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INTRODUÇÃO

O Ensino Médio é a etapa da Educação Básica que mais sofre com


gargalos. A evasão escolar cresce vertiginosamente no fim do
Ensino Fundamental. Segundo dados de 2020 do IBGE, de 50
milhões de jovens de 14 a 29 anos no país, mais de 10 milhões
não completaram a Educação Básica. O principal motivo, para
39,1% desses jovens, é a necessidade de trabalhar, seguida pelo
desinteresse, relatado por 29,2% deles. Isso se reflete em dados
preocupantes, como o de que mais de 70% dos estudantes que
saem do Ensino Médio têm pouca proficiência em Matemática e
Português.

O Novo Ensino Médio é a mudança estabelecida para tentar


reverter esse quadro, ao propor diretrizes de organização
curricular que se alinham melhor às necessidades e anseios
inerentes à realidade dos jovens do século 21. Essa mudança
se justifica pelo fato de que a estrutura educacional anterior não
corresponde mais ao que se espera da formação dos cidadãos
nos contextos atuais, algo que se evidencia no alto índice de
desinteresse pela escola.

Assim, o Novo Ensino Médio propõe uma nova perspectiva de


educação para a etapa, que se baseia no aumento da carga horária
desse segmento, e também na introdução de duas mudanças
essenciais para o aprofundamento das aprendizagens e para a
formação integral desses alunos: os Itinerários Formativos e o
Projeto de Vida. Neste infográfico, você entenderá melhor quais são
e como funcionam essas mudanças. Boa leitura!
A BNCC DO
ENSINO MÉDIO
O Novo Ensino Médio está estruturado em dois pilares de organização
curricular: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os Itinerários
Formativos. Falaremos, agora, especificamente da BNCC.

A BNCC é o documento normativo que define as aprendizagens essenciais


que todo estudante deve alcançar. Trata-se da formação geral básica, a parte
comum e obrigatória do Ensino Médio. No novo modelo, a carga horária para
esta parte deve ocupar um total de 1.800 horas, distribuídas entre três anos.

A BNCC define essas aprendizagens por meio de competências e habilidades.


De acordo com a BNCC, “(...) competência é definida como a mobilização de
conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas
e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da
vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”. Já
as habilidades “(...) expressam as aprendizagens essenciais que devem ser
asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares”. Elas são compostas
pelo conteúdo e os processos cognitivos correspondentes que devem ser
tratados em sala de aula.

As competências podem ser gerais (comuns a todos os segmentos da


Educação Básica) ou específicas de área do conhecimento. Já as habilidades
são específicas de área do conhecimento ou componente curricular.

O Ensino Médio está organizado em quatro áreas do conhecimento:


Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da
Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, sendo
que cada uma traz competências e habilidades específicas.

As competências e habilidades de cada uma das quatro áreas trabalham


todo o conteúdo das disciplinas específicas (Matemática, História, Geografia,
Sociologia, Filosofia, Química, Biologia, Física, Educação Física, Arte, Língua
Inglesa) de maneira interdisciplinar (dentro da área), com exceção de Língua
Portuguesa, que também tem habilidades específicas para este componente.
A GRANDE NOVIDADE DO NOVO
ENSINO MÉDIO: CONHEÇA OS
ITINERÁRIOS FORMATIVOS
O segundo pilar em que se baseia o Novo Ensino Médio são os Itinerários Formativos,
a grande novidade trazida pelo formato. Trata-se da parte flexível do currículo, uma
vez que pode ser escolhida pelo estudante de acordo com suas necessidades
e aspirações pessoais. Essa parte do currículo deve ocupar um total de 1.200 horas,
distribuídas entre os três anos.

Os Itinerários Formativos têm como objetivos aprofundar aprendizagens, promover


a formação integral de cada estudante, desenvolver habilidades relacionadas ao
protagonismo juvenil, bem como estimular a consolidação de princípios éticos
e socioambientalmente responsáveis. Além disso, os Itinerários Formativos
aproximam o estudante do mundo do trabalho e das decisões que os esperam ao
fim do Ensino Médio.

Assim, as diretrizes legais do Novo Ensino Médio estabelecem que os itinerários


formativos podem ser organizados considerando cinco direcionamentos diferentes:

ITINERÁRIO DE ITINERÁRIO DE ITINERÁRIO DE


CIÊNCIAS HUMANAS CIÊNCIAS DA NATUREZA E LINGUAGENS E SUAS
E SOCIAIS APLICADAS; SUAS TECNOLOGIAS; TECNOLOGIAS;

ITINERÁRIO DE ITINERÁRIO DE
MATEMÁTICA E SUAS FORMAÇÃO TÉCNICA
TECNOLOGIAS; E PROFISSIONAL

Entretanto, essa organização não é obrigatória, e as instituições de ensino têm


autonomia para compor itinerários integrados entre duas ou mais áreas, se assim
desejarem - sem deixar de lado a necessidade de dar possibilidade de escolha para
os estudantes.
Além da organização por áreas, os itinerários formativos devem ser criados
obrigatoriamente com base em quatro eixos estruturantes. Cada itinerário deve
passar por pelo menos um deles, mas preferencialmente por todos. São eles:

INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA: PROCESSOS CRIATIVOS:


Conhecimento de práticas e
produções científicas, habilidade Conhecimento de arte, cultura,
de investigar, pensar e fazer mídia, de pensar e fazer criativo,
científico, visando à melhoria da criação de soluções inovadoras que
vida em comunidade. melhorem a vida em comunidade.

MEDIAÇÃO E INTERVENÇÃO EMPREENDEDORISMO:


SOCIOCULTURAL:
Conhecimento de problemáticas Conhecimento do mundo
relacionadas à vida humana e ao do trabalho, de iniciativas
planeta, atuação socioambiental empreendedoras, uso de
e cultural, mediação de conflitos inovação para atuar com
da comunidade. protagonismo na comunidade.

