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Cirurgia

Semestre VI

2020
FAM - SP
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

Ambiente cirúrgico
• Setor do hospital onde se realizam intervenções
cirúrgicas, visando atender a resolução de intercorrências,
por meio de uma equipe integrada.
• Realizadas técnicas estéreis para garantir a segurança do
paciente, quanto ao controle de infecções;
• O ambiente cirúrgico e as atitudes dos participantes do
ato operatório são peculiares.
• Calmo e silencioso;
• Atenção com detalhes próprios e sistematização;
• Paramentação;
• Escovação das mãos e antebraços;
• Conhecimento dos materiais cirúrgicos.

Localização
• Deve ocupar uma área independente da circulação geral,
de preferencia de um andar separada;
• Livre de trânsito de pessoas e materiais estranhos ao Intervenção/Operação cirúrgica
serviço;
• Mínimo ruído possível; • É o conjunto de gestos manuais ou instrumentais que o
• Fácil acesso de pacientes provenientes das Unidades de cirurgião executa, na intenção da realização de ato
internação cirúrgicas, pronto socorro e UTI. cruento, com finalidade terapêutica, diagnóstica ou
estética.
Equipe • Operações fundamentais são atos cirúrgicos simples, que
associados permitem a execução de cirurgias complexas.
• Composta por médicos, cirurgiões, anestesistas,
instrumentadores, enfermeiros, técnicos de enfermagem Paramentação
e pessoal da limpeza;
• Integração com laboratório, radiologia, banco de sangue, • Utilização de roupas especiais – pijama cirúrgico.
anatomia patológica [...]. • Remover joias, pulseiras, anéis e relógios.

Áreas do centro cirúrgico


 Área não restrita: área de acesso, onde os profissionais
podem circular livremente por estas áreas, sem roupas
especiais. Vestiário, secretaria e corredor de entrada.
 Área semi-restrita: área de atendimento assistencial no
pré e pós operatório. Permite a circulação de pessoal com
roupa privativa do CC e gorro; de modo a não intervir nas
rotinas de controle e manutenção da assepsia. Expurgo,
sala de limpeza/preparo de material, posto de
enfermagem, conforto médico e sala de recuperação
anestésica.
 Área crítica: permite a circulação de pessoal com roupa
privativa, gorro e máscara. Utilizada de maneira rigorosa
a fim de diminuir os riscos de infecção. Salas de cirurgia,
lavabos, sala de depósito de materiais esterilizados.
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello
ESCOVAÇÃO LAVAGEM CIRÚRGICA
• Mais usados: Clorexidina ou PVPI degermante (tipo um
sabonete, pois produz bastente espuma);
• Deve remover a flora transitória da pele, e parte da flora
residente;
Flora transitória também chamada de flora de
contaminação: é formada por microorganismos de tipo e
virulência variadas, que não demonstram esterem
consistentemente em todas as pessoas, depositando-se
na superfície da pele e sendo facilmente removidos.
Flora residente conhecida por flora de colonização: é
contituida por microorganismos persistentes isolados na
pele da maioria das pessoas, que sobrevivem e se
multiplicam nos folículos pilosos e são de remoção facil.
• Novas soluções antissépticas possuel maior efeito residual
e diminuem o tempo de escovação;
• Existem alguns produtos que despensa a escovação, só
nessecitando uma lavavem cirúgica.
• Escovação: 3-5 minutos (5 min na primeira escovação; 3
min nas próximas escovações entre uma e outra cirurgia).
1. Inicialmente, lavar as mãos e espalhar os
antisséptico;
2. Dividir a mão e antebraço em 3 partes; COLOCAÇÃO DO AVENTAL CIRÚRGIC O
3. Escovar as unhas e pontas dos dedos; • Não pode encostar o avental no próprio corpo, somente
4. Escovar as palmas e dorso das mãos; na parte interna ou na gola.
5. Escovar cada um dos dedos;
6. Escovar o terço distar do antebraços e depois o terço
proximal e cotovelos;
7. Enxaguar com a água correndo em direção do
cotovelo;
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello
COLOCAÇÃO DAS LUVAS • Medidas que vida diminuir o crescimento de micro-
organismos mediante a aplicação de um agente
• Somente pegar na parte dobrada da luva;
germicida;
• Na forma alcoólica, ideal para antissepsia de campo
operatória (pele íntegra);
• Utilizado na forma tópica para antissepsia de mucosas e
feridas abertas.

Os antissépticos são substâncias hipoalergênicas de baixa


causticidade, que matam ou inibem o crescimento de
micro-organismos, quando aplicados sobre a pele ou
mucosas;
Perdem sua efetividade sobre a influencia da luz,
temperatura e tempo;
Estas substâncias antimicrobianas devem possuir
propriedades como:
- Rápida ação de início;
- Persistente ação residual;
- Não ser irritante para a pele.

ÁLCOOL ETÍLICO 70%


- Sua ação é imediata e age até três horas após a
exposição;
- Não possui efeito residual;
Preparação Antisséptica da Pele - É indicado para desinfetar artigos semi-críticos, e
superfícies fixas;
• Realiza-se a aplicação de antissépticos sobre a região a ser - Antssepsia das mãos após lavagem;
operada, imediatamente antes do ato cirúrgico; - Antissepsia da pele antes de venopunção;
• Em direção da área mais central para a periferia;
• De acordo com a área a ser preparada, com a condição da CLOREXIDINA
pele e de hipersensibilidades do paciente conhecidas;
- Degermante, tópico e alcoólico;
• Soluções à base do álcool devem ser evitados em mucosas
- Sua ação inicia-se com 15 segundos de fricção e o efeito
e feridas abertas;
residual é 5 a 6 horas;
• Deve-se ter o cuidado de evitar o acúmulo de soluções sob
- Tem sua ação diminuída por sabão, soro, sangue e
o paciente (risco de queimaduras químicas).
detergente;
- Usado na escovação cirúrgica de mãos e antebraço
ASSEPSIA (degermante);
• Exclusão total de micro-organismos; - Usada na degermação de campo cirúrgico (tópico ou
• Conjunto de medidas que visa diminuir o número de alcóolica);
micro-organismos e evitar sua disseminação ou - Usada para banho de RN;
contaminação de uma área ou objeto estéril; - Em caso de alergia ao PVPI.
• Precaução da contaminação de artigos, superfícies ou
tecidos que se supõe estéreis. POLIVINIL PIRROLIDONA IODO (PVPI)
• Exclusão de micro-organismos que produzem infecção;
- Degermante, tópico e alcoólico;
- Necessita de 2 minutos para começar a agir e efeito
ANTISSEPSIA residual é de 6 a 8 horas;
• Procedimento de supressão ou inibição do crescimento de - Contra-indicado seu uso em RN;
micro-organismos da pele ou mucosas, utilizando-se - Utilizado para escovação cirúrgica pré-operatória
substancias antissépticas. (degermante);
- Usado na degermação de campo cirúrgico.
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

Colocação de campos cirúrgicos


• Posicionado ao redor do local da operação;
• É uma barreira para proteger os tecidos expostos da
contaminação por micro-organismos;
• Proteção da equipe cirúrgica de contaminação de fluídos
corporais dos pacientes;
• Dois tipos:
- Reutilizável: feitos de tecido com trama pesada, algodão
com tratamento químico;
- Descartável: material sintético, de uso único.
→ Inferior primeiro, superior depois, um lado e outro lado.

Posicionamento da equipe cirúrgica


HABILIDADES CIRÚRGICAS

Cicatrização
“O processo de cicatrização tem como objetivo limitar o dano hemostasia) → posteriormente ocorre uma
tecidual e permitir o restabelecimento da integridade e vasodilatação (aumento de fluxo de sanguíneo para
funções dos tecidos afetados.” região).

 Reparação (cicatrização) x regeneração:


1ª fase: hemostasia
• Cicatrização (reparação): o tecido lesado é substituído
por um tecido conjuntivo vascularizado (tecido de • Vasoconstrição (dura poucos minutos) + agregação
granulação), isso ocorre na maior parte dos órgãos. Ex: plaquetária + ativação da coagulação, com formação
pele, sistema nervoso e cartilagens. de uma rede de fibrina;
• Regeneração: é um processo mais raro. O tecido lesado - Rede de fibrina irá aprisionar as hemácias, plaquetas
será substituído por um tecido morfo-funcionalmente → formando um tampão que irá ocluir os vasos para
idêntico. Ex: tecidos hematopoiéticos, ossos e fígado. controlar o sangramento.

 Fases da cicatrização:
- Fase inflamatória;
- Fase proliferativa ou de fibroplasia; 2ª fase: inflamatória – vasodilatação
- Fase de maturação ou remodelação.
• Vasodilatação que ocorre decorrente de mediadores
Todas essas fases ocorrem imbricadas, ou seja, uma químicos; → chegada de um grande número de
é parcialmente coberta pela anterior e assim cobre a células para o local - leucócitos, neutrófilos,
subsequente. monócitos, linfócitos, eosinófilos e basófilos.
- Neutrófilos: primeiras células a chegar no local →
combate e previne bactéria.
- Os monócitos, que estão dentro do vaso, ao saírem
do vaso e migrarem para o tecido se tornaram
macrófagos→ irão fazer a limpeza da ferida através
de fagocitose.
Os macrófagos são imprescindíveis para o processo
da cicatrização.

3ª fase – início da epitelização

• A epitelização só ocorre efetivamente no final da fase


Durante toda a cicatrização ocorre a produção de de fibroplasia, porém tem seu início na fase
colágeno que ocupa o espaço vazio onde ocorreu a inflamatória.
lesão → tecido então vai sendo preenchido pelo • 12 horas após a lesão;
colágeno, que inicialmente é produzido
• Objetiva o fechamento da ferida.
aleatóriamente e posteriormente é produzido em
melhor qualidade durante a fase de maturação. • No momento da vasodilatação: ↑ permeabilidade capilar,
extravasamento de líquidos para o espaço extracelular →
• A duração de cada uma das fases depende do grau da edema local → hiperemia (rubor e calor local) +
lesão! sensibilidade aumentada (dor no local).

Fase inflamatória Fase proliferativa


• Duração: aproximadamente de 1 a 4 dias; • Duração: aproximadamente 3-15 dias;
A célula lesada libera histamina, serotonina, bradicinina • Visa o fechamento da lesão – preencher o espaço morto
[...] → tais mediadores inicialmente - no momento da com tecido de granulação que é rico em fibroblastos –
lesão, causam uma vasoconstrição (visa gerar uma produz colágenos;
HABILIDADES CIRÚRGICAS
• Fibroblasto é a principal célula;
• Ocorre angiogênese, que permite a formação de novos
Tipos de cicatrização
vasos dentro do tecido de granulação;
• Cicatrização por primeira intenção: bordas da ferida são
Angiogênese é estimulada pela hipóxia; proveniente aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência
dos capilares das margens da ferida. Os mediadores de infecção e edema mínimo. → Tecido de granulação não
químicos que estão presente na fase: VEGF, FGF, EGF [...]. visível.
• Fibroblastos + vasos neoformados + base de sustentação
formada por colágeno → tecido de granulação (tecido
vermelho vivo, muito vascularizado);
• O colágeno que está sendo formado → colágeno tipo III;
• Continua a epitelização superficialmente;
• No final da fase proliferativa alguns fibroblastos • Cicatrização por segunda intenção: ferida aberta, ocorre
começam a se transformar em miofibroblastos – visando perda excessiva de tecido e presença de infecção;
a próxima fase. processo mais demorado, com tecido de granulação
 EPITELIZAÇÃO: termina quando um epitélio de um lado exuberante - presença de detritos dentro da ferida,
encosta no epitélio do outro lado → inibição por contato (pedra, asfalto, grama, terra...), então opta-se por não
Um distúrbio de cicatrização pode causar uma cicatriz fechar a ferida. • Preocupação principal: infecção; estética
hipertrófica ou quelóide – “cicatriz mais alta” → ocorre em 2º plano.
quando não há inibição por contato adequadamente.

