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Requer, ainda, seja atribuído ao presente recurso efeito ativo, na aná lise do
presente pelo Desembargador Relator.
Defensor(a) Pú blico(a)
Unidade de XXXXXXXXXXX
Agravante: XXXX
Agravado: ESTADO DE SÃO PAULO
Origem: Autos nº XXXX
5ª Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital – SP
Ocorre que a agravante, juntamente com sua família, têm motivos concretos
para nã o acreditar na versã o oficial explicitada: pairam suspeitas contundentes de que teria sido
assassinado, especialmente diante dos relatos daquele de que viria sofrendo maus tratos e de que, a
despeito das dificuldades, nunca tiraria a pró pria vida.
II – Da tempestividade do recurso
Na espécie, resta evidente que a forma como houve o envio do cadá ver ao
Brasil, lacrado, sem possibilidade de abertura para reconhecimento pela família, bem como as
circunstâ ncias obscuras da morte do filho da autora, trazem suspeita razoá vel sobre a justificativa
oficial oferecida pelo Estado estrangeiro.
Ainda, é certo que as cartas revelam relatos de maus tratos e ameaças sofridas,
levantando questionamentos que perpassam a possibilidade de açõ es da mais alta gravidade, como
execuçã o sumá ria, tortura ou mesmo desaparecimento forçado – este ú ltimo potencializado pela falta
de reconhecimento o cadá ver e de realizaçã o de exame de DNA apto a constatar que o corpo enviado
efetivamente pertence a Josefá .
1
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 623.
ENDEREÇO DA UNIDADE - TELEFONE
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“235. A Corte considerou em numerosos casos que os familiares das vítimas
de violações dos direitos humanos podem ser, ao mesmo tempo, vítimas.
A esse respeito, este Tribunal considerou que se pode presumir um dano à
integridade psíquica e moral dos familiares diretos de vítimas de certas
violações de direitos humanos, aplicando uma presunção juris tantum a
respeito de mães e pais, filhas e filhos, esposos e esposas, companheiros e
companheiras permanentes (doravante “familiares diretos”), sempre que
corresponda à s circunstâ ncias particulares do caso. No caso desses
familiares diretos, cabe ao Estado descaracterizar essa presunção. [...].
Ora, o direito vindicado mediante exercício da açã o (CRFB, art. 5º, XXXV) é o
direito à verdade. Este vem sendo obstado por açã o nã o apenas do Estado de Sã o Paulo, como também
– e principalmente – do Cemitério, que inviabiliza a exumaçã o e, portanto, os exames médicos aptos a
atestar a verdade dos fatos e interromper a violaçã o de direitos da família do de cujus.
Ou seja, mesmo que seja admitida como norma geral, a limitaçã o deverá ceder
aos interesses e direitos em jogo na hipó tese concreta, fazendo prevalecer aqueles consagrados pela
normativa internacional e constitucional em comento, privilegiada de forma indiscutível pela ordem
jurídica.
“Fora dos prazos estabelecidos no item 13.1, a exumação de corpos pode ser
autorizada, previamente, pela autoridade sanitária estadual nos casos de
Por fim, há ainda elemento de ordem prá tica a ser considerado: o efeito
deletério do transcurso temporal em relaçã o aos vestígios de eventuais violaçõ es graves a direitos
humanos, bem como no tocante aos pró prios elementos identificadores da causa mortis e do material
genético do cadá ver enviado ao Brasil.
Assim, por qualquer â ngulo que se observe a questã o, com todas as vênias,
deve ser reformada a decisã o de origem, nã o apenas para determinar a inclusã o do Cemitério no polo
passivo, como também – e especialmente – para ordenar a exumaçã o do cadá ver, em prestígio aos
direitos vindicados na açã o subjacente.
Quanto ao anexo da Portaria 01/2011 do Centro de Vigilâ ncia Sanitá ria que
estabelece o prazo mínimo de três anos, contados da data do ó bito, para a feitura da exumaçã o, tem-se
que a observâ ncia de tal disposiçã o neste caso excepcional configuraria uma arbitrariedade.
O artigo 527, III, do Có digo de Processo Civil determina que “o relator poderá
atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipaçã o de tutela, total ou
parcialmente, a pretensã o recursal, comunicando ao juiz sua decisã o”.
O perigo na demora, por sua vez, também está presente, nos termos já
expostos supra e, por via reflexa, já reconhecidos quando da concessã o da tutela antecipada no tocante
à realizaçã o dos exames – eis que têm o mesmo fundamento.
V - DO PEDIDO
Defensor(a) Pú blico(a)
Unidade de XXXXXXXXXXX