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TEOLOGIA DE UMBANDA

Desenvolvido por Rubens Saraceni


Ministrado por Alexandre Cumino

Aula Digitada 01 Parte 04


Obs.: este documento é a transcrição fiel do discurso das vídeo-aulas, portanto poderá conter erros gramaticais
mantendo a originalidade da origem.

Umbanda: religião ou seita? O que é uma religião? O que é uma seita, afinal?
Então, às vezes a gente vê um ou outro desavisado afirmar que Umbanda não é religião,
desavisado porque pra pessoa dizer isso ela só pode não saber o que é religião, não é? Além do mais,
um ou outro desavisado ainda completa dizendo que a Umbanda é uma seita. Então, a gente deveria
devolver essa afirmação com uma pergunta: “Fulano, por favor, defina o que é seita?” “Você está
dizendo que Umbanda não é religião, por que Umbanda não é religião? O que é uma religião? Está
dizendo que Umbanda é seita? Então, me diga o que é uma seita?”, pois eu digo, seita é uma palavra
que foi criada, principalmente, na época em que haviam religiões oficiais. Numa época em que, por
exemplo, aqui no Brasil a religião oficial era o Catolicismo e essas grandes religiões, essa palavra foi
cunhada, calcada e fundamentada dentro das grandes religiões pra identificar grupos de religiosos que
se afastavam da sua religião principal e passavam a praticá-la contestando o grupo original. Então, a
seita nasce de sectarismo, a seita nasce de grupos que se afastam da sua religião original se tornando
grupos sectários para contestar as verdades daquela religião.
Então, na verdade muitas das grandes religiões nasceram como pequenas seitas de outras
religiões. Ou não é verdade que os conceitos Cristãos, eles partem da pessoa de Jesus que é um Judeu
e que tem alguns valores e verdades diferentes da sua religião original, do Judaísmo. Pois, apenas para
dar um exemplo, o Judaísmo ensina que não se deve trabalhar ao sábado e Jesus tem uma passagem
bíblica em que Jesus estava exercendo uma atividade com seus discípulos ao sábado e alguém diz: -
“Mestre, mas hoje é sábado” e ele diz: - “O homem não foi feito para o sábado, mas o sábado para o
homem”. A Torá que é o livro sagrado dos Judeus que inclui o Pentateuco que está no Velho
Testamento diz, inclusive, como você deve se alimentar. Jesus sendo questionado pela sua
alimentação, ele diz: - “Mais importa o que sai da boca, do que o que entra pela boca”. Há ainda
passagens bíblicas memoráveis naquele em que vão apedrejar uma adúltera. É lei. Apedrejar uma
adúltera naquela época era uma lei. Jesus diz: - “Atire a primeira pedra quem tem pecado”, a lei não
pergunta quem tem ou não pecado. Não interesse se você tem ou não pecado, o que interessa a lei diz:
“É uma adúltera deve morrer apedrejada”. No momento em que Jesus diz: “Atire a primeira pedra
quem não em pecado”, ele já está pregando um valor diferente. O Velho Testamento ele se
fundamenta na lei de Talião, é a lei do “olho por olho, dente por dente” e Jesus diz: - “Ame seus
inimigos, ame o próximo como a si mesmo”, ele traz uma nova lei, a lei do amor. Então, isso nasce
como uma seita judaica que mais tarde será abraçada por um grande número de pessoas e bem mais
tarde, ou seja, 300 e poucos anos mais tarde vai se tornar uma religião oficial em Roma por conta do
Imperador Constantino, declara o Cristianismo a sua religião por meio da igreja Católica e ali nasce
uma religião, que era antes uma seita de um grupo que contestava os seus valores originais. Nasce uma
religião Católica que é uma mistura de valores Judaísmo com um novo olhar Cristão e com valores da
religiosidade Romana. Isso também. A religião Católica também nasce num sincretismo. O próprio
Judaísmo nasce da religião Semita, do antigo Semitismo. Se formos falar sobre Judaísmo, então,
podemos falar de Moisés. Moisés foi criado para ser um Egípcio, fugiu do Egito – Lembrado: isto está na
África – e ali em torno da região da Etiópia aquela que será sua mulher, Séfora, e ele se torna
praticamente discípulo do seu sogro, Jetro, um sacerdote africano. Depois ele volta com seu povo
Semita que tem um estudo de religiosidade que é considerado a semente da Cabala Hebraica, que é
magia e religião. Essa é a base do Judaísmo e as religiões querem todas elas falar em pureza. Pureza
religiosa, não existe pureza em religião porque nada nasce do nada. Nada há de novo debaixo do sol,
uma religião bebe nas águas de outras religiões para nascer, mas quando um grupo se afasta do seu
grupo original de uma grande religião só para contestar, esse grupo é chamado de seita. Hoje em diz,
