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DIVINÓPOLIS-MG
SETEMBRO 2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ
DIVINÓPOLIS-MG
SETEMBRO 2023
ii
RESUMO
A diálise peritoneal (DP) é uma das opções de terapia renal substitutiva em que se utiliza o
peritônio para a filtração do sangue. A peritonite é a principal causa de falha da DP e
transferência para a hemodiálise (HD). Indicadores de inflamação crônica podem servir como
uma ferramenta clínica para detecção de risco e guiar as tomadas de decisões no manejo da
doença. No acompanhamento de rotina, os pacientes em DP precisam de medições mais
baratas, mais convenientes e eficazes para a estratificação de riscos e de mortalidade. Novos
índices hematológicos inflamatórios têm se mostrado promissores na predição de mortalidade
em pacientes submetidos à DP. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo avaliar a
associação dos índices hematológicos inflamatórios com a mortalidade por todas as causas e
transferência para HD em pacientes submetidos à DP. Métodos: Uma coorte prospectiva foi
realizada com 43 pacientes submetidos à DP por 18 meses. Foram calculados os índices
hematológicos, a partir dos dados do hemograma coletados nos prontuários dos pacientes, a
saber: Razão Neutrófilo-Linfócito (RN), Razão Plaqueta-Linfócito (RPL), Razão Neutrófilo-
Linfócito Derivada (Drnl), Razão Monócito-Linfócito (RML), Razão Linfócito-Monócito
(RLM), Índice Agregado de Inflamação Sistêmica (AISI), Índice Inflamatório Sistêmico (SII)
e o Índice de Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRI). A sobrevivência dos pacientes foi
estimada pelo método Kaplan Meier. O modelo de Cox para riscos competitivos foi utilizado
para avaliar a influência de cada um dos índices na sobrevida. Resultados: Nas estimativas de
sobrevivência para cada um dos índices, apenas o SIRI foi estatisticamente significativo
indicando maior sobrevida para SIRI < 0,29 comparado com pacientes cujo SIRI está entre
0,29 e 2,20 e SIRI > 2,20 (p valor < 0,001). A metodologia de Cox permitiu ajustar modelos
para os índices AISI e SIRI. Em ambos o número de peritonites apresentou significância
estatística marginal, sendo que a cada peritonite diagnosticada o risco de óbito ou
transferência para hemodiálise aumenta 1,75 e 1,71 vezes, respectivamente. AISI, embora
significativo estatisticamente, não impactou no risco de ocorrência dos desfechos (HR = 1).
Para SIRI, a cada aumento de uma unidade, o risco de óbito ou de transferência para
hemodiálise aumenta 4,4 vezes. Conclusão: O número de peritonites e o SIRI foram
associados à mortalidade por todas as causas e transferência para HD em pacientes
submetidos à DP.
iii
ABSTRACT
Peritoneal dialysis (PD) is one of the alternative renal therapy options in which the
peritoneum is used for blood filtration. Peritonitis is the main cause of PD failure and transfer
to hemodialysis (HD). Chronic inflammation indicators can serve as a clinical tool for risk
detection and guide decision-making in disease management. In routine follow-up, PD
patients need cheaper, more convenient and effective measurements for risk and mortality
stratification. New inflammatory hematological indices have shown promise in predicting
mortality in patients undergoing PD. Thus, the present study aims to evaluate the association
of hematological inflammatory indices with all-cause mortality and transfer to HD in patients
undergoing PD. Methods: A prospective cohort was performed with 43 patients undergoing
PD for 18 months. Hematological indices were calculated from blood count data collected
from the patients' medical records, namely: Neutrophil-Lymphocyte Ratio (RN), Platelet-
Lymphocyte Ratio (PLR), Derived Neutrophil-Lymphocyte Ratio (Drnl), Monocyte-
Lymphocyte Ratio (LMR), Lymphocyte-Monocyte Ratio (LMR), Aggregate Systemic
Inflammation Index (AISI), Systemic Inflammatory Index (SII) and the Systemic
Inflammatory Response Index (SIRI). Patient survival was estimated using the Kaplan Meier
method. The Cox model for competing risks was used to assess the influence of each index on
survival. Results: In the survival estimates for each of the indices, only SIRI was statistically
significant, indicating greater survival for SIRI < 0.29 compared to patients whose SIRI is
between 0.29 and 2.20 and SIRI > 2.20 (p value < 0.001). Cox's methodology allowed
adjusting models for the AISI and SIRI indices. In both, the number of peritonitis showed
marginal statistical significance, with each diagnosed peritonitis increasing the risk of death or
transfer to hemodialysis by 1.75 and 1.71 times, respectively. AISI, although statistically
significant, did not impact the risk of occurrence of outcomes (HR = 1). For SIRI, at each
increase of one unit, the risk of death or transfer to hemodialysis increases 4.4 times.
