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DCAF Backgrounder

Empresas Militares Privadas


03/2008

O que são EMPs? O que são EMPs?


Por que existe mercado para EMPs? Empresas militares privadas (EMPs) são empresas que
oferecem serviços especializados relacionados com a
EMPs são mais eficientes guerra e outros conflitos, incluindo operações de combate,
economicamente do que os militares? planejamento estratégico, inteligência, apoio operacional
e logístico, treinamento, compras e manutenção.
EMPs são mais eficientes do que os
militares? Tais empresas são caracterisadas por:

Por que as EMPs são importantes no trato • uma estrutura organizacional peculiar, de tipo
de questões governamentais? empresarial.

Como o direito interno é aplicado às • uma atividade cuja finalidade é o lucro (e não motivações
EMPs? políticas).

Como as EMPs são regulamentadas nos As EMPs podem ser grandes ou pequenas, variando
diferentes sistemas jurídicos nacionais? de pequenas empresas de consultoria até grandes
multinacionais. Emboras as primeiras EMPs tenham
Como o direito internacional pode ser surgido durante a Segunda Guerra Mundial,
aplicado às EMPs? mudanças geopolíticas e a reestruturação das forças
armadas de muitos países no período pós-Gerra Fria
Quais normas internacionais têm sido impulsionaram o rápido crescimento da indústria
propostas para regular as EMPs? militar privada. Atualmente, mais de 150 empresas
oferecem seus serviços em mais de 50 países.
Quais outras medidas têm sido
sugeridas?
Quais são as outras denominações utilizadas
Mais informações para designar as EMPs?
Expressões como mercenários e empresas privadas
de segurança (EPSs) são muitas vezes utilizadas
para designar EMPs.
D CA F Durante muito tempo, a expressão “mercenários” foi
utilizada para indicar os atores envolvidos em conflitos
Geneva Centre for the cuja motivação resumia-se a obter ganhos pessoais em
troca de sua partipação no conflito. A expressão aparece
Democratic Control em alguns tratados internacionais, embora sua utilização
of Armed Forces tenha sido criticada por falta de precisão; com efeito, nem
sempre é fácil determinar a intenção do mercenário.
Por exemplo, muitas empresas de segurança que atuam
As fichas DCAF apresentam uma introdução
clara e concisa de tópicos relacionados com a
no Iraque afirmam operar mais por patriotismo do que
gestão e a reforma do setor de segurança que pelos lucros que recebem.
são de grande importância prática.
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Muitas empresas especializadas mais na proteção remunerados: os salários médios variam entre
de pessoas e bens do que em atividades de 400 e 1000 dólares por dia. Os argumentos que
combate preferem ser chamadas de EPSs. Mas apóiam a tese de que as EMPs são mais eficientes
quando a proteção tem um grande impacto economicamente do que a manunteção de
no resultado do conflito fica difícil distinguir os forças armadas permanentes são os seguintes:
papéis de combate e proteção.
• EMPs podem empregar colaboradores cujos
Tendo em vista esta confusão, esta Ficha trata salários são bastante menores;
das empresas que provêem serviços
relacionados com a atividade de combate. • os governos não necessitam despender com
benefícios como aposentadorias, seguro
saúde etc. uma vez que tais benefícios são
Por que existe mercado para EMPs? normalmente previstos contratualmente;

Estados, organizações internacionais, ONGs, • EMPs podem ampliar rapidamente seus recursos
agências humanitárias e de desenvolvimento, e efetivos sem os custos de manutenção a longo
empresas multinacionais e mesmo indivíduos prazo de uma força armada tradicional ou as
podem contratar serviços militares privados perdas de uma redução drástica dos recursos e
disponibilizados por EMPs. efetivos militares; e

No caso de Estados, tais empresas muitas • lidando com as operação não-militares, EMPs
vezes são chamadas para compensar a falta de permitem que as forças armadas possam tratar
recursos estatais. EMPs oferecem serviços de alta de missões sobretudo militares.
tecnologia em determinadas áreas em que as
forças armadas têm dificuldade de treinar pessoal Os seguintes argumentos, entretanto, devem ser
ou criar oportunidades atrativas de trabalho. Por levados em conta:
exemplo, os serviços da empresas israelense
Levdan permitiram o presidente do Congo • tendo em vista que as EMPs são remuneradas
Brazzaville a criar, em 1994, uma nova força para por contrato e não em virtude do número
substituir as unidades militares leais ao antigo de soldados enviados, é difícil comparar a
presidente. eficiência das EMPs e dos militares;

