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Universidade Federal Do Rio de Janeiro A
Universidade Federal Do Rio de Janeiro A
RIO DE JANEIRO
2016
APLICAÇÃO DE LAJES STEEL DECK
Rio de Janeiro
Setembro de 2016
i
APLICAÇÃO DE LAJES STEEL DECK EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS
ANDARES
Examinada por:
SETEMBRO de 2016
Guimarães, Stela Regina Magaldi
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Ana Magaldi e Ramiro Guimarães, por investirem tudo que puderam, sem
limites de esforço, na minha formação pessoal e profissional.
À minha família que me apoia em todos os momentos, sempre com muito amor e bom
humor, no ambiente mais feliz que se pode ter.
À minha orientadora, Elaine Garrido Vazquez, por sempre ter dado todo suporte e apoio
que solicitei durante a graduação, por todo seu esforço e dedicação investidos na
formação dos futuros engenheiros da UFRJ. E aos professores que participaram da minha
banca examinadora, Leandro Torres di Gregório e Eduardo Linhares Qualharini, por
terem dedicado seu tempo a contribuir para este trabalho.
Aos amigos da UFRJ, especialmente Bruno Polo, Dalvania Muniz, Daniel Chueke,
Eduardo Netto, Izabela Nascimento, Raquel Lucero, Plinio Marques, Thiago Veloso,
Victor Castanheira e Victor Lima, pela companhia, os estudos em grupo, os almoços que
davam uma renovada nas energias, as madrugadas nas vésperas de provas, os momentos
de desespero em conjunto, as risadas, pela parceria!
A Jean Bettega pelo apoio para manter as forças no final do curso, pela companhia,
mesmo que virtual, madrugadas a dentro e noites sem dormir, por ter me ajudado da
maneira que podia.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil
Setembro/2016
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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment
of the requirements for the degree of Engineer
September/2016
The construction industry is often criticized for delays, low productivity and high waste of
materials and workmanship. The construction works at the national level have become, in
recent years, increasingly bolder and with more challenging deadlines. This scenario
favored the investments in more productive and innovative technologies, highlighting the
use of composite structures.
This paper consists of the analysis of constructive methodology of composite slabs with
steel deck, and its comparison with conventional slabs of reinforced concrete.
To perform this analysis it were made searches on technical books, master's and doctoral
theses, technical manuals, and views of experts in the area.
It was concluded through this work, and the analysis of the applied case, a positive result
for the use of this methodology on multiple floors buildings in terms of meeting deadlines,
combined with the ease of implementation of the methodology.
Keywords: tradicional slabs, composite slabs, steel deck, multiple floor buildings
vi
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
vii
2.2.5. Montagem do steel deck ....................................................................................... 36
2.2.5.1. Forma ........................................................................................................... 37
2.2.5.2. Armação ....................................................................................................... 41
2.2.5.3. Concretagem................................................................................................. 43
2.2.6. Vantagens e desvantagens do sistema .................................................................. 44
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1. Introdução
As peças estruturais devem resistir aos esforços incidentes e transmiti-los aos demais
elementos portantes da construção, através dos vínculos formadores do sistema estrutural, e
conduzi-los ao solo.
O projeto não teve grande repercussão, mas chamou a atenção de Joseph Monier, que
vislumbrou a possibilidade de substituir os vasos de plantas ornamentais que até então
produzia em madeira ou cerâmica, iniciou a produção de vários artefatos e estruturas de
concreto armado, registrando várias patentes de cimento armados com ferro: de vasos de
cimento para horticultura e jardinagem (1867), de tubos e tanques (1868), de painéis
decorativos para fachadas de edifícios (1869), de reservatórios de água (1872), de construção
de pontes e passarelas (1873 e 1875) e de vigas de concreto armado (1878). A primeira ponte
de concreto armado, existente até a atualidade, foi construída por Monier em 1875, no castelo
Chazelet (Goretti, 2013).
Em 1902 foi erguido, com 64 metros, o primeiro prédio comercial de grande altura, o
Ingalls Building (figura 1), Ohio, Estados Unidos (Goretti, 2013). Inicialmente houve muita
polêmica envolvendo comentários de que o edifício poderia não resistir às ações do vento e à
retração do concreto, mas o material ganhou confiabilidade e hoje é o material construtivo
mais utilizado no mundo (IBRACON, 2009).
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A princípio, o emprego do ferro na Construção Civil esteve restrito a pontes, sendo a
Ponte Ironbridge sobre o Rio Severn em Coalbrookdale na Inglaterra, a primeira obra
importante. Projetada por Abraham Darby, em 1779, foi executada com arcos de ferro
fundido, vencendo um vão de 30m (FREIRE, 2016).
Inicialmente, as pontes metálicas eram construídas com ferro fundido, depois com aço
forjado e posteriormente com aço laminado. A primeira ponte construída em aço foi a Ponte
de Eads, em 1875, nos Estados Unidos, sobre o Rio Mississipi e contendo um vão central de
158m (CEAM-UFMG, 2016).
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Figura 3: Home Insurance Building, Chicago, Estados Unidos
Fonte: en.wikipedia.org, 2016
Muitas construções verticais arrojadas mundialmente conhecidas foram concebidas
através de estrutura metálica, como a Torre Eiffel (1889) em Paris com 312m de altura, o
Empire State Building (1931) em Nova York com 381m de altura e Sears Towers (1974) em
Chicago com 443m de altura (CEAM-UFMG, 2016).
Vale ainda ressaltar que a ponte Presidente Costa e Silva, também conhecida como
Ponte Rio-Niterói, concluída em 1974, que foi recorde como detentora do maior vão em viga
reta de alma cheia do mundo, foi construída com tabuleiros de concreto de 50m, exceto nos
vãos centrais de 200m e 300m, que são em estrutura metálica.
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No Brasil, as construções em estruturas metálicas são mais recentes, o aço começou a
ser utilizado no final do século XIX e início do século XX.
