mais
parte do conselho de delegados da Igreja Izunome. Rebaixamento ao nível
de gestor.

- Mikio Shimada
Destituição de todos os cargos na Igreja, cassação do título sacerdotal
(Ministro Dirigente - Reverendo). Consequentemente, não faz mais parte
do conselho de delegados da Igreja Izunome. Será afastado das suas
funções. Anulação do comunicado referente a remuneração por tempo de

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

serviço, emitido em 26 de dezembro de 2017. Perde o direito à


remuneração.

- Mitsutoshi Sato
Cassação do título sacerdotal (Ministro Dirigente - Reverendo). Será
afastado das suas funções. Anulação do comunicado referente a
remuneração por tempo de serviço, emitido, emitido em 30 de novembro
de 2017. Perde o direito à remuneração

- Mitsuaki Kato
Destituição de todos os cargos na Igreja.

- Michio Wadamori
Será afastado das suas funções por um período de 15 dias, sem direito a
receber o salário referente aos dias de afastamento. Será rebaixado ao nível
de chefe de setor.

- Satoru Kabaya
Será afastado das suas funções por um período de 15 dias, sem direito a
receber o salário referente aos dias de afastamento. Será rebaixado e
destituição de todos os cargos funcionais dentro do quadro de funcionários.

Evidentemente, tais punições foram determinadas no final do mês de


março, as vésperas do término do mandado da direção, o que constitui uma
conspiração para a reeleição do Sr. Kobayashi. Está mais do que evidente
para qualquer pessoa que essas punições são ilógicas e propositais. A
assembleia anual foi realizada no dia 31 de março. As punições acima
descritas, foram comunicadas apenas dois dias antes dessa data, sendo que
10 Reverendos, que apoiam Kyoshu-Sama e com direito a voto na eleição
da direção, foram demitidos. A direção do Sr. Kobayashi demitiu delegados
que apoiam Kyoshu-Sama e elegeu novos delegados que são contra
Kyoshu-Sama. Isso comprova o plano de formar um exército de soldados
que apoiam o Sr. Kobayashi.

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

2. Ilegalidades no Processo de Constituição da Comissão do


Conselho de Delegados

Dia 29 de março, data que antecede a constituição da Comissão do Conselho


de Delegados, 10 entre os 15 representantes dos membros elegeram uma
nova diretoria com base no artigo 8 do Regulamento dos Representantes
dos Membros. São eles: Sr. Mitsuhiko Yano (Presidente), e os Srs. Tsuyoshi
Senga e Koichi Koshimizu (Vice-Presidentes). Com essa eleição, o Sr.
Masaru Kanie passou o cargo de Presidente para o Sr. Mitsuhiko Yano, e os
Srs. Tadahiro Horiguchi e Junichi Iwahori passaram os cargos de Vice-
presidente para os Srs. Tsuyoshi Senga e Koichi Koshimizu. Dessa forma,
os novos diretores eleitos, seguindo o parágrafo 2 do artigo 21 do estatuto
(designação do Presidente e Vice-presidentes), passaram a fazer parte do
quadro de delegados com direito a voto. Devido ao fato deles terem sido
eleitos Presidente e Vice-presidentes dos representantes dos membros, eles
tinham o direito de participar da Comissão de Eleição da Direção Executiva
e da Comissão de Eleição dos Delegados, ambas realizadas no dia 30 de
março. Independentemente disso, a direção do Sr. Kobayashi não permitiu
a participação deles. Com isso, ele ignorou o sentimento de 10
representantes dos membros. Além disso, os três novos Presidente e Vice-
presidentes, tinham direito de participar da eleição da direção realizada no
dia 31 de março. Porém, eles e outros 6 representantes dos membros, com
direito de presença durante a eleição, foram barrados na entrada das
dependências, onde a eleição foi realizada, por seguranças da empresa
Meisei, coligada a Toho no Hikari. Apenas conseguiram entregar um
documento informando que não reconhecem a eleição, por considerá-la
ilegal e incoerente aos regulamentos. A direção do Sr. Kobayashi não
permitiu que os novos Presidente e Vice-presidentes fizessem parte do
conselho de delegados, atitude que consiste em ignorar completamente o
sentimento de 10 representantes dos membros de todo Japão. Assim sendo,
além dos Srs. Kanie, Horiguchi e Iwahori não serem mais diretores que
representam os membros, também não são mais delegados com direito a
voto na eleição da direção e, portanto, não tinham o direito de ter