Conclusion: The number of peritonitis and IRIS were associated with all-cause mortality and
transfer to HD in patients undergoing PD.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS................................................................................................................vi
LISTA DE TABELAS..............................................................................................................vii
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................................9
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................................11
3 OBJETIVOS..........................................................................................................................28
4 METODOLOGIA..................................................................................................................29
4.3.3 Covariáveis......................................................................................................................31
5 RESULTADOS......................................................................................................................35
6 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS...........................................................................................47
REFERÊNCIAS........................................................................................................................48
vi
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
CV- Cardiovascular
DP – Diálise Peritoneal
HD – Hemodiálise
IC – Intervalo de Confiança
IL-2 – Interleucina- 2
ix
IL-6- interleucina-6
MP – Membrana Peritoneal
RML-Razão Monócito-Linfócito
UF – Ultrafiltração
x
9
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A diálise peritoneal (DP) é uma das opções de terapia renal substitutiva (TRS) em que
se utiliza o peritônio, membrana porosa que cobre os principais órgãos do abdômen, para a
filtração do sangue através da colocação de um cateter implantado na parede abdominal onde
o dialisato é adicionado (BELLO et al., 2022).
A diálise peritoneal é a TRS que demanda menor custo e é capaz de oferecer uma boa
expectativa e qualidade de vida semelhante à HD. A DP tem sido vista como uma alternativa
para reduzir o ônus econômico causado pela doença nos sistemas de saúde (LOESCH 2020),
mas continua sendo uma terapia subutilizada (WONG, 2018).
2 REVISÃO DA LITERATURA
A função renal é avaliada pela taxa de filtração glomerular (TFG) que pode ser
estimada utilizando-se equações como a CKD-EPI (The Chronic Kidney Disease
Epidemiology Collaboration Equation), que é atualmente recomendada pelo National Kidney
Foundation. A partir desse cálculo o paciente pode ser classificado em cinco estágios da DRC
(estágios 1, 2, 3A, 3B, 4 e 5). Quando a TFG atinge valores muito baixos, inferiores a
15/mL/min/1,73m2, estabelece-se a falência renal funcional, ou seja, o estágio final da DRC e
nessa fase recomenda-se o início da TRS (ANDRASSY, 2013; EKNOYAN et al., 2013;
KIRSZTAJN et al., 2014).
remoto de DP são usadas para melhorar o acesso à DP, mas cobrir os custos de toda a
população em diálise continua sendo um grande desafio (BELLO et al., 2022). Alguns países
como Índia, Tailândia e Hong Kong, implementaram políticas de DP como primeira escolha,
para reduzir custos e melhorar o acesso, uma vez que a DP requer menos infraestrutura, pode
ser ampliada com mais facilidade e é mais barata quando comparada com a HD (NAVVA et
al., 2025; NIANG et al., 2018; SHRESTHA, 2018).
Esses índices têm sido amplamente utilizado por serem de baixo custo, obtidos por
meio cálculos simples (HAMAD et al., 2022) e podem ser úteis como uma alternativa para
investigar processos inflamatórios, por serem mais acessíveis e práticos que os marcadores
inflamatórios comuns (FEST et al., 2018; URBANOWICZ et al., 2022).