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A preparação para receber grandes eventos como os Jogos Pan-Americanos de 2007, a
Jornada Mundial da Juventude de 2013, a Copa do Mundo da FIFA de 2014 e os Jogos
Olímpicos - Rio 2016, demandando obras maiores, a serem executadas com maior rapidez e
melhor qualidade, levando a construção civil a tomar um novo ritmo de crescimento,
acarretando em grandes alterações qualitativas.
1.2. Objetivo
Neste trabalho será explorado o sistema construtivo de lajes em estrutura metálica mista
com forma colaborante, abordando conceitos básicos, elementos estruturais e a metodologia
de execução. Será dada ênfase na metodologia de execução de pavimentos em lajes mistas
com steel deck.
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1.3. Justificativa
Além dos fatores citados, é importante destacar que por oferecer maior liberdade ao
projeto arquitetônico, devido à elementos estruturais mais esbeltos, a estrutura metálica mista
favorece o aumento da área útil chegando a um melhor aproveitamento do espaço interno,
este tão solicitado nas construções contemporâneas.
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1.4. Metodologia da pesquisa
Este trabalho foi desenvolvido sob a supervisão da orientadora acadêmica, baseado nas
pesquisas à bibliografia e através do acompanhamento da execução da estrutura metálica
mista do empreendimento analisado no estudo de caso.
A metodologia será ilustrada através da obra do hotel Holiday Inn Porto Maravilha, na
região portuária do Rio de Janeiro. A obra é de incorporação e construção da construtora
Odebrecht Realizações Imobiliárias, e será detalhada no capítulo 3 deste trabalho, como
exemplo de aplicação do método construtivo. A obra do Holiday Inn foi acompanhada
diariamente durante 14 meses pela autora deste trabalho, com observação participante, tendo
feito parte da equipe de produção do empreendimento, acompanhando toda a execução da
estrutura em campo. Para a compilação dos dados foram utilizadas imagens do arquivo
pessoal da autora e projetos da obra, bem como informações fornecidas por outros
profissionais da área que atuaram neste empreendimento.
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No segundo capítulo, serão exploradas duas alternativas de metodologia construtiva de
lajes: estrutura convencional em concreto armado e lajes com forma colaborante steel deck.
Para realizar esta comparação serão analisadas as partes constituintes do sistema, suas funções
dentro deste, e interação entre estas. Além destas serão analisadas as sequencias de montagem
dos sistemas estruturais, com os cuidados que devem ser tomados em suas etapas individuais,
além de uma apresentação das vantagens e desvantagens de cada metodologia.
No quinto capítulo serão feitas as considerações finais da autora sobre a análise prática
do empreendimento estudado e sugestões para trabalhos futuros nesta área.
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2. Metodologias de execução de lajes em estruturas metálicas mistas
Nos edifícios usuais, os elementos estruturais que compõem o sistema estrutural global
podem ser divididos didaticamente em lajes, vigas e pilares ou a união destes elementos que
devem ter resistência mecânica, estabilidade, rigidez, resistência à fissuração e a
deslocamentos excessivos para poderem contribuir de modo efetivo na resistência global do
edifício. Se forem necessários, para melhorar a resistência às ações do vento, podem ser
dispostos painéis verticais constituídos por pilares paredes ou elementos de contraventamento
vertical como as diagonais (Vasconcellos, 2006).
As vigas são elementos responsáveis por suportar os esforços oriundos das cargas
aplicadas nas lajes, submetidos predominantemente à flexão. Estas são classificadas de duas
formas em geral: vigas secundárias, que transmitem os esforços a outras vigas, e vigas
principais, que transmitem os esforços aos pilares.
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Entretanto, no caso de edifícios de múltiplos pavimentos, os esforços não se limitam aos
supracitados. É importante considerar a ação de solicitações laterais, advindas principalmente
dos ventos, que geram deformações que podem implicar em tombamento da edificação. Os
elementos citados anteriormente ficam então submetidos a uma combinação dos
carregamentos que geram esforços solicitantes, levanto a necessidade do contraventamento da
estrutura.
Este trabalho discorre por dois dos métodos estruturais utilizados no cenário atual, com
enfoque na metodologia de execução das lajes: estrutura convencional em concreto armado
moldado in loco e estrutura metálica mista com laje colaborante em steel deck, realçando os
aspectos principais e distinguindo-os através de suas vantagens e desvantagens.
2.1.1. Histórico
Como dito no item 1.1 deste trabalho, a utilização de estruturas em concreto armado é
predominante no Brasil. A combinação de aço e o concreto é bastante eficiente pois possuem
valor de coeficiente de dilatação térmica próximos, possibilitando que estes materiais
trabalhem juntos, além de se completarem um ao outro em suas propriedades de resistência
mecânica. A união da elevada resistência à compressão do concreto e a elevada resistência à
tração do aço, constitui uma forte vantagem construtiva, permitindo vencer grandes vãos e
atingir elevadas alturas com este modelo estrutural.
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No país, o uso do concreto armado se desenvolveu no início do século XX, com
destaque para o edifício "A Noite", inaugurado em 1929, no Rio de Janeiro, ele se manteve
com o título de prédio em concreto armado mais alto do mundo por muitos anos, com 22
andares, correspondendo a 102 metros de altura.
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A ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, estabelece para estruturas em
concreto armado também as seguintes normas técnicas:
NBR 8953:2015 Concreto para fins estruturais - Classificação por grupos de resistência
– Classificação
NBR 12655:2015 Concreto de cimento Portland - Preparo, Controle e Recebimento
Lajes maciças são formadas a partir de barras de aço, que constituem a armadura, e
concreto. Este sistema consiste basicamente de formas e escoras que sustentam a estrutura de
concreto armado durante o processo de cura. Para montagem deste sistema dispõe-se dos
elementos a seguir:
2.1.3.1. Forma
As formas são estruturas provisórias responsáveis por dar forma e sustentação aos
elementos de concreto até que estes estejam curados.
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Formas de madeira ainda são as mais utilizadas no Brasil, sendo feitas de uma matéria
prima de fácil acesso e baixo custo, e utilizando mão de obra geralmente encontrada e
treinada com facilidade. Os equipamentos para produção destas formas possuem baixo custo
de aquisição e são facilmente encontrados no mercado brasileiro.