hoje em dia, quando um grupo se afasta de uma religião, esse grupo cria uma nova religião, não é mais
considerado seita. Hoje em dia, a palavra seita, ela é usada como símbolo de preconceito, a palavra
seita é usada sempre para diminuir a religião do outro. Se eu falar: “Tua religião é uma seita”, essa
palavra está sendo usada para diminuir a religião do outro porque mesmo os pequenos grupos
constituem pequenos grupos de novas religiões, ninguém mais é considerado seita. Hoje em dia, é
considerado seita, sim, grupos de pessoas, de pseudo-religiosos que pratiquem algo que possa fazer mal
a si mesmo ou a sociedade. Então, grupos de religiosos que se matam pra ir embora no “rabo” de um
cometa; grupos de religiosos que se fecham numa propriedade particular para exercer atividades que
atentam contra os valores ou que atentem contra o pudor ou contra a moral ou contra a integridade de
alguém; grupos de religiosos que criem algo que agridem as pessoas, algo que não é aceito nem pela
sociedade nem pela lei porque machuca você, machuca o próximo ou que cria ainda crimes intelectuais
como o crime do preconceito, aí então, você pode chamar de seita. No caso da Umbanda, a Umbanda
não nasceu para atacar e nem agredir nenhuma outra religião. A Umbanda não é uma religião fechada,
Umbanda é uma religião aberta, não é religião de segredo. Tudo o que se pratica na Umbanda pode ser
mostrado, pode ser falado, pode ser ensinado, pode e deve ser praticado. Na Umbanda, na religião de
Umbanda nós não podemos fazer nada do qual implique numa vergonha, num sentimento de estar
sendo exposto ao ridículo, não podemos e não devemos fazer nada que venha a ferir os meus valores, a
minha moral ou o meu pudor. Na religião de Umbanda só podemos e devemos praticar única e
exclusivamente o bem e a Umbanda é a grande religião praticada por milhões de pessoas. Então, meus
irmãos, a Umbanda está longe de ser uma seita. A Umbanda é uma religião e é uma grande religião.
A questão é: “O que é religião?” porque muitos dizem religião só é religião se tiver mandamentos,
se tiver um código, se tiver esta ou aquela estrutura religiosa. Não. Eu poso dizer, a igreja Católica que
é uma religião fundamentada num livro que é a Bíblia e fundamentada dentro dessa Bíblia no
Evangelho, na vida de Jesus e na construção ritualística dada pelos seus discípulos chamados
“apóstolos” e mais tarde pelos seus pontífices assentados na cadeira de Pedro colocada em Roma. Ali
eu tenho uma religião com uma estrutura, no Judaísmo eu tenho outra religião, também,
fundamentada no livro, no Torá. O Islã eu tenho outra religião fundamentada também em outro livro,
que é o Corão. Podemos chamar de religiões do livro, religiões de livro, religiões fundamentadas em
livros, religiões codificadas, religiões instituídas, mas não é o único modelo de religião que existe.
Porque o índio quando ele está rezando, quando o índio está curando, quando o índio está falando com
Tupã, quando o índio está falando com Uakantanka, quando o índio está falando com Ianderu, Iandesul,
quando o índio está falando com Iaiê, quando o índio está falando com o Grande Espírito, com o Grande
Pajé e não importa qual o nome porque são milhares de tribos indígenas nas três Américas e de culturas
indígenas, quando esse índio está rezando, ele está praticando a sua religião. E não importa se tem
livro, se tem mandamento, se tem dogma, se não tem, é a sua religião. Quando o africano nos cultos de
nação na África está rezando para o Orixá, ele está praticando a sua religião. Quando o Aborígene
Australiano está exercendo a sua prática nativa de espiritualidade, ali está a sua religião. Quando o
Xamã Siberiano toca um tambor e entra em transe, esse Xamã no seu Xamanismo está praticando
religião. Então, a religião é aonde o homem coloca a sua fé. “Ah, mas eu conheço pessoas que têm fé e
não tem religião nenhuma”, sim, são pessoas que tem espiritualidade. Mas aonde eu coloco a minha fé
e eu ritualizo essa fé e eu lhe dou uma base de fundamentos teóricos, de maneira que essa fé
ritualizada e fundamentada possa servir para muitas outras pessoas, ou seja, no momento em que um
método prático e teórico de religiosidade é aberto para que muitos possam praticar da mesma maneira,
ou seja, em comunidade, ali eu tenho uma religião com certeza. Então, a Umbanda tem ritual próprio e
único, a Umbanda tem fundamento próprio, a Umbanda se autoexplica, isto quer dizer que, a Umbanda
tem a sua Teologia, a Umbanda tem a sua doutrina, a Umbanda tem o seu ritual. A Umbanda tem