Maturação
• Duração: Aproximadamente 7 dias a meses;
• Remodelação, contração da ferida e ganho de força tênsil;
• Evolução da cicatriz que se torna mais claro e plana;
• Diminuição progressiva da vascularização, dos
fibroblastos e macrófagos; aumento do colágeno.
• Substituição do colágeno tipo III → colágeno tipo I;
- O colágeno tipo I é mais rígido e tem disposição em um
único sentido; já o colágeno tipo III é produzido
aleatoriamente e tem disposição em vários sentidos.
 A força de tração é recuperada:
- 3% em 1 semana;
- 20% em 3 semanas;
- 80% em 3 meses. • Cicatrização por terceira intenção: ferida não suturada
inicialmente; em um primeiro momento fica aberta e após
a melhora do quadro infeccioso tem suas bordas
aproximadas e suturadas, no intuito de diminuir o tecido
de granulação. • Poucos pontos, mais largos – para
diminuir a área de cicatriz, mas nunca se compara a uma
cicatriz em “fio de cabelo”.
HABILIDADES CIRÚRGICAS
- Material de incisão: bisturi (muito mais delicado) x
tesoura; abrir a pele com o bisturi elétrico não é o mais
adequado, pois ele queima a pele;
- Uso de eletrocautério;
- Tempo transcorrido entre o trauma e o tratamento;
- Bandagens;
- Área de tesão ou movimento – indicado fazer uma maior
imobilização do local.
• Fatores locais:
- Uso de corticosteróides;
- Radioterapia ou quimioterapia;
- Idade;
- Diabetes melitus descompesada;
- Hiperadrenocorticismo;
- Fumo;
- Hipoproteinemia;
- Hepatopatia: deficiência de fatores de coagulação (a
primeira fase da cicatrização não ocorre como deveria);
- Choque hipovolêmico;
- Uso de anti-inflamatórios – no pós operatório é
interessante o uso para o controle da dor, porém, por
poucos dias, para não atrapalhar o processo cicatricial;
- Oxigênio hiperbárico e fototeratia.

Cicatrização patológica
1. Coloração;
2. Malignização;
3. Cicatrização excessiva.

TRANSTORNOS DA PIGMENTAÇÃO
 Hiperpigmentação: cicatriz fica mais corada. Pode ocorrer
em qualquer raça, mas é mais comum na raça negra.

Importância do tecido de granulação


• Muito resistente à infecção;
• Sobre ele o epitélio migra para fechar a superfície da
ferida;
• Suprimento dos fibroblastos que produzem colágeno;
• Favorece o processo de contração da ferida – pele fecha
 Despigmentação: produz melanócitos no meio da ferida;
de fora para dentro.
existe geralmente uma tendência genética, ou quando
ocorre várias lesões no mesmo lugar.
Fatores que afetam a cicatrização
• Fatores locais:
- Corpo estranho, sujidades, material de sutura, implantes,
tecido necrosado ou isquêmico;
- Infecção;
- Temperatura;
- Coleção de líquidos: hematoma e seroma;
- Espaço morto;
HABILIDADES CIRÚRGICAS
 Fenômeno de Koebner: quando ocorre uma
ferida/cicatriz em um indivíduo que possui uma doença de
pele prévia (psoríase, vitiligo e líquen plano ...). O trauma
ocorreu, por exemplo, no tórax e o paciente possui as
feridas da doença de pele nos cotovelos e joelhos; no local
da cicatrização aparece a doença de pele que ele tem.

MALIGNIZAÇÃO
QUELOIDE
• Ocorre quando há feridas crônicas, dificuldade de
cicatrizar – acomete geralmente diabéticos, pacientes • Estágio avançado de cicatriz hipertrófica;
com insuficiência vascular; • Elevado, avermelhado e muito pruriginoso;
• Essa úlcera que não cicatriza ao longo do tempo pode • Ultrapassa o limite do trauma;
gerar uma alteração da inibição por contato da • Invade o tecido normal adjacente de forma irregular;
celularidade quando encosta uma borda na outra → Pode • Não tem tendência à regressão;
formar carcinomas de células escamosas na ferida. • Pouca resposta ao tratamento.

CICATRIZAÇÃO PATOLÓGICA
• Vários fatores podem influenciar: infecção, desnutrição,
hipóxia, irradiação, idade e drogas (corticosteróides, beta-
aminopropionitrila, D-penicilamidacochicina, colchicina e
agentes quimioterápicos).

CICATRIZAÇÃO EXCESSIVA
 Cicatriz hipertrófica e queloide: são praticamente iguais –
ocorrem em estágios diferentes.
• Incidência:
- Raça negra e amarela;
- Jovens entre 10 e 30 anos;
- Hereditariedade: inconclusivo;
- Regiões torácica anterior e posterior, e deltóidea;
- Raro: pálpebras, genitais, região palmar e plantar.

CICATRIZ HIPERTRÓFICA
• Cicatrizes mais elevadas, avermelhadas e pouco Cicatriz hipertrófica x queloide
pruriginosas;
• É mais elevada, mas não ultrapassa a área do trauma;
• Podem regredir espontaneamente;
• Boa resposta ao tratamento.
HABILIDADES CIRÚRGICAS
• TRATAMENTO:
- Cirúrgico;
- Corticóides;
- Placas de silicone que fazem pressão local para cicatriz
hipertrófica;
- Radioterapia local;
HABILIDADES CIRÚRGICAS

Instrumentação Cirúrgica
- Exemplo: escolhe uma gastrostomia ao invés de uma
Cirurgia gastrectomia ou determinada via de acesso.

• É o conjunto de gestos manuais ou instrumentais que o Diérese


cirurgião executa, na intenção da realização de ato
cruento, com finalidade terapêutica, diagnóstica ou Processo de divisão dos tecidos que possibilita o acesso à
estética. região a ser operada;
• Operações fundamentais são atos cirúrgicos simples, que
associados permitem a execução de cirurgias complexas. - Incisão: ato de separar os tecidos com corte inciso;
- Secção: ato de cortar com a tesoura;
Técnica operatória: geral e especial - Divulsão: ato de separar os tecidos sem corte, com
tesoura (parte romba), mixter, pinças;
• Técnica Operatória Geral: estuda as manobras - Serração: ato de serrar estruturas duras;
operatórias básicas ou gerais.Compreende diversos - Punção: Instrumento perfurante, diversas finalidades.
métodos e instrumentais ordenados em sequência lógica - Dilatação: Aumento do diâmetro de canais ou orifícios
e harmônica. diversos.
▪ Métodos consagrados, que vão evoluindo ao longo dos Se possível, seguir as linhas de Langer ou Kraissil - linhas
anos; de forças da pele. São perpenpendiculares as fibras
▪ Que apresentam os melhores resultados. musculares → importância estética e movimentação do
▪ São conhecimentos gerais necessários a todo cirurgião membro.
(inclui paramentação, escovação cirúrgica, antissepsia e
colocação de campos, posição da equipe, vestuário,
anestesia...).
• Técnica Operatória Especial: estuda cada intervenção em
particular
- Feito de maneira específica;
- Sobre determinada região anatômica;
- Dividida por especialidades cirúrgicas;
- Exemplo: gastectomia, pleurodese, nasoplastia,
craniotomia [...].

Operações fundamentais INSTRUMENTOS


• Bisturi – principal instrumento da diérese.
→ Diérese: toda manobra destinada a criar descontinuidade
→ Segurar em modo empunhadura!
de tecidos. Quando implica na retirada de tecido ou
- Tipo lápis: maior delicadeza e precisão, em incisões
órgão, chama-se exérese;
pequenas e/ou curvas;
→ Hemostasia: Toda manobra destinada a evitar ou
estancar uma hemorragia;
→ Síntese: É a aproximação adequada dos tecidos, visando
apressar a cicatrização.

• Tática cirúrgica: estuda as vantagens e desvantagens da - Tipo arco de violino: incisões longas retilíneas ou curvas
aplicação de um dos métodos, entre os vários existentes: suaves.
- De acordo com a situação;
- Aspectos clínicos e anestésicos do paciente;
- Alterações anatômicas locais;
- Opção do cirurgião – visando o melhor para o paciente;
HABILIDADES CIRÚRGICAS
Incisão: feita de uma vez só, em um único movimento. Iniciar A tesoura de Metzenbaum, apesar de ser maior que a de
perpendicular ao tecido, prosseguir em 45º e terminar vertical Mayo, é mais delicada.
(entra em 90º, puxa em 45º e termina em 90º).
- Tesoura vascular de Potts-smits: tem pontas finas e
- A incisão deve ser feita em um único movimento, de uma anguladas em vários ângulos - cortar vasos.
vez só, sem levantar o bisturi – movendo o pulso ao
mesmo tempo que traciona o braço.

- Tesoura de Íris: pequena e delicada, para cirurgia


oftalmológica

Nº 3 tem uma incisão mais delicada que o nº 4 - Bisturi elétrico: ato de cortar com corrente elétrica; gera
• Tesura: Secção - ato de cortar com tesoura, serra ou calor. Pode ser monopolar ou bipolar:
bisturi elétrico. ▪ Bisturi monopolar:
- Metzembaum: utilizada para divulsionar tecidos o Corrente através do paciente;
orgânicos e fios na cavidade. Menos traumática, com o Hemostasia rápida e efetiva;
extremidades finas e delicadas. o Mais agressivo;
o Necessita placa (terra);
o Dispersa mais energia;
o Maior risco de queimadura;
▪ Bipolar:
o Corrente entre duas mandíbulas;
o Corrente não dispersa no paciente;
o Mais lento;
o Maior precisão de coagulação;
o Permite uso próximo a estruturas delicadas;
o Área coagulada é menor;
- Mayo: mais traumático; para secção de fios na superfície
o Menor risco de lesão;
e para cortar tecidos não orgânicos (gaze, fio).
o Não corta, apenas coagula;

- Bisturi à laser: secção – ato de cortar com luz em


determinado comprimento de onda; gera calor.

- Bisturi Ultrassônico: secção – a ativação ultrassônica do


instrumento é gerada por um conjunto de cerâmicas que
vibram numa frequência de 55 mil vezes por segundo.
Coagulação à baixas temperaturas.
HABILIDADES CIRÚRGICAS
▪ Vantagens: lesão mínima aos tecidos; menos fumaça;
sela vasos de 5 mm; sem corrente elétrica no
paciente.