Escoras de madeira são estruturados por peças do tipo pontalete, que são colocados na
vertical para sustentar os painéis de laje. As peças são vendidas em medidas comerciais e
cortadas e adaptadas no canteiro de obras.
guia
longarina Painel da
laje
garfo
gravata tensor
cunha
escora Mão-francesa
prumo
tirante
Sarrafo
nivelamento
cunha
gastalho
Fonte: Madeirit
Figura 7: Esquema de escoramento e formas de madeira
Fonte: Madeirit, 2016
Formas metálicas possuem custo de aquisição mais elevado, exigindo maior
investimento, porém possuem maior durabilidade, podendo ser reaproveitadas mais vezes que
as formas de madeira. Este tipo de forma oferece facilidades na hora da montagem como
encaixes entre as peças facilitando o travamento para a concretagem. Também podem possuir
vibradores acoplados facilitando o momento da concretagem.
Escoras metálicas são recebidas no canteiro de obra prontas para uso, nas medidas
solicitadas ao fornecedor, que, além do material, fornece um projeto de formas especiais
adaptado às restrições da obra. Este sistema reduz o desperdício de materiais, se comparado
ao sistema de madeira, e o tempo de instalação (montagem e desmontagem).
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Figura 8: Esquema de escoramento e formas metálicas
Fonte: Madeirit, 2016
Formas mistas são geralmente compostas de painéis de madeira, com travamentos e
escoramentos metálicos. Possuem boa durabilidade, principalemente dos travamentos e
contenções, que geralmente são a fração metálica deste sistema, trocando apenas os painéis de
madeira constituintes.
2.1.3.2. Armadura
No caso do concreto armado, esta mistura plástica envolve as armaduras que ficam,
após o endurecimento, aderidas e protegidas pelo concreto tendo em vista o seu
“funcionamento” dentro do conjunto da estrutura mas também em relação ao ar e agentes
agressivos da atmosfera, especialmente contra a corrosão (NETO, 2007).
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A armadura é a parcela da laje responsável por resistir aos esforços de tração. Esta deve
ser posicionada no interior da forma e ponteadas (amarração) com arame recozido de acordo
com o projeto de armação.
2.1.3.3. Concreto
O concreto é o elemento responsável pela formação da peça estrutural, desta forma, uma
série de controles é necessário, tais como: controle do traço do concreto, recobrimento da
armadura, trabalhabilidade e resistência.
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A proporção entre todos os materiais que fazem parte do concreto é também conhecida
como dosagem ou traço. A NBR 12655:2015 fixa as condições exigíveis para o preparo,
controle e recebimento do concreto destinado à execução de estruturas de concreto simples,
armado ou protendido.
A Figura 10, a seguir, mostra a esquematização da laje com o software Sketch Up. Nela
é possível verificar a armadura das vigas de bordo e a sobreposição das armaduras inferior e
superior separadas por espaçador tipo "carangueijo", estes elementos são unidos pelo concreto
lançado e adensado formando sistema único.
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2.1.4. Metodologia Construtiva
2.1.4.1. Forma
Parte-se da marcação das formas, que são responsáveis pelo formato das peças
estruturais e elaboradas de acordo com o projeto fornecido pelo projetista de estruturas. As
formas devem ser dimensionadas para resistir aos esforços incidentes provenientes da
concretagem das peças, e para serem estanques, não permitindo a passagem da nata do
concreto. Para a concretagem, as formas devem estar perfeitamente aprumadas, niveladas e
travadas.
Para execução das formas de cada parte da estrutura, devemos respeitar algumas etapas
a fim de garantir a estabilidade dimensional destes elementos. As formas de lajes são
executadas de acordo as etapas descritas a seguir (adaptado de Correa, 2011):
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(a) (b)
Figura 11: (a) Posicionamento do escoramento para forma de lajes;
Distribuição das longarinas
Fonte: Correa, 2011
Para formação do assoalho, os painéis são colocados lado a lado e pregados nas
longarinas. Deve haver o cuidado para não se deixar espaço entre os painéis a fim de não
haver perda de material durante a concretagem. Deve-se realizar aplicação de desmoldante às
formas para ampliar a vida útil dos painéis.
(a) (b)
Figura 12: (a) fixação dos painéis de assoalho nas longarinas; (b) painéis de assoalho
já fixados nas longarinas vistas do pavimento inferior
Fonte: Correa, 2011
Devem ser posicionadas as intalações, bem como fazer a fixação de caixas de passagem
e dutos, que ficarão embutidos na laje e por onde passará a fiação elétrica.
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Também deve-se atentar à previsão de passagem de tubulação hidrossanitária e
posicionamento de shafts e caixas de inspeção. No caso ilustrado pela figura a seguir foram
utilizados blocos de EPS, removidos posteriormente para instalação de ralos sifonados e
caixas de gordura.
2.1.4.2. Armação
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Figura 14: Instalações hidráulicas e elétricas, e armaduras já posicionadas
Fonte: Correa, 2011
Quando do nivelamento das formas de laje, este é feito com teodolito à laser quando
todos os painéis da forma da laje estiverem concluídos. Este nivelamento deve ser realizado a
fim de garantir que todo o pé direito do pavimento inferior estipulado em projeto seja
garantido e também que a contra-flecha da laje seja a prevista no cálculo estrutural.
(a) (b)
Figura 15: (a) Molhagem de formas em substituição ao uso de desmoldante; (b) Forma
pronta para a concretagem
Fonte: Correa, 2011
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2.1.4.3. Concreto
O concreto para peças estruturais pode ser misturado na obra ou usinado, tomando-se o
devido cuidado para que não haja desagregação dos componentes ou perda sensível de água
ou nata.
Não é raro observar em obras, ocasiões em que caminhões betoneira inteiros são
descartados por não haver o lançamento do concreto no tempo adequado, as vezes ocasionado
pelo tráfego da usina até a obra, ou, às vezes por falhas da construtora durante o processo de
concretagem.