Nessa organização, os itinerários formativos podem ser compostos por disciplinas,


projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outros componentes curriculares que
visem a atender esses objetivos. Assim, os itinerários formativos não são aulas ou
atividades de reforço, revisão, ou extraídas da formação geral básica.
PROJETO DE VIDA
DOS ESTUDANTES
Um dos problemas mais latentes que levaram à elaboração de um Novo Ensino
Médio está na desconexão que o modelo anterior promovia entre a escola e o
estudante, que não entendia por que aprendia o que aprendia, e que utilidade
esses conhecimentos poderiam ter em seu futuro.

Um dos problemas associados a isso é o fato de que esse modelo anterior


não estabelecia como base o trabalho com o Projeto de Vida dos estudantes,
isto é, o processo de autoconhecimento por meio do qual é possível estabelecer
planos futuros, metas, descobrir interesses e paixões e, então, delinear caminhos
possíveis para o atingimento de objetivos.

Assim, o Novo Ensino Médio estabelece que a escola deve trabalhar o Projeto de
Vida dos estudantes, tanto por meio da Formação Geral Básica, quanto por meio
dos Itinerários Formativos. Uma das dez competências gerais da educação
básica, estabelecidas na BNCC, diz: “valorizar a diversidade de saberes e
vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade,
autonomia, consciência crítica e responsabilidade.”

É de responsabilidade das escolas, então, criar estratégias para viabilizar


que cada estudante desenvolva seu próprio projeto de vida. Orientação
profissional, disciplinas específicas voltadas ao autoconhecimento, estímulo à
elaboração de metas para alcançar objetivos são alguns exemplos do que pode
ser feito. O processo do projeto de vida pode começar desde o início do Ensino
Médio, ajudando estudantes a escolher, inclusive, o próprio itinerário formativo.
A NORMATIZAÇÃO DO
NOVO ENSINO MÉDIO
O Novo Ensino Médio foi estruturado visando à atualização das premissas
definidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que
regulamenta o sistema educacional brasileiro. As finalidades do Ensino Médio, de
acordo com o texto da lei, são:

“I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino


fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar


aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas
condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação


ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos


produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.”

Além disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Novo Ensino Médio


estabelecem que, além das considerações gerais estabelecidas na Constituição e na
LDB, o Ensino Médio deve ser orientado pelos seguintes princípios:

I - formação integral do estudante, expressa por valores, aspectos físicos, cognitivos


e socioemocionais;

II - projeto de vida como estratégia de reflexão sobre trajetória escolar na


construção das dimensões pessoal, cidadã e profissional do estudante;

III - pesquisa como prática pedagógica para inovação, criação e construção de novos
conhecimentos;

IV - respeito aos direitos humanos como direito universal;

V - compreensão da diversidade e realidade dos sujeitos, das formas de produção e


de trabalho e das culturas;
VI - sustentabilidade ambiental;

VII - diversificação da oferta de forma a possibilitar múltiplas trajetórias por parte


dos estudantes e a articulação dos saberes com o contexto histórico, econômico,
social, científico, ambiental, cultural local e do mundo do trabalho;

VIII - indissociabilidade entre educação e prática social, considerando-se a


historicidade dos conhecimentos e dos protagonistas do processo educativo;

IX - indissociabilidade entre teoria e prática no processo de ensino-


aprendizagem.”

Considerando essas premissas, o texto da BNCC transparece o entendimento


da educação brasileira sobre quais são as finalidades do Ensino Médio na
contemporaneidade, considerando o contexto de transformação tecnológica no
qual os jovens do século 21 estão inseridos desde o nascimento. De acordo com o
texto do documento:


“A dinâmica social contemporânea nacional e internacional,
marcada especialmente pelas rápidas transformações decorrentes
do desenvolvimento tecnológico, impõe desafios ao Ensino Médio.
Para atender às necessidades de formação geral, indispensáveis ao
exercício da cidadania e à inserção no mundo do trabalho, e responder à
diversidade de expectativas dos jovens quanto à sua formação, a escola
que acolhe as juventudes tem de estar comprometida com a educação
integral dos estudantes e com a construção de seu projeto de vida.”

O entendimento da BNCC, nesse sentido, é de que a escola deve consolidar


e aprofundar, no Ensino Médio, os conhecimentos adquiridos nas etapas
anteriores, além de oportunizar que esses estudantes consigam direcionar
seus estudos de acordo com o que mais lhes interessam, sem perder em
formação. Além disso, a BNCC considera que todo estudante deve ter garantidos
seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, com base na aquisição de
conhecimentos sobre fundamentos científicos e tecnológicos, bem como deve
ter assegurada sua preparação básica para o trabalho e para a cidadania, e seu
aprimoramento como pessoa humana.
CONCLUSÃO
A proposta para o Novo Ensino Médio apresenta um desafio para as escolas:
a adequação às novas diretrizes curriculares é um processo que demanda
bastante trabalho e, em alguns casos, recursos adicionais para garantir que
a transição seja feita da melhor maneira possível. Embora essa adequação
possa parecer complicada, é importante que as escolas a vejam como uma
oportunidade de construir uma educação significativa para os estudantes do
Ensino Médio, e de reverter o processo de desinteresse gradativo que se verifica
em estudantes egressos do Ensino Fundamental.

Construir essas novas bases da educação pode ser a chave que leva a um futuro
melhor, a longo prazo, para a sociedade como um todo, uma vez que estudantes
engajados e motivados a dar continuidade à própria formação também são
aqueles que podem mudar o futuro do país.
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