- Bisturi de Argônio: secção – ato de cortar com gás Rugina Doyen: para costelas
ionizado. Coagulação mais homogênea e pouco profunda.
A energia térmica produz calor superficial e de maneira
uniforme, coagulando os vasos superficiais.

▪ Vantagens: lesão mínima aos tecidos; torna o


procedimento menos invasivo ou traumático; usado
na hemostasia da superfície hepática; usado em
cirurgias de córnea e retina.
- Serra: serração – ato de serrar tecidos duros. Serra de Gigli: ossos de grosso calibre (fêmur)

- Tesoura, mixter, pinças ou afastadores: divulsão – ato de


separar os tecidos sem corte.

- Instrumento perfurante: punção – diversas finalidades;


Drenagem de coleção líquida, colheita de fragmentação
de tecido e de líquidos orgânicos, injeção de contraste ou
medicamentos.
- Dilatação: aumento do diametro de canais ou orifícios
diversos. Usados para aumentar o diâmetro de canais e
orifícios naturais ou de trajetos fistulosos.

Vela de Hegar

Dilatador uretral
HABILIDADES CIRÚRGICAS

Hemostasia
• Processo que tem por objetivo impedir ou coibir a
hemorragia.
• A recuperação da hemostasia eficiente ultrapassa a
própria duração da cirurgia.
- Evita perde excessiva de sangue; • Crile: entalhe em toda a pinça;
- Propicia melhores condições técnicas pra cirurgia; - Pinçamento de vasos viscerais – curva;
- Favorece a cicatrização da ferida; - Repara de fios – reta.
- Previne a infecção e deiscências;
- Evita reoperação para drenagem de hematomas.

TIPOS DE HEMOSTASIA
• Temporária: executada no campo operatório ou a
distância, sendo restabelecido o fluxo sanguíneo a seguir.
Pode ser cruenta ou não;
→ Pinçamento: Com pinças hemostáticas atraumáticas, por
curto tempo; • Halsted: mosquito, pequeno e delicado, entalhe em toda
→ Compressão: Cruenta ou à distância, digital (entre a pinça → A mais delicada.
indicador e polegar) ou contra a superfície óssea;
- Pinçamento de vasos pequenos superficiais – curva;
→ Garroteamento: é incruento. Faixa de Smarch, manguito
- Reparo de fios mais delicados – reta.
pneumático;
→ Ação farmacológica: Drogas hipotensoras ou
hemostáticas (vasoconstritoras)
→ Parada circulatória com hipotermia: Sofisticado, de
aplicação limitada. Ex: Cirurgia cardíaca;
→ Oclusão endovascular: Balão introduzido na luz do vaso.
Ex: Cirurgia vascular

• Definitiva: interrompe a circulação permanentemente;


→ Ligadura: Com fio cirúrgico ou clipes;
• Rochester: mais grossa e firme, entalhe em toda a pinça;
→ Cauterização: Com bisturi elétrico, com bisturi de argônio,
- Para pedículos de vasos mais calibrosos, tudos ou alças
calor ou substância química;
intestinais ressecadas – curva;
→ Foto coagulação: Com bisturi à laser;
- Menos delicada – reta.
→ Sutura: Engloba ou rafia o vaso;
→ Obturação: Substâncias exógenas para obstruir a luz do
vaso;
→ Tamponamento: Compressão da área com compressas ou
gazes;
• Preventiva: executada antes de abordar a região a ser
operada. Para evitar que o sangramento ocorra. Feita
antes da cirurgia.
• Corretiva: quando o sangramento já está ocorrendo.
Durante o ato operatório ou após o trauma ter ocorrido.
• Fisiológica: hemostasia – cascata de coagulação.

INSTRUMENTOS
• Kelly: possui entalhe na matade anterior da pinça;
- Pinçamento de vasos – curva;
- Pinçamento de fios – reta.
HABILIDADES CIRÚRGICAS
ESPECIAIS OBS: Toda vez que uma pinça tem o cabo dourando,
significa que é um equipamento de maior delicadeza,
• Mixter: pinça hemostática mais longa e curva, entalhe maior qualidade, maior precisão;
parcial na pinça;
- Para pinçamento de vasos mais profundos e pedículos
vasculares e também para dissecção de tecidos e
passagens de fios cirúrgicos.

• Crawfoord: pinça longa e com discreta curva, com entalhe


em toda a pinça.
- Para hemostasia profunda ou extensa.
• Porta agulha Mathieu

Kocher: possui dentes, maior capacidade de se fixar aos


tecidos, mais traumática. NÃO É HEMOSTÁTICA –
instrumento de preensão.

• Porta agulha Castroviejo: muito delicado, utilizado em


cirurgias oftalmológicas.

Síntese
• Aproximação das bordas de tecidos seccionados ou
ressecados.
PINÇAS DE DISSECÇÃO: utilizadas para segurar o tecido
- Manutenção da contiguidade dos tecidos;
durante a síntese; mas são utilizadas também durante a
- Visa facilitar o processo de cicatrização;
diérese, por exemplo.
- Deve resistir às trações e tensões;
- A síntese deve resistir até que a cicatrização esteja com • Pinça anatômica
resistência suficiente para unir os tecidos;
- Suturas, grampos e adesivos cirúrgicos.

INSTRUMENTOS
PORTA AGULHAS

• Porta agulha Hegar – principal porta agulha do cirurgião


geral.
HABILIDADES CIRÚRGICAS
• Pinça dente de rato: “dentinho” que favorece uma A agulha é dividida em três partes: olho, corpo e a ponta:
melhor preensão do tecido – segura mais que a pinça
anatômica  Ponta: pode ser cilíndrica ou triangular cortante.

- Cilíndrica: só a ponta dela que fura o tecido; para tecidos


mais delicados – fígado, alça intestinal.
- Triangular cortante: a ponta e suas laterais são
cortantes; usado para tecidos mais rígidos – pele.

• Pinça de Adson: mais curta e delicada; usada para segurar


a pele.

 Corpo: classificado conforme o tamanho. Pode ser curvo,


semi-curo ou reto.
- As agulhas mais utilizadas são as: ½ círculo, 3/8 de círculo
e 5/8 de círculo.
- As de ¼ de círculo são mais delicadas – cirugias
oftalmológicas

• Pinça Debaky: intermediária, entre a anatômica e a dente


de rato; possui um dente muito pequeno e delicado. Pinça
de boa preensão e ao mesmo tempo delicada → Cirurgia
vascular; suturar algum vaso.

 Olho (fundo): traumático ou atraumático.


- Atraumática: fio vem pré-montado; não traumatiza o
• Pinça de algodão tecido.
- Traumática: precisa passar o fio, logo, elas são mais largas
na parte do fundo, portanto, traumatiza mais o tecido.

• Posição da agulha no Porta agulha: Preensão do porta


agulha um ou dois milímetros para trás da metade da
agulha

AGULHAS

- Instrumentos afiados e pontiagudos, usados para perfurar


os tecidos carregando um fio cirúrgico;
- Confeccionados de aço inoxidável ou aço carbono;
- Disponíveis em grande variedade de tipos, formas,
comprimentos e espessuras.
HABILIDADES CIRÚRGICAS
• Para suturar: entrar com a ponta da agulha em 90º (pega
mais quantidade de tecido) e depois faz a curva.
- Sempre surturar tipo “interrompida”: entra em uma
borda, sai no meio, e depois entra na outra borda – para
pegar quantidades simétricas de tecido.

Instrumentos especiais
5. Afastador de Doyen: para cavidade abdominal – de
- Ficam no 4º quadrante da mesa cirúrgica; maior empunhadura.
- Instrumentos com finalidades variadas e de acordo com a
especialidade cirúrgica;
- Podem auxiliar na apresentação do campo operatório,
vedar a saída de líquidos ou secreções corpóreas, auxiliar
na hemostasia, levar fios ao campo cirúrgico, variam
amplamente com o tipo de cirurgia.

INSTRUMENTOS
• AFASTADORES MANUAIS
1. Afastador de Farabeuf: mais comum; utilizado na pele, • AFASTADORES AUTOSTÁTICOS – possuem mecanismo de
subcutâneo e músculos. trava, permanecendo abertos.
1. Afastador de Gosset: usado para parede abdominal – vem
na caixa de laparotomia exploratória;

2. Afastador de Richardson: mais profundo e mais largo


que o Farabeuf

2. Afastador de Finochietto: usado em cirurgia de tórax para


abertura dos espaços intercostais ou médio-esternal –
vem somente na caixa de toracotomia.

3. Afastador de Langenbeck: mais comprido e estreito,


logo, pode atingir planos mais profundos. – Corte
pequeno e profundo é adequando.

3. Afastador de Balfour: parecido com o de Gosset, porém


há uma válvula supra púbica acoplado nele; essa válvula
serve para abaixar a bexiga, então fica voltada para
cavidade pélvica. Enquanto as garras laterais abrem a
parede abdominal no sentido transversal, a válvula puxa a
bexiga para baixo, apresentando melhor a cavidade
4. Afastador de Volkmann: possui garras na parte curta,
pélvica e o útero.
dando mais aderência aos tecidos. Usado para áreas
superficiais.
HABILIDADES CIRÚRGICAS

4. Afastador de Weitlaner: menor, utilizado em


apendicectomia. Possui garras para aplicação na pele e • Satinsky: pinça com duas curvas – ótima para pedículos
músculos. vasculares. Pode camplear artéria e veia calibrosas ao
mesmo tempo → Muito boa para momentos
emergências;

Instrumentos especiais de hemostasia


- Posicionados no 4º quadrante! • Buldog: pinça hemostática de pequenos vasos;

• Mixter: pinça hemostática longa e curva, com angulação


de quase 90º (pode ser de 90º ou próxima); para
hemostasia profunda ou passagem de fios cirúrgicos;

• Moyniham: parece com o crawfoord, porém o crawfoord


tem uma maior área de ranhura, e a moyniham é mais
comprida. Usado para levar o fio até o campo cirúrgico!
NÃO É UMA PINÇA HEMOSTÁTICA.

• Crawfoord: pinça longa, parecida com o mixter – diferem-


se na angulação (mixter tem a angulação próxima de 90º
e crawfoord tem uma curva suave e homogênea). Para
hemostasia profunda e/ou extensa – órgãos mais
profundos;
HABILIDADES CIRÚRGICAS

Instrumentos especiais de Preensão Outros instrumentos


• Babcock: delicado – para preensão atraumática. Alça de • Cheron: pinça de antissepsia de campo cirúrgico;
intestino, por exemplo.

• Allis: pequenos “dentinhos” nas pontas; tem poder de


preensão melhor, porém é traumática. • Backhaus: pinça bem agressiva, não pode pegar na pele
do paciente pois pode machucar. Utilizada para fixar
estruturas ao campo cirúrgico;

• Collin: área de preensão é ovalada.

• Clamp intestinal: evitar extravasamento de secreções.


Quando há uma alça intestinal que será cortada, prende-
se antes;

• Duval: área de preensão é triangular.