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Quadro 2: Recomendações da ABNT NBR 14931:2004 para lançamento de concreto em
estruturas
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Após o lançamento deve ser feito o adensamento do concreto, retirando o ar
incorporado à mistura durante as fases de transporte e lançamento. O adensamento é
promovido por meio de equipamentos de vibração como vibradores de ponta (imersão em
concreto, utilizado em geral) e régua vibratória (passagem sobre a superfície, geralmente
utilizada em lajes), conforme mostrado na figura 16 a seguir.
Finalizada a concretagem, deve-se fazer a cura do concreto. Bauer (2001) define a cura
do concreto como o conjunto de medidas que têm por objetivo evitar a evaporação da água
utilizada na mistura do concreto, que deverá reagir com a mistura através da hidratação.
O início de pega do concreto significa que o cimento começou a reagir com a água em
uma reação exotérmica, que libera calor, com aumento de temperatura. Se estiver com pouca
água a reação vai liberar muito calor e terá retração rápida, surgindo fissuras ou trincas. Por
isso, que as superfícies concretadas devem ser mantidas imersas em água, úmidas, molhadas.
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Figura 17: Procedimento de cura da laje
Fonte: pedreirao.com.br
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O conceito de ciclo em obras verticais provém da repetitividade das atividades em cada
pavimento, que cria bom potencial para a prática de um planejamento sistematizado,
analisando cada pavimento como um projeto separado com atividades de início e fim bem
definidos. Desta forma, o ciclo de laje fica definido como o período compreendido entre a
primeira atividade para montar a laje até a última atividade para finalizá-la.
Conforme exposto anteriormente, lajes maciças necessitam de formas, que por não
serem incorporadas nesta metodologia geram uma etapa extra pós concretagem (desforma), e
escoramentos, que ainda devem permanecer até que o concreto atinja a resistência de projeto,
aumentando o tempo necessário para concluir o ciclo de laje. A necessidade de manter o
escoramento da laje pós concretagem não intefere apenas no pavimento concretado, visto que
o escoramento permanece no pavimento imediatamente abaixo, impedindo a execução de
serviços posteriores neste, por exemplo contrapiso e alvenaria.
A necessidade de montar formas leva a um alto consumo de madeira, que após ser
reutilizada relativamente poucas vezes - se comparadas a formas metálicas - devem ser
descartadas, gerando resíduos. Este serviço é bastante significativo no orçamento da obra,
variando de 30% a 60% do custo das estruturas de concreto armado, FREIRE (2001). Além
do peso no orçamento, deve-se considerar o apelo sustentável necessário à construção civil,
tão mal vista por seus elevados índices de desperdício e geração de resíduos.
A mão de obra para este sistema estrutural, apesar de facilmente encontrada, deve ser
empregada em elevada quantidade e em variadas funções, sendo necessários, carpinteiros,
armadores, pedreiros e seus ajudantes para os serviços descritos. Esta metodologia demanda
uma complexa estrutura para o canteiro de obras, incluindo centrais de madeira e aço, além de
uma grande área para estocagem destes materiais.
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Segundo Lima (2009), as lajes maciças não são viáveis economicamente para vãos
acima de 6 metros onde a espessura da mesma se torna elevada, aumentando-se muito o
volume de concreto, sendo a estrutura metálica mais econômica para vãos a partir desta
medida.
Considerando estes vãos médios econômicos, o projeto pode contar com uma
quantidade grande de vigas, deixando a forma do pavimento muito recortada e diminuindo a
produtividade da construção.
2.2.1. Histórico
A laje mista é resultado do trabalho conjunto entre uma forma de aço perfilada e o
concreto armado sobre a mesma, a solidariedade entre os dois materiais pode ser mecânica, a
partir da utilização de conectores de cisalhamento, mossas, saliências, ou por atrito gerado
pelo confinamento do concreto em formas reentrantes.
O conceito de laje mista ou de laje com forma colaborante, surgiu na década de 1950
nos Estados Unidos e passou a ser largamente empregado desde então, notadamente em
edificações metálicas de múltiplos andares, BARROS (2014).
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2.2.2. Normas técnicas
De acordo com o CBCA, o steel deck ainda não possui normas técnicas nacionais. Mas
há vários textos normativos que servem de referência aos projetistas. Entre eles, a NBR 6118
(Projeto de Estrutura de Concreto - Procedimento), a NBR 8800 (Projeto de Estruturas de Aço
e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios), a NBR 10735 (Chapas de Aço de Alta
Resistência Mecânica Zincadas) e a NBR 14323 (Dimensionamento de Estruturas de Aço de
Edifícios em Situação de Incêndio - Procedimentos). Outras normas internacionais, como as
da ASTM (American Society for Testing and Materials), também podem servir de referência
aos profissionais.
NBR 8681:2003
Ações e segurança nas estruturas - Procedimento
NBR 8800:2008
Projeto e execução de estruturas de aço em edifícios
NBR Dimensionamento de estruturas de aço em situação de incêndio -
14323:1999 Procedimento
NBR Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos -
14432:2000 Procedimento
NBR Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados
14762:2010 a frio
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Vale ressaltar que para a complementação das normas brasileiras, também são
utilizados os Eurocodes, padrões europeus especificando como devem ser conduzidos os
projetos estruturais. Na língua portuguesa, em Portugal, estes são tratados como Eurocódigos.
O Eurocódigo regulamentador de estruturas metálicas mistas é o Eurocódigo 4 (EN 1994) -
Projecto de Estruturas mistas aço-betão.
De acordo com o artigo "Lajes e Pisos para Estrutura Metálica" do Portal Metálica
Construção Civil, estruturas metálicas podem ser utilizadas em associação com diversos tipos
de laje, estas são expostas no quadro 5 a seguir:
Quadro 5: tipos de laje que podem ser utilizados em construções em aço (adaptado de Portal
Metálica Construção Civil)
Lajes em steel deck se enquadram no último item descrito acima. O sistema dá suporte
ao concreto, dispensando parcial ou totalmente a necessidade de escoramentos para a laje,
gerando maior agilidade na execução das mesmas, além de reduzir custos com o aluguel de
escoramentos e mão de obra, não necessitando do intenso emprego deste recurso como em
estruturas convencionais de concreto armado. A figura 18 a seguir esquematiza os
componentes deste elemento estrutural.
