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Resumo Fisioligia – Carolina Castelli (@CaahCastelli)

Fisiologia renal – Filtraçao glomerular


 Função Do córtex para a medula há presença de um
gradiente de osmolaridade, ou seja, mais
Além da formação de urina, tem função de próximo a medula o meio externo tem mais
excreção dos produtos de metabolismo (ureia, solutos do que o córtex. No córtex há uma maior
por exemplo - quando acumulada é toxica e diluição dos solutos. Quando a alça adentra a
gera morte celular), fármacos e controle dos medula há uma maior reabsorção de agua, pois
constituintes dos líquidos orgânicos. Faz tende a ir para o meio que tem mais soluto
conversão da vitamina D. Produzem hormônios (meio hiperosmotico). Os justaglomerulares
como renina e eritropoetina. tem maior capacidade de reabsorver mais agua.
 Anatomia básica do rim No final da alça de hanle é mais concentrado do
que o nefron cortical. Isso significa que o rim
Néfron tem uma capacidade diferencial de acumular
agua, depende do quanto de nefrons corticais e
1. Glomérulo: filtração dos capilares. glomerulares que se tem.
Dividido em: corpúsculo renal (1), Túbulo  Circulação sanguínea renal
contorcido proximal (2), porção grossa do
túbulo proximal (3), Alça de hanle descendente A filtração glomerular é altamente dependente
fina (4), Alça de hanle ascendente fina (5), Alça do aporte de sangue (de 12 a 30% do debito
de hanle ascendente grossa (6), Túbulo distal cardíaco total passa pelos rins, sendo essa de
(8) e ducto coletor cortical e medular. Essa sangue que chega aos rins para ser filtrada
divisão é feita com base na histologia. chamada de fração renal) a importância dessa
alta vascularização é que isso determina de
No túbulo distal tem uma porção de células forma indireta a taxa de filtração glomerular
muito perto do corpúsculo renal chamado de (TFG), modifica a reabsorção de solutos e agua
células da mácula densa (7), sensíveis à do túbulo proximal, modula a concentração da
concentração de Na no ultrafiltrado glomerular, urina (depende do grau de vasoconstrição e
importante para a regulação da concentração vasodilatação dos capilares renais), transporte
de Na através da renina. do oxigênio / CO2, nutrientes, hormônios,
substratos a serem excretados e líquidos
Aparelho justaglomerular: junção do corpúsculo
com o túbulo distal. /solutos reabsorvidos.

Nos rins tem um consumo muito grande de


2. Ao longo do tubo: formação de urina,
reabsorção de agua e soluto além da oxigênio devido a grande quantidade de
secreção de substancias. bombas de sódio e potássio ATPase (muita
reabsorção ativa de Na). Há uma diferença no
Néfrons corticais x Justaglomerulares Fluxo sanguíneo renal cortical e medular. O
FSRC é aquele que prove sangue para os
O tamanho da alça de Hanle é diferente, na capilares glomerulares (suja pressão é seme-
cortical a descendente é mais curta do que no lhante à pressão do coração), e isso acaba
justaglomedular. A consequência fisiológica é: fazendo com que o leito cortical de sangue seja
maior ou menor exposição aos solutos e um leito de alta pressão, porque a hidrostá-
reabsorção de agua. Os justaglomerulares tica que chega é proporcional a PA, favorecendo
reabsorve mais agua que os nefrons corticais. a saída de liquido dos capilares para o espaço
de bowman, favorecendo a filtração glomerular.
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Na membrana de filtração não tem saída de fato filtrados (20%). O sangue é filtrado muitas
proteínas e moléculas grandes, ou seja, o vezes. A formação do ultrafriltrado é o primeiro
sangue que chega na arteríola aferente e sai na produto que sai dos capilares para o espaço de
eferente é cada vez mais concentrado, ficando bowmam, e é a primeira etapa da formação da
muita proteínas nele. Os vasos que vão para a urina.
medula desse rim tem uma pressão mais baixa,
e esse leito é um leito de baixa pressão (san- Características do Ultrafiltrado glomerular:
gue maior osmolaridade). Importante porque  Livre de elementos celulares do sangue e
quando esses vasos confluem após a saída do proteínas
glomérulo formam os vasos retos ascedentes  Os sais e moléculas presentes nele são
e descendentes adjacentes à alça de hanle, são iguais as do plasma (isotônico a ele).
então, expostos a mesma osmolaridade que
essa, logo, toda a agua que vai para o interstício  Depuração renal (clearance)
vai para os vasos retos. O leito de baixa pressão
nos vasos retos faz com que o fluxo sanguíneo É o Volume de plasma que fica livre de uma
seja lento (previne a lavagem intersticial, ou determinada substância por unidade de tempo
seja, se fosse um alto fluxo sanguíneo teria alta específico(em ml/min). Ele depende da taxa de
passagem de agua nesses capilares, diminuindo excreção urinária. A formula é: a concentração
o gradiente hiperosmótico). A alça de hanle não da substancia vezes o volume de urina sobre a
ia conseguir reabsorver direito. Conclusão: é concentração plasmática daquela substância
importante que, no córtex, a circulação (ou seja, proporção entre a quantidade de
sanguínea tenha uma alta pressão, pois substancia que é excretada / a que permanece
favorece a filtração glomerular. no sangue).