elementos de outras religiões? Tem. Mas todas as religiões têm elementos de outras religiões. Se você
olhar mais uma vez o Catolicismo, esse é o exemplo mais fácil de dar, da onde vem os Anjos Católicos?
Vem do Judaísmo. Da onde vem o Velho Testamento? Vem do Judaísmo. Da onde vem Jesus? Vem do
Judaísmo. Da onde vem a estrutura sacerdotal Católica? Vem da cultura Romana, as próprias
vestimentas, a estrutura de Templo. A escultura de imagens dos santos, isso é uma estrutura Romana e
não Judaica. Então, todas as religiões bebem em outras religiões. A questão é: Cada religião é uma
visão particular do universo, da realidade que nos cerca. Cada religião é uma diferente maneira de dar
sentido para vida por meio do sagrado, do transcendente, do divino. Então, a Umbanda, ela pode
cultuar Orixás assim como Candomblé, mas a Umbanda tem a sua maneira de cultuar, ver e entender
esses Orixás. A Umbanda se relaciona com espíritos assim como Espiritismo, mas a Umbanda tem a sua
maneira própria de se relacionar com espíritos. A Umbanda reza para os santos Católicos, mas de uma
maneira própria e única. Então, isso diz que esta é uma religião porque aqui está nossa fé ritualizada
em comunidade e temos uma visão única, uma visão própria, uma identidade Umbandista de ver, fazer
e praticar.
Então, essa foi e é a nossa primeira aula do curso de “Teologia de Umbanda Sagrada”. E eu venho
agora pedir à vocês calma, muita calma porque temos 1 ano e curso pela frente e temos um programa.
Eu gostaria que, por favor, atentem ao programa, aos temas e assuntos do programa do curso. Agora
nós estamos começando o curso com uma apresentação, explicando o que é Teologia, o que é religião,
o que é Umbanda. Vamos entrar nas próximas aulas entre diferenças de Umbanda para o Candomblé,
Umbanda para o Espiritismo, Xamanismo, depois a gente vai falar de mediunidade, sobre Deus, sobre as
Divindades. Então, tudo tem a sua hora. Eu sei que muitos de nós estão ansiosos por fazer perguntas,
por questionar, por falar de tudo, agora eu encontrei aonde fazer todas as perguntas que eu queira
sobre a religião de Umbanda, mas eu peço espere, segura a ansiedade, segura a curiosidade e tente se
focar no tema de cada aula, coloque a sua atenção em cada aula, em cada tema, em cada assunto. E
eu vou recomendando leituras, a quem ainda não leu o livro: “O Guardião da Meia Noite” é leitura
obrigatória pra esse curso, “O Guardião da Meia Noite”, romance de Rubens Saraceni e da editora
Madras, leitura obrigatória. Pra quem quer ler romance a sequência é: “O Cavaleiro da Estrela Guia” e
depois os outros romances do Rubens Saraceni. Os livros de doutrina e Teologia do Rubens Saraceni, eu
recomendo começar a leitura pelos livros fininhos, que tem menor quantidade de páginas, recomendo o
livro: “Os Arquétipos de Umbanda” de Rubens Saraceni, recomendo o livro: “Rituais de Umbanda” de
Rubens Saraceni, recomendo o livro: “Orixás Ancestrais” de Rubens Saraceni, recomendo o livro:
“Umbanda Sagrada” de Rubens Saraceni, recomendo o livro: “Sete Linhas de Umbanda” de Rubens
Saraceni, todos livros fininhos de leitura fácil. Agora o livro que tem a maior parte de conteúdo desse
curso chama-se, livro de: “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada” de Rubens Saraceni e editora
Madras. Durante esse curso a gente vai passar por quase toda a obra do Rubens, mas não
necessariamente pegando livro por livro, mas os assuntos aqui tratados são assuntos que passeiam e
divagam e constroem essa Teologia de Umbanda fundamentada nessa literatura, pois boa parte da
literatura do Rubens foi criada justamente para dar base ao curso de “Doutrina e Teologia de Umbanda
Sagrada” que é esse e, também, o curso de “Sacerdócio” que é um curso prático que não tem condição
de ser um curso virtual, está bem?
Então, nesse momento eu agradeço a Deus, aos nossos pais e mãe Orixás pela oportunidade de
estar aqui. Eu agradeço aos Guias e aos mentores de cada de vocês por permitir que estejam aqui
fazendo esse estudo com a gente. Agradeço também ao Rodrigo Queiroz mais uma vez pelo convite,
pela oportunidade de estar aqui. Agradeço também à Thaís pelo apoio, pelo amparo, pelo suporte. E
agradeço a Marina também que é minha mulher, sacerdotisa, dirigente e que também organiza e coloca
tudo em ordem pra que a gente possa chegar aqui e conseguir gravar esse curso em 48 aulas. Meu
agradecimento, então, à todos que nos amparam e nos guiam.
Que Oxalá nos abençoe aqui, agora e sempre!
Muito obrigado.
DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD

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