• Espátulas: tipo de afastadores de estruturas; formatos


variados.
- Espátula de Reverdin – sapata;

- Espátula maleável;
- Espátula de Deaver.
HABILIDADES CIRÚRGICAS
SINAIS

- Especiais: 4º quadrante;
- Síntese: 3º quadrante (encostado no paciente);
- Hemostasia: 2º quadrante;
- Diérese: 1º quadrante. (encostado no paciente);

MESA DE INSTRUMENTAÇÃO

Posição em relação ao paciente e ao cirurgião. Do instrumento


mais delicado para o menos delicado. Ponta virada para baixo.

• 1º quadrante: bisturi cabo 3 e 4; tesoura íris; tesoura


Mezenbaum; tesoura Mayo (voltada para o
instrumentador, pois ele que usa);
• 2º quadrante: Halsted curva; Halsted reta; Crile curva e
reta; Kelly curva e reta; Rochester.
- Finalizado com a Kocher, apesar de não ser para
hemostasia.
• 3º quadrante: pinças, porta agulhas e fio cirúrgico.
Afastador Farabeuf fica entre o 1º e 3º quadrante, pois é
usado tanto na diérese quanto na síntese.
• 4º quadrante: instrumentos especiais
HABILIDADES CIRÚRGICAS

Ferimentos e feridas
Qualquer lesão ou perturbação produzida em qualquer tecido
por um agente externo.

Classificação

 Fechado: Causados por objetos contundentes que


danificam subcutâneo, sem ocorrer o rompimento da • Contuso: são produzidas por objeto rombo (que não é
pele. afiado), capaz de romper a integridade da pele,
• Edema: extravasamento de líquido, é a elevação e palidez produzindo feridas com bordas traumatizadas. Lesão de
da pele. Surge 1 a 3 minutos após o trauma (sem partes moles, hemorragia e edema.
extravasamento de sangue);

• Perfurante: trauma por objeto fino e pontiagudo, são


• Equimose: extravasamento de sangue no tecido caracterizadas por pequenas feridas abertas na pele e
subcutâneo (rompimento de capilares) sem ocorrer profundas. Por ex.: feridas feitas por arma de fogo
aumento de volume, mesmo que atinja a pele não causa (perfurocontuso) ou ponta de faca (perfurocortante).
abaulamento. Coloração preto azulada;
Perfurocortante: nunca tirar o objeto, pois ele pode estar
tamponando um vaso de grande calibre e ao tirar ocorre uma
hemorragia - apenas estabilizar o ferimento.

• Hematoma: extravasamento de sangue entre os tecidos,


com aumento de volume, pela ruptura de um vaso mais
calibroso.
Perfurocontuso: geralmente são os ferimentos com arma de
fogo – no OS quando chega um paciente com ferimento de
arma de fogo, deve-se anotar todos os orifícios encontrados
→ localizações de entrada e saída: orifícios de entrada tende
a ser mais retilínio, regular e apresentar queimadura; já o
orifício de saída, como o projétil perde força em contato com
os tecidos, ele sai rasgando (mais irregular).

 Aberto: São ferimentos que rompem a integridade da


pele, expondo tecidos internos, geralmente com
sangramento; também são denominados feridas.
• Incisivo (ou cortante): são aquelas produzidas por um
instrumento cortante. Ferida linear, com bordas regulares
e pouco traumatizadas (o próprio objeto já corta – faca, p.
ex). As feridas limpas geralmente são fechadas por
suturas.
HABILIDADES CIRÚRGICAS
• Penetrantes: atinge uma cavidade natural do organismo,
geralmente tórax ou abdome. Habitualmente linear ou COMO PROCEDER NO LOCAL DO ACIDENTE
puntiforme. • Controle do ABC é a prioridade como em qualquer
outra vítima de trauma. Ferimentos com sangramento
importante exigem controle já no passo C;
• Avaliação do ferimento, informando-se sobre a
natureza e a força do agente causador, de como
ocorreu a lesão e do tempo transcorrido até o
atendimento;
• A inspeção da área lesada deve ser cuidadosa. Pode
haver contaminação por presença de corpo estranho
e lesões associadas. O ferimento deve ser exposto e,
• Lacerações: são aqueles com margens irregulares, com
para isso, pode ser necessário cortar as roupas da
mais de um ângulo (dois ou três eixos), causadas por
vítima - evite movimentos desnecessários com a
pressão ou tração excessiva no tecido. Por ex.: acidente
vítima (por ex.: desvestir a vítima);
de carro, lacerações por arame farpado, estilhaços de
vidro ou mordida de animal. • Limpeza da superfície do ferimento para a remoção de
corpos estranhos livres e detritos - utilizar uma gaze
estéril com luva para remoção mecânica delicada e
aplicação de soro fisiológico, sem provocar atrito;
• Objetos penetrantes não devem ser removidos, mas
sim imobilizados para que permaneçam fixos durante
o transporte ao hospital;
• Proteção da lesão com gaze estéril que deve ser fixada
com atadura de crepe.
• Escoriações: ferimento produzido pelo atrito de uma
superfície áspera e dura contra a pele. Por ex.: queda de
Grau de Contaminação
moto.
 Feridas Limpas: em ambientes internos (em cirurgia, p.
ex), não apresentam inflamação e não são atingidos os
tratos respiratórios, digestivo, genital ou urinário – que
podem conter bactérias; Risco de infecção 1-2%;
 Feridas Potencialmente Contaminadas: ambientes
externos - são considerados potencialmente
contaminados os ferimentos com menos de 6 horas, ou
cirurgias nas quais os tratos respiratório, alimentar ou
urinário são atingidos, porém em condições controladas;
Risco de infecção 7-10%;
 Feridas Contaminadas: ferimentos externos com mais de
6 horas de evolução, e cirurgias em que a técnica asséptica
• Avulsão ou amputação: parte do corpo é cortada ou não foi respeitada devidamente (rompimento de alça de
arrancada – Membros, orelha, nariz, entre outros. intestino que vasou secreção fecal para cavidade, p. ex);
Risco de infecção 15-20%.
 Feridas Infectadas ou sujas: aquelas nas quais os
microrganismos já estavam presentes antes da lesão;
(terra, pus, pó de café, pasta de dente, pedregulho,
grama, fragmentos metálicos). Risco de infecção 50%

Grau de Comprometimento Tecidual


 Estágio I: caracteriza-se pelo comprometimento da
epiderme, porém com pele íntegra; formação de
hiperemia, descoloração ou endurecimento da epiderme;
HABILIDADES CIRÚRGICAS
 Estágio II: ocorre perda tecidual e comprometimento da • Epiderme: Tecido avascular com células dispostas em
epiderme, derme ou ambas; abrasão, bolha (pele íntegra, múltiplas camadas. Possui os melanócitos, que são
mas atingiu a derme) ou úlcera artificial; responsáveis pela pigmentação da pele e os
 Estágio III: caracteriza-se por presença de lesão profunda, queratinócitos que produzem a queratina, que fornece
com comprometimento total da pele, atingindo o tecido resistência à atritos e variações de temperatura
subcutâneo, entretanto a lesão não se estende até a fáscia Camada mais externa;
muscular; Composta por 4 extratos de epitélio escamoso:
 Estágio IV: extensa destruição de tecido, ferida em - Córneo (mais externo);
cavitação, profunda que atinge músculos, tendões e/ou - Granuloso;
ossos, podendo ocorrer necrose. - Espinhoso (mais espesso);
- Basal (mais interno) – onde a pele é formada;
Queratinócitos;
Espessura: varia com a localização, idade ou sexo;
Período de regeneração: + ou – 4 semanas

• Derme: Camada vascularizada que possui uma rica rede


nervosa, corpúsculos sensitivos, além das glândulas
sudoríparas, sebáceas e folículos pilosos. Possui vários
tipos de células: fibroblastos, fibrócitos, macrófagos,
mastócitos, e leucócitos sanguíneos, particularmente
neutrófilos, eosinófilos, linfócitos e monócitos.
Camada intermediaria;
Também conhecida como cório ou pele verdadeira
Composta de 2 estratos
- Papilar: mais próximo a epiderme;
Pele - Reticular.

Maior órgão do corpo humano, representando cerca de 15%


do peso corporal. Apresenta grandes variações ao longo de sua
extensão.

• Hipoderme – tecido celular subcutâneo: Camada


vascularizada e formada por tecido adiposo, envolvida na
termorregulação, reserva nutricional e provisão de
energia.
Compõe-se de fibras de tecidos conjuntivos, que
sustentam o tecido adiposo;
É atravessada por vasos sanguíneos mais calibrosos;
Ocorre o metabolismo dos carboidratos e a
lipogênese (síntese de ácidos graxos e triglicérides,
que serão armazenados subsequentemente no
fígado e no tecido adiposo);
HABILIDADES CIRÚRGICAS
É uma camada de ligação e isolante do frio e calor • Tecido de granulação: tecido muito vascularizado, de cor
exacerbados; vermelho viva; tecido cicatricial.
Funções da pele
• Proteção: barreira física;
• Sensibilidade: dor, pressão, tato, calor e frio;
• Termorregulação: vasoconstrição, vasodilatação,
sudorese;
• Excreção: eletrólitos e água
• Metabolismo: síntese de vitamina D e formação óssea • Tecido de epitelização: redução da vascularização e um
• Imagem corporal: detalha a aparência. aumento do colágeno, contração da ferida. Tecido róseo.

Feridas
É caracterizada pela perda da continuidade dos tecidos,
podendo ser superficial ou profunda, e que deve se fechar em
até 6 semanas;

• Úlcera: É a ferida que não cicatrizou em 6 semanas.

Classificação quanto a causa


O termo ferimento é usado mais para acidentes; o termo
feridas é usado quando se acompanha cronicamente. • Traumática ou cirúrgica: resultante de trauma ou cirurgia;
• Patológica: consequente a uma patologia – Por ex.: úlcera
de pressão (escara), neoplasia, úlceras venosas e arteriais;

Classificação quanto ao tipo de tecido Iatrogênica: resultante de procedimentos
tratamentos; ex.:radioterapia feita em quantidade muito
ou

intensa.
• Tecido necrótico: isquemia, tecido não viável;

Classificação quanto a evolução


• Aguda: feridas de fácil resolução, há o rompimento do
tecido com desencadeamento imediato da hemostasia;
• Escara: quando a necrose é dura e seca, de cor preta ou ex.: cortes - incisas, lacerações, queimaduras;
marrom;

• Crônica: feridas de longa duração, com desvio do


processo cicatricial fisiológico (Por ex.: diabetes crônico.)