Na medula tem que ter uma baixa pressão pois Existem substancias que são:
isso favorece a reabsorção de líquidos e solutos,
favorecendo o controle do volume de líquidos a) Apenas filtradas (p.ex: creatinina)
extracelular e pressão sanguínea, logo, do DC b) Filtradas com reabsorção parcial
também. Quando se tem uma alta pressão na (H2O e íons Cl- e Na+)
arteríola aferente a pressão hidrostática é c) Filtradas com reabsorção completa
maior que a pressão oncótica e que as pressões (glicose e aminoácidos)
contrarias à filtração glomerular (pressões da d) Filtradas e secretadas (metabolitos
capsula), logo tem favorecimento da saída de dos medicamentos)
liquido (plasma) dos capilares para o espaço de
bowman, favorecendo a filtração glomerular.

 Avaliação da função renal e formação


de urina

É feita a partir de três processos principais:


filtração glomerular, reabsorção de agua / solu-
tos e secreção de substâncias. O que se excreta é
a resultante do que é filtrado menos o que é
reabsorvido mais o que é secretado.

A cada vez que passa sangue nos glomérulos se


tem um volume de 1200 ml de sangue, sendo
600 ml de plasma, porem apenas 120ml são de
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Medidas de clearence: a A creatinina é um parâmetro amplamente


primeira substancia é a para- usado. Ela é um produto do metabolismo
amino-hipurato de sódio (PAH) muscular (creatina fornece atp para a contração
que determina o fluxo muscular e a metabolização da creatina gera a
plasmático renal (FPR) e fluxo creatinina). A creatinina é excretada pelos rins
sanguíneo renal (FSR). É uma substância que através da filtração glomerular. Em acumulo no
segue os princípios de Fick. sangue significa menor função renal.

Principio de conservação ou principio de A creatinina plasmática é medida indireta do


Fick: A substância é livremente filtrada, não clearance. Creatinina plasmática x filtração
meta-bolizada, sintetizada nem reabsorvida, e é glomerular: Quando a filtração glomerular cai
excretada em abundancia (baixas concen- pela metade há uma diminuição da passagem de
trações na veia renal, altas concentrações na creatinina do plasma para o filtrado, aumen-
urina). A quantidade de PAH que se da para a tando sua concentração no plasma. No inicio da
pessoa não será modi-ficada pelo organismo, diminuição da FG há uma diminuição da
logo, consegue-se medir a filtração. A concentração de creatinina na urina pela
quantidade na artéria é a quantidade que você metade, entretanto, como a produção de
deu (p.ex: 2mg). Basta-se olhar a quantidade de creatinina continua intacta, há um balanço
PAH na urina (p.ex: 1,9mg) para ver se a positivo, ou seja, há uma normalização da
filtração está adequada, não precisa puncionar a excreção de creatinina porque o acumulo de
veia, pois a quantidade é muito baixa creatinina no sangue acaba sendo mais filtrado.
(p.ex:0,1mg). O que passa é a medida do fluxo
plasmático renal. O sangue fica quase livre
dessa substancia. Quanto maior o fluxo
sanguíneo, mais ele vai ser filtrado e maior sua
excreção. Para aferir o fluxo sanguíneo basta
considerar o hematócrito (porcentagem de
hemácias no sangue) ou seja, quanto mais
elementos figurados menor o fluxo sanguíneo.

