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UNIDAVI -CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ

Responsabilidade Civil / 7ªFASE


PROFESSORA: VANESSA CRISTINA BAUER
ALUNA: JÚLIA LUCHTENBERG EYNG 1011145

QUESTÃO 1

RESPOSTA

A resposta da questão se dá pela Teoria do Risco Administrativo, sendo aplicado o


Art. 37, § 6º, da Constituição Federal - CF/88, que estabelece "As pessoas jurídicas
de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".
Dessa maneira temos que a responsabilidade do estado em regra é objetiva,
enquanto a de seus agentes é subjetiva. O estado responde pelo nexo causal, este
devendo ser comprovado. No caso descrito na questão, está nítido o nexo causal,
uma vez que o portão da escola se encontrava aberto e sem vigilância alguma.

Compartilha deste entendimento e tece comentários a respeito Yussef Cahali:

Em outros termos, a responsabilidade implica a assunção de responsabilidades pelo


risco criado pelas atividades impostas ao órgão público; ao nível da
responsabilidade objetiva – e, consequentemente, da teoria do risco criado pela
atividade administrativa, descarta-se qualquer indagação em torno da falha do
serviço ou culpa anônima da Administração. (2012, p. 33)

De acordo com esta teoria não há a necessidade de provar a responsabilidade do


Estado, ou do agente estatal, apenas demonstrar o nexo de causalidade entre a
conduta do agente e o dano/ experimentado.

O que é explicado com clareza por Yussef Cahali:

A responsabilidade objetiva tende a se bastar com o simples nexo de causalidade


material, eliminada a perquirição de qualquer elemento psíquico ou volitivo; a
aceitação incondicionada da teoria da responsabilidade objetiva, bastando-se com a
identificação do vínculo etiológico – atividade do Estado, como causa e dano sofrido
pelo particular, como consequência. (2012, p. 30).
Neste sentido, o Tribunal de Justiça decidiu

REEXAME NECESSARIO - AÇAO DE INDENIZAÇAO


POR DANOS MORAIS, ESTETICOS E MATERIAIS -
ATROPELAMENTO DE MENOR ENQUANTO ESTAVA
AOS CUIDADOS DA ESCOLA MUNICIPAL -
ANALISE DO PLEITO COM BASE NA TEORIA
SUBJETIVA - REQUISITOS PARA CONFIGURAÇAO
DA RESPONSABILIDADE CIVIL PREENCHIDOS -
DEVER DO MUNICIP IO DE REPARAR OS DANOS -
QUANTUM INDENIZATORIO E PENSIONAMENTO
CORRETAMENTE FIXADOS - ADEQUAÇAO DOS
CONSECTARIOS LEGAIS - REMESSA
PARCIALMENTE PROVIDA. (Reexame Necessário n.
2008.005642-7, de Trombudo Central, rel. Des. Cláudio
Barreto Dutra, j. em 24/03/2011).

QUESTÃO 2

RESPOSTA

No caso em questão, há a possibilidade de afastamento da legitimidade passiva do


motorista sendo aplicado o Art. 37, § 6º, da Constituição Federal - CF/88, que
estabelece "As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa".

O STF tem diretriz jurisprudencial utilizando da teoria da Dupla Garantia, que


entende que um servidor público não poderia ser responsabilizado, porém havendo
dolo ou culpa a Administração deve entrar com ação contra o mesmo.

REEXAME NECESSARIO E APELAÇOES CIV EIS.


AÇAO DE INDENIZAÇAO POR DANOS MORAIS.
ACIDENTE DE TRANSITO. MORTE DE INFANTE (5
ANOS) TRANSPORTE ESCOLAR MUNICIPAL.
SENTENÇA DE PROCEDENCIA. (...)ILEGITIMIDADE
PASSIVA DO SERVIDOR PÚBLICO DECLARADA DE
OFÍCIO, ANTE O QUE RESTOU DECIDIDO PELO
STF NO RE 1027633 (TEMA 940 DA REPERCUSSÃO
GERAL). RECURSO INTERPOSTO PELO
MOTORISTAQUE SE MOSTRA PREJUDICADO. NÃO
CONHECIMENTO. (...) (Apelação n.
0000097-82.2013.8.24.0007, do Tribunal de Justiça
de Santa Catarina, rel. Vilson Fontana, Quinta
Câmara de Direito Público, 10-12-2020).

Neste sentido a doutrina de José Afonso da Silva conclui pela possibilidade de de


responsabilização direta apenas do Estado

“A obrigação de indenizar é da pessoa jurídica a que


pertencer o agente. O prejudicado há que mover a
ação de indenização contra a Fazenda Pública
respectiva ou contra a pessoa jurídica privada
prestadora de serviço público, não contra o agente
causador do dano. O princípio da impessoalidade vale
aqui também.” (SILVA, José Afonso da. Comentário
contextual à Constituição. 8.ed. São Paulo: Malheiros,
2012, p. 355)

Hely Lopes Meirelles comunga da mesma compreensão:

A responsabilização civil de servidores por danos


causados a terceiros no exercício de suas atividades
funcionais depende da comprovação da existência de
dolo ou culpa de sua parte em ação regressiva
proposta pela pessoa jurídica de Direito Público
obrigada, objetivamente, à reparação do dano, nos
termos do art. 37, §6º, da CF. De fato, o §6º do art. 37
estabelece a responsabilidade sem culpa, por isso
denominada objetiva, das entidades de Direito Público
(União, Estados, Distrito Federal, Municípios, suas
autarquias e fundações públicas de Direito Público) e
de Direito Privado prestadoras de serviço público pelos
prejuízos causados por seus agentes a terceiros em
decorrência da atividade administrativa. Todavia, o
dispositivo constitucional veda a transferência dessa
responsabilidade ao servidor imputável, impondo seu
chamamento a juízo não pelo lesado, mas pela
entidade interessada em ressarcir-se, a qual, para
tanto, deverá demonstrar a culpa do referido servidor,
em ação autônoma.” (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito
Administrativo Brasileiro. 41.ed. São Paulo: Malheiros,
2015, p. 569)

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