203
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

participado da eleição. Mesmo assim, foi-lhes permitido participar da


eleição da direção, com direito de aprovar os argumentos debatidos e
participar da Comissão de Eleição do Conselho de Delegados como
membros da bancada. A direção do Sr. Kobayashi usou os mais variados
recursos para, forçadamente, realizar de forma astuciosa a realização de
cada comissão, que elegeu os seguintes delegados da assembleia:
Masayoshi Kobayashi; Ikuo Sakakibara; Koichi Sakakibara; Hirao
Katsumura; Noboru Ichisawa; Kiyoaki Sugihara; Kichiro Hayashi; Mikio
Sakamoto; Tatsuo Kuroda; Teruji Aoki; Kenji Yamane; Michiko Yano;
Fumitaka Nagamine; Eiko Suzuki; Yoshiyuki Ando; Yoshiaki Nakane;
Yujiro Fukuda; Naoaki Ajiki; Yoshie Takeda; Hirotomo Matsudaira;
Hiroshi Tsumagari; Koji Nakai; Masaru Kanie; Tadahiro Horiguchi;
Junichi Iwahori. E, no dia 1º de abril, as pessoas acima relacionadas
escolheram dois representantes para participar da Comissão de Eleição,
que elegeram 7 novos diretores executivos. Estes, por fim, elegeram o Sr.
Masayoshi Kobayashi como representante da direção (Presidente da Igreja
Izunome). Esse é o argumento que tem sido apresentado aos membros. No
entanto, a direção do Sr. Kobayashi, apesar dos novos Presidente e Vice-
presidentes dos representantes dos membros terem o direito de participar
da Comissão de Eleição da Direção Executiva e Comissão de Eleição dos
Delegados (como suplentes ou com o mandato terminado), não permitiu
que eles participassem da eleição. Por essa razão, ficou claro que os trâmites
para eleição da nova direção foram ilegais. Apesar disso, os delegados da
assembleia e diretores executivos eleitos ilegalmente reelegeram o Sr.
Kobayashi como Presidente da Igreja Izunome. Na palestra do Sr.
Kobayashi no Culto da Primavera, ele diz: “A Igreja Messiânica Mundial,
Igreja Izunome, com o término do mandato da direção, realizou os trâmites
legais, conforme o estatuto. Primeiro, a Comissão de Eleição dos Delegados,
realizada no dia 31 de março, elegeu 25 novos delegados. Hoje, pouco antes
da realização do culto, a Comissão de Eleição dos Diretores Executivos
elegeu 7 novos diretores executivos. Por fim, os novos diretores se reuniram
e eu, Kobayashi, fui reeleito Presidente”. Entretanto, como explicamos
anteriormente, a eleição não obedeceu aos trâmites descritos no estatuto.
Portanto, tal pronunciamento é uma mentira fraude.

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

3. O Presidente que não foi reconhecido por Kyoshu-Sama

Não é apenas isso. Segundo os estatutos e regulamentos da Igreja Izunome


e da Igreja Messiânica Mundial (Igreja Mãe), os diretores executivos
precisam do reconhecimento de Kyoshu-Sama para assumir o respectivo
cargo (conferir trechos do estatuto abaixo). Mas, o Sr. Kobayashi ainda não
recebeu o reconhecimento de Kyoshu-Sama, algo essencial estabelecido no
estatuto, para que ele possa assumir o cargo de representante da diretoria
(Presidente). Mesmo assim, ele afirmou publicamente perante os membros
no Culto da Primavera que “realizou trâmites legais” e “eu, Kobayashi, fui
reeleito Presidente”.

