Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Então, existe ainda algumas curiosidades sobre a cultura afro-brasileira porque, embora, a gente
fala que chegaram no Brasil escravos da cultura Nagô, chegaram escravos da cultura Jeje, chegaram
escravos da cultura Angola, cada um falava uma língua, tinha uma religiosidade diferente, também
chegaram, por exemplo, também chegaram no Brasil escravos Mulçumanos e eles costumavam se
separar de todas as outras culturas. Os Mulçumanos, eles eram muito, é, eles tinham, eles gozavam da
preferência dos senhores feudais, dos senhores de fazenda, esses escravos, os Mulçumanos, eles eram
muito chamados para trabalhar como “Capitão do Mato”, aquele escravo que tomava conta dos outros
escravos porque eles não se misturavam com ninguém. E esses Mulçumanos sabiam ler, sabiam escrever
e eram excelentes matemáticos porque a cultura Mulçumana também lhes deu isso, o hábito da leitura
do Corão, o hábito de rezar todos os dias. E eles eram chamados de “mulçumins”, eram chamados de
“raulças” ou eram chamados de “mandinga”, e, mandinga porque aquele ato que ele estava, que ele
tinha de rezar, o Mulçumano reza cinco vezes por dia voltado pra Meca, então, o escravo Mulçumano,
esse mandinga, ele rezava cinco vezes por dia e ele costumava carregar no pescoço um texto do Corão
ou do Alcorão e ali naquele texto, geralmente, por uma influência da sua outra cultura Africana, era
comum eles colocarem também alguma folha, alguma erva de Axé junto com texto do Corão, de um
pequeno texto do Corão pendurado no pescoço e isso era chamado de “Patuá”. Então, mandinga é o
nome de um escravo Africano Mulçumano que carregava um patuá no pescoço, ele geralmente era um
“Capitão do Mato”. Se outro negro escravo quisesse fugir, provavelmente, ele iria se deparar com um
mandinga no meio do caminho, então, ele recebia um conselho porque uma das maneiras era um
escravo tentar se disfarçar de mandinga, pra ao encontrar um mandinga, ele ser respeitado e não ser
parado em uma fronteira de fazenda, ou de terra, de território. Então, quando alguém queira fugir de
uma fazenda, quando um escravo queria fugir para um Quilombo, por exemplo, o conselho que se dava
a ele era: “Meu filho, se você não pode com mandiga, não carrega o patuá” porque carregar o patuá
seria ele fingir que é um mandiga também. E daí nasce essa frase que é uma curiosidade e hoje tem um
outro sentido né, “quem não tem competência, não se estabelece” é ao sentido que se dá a essa frase.
Mas, daí vem esse termo: “mandigar”, “mandingueiro”, a princípio é aquele que vivia rezando, que
vivia mandingando. E a mandinga e o mandingueiro, hoje, já considerado mais, é, de uma malícia, de
um jogo, de algo que a gente vê presente, por exemplo, na cultura da capoeira também o
mandingueiro. Aqui, não, o mandingueiro, ele é um escravo de cultura do Islã, mas que também é um
feiticeiro, eles eram considerados os mandingueiros, considerados grandes feiticeiros. Dentro do Islã, a
gente tem algo chamado “Sufismo” ou “Sufi” entre o Islã que é uma área mais mística que trabalha o
transe, que trabalha com magia, trabalha com símbolos e signos mágicos do Sufismo. Eu creio que esses
mandingas eles faziam um pouco disso também, eram muito respeitados. Então, essa é uma das
curiosidades.
Outra curiosidade é que no Candomblé Baiano, na cultura Nagô Yorubá não se trabalha com
espírito, como eu já disse, os espíritos são chamados de “Eguns”. Então, Egun é alguém indesejado
dentro de um Candomblé, é um espírito. Mas, nessa tradição existe uma religião ainda na cultura Nagô
Yorubá, existe uma religião específica só para trabalhar com Eguns, com os espíritos, é chamada de
“Egungum”. Aqui no Brasil, na ilha de Itaparica existe um ritual tradicional de Egungum que é uma
forma Nagô Yorubá Africana de trabalhar com os espíritos, tem toda uma estrutura. Eu recomendo
fazer uma pesquisa na internet sobre Egungum e dar uma olhada no que se vê sobre Egungum. É um
ritual no qual, o Egun aparece vestido com uma roupa enorme, muitas vezes tem uma pessoa
incorporada do Egun e vestida com essa roupa que parece uma caixa. Mas, há alguns rituais de Egungum
TEOLOGIA DE UMBANDA
Desenvolvido e Ministrado por Alexandre Cumino