A RPL também já foi associada com uma variedade de desfechos e doenças como
mortalidade na DRC (YAPRAK et al., 2016); eventos cardiovasculares (CHEN e YANG
2019); comprometimento cognitivo e desfechos desfavoráveis na diabetes mellitus (SHUI et
al., 2021); neoplasias como de cabeça e pescoço (KUMARASAMY et al., 2021),
ginecológicas (JIANG et al., 2019) e câncer pancreático metastático (FONSECA et al., 2021).
al., 2021), leucemia linfocítica (YOKUS et al., 2020), câncer da tireoide (YOKOTA et al.,
2020) e dentre outras. Também já se mostrou associada à mortalidade por todas as causas na
insuficiência cardíaca (SILVA et al., 2015).
O SII também é um índice que já foi associado a diversos desfechos e doenças como
DCV (ZHANG e CHEN, 2022); doenças malignas (NOST et al., 2021); previsão de falha do
tratamento de peritonite na DRC (ZHOU et al., 2023); predição de sobrevida pós-operatória
de pacientes com câncer cervical (HUANG et al., 2019) e prognóstico de câncer de
endométrio (HUANG et al., 2021).
O SIRI também já foi bastante associado ao aumento do risco de DCV (LI et al.,
2022); doenças inflamatórias como a artrite reumatóide (XU et al., 2022); predição de
prognóstico de acidente vascular cerebral (AVC) (ZHANG et al., 2021); como preditor
independente de sobrevivência em pacientes com câncer de mama (ZHU et al., 2022), câncer
pancreático (Zhuang et al., 2016); como marcador de prognóstico em pacientes com câncer
cervical operável (CHAO et al., 2020); como preditor de sobrevida de pacientes com
adenocarcinoma pancreático (KIM et al., 2022), artrite reumatóide (XU et al., 2022), dentre
outros desfechos.
Em uma população de 86 pacientes com DRC submetidos à DP, com idade média de
54,6 anos, duração média da diálise de 25,6 meses e acompanhados por 36 meses, uma
17
RNL≥4,5 foi associada à mortalidade por todas as causas (HR: 6,09; IC 95%: 4,99-7,56) e à
mortalidade cardiovascular (HR: 6,57; IC 95%: 5,94-7,73) (LU et al., 2018). Em uma
população de 225 chineses submetidos a DP, com idade média de 59 anos, acompanhados por
cerca de 43,9 meses, a RNL >4,62 demonstrou ser preditora independente de mortalidade por
todas as causas (HR: 1,74; IC 95%: 1,09–2,79), mas não houve diferença significativa para
mortalidade por DCV (LAU et al., 2023).
Uma RNL entre 1,87 e 5,92 foi identificada como um fator de risco independente para
progressão da doença renal em uma população de 83 pacientes com DRC nos estágios 1-4
internados em um hospital, com média de idade de 68 anos e acompanhados após a alta
durante a mediana de 31,8 meses (HR: 1.67; IC 95%: 1,02-2,77) (YOSHITOMI et al., 2019).
Uma RPL >257,50 mostrou estar associada independentemente com a mortalidade por
todas as causas (HR: 2,15; IC 95%: 1,42- 3,26) em um estudo com 939 pacientes chineses em
DP acompanhados por 11,3 anos, com média de idade de 49,9 anos com duração mediana da
diálise de 27,5 meses (LIU et al., 2021). A RPL ≥130,4 também foi capaz de predizer
independentemente a mortalidade por todas as causas (HR: 4.418; IC 95%: 1,377- 14,179) em
18
80 pacientes em HD com média de idade de 56,8 anos acompanhados por 24 meses, com
duração da DP em média de 45,9 meses (YAPRAK et al., 2016).
Em outro estudo com 1.438 pacientes chineses em DP, com média de idade de 47,4
anos, acompanhados por 8 anos e com tempo mediano em DP de 48,9 meses, a PLR >156,43
foi independentemente associada com o risco aumentado de mortalidade por DCV (HR: 1,0;
IC 95%: 1,00-1,01) (SHENG et al., 2022).
