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Mortel

O rádio, talvez por algum motivo, naquela noite tocava-me Mortel, da banda francesa
Fishbach.
Sempre há rebeldia onde precisamos que haja submissão. Era o que pensava sobre os meus
cabelos enquanto me tinha de olhos grudados no espelho, ou melhor, através dele. Afinal de contas,
admirar um reflexo no espelho, na maioria das vezes, nos avisa como estamos ante o olhar alheio,
mas um olhar alheio que efetivamente não é de ninguém, é de um grande outro que cautelosamente
acomodamos no sagrado íntimo de nós mesmos, um anjo sagrado que armazena toda nossa devida
culpa de ser; mas, aquela noite eu gostaria que fosse um anjo da guarda comum. Briguei com o
espelho e com sua insistência em me doar um penteado que não era dos melhores, e como já me
tinha metido nos atrasos que sempre estou metido, atirei meu grande outro ao lado dos pentes e
perfumes, dando sinal de que o enfeitamento da arrumação havia encontrado seu limite, não no
resultado ideal, mas no cansaço de ficar tentando alisá-lo. A desistência me pôs outra questão: se
não havia de estar quente demais pra vestir meu talismã peculiar de um mundo desencantado: uma
Perfecto de couro legítimo cuja legitimidade do tecido foi obra do acaso – desses robustos acasos
que pequenamente piscam no início de um destino e que, a partir de acontecimentos ocasionais,
direcionam a vida, um sopro que forma a personalidade –; um acaso feito um único tão pequeno
ponto, mas que reúne-se em si como a vértice gravitacional de grandes escolhas e decisões. Sobre a
jaqueta, não a vesti. Talvez nada mudasse na decisão de vesti-la, como não o fiz naquela ocasião
temendo ingenuamente o calor da noite mais fria do mundo. Talvez mudasse tudo. Como se há de
saber se os acasos são leves acontecimentos, ou somente acontecimentos levianos que executam a
corrupção na ordem das coisas? No fundo eu sei que são esses pensamentos, como tantos que nos
perseguem, vítimas da nossa radical covardia de assumir as coisas tais com são, inexplicáveis,
tentando encontrar o interruptor de tudo que se realizou.
Sempre apressado, pois, como sempre atrasado, descartei o casaco nos ombros da cadeira,
desliguei o rádio e tranco a velha porta pampulha, que ainda transmitia a luminosidade de dentro de
onde morava através de um vitral que ela guardou do devir das arquiteturas, no estilo ainda do
século passado. Descia escada, que com a lâmpada do corredor queimada parecia um ambiente
“underground” de alguma festa alternativa, até a velha porta branca que dava a outra face à rua.
Embaixo, abro a porta e sou solicitado pela sensação de que o vento estava mais frio que pensei que
estivesse, mas jamais poderia imaginar que logo em breve estaria tão agressivamente frio na forma
da pior invernia que Deus, quando foi embora, esqueceu. Aquela frialdade que gelifica por debaixo
das unhas, por entre as carnes e em lugares que nem imaginamos trazer conosco. Mas, por
enquanto, fechava a porta branca às costas e expectava a complexa alegria das simples noites que
celebram os pequenos prazeres que residem entre os condenados a uma liberdade inquisidora.
Ao lado esquerdo da porta em que saía, em alguns metros de distância, na rua do antigo
apartamento em que morava, a vizinhança guardava um pequeno luxo próprio, mas que era mais
bem compartilhado pelos jovens festeiros e alguns tristes alcoólatras: uma distribuidora de bebidas,
cigarros e outras drogas; no centro da cidade, tal como era, parecia um verdadeiro paiol que
estocava as mais variadas armas e munições na guerra em favor do adormecimento de nossa
angústia. Ali eu me encontraria com Jaque, camarada de partido nas horas em que era conveniente
ter fé em alguma coisa maior que nós, mas sobretudo amiga confiável e fiel ao entretenimento que
nos carece. E também encontrava-me com a Jovem Guerreira, como lhe chamava brincando com
parca rigorosidade na tradução do seu nome, que nessa história a resumiria simplesmente na outra
parte do que sou. Ela e eu eramos, e era tudo o que realmente tínhamos.
Conheci ela há 7 anos e desde o primeiro dia comprovei que toda história de amor sempre
parece uma mentira, mesmo que muitas não sejam. E a nossa não era. Nunca foi por um olhar
específico, por um sorriso certo, mas, especificamente, nosso amor nasceu a partir de um certo
olhar, de certos sorrisos. Como movimentos e características que coincidentemente se assemelham
àquelas que residem na nossa espera secreta do amor da vida toda; e o resto é só um sopro do tempo
que sobrevoa devagar, forçando com delicadeza o sentido e conexão à infinidade de peças que não
se acomodam por si. O amor é uma coisa que se aprende, mas que se aprende amando. Amar é
como narrar uma história que está sendo feita, o amor é uma única crônica de eventos intermitentes
e ninguém nasce aprendendo a contar histórias. Nós nos gostávamos pontualmente por coisas que
não sabíamos bem descrever, mas descrever é um dos exercícios mais profundos que amar exige.