Alem do PAH, a inulina e creatinina medem a


taxa (ritmo) de filtração glomerular (REG),
entretanto só a creatinina em caso de humanos
é medida. A passagem dessas substâncias para a
urina depende exclusivamente da Filtração
Glomerular. A substancia tem que ser atóxica,
fisiologicamente inerte (não pode ser
metabolizada pelo rim), não pode estar ligada a
proteínas plasmáticas (passagem livre pela Dessa forma tem um aumento da creatinina
membrana), não pode ser filtrada nem serica + secreção normal de creatinina. Por isso
secretada pelos túbulos renais, não sofrerem pode-se dizer que a [creatinina] na urina é
síntese nem degradação ou armazenamento proporcional a [creatinina] plasmática. Quanto
renal. Ter clearance constante, mesmo com mais diminui a taxa de filtração glomerular
variações de concentração plasmática ou fluxo maior é a concentração plasmática de creati-
urinário. Ser fácil de ser medida no plasma e nina.
urina.
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 Fatores determinantes da filtração 2. Pressões efetivas de Filtração


glomerular
O que influencia é o balanço entre pressão
Permeabilidade seletiva da membrana (kf) de hidrostática e oncótica tanto nos capilares
filtração e pressões efetivas de filtração (soma quanto no espaço de bowman. O balanço entre
das pressões no glomérulo e no espaço na as duas pressões no capilar e no espaço
capsula de bowman). determinam a filtração. Quando a membrana é
integra não se passa proteínas para o espaço de
1. Características morfológicas do bowman, logo a proteína la é zero e a pressão
corpúsculo renal coloido-onsmotica é zero. Só se tem pressão
É constituído de Capilares glomerulares + hidrostática nesse espaço (PEB). Quanto maior
capsula de bowman (entre ambos: espaço de a pressão hidrostática proveniente do debito
bowman). Os capilares glomerulares são cardíaco, maior a filtração.
compostos por endotélio descontinuo (ou Pressão de ultrafiltração (PUF): pressão hi-
fenestrado- com poros, alta permeabilidade). drostatica do capilar glomerular (PhCG-
Nesse corpúsculo há, na parede interna da proporcional a sanguínea) menos a pressão
membrana, células chamadas de podócitos hidrostática no espaço de bowmam (PEB- agua
(com prolongamentos chamados pedicelios) e solutos que já passaram para o Espaço) +
que conferem a sustentação do endotélio, além pressão oncótica no capilar glomerular (PoCG).
de ajudar a configurar a membrana de filtração A partir do momento que entram proteínas na
junto aos poros dos vasos, na função de capsula tudo é desregulado.
deixarem passar seletivamente algumas subs-
tancias e outras não. Entre o endotélio e os PUF= PhCG – (PEB + PoCG)
pedicelios tem a lamina basal, composta por
proteoglicanos e colágenos (que são substân- Forças favoráveis à filtração: 60mmHg
cias eletronicamente negativas). A membrana,
 Pressão hidrostática glomerular
então, tem menos afinidade por moléculas de
(Pressão arterial)
filtração, logo, filtram menos proteínas nega-
 Pressão coloidosmotica na capsula de
tivas.
bowman.  é igual a zero!
Isso tudo faz com que as moléculas sejam
Forças que se opões a filtração: 50mmHg
filtradas de acordo com o tamanho e carga.
Quanto menor o tamanho da molécula, maior a  Pressão hidrostática na capsula de
capacidade de filtração. Quando o raio é maior a bowman (baixa)
molécula é mais concentrada no sangue que no  Pressão coloidosmotica nos capilares
filtrado glomerular. glomerulares (alta quando o hemató-
crito está alto!)
A influência da carga elétrica na filtrabili-
dade da membrana: moléculas positivas são Como depende da pressão hidrostática o
mais filtradas que neutras e positivas. A ritmo de filtração glomerular é um processo
redução das cargas negativas da Membrana passivo! Não tem liquido voltando para o
glomerular faz com que se tenha uma perda das capilar.
cargas filtradas, fazendo com que haja a
passagem de proteínas somente pelo tamanho.
Isso ocorre na nefropatia com alterações
mínimas (proteinuria e aluminuria).
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Caso Clinico

ID: TF, sexo feminino, 5 anos e 11 meses, natural de Friburgo – RJ.


