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DÉDA, Francino Silveira. Novos Rumos. O IDEAL; Ano II, nº 61; p.03. 27 de junho de 1954.

Acervo Digital do
Laboratório de Ensino e pesquisa em História. LEPH; UniAGES; Paripiranga/BA

NOVOS RUMOS

O efeito ou a ação de desenvolver as faculdades físicas, morais e intelectuais das crianças, ou dos
adolescentes, no disciplinamento da educação e instrução, através no ensino que aperfeiçoa o homem do
amanhã, nas épocas antigas destacavam entre si. Na antiguidade, na educação, em Esparta, como em Atenas,
significava apenas a preparação do individuo para o serviço da cidade, em sentido militar, politico ou religioso.
Sócrates, em sua época, modificou de certo modo, fazendo a cultura literária e filosófica, tomar logar na
preparação que anteriormente era apenas para o serviço da cidade. Mais tarde foi adotada a educação literária
como a escola elementar e LUDUS. Nos séculos XV E XVI a RENASCENCA elevou os interesses intelectuais,
especialmente sôbre o aspecto linguístico da cultura. Os meios científicos, filosóficos, educacionais e
pedagógicos, se revolucionaram: opiniões e reformas eram explanadas por Rabe’ais, Motaigne, Comenio e
Bacon, Rouseau, Pestalozzi e Frobel; Augusto Conte, Spenser e muitos outros até os tempos que correm,
quando já não se admite os alunos “dando lição” um a um e sim o mútuo auxilio entre a classes; quando não
se admite mais aquela lógica de simp’esmente o aluno aprender a ler, escrever e contar, porque hoje se exige
conjunto de noções básicas, tanto através do ensino instrutivo como educacional, na transmissão de
conhecimentos, quer no conjunto de várias normas rudimentares do saber humano, quer nas disciplinas nas
que se adotam nos Ginásios e que servem de habilitação para o ensino superior; quer na transmissão de
conhecimentos ministrados nas Esco’as, institutos ou universidades de ensino científico; tudo através da
Educação e instrução que teem sentidos diversos, mas, nunca antagônicos e cuida-se do ensino moderno,
instruído e educando.
E, agora, voltando a nossa quase mania de recordar o passado da nossa terra, vamos lembrar aquêle
velho método de ensino rotineiro de Patrocínio do Coité, de professores públicos ou particulares, com escolas
em casas inaptáveis, onde se viam bancos toscos, compridos e duros, sem encosto e sem apoiamento para o
busto das crianças que por vezes, escreviam nos assentos dos próprios bancos, ajoelhadas no piso batido e
frio do alojamento. O mestre-escola, sentado numa banca ordinária, onde ficavam lápis, papeis, um tinteiro
de barro e uma pedra redonda que os meninos conduziam quando saiam para as necessidades fisiológicas;
uma régua grossa com a qual o professor avivava os alunos com pancadas na cabeça e a célebre palmatoria
para os castigos corborais que consistiam em “bolos” ou palmatoadas contadas por dúzias; e, os alunos
humilhados e enfezados, olhavam o professor, mais como uma fera humana, do que um mestre amigo;
estudavam pelo receio, com aquele barulho infernal, com as pernas penduradas nos bancos altos e os
movimentos de balanços e a vozeria ensurdecedora que ai se estabelecia, com as cantilenas ritimadas do; -
“Um B cum A... B... A... ba.... - Um B cum E... B. E... bé...” ou o “2 e 1... 3, e 2 e 2.... 4”. Até o “2 e 7... 9... noves
fora nada”... outros mais adeantados, cantavam com voz mudada: - “Antão, Ana, Ande1... Bento, Brito;
Buscar.... “Adeante um ou dois decuriões, apontavam com palitos aos iniciantes o: -“A.... B.... C..... D.... E, esse
baralho infernal era comandado pelo professor rotineiro que com reguadas e palmatoadas estridentes sôbre o
lastro da banca, amedrontava os alunos, para ativarem os estudos.
Foi, entretanto, se arraigando a pedagogia moderna e para patrocínio do Coité foi designado o professor
Francisco de Paula Abreu; daí para cá a instrução e a educação das crianças, tomaram novos rumos, sentido
diferente; não mais se consentiu o ensino rudimentar cantando o A. B.C. ou a Taboada. Um ensino moderno
ativou-se na localidade e muitos jovens foram preparados convenientemente para o estudo secundário, normal
e cientifico; do Professor Abreu até os nossos tempos, temos, além de vários formados em Escola Superior,
uma mocidade ilustrada e capaz e ainda hoje e por todos os tempos, devemos ao digno preceptor com os seus
profundos conhecimentos em todos os ramos da literatura e da pedagogia, o que nos soube transmitir e
Paripiranga não poderá esquecer jamais e a posterioridade saberá ser reconhecida e grata ao nome dêsse
velhinho, que é um verdadeiro cientista; m intelectual de renome, abalisado homem de letras a quem devemos
a nossa preparação literária com a instrução e educação pedagógica que dele recebemos, como na dadivosa
ação benfazeja que nos vem prestando em todas as modalidades da nossa vida social. Porque Abreus, abriu
para Paripiranga, NOVOS RUMOS.

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