• Esfacelo: tecido mucóide e macio, de cor amarelada ou


cinza, com aderência frouxa ou firme, formado por fibrina.
HABILIDADES CIRÚRGICAS

Classificação quanto ao comprometimento


tecidual
 Estágio I: pele íntegra com hiperemia, descoloração ou
endurecimento;
 Estágio II: epiderme e derme estão rompidas, com
hiperemia;
 Estágio III: perda total da pele (epiderme, derme e
subcutâneo), úlcera profunda com ou sem necrose. Não
acomete fáscia muscular;
 Estágio IV: grande destruição tecidual, com necrose,
atingindo músculos, tendões e/ou ossos. Crateras fundas
ou túneis.
HABILIDADES CIRÚRGICAS

Fios de sutura
• São materiais flexíveis, de secção circular, com diâmetro
muito reduzido em relação ao comprimento, utilizados
para aproximar tecidos incisados cirurgicamente,
lacerados em traumatismos ou para ligar vasos
sanguíneos;
• As suturas favorecem a cicatrização de ferimentos ou
incisões por primeira intenção;
• Tem como objetivo manter a aproximação das bordas de
tecidos seccionados, com materiais que resistam as
tensões e trações da ferida, até pelo menos a segunda
fase da cicatrização (fibroplasia).
- Se for absorvível, ter seu tempo de absorção
previsível;
- Se for inabsorvível, que seja encapsulado sem
complicações. Escolha do fio
• O fio de sutura deve ter força proporcional ao tecido que
está sendo suturado;
• 3.500 anos A.C. já haviam referências às suturas; • A perda de resistência do fio deve ser compensada pelo
• 1.000 anos A.C. uso de mandíbulas de formigas; ganho de resistência da cicatriz;
• Século IV A.C uso de tendão como fio; • As alterações biológicas provocadas no processo de
• Século II A.C, Galeano usou intestino de herbívoros como cicatrização pelo fio de sutura devem ser conhecidas;
fio. • Tipo de tecido a ser suturado;
• Século XIX, Lister desinfetava os fios cirúrgicos com ácido • Localização do tecido a ser suturado (área de
carbólico;
movimentação, tensão)
• 1900 Amplo uso de suturas: intestino animal, seda e
• Espessura do tecido a ser suturado;
tendões de canguru;
• Tamanho da incisão;
• Na I Guerra Mundial aconteceu grande salto na
• Tempo necessário para a cicatrização do tecido;
industrialização e esterilização dos fios cirúrgicos;
• Se há tensão sobre o tecido;
• A partir da segunda metade do século XX (1970),
• Características do paciente (idade, estado nutricional,
produzidos os fios sintéticos absorvíveis.
doenças);
• Preferência do cirurgião.

A medida que o fio vai perdendo resistência o tecido deve


manter as bordas aproximadas;
Fio ideal
• Alta resistência à ruptura;
• Ser flexível;
• Facilidade de manuseio;
• Boa segurança do nó (nó que “trava” bem; o fio de
Propileno, por exemplo, não trava muito bem);
• Baixa reação tecidual;
• Não provocar reações alérgicas;
• Boa visualização, mesmo quando molhados de sangue;
• Baixo custo.
HABILIDADES CIRÚRGICAS

Classificação quanto à origem Usa-se fios mais finos, em tecidos mais delicados e sem
tensão; E fios mais grossos em tecidos mais grosseiros ou
com mais tensão.
• Biológicos: origem animal e origem vegetal;
• Metálicos;
• Sintéticos.

Classificação quanto à estrutura


• O fio 7-0 e 6-0 são da espessura do cabelo humano.
• Monofilamentar: cada fio é composto de um único
filamento compacto;
Força tênsil
Varia entre 1 semana e 6 semanas;

• Capacidade de manter os tecidos coaptados – por quanto


tempo o fio consegue manter o tecido unido;
• Multifilamentar: cada fio é composto por vários • É determinada dividindo-se a força necessária pra romper
filamentos traçados ou torcidos entre si. o fio pelo seu diâmetro;
• Afetada por composição do fio, diâmetro e técnica do nó;
• Nem todos os fios com mesmo número de zeros, tem o
mesmo diâmetro;
• Em fios de mesmo material, quanto maior o calibre, maior
a resistência;
• Já em fios de mesmo calibre, porém de materiais
Classificação quanto à absorção diferentes, a força tênsil varia.

• Absorvíveis: o fio é reabsorvido com o passar do tempo,


por fagocitose ou hidrólise.
→ Origem animal: Categut simples e cromado (feitos de
intestino de animais).
→ Origem sintética:
- Ácido Poliglicólico – Dexon
- Poliglactina – Vicryl
- Poligliconato – Maxon
- Poliglecaprona – Monocril *
- Polidiaxanona – PDS *
*São os mais sofisticados, mantém a resistência tênsil por Fios inabsorvíveis são mais resistentes.
um tempo mais prolongado, logo, são mais caros.
Capilaridade
• Inabsorvíveis: o fio não se modifica com o tempo.
→ Origem animal: Seda; Não é uma boa propriedade para o fio ter.
→ Origem vegetal: algodão (barato e muito utilizado);
→ Origem sintética: • É determinada pela capacidade que o fio tem de absorver
- Poliamida – Nylon fluídos;
- Poliéster – Mersilene e Ethibond • Aumenta o risco de infecção do sítio cirúrgico;
- Polipropileno – Prolene (muito utilizado); • Os fios multifilamentares como a seda e algodão tem
maior capilaridade e absorção de fluídos;
→ Origem metálica: Prata, cobre, ouro, aço, ligas
metálicas. • Os multifilamentares favorecem a migração de
microrganismos através de sua trama, sendo mais

Diâmetro do fio propensos a infecção – quando já tem alguma infecção no


sítio evita-se os fios multifilamentares;
• Os monofilamentares têm muito pouca capacidade de
• O diâmetro do fio é determinado em milímetros e
absorver fluídos;
expresso em zeros;
• Quanto menor o calibre do fio, maior o número de zeros.
HABILIDADES CIRÚRGICAS

Elasticidade Quanto a forma:
- Mais utlizadas: ½ círculo, 3/8 e 5/8.
• É a capacidade que o fio tem de retornar à sua forma e
tamanho originais após tração;
• Quando se comparam fios de mesmo material, os mais
finos são mais elásticos.

Memória/plasticidade
• É a capacidade que o fio tem de manter-se sob nova forma • Quanto ao fundo:
após tracionado; - Traumática: deve-se montar o fio na agulha;
• Dificuldade de manuseio;
• Os nós ficam torcidos;
• Fios Monofilamentares apresentam mais memória.

Coeficiente de atrito
• Fios com alto coeficiente de atrito tendem a não deslizar
nos tecidos, mas também são mais difíceis de desatar o nó
cirúrgico espontaneamente;
• Os fios monofilamentares, em geral, tem mais facilidade - Atraumática: fio já vem montado na agulha e o calibre
em desatar seus nós (menor coeficiente de atrito) – do fio não é maior que o próprio calibre da agulha.
suturar um vaso.

Reação tecidual
• É o grau de reatividade causada pelo fio. Varia conforme
o material e o calibre do fio;
• Fios inabsorvíveis dão menor reação tecidual;
• Reação tecidual excessiva, favorece a infecção.

Agulhas de sutura
• Quanto à ponta:
→ Cilíndrica
Características dos fios
• Catgut Simples (embalagem amarela):
- Feito a partir de fitas de colágeno da submucosa do
intestino delgado de carneiro;
- Biológico, Absorvível, Multifilamentar - não indicados;
→ Prismática/cortante/triângular muito pouco usados;
- Simples mantém força tênsil por 7 dias e absorção em
10-14 dias;
HABILIDADES CIRÚRGICAS
paciente que esteja um pouco mais desnutrido, idoso –
será que 21 dias é o suficiente?

• Catgut Cromado:
- Catgut Cromado (sais de Cromo) mantém força tênsil
por 10 dias e absorção em 90 dias;
- Desencadeiam reação inflamatória tecidual intensa ao
• Poliglecaprone 25 - Monocryl, Caprofyl, Midsorb
seu redor, mais evidente no simples. Reação de corpo
(embalagem rosa):
estranho. Quebradiço, se ressecado.
- Sintético, Absorvível, Monofilamentar – vantagens de ser
- Cada vez menos usado, usado em pele, mucosas, em
monofilamentar: menor chances de infecção, pode ser
ginecologia.
usado em um sítio infeccioso;
- Único fio que vem embebido no álcool – para manter o
- Perda total da resistência tênsil em 14 dias e absorção em
fio hidratado.
90 - 120 dias;
- Indicado na pele e em suturas em tecidos delicados em
geral – fio de escolha para sutura intradérmica;
- Pouca reação tecidual.

• Poliglactina 910 – Vicryl (embalagem violeta) (muito


utilizado)
- Obtido pela polimerização do ácido glicólico;
- Sintético, Absorvível, Multifilamentar;
- Fio de cor violeta e branca; • Poligliconato - Maxon, Maxsorb (embalagem prata):
- Maior resistência que o categute; - Sintético, Absorvível, Monofilamentar;
- Resistência tênsil por 14-20 dias e absorção em 60 - 90 - Possui uma absorção lenta com manutenção da
dias; resistência tênsil por 28 dias (mais duradoura dos
- Usado em cirurgias gastrointestinais, urológicas, fios absorvíveis). Absorção lenta - 180 dias;
ginecológicas e oftalmológicas; suturas de músculos, - Indicado em suturas de tendões, músculos, fáscias, e
fáscias, tecido celular subcutâneo; fechamento da parede abdominal;
- Pouca reação tecidual por ser sintético. - Usado em tecidos com tempo de cicatrização lento –
diabéticos, idosos, pacientes com câncer;
- Pouca reação tecidual;
- Fio de alto custo.

• Ácido Poliglicólico – Dexon (embalagem dourada):


- Obtido pela polimerização do ácido glicólico;
- Sintético, Absorvível, Multifilamentar – bom fio assim
como Vicryl;
• Polidioxanona – PDS (embalagem prata):
- Maior resistência que o categute;
- Sintético, Absorvível, Monofilamentar;
- Na teoria era pra ter uma resistência maior que o vicryl,
mas na prática acaba sendo a mesma: Resistência tênsil - Possui uma absorção lenta com manutenção da
por 14-20 dias e absorção em 60 - 90 dias; resistência tênsil por 28 dias (a mais duradoura dos fios
absorvíveis);
- Usado em suturas de músculos, fáscias, tecido celular
subcutâneo; - Indicado em suturas de tendões, músculos, fáscias, e
fechamento da parede abdominal;
- Pouca reação tecidual.
- Pouca reação tecidual;
Paciente que tem uma boa cicatrização pode-se usar - Fio de alto custo.
Vicryl ou Dexon para sutura de fáscia, mas se for um
HABILIDADES CIRÚRGICAS
• Poliéster - Ethibond, Mersilene (embalagem laranja):
- Sintético, Inabsorvível, Multifilamentar;
- Derivado do poliéster;
- Grande resistência tênsil (permanente);
- Nós não muito seguros;
- Usado em sutura de aponeuroses, tendões e vasos.
Ortopedia e cardiovascular;
• Seda (embalagem azul, mas o fio é preto ou branco): - Fios de cor branca, verde e azul;
- Biológico, Inabsorvível, Multifilamentar; - Pouca reação tecidual.
- Provém do casulo do bicho da seda;
- Resistência tênsil por 21 dias e absorção em 60 - 90 dias;
- Nós firmes;
- Usado em cirurgia oftálmica e microcirurgia – ligadura de
vasos;
- Reação de corpo estranho.

