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TEOLOGIA DE UMBANDA

Desenvolvido e Ministrado por Alexandre Cumino

Aula Digitada 02 Parte 03


Obs.: este documento é a transcrição fiel do discurso das vídeo-aulas, portanto poderá conter erros gramaticais
mantendo a originalidade da origem.

Então, existe ainda algumas curiosidades sobre a cultura afro-brasileira porque, embora, a gente
fala que chegaram no Brasil escravos da cultura Nagô, chegaram escravos da cultura Jeje, chegaram
escravos da cultura Angola, cada um falava uma língua, tinha uma religiosidade diferente, também
chegaram, por exemplo, também chegaram no Brasil escravos Mulçumanos e eles costumavam se
separar de todas as outras culturas. Os Mulçumanos, eles eram muito, é, eles tinham, eles gozavam da
preferência dos senhores feudais, dos senhores de fazenda, esses escravos, os Mulçumanos, eles eram
muito chamados para trabalhar como “Capitão do Mato”, aquele escravo que tomava conta dos outros
escravos porque eles não se misturavam com ninguém. E esses Mulçumanos sabiam ler, sabiam escrever
e eram excelentes matemáticos porque a cultura Mulçumana também lhes deu isso, o hábito da leitura
do Corão, o hábito de rezar todos os dias. E eles eram chamados de “mulçumins”, eram chamados de
“raulças” ou eram chamados de “mandinga”, e, mandinga porque aquele ato que ele estava, que ele
tinha de rezar, o Mulçumano reza cinco vezes por dia voltado pra Meca, então, o escravo Mulçumano,
esse mandinga, ele rezava cinco vezes por dia e ele costumava carregar no pescoço um texto do Corão
ou do Alcorão e ali naquele texto, geralmente, por uma influência da sua outra cultura Africana, era
comum eles colocarem também alguma folha, alguma erva de Axé junto com texto do Corão, de um
pequeno texto do Corão pendurado no pescoço e isso era chamado de “Patuá”. Então, mandinga é o
nome de um escravo Africano Mulçumano que carregava um patuá no pescoço, ele geralmente era um
“Capitão do Mato”. Se outro negro escravo quisesse fugir, provavelmente, ele iria se deparar com um
mandinga no meio do caminho, então, ele recebia um conselho porque uma das maneiras era um
escravo tentar se disfarçar de mandinga, pra ao encontrar um mandinga, ele ser respeitado e não ser
parado em uma fronteira de fazenda, ou de terra, de território. Então, quando alguém queira fugir de
uma fazenda, quando um escravo queria fugir para um Quilombo, por exemplo, o conselho que se dava
a ele era: “Meu filho, se você não pode com mandiga, não carrega o patuá” porque carregar o patuá
seria ele fingir que é um mandiga também. E daí nasce essa frase que é uma curiosidade e hoje tem um
outro sentido né, “quem não tem competência, não se estabelece” é ao sentido que se dá a essa frase.
Mas, daí vem esse termo: “mandigar”, “mandingueiro”, a princípio é aquele que vivia rezando, que
vivia mandingando. E a mandinga e o mandingueiro, hoje, já considerado mais, é, de uma malícia, de
um jogo, de algo que a gente vê presente, por exemplo, na cultura da capoeira também o
mandingueiro. Aqui, não, o mandingueiro, ele é um escravo de cultura do Islã, mas que também é um
feiticeiro, eles eram considerados os mandingueiros, considerados grandes feiticeiros. Dentro do Islã, a
gente tem algo chamado “Sufismo” ou “Sufi” entre o Islã que é uma área mais mística que trabalha o
transe, que trabalha com magia, trabalha com símbolos e signos mágicos do Sufismo. Eu creio que esses
mandingas eles faziam um pouco disso também, eram muito respeitados. Então, essa é uma das
curiosidades.
Outra curiosidade é que no Candomblé Baiano, na cultura Nagô Yorubá não se trabalha com
espírito, como eu já disse, os espíritos são chamados de “Eguns”. Então, Egun é alguém indesejado
dentro de um Candomblé, é um espírito. Mas, nessa tradição existe uma religião ainda na cultura Nagô
Yorubá, existe uma religião específica só para trabalhar com Eguns, com os espíritos, é chamada de
“Egungum”. Aqui no Brasil, na ilha de Itaparica existe um ritual tradicional de Egungum que é uma
forma Nagô Yorubá Africana de trabalhar com os espíritos, tem toda uma estrutura. Eu recomendo
fazer uma pesquisa na internet sobre Egungum e dar uma olhada no que se vê sobre Egungum. É um
ritual no qual, o Egun aparece vestido com uma roupa enorme, muitas vezes tem uma pessoa
incorporada do Egun e vestida com essa roupa que parece uma caixa. Mas, há alguns rituais de Egungum
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aonde o espírito se materializa dentro da roupa. Há documentários, eu conheço pessoas, que já