Outros grupos utilizam os serviços de EMPs • o pessoal das EMPs normalmente recebe
nos casos de maiores riscos. Assim, alguns treinamento do Estado como membros das
argumentam que EMPs podem ser utilizadas forças armadas, e quando tais colaboradores
pelas Nações Unidas e outras organizações decidem de migrar para o setor privado,
internacionais para que suas ações sejam objeto onde os salários são bem mais elevados, este
de menores controvérsias políticas do que a treinamento pode ser considerado uma forma
utilização de tropas nacionais sob os auspícios da de subsídio às atividades das EMPs;
ONU.
• a prática de sub-contratar, pela qual um mesmo
Indivíduos e grupos muitas vezes utilizam EMPs contrato é executado por várias empresas,
com motivações insidiosas, como a deposição de pode reduzir significativamente a eficiência da
governos ou a proteção de atividades ilegais. utilização de EMPs.

EMPs são mais eficientes EMPs são mais efecientes do que os


economicamente do que os militares? militares?

Inexistem informações conclusivas sobre a Alguns especialitas argumentam que EMPs


eficiência ecômica das EMPs. Os colaboradores oferecem vantagens operacionais em relação aos
de EMPs normalmente são muito bem militares, tais como:

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EMPs no Iraque Empresas Militares Privadas
A ocupação do Iraque está na origem da maior participação
de empresas militares e de segurança da história dos esforços
internacionais de reconstrução. Com mais de 60 empresas e concretas das EMPs, muitos analistas advogam
20.000 colaboradores disponibilizando serviços militares e de que tais empresas apresentam uma série de
segurança, EMPs constituem o segundo maior contingente,
perdendo apenas para a presença norte-americana.
desavantagens em relação aos militares:
Entretanto, os custos envolvidos e sofridos pelas EMPs • a motivação pelo lucro ao invés do
têm sido significativos. Segundo dadosde janeiro de 2006,
disponíveis em www.icasualties.org, 309 colaboradores
cumprimento de suas funções torna a
de EMPs forammortos no Iraque, e muitos foram feridos. obrigação do contratado menos empenhativa
A utilização de EMPs tem levantado uma série de questões do que o sentimento dos militares de carreira;
legais e operacionais:
• Empresas têm adiado ou mesmo cancelado operações • inexiste uma hierarquia de commando
em virtude da violência crescente.Assim, por exemplo, entre os contratados, a exemplo do que há
depois que um comboio da Kellogg, Brown and Root (KBR) existe entre os militares;
foi objeto de uma emboscada, em abril de 2004, muitos
motoristas de caminhão da KBR recusaram-se a voltar ao
trabalho enquanto a segurança no trabalho não fosse
• os contratos não podem prever todas as
ampliada, e muitos contratantes abandonaram o país, contigenciais de modo que a sua flexibilidade
deixando os militares sem recursos em muitas regiões do de combate é limitada e pode comprometer
Iraque. sua habilidade de lidar com o imprevisto;
• Os militares têm tido dificuldade de impedir que
soldados talentosos deixem seus postos para trabalhar • os contratados que não trabalham no fronte
junto a EMPs. Assim, o Comando Especial de Operações não recebem treinamento de combate e,
norte-americano (US Special Operations Command) tem
desenvolvido novos incentivos educacionais e financeiros
portanto, não podem ampliar a capacidade
para que soldados não deixem seus postos, e as forças militar da empresa se for necessário;
armadas do Reino Unido têm oferecido longos períodos
sabáticos (1 ano) para que seus membros possam • alguns acreditam que a pressão para cortar
colaborar com EMPs no Iraque. custos nestas empresas pode motivar
• De acordo com a Autoridade Provisional de Coalisão, decisões que colocam em perigo a vida dos
os contratantes gozam de imunidade em relação às contratados – por exemplo, depois que quatro
leis iraquianas. Assim, seis colaboradores envolvidos no
escândalo de Abu Ghraib nunca foram julgados. contratados da empresa Blackwater foram
mortos no Iraque, muitos alegaram que um
• Empresas têm operado com contratos cuja remuneração
é baseada numa quantia fixa mais um determinado quinto soldado, que deveria cobrir os demais,
percentual, possibilitando fraudes - como foi alegado, por não exercia suas funções com o objetivo de
exemplo, no caso da Halliburton, divisão da KBR. As forças conter as despesas da empresa; e
armadas norte-americanas questionaram o equivalente a
1.8 bilhão de dólares do trabalho da Halliburton no Iraque • quando EMPs deixam de exercer suas
devido à insuficiência de documentação.
atividades, por qualquer razão que seja, os
• Em alguns casos, os contratantes parecem ter dispensando militares têm dificuldade de retormar suas
treinamento inadequado ao seu pessoal. De acordo com
um relatório das Forças Armadas norte-americanas, de funções.
outubro de 2005, a morte de quatro colaboradores da
Blackwater num acidente aéreo de novembro de 2004 foi
causado em violação de várias normas de direito interno, Por que as EMPs são importantes no
inclusive a falta de treinamento no país para os pilotos.
Diretores da Blackwater negaram estas acusações. trato de questões governamentais?
Em todos os países em que EMPs operam,
• possibilidade de rápido deslocamento; normas regulando suas atividades são lacunares,
especialmente no que se refere a funções
• diminuir as preocupações da sociedade civil
exercidas no exterior e, portanto, no que se refere
quanto ao uso da força; e
ao seu controle efetivo.
• realizar um contraponto aos militares em Governos podem se servir de EMPs para elidir
Estados cujas instituições políticas sejam mecanismos de controle institucional (por
problemáticas. exemplo, limitações legais quanto ao número
de tropas enviadas ao exterior). Além disso, em
Além destas discussões sobre as vantagens
muitos países, EMPs não têm a obrigação de