• Polipropileno – Prolene (embalagem azul) - muito


utilizado:
- Sintético, Inabsorvível, Monofilamentar;
- Derivado do poliéster;
- Mantém sua resistência tênsil por vários anos
(permanente);
• Algodão – muito utilizado (embalagem rosa): - Fio de cor azul brilhante ou incolor (para suturas
- Biológico, Inabsorvível, Multifilamentar; intradérmicas);
- Origem vegetal; - Usado em sutura vascular e aponeuroses. E sutura
- Resistência tênsil: 50% em 6 meses e 70% em 2 anos; intradérmica;
- Usado em ligadura de vasos e praticamente em qualquer - Também em cirurgias gastrointestinais, urológicas,
tecido; ginecológicas e oftalmológicas; suturas de músculos,
- Reação de corpo estranho; fáscias, tecido celular subcutâneo;
- Não deve ser usado na pele, pois gera muita reação; - Pouca reação tecidual.
- Fácil manuseio e nós seguros.

• Aço - Aciflex
• Poliamida – Nylon (embalagem verde):
- Biológico, Inabsorvível, Monofilamentar;
- Sintético, Inabsorvível, Monofilamentar;
- Composto por ferro, cromo, níquel e molibdênio;
- Derivado das poliamidas;
- Maior resistência tecidual de todos os fios, permanente;
- Grande resistência tênsil, perde 20% ao ano;
- Tendência a cortar os tecidos, manuseio difícil, pode se
- De difícil manipulação, duro, não produz nó firme (firmar
quebrar;
bem o 3º semi nó);
- Pode ocorrer necrose tecidual pelo trauma das pontas;
- Elástico e resistente a água;
- Nós muito seguros;
- Muito usado em sutura da pele;
- Usado em tecidos de cicatrização lenta. Cirurgia
- Pouca reação tecidual.
ortopédica;
- Ausência de reação tecidual.

Indicações de uso:
• Para pele: Nylon ou Poliglecaprone (Monocryl, Caprofyl, Midsorb);
• Para fechar aponeurose ou suturas intestinais: Vicryl (indivíduo
jovem, com boa condição física) ou prolene (indivíduos com uma
cicatrização ruim);
• Vias urinárias, vias biliares: PDS
HABILIDADES CIRÚRGICAS

Em verde claro para indivíduos com uma boa


cicatrização. Em verde escuro para indivíduos com
déficit de cicatrização.

Fenômenos tardios que podem ocorrem


• Abscessos locais;
• Formação de cavidades (sinus) – em volta do fio fica um
“oco”, “vazio”, que o organismo não consegue fagocitar o
fio;
• Eliminação espontânea dos fios, associada à descarga de
material seroso ou purulento – ocorre habitualmente nos
fios inabsorvíveis multifilamentares;
• Formação de granuloma de corpo estranho em volta do
fio.
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

Anestésicos Locais
Anestésicos locais
• Drogas que injetadas localmente, interrompem de forma
transitória os impulsos nervosos em células
neuroexcitáveis, sem produzir inconsciência.
• Substâncias que bloqueiam a condução nervosa de forma
reversível.
→ Nativos dos Andes – Mastigavam folhas de Erythoxylon
coca (cocaína) –dormência na língua;
→ Carl Koller (1884) – Cocaína como anestésico tópico para
cirurgias oftálmicas;
→ Halstead popularizou sua aplicação na infiltração e
anestesia;
→ Substituição da cocaína (toxicidade e propriedades
estimulantes);
→ Procaína – Substituo sintético da cocaína em 1905;
• Lidocaína – xilocaína atual

Aplicação
Podem ser administrados por injeção ou de forma tópica, na
área das fibras nervosas a serem bloqueadas.

Mecanismo de ação
• Agem na membrana celular dos nervos, bloqueando o
processo de excitação - condução;
Infiltração direta – sob o local; • Interrompem a condução do estímulo nervoso por
bloquearem a condutância dos canais de sódio da
membrana, impedindo a deflagração do potencial de
ação;
• São bases fracas que carregam uma carga positiva no
grupo amida, em pH fisiológico → se tiver um pH ácido o
anestésico não tem uma boa ação.
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello
• Apesar dos AL serem bases fracas, os preparados
farmacêuticos são levemente ácidos.
• Nos tecidos orgânicos - pH alcalino (pH = 7,4), há
tamponamento do ácido e liberação da base não-
ionizada, passível de ser absorvida;
• Quando o pH do meio é ácido, como nos tecidos
inflamados, a absorção do AL fica prejudicada,
prejudicando sua ação;
• Suplementação excessiva de doses no mesmo local,
determina menor resposta, pois esgota a capacidade de
tamponamento do meio, não liberando a base;
• Dependendo da dose podem provocar paralisia motora.

Os anestésicos locais podem atuar dentro da membrana e


fora;

• Age através do bloqueio da despolarização da membrana;


• Através do canal de Na, o Ca entra, fica positivo dentro e
o estímulo percorre;
• Na outra parte do nervo onde o estimulo já passou a
membrana repolariza.

→ A membrana celular é feita de gordura – é suscetível a


ação do anestésico local.

 Ação sobre os nervos


• Os AL agem em todos os nervos, porém a ação depende
do tamanho (diâmetro) e da mielinização:
- Fibras menores (aferentes da dor) são bloqueadas
primeiro;
- Fibras maiores (função motora e tato) são bloqueadas
depois;
- Fibras mielinizadas também são mais sensíveis.

 Ação sobre outras membranas excitáveis


- Junções neuro/efetoras (músculo estriado) são sensíveis
as ações bloqueadoras dos AL, mas sem um significado
clínico – músculo pode paralisar, mas por uma paralisia
dos nervos motores.
→ Sem o uso do anestésico local e com o uso.
- As ações sobre as fibras cardíacas têm importância (ação
• Se não tiver despolarização da célula não ocorre o
antiarrítmica) – um paciente que tem bradicardia se usar
estímulo.
anestésico local, pode ter uma ação maior da bradicardia.
(Xilocáina, por ex, tem ação antiarrítimica);
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello
 Sequência de bloqueio
• Dor;
• Frio – teste da sensibilidade (gaze embebido em álcool
para testar);
• Calor;
• Tato e compressão profunda;
• Função motora.

Fatores que interferem na ação


• Tamanho molecular: Moléculas menores desprendem
mais facilmente dos receptores;
• Solubilidade lipídica: Atravessam a bainha de mielina;
• Tipo de fibra bloqueada: Fibras finas e de condução lenta
- efeito mais rápido; Fibras grossas e de condução rápida
- efeito mais lento; → Degradado no próprio local que foi infiltrado; Os vasos
• PH do meio: Forma hidrossolúvel x lipossolúvel; próximos possuem a colinesterase que degrada os ésteres
• Concentração do anestésico; → ação reduzida.
• Associação com vasoconstritores: Prolongamento do
efeito anestésico.

Classificação
• Ésteres
- Cocaína (não é utilizada);
- Procaína – Novocaína;
- Cloroprocaína – Nesacaína;
- Tetracaína (uso tópico);
- Benzocaína (uso tópico) – pastilhas para gargante, por
exemplo.

• Amidas (mais modernos)


- Lidocaína;
- Prilocaína; → A degradação não ocorre no local, precisa cair na corrente
- Ropivacaína; sanguínea, ir para o fígado para ser degradado.
- Bupivacaína;
- Mepivacaína.

→ Os dois grupos bloqueiam canal de sódio;


HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

Características
• Potência: relação direta com a lipossolubilidade da droga
– quanto mais ela consegue entrar na membrana da
célula;
• Duração: relação direta com o grau de ligação com
proteínas plasmáticas – quanto mais ela se liga às
proteínas plasmática mais vai durar;
• Velocidade de ação: relação inversa com o grau de
ionização – quanto mais ioniza a droga menor vai ser a
velocidade

Farmacologia

→ Injeção intra-raquidiana tem um rápido início de ação;


→ Injeção no plexo braquial tem início de ação lento
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello
Não usar anestésicos locais com vasoconstrição em
extremidades.

→ Ação local (periférica) sobre o SNA;

Efeitos adversos
• Ações Cardiovasculares: Toxicidade
- Redução da frequência cardíaca;
- Colapso cardíaco • Taxa de absorção sistêmica depende do local da injeção:
• Ações Centrais Intravenosa > Intratraqueal > Intercostal > Caudal >
- Ansiedade com tremores, euforia e agitação; Paracervical > Epidural> Plexo Braquial > Isquiático >
- Convulsões; Subcutâneo
- Depressão respiratória • Ocorre quando o anestésico local atinge outras
• Reações Alérgicas membranas excitáveis em quantidade suficiente para
causar bloqueio;
• Quanto mais potente, maior sua toxicidade!

Tratamento de toxicidade
• Suporte clínico
- Ventilação - Oxigenação à 100%
• Evitar drogas depressoras!
• Manter débito cardíaco - Combater taquicardia;
• Corrigir acidose;
• Abortar convulsões;

Em caso de PCR:

- A ressuscitação deve seguir o ACLS;


→ Essas toxicidades ocorrem em pequenas cirurgias - A massagem cardíaca deve ser mais prolongada (30 a 60
(retalho, enxerto..) Reaplicações no local. minutos) - até efeito do anestésico liberar;
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello
- De difícil reversão, em especial a PCR que ocorre com
bupivacaína

Gestantes
• O AL mais seguro para a gestante é a lidocaína associada
a vasoconstritor (adrenalina ou noradrenalina) a
1:200.000;
• Os vasoconstritores felipressina e fenilefrina são
contraindicados por apresentarem ação ocitóxica;
• A prilocaína pode provocar meta hemoglobinemia fetal,
com sérias consequências;
• A ropivacaína só foi suficientemente avaliada em Lidocaína
bloqueios peridurais, até agora com bons resultados;
• Lidocaína em casos de suturas de emergência; • Início de ação: rápido (1-5 minutos);
• Tempo de ação:
Doses máximas de anestésicos locais - Sem Vasoconstritor: curto (30-60 minutos);
- Com Vasoconstritor: médio (120-360 minutos);
• Dose máxima:
- Sem Vasoconstritor: 4,5 mg/kg; - Não exceder 300mg
- Com Vasoconstritor: 7 mg/kg

Bupivacaína
• Início de ação: em média 15 minutos;
• Tempo de ação:
- Sem Vasoconstritor: médio (120-240 minutos);
Associação com a adrenalina: Diminui o efeito tóxico - Com Vasoconstritor: longo (180-420 minutos)
• Dose máxima:
- Sem Vasoconstritor: 2,5 mg/kg - Não exceder 175mg;
- Com Vasoconstritor: não exceder 225mg

Ropivacaína
• Início de ação: lento (10-30 minutos);
• Tempo de ação: médio (120-360 minutos);
• Dose máxima: não exceder 200mg

Como realizar uma anestesia local


1. Colocação de luvas e utilização de material estéril;

2. Antissepsia da pele
Principais anestésicos locais: Lidocaína, Bupivacaína,
3. Com Cloroxedina ou iodopovidine;
Ropivacaína
4. Introdução da agulha à 30 ou 45 graus;

5. Em toda a borda da ferida, logo abaixo da pele;

6. E em toda a profundidade do ferimento - Aspirar,


tracionando o embolo da seringa, antes de injetar

Lidocaína é a droga mais utilizada


HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

• Anestesia de um lado e depois do outro;


• Como a agulha tem um comprimento médio de 5 cm
consegue se anestesia 5 cm de um lado e 5 cm de outro;
• Para procedimento de 20 cm por exemplo, anestesia a
partir do último ponto anestesiado; ir fazendo infiltrações
sequenciais.