Trecho do Estatuto da Igreja Messiânica Mundial, Igreja


Izunome Artigo 8: O representante da diretoria (Presidente) é
determinado pela eleição entre os diretores e, após o
reconhecimento do Kyoshu da Igreja Messiânica Mundial,
assume a função.

Trecho do Regulamento da Igreja Messiânica Mundial, Igreja


Izunome Artigo 6: O representante da direção executiva desta
instituição religiosa (abaixo “Presidente”) assume a função após
o reconhecimento do Kyoshu.

Trecho do Estatuto da Igreja Messiânica Mundial, Igreja Mãe


Artigo 5, parágrafo 3: Kyoshu, com base no regulamento,
reconhece o Presidente e Diretores da Igreja Mãe e os Diretores
Executivos das Igrejas filiais.

Trecho do Regulamento da Igreja Messiânica Mundial, Igreja


Mãe Artigo 11: Kyoshu realiza o reconhecimento dos diretores
executivos das Igreja filiais.

205
VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

O Sr. Kobayashi, na palestra do Culto da Primavera, citou Ensinamentos


para enfatizar, repetidas vezes, que “não se deve mentir”, criticando os
ministros que apoiam Kyoshu-Sama. Mas, o próprio Sr. Kobayashi ignorou
os artigos do estatuto e regulamentos além de proferir uma palestra
mentirosa aos membros durante o culto. Essa é a realidade atual. Seria
melhor ele ter dito que havia se tornado “Presidente interino”, por não ter
sido reconhecido por Kyoshu-Sama. Na verdade, o fato de uma pessoa não
ser o Presidente, subir no sagrado altar do Solo Sagrado e se autoproclamar
dessa maneira, faz com que as suas palavras sejam mentirosas. Cremos que
todos já entenderam que a maior de todas as mentiras é a existência e
posição de “Presidente Masayoshi Kobayashi”. Daqui para frente, a
“direção do Sr. Kobayashi”, que é ilegal, realizará entrevistas com os
integrantes que dedicam na expansão. Possivelmente, haverá represálias
que objetivam a unificação de pensamento, forçando-os a “seguir ordens”.
Uma pessoa que admite espionagem a Kyoshu-Sama e ignora os estatutos
e regulamentos da Igreja Mãe e da Igreja Izunome, não tem outro objetivo
senão dominar pessoas, objetos e dinheiro. Essa pessoa irá se aproveitar de
sua posição de “Presidente da Igreja Izunome” para dar ordens, o que é
ilógico. Além disso, tudo isso não nos leva a crer que a atual “falsa direção
do Sr. Kobayashi” está agindo de forma totalmente anormal? Quem sempre
falava com orgulho sobre a importância de seguirmos à risca as leis e os
regulamentos e sermos obedientes?
Essa pessoa é o próprio Sr. Kobayashi. O Sr. Kobayashi fez o pedido de
reconhecimento para Kyoshu-Sama apenas no dia 6 de abril, cinco dias
após ele próprio ter declarado no Culto da Primavera que havia sido reeleito
Presidente. Obviamente, Kyoshu-Sama emitiu, no último dia 9 deste mês,
um documento que diz “Reconhecimento retido”.

Trecho do Estatuto da Igreja Messiânica Mundial, Igreja Mãe


Artigo 12: O reconhecimento do Kyoshu, estabelecido neste
estatuto, consiste em um solene ato religioso que concede a
sagrada obra do fundador.