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Figura 18: Laje em steel deck
Fonte: detallesconstrutivos.net, 2016
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2.2.3.1. Forma - Steel Deck
O ideal é que o uso do steel deck seja previsto ainda no projeto, já que nessa fase é
possível dimensionar os vãos, espessuras das chapas e o concreto a ser utilizado de acordo
com as sobrecargas exigidas. O projeto executivo deve indicar claramente o posicionamento
das chapas, armaduras complementares e reforços, escoramentos (quando necessário) e
quaisquer condições especiais a serem observadas durante a execução da laje, obedecendo ao
descrito na NBR 14323/2013 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto.
2.2.3.2. Armadura
Pórticos estruturais sustentados por mais de dois pilares possuem em suas vigas, além
do momento positivo gerado pelas cargas permanentes e variáveis da edificação, momentos
negativos sobre os apoios, conforme a figura 21 a seguir:
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Figura 22: Detalhe do projeto de armação para laje steel deck
Fonte: Projeto elaborado por Codeme Construções em Aço e Bedê Engenharia de
Estruturas para Odebrecht Realizações Imobiliárias, 2014
Além das armaduras positiva e negativa e do reforço no interior da nervura, é aplicada a
malha de retração, consistindo de tela soldada com bitola reduzida, a ser aplicada em toda a
laje para evitar a fissuração, conforme apontado na figura 23:
De acordo com Cichinelli (2014), embora não haja limitação de uso, o steel deck é
frequentemente associado a obras executadas em estrutura metálica, sistema que proporciona
boa interface e permite reduzir prazos de execução.
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2.2.4.1. Transporte
O transporte vertical das folhas de steel deck é feito em "amarrados" por meio de gruas
ou guindastes e depositadas no pavimento de aplicação. Já o transporte horizontal é feito folha
a folha manualmente, a unidade de steel deck em média possui 60 kg sendo facilmente
transportado por dois ou três homens. Cichinelli (2014) destaca que em algumas situações em
que há necessidade de apoio no meio forma, pode ser necessário até seis homens para
manuseá-las.
2.2.4.2. Alinhamento
Segundo Cichinelli (2014), o nivelamento da mesa superior da viga de aço deve ser
verificado antes do início da montagem, garantindo um perfeito contato entre a forma e a
viga. Ferrugens, rebarbas, respingos de solda, de óleos em geral e de pintura, além da
umidade nas proximidades da região de soldagem, devem ser completamente removidos.
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Vasconcellos (2006) ressalta que após a conclusão da montagem das vigas de aço da
estrutura, pode-se prosseguir com a instalação dos painéis das formas de aço e de seus
acessórios atendendo as seguintes recomendações:
Uma vez montado o esqueleto da estrutura (pilares e vigas) posiciona-se o steel deck
sobre o pavimento. As folhas de steel deck são içadas empilhadas e amarradas, depositadas no
pavimento por meio da utilização de gruas ou guindastes, e espalhadas manualmente por
montadores com facilidade devido à sua leveza estrutural.
O espalhamento das folhas de steel deck deve ser feito de acordo com o projeto de
paginação fornecido pelo projetista, que inclui o correto posicionamento das formas e todos
os detalhes construtivos da montagem das peças e arremates, bem como a indicação da
necessidade, ou não, de escoramentos.
De acordo com Saúde et al. (2006), para que a seção possa funcionar como uma
estrutura mista, o conjunto aço-concreto tem de apresentar uma boa conexão entre si. Para tal,
é necessário que as chapas apresentem um perfil particular, quanto à forma das nervuras e das
reentrâncias na sua superfície, de modo a existir uma certa adesão entre o concreto e as
chapas, acompanhado por mecanismos de conexão, aplicados na laje, de modo a garantir que
a seção tenha capacidade resistente à tensão longitudinal de cisalhamento solicitada na
interface entre a chapa e o concreto.
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2.2.5.1. Forma
A montagem das chapas realiza-se a partir de um dos cantos dos edifícios, criando os
montadores a sua própria plataforma de trabalho com as primeiras chapas montadas. Uma vez
colocadas na posição definitiva, devem ser fixadas antes de continuar a colocação das
seguintes, a fim de evitar, por motivos de segurança, a existência de chapas soltas (Saúde et
al, 2006). A figura 25(a) a seguir ilustra o momento em que o steel deck é posicionado no
pavimento de aplicação, após o içamento, e a figura 25(b) ilustra o posicionamento das
primeiras folhas de steel deck.
(a) (b)
Figura 25: (a) Posicionamento do steel deck após o içamento no pavimento de
instalação; (b) Espalhamento das folhas de steel deck
Fonte: Globalfloor, 2006
No momento da execução, alguns recortes e ajustes nos cantos e no contorno dos pilares
podem ser exigidos a fim de adaptar a laje à geometria da edificação. A figura 26 (b) a seguir
ilustra esta situação.
Uma vez que estes ajustes são finalizados, os painéis devem ser fixados sobre o
vigamento. As folhas de steel deck são fixadas às vigas por meio de pontos de solda bujão ou
solda tampão, podendo ainda ser utilizados pinos metálicos fixados por pistola a gás para
estruturas de concreto, este ilustrado na figura 26 (a) em duas possíveis situações, ficando a
ligação entre estes elementos conforme ilustrado na figura 26 (c) em duas situações.
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(a) (b)
(c)
Figura 26: (a) Fixação das folhas de steel deck;
(b) Recortes ao redor dos pilares;
(c) Detalhes de fixação do steel deck à viga por pinos
Fonte: (a) e (b) Globalfloor, 2006; (c) Detallesconstrutivos.com, 2016
38
Figura 27: Arremates de laje
Fonte: Revista Téchne
Em seguida, são fixados por eletrofusão no flange superior da viga, através do steel
deck, os stud bolts, conectores de cisalhamento mencionados anteriormente neste trabalho.