Amar não é prática, amor envolve uma complexa práxis, nos transformamos junto com a pessoa
amada ao amá-la, pois não se ama na prática sem antes haver tido um amor na teoria. Porque amor
pela prática e intuição é paixão, amor é ciência não é arte. O apaixonamento, do contrário, é sempre
artístico, um truque que aplicamos a nós mesmos na busca de nossas fantasias. Esse encantamento
amoroso, que é a paixão, se resume em dar ao outro o que não se tem. Como se concedêssemos ao
outro um papel, uma identidade, que esse outro de fato não seja, e como se nele, nesse outro
idealizado, buscássemos a identidade que acabamos de outorgar. O final de uma paixão é tão ruim
quanto bom é seu início, claro, se houver correspondência nesse efêmero amor desmedido. Quando
há reciprocidade em algum cuidado amoroso é como se encontrássemos nosso ideal, tudo que
depositamos e desejamos que o outro cumpra, amando-nos de retorno. Em geral, a paixão se
sustenta, mais ou menos, quatro ou cinco meses, dizem os especialistas em desastres amorosos,
depois disso o outro se revela o que sempre foi e nunca deixou de ser, diferente dos ideais, desejos,
promessas e fantasias das cláusulas emocionais e só restam casais na dependência emocional que
sempre dificulta o rompimento ou que constroem uma narrativa, mãe de todas as revoluções: a
narrativa amorosa. E se amar, como disse, é desenhar as conexões e os nexos de sentido entre
agradáveis eventos distintos, nos amávamos pela aprendência disso. Dada à força da agradabilidade
entre nossas vivências, o nexo e sentido entre elas era uma determinação quase física, biológica, das
quais é difícil não haver de sentir que estão sendo feitas, como se o céu não guardasse o desenho
entre nossos destinos, mas estivesse riscando sobre as constelações estelares o rumo dele. Em todo
tempo que estivemos juntos vários eventos demandaram a paciência e a perseverança que nem
sempre tínhamos conosco, mas que estava sendo encomendada na forja dos afincos humanos. As
distâncias, que sempre mantinham o amor aquecido nas dores da saudade, reservavam o sabor do
reencontro, do reenlace como um fertilizante dessa miúda planta que nasce frágil no coração das
gentes, mas que depois se ergue com a força de derrubar os muros. Ela e eu eramos, e era tudo o
que realmente tínhamos.
Saindo do vestíbulo do edifício deixava uma história cair e rolar pra debaixo dos móveis. Na
calçada, muito mais embarrada que o normal, talvez porque, além da umidade, pela tarde haviam
feito algum conserto que demandava buracos e terra. Rumando ao encontro, dois cães de rua
dispararam do canto esquerdo da porta em que saía, cruzaram-me entre as pernas na direção de um
veículo que passava por ali, no estilo clássico de vira-latas caramelos tão deformados pela seleção
natural que havia de dar dó em qualquer transeunte dali. Por isso, me desequilibrei com cuidado,
como um descuido cuidadoso, uma performance que a gente disfere como um gesto de lembrança
da vida contra as normas e regras impessoais do status quo: pequenos atos revolucionários do
sujeito só. E tudo foi muito rápido, tão rápido que se soubesse o que viria depois, aproveitaria cada
passo, talvez abraçasse os cães e corresse com eles de atrás do carro. Não os notei como deveria. No
máximo pensei sobre o porquê de serem tão engraçados tanto quanto burrinhos. Pensei, com a
irônica superioridade condescendente, que eles haviam de estar lá correndo atrás das rodas pelo
costume de correr, e se caso lhes param, lhes tomam de surpresa. A supremacia intelectual se
suprimiu, pois inqueri que não eram tão exatamente distintos de nós, que diante da falta de sentido
que às vezes nos acomete a razão, o peso e seriedade que parece ter o cotidiano vivido torna-se
risível. No meio segundo posterior, retomei-me das conjecturas que, maldosas, buscam impulsionar
um sentimento de pena de nós mesmos. Por fim, depois dos cachorros, encontrei-as. Haviam
comprado qualquer coisa pra que a noite fosse mais uma comemoração das nossas derrotas
profissionais, financeiras e políticas. Afinal, não é qualquer classe que se acostuma em comemorar
suas derrotas.