Em um estudo com 355 pacientes chineses com média de idade de 58,0 anos e
mediana de tempo em HD de 20 meses, uma RML mais alta (0,34 a 1,75) foi
independentemente associada à mortalidade por todas as causas (HR: 4,84; IC 95%: 2,09-
11,21) e mortalidade cardiovascular (HR: 6,98; IC 95%: 1,94-25,11) (XIANG et al., 2018).
19
Poucos estudos avaliaram a ligação do AISI com a DRC. Ercan et al. (2023) avaliou o
impacto do AISI na mortalidade hospitalar em 85 pacientes com DRC nos estágios 3-5
hospitalizados por COVID-19, com média de idade de 72,1 anos. O AISI ≥ 621,1 demonstrou
ser um importante preditor de sobrevida (HR: 1,001; IC 95%: 1-1,001) nessa população.
risco independente para mortalidade por todas as causas (HR: 1,48; IC 95%: (1,35–1,62),
cardiovascular (HR: 1,64; IC 95%: 1,44–1,85) e câncer (HR: 1,50; IC 95%: 1,09–2,08). Mais
pesquisas ainda são necessárias para validar o valor preditivo de SII para risco de mortalidade
na DRC.
Poucos estudos avaliaram o SIRI em pacientes com a DRC. Halmaciu et al. (2022)
verificou o papel preditivo do SIRI na necessidade de ventilação mecânica invasiva e
mortalidade em um estudo com 267 pacientes, com média de idade de 71,2 anos com
COVID-19, incluindo pacientes com DRC. De acordo com os achados de um estudo, um SIRI
≥3,03 na admissão hospitalar prediz fortemente a necessidade de ventilação mecânica
invasiva e mortalidade (OR: 36,95; IC 95%: 11.04–123.64).
Autores/ Ano País Desenho do estudo População de estudo Índices avaliados/ Desfechos Resultados
Referência
LU et al., 2018 China Coorte prospectivo Pacientes com DRCT sem função RNL Relação entre RNL RNL ≥4,5 está independentemente
renal residual em tratamento regular e marcadores de associada à rigidez arterial cfPWV (β =
para DP por pelo menos 3 meses rigidez arterial, 1,150; P < 0,001) e AIx (β = 3,945; P <
incluindo cfPWV e 0,001) e prediz mortalidade
Acompanhamento: 36 Mediana: 4,5 AIx e associação cardiovascular (HR: 6,57; IC 95%:
meses entre RNL 5,94-7,73) e por todas as causas (HR:
N= 86 aumentada e 6,09; IC 95%: 4,99-7,56) em pacientes
mortalidade em em DP
Idade: 54,6 (média) pacientes em DP
Sexo: F: 49(57%) M: 37 (43%)
LAU et al., China Coorte retrospectivo Pacientes em DP que fizeram RNL Valor prognóstico RNL >4,62 demonstrou ser preditora
2023 acompanhamento regular na da RNL na independente de mortalidade por todas
unidade renal do Hospital Prince of mortalidade por as causas (HR: 1,74; IC 95%: 1,09-
Wales todas as causas e 2,79) e não houve diferença
Acompanhamento: 3 Tercis: ≤3,05; 3,06 a mortalidade CV em significativa na mortalidade por DCV
anos 4,62 e ≥4,63 pacientes em DP
N= 225
Idade: 59 (média)
(mediana)
YOSHITOMI Japão Coorte prospectivo Pacientes japoneses com DRC que RNL Relação dos níveis RNL entre 1,87 e 5,92 foi identificada
et al., 2019 foram internados em um hospital e de RNL com a como um fator de risco independente
Acompanhamento: após a alta entre junho de 2009 e progressão da para progressão da doença renal em
aproximadamente 7 novembro de 2016 doença renal em pacientes com DRC estágios 1-4
anos Baixa: 0,51 a 1,86 pacientes com DRC internados (HR: 1.67; IC 95%: 1,02-
2,77)
Alta: 1,87 a 5,92
N= 350
Idade: 68 (mediana)
ZHOU et al. China Caso controle Pacientes com peritonite associada à dRNL Papel dos As medianas de RNL, PLR, MLR, SII,
2023 diálise peritoneal de um hospital da marcadores dRNL foram significativamente maiores
China RNL inflamatórios no grupo de falha do que no grupo de
derivados do sucesso.