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

Como pode ser compreendido através desse artigo do estatuto, o fato de


Kyoshu-Sama “reter o reconhecimento” é uma demonstração de que
Kyoshu-Sama “não consegue conceder a sagrada obra do fundador” para
uma pessoa como o Sr. Kobayashi. Todavia, por que será que o Sr.
Kobayashi entregou com atraso o pedido de reconhecimento? Não seria
para evitar a crítica de que ele estaria ignorando Kyoshu-Sama? É óbvio
que ele não receberia o reconhecimento de Kyoshu-Sama, por isso, preferiu
criar tal situação para dizer que “Não recebi o reconhecimento de Kyoshu-
Sama” e criar razões para atacar Kyoshu-Sama, assim como já ocorreu na
emissão do documento “Solicitação”, de 20 de novembro de 2017, onde ele
diz que o fato de Kyoshu-Sama ter retido o reconhecimento da direção da
Igreja Messiânica Mundial, Igreja Mãe, é “nada mais que uma negligência”.
Será que esse não é o plano do Sr. Kobayashi para continuar atacando
Kyoshu-Sama? De qualquer forma, não se sabe quais foram os motivos que
levaram o Sr. Kobayashi a fazer o pedido de reconhecimento com atraso.
Mas, até hoje, nunca houve casos como esse. Indescritível é o fato dessa
solicitação ter sido entregue cinco dias após ele ter declarado que foi reeleito
Presidente. Qualquer pessoa é capaz de perceber que isso constitui uma
total falta de respeito e um ato de menosprezo para com Kyoshu-Sama,
para com o estatuto e regulamentos da Igreja Izunome e da Igreja
Messiânica Mundial, Igreja Mãe.

Conclusão

Por termos chegado a essa situação, acreditamos que o princípio básico da


instituição da Igreja Izunome, que consiste em proteger o “sistema de Obra
Divina centralizado no Kyoshu”, bem como o seu estabelecimento, precisa
ser analisada, consultando o sentimento de Meishu-Sama, mesmo que isso
envolva a necessidade de serem tomadas várias medidas, incluindo
jurídicas. Kyoshu-Sama tem nos orientado que: “Jamais existirá uma
dificuldade que não somos capazes de superar” e “Meishu-Sama preparou,
no interior de cada um de nós, a força necessária para superarmos as
dificuldades”. A partir de agora, independente das dificuldades que
venham a surgir, vamos retornar ao Paraíso através do nome Messias, que

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

é uno a Meishu-Sama, e entregarmos tudo nas mãos de Deus para servir na


verdadeira sagrada obra de Construção do Paraíso Terrestre e salvação da
humanidade. Agora que o Sr. Kobayashi descartou abertamente o
estabelecimento de um sistema de Obra Divina centralizado no Kyoshu,
precisamos unir nossos corações com Kyoshu-Sama, que está ligado
diretamente a Meishu-Sama, e servir em uma obra de salvação
completamente nova.

Segue agora a versão em japonês desta mesma carta:

平成30年4月12日
信徒各位

いづのめ教団「理事長」を自称する小林昌義氏の新体制について

白澤 道夫
川谷 豊

小林氏は平成30年4月1日・2日の春季大祭の挨拶で、任期満了に伴
う役員
改選を行い、新体制が発足したことを表明しました。
しかし、役員改選は法律上の手続に問題があり、代表役員(理事長)を
名乗る
小林氏に至っては、「規則」等に定められた「教主様の認証」を得てい
ません。
すなわち、小林氏の新体制というのは、「嘘で塗り固められた体制」な
のです。

【その1 懲戒処分による教議員の罷免等】
3月29日、小林執行部は、教主様を支持する役職員に対して、下記の
懲戒処

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分を下しました。

《白澤道夫》
⇒「罷免(一切の役職を免ずる)」「資格取消(教師資格を取消す)」
「除籍(信者
名簿から除籍する)」
従って、貴殿は平成30年3月29日付で責任役員及び教議員を解任と
なりま
す。さらに、平成30年3月29日をもって「懲戒解雇」とします。退
職金につ
いては支給しません。《川谷豊》
⇒「罷免(一切の役職を免ずる)」「資格取消(教師資格を取消す)」
「除籍(信者
名簿から除籍する)」
従って、貴殿は平成30年3月29日付で責任役員及び宗務役員及び教
議員を
解任となります。さらに、平成30年3月29日をもって「懲戒解雇」
としま
す。退職金については支給しません。

