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1. Introdução...................................................................... 3
2. Sistema nervoso autônomo.................................... 5
3. Transmissão colinérgica.........................................10
4. Agonistas colinérgicos de ação direta..............15
5. Agonistas colinérgicos de ação indireta:
Anticolinesterásicos (reversíveis)............................. 21
6. Agonistas colinérgicos de ação indireta:
Anticolinesterásicos (irreversíveis)........................... 26
Referências Bibliográficas..........................................30
COLINOMIMÉTICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS 3
FÁRMACOS
COLINÉRGICOS
HORA DA REVISÃO!
Os corpos celulares dos neurônios simpáticos pré-ganglionares localizam-se no cor-
no lateral da substância cinzenta dos segmentos torácicos e lombares da medula espi-
nhal, e as fibras deixam a medula espinhal em nervos espinhais como emergência simpá-
ticotoracolombar. As fibras pré-ganglionares fazem sinapse nas cadeias paravertebrais
de gânglios simpáticos, localizadas em ambos os lados da coluna vertebral. Esses gân-
glios contêm os corpos celulares dos neurônios simpáticos pós-ganglionares, cujos
axônios se reúnem no nervo espinhal. Muitas das fibras simpáticas pós-ganglionares al-
cançam seus destinos periféricos por meio de ramos dos nervos espinhais. Outras, cujos
destinos são as vísceras abdominais e pélvicas, têm seus corpos celulares em um grupo
de gânglios pré-vertebrais desprovidos de par e localizados na cavidade abdominal. A
única exceção a essa estrutura formada por dois neurônios é a inervação da medular da
glândula suprarrenal. As células secretoras de catecolaminas da medula suprarrenal são,
na realidade, neurônios simpáticos pós-ganglionares modificados, e os nervos que iner-
vam a glândula são equivalentes às fibras pré-ganglionares.
►
COLINOMIMÉTICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS 7
Figura 1. Esquema básico do sistema nervoso autônomo de mamíferos. Legenda: C, cervical; GI, gastrointestinal;
L, lombar; S, sacral; T, torácico. Fonte: Rang & Dale: Farmacologia, 2016
Em alguns locais (ex: no músculo liso que os dois sistemas produzem efei-
visceral do intestino e da bexiga, e no tos semelhantes, e não opostos.
coração), os sistemas simpático e pa-
rassimpático produzem efeitos opos- SE LIGA! É um erro considerar os sis-
tos; há, contudo, outros locais em que temas simpático e parassimpático sim-
apenas uma divisão do sistema autô- plesmente como oponentes fisiológicos.
nomo opera. As glândulas sudorípa- Cada um cumpre sua própria função
fisiológica e pode estar mais ou menos
ras e a maioria dos vasos sanguíneos, ativo em determinado órgão ou tecido de
por exemplo, têm apenas inervação acordo com a necessidade do momento.
simpática; ao passo que o músculo ci-
liar do olho tem apenas inervação pa-
rassimpática. Existem outros exem- Os dois principais neurotransmis-
plos, como as glândulas salivares, em sores que operam no sistema au-
tônomo são a acetilcolina e a
COLINOMIMÉTICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS 8
Figura 2. Fisiologia e farmacologia autônoma e somática: compartimentos neuroanatômicos. Legenda: ACh, acetilco-
lina; NN, receptor nicotínico neuronal; NM, receptor nicotínico neuromuscular; M, receptor muscarínico (cinco subtipos);
α/β, receptores adrenérgicos alfa e beta Fonte: Kester et al., Farmacologia, 2008
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ACh NE Vasos
(nic) (α, β) Sanguíneos, etc
ACh ACh Glândulas Sistema
(nic) (mus) sudoríparas simpático
ACh Medula
(nic) suprarrenal
SAIBA MAIS!
A toxina da aranha viúva-negra provoca a liberação de toda a ACh armazenada nas vesícu-
las, esvaziando-a na fenda sináptica.