Conversamos com brevidade sobre assuntos que certamente não era de profundo interesse,
mas que nos unia em função daquela bebida de qualidade duvidosa que ia se preparando durante o
próprio caminho. Era uma sopa negra que aguardava uma guerra, uma covarde e injusta batalha
que o mundo erguera contra mim. Mesmo na caminhada automática entre amigos que rumavam em
direção de algum sinal de festa na cidade, apesar de que o papo com Jaque demandasse alguma
atenção de natureza cômica, mesmo que o falatório fosse superficial, ou ainda que o desfile pelas
calçadas nos exigisse algum tipo de impessoalidade com os demais transeuntes – que fossemos mais
ou menos, dependendo da mensagem que gostaríamos de evidenciar na simples atitude de desferir
passadas, igual a todo mundo –, ou seja, apesar de todas exigências com que a força do cotidiano
opera ao nos esvaziar de nós mesmos, eu me mantinha lá, impressionado pelo amor, impressionado
pela elegância de minha Jovem Guerreira, ainda que não tão jovem em relação à minha idade e de
nossos amigos, era jovem em relação à velhice dos problemas do mundo cujo os quais ela também
enfrentava. Estava linda, como sempre, como uma flor capaz de brotar na convergência e
congruência dos significados gerais que é o mundo. Apesar disso, ela se mantinha calada,
confortavelmente calada. Hoje minha lembrança dissolvida daquilo tudo mobiliza a mais
insuportável força pra que consiga lembrar dos suspiros, dos sorrisos, do silêncio entre as palavras
que ela não disse pra mim naquela noite.
Dobrando à esquina, à esquerda, depois da impessoal marcha com que caminhamos,
esbarramos com um sujeito que parecia reunir toda infamiliaridade do mundo no jeito de olhar.
Vítima ao mesmo tempo de si mesmo e do que as circunstâncias lhe causaram. Ele tinha as mãos
por baixo do surrado blusão azul de lã cisne que vestia e os olhos intrépidos contra um mal que não
existia. Me parecia surrado pela vida nas mais variadas esferas que esta se manifesta. Nos cravou os
olhos sem piscá-los, como se quisesse dizer uma única palavra. Sabíamos, nós três, o que a fome, a
pobreza e os traumas sofrem sob os variados comportamentos que buscam reprimir os problemas
surgidos por essa mesma equação social da miséria de um povo. E era uma gramática muito básica
no conjunto de nossas profissões de fé social. Por isso, sem muita embromação, atravessamos a rua,
certamente pelo medo consciente de que aquela situação poderia vir a ser desagradável sob vários
aspectos. Sabíamos e considerávamos os problemas dos esquecidos do mundo, mas também
nenhum de nós nutria grandes afinidades com a experiência de Cristo a fim de assumi-la. O que
esquecemos, quase sempre, é que não escolhemos sofrer por afinidade e inclinações altruístas. No
outro lado da rua, nos encontramos com conhecidos não tão próximos, do tipo que se cumprimenta
porque é o que aprendemos a fazer sob a criação de nossos pais. E aquele sujeito que nos ofereceu
medo desapareceu das preocupações e de nosso cuidado. Tão genuinamente infamiliar que jamais
pensei que veria depois, e realmente depois dessa noite, jamais o vi. Sinceramente, não tinha
importância senão enquanto um representante do frágil tecido social do qual compunha, e no qual
meu socialismo mantinha algum zelo e consideração humanística. Nem lembro bem onde Jaque
havia se metido, ela é desse tipo de gente alegre com o todo das coisas, que parece ter aprendido a
aproveitar o varejo das horas, em que nenhum minuto pode ser perdido.
Novamente o indivíduo que mudaria minha vida, antes disso, se punha diante de mim. As
mudanças que nos acontecem podem ser traiçoeiramente mediadas por um grande acaso. Ou
melhor, podem ser covardemente mediadas pelo descaso com que o sentido que damos a nossa vida
é capaz de nos abandonar. Um sujeito que nem lhe soube o nome e que, apesar de todo meu ódio,
era incapaz de ser verdadeiramente mal. A maldade é um capricho capaz aos que podem escolher
melhor. Me assustei com ele diante de mim. Com aquelas malditas mãos sob o blusão azul de tricô.
Quando peguei na mão de minha companheira, para nos afastarmos de lá, ele apanha um objeto que
não pude identificar na hora, e aponta em minha direção como fosse um controle remoto que
sintonizou no meu desespero de tudo. Eu tentei mediar com as palavras que restavam daquela
inundação de pavor. Sem substituir o alvo de seus olhos cravados nos meus, ele – como se
controlasse o tempo com as mãos, o meu tempo com as mãos, e com isso o sentido de tudo –
contornava seu alvo mortal do que tinha em mão, uma arma, que só depois pude compreender que
objeto realmente era. E com a excelência motora de um desses anjos miseráveis cuja profissão é o
ceifamento, direcionou sua mira ao encontro dela, da minha pequena que não esperava a batalha
que decorria. Com rapidez, o homem do blusão azul de tricô efetuou um só disparo que foi
ligeiramente acolhido pelos lindos cachos dourados que seu cabelo levava.