• No mesmo furo, anestesia um lado e o outro;


• Pode se entrar com a agulha por dentro do corte.
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

Apendicite aguda
• É a causa mais comum de abdome agudo cirúrgico;
Drenagem
• É a causa mais comum de abdome agudo inflamatório não
traumático; Veia apendicular → veia íleo-ceco-apendico-cólica → Veia
• Patologia mais importante do apêndice cecal; cólica direita → Veia mesentérica superior → veia porta
• Ocorre em qualquer idade, mais comum entre 20-40 anos;
• Acomete 7-10% da população;
• Incidência semelhante entre os sexos;
• 10% das apendicectomias são desnecessárias – difícil
diagnóstico

ANATOMIA

• Localizada no FID;
• É um divertículo intestinal com fundo cego;
• Massa de tecido linfoide;
• Origem na face póstero-medial do ceco, inferior a junção
ileocecal;
• Inervação: plexo mesentérico superior;
• Fibras simpáticas e parassimpáticas.

• Estruturas próximas do apêndice:


- Ceco;
- Íleo;
- Sigmoide;
- Ovário;
- Bexiga;

• O apêndice é a extremidade do ceco, é a confluência das


3 tênias, logo abaixo da válvula ileocecal (normalmente);
• Comprimento varia entre 4-20 cm;
• Diâmetro 5-10 mm (6 mm) - varia com o tamanho da
pessoa;
• Espessura da parede: 4 mm;

Localizações do apêndice

Vascularização •
Posição clássica: Fossa ilíaca direita – Subcecal;
Retrocecal – fica atrás do ceco (bloqueado): o quadro
Artéria mesentérica (seu primeiro ramo é a cólica média e o clínico é mais insidioso e com diagnóstico tardio;
segundo ramo é a cólica direita); → Cólica direita → ramo: • Pélvica (mais longo);
artéria íleo-ceco-apêndico-cólica → ramo: artéria • Pré-ileal;
apendicular . • Pós-ileal
• Subcecal
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello
• Febre baixa;
• Disúria em alguns casos – apêndice longo encostado na
parede da bexiga;
• Em 50% dos casos sintomas típicos;

❖ Quadros clínicos atípicos:


→ Criança:
• Febre alta e adinamia;
• Vômitos e diarreia;
• Evolução rápida para perfuração;
• Também tem apêndices que descem para a região do → Idosos:
hipogástrio, podendo encostar nos ovários, útero; • Febre baixa ou ausente;
apêndices mais altos, que a dor migra da FID para o flanco • Dor mais leve e insidiosa – pode permanecer dias;
direito (ocorre muito em mulheres gravidas, quando o
• Diagnóstico tardio – perfuração;
útero empurra o ceco, gerando dor em flanco direito ou
hipocôndrio direito);
→ Gestante:
• Dor no flanco direito ou hipocôndrio direito;
HISTOLOGIA

→ Imunodeprimidos:
• Igual aos idosos.

EXAME FÍSICO

• Temperatura - axilar e retal (na criança tem diferença


maior que 1 grau da retal para axilar);
• Inspeção;
• Mucosa - Epitélio cilíndrico simples • Palpação superficial (apendicite mais evoluída) e profunda
- Células caliciformes em grande quantidade; (apendicite inicial);
• Submucosa - Plastrão: massa inflamatória e dolorosa – apendicite
- Presença de nódulos linfáticos – quando hipertrofiados aguda com evolução mais longa;
gera a obstrução da luz do apêndice; - Sinal de Blumberg;
• Camadas musculares; - Sinal de Rovsing;
• Serosa - Sinal de Psoas;
- Sinal de Obturador;
FISIOPATOLOGIA - Sinal de Lapinski;
Obstrução do lúmen do apêndice → acúmulo de secreção, - Sinal de Lenander;
estase e proliferação bacteriana → aumento da pressão - Sinal de Dunphy (ao tossir sente uma dor na FID).
intraluminal → edema, obstrução linfática e vascular → • Toque retal – ao lado direito uma massa quente,
isquemia, necrose e perfuração (processo que leva cerca de endurecida e dolorida;
48h); • Ausculta – ruídos hidroaéreos aumentados em caso de
diarreia ou diminuídos se não houver diarreia;
• A principal causa de obstrução do lúmen do apêndice é a • Exame ginecológico – algumas patologias da mulher são
hiperplasia linfoide (60%); diagnósticas diferencias.
• 40 – 35% por fecalitos;
• 4% por corpo estranho, parasitas, sementes, bário (exame ❖ Ponto de McBurney - Dor à palpação na FID (ponto
Enema opaco – pode ressecar e obstruir); principal onde costuma estar localizado o apendice).
• 1% por estenose; Tumores apendiculares ou cecais. Terço distal da linha entra a espinha ilíaca e o umbigo.

DIAGNÓSTICO
❖ Clínico
• primeiro sintoma é habitualmente perda de apetite,
anorexia;
• A dor começa no mesogástrio (dor visceral) e depois migra
para a FID (dor parietal);
• Náuseas e vômitos;
• Alteração do hábito intestinal;
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

❖ Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca do


abdome no ponto de McBurney.
❖ Sinal de Lenander: diferença entre a temperatura retal e
axilar maior que 1ºC – geralmente em criança, adultos
comumente não é medida a temperatura retal.
❖ Sinal de Dunphy: piora da dor na FID com a tosse – a tosse
aumenta a pressão abdominal que estimula a dor no
apêndice.

❖ Sinal de Rovsing: dor na FID quando se comprime a FIE e


DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
FE (os gases dentro do intestino refluem e distendem o
seco). • Hemograma: leucocitose moderada com neutrofilia e
desvio à esquerda;
• PCR elevada;
• Urina 1: geralmente normal, mas pode ocorrer - piúria,
bacteriúria;
• Beta HCG para descartar gravidez;
• Pedir exames pré-operatórios – ureia, creatinina, sódio,
potássio, coagulograma.

❖ Sinal do Obturador: dor no hipogástrico ao realizar a


rotação interna e passiva da coxa direita flexionada, com
paciente em decúbito dorsal;

- Pontuação entre 5-6: possível ser apendicite aguda;


- Pontuação entre 7-8: provável ser apendicite aguda;
- Pontuação >9: muito provável ser apendicite aguda.

❖ Sinal do Psoas: dor a extensão passiva da coxa direita,


EXAME DE IMAGEM
com o paciente em decúbito lateral esquerdo.
• Radiografia de abdome AP
- Imagem de fecalito na FID;
- Alça sentinela na FID – íleo parado;
- Apagamento da sombra do psoas – processo inflamatório;
- Pneumoperitôneo – perfuração do apêndice (gás fora do
intestino).
❖ Sinal de Lapinski: dor à compressão da FID, enquanto o
paciente eleva o MMII esticado.
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

• US de abdome total
- Diâmetro do apêndice maior que 6 mm;
- Líquido periapendicular;
- Fecalito dentro da luz apendicular;
- Apêndice não depressível.

• TC de abdome total – exame de escolha se disponível


- Diâmetro do apêndice maior que 8 mm;
- Espessamento da parede apendicular;
- Borramento da gordura periapendicular;
- Fecalito dentro da luz apendicular;
- Líquido periapendicular e gás extra-luminal;
- Exame de maior acurácia

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
TRATAMENTO
• Linfadenite Mesentérica;
• Antibioticoterapia;
• Gastroenterites agudas;
• Hidratação;
• DIPA;
• Analgesia – só após confirmar o diagnóstico;
• Ruptura de folículo ovariano;
• Cirurgia.
• Gravidez ectópica;
❖ O prognóstico depende do diagnóstico precoce.
• Cisto ovariano hemorrágico;
• Pielonefrite aguda;
• Cólica nefrética; Apendicectomia aberta x
• Doença de Crohn;
• Diverticulite de Meckel; apendicectomia laparoscópica:
• Úlcera péptica perfurada;
• Tuberculose intestinal; A literatura não é conclusiva quanto a recomendação
• Outras. preferencial à um dos métodos.

Fases da Apendicite Aguda

• Fase I - Catarral ou edematosa: apêndice com hiperemia


e edema;
• Fase II - Flegmonosa ou supurativa: apêndice com
exsudato fibroso e úlceras da mucosa;
• Fase III - Gangrenosa: apêndice com necrose da parede e
abcesso local;
• Fase IV - Perfurativo: apêndice perfurado com peritonite.

• Indicações:
- Ausência de equipamento;
- Cirurgias abdominais prévias;
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello
- Hérnias abdominais;
- Distensão abdominal;
- Peritonite difusa (?);
- Coagulopatias graves;
- Insuficiência cardiopulmonar.

1) Incisão de McBurney; 2) Incisão de Rockey-Davis;


3) Incisão mediana

• Anestesia geral ou raquianestesia;


• Incisão de 4-6 cm no ponto de McBurney;
• Apêndice na junção das tênias;
• Ligadura da artéria apendicular;
• Ligadura e secção do colo apendicular;
• Exérese do apêndice;
• Sutura em bolsa – sepultamento do coto;
• Limpeza da cavidade.

→ Mais acessível;
→ Menor taxa de abcessos intracavitários;
→ Maior taxa de infecção da ferida cirúrgica;
→ Menor custo
HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

Apêndice fase 1

• Anestesia geral;
• Colocação dos trocaters;
• Apêndice na junção das tênias;
• Ligadura da artéria apendicular com clips metálicas;
• Ligadura e secção do coto apendicular com grampeador Apêndice fase 2
linear cortante;
• Exérese do apêndice com saco coletor;
• Limpeza da cavidade.

• Alta hospitalar mais precoce;


• Menor dor pós-operatória;
• Retorno mais cedo às atividades profissionais;
• Menor taxa de infecção da ferida cirúrgica;
• Melhor resultado estético; Colocação do grampeador já ligado a artéria apendicular -
costurar e cortar o apêndice do ceco
• Maior custo

Apêndice já pronto para ser retirado da cavidade


HABILIDADES CIRÚRGICAS Lidiely Mello

Saco coletor para retirar apêndice, que está necrosado – para


não contaminar.