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publicar suas atividades ou dados relativos a suas Outras normas aplicáveis aos serviços do governo
despesas. relacionados com o setor de segurança, como
dados e comunicações privadas, devem também
Os contratados de EMPs normalmente não ser aplicadas aos serviços privados de segurança.
estão submetidos à disciplina e ao treinamento
relativos à conduta durante as hostilidades de
acordo as normas sobre conflitos armados. Além Como o direito internacional pode ser
disso, EMPs podem facilmente colocar termo aplicado às EMPs?
a suas operações, tornando difícil a busca de
contratados acusados de violações. Alguns tratados e regras de direito internacional
aplicam-se às EMPs. Na prática, estas normas lidam
com os seguintes temas:
Como o direito interno é aplicado às
EMPs? • Direitos humanos: tratados internacionais de
direitos humanos prevêem a possibilidade de
Contratados das EMPs podem estar sujeitos demandas individuais e sistemas de controle
às leis de responsabilidade civil e criminal do regionais dos quais os Estados podem se valer
país contratante, do país onde exercem suas nos casos de violação cometida contra seus
atividades ou ainda do país de sua Page 6 of nacionais por EMPs.
11 nacionalidade. Entretanto, a inexistência de
regras específicas sobre as EMPs constitui um • Direito penal: o Tribunal Penal
obstáculo a sua execução. Internacional (TPI) tem jurisdição sobre
certos crimes cometidos por indivíduos, mas
Atualmente, inexiste uma lei-modelo que não sobre as empresas que os empregam.
possa ser utilizada como guia para as atividades Além disso, a jurisdição do TPI é limitada aos
das EMPs. Uma lei neste sentido poderia crimes previamente tipificados e cometidos
especificar de que modo as atividades das EMPs no território dos Estados parte. Por exemplo,
estão sujeitas ao controle do Executivo, do se um Estado parte se recusa a investigar
Legislativo e do Judiciário. A leimodelo deveria um contratado de um EMP suspeito de ter
dispor sobre: cometido crime de guerra, o TPI pode iniciar
uma investigação para apurar os fatos.
• a definição de EMPs, incluindo uma lista
exaustiva dos serviços qualificados como • Responsabilidade do Estado: normas
“relacionados com atividade de combate”; internacionais costumeiras, codificadas nos
Artigos sobre Responsabilidade do Estado
• a sujeição de suas atividades, tanto domésticas (2001) da Comissão de Direito Internacional,
quando internacionais, a normas de dispõem que os Estados são responsáveis
responsabilização civil e criminal; pelas atividades dos atores não-estatais
atuando por conta do Estado. Assim, se
• a regulação de todas as etapas da vida do
um Estado contrata uma EMP, torna-se
contrato, incluindo possíveis sub-contratações,
responsável por suas atividades. Mas neste
auditoria financeira e compras públicas;
plano, apenas os Estados são responsáveis, não
• a inclusão de standards para o registro os indivíduos.
das empresas, qualificação do pessoal e a
• Direito international humanitário (DIH):
manutenção de dados pessoais e profissionais
normas de DIH lidam com a condição de
dos antigos funcionários; e
combatente dos indivíduos contratados pelas
• a determinação dos nomes dos ministérios ou EMPs, mas tais regras aplicam-se tãosomente
agências responsáveis pelo controle das EMPs nos casos de conflitos civis internacionais. A
– por exemplo, o departamento de defesa ou exemplo do que ocorre com os soldados, os
serviços ao consumidor, ou ainda agências contratados gozam da condição de prisioneiro
especializadas de controle. de guerra enquanto civis acompanhando as