《大野啓三・古津照也》
⇒「罷免(一切の役職を免ずる)」「資格取消(教師資格を取消す)」
「除籍(信者
名簿から除籍する)」
従って、貴殿は平成30年3月29日付で宗務役員及び教議員を解任と
なりま
す。さらに、平成30年3月29日をもって「懲戒解雇」とします。退
職金につ
いては支給しません。

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MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

《藤本晴光・髙原正勝》
⇒「罷免(一切の役職を免ずる)」「資格取消(教師資格を取消す)」
従って、貴殿は平成30年3月29日付で宗務役員及び教議員を解任と
なりま
す。さらに、「諭旨退職」とします。従って、平成30年4月10日ま
でに「退
職願」を提出するよう勧告します。期限までに「退職願」の提出がなさ
れない場
合は「懲戒解雇」とし、退職金については支給しません。

《三浦敬三》
⇒「罷免(一切の役職を免ずる)」「資格取消(教師資格を取消す)」
「除籍(信者
名簿から除籍する)」
従って、貴殿は平成30年3月29日付で教議員を解任となります。さ
らに、平成30年3月29日をもって「懲戒解雇」とします。退職金に
ついては支給しま
せん。

《伊藤明雄・松嵜利光》
⇒「罷免(一切の役職を免ずる)」
従って、貴殿は平成30年3月29日付で教議員を解任となります。さ
らに、
「降格」とし、職位資格を主事へ降格します。

《嶋田実起夫》
⇒「罷免(一切の役職を免ずる)」「資格取消(教師資格を取消す)」
従って、貴殿は平成30年3月29日付で教議員を解任となります。さ
らに、諭

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MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

旨退職相当とします。従って、平成29年12月26日付で通知した定
年退職
金支給を取り消し、別途算出した退職金を支給します。

《佐藤光敏》
⇒「資格取消(教師資格を取消す)」
さらに、諭旨退職相当とします。従って、平成29年11月30日付で
通知し定
年退職金支給を取り消し、別途算出し退職金を支給します。

《加藤光昭》
⇒「罷免(一切の役職を免ずる)」

《和田守道男》
⇒「停職(一切の役職の職務執行を停止する。停職の期間中、いかなる給
与も支
給しない)」とし、その期間を15日間とします。さらに、「降格」と
し、職位資格を主査へ降格します。

《蒲谷悟》
⇒「停職(一切の役職の職務執行を停止する。停職の期間中、いかなる給
与も支
給しない)」とし、その期間を15日間とします。さらに、「降格」と
し、職位資
格を取り消し、職位資格の無い職員へ降格します。

もちろん、これらの懲戒処分は、3月末日の任期満了に伴う役員改選を
見据え
た、小林体制の続投等を目的としたものであり、不合理でご都合主義的
な処分で

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MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

あることは、誰の目から見ても明らかです。
定時教議員会は、3月31日に行われましたが、そのわずか2日前に上
記のと
おり、教主様を支持する10人の教議員が罷免されました。
小林執行部は、教主様を支持する教議員を罷免することによって、反教
主様の
思想をもつ人物を教議員及び責任役員にすえ、小林氏を支持する陣営で
固めら
れるように画策したのです。

【その2 法律上の手続に問題のある教議員選考委員会】
教議員選考委員会に先立つ3月29日、教団総代15名のうち、3分の
2にあ
たる10名が、総代会規程第8条に則り、新会長に矢野光彦氏、副会長
に千賀剛
氏と小清水浩一氏をそれぞれ互選(選出)しました。この互選により、
3月30
日をもって、会長は蟹江勝氏から矢野光彦氏へ、副会長は堀口忠宏氏、
岩堀順一
氏から千賀剛氏、小清水浩一氏にそれぞれ変更されました。これに伴
い、新会長
及び副会長の3名は、規則第21条第2項(会長及び副会長を充てる)
に基づい
て、新たに教議員に就任したのです。
前記のとおり、この新会長・副会長3名は、新教議員に就任しているこ
とから、
3月30日に開催された、欠員補充に伴う「責任役員選考委員会」及び
「教議員
選考委員会」の選考委員を互選(選出)する権限をもっているにもかか
わらず、