QP: “inchaço há 10 dias”
HDA: a mãe informa que há mais ou menos 10 dias a criança acordou pela manhã com os olhos
inchados (edema periorbital). Quando a levou ao posto de saúde, o médico prescreveu furosemida e
ácido nalidíxico. Seu filho não melhorou e o inchaço também apareceu no resto do corpo. Voltou ao
posto que a encaminhou para o Hospital para melhor ser avaliada. A mãe nega história recente de
amigdalite ou infecções de pele. Diurese preservada, nega vômitos e diarreia. A mãe informa que
sua filha deve ter tido um quadro febril há 3 dias (não sabe informar a temperatura no dia porque
não tem termômetro).
Antecedentes Fisiológicos e Neonatais: mãe não fez prénatal, não sabe informar se gestação foi a
termo. Relata préeclâmpsia. Parto cesariana, chorou ao nascer. Período neonatal sem
intercorrências. Não há informações quanto a aleitamento materno, leite de vaca e dieta atual.
AP: Nega alergias alimentares. Calendário vacinal em dia. Nega internações e patologias prévias
AF: Mãe: 22 anos, hígida, asmática, alcoolista. Pai desconhecido. Não tem irmãos. Avó materna
hipertensa, diabética. Avô materno faleceu (câncer de esôfago). Avó e avô por parte de pai não sabe
informar
ASE: Mora em casa em zona rural, com relativas condições sanitárias. Não possuem criação de
animais próximo da casa
RS: Nega tosse e dispneia. Refere diminuição do apetite.
EF: Peso: 22,5Kg; PA= 125X75 mmHg. Acianótica, hidratada, eupneica, afebril. Amígdalas
aumentadas, levemente hiperemiadas.
ACV: RCR em 2T, bulhas normofonéticas (sem sopros). FC=108bpm. AP normal, FR 18/min.
Abdome: plano, flácido, RHA+, indolor, sem VMG. Edema mais evidente em região supra púbica
(2+/4+) e em região peri-orbitária (3+/4+). Nuca livre. MMII sem edema.
EC: sangue - Hemácias: 3,8 milhões / Hemoglobina: 11,9 / Hematócrito: 36 /Leucócitos: 10.000
(67seg/ 1 bast/ 30 linf/ 1 mono/ 1 eos) Plaquetas 100.000 / Uréia: 48 mg/dl (valores de referência:
10 a 40 mg/dl) / Creatinina: 1 / Exame de urina (EAS) Aspecto: turvo (amarelo citrino) Densidade:
1010 pH: 8,0 /Nitritos: ausentes; proteínas: +++ hemácias: 8p/c / Células epiteliais: 6p/c cilindros
hialinos: + piócitos: 4p/c
Diagnóstico: síndrome nefrótica
Tratamento: Dieta hipossódica (1g/dia), normoprotéica e com ingesta hídrica normal. Repouso
autorregulado pelo paciente. Orientação aos familiares quanto a etiologia, evolução, tratamento e
complicações. Diuréticos: furosemida 2 a 4mg/Kg/dia, 2 a 4x VO; Espironolactona (poupador de
K+) 2mg/Kg/dia; albumina: 0,5 a 1g/Kg/dose, EV, infusão em 1-2h (ao final ou na metade da
infusão fazer furosemida EV). Prednisona: 2mg/Kg/dia (dose máxima de 60-80mg) por 1 mês
1mg/Kg em dias alternados por 4 meses desmame de 0,2 a 0,5mg/Kg a cada 20 dias até suspensão
total do corticoide.
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Comentários do Caso Clínico

 Síndrome nefrótica: dano na barreira de filtração glomerular (principalmente na membrana basal). Caracterizada por
perda renal de proteínas. Etiologia: 85% dos casos são por lesões mínimas, e outros casos são nefrose por proliferação
mesangial e glomeruloesclerose segmentar e focal.
 Manifestações clinicas: proteinuria, hipoalbuminemia, edema generalizado, hiperglicemia e lipiduria (molécula muito
grande).
 Furosemida: diurético que age em alça de hale (tem um transportador que mantem o interstício medular hiperosmótico).
Muito usado em hipertensão, idosos, por diminuir a reabsorção de agua e diminuir o DC.
 Espirolactona: menos forte, não contribui muito para reabsorção de agua. Preserva as reservas de K+ do paciente.
 A ausência de vomito, diarreia, lesões de pele e amidalite descaram bactérias e vírus como etiologia.
 Piócitos são resquícios da serie branca do sangue. A ureia e creatinina (+) indicam função renal prejudicada  falha na
filtração glomerular leva ao acumulo dessas substancias no sangue. A membrana de filtração não deixa passar moléculas
grandes (proteínas, hemácias) nem negativas (do sangue para o filtrado glomerular).
 Edema: O escape de proteínas na urina gera diminuição da pressão oncótica, que gera extravasamento e edema. Se o
filtrado está mais concentrado, o sangue estaria menos concentrado (macula densa). O rim libera Renina para aumentar a
pressão sanguínea. Transforma o angiotensinogenio (produzido no fígado) para a angiotensina I, que pela ECA (produzida
pelos pulmões), vira angiotensina II (vasoconstrição geral, age no córtex da adrenal a liberar aldosterona que age nos
receptores do nefron para reabsorver mais sódio/ cloreto e agua, além de estimular os centros osmóticos no hipotálamo
para aumentar a ingesta de agua. Pouco sódio chega na macula densa, logo há um estimulo ao aumento da pressão, para
aumentar agua e sódio.

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