assistiram o ritual de Egungum, aonde o Egun se materializa dentro da roupa, ele levanta a roupa do
chão, ela levanta sozinha e essa roupa dança a noite inteira enquanto as pessoas dançam em torno
dela, cantando músicas, evocando, chamando e no final do ritual esse Egun, que é só a roupa com
alguém materializado dentro sozinha, pula dentro de uma fogueira e ali a roupa queima e o ritual
termina. Então, é uma curiosidade dessa religiosidade Nagô Yorubá que é a mesma cultura do
Candomblé Baiano, mas que separa o Egun. No entanto, muitos Candomblés, hoje, abrem espaço para
Caboclo e Preto-Velho trabalhar, assim como muitos Terreiros de Umbanda abre espaço pra fazer
fundamento de Candomblé, é opção de cada um. No entanto, o Candomblé tradicional é um culto,
único e exclusivamente, é um culto de Orixá. Então, essas são algumas características que vão
diferenciar Umbanda de Candomblé.
Realmente, há quem pratica Umbanda com mais ou menos influência afro, quem pratica
Umbanda com mais ou menos influência Espírita, há quem pratica Umbanda com mais ou menos
influência indígena. Então, nós podemos praticar Umbanda com maior ou menos influência, dessa ou
daquela cultura, só temos que perceber que, quando isso vai além de uma simples influência pra uma
mistura de fundamentos de uma religião com mistura de fundamentos de outra religião. Então, você já
não tem nem Umbanda e nem Candomblé, você tem alguém que está praticando Umbandomblé. Então,
isso é importante dizer: para praticar Umbanda, eu não preciso de um fundamento de outra religião,
para praticar a outra religião, eu não preciso de um fundamento de Umbanda. Embora, todas sejam
livres pra praticar o que acham melhor, cada um faz na sua casa o que acha que deve, cada um segue a
sua cabeça, o seu coração, mas é importante que eu enquanto praticante saiba: “essa é minha prática
de Umbanda” ou “essa é minha prática de Candomblé” ou “essa é minha prática de Umbanda, mas eu
estou usando alguns fundamentos do Candomblé”, e saiba que, eu posso praticar Umbanda, única
exclusivamente, Umbanda, sem necessidade de fazer fundamento de Candomblé. Porque nós ouvimos
algumas pessoas dizerem que para ter mais força precisariam fazer cabeça no Candomblé ou fazer uma
firmeza ou um assentamento ou alguma coisa dentro da tradição de Candomblé para o seu Terreiro de
Umbanda ter mais força. Então, eu acho que isso é algo para se repensar. Quem tem força são nossas
entidades, quem tem poder é Deus e nossos Orixás, então, força e poder estão nos nossos Guias, em
Deus e nos nossos Orixás. Cada religião tem o seu fundamento, uma religião não é mais forte que a
outra, cada religião tem a sua maneira de lidar com as coisas. E a Umbanda tem uma maneira própria
para lidar com estas coisas.
Eu agradeço, a gente vai fechando por aqui esse bloco.
Que Oxalá nos abençoe. Muito obrigado.

DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD

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