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MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

小林執行部は互選に参加させませんでした。教団総代10名(互選に参
加した教
団総代)の思いを無視したのです。それだけではなく、新会長・副会長
3名は、
3月31日の定時教議員会に出席すべく、互選に参加した教団総代6名
と共に
定時教議員会の会場入口に向かったところ、小林執行部が予め配置し
た、東方之
光の関連会社である明成警備保障㈱の警備員に制止された挙句に、「適
法、正当
な変更、互選とは認められません」と記載された書面を渡されたのみ
で、小林執
行部は、新会長・副会長3名を教議員会には出席させず、教団総代10
名の思い
を一切無視したのでした。
上記のとおり、蟹江会長及び堀口・岩堀副会長は、すでに教団総代会会
長及び
副会長ではなく、ましてや教議員でもないため、定時教議員会に出席す
る権限は
ありません。それにもかかわらず、この3名は定時教議員会に出席し
て、議案に
対する採決、任期満了に伴う教議員選考委員会の選考委員の互選等にも
参加し
たのです。
小林執行部はそうした強硬手段と教議員への種々の働きかけによって、
各選
考委員会を巧妙に操り、以下の人物が新教議員に選任されたと主張・発
表してい
ます。

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小林昌義・榊原郁夫・榊原光一・勝村平男・市澤登・杉原清晃・林吉
郎・坂元幹
男・黒田達男・青木輝治・山根憲次・矢野美智子・永峰文隆・鈴木栄
子・安藤義
幸・中根好章・福田雄二郎・安食直亮・竹田良枝・松平浩朋・津曲浩・
中居幸司・
蟹江勝・堀口忠宏・岩堀順一
そして、4月1日、上記の人物の中から責任役員選考委員会の選考委員
として
2名を互選(選出)し、この2名が出席した責任役員選考委員会におい
て、新責
任役員7名を選任し、最終的には小林昌義氏が代表役員(理事長)に選
任された
と主張しています。
しかし、小林執行部は、総代会の新会長・副会長3人が責任役員選考委
員会及
び教議員選考委員会(欠員補充、任期満了のいずれも)の「教議員のう
ちから」
の選考委員の互選に参加する権限をもっているにもかかわらず、3人を
互選に
参加させなかったわけですから、選任手続に法律上の問題があることは
明らか
です。そのような手続によって選任された教議員及び責任役員をもって
小林氏
を代表役員に互選したのです。
また、小林氏は、平成30年春季大祭の挨拶において、
「世界救世教いづのめ教団におきましては、理事長と責任役員の任期満
了に伴
い、教団規則に則った改選手続きが行われ、まず3月31日に教議員選
考委員

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

会が開催され、新たな教議員25人が選出されました。そして本日の祭
典前に、
責任役員選考委員会が開催され、新たな責任役員7人が選出されまし
た。さら
に新しい責任役員によって互選が行われ、その結果、私、小林が理事長
に選出さ
れました。」
と述べていますが、先に説明したとおり、「教団規則に則った改選手続
き」は
行われておりませんので、この発言は、完全なる虚偽なのです。

【その3 教主様の認証のない代表役員(理事長)】
さらに、それだけではありません。いづのめ教団の規則・教則、包括法
人世界
救世教の規則・教規では、代表役員に就任するには、教主様の認証が必
要である
旨明記(下記参照)されていますが、小林氏は、教団の代表役員(理事
長)に就
任するために規則上必要不可欠な「教主様の認証」を得ていないにもか
かわらず、
春季大祭において、「教団規則に則った改選手続きが行われ、・・・
私、小林が理
事長に選出されました」と信徒の前で公言していたのです。
世界救世教いづのめ教団「規則」
「第8条 代表役員(理事長)は、責任役員の互選により定め、世界救世
教教主
の認証を受け、就任する。」