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forças armadas. Entretanto, se os contratados • controle parlamentar ou independente das


são considerados civis Page 7 of 11 que atividades das EMP; e
participam das hostilidades ou mercenários,
os contratados podem ser perseguidos pelo • standards mínimos de competitividade e
Estado “inimigo” e não gozam da proteção transparência na compra e na contratação.
dispensada ao civis.
Embora a execução de tais regras possa ser
• Convenção sobre mercenários: a Convenção questionada, standards têm a vantagem de
Internacional contra o Recrutamento, o Uso, o confiar a autoridades nacionais a regulação
Financiamento e o Treinamento de Mercenários de suas próprias EMPs. Além disso, o fato de
(1989) determina que os Estados parte têm que a interpretação das regras é realizada em
a obrigação de incorporar as disposições da nível nacional amplia o domínio da regulação
Convenção no direito nacional. Entretanto, a – a disciplina de determinadas matérias sobre
definição de mercenário não é clara e poucos as quais os Estados seriam reticientes no caso
Estados ratificaram a Convenção. de normas internacionais convencionais é mais
facilmente aceita se a regulação é realizada
através de standards e a interpretação
Quais normas internacionais têm sido operada por autoridades nacionais.
propostas para regular as EMPs?
Uma série de regras têm sido propostas para Quais outras medidas têm sido
regular internacionalmente a conduta das EMPs. sugeridas?
Alguns têm sugerido a proibição geral de certas A mídia e a sociedade civil constituem
atividades. Entretanto, os críticos desta posição importantes instâncias de controle da atividade
lembram que as EMPs desempenham um papel das EMPs. O fato de serem objeto de controle tem
importante, e os Estados parecem incapazes de incentivado EMPs a agir de modo consciente e a
cumprir suas funções sem o auxílio das EMPs. evitar a violação flagrante de normas nacionais
ou internacionais. Entretanto, esta tendência
Outra possibilidade seria a criação de uma não pode ser considerada universal. Formas
instituição internacional de controle para de auto-regulação das EMPs como códigos de
monitorar as EMPs. Entretanto, a criação desta conduta – como o código da Associação para as
instituição implica a renúncia do tradicional Operações Internacionais de Paz (AOIP) – poderia
monopólio da exportação de produtos militares, auxiliar no controle das EMPs, embora a auto-
o que na prática parece bastante difícil de se regulação não possa ser considerada uma
realizar. substituta para normas e outras formas de
regulação. Todas as medidas mencionadas acima
Outros têm sugerido uma convenção que podem ser consideradas complementares.
disponha sobre stardards mínimos de controle, De todo modo, EMPs parecem destinadas a
incluindo: permanecer parte da esfera de segurança no
futuro próximo, e portanto é preciso lidar com a
• um sistema de licenciamento que preveja
sua regulação, tanto no nível nacional quando
uma lista precisa de serviços desempenhados
internacional.
pelas EMPs, notificação e registro dos
indivíduos antes de sua contratação pela EMP;

• standards mínimos para a concessão de licença


para a contratação de pessoal, a estrutura da
empresa, suas competências e sua política no
plano do direito dos conflitos armados e dos
direitos humanos;

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Mais informações
Privatising Security: Law, Practice and Governance
of Private Military and SecurityCompanies
Schreier and Caparini, 2005
www.dcaf.ch/_docs/op06_privatising-security.
pdf

Rebuilding Iraq: Actions Needed to Improve Use


of Private Security Providers
US Government Accountability Office, 2005
www.gao.gov/new.items/d05737.pdf

The Private Military Industry and Iraq: What Have


We Learned And Where To Next?
Singer, 2004
www.dcaf.ch/_docs/pp04_private-military.pdf

Fórum de Discussão
Bonn International Center for Conversion (BICC)
www.bicc.de/pmc/portal.php

International Peace Operations Association


(associação das empresas provedoras de serviços
militares)
www.ipoaonline.org

Série de televisão “Guerreiros Privados”, Public


Broadcasting Service (PBS)
www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/shows/
warriors

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Os Estados Unidos e a África do Sul tratam a questão de modos diferentes.

Estados Unidos
O Arms Export Control Act norte-americano de 1968, de acordo com as subsequentes modificações, trata
da exportação de serviços de segurança do mesmo modo que trata da exportação dos demais serviços: o
destino das exportações é estritamente disciplinado, mas a utilização dos serviços não é regulamentada.