Estes elementos são responsáveis pelo comportamento de viga mista, solidarizado da laje com
a estrutura metálica.
A figura 28 a seguir retrata o momento da fixação dos stud bolts por eletrofusão.
39
Figura 28: Instalação de stud bolts
Fonte: divulgação Shopping Frei Caneca
Esses elementos fazem a ligação entre as vigas metálicas e a laje de concreto,
absorvendo os esforços de cisalhamento longitudinais, além de impedir o afastamento entre a
laje e a viga. Devem ser fixados após a montagem da forma de aço, sempre atentando para
evitar a presença de umidade nas soldagens do conector, destaca Cichinelli (2014).
Este conector realiza a ligação entre a viga metálica e a laje de concreto, resultando em
uma viga mista. Vasconcellos (2006) aponta que uma das vantagens da utilização de vigas
mistas em sistemas de pisos é o acréscimo de resistência e de rigidez propiciados pela
associação dos elementos de aço e de concreto, o que possibilita a redução da altura dos
elementos estruturais, resultando em economia de material. Além da economia de material,
que gera uma redução no custo, as peças mais esbeltas deste sistema estrutural conferem
maior liberdade arquitetônica ao projeto, liberando mais espaço interno, este segundo tão
demandado na atualidade, especialmente em edificações de pavimentos múltiplos.
Aberturas na laje podem ser feitas após a concretagem, porém o sistema mais
aconselhado é a instalação de formas de madeira na parte interior da abertura ou então utilizar
blocos de poliestireno com a forma da chapa perfilada. A chapa perfilada só deve ser cortada
após a laje mista ter adquirido a resistência suficiente. Este sistema tem a vantagem da chapa
suportar cargas durante a concretagem sem que seja usado escoramento vertical até
determinado vão. Os cortes da chapa devem ser reparados e protegidos com pintura de zinco
de modo que não ocorra corrosão da chapa (Saúde et al, 2006). Vale ressaltar que a
necessidade de execução de aberturas na laje demandam armadura adicional na periferia
destas.
40
A união das chapas de steel deck deve ser estanque, para que não passe nata de
concreto, esta pode ser feita através de fita adesiva, conforme mostra a figura 29 a seguir:
2.2.5.2. Armação
41
Figura 31: Espaçador DL
Fonte: Fameth Sistemas Metálicos para Concreto, 2016
Nesta etapa de armação da laje, deve ser preparada também a ancoragem da laje à
estrutura de concreto. Delatorre et al (2016) ressaltou que o sistema estrutural com núcleo de
concreto é muito utilizado em edifícios que necessitem de escadas e/ou elevadores protegidos
contra incêndio, por normas de segurança. Este núcleo de concreto aumenta a rigidez do
edifício e auxilia na estabilidade das ações de cargas horizontais (exemplo ação do vento). A
figura 32 a seguir ilustra este sistema estrutural:
42
A ancoragem da laje mista à estrutura de concreto armado é feita através de barras de
aço, respeitando os comprimentos mínimos de ancoragem estabelecidos pela NBR 6118:2014,
em ambos elementos estruturais. Usualmente a barra ancorada à laje permanece reta, sendo
concretada junto com a laje, e a barra ancorada ao núcleo de concreto é dobrada dentro da
parede do núcleo de concreto armado, para cumprir o comprimento de ancoragem
determinado pela norma supracitada.
2.2.5.3. Concretagem
43
O procedimento executivo para concretagem de lajes em steel deck segue as mesmas
normas que para a concretagem da laje convencional. A figura 34, a seguir, ilustra a situação
final da laje, pós concretagem e com contrapiso.
Lajes mistas são ideais para edifícios altos em estrutura de aço, pela rapidez de
execução e a simplicidade do sistema. Este, que possibilita a execução de pavimentos
simultaneamente, por não necessitar de escoramentos, abordagem que o sistema em concreto
armado não permite.
Um ponto ambíguo nesta análise é a mão de obra. A mão de obra para esta metodologia
estrutural é empregada de forma menos intensiva que no concreto armado e com maior
qualificação. O emprego com mão de obra qualificada é um aspecto positivo em campo,
porém mais oneroso e sujeito a disponibilidade. Dependendo da localização da obra, será
necessário transferir a mão de obra para executar a mesma, o que pode elevar
significativamente o custo de construção do empreendimento.
Por outro lado, com uma equipe mais enxuta há a redução de encargos trabalhistas e
menor risco de processos desta natureza, e indiretamente, pode haver redução na equipe de
supervisão do trabalho da mão de obra direta.
A Revista Téchne levantou em 2014 as vantagens da utilização do sistema em steel
deck, que será apresentado no quadro 7 a seguir.
44
Quadro 7: adaptado da Revista Téchne, Editora Pini (Edição 211, 2014)
45
3. Aplicação prática
O caso estudado para este trabalho foi a obra para construção do hotel Holiday Inn
Porto Maravilha da construtora Odebrecht Realizações Imobiliárias, na região portuária da
cidade do Rio de Janeiro.
O empreendimento foi concebido visando prazo olímpico, desta forma, a obra que
começou em janeiro de 2014 deveria obter o Habite-se em dezembro de 2015, e seria entregue
ao cliente em março de 2016.
O hotel Holiday Inn Porto Maravilha foi construído em torre única de 33 pavimentos
sobre terreno de aproximadamente 4.823m², com ATC (área total construída) de 35.586m² e
área privativa de 14.755m² totalizando 594 unidades.
46
3.1.2. Particularidades do projeto
Para honrar os prazos, a construtora optou por uma série de tecnologias inovadoras no
cenário nacional da construção civil, a começar pela adoção da estrutura metálica mista com
lajes em steel deck. Esta metodologia construtiva foi escolhida pela construtora
principalmente devido ao ganho de produtividade no prazo de execução da estrutura, pela
possibilidade de execução de pavimentos simultâneos, e pela liberação antecipada dos
pavimentos para os demais serviços. As vantagens atribuídas por este método, compensaram
o elevado custo inicial, ponto onde geralmente são inviabilizadas construções em estruturas
metálicas. No estudo de viabilidade deste empreendimento, a análise aprofundada de gastos
indiretos que seriam economizados pela utilização da estrutura metálica, compensaram
financeiramente a diferença entre os custos em estrutura metálica e em concreto armado.