世界救世教いづのめ教団「教則」

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「第6条 この教団の代表役員(以下「理事長」という。)は、教主の認
証を受
け、就任する。 」

包括法人世界救世教「規則」
「第5条3 教主は、教規に基づき管長、理事、被包括宗教団体の代表役
員(略)
を認証する。」

包括法人世界救世教「教規」
「第11条 教主は、被包括宗教団体の代表役員(略)の認証を行う。」

小林氏は、春季大祭の挨拶の中で、御教えを引用しながら「嘘はいけな
い」と
いう趣旨の発言を何度も繰り返し、教主様を支持する専従者へ非難の声
をあげ
ていましたが、小林氏自らが「規則」及び「教則」を無視し、信徒に対
して虚偽
の挨拶をしていた、というのが実態なのです。
教主様の認証を得られず、「代表役員代務者」と名乗るのならばまだし
も、本
来、理事長の立場にない者が、理事長を名乗って聖地の御神前に立ち、
虚偽の発
言をしていたのです。
これで分かるように、何が一番の「嘘」であるかと言えば、「小林昌義
理事長」
の存在・地位そのものなのです。
今後も、正当でない「小林執行部」は、現場の専従者に対して面談等を
行い、

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
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「業務指示」と称して思想統制等の締め付けを行ってくると思われま
す。教主様
への「尾行・盗聴・盗撮」を容認し、いづのめ教団の「規則」「教
則」、そして、
包括法人世界救世教の「規則」「教規」という、教団で定めたあらゆる
ルールを
無視している人物が「ヒト・モノ・カネ」を牛耳り、「理事長」の名の
もとで指
示をしてくることの不合理さたるや、現在の「偽・小林執行部」の異常
さを如実
に現していると言えるのではないでしょうか。これまで、 「法令・規則
遵守」「コ
ンプライアンス遵守」を声高に訴えていたのは、どこの誰だったのでし
ょうか。
小林氏ご自身であったはずです。
また、小林氏は、春季大祭で理事長就任を発表してから5日後の4月6
日、突
如、教主様に「認証願」を提出しました。当然のことながら、教主様
は、同月9
日、「認証を留保」されました。

包括法人世界救世教「教規」
「第12条 この教規に定める教主の認証は、教祖の聖業を付託する厳粛

宗教行為である。」

この教規から分かるように、教主様が「認証留保」されたということ
は、教主
様は小林氏に対して、 「教祖の聖業を付託することができない」という
意思表示

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
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をされたのです。しかしながら、小林氏は、なぜ、突如として「認証
願」を提出
したのでしょうか。「教主様を無視している」という批判を避けるため
なのでし
ょうか。それとも、教主様の認証を得られないことは明らかなので、
「教主様の
認証を得られなかった」という事実をあえて残し、平成29年11月2
0日付の
「要望書」と題する文書の中で教主様が包括法人世界救世教の責任役員
の認証
を留保していたことを「『怠慢』でしかない」と断じていたように、教
主様に対
する攻撃理由の積み重ねを図っているのでしょうか。
いずれにしても、小林氏が突如として「認証願」を提出した意図は不明
ですが、
これまで役員改選にあたって、直ちに「認証願」を教主様へお届けしな
かったこ
とは、過去一度もありません。しかも理事長の就任発表後、5日間も経
過してか
ら提出することは、言語道断であり、教主様に対して失礼極まりなく、
教主様を
ないがしろにし、いづのめ教団の「規則」「教則」、包括法人世界救世
教の「規則」
「教規」をないがしろにしていることは、誰の目から見ても明らかで
す。