Empresas norte-americanas que disponibilizam serviços militares a cidadãos estrangeiros tanto nos Estados
Unidos quanto no exterior devem obter uma autorização do Departamento de Estado norte-americano, de
acordo com as International Transfer of Arms Regulations (ITAR), que implementa o Arms Export Control Act.

Entretanto, o processo de concessão de autorização não segue regras previamente estabelecidas. Inexiste
um controle formal uma vez que a autorização é concedida, nem regras que asseguram a transparência nos
contratos de valor inferior a 50 milhões de dólares, que requerem uma notificação ao Congresso antes da
concessão da autorização.
A responsabilidade pela execução do controle sobre as autorizações para a exportação de serviços de EMPs
norte-americanas fica a cargo sobretudo das embaixadas no exterior (adidos de defesa), e das Serviços ao
Consumidor no que se refere a armamentos e materiais afins.

África do Sul
Em 1998, foi editado o Foreign Military Assistance Act (FMA), que regula a exportação deserviços de
segurança:

• a atividade de mercenários, definida como “a participação em conflitos armados com vistas a obter
ganhos pessoais”, é proibida tanto na África do Sul quando no exterior, embora esta legislação não se
aplique a cidadãos estrangeiros que cometam crimes fora do território sulafricano.

• assistência militar, definida como serviços militares ou afins, apenas pode ser disponibilizada por
indivíduos que receberam uma autorização do governo para um contrato determinado.

• o órgão de controle competente para conceder autorização é o Comitê Nacional para o Controle de
Armas Convencionais, presidido por um ministro não ligado à indústria de defesa.

O FMA tem sido aplicado com relativo sucesso – algumas EMPs sul-africanas foram fechadas e outras
redirecionadas para outras áreas. Entretanto, a punição aplicada pelos tribunais sul-africanos têm se limitado
a multas de pequeno valor.

Devido ao grande número de cidadãos sul-africanos trabalhando como seguranças no Iraque, e a tentativa
de golpe na Guinéia Equatorial em 2004 – que envolvia um certo número de cidadãos sulafricanos – o
governo propôs recentemente uma nova legislação. O projeto sobre a Proibição de Atividades Mer-
cenárias e Regras sobre Certas Atividades em Áreas de Conflitos Armados (2005) busca tratar de todas
as atividades de indivíduos e empresas que lidam com conflitos armados e que não são membros das
forças armadas.

O projeto procura proibir toda atividade militar privada que não tenha sido previamente autorizada pelo
Comitê Nacional para o Controle de Armas Convencionais, e prevê jurisdição extraterritorial para os tribunais
sul-africanos nos casos envolvendo contratados de EMPs sul-africanas.
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SÉRIE DE FICHAS DO DCAF
Sobre a Gestão e a Reforma do Setor de Segurança

A série de Fichas do DCAF sobre a Gestão do Setor de Segurança e sua Reforma disponibiliza introduções claras e suscintas
sobre questões contemporâneas na área de gestão do setor de segurança e de sua reforma. Esta série é dirigida tanto aos
profissionais da área quanto aos responsáveis pela tomada de decisão no setor. Envie suas sugestões e comentários para
backgrounders@dcaf.ch

Outras Fichas estão disponíveis em www.dcaf.ch/backgrounders

Fichas Disponíveis

• Desafios do Setor de Inteligência • Adidos para a Defesa

• Serviços de Inteligência • Estados de Emergência

• Ombudsmen Militar • Soldados Infantis

• Formas Armadas Multi-étnicas • Orçamento Parlamentar e do Setor de Defesa

• Política de Segurança Nacional • O Papel do Parlamento nas Compras do Setor


de Segurança
• Comitês Parlamentares de Defesa e
Segurança • Enviando Tropas ao Exterior

• Controle Parlamentar dos Serviços de • Recrutamento no Setor de Segurança


Inteligência

• Empresas Militares Privadas

O Centro para o Controle das Forças Armadas de Genebra (DCAF) promove a boa governança e a reforma do setor
de segurança. O Centro conduz pesquisas sobre práticas bem sucedidas, encoraja o desenvolvimento de normas
apropriadas tanto no plano interno dos Estados quanto internacional, elabora recomendações políticas e disponibiliza
serviços de consultoria e programas de assistência. O DCAF atua em conjunto com governos, parlamentos, sociedade
DCA F civil, organizações internacionais e diversos atores do setor de segurança como polícias, Judiciários, agências de
inteligências, polícias de fronteira e militares.
Visite o nosso site www.dcaf.ch

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