Ligação com o receptor: a Ach libe- células efetoras mediadas por molé-
rada das vesículas sinápticas difun- culas segundas mensageiras.
de-se através do espaço sináptico e Degradação da ACh: o sinal no local
se liga a receptores pós-sinápticos na efetor pós-juncional termina rapida-
célula-alvo, ao receptor pré-sináptico mente devido à hidrólise da ACh pela
na membrana do neurônio que libe- acetilcolinesterase (AChE), forman-
rou a Ach ou a outros receptores-alvo do colina e acetato na fenda sináptica.
pré-sinápticos. Os receptores pós-
-sinápticos colinérgicos na superfície Reciclagem da colina: A colina pode
dos órgãos efetores são divididos em ser recaptada por um sistema de cap-
duas classes: muscarínicos e nico- tação de alta afinidade acoplado ao
tínicos. A ligação ao receptor leva a sódio que transporta a molécula de
uma resposta fisiológica no interior da volta para o neurônio. Ali, ela é aceti-
célula, como o início de um impulso lada em ACh, que é armazenada até
nervoso na fibra pós-ganglionar ou a a liberação por um potencial de ação
ativação de enzimas específicas nas subsequente.
COLINOMIMÉTICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS 12
Figura 3. Síntese e liberação da acetilcolina do neurônio colinérgico. Legenda: AcCoA, acetilcoenzima A. Fonte: Far-
macologia Ilustrada, 2016
RECEPTORES RECEPTORES
RECEPTORES DO SNC
MUSCULARES GANGLIONARES
Junção
Localização neuromuscular Gânglios autônomos: Muitas regiões Muitas regiões do
sináptica esquelética: principalmente do cérebro: pré e cérebro: pré e
principal principalmente pós-sináptica pós-sináptica pós-sináptica
pós-sináptica
Excitação pré e
Excitatória
Excitatória pós-sináptica Excitação pré e
Aumento da
Aumento da perme- Aumento da pós-sináptica
Resposta da permeabilidade a
abilidade a cátions permeabilidade Aumento da
membrana cátions
(principalmente Na a cátions permeabilidade a
(principalmente
+ e K+) (principalmente Na+ cátions
Na + e K+)
e K+)
Acetilcolina
Nicotina
Carbacol Epibatidina
Acetilcolina Epibatidina
Nicotina Dimetilfenilpipera-
Agonistas Carbacol Acetilcolina
Epibatidina zínio
Suxametônio Citosina
Dimetilfenilpipera- Vareniclina
Vareniclina
zínio
Tabela 2. Subtipos de receptores nicotínicos. Fonte: Rang & Dale: Farmacologia, 2016
M3 (“GLAN-
M1 M2 DULARES/
M4 M5
(“NEURONAIS”) (“CARDÍACOS”) DO
MÚSCULO LISO”)
Glândulas exócrinas:
gástricas (células
Gânglios
parietais secretoras SNC: expressão
autônomos
de muito localizada
(incluindo os Coração: átrios
Principais ácido), salivares etc. na substância
gânglios SNC:
localizações Musculatura lisa: negra
intramurais no amplamente SNC
trato Glândulas
estômago) distribuídos
gastrointestinal, salivares
Glândulas: sali-
olhos, vias aéreas, Íris/músculo
var, lacrimal etc.