47
Os pilares foram içados e posicionados sobre o gabarito, conferidos o alinhamento e o
prumo, foi feito o aperto dos chumbadores, ficando conforme ilustrado na figura 36 a seguir:
(a) (b)
Figura 36: (a) posicionamento de pilar metálico misto; (b) engaste do pilar sobre a
fundação alinhado pelos chumbadores
Fonte: Autora, 2014
Para os demais pavimentos, a fixação dos pilares foi feita diretamente sobre encaixe nos
pilares anteriores.
48
(a) (b)
Figura 37: (a) Ligação viga-pilar sobre pilar engastado na fundação; (b) vigamento
dos pavimentos pronto para receber o steel deck
Fonte: Autora, 2014
Para o travamento definitivo da estrutura, foi necessário que fosse feito a concretagem
prévia dos pilares da periferia. Estes pilares são constituídos de tubo metálico sem costura,
nos quais foram inseridas as armaduras pré-montadas na central de armação, para posterior
preenchimento com concreto auto adensável de 40 MPa e sistema em tubo tremonha.
49
3.3. Montagem do steel deck
Em seguida, as formas eram espalhadas pela laje de acordo com o projeto de paginação
fornecido pelo projetista de estruturas metálicas, e fixados às vigas com pinos de aço através
de pistola a gás.
(a) (b)
Figura 39: (a) steel deck posicionado no pavimento de instalação; (b) início da fixação
das folhas de steel deck
Fonte: Autora, 2014
Ao finalizar a fixação das folhas de steel deck, iniciou-se a fixação e os testes dos stud
bolts. Devido à sua importante função estrutural, 100% dos stud bolts da obra foram testados
antes da liberação. Quando as lajes estavam fixadas e com os conectores instalados, foram
executados os arremates de laje, perfis complementares soldados às bordas das lajes
responsáveis pelo formato final destas.
Figura 41: Laje com steel deck pronto para receber armação
Fonte: Autora, 2014
A armação da laje se iniciou posicionando a armadura das nervuras com o espaçador de
disco, conforme a figura 42 a seguir. Quando estas estavam posicionadas, as telas soldadas
foram espalhadas, utilizando-se espaçador DL ou treliçado, com atenção aos comprimentos de
traspasse.
Figura 42: (a) laje com armadura na nervura e tela soldada com espaçador treliçado;
(b) tela soldada com espaçador DL
Fonte: Autora, 2014
51
As armaduras de reforço para momento negativo eram posicionadas antes de espalhar as
telas soldadas, porém só eram fixadas quando as telas já estavam posicionadas. Pois as telas
eram fundamentais para o correto posicionamento destas armaduras sem correr o risco das
armaduras correrem durante a concretagem. A figura 43 a seguir mostra as armaduras
posicionadas presas à tela soldada.
52
Conforme procedimento padrão para estruturas de concreto, foi necessária a limpeza da
laje antes da concretagem. Esta em alguns momentos foi lavada sob pressão, com cuidado
para não danificar o steel deck, e em outros foi limpa com soprador mecânico. Ambos
resultados foram satisfatórios. A figura 45 a seguir ilustra a limpeza da laje com soprador.
53
O controle da concretagem por nível a laser fica impossibilitado devido a este aspecto,
pois o laser pode nivelar o alinhamento em uma seção da laje sobre uma contraflexa, fazendo
com que naquele ponto não seja garantida a espessura mínima de laje, gerando um risco
estrutural. A espeddura da laje também não pode ultrapassar a especificada no projeto, neste
caso esta foi de 14cm, pois apresentaria sobrecarga no ponto em que esta situação ocorresse.
Para garantir a rigidez da estrutura, a construtora optou por núcleos de concreto ao invés
do contraventamento em estrutura metálica, pela maior liberdade arquitetônica conferida à
fachada por estes elementos. Estes núcleos abrigaram as escadas e elevadores de serviço do
empreendimento e foram executados em sistema de formas metálicas autotrepantes conforme
dispostos na figura a seguir.
A ligação estrutura metálica - estrutura de concreto armado deve ser feita em dois
pontos, no esqueleto estrutural metálico e na laje.
A ligação entre as estruturas pelo esqueleto foi feita através das vigas. No processo de
concretagem dos núcleos de rigidez, foram posicionados, junto com a armadura, os inserts.
Estes são placas de aço dotadas de stud bolts, pinos metálicos responsáveis pela solidarização
dos matériais estruturais, que são soldadas à armadura da estrutura de concreto. A face dos
inserts ficava rente à face da forma, deste modo, quando da desforma, os mesmos ficavam
aparentes, imersos no concreto com a face livre para receber as vigas metálicas.
55
A figura 50 ilustra este procedimento, na figura 50(a) pode-se verificar o soldados
fixando o insert metálico na armadura do núcleo de rigidez, constituido de concreto armado,
enquanto na figura 50(b) pode-se visualizar o insert metálico fixado com a armadura pronta
para a execução da forma. A figura 50 (c) mostra o insert após a desforma do núcleo.
(a) (b)
(c)
Figura 50: (a) solda do insert à armadura do núcleo de concreto;
(b) insert fixado armadura da estrutura de concreto;
(c) insert rente à face de concreto após a desforma
Fonte: Autora, 2014
Estes inserts são responsáveis por receber as vigas metálicas, através da ligação de um
terceiro elemento, denominado single plate, uma cantoneira de ligação que é soldada à face
do insert e recebe a viga metálica por meio de uma ligação parafusada.
56
A ligação explicada no parágrafo anterior é ilustrada pela figura 51(a) a seguir, nela é
possível visualizar os elementos. A parede de concreto, no caso analisado seria o núcleo de
rigidez da edificação, onde o insert foi posicionado junto com a armadura antes da
concretagem, a cantoneira de ligação foi soldada à face do insert, já vindo da fábrica com as
furações determinadas no projeto estrutural metálico, sendo executada no canteiro de obras
apenas o posicionamento da viga e o aperto da ligação.