O procedimento de morrer humilha todo nosso esforço em edificar alguma coisa grandiosa
durante a vida. Meu amor havia adormecido, tal como adormecem os membros quando dormimos
sobre. A minha Jovem Guerreira perdeu sua única batalha, a mais importante, ao menos pra mim, e
naquela madrugada o seu corpo havia lhe abandonado na calçada, numa queda que degradava toda
beleza que ela tinha um dia exercido, caindo de rosto sobre um simples portão que protegia a
vidraça de uma loja. O portão, destes enroláveis que são de aço e cinzas, fez barulho quando
sustentou o que a vida esqueceu ou desistiu de ter. Foi uma morte desperdiçada, sem despedidas,
sem qualquer última palavra, mesmo que fosse uma palavra confusa pela agressão aos neurônios.
Poderia haver proferido ao menos uma palavra pra que eu guardasse como um adeus, como um
enigma que direcionasse a minha existência sem ela a partir de então, uma chave de interpretação
do que ficou em nossas fotos. Não tinha nada. No mesmo instante que caiu, foi abandonada pelo
presente futuro que reside dentro da gente. Segurei-lhe o corpo comigo, junto do meu peito,
tentando compartilhar um pouco daquilo que aquecíamos junto. Segurei-lhe o rosto e, apesar da
agressão colossal que houvera sofrido, estava espantosamente linda como sempre, porque a morte
trata somente das negociações do futuro e não tem poder de modificar o que no passado foi bom.
Segurava-lhe o rosto e seus olhos estavam abertos, mas não me enxergavam, como se quisessem me
dizer alguma coisa que ficou como se presa nos lábios. Logo depois, compreendi que a morte
realmente só me havia deixado a oportunidade de conviver com a memória, como se eu convivesse
com alguém que havia me abandonado pra sempre ou como se fosse começar a escrever uma carta
que jamais conseguiria terminar de escrever e que, até meus últimos dias, não obteria resposta
alguma. Descobri que o desespero é o castigo que exatamente nos reserva o inferno, que é aqui, e
que infernal não era exatamente o outro, mas a falta que algum outro tinha me deixado de herança.
No desespero nada termina, é tudo revivido, revisto, é a eternidade de uma fração de segundos, uma
coleira espinhenta que ajustamos apertada, com precisão, no pescoço. E então eu desejei que aquele
anjo miserável não me abandonasse sob aquela ausência. Me lembro de ter começado a gritar pra
com aquele sujeito e seu blusão azul de tricô, para que ao menos me libertasse daquela liberdade
que me amaldiçoava por inteiro. Ele me condenou. Deixou nas minhas mãos a responsabilidade da
atitude que eu jamais teria a coragem de fazer. E ainda, fitando-me os olhos, com o vazio que
nenhum carrasco teria aptidão, descarregou todas as oportunidades do meu autoabandono:
direcionou seu artefato de colher tempo e fez, em cinco restantes disparos, com que o vento levasse
as munições, as balas, as pastilhas que ajeitariam a dor do que ficou, porque o que ficou fui eu. E
depois disso, ele continuo lá, vazio, como se fosse a angústia encarnada que vinha me
cumprimentar, com seu blusão azul de tricô. Nessas oportunidades, resta a última coisa que a
miséria humana pode reservar, o desejo da justiça pelas próprias mãos. Foi quando me vi no ímpeto
de tentar resolver, de implorar aos socos para que me devolvesse o sentido, mas era como se ele
houvesse me roubado e perdido o objeto do furto, não a teria de volta. Alguns outros me seguraram
que não ofereci resistência senão o choro roco, que é a única resistência dos encarniçados pelo
desespero de estarem sós. Descobri que a teria pra sempre, como uma parte de mim, um órgão em
disfunção. Descobri que cada fim era um começo, talvez do pior. Ela e eu eramos, e era tudo o que
realmente tínhamos. O único ódio que fui capaz de dedicar contra ela, naquele exato momento, foi
de revolta ciumenta contra o fato de que ela nos teve mais que eu, de que ela nos teve até o fim. Era
um absurdo, a mais dolorosa das articulações ilógicas que uma vida poderia construir. Enquanto
alguém me segurava pra que eu não voltasse a tentar reanimá-la, ou outra insensatez maior, eu me
sentia injustiçado pelas covardias do absurdo contra um sujeito infinitamente menor que ele, contra
mim; tive uma última esperança, como uma lâmpada que ascende já quando a eletricidade foi
suspendida e pisca por falha do retorno de energia ao reator. Me vinha a sensação de que tudo
pudesse parar, como se estivesse na hora de levantar, de acordar, de um pesadelo que me havia
esgotado tudo. O choro era tanto que sorria.

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