【最後に】
事ここに至った今、私どもは本来のいづのめ教団の基本理念である「教
主中心

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の神業体制」を守りぬき、そして真に確立するために、明主様の御心を
尋ねなが
ら、法的手段も含めた様々な対応を検討してまいります。
教主様は、
「私どもにとって、乗り越えられない困難など決してありません」
「明主様は、困難を乗り越える力を、私ども一人ひとりの中に用意して
くださ
っています」
と、おっしゃっています。
これから、私どもは、どんなに困難な状況に直面したとしても、明主様
と共に
あるメシヤの御名にあって内なる天国に立ち返り、一切を主神に委ねる
真の「地
上天国建設」「人類救済」の聖業にお仕えしてまいる所存です。
皆様、小林氏が「教主中心の神業体制の確立」を明確に破棄した今こ
そ、明主
様と真っ直ぐにつながる教主様と心を一つにし、全く新しい救いの御業
にお仕
えさせていただきましょう。
以上

219
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ADENDO VI

O JUIZO FINAL

“Quando chegar o Juizo Final não será apenas doença. Com o aumento do
elemento fogo, chegando ao máximo, as pessoas irão caindo uma após a outra, quando
chegar ao climax, sera o Juízo Final.
Como será terrível essa situação, para não cair dessa maneira é preciso o quanto
antes proteger nossas vidas. A quem vamos entregar? A Deus ou ao homem? A quem
quer que seja, é seu livre arbítrio.
Deus criou o homem a um milhão de anos atrás, e programou o seu
desenvolvimento alternando a vida e a morte, criando e eliminando de acordo com a
necessidade.
E agora, o que cristo se referiu como "juízo final", e buda determinou como a
"extinção do budismo", significa que o espírito das pessoas que não se tornaram uteis
a deus serão desintegradas para sempre, a alma será queimada. até hoje nunca houve
tal situação.
Mesmo praticando o mal, e ficando milhares de anos no inferno era permitido
que o espirito se elevasse e voltasse a reencarnar no mundo material. de acordo com a
própria vontade, praticava o bem ou o mal, e voltava ao mundo espiritual isso veio se
repetindo até hoje. por isso dizia-se que o espírito era eterno. agora não será mais
eterno. o espírito que não for útil a deus, será destruído. a alma será desintegrada. esse
momento está próximo. uma vez a alma sendo extinta, não voltará mais a nascer no
mundo material. desaparecerá completamente.
O sofrimento causado pela queima do espírito é indescritível. A queima do
corpo físico é um grande sofrimento, levando tempo para consumar. porém, quando o
espírito for queimado, iniciando pelos pés, a dor, o calor, o frio e o sofrimento serão
dez vezes mais intensos. mesmo que ainda reste uma pequena parte do espírito,

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VERDADE & DEMONSTRAÇÃO: DISSECANDO O MATERIAL DE ESTUDO INTERNO DA IGREJA
MESSIÂNICA MUNDIAL DO BRAIL

persiste o sofrimento e não consegue morrer. sofre até queimar totalmente. isso é o
juízo final.
Como passar por esse sofrimento é digno de misericórdia, todos precisam se
conscientizar e fazer com que os antepassados, que sofrem no inferno, se
conscientizem também.

O mundo espiritual irá sendo desintegrado desde o fundo do inferno até a


última camada do plano intermediário. antes de começar a desintegração, de acordo
com a afinidade espiritual, é preciso salvar os antepassados.
E o método para salvá-los é ter a permissão de empenhar-se na construção do
solo sagrado. mesmo que oremos e façamos sorei-saishi, como eles estão num plano
inferior, levaria muito tempo, o qual não dispomos. é melhor fazer sorei-saishi do que
não fazer, mas, nesse interim, acabarão sendo queimados.
Logo, é preciso, sem perda de tempo, ser salvo por deus para os planos
superiores. precisamos urgentemente, ganhar o perdão de deus. esse é o significado
de "empenhar-se na construção do solo sagrado". para se elevar um degrau no mundo
espiritual, normalmente leva-se 30 anos. empenhando-se na construção do solo
sagrado consegue-se elevar vários níveis de uma só vez.” [sic]

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