(a) (b)
Figura 51: (a) Desenho explicativo da ligação viga metálica-concreto;
(b) Viga fixada à estrutura de concreto
Fonte: Autora, 2016 (a) / 2014 (b)
57
Figura 52: projeto da conexão por luvas
Fonte: Codeme Estruturas de Aço e Bedê Engenharia de Estruturas, 2014
As barras de aço deveriam passar por torno mecânico para produzir a rosca em sua
extremidade, tanto a barra ancorada na parede de concreto, mostrada na figura 52, como a
barra concretada na laje.
Em preparação para a concretagem, as barras curvadas foram soldadas à uma barra reta
para formar um gabarito. Este procedimento visava facilitar a locação das mesmas no
momento da armação, pois ao invés de fazer a locação e travamento de oito barras, loca-se
apenas um gabarito, este ficando conforme a figura a seguir:
Quando a laje de steel deck estava montada, dando acesso à cota de ancoragem na
estrutura de concreto armado, executava-se a furação na parede de concreto armado,
escarificando a parede em toda altura de ligação da laje, sendo feita a limpeza posterior para
que haja perfeita ligação entre o concreto da laje e o concreto da estrutura vertical. Os interior
dos furos executados era feito com soprador, similar a bomba para inflar elementos pequenos
como bolas.
Com o furo livre de resíduos, era feita a injeção de chumbador químico, neste
empreendimento foram usados chumbadores da marca Hilti e Âncora Chumbadores, este
segundo foi encontrado como alternativa em um momento de baixa disponibilidade do
primeiro no mercado. Para aprovar a utilização destes materiais nesta importante função
estrutural foi realizado ensaio de arrancamento das barras previamente, em ambos os testes, a
barra de aço entrou em escoamento antes de se soltar da parede de concreto. A figura 54 a
seguir ilustra o esquema estrutural final da ligação analisada.
59
Figura 54: Ligação laje - estrutura de concreto armado
60
4. Comparativo: Lajes em concreto armado versus Lajes steel deck
61
Metodologia Construtiva
Formas apoiadas diretamente no vigamento, Necessita escoramento para formas
sem necessidade de escoramentos
Grande rigor nos níveis Menos rigor nos níveis
Liberação antecipada dos pavimentos para Impedimento de trabalho enquanto escorado
outras operações
Maior velocidade da construção Velocidade dependendo da cura do concreto
nos pilares
4.1.1. Custo
4.1.2. Prazo
Lajes em steel deck, especialmente, são montadas e concretadas em menos tempo que
estruturas de concreto. Essas possuem menos etapas de execução do que lajes em concreto
armado convencional, como mostrado neste estudo. Com três etapas a menos, posicionamento
de escoramentos, execução de armadura positiva e desforma, reduzindo o cronograma do
ciclo de laje. Além disso, por não necessitarem de escoramentos, os pavimentos concretados
são liberados para o início dos serviços posteriores mais rapidamente, reduzindo o
cronograma geral da obra.
63
4.1.3. Qualidade
Por ser fabricada em ambiente industrial, com mão de obra qualificada, e controle de
qualidade rigoroso, a garantia da qualidade das peças é superior às peças de concreto moldado
in loco.
64
5. Considerações Finais
Ainda que se repitam todos os procedimentos de uma construção, o novo produto estará
em outra localidade, levando a outros fatores influenciadores de projeto e produção. Sendo
assim, toda viabilidade técnica e econômica em empreendimentos deve ser feita
individualmente e estudada em todos os seus aspectos.
65
5.1. Sugestões para trabalhos futuros
66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASTOS, Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos. Estruturas de concreto armado. Bauru/SP:
2014.
BONINI, Stefane Do Nascimento. Lajes mistas steel deck: estudo comparativo com lajes
maciças de concreto armado quanto ao dimensionamento estrutural . Porto Alegre/RS:
2013.
Conference on Uses of Steel, 1., 2002. San Nicholas, Argentina: IAS, 2002. 269p.
GOMES, Luciano Carvalhais. Estudo do sistema de lajes mistas com forma de aço
incorporada empregando concreto estrutural leve. Dissertação (Mestrado em Engenharia
de Estruturas). Escola de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos/SP: 2001.
LIMA, Ygor Dias Da Costa; SOUZA, Alex Sander Clemente De. Análise comparativa de
soluções de lajes para edifícios estruturados em aço: São Paulo: 2010.
68
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
BARROS, Bianca. Lajes em steel deck. Revista Téchne, v. 211, out. 2014. Disponível em:
<http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/211/veja-os-procedimentos-de-execucao-de-lajes-
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CALÇADA, Paulo Azevedo Branco. Estudo dos processos produtivos na construção civil
objetivando ganhos de produtividade e qualidade: 2014. TÉCHNE. Steel deck ispon vel
em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/147/artigo287665-1.aspx>. Acesso em: 04
set. 2016.
FREIRE, Carlos. Lajes e pisos para estrutura metalica. Portal metalica. Disponível em:
<http://wwwo.metalica.com.br/lajes-e-pisos-para-estrutura-metalica>.Acesso em: 08 ago.
2016.
69
MIRANDA, Edson De; LIPPI, Ivan; BRENDOLAN, Gianluca. Mercado em formação; uso
de lajes steel deck ainda é restrito no brasil. Revista téchne, v. 108, jul. 2010. Disponível
em: <http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-
construcao/108/artigo283779-1.aspx>.Acesso em: 04 set. 2016.
NETO, Egydio Hervè. Estruturas de concreto armado. Portal Metálica Construção Civil.
Disponível em: < http://wwwo.metalica.com.br/estruturas-de-concreto-armado-a-protecao-do-
aco-pelo-concreto>. 2007.
VASCONCELLOS, Prof. Arq. Juliano. Lajes maciças de concreto armado. Disponível em:
< https://cddcarqfeevale.wordpress.com/2012/04/03/lajes-macicas-de-concreto-armado/>.
Acesso em 14 set. 2016. 2012.
70