bexiga ciliar
Córtex cerebral
Vasos sanguíneos:
endotélio
Estimulação do Inibição cardíaca Secreção gástrica,
SNC (? Inibição neural salivar
Resposta melhora da Efeitos Contração da Aumento da
funcional cognição) muscarínicos musculatura locomoção Desconhecida
Secreção centrais (ex: lisa gastrointestinal
gástrica tremor, e Acomodação ocular
hipotermia) Vasodilatação
Acetilcolina
Agonistas
Carbacol
não
Oxotremorina
seletivos
Pilocarpina
Betanecol
Agonistas
McNA343 Cevimelina
seletivos
Tabela 3. Subtipos de receptores muscarínicos. Fonte: Rang & Dale: Farmacologia, 2016
COLINOMIMÉTICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS 15
TRANSMISSÃO
COLINÉRGICA
Síntese da acetilcolina
Armazenamento
Liberação
Receptores nicotínicos
Receptores muscarínicos
(musculares, ganglionares Ligação da Ach ao receptor
(M1, M2, M3, M4, M5)
e do SNC)
HIDRÓLISE PELA
ESPECIFICIDADE PELO RECEPTOR
FÁRMACO ACETILCOLINES- USOS CLÍNICOS
TERASE
Muscarínico Nicotínico
Acetilcolina +++ +++ +++ Nenhum
Carbacol ++ +++ - Nenhum
Metacolina +++ + ++ Nenhum
Hipotonia da be-
Betanecol +++ - - xiga e do trato
gastrointestinal
Muscarina +++ - - Nenhum
Pilocarpina ++ - - Glaucoma
Oxotremorina ++ - - Nenhum
Cevimelina ++ - - Síndrome de Sjogren
Tabela 4. Agonistas muscarínicos. Fonte: Rang & Dale: Farmacologia, 2016
Figura 4. Alguns efeitos adversos observados com os agonistas colinérgicos. Fonte: Farmacologia Ilustrada, 2016
COLINOMIMÉTICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS 19
Miose
(Contração da pupila)
Olho não
tratado
Midríase (Dilatação
da pupila)
Figura 5. Alguns efeitos adversos observados com os agonistas colinérgicos. Fonte: Farmacologia Ilustrada, 2016
Uso: Hipotonia da
Sem uso terapêutico Sem uso terapêutico Uso: Glaucoma
bexiga e do TGI
Efeitos adversos:
Efeitos adversos:
diaforese, salivação,
Efeitos adversos: pouco visão turva, cegueira
rubor, ↓ PA, náuseas,
ou nenhum (colírio) noturna, dor na testa,
dor abdmonial, diarreia,
diaforese, salivação
broncoespasmo
Figura 6. Mecanismos de ação dos agonistas colinérgicos indiretos. Fonte: Farmacologia Ilustrada, 2016
COLINOMIMÉTICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS 23
Edrofônio Fisostigmina
O edrofônio é o protótipo do inibidor A fisostigmina é um éster nitrogena-
da AChE de ação curta. Ele se liga de do do ácido carbâmico encontrado
modo reversível ao centro ativo da em plantas e é uma amina terciária.
AChE, impedindo a hidrólise da ACh. Ela é substrato da AChE, com quem
Ele é absorvido rapidamente e tem forma um intermediário carbamilado
duração de ação curta (10-20 minu- relativamente estável, que, então, se
tos), devido à eliminação renal rápida. torna reversivelmente inativado. O re-
O edrofônio é uma amina quaternária, sultado é a potenciação da atividade
e suas ações são limitadas à periferia. colinérgica em todo o organismo.
É usado no diagnóstico da miastenia Ações: a fisostigmina tem uma am-
grave, uma doença autoimune cau- pla faixa de efeitos como resultado
sada por anticorpos contra o receptor de sua ação e estimula os receptores
nicotínico nas JNMs. Isso causa sua muscarínicos e nicotínicos do SNA e
degradação e reduz o número de re- os receptores nicotínicos da JNM. Sua
ceptores disponíveis para interação duração de ação é de cerca de 30 mi-
com a ACh. A injeção IV do edrofônio nutos a 2 horas, sendo considerada
leva a um rápido aumento da força um fármaco de ação intermediária.
muscular. Deve-se ter cuidado, pois o A fisostigmina pode entrar no SNC e
excesso desse fármaco pode provo- estimular os locais colinérgicos.
car uma crise colinérgica (a atropina é
o antagonista). O edrofônio pode ser Usos terapêuticos: a fisostigmina au-
usado também para avaliar o trata- menta a motilidade do intestino e da
mento inibidor da colinesterase, para bexiga, servindo no tratamento de
diferenciar entre crises colinérgicas e atonia nos dois órgãos. Ela é usada
miastênicas e para reverter os efeitos também no tratamento de doses ex-
de bloqueadores neuromusculares cessivas de fármacos com ações an-
não despolarizantes após a cirurgia. ticolinérgicas, como a atropina.
Efeitos adversos: no SNC, a fisostig-
mina pode causar convulsões quando
SE LIGA! Devido à disponibilidade de
outros fármacos, o uso do edrofônio se são usadas dosagens elevadas. Bra-
tornou limitado. dicardia e queda da pressão arterial
também podem ocorrer. A inibição da
AChE nas JNMs causa acúmulo de
ACh e, no final, resulta em paralisia
dos músculos esqueléticos. Contudo,
esses efeitos raramente são observa-
dos com doses terapêuticas.
COLINOMIMÉTICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS 24
ANTICOLINESTERÁSICOS REVERSÍVEIS
Amina terciária
Éster do ácido
Amina quaternária (éster nitrogenado do Piridostigmina
carbâmico
ácido carbâmico)
Uso: Miastenia
Uso: Hipomotilidade do gravis, Antagonista
Uso: diagnóstico de
intestino e da bexiga, de bloqueadores Tacrina
miastenia gravis neuromusculares
Glaucoma
competitivos
Efeitos adversos:
Efeitos adversos:
Efeitos adversos: salivação, rubor, ↓ PA,
convulsões, bradicardia, Rivastigmina
crise colinérgica náusea, dor abdominal,
↓ PA, paralisia
diarreia, broncoespasmo
Galantamina
COLINOMIMÉTICOS E ANTICOLINESTERÁSICOS 26
SAIBA MAIS!
Antes da Segunda Guerra Mundial, apenas os agentes anti-ChE “reversíveis” eram geralmen-
te conhecidos, entre os quais o protótipo fisostigmina. Pouco antes e no decorrer da guerra,
uma nova classe de substâncias químicas altamente tóxicas, os organofosforados, foi desen-
volvida primeiro como inseticida para agricultura e, posterionnente, como agente potencial na
guerra química. Foi constatado que a extrema toxicidade desses compostos era decorrente
da inativação “irreversível” da AChE, resultando em inibição prolongada da enzima.
PRINCIPAL
DURAÇÃO
FÁRMACO LOCAL DE OBSERVAÇÕES
DA AÇÃO
AÇÃO
Utilizado principalmente no diagnóstico da miastenia gravis
Edrofônio Curta JNM
Ação muito curta para ter uso terapêutico
Utilizada por via intravenosa para reverter o bloqueio neuro-
muscular competitivo
Neostigmina Média JNP
Utilizada por via oral no tratamento da miastenia gravis
Efeitos colaterais viscerais
Fisostigmina Média P Utilizada em forma de colírio no tratamento do glaucoma
Utilizada por via oral no tratamento da miastenia gravis
Piridostigmina Média JNM Mais bem absorvida que a neostigmina e tem duração de ação
mais prolongada
Organofosforado altamente tóxico, com ação muito prolongada
Diflos Longa P
Tem sido utilizado em forma de colírio em casos de glaucoma
Utilizado em forma de colírio no tratamento do glaucoma
Ecotiofato Longa P
Ação prolongada; pode causar efeitos sistêmicos
Convertido em metabólito ativo pela substituição do enxofre
por oxigênio
Paration Longa -
Utilizado como inseticida, mas também causa envenenamento
em humanos
Tabela 6. Fármacos anticolinesterásicos. Legenda: JNM, junção neuromuscular; P, junção pós-ganglionar parassimpá-
tica. Fonte: Rang & Dale: Farmacologia, 2016
ANTICOLINESTERÁSICOS IRREVERSÍVEIS
Ecotiofato Toxicologia
Acetilcolina
Betanecol
Principais representantes:
Carbacol
Mecanismo de ação: ligação
direta aos colinoceptores
Pilocarpina
AGONISTAS
COLINÉRGICOS DE Hipotonia da bexiga
AÇÃO DIRETA e do TGI
Usos: Glaucoma
Diagnóstico de miastenia
ANTICOLINESTERÁSICOS gravis (edrofônio)
REVERSÍVEIS
Tratamento de
miastenia gravis
Usos:
Glaucoma
Efeitos adversos: estimulação
trocar
colinérgica generalizada,
convulsões (fisostigmina) Antagonista de bloqueadores
neuromusculares competitivos
Ecotiofato
Mecanismo de ação:
inibição trocar
irreversível da Malation
anti-Ache (ligação covalente)
ANTICOLINESTERÁSICOS
Glaucoma
IRREVERSÍVEIS
trocar
Usos:
Inseticidas (Paration, Malation)
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Whalen, Karen. Finkel, Richard. Panaveli, Thomas A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2016.
Rang H. P., et al. Rang & Dale: farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
Bruntos, Laurence L. Chabner, Bruce A. Knollmann, Bjorn C. As bases farmacológicas da
terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
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