Aspecto final

COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DA ABERTA


E LAPAROSCÓPICA

• Infecção do sítio cirúrgico – infecção do local de retirada


do apêndice;
• Abcesso cavitário;
• Fístula digestiva – sutura do apêndice abrir e vasar fezes
na cavidade; fístula do ceco;
• Peritonite;
• Deiscência de sutura da pele – infecção da sutura de
McBurney;
• Obstrução intestinal – alça intestinal se adere no local da
cirurgia.
Abdome Agudo
• É uma condição clínica abdominal, que tem como
principal sintoma a dor abdominal de início súbito ou de As 10 dimensões da dor
evolução progressiva, necessitando de avaliação e
1. Tipo (em pontada, em aperto, queimação.);
tratamento rápidos, seja este cirúrgico ou não;
2. Duração;
• Qualquer órgão intra ou retroperitoneal pode ser a causa;
- Tipo de dor e duração: primeiras perguntas;
• Doença em víscera previamente normal (apendicite
3. Evolução (progressivamente, intermitente, aguda.);
aguda), ou agudização de doença crônica;
4. Localização;
• O período crítico de dor é classicamente maior do que 6h,
5. Intensidade;
mas pode ser de 1 a 72h;
6. Irradiação;
• O retardo no diagnóstico e tratamento afetam 7. Relação com funções orgânicas (ao comer ou estar em
negativamente o prognóstico jejum melhora..);
• O diagnóstico precoce é essencial para diminuir 8. Fatores desencadeantes/agravantes;
morbimortalidade; 9. Fatores que aliviam;
• Anamnese detalhada e exame físico minucioso são mais 10. Manifestações associadas e cronologia: náuseas, vômitos,
importantes do que qualquer exame complementar; constipação, diarreia, febre, melena, hematúria, disúria,
• A primeira avaliação é a mais importante, porque a colúria, tontura, sudorese, anorexia...
analgesia subsequente pode alterar o exame físico;
• Avaliações seriadas pelo mesmo médico, são a melhor CLASSIFICAÇÃO
forma de determinar a progressão ou a resolução da ▪ Abdome Agudo Inflamatório: dor insidiosa e com piora
doença; progressiva, febre, peritonite localizada ou difusa.
• A conduta no paciente com abdome agudo deve ser Tratamento pode ser clínico ou cirúrgico;
ordenada e completa; ▪ Abdome Agudo Obstrutivo: dor tipo cólica, progressiva,
• O tratamento adequado de pacientes com dor abdominal distensão abdominal, parada de eliminação de flatos e
aguda, necessita de uma decisão em tempo hábil quanto fezes, náuseas/vômitos (alimentes – biliares - líquido
a necessidade ou não de cirurgia; entérico – vômitos fecalóides). Tratamento pode ser
• Os médicos devem estar familiarizados com as causas clínico ou cirúrgico;
mais comuns de abdome Agudo. ▪ Abdome Agudo Perfurativo: víscera oca que perfura; Dor
Trauma abdominal é uma entidade a parte! Causada por súbita, intensa, aguda e persistente, peritonite
mecanismos diferentes. imediatamente, palidez, sudorese, evoluindo para o
choque séptico se não tratado rapidamente. Tratamento
pode ser clínico ou cirúrgico, mas na maioria das vezes é
SINTOMAS cirúrgico;
• Dor abdominal (principal sintoma); ▪ Abdome Agudo Hemorrágico (extra-luminal): dor súbita,
• Febre; palidez e sinais de choque hipovolêmico. Tratamento
• Sintomas associados: icterícia, colúria, acolia fecal, pode ser clínico ou cirúrgico, mas na maioria das vezes é
Hematêmese, hematoquesia; cirúrgico;
• Sintomas urinários: disúria, polaciúria, hematúria; ▪ Abdome Agudo Vascular: dor intensa, tipo cólica,
• História ginecológica: avaliação do ciclo menstrual, uso de desproporcional ao exame físico, podendo evoluir para
DIU e cirurgias prévias. peritonite. Tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, mas

Tipos de dor na maioria das vezes é cirúrgico.

→ Dor visceral: provocada por distensão, inflamação ou


isquemia na linha média, que faz o paciente se
movimentar constantemente (ex.: dor em cólica);
• Ocorre no início do quadro;
- Distensão, sem inflamação;
- Vaga;
- É difusa, mal definida;
- Normalmente em linha média do abdome, tipo cólica.
→ Dor somática ou parietal: tem origem no peritônio
parietal, é mais localizada, constante e nítida, e se acentua
com os movimentos, o paciente fica imóvel (peritonite);
• Ocorre na inflamação da parede abdominal
- Localização da dor próxima ao órgão acometido;
- Mais intensa e nítida
→ Dor referida ou irradiada: dor de origem intra-abdominal
que se manifesta em áreas anatomicamente distantes,
por compartilhar os mesmos circuitos neurais centrais.
Cálculo na região do rim

ABDOME AGUDA INFLAMATÓRIO


• Alteração do estado geral, febre, vômitos, taquicardia,
desidratação, palidez cutane-omucosa;
• Abdome: dor à palpação superficial e profunda,
resistência abdominal à palpação voluntária e
involuntária, descompressão brusca dolorosa, diminuição
dos RHA, pode ocorrer palpação de plastrão;
• Quadro clínico geralmente é suficiente para definir o
diagnóstico;
• Hemograma: leucocitose com desvio à esquerda;
• RX: alças sentinelas ao processo peritonítico;
Ultrassom de abdome mostrando o pâncreas em processo
• US: confirma o diagnóstico etiológico.
inflamatório

Causas
• Apendicite aguda;
• Colecistite aguda;
• Pancreatite aguda;
• Diverticulite aguda;
• Doença inflamatória pélvica;
• Abcessos intra-abdominais – de qualquer origem;
• Peritonites primárias e secundárias;
• Colangite;
• Hepatite fulminante;
• Pielonefrite aguda

Exames de imagem
• Radiografia simples de abdome em decúbito, ortostase e
cúpulas diafragmáticas;
• US abdome total: é diagnóstico na maioria dos casos;
• TC de abdome com contraste VO e EV se US não esclarecer
ou em forte suspeita de diverticulite aguda grave;

Ultrassom na região do pâncreas


Tomografia de apendicite

ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Obstrução de cólon – fecaloma

• Alteração de estado geral, desidratação (se o paciente


apresentar vômitos), taquicardia, geralmente sem febre, ABDOME AGUDO PERFURATIVO
hipotensão arterial, complicações respiratórias agudas e • Comprometimento do estado geral, fácies toxêmica,
parada de eliminação de fezes e gases; taquicardia, desidratação, febre com sudorese fria,
• Abdome: dor em cólica, distensão, pode aparecer hipotensão arterial e dor abdominal “em facada”;
peristaltismo visível, desconforto à palpação, RHA • Abdome: dor à palpação superficial e profunda de todo o
aumentados em número e com timbre (metálico); abdome, resistência abdominal involuntária (abdome em
• Radiografia: distensão de alças de delgado com níveis “tábua”), RHA diminuídos ou ausentes, percussão
hidroaéreos dolorosa em todo o abdome com desaparecimento de
Causas macicez hepática (Sinal de Jobert);
• No RX: pneumoperitônio
• Aderências e bridas intestinais;
• Hérnia estrangulada;
• Fecaloma; Causas
• Obstrução pilórica; • Úlcera péptica perfurada;
• Volvo; • Neoplasia gastrointestinal perfurada;
• Intussuscepção (uma alça entra dentro da outra); • Amebíase;
• Cálculo biliar no íleo distal; • Febre tifoide;
• Corpo estranho no tubo digestivo; • Divertículo do cólon perfurado;
• Bolo de áscaris;

Exames de imagem
Exames de imagem • Radiografias simples de abdome em decúbito, ortostase e
• Radiografia simples de abdome em decúbito, ortostase e cúpulas diafragmáticas;
cúpulas diafragmáticas; • US: abdome - pouco efetivo;
• US: abdome não ajuda; • TC de abdome com contraste VO e EV se Rx não
• TC abdome com contraste VO e EV se não houver esclarecer.
resolução em 48h de tratamento clínico ou de acordo com
suspeita clínica.

Pneumoperitôneo

ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO


• Palidez cutaneomucosa intensa, pulso fino e rápido,
Sinal de empilhamento de moedas. Obstrução a nível de hipotensão arterial, sudorese fria, e rebaixamento do
intestino delgado nível de consciência;
• Dor abdominal súbita;
• Abdome: dor difusa à palpação superficial e profunda de
fraca intensidade, descompressão brusca dolorosa e
difusa e RHA pouco diminuídos;
• Paracentese abdominal e lavado peritoneal positivo
quando recuperarem sangue incoagulável na cavidade
peritoneal;
• US: líquido livre na cavidade

Causas
• Gravidez ectópica rota;
• Cisto ovariano hemorrágico;
• Ruptura de aneurisma de aorta abdominal;
• Ruptura de baço espontânea;
• Necrose tumoral;
• Endometriose
Exames de imagem
• Radiografia simples de abdome em decúbito, ortostase e
cúpulas diafragmáticas (apenas para descartar outras
causas);
• US abdome é o exame mais importante;
• US transvaginal pode ser muito útil;
• TC abdome em casos selecionados.

ABDOME AGUDO VASCULAR


• MEG, hipotensão arterial grave, pulso fino, rápido e
arrítmico, alteração do ritmo respiratório, cianose de
extremidades, febre baixa e extremidades frias, dor
abdominal mal definida, vômitos de líquido escuro e de
odor necrótico e presença de claudicação abdominal;
• Abdome: dor à palpação superficial e profunda,
descompressão brusca dolorosa nem sempre presente,
distensão abdominal, RHA ausentes ou diminuídos, toque
retal com saída de líquido necrótico-hemorrágico;
• Radiografia: pobreza de gases em alças intestinais;
• Paracentese: líquido necrótico na cavidade (praticamente
patognomônico)

Causas
• Isquemia intestinal;
• Trombose mesentérica;
• Torção do grande omento;
• Torção de pedículo de cisto ovariano;
• Infarto esplênico
Exames de imagem
• Radiografia simples de abdome em decúbito, ortostase e
cúpulas diafragmáticas;
• US: abdome não ajuda;
• TC abdome em contraste EV e VO: angiografia (fase
arterial e portal) é o melhor exame. EXAMES LABORATORIA IS
❖ Hemograma:
• Dosagem de ureia e creatinina;
• Eletrólitos e gasometria arterial;
• Bilirrubina, transaminases, fosfatase alcalina, gama GT,
amilase e lipase;
• Coagulograma;
• Exame de urina
❖ Exames de imagens:
Sofrimento de alça intestinal • Radiografia abdominal;
• Ultrassom;
• Tomografia computadorizada de abdome total;
• Ressonância magnética;
• Arteriografia;
• Cintilografia;
• Endoscopia digestiva alta;
• Colonoscopia;
• Paracentese abdominal;
• Laparoscopia.

TRATAMENTO
• Tratamento varia conforme a etiologia;
• Na maioria das vezes a definição da síndrome clínica
permite iniciar o tratamento, mesmo sem o diagnóstico
etiológico preciso;
• O tratamento definitivo depende do diagnóstico correto
da etiologia do abdome agudo;
• Abdome agudo perfurativo e hemorrágico tem
tratamento cirúrgico na grande maioria dos casos.
→ Alguns exemplos:
• Abdomên agudo inflamatório:
- Apendicite aguda: cirurgia aberta ou laparoscopia;
- Colecistite aguda: antibioticoterapia ou cirurgia;
- Pancreatite aguda: jejum, hidratação e sintomáticos;
- Salpingite aguda: antibioticoterapia ou cirurgia;
- Diverticulite aguda: antibioticoterapia ou cirurgia.
• Abdomên agudo perfurativo:
- Úlcera perfurada: cirurgia;
- Perfuração por corpo estranho: cirurgia;
• Abdomen agudo vascular:
- Trombose mesentérica: anticoagulação;
• Abdômen agudo hemorrágico:
- Sangramento digestivo: embolização;
- Prenhez ectópica: cirurgia;
- Embolia arterial: embolectomia (arteriografia)
• Abdomen agudo obstrutivo:
- Aderências intestinais: sondagem nasogástrica;
- Tumor de cólon obstrutivo: cirurgia

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