Você está na página 1de 4

O PAPEL DO ADMINISTRADOR CRÍTICO NA SOCIEDADE

BRASILEIRA EM UM PERIODO DE PANDEMIA

Matheus Machado Ribeiro

Trabalho apresentado para avaliação na


disciplina de Seminário Especial de
Administração Internacional da
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
ministrada pelo professor Renato Nunes
Bittencourt.

Rio de Janeiro
2021
O homem não é capaz de se autoadministrar se não houver desprendimento e
conhecimento necessário, ou seja, se não desenvolvermos a capacidade de questionar, refletir e
analisar profundamente de forma racional e inteligente para buscar a verdade sobre cada
assunto, nos tornamos presas fáceis para sermos manipulados e alienados pelo sistema. Em
toda ocasião e em todos os lugares, todos nós nos administramos. Tanto individualmente, como
coletivamente, na maneira como interagimos com nossas comunidades. Somos seres relutantes
e poucas situações modificam de fato quem somos e o que pensamos.
Assim, como as mudanças organizacionais vem acontecendo, porém muito mais
importante que esta, as mudanças sociais e os comportamentos coletivos continuam mostrando
uma mudança constante, intensificado na pandemia, estes nos levam a questionarmos a respeito
do papel do administrador na sociedade brasileira e como este pode vir a trazer uma mudança
positiva, não só individualmente, mas também podemos e devemos pensar no coletivo.
Dentro de um contexto de pandemia, as interações e processos têm modificado
bastante, sendo acelerado pela tecnologia da informação e com as distancias cada vez mais
curtas, o imediatismo que vivemos tem sido intensificado em todas as esferas sociais. É
importante ressaltar que todos nós somos seres formados por ideologias externas a nós, muitas
anteriores a nós, e de outras culturas no mundo. Em conjunto, há os Aparelhos Ideológicos de
Estado (Althusser, marxista argeliano). Sendo assim, podem ser religiosos, escolar, familiar,
jurídico, político, cultural, sindical e os de informação, que a partir do século 20, tomaram
proporções gigantescas e antes inimagináveis.
Nesse sentido, podemos evidenciar que com a pandemia e crise política em que
vivemos, com valores políticos éticos e culturais que estão em constante mudança – totalmente
voláteis – o comportamento polarizado que a desinformação e a polarização vêm influenciando.
Sendo assim, a descaracterização de nossos próprios alimentos vem se intensificando na
pandemia, em troca de comidas cruas e frias ou fast-foods americanos que é imposto pela
alienação que sofremos da cultura alimentar advinda do liberalismo. Com isso, é criada uma
necessidade que não é natural, mas sim imposta, a fim de explorar os mercados internacionais
com o objetivo de acumular lucros descomedidos. Dentro desse cenário de má administração de
valores, que resulta na alienação das massas e na proteção dos interesses de pequenos núcleos,
temos por exemplo os desastres que são causado pela agropecuária artificial, fazendo com que
a atividade rural venha se tornando apenas mais um elo da cadeia industrial capitalista
(envolvendo desde mineração, indústrias de equipamentos pesados, irrigação, combustíveis,
adubos, sementes geneticamente manipuladas, plásticos, transporte, embalagens, propaganda,
alimentos altamente tóxicos para a saúde humana e lojas sofisticadas para vendê-los) que
envolvem interesses parciais gigantescos, que por meio da racionalidade instrumental centrada
no mercado, visa exclusivamente o lucro.
Particularmente, me interesso bastante pela agricultura sintrópica, além da soberania
alimentar, onde o direito dos povos a alimentos nutritivos e culturalmente adequados,
acessíveis, produzidos de forma sustentável e ecológica e o direito de decidir seu próprio
sistema alimentar e produtivo é estabelecido através de hortas comunitárias, ou seja, esta é
mantida por um grupo de pessoas da mesma comunidade e não apenas por um único produtor.
Esta prática nos reconecta com a terra e em um mundo globalizado onde muitas pessoas
acham que a comida vem do mercado, nos lembra que esta vem da terra, do campo e
normalmente dos subúrbios fora da fronteira das grandes metrópoles. O direito de saber de
onde está vindo o alimento que se encontra em sua mesa, garante também a segurança
alimentar, tendo a noção de como o alimento foi tratado durante o período de crescimento até
a sua colheita. Além disso, tratamos não só da pré alimentação, mas também dos pós
alimentação, em um modelo de consumo que extrapola o equilíbrio ambiental, devemos
pensar em como este produto virá a ser descartado. Trabalhar com agroecologia na pandemia
dentro de uma crise ética e moral tem sido resistência. Em sumo explicitamos durante a
pandemia que o indivíduo que não é capaz de se autoadministrar, se torna mais suscetível a
ser manipulado, tendo em vista que esse não tem o desprendimento necessário para chegar à
fonte verdadeira de informação, se tornando apenas mais uma peça dentro do jogo do sistema,
a qual pode ser substituída.
A consciência do papel social de cada indivíduo que deve saber se administrar
promove a capacidade de pensar sobre as verdades impostas pela sociedade dominante. Não
devemos aceitar a imposição de qualquer dogma, comportamento, conjunto de crenças,
valores ou opiniões, sem que antes haja um exercício do pensar criticamente acerca dos
assuntos abordados, ou na maioria das vezes, impostos. A capacidade de refletir sobre os
assuntos é uma capacidade inerente a educação recebida e a busca contínua de fontes de
informação verdadeiras.
Um administrador não deve nunca se contentar com o que lhe é apresentado sem um
questionamento, deve sempre buscar respostas que possam vir a mudar um determinado
fenômeno. A competência de desenvolvermos um senso crítico é fundamental. A palavra
crítica nos mostra que nunca devemos aceitar sem questionar, visto que questionar é pensar.
Tornando se um indivíduo crítico, que deve entender que está inserido e faz parte do
sistema em que vivemos, mas que, porém, não precisa aceitar o senso comum. Gerando assim
mudanças dentro de si, que ultrapasse a barreira individual, e seja amplificado para os atores
próximos, gerando uma mudança coletiva.

Você também pode gostar