Acompanhamento: 10 RPL hemograma como
anos preditores de falha
N= 138 RML do tratamento de
peritonite aguda em Modelo de regressão logística
Idade: 58,07 (mediana) SII multivariada RNL: (OR: 1,37; IC 95%:
pacientes em DP
crônica 1,105–1,713) e
Sexo: F: 57 (41,3%) M: 81 (58,7%)
RPL: (OR: 1,01; 95% IC: 1,004–1,017)
Duração da diálise: 26,42 (mediana) foram fatores de risco altamente
significativo para falha do tratamento.
LIU et al., China Coorte prospectivo Pacientes com DRCT com idade ≥ RPL Relação entre a RPL>257,50 mostrou estar associada
2021 18 anos submetidos à DP de 1º de PLR e a independentemente com a mortalidade
novembro de 2005 a 28 de fevereiro mortalidade por por todas as causas (HR: 2,15; IC 95%:
de 2017 e que realizaram tratamento todas as causas em 1,42- 3,26)
Acompanhamento: de DP por pelo menos 3 meses em Tercis: baixa= <108,33; pacientes em DP
11,3 anos um hospital da China médio = 108,33 a 257,50
e alto= > 257,50
N= 939
YAPRAK et Turquia Coorte prospectivo Pacientes submetidos a tratamento RPL Relação entre RNL RPL≥130,4 foi associada à mortalidade
al., 2016 de HD três vezes por semana por e PLR com por todas as causas em pacientes
pelo menos três meses Mediana: 130,4 mortalidade por prevalentes em HD (HR: 4.418; IC
todas as causas em 95%: 1,377- 14,179). RNL perdeu a
Acompanhamento: 24 pacientes associação após análise de regressão de
meses prevalentes em HD Cox ajustada (HR: 1.536; IC 95%:
N= 80 RNL
24
SHENG et al., China Coorte prospectivo Pacientes submetidos à DP de 1º de RPL Relação entre RPL PLR>156,43 foi independentemente
2022 janeiro de 2007 a 31 de dezembro e mortalidade por relacionada com o risco aumentado de
Acompanhamento: 8 de 2014 de um hospital universitário Mediana: 156,43 todas as causas por mortalidade por DCV em pacientes em
anos da China DCV em pacientes DP apenas do sexo feminino (HR:
em DP 1,003; IC 95%: 1,001-1,006) e não foi
independentemente relacionada a
mortalidade por todas as causas (HR:
N= 1.438 1,00; IC 95%: 0,999-1,001)
Idade: 47,4 anos (média)
CHEN e China Coorte prospectivo Pacientes em diálise peritoneal RPL Relação entre PLR PLR≥118,53 foi confirmada como um
YANG 2019 ambulatorial contínua por ≥3 meses e eventos preditor independente de eventos CV
internados em um hospital da China Ponto de corte curva cardiovasculares em (OR: 1,05; IC 95%: 1,02-1,08). Após
ROC: 118,53 pacientes em diálise análise de regressão binária ajustada, a
Acompanhamento: 22 peritoneal relação entre RNL alta (≥ 2,23) e
meses ambulatorial eventos CV foi perdida
N= 70 contínua
RNL (OR: 1,21; IC 95%: 0.52–2.85)
Idade: 49,83 (média)
Ponto de corte curva
Sexo: F: 29 (41,43%) M: 41 (58,17) ROC: 2,23
Duração da diálise: NR
25
MUTO et al., Japão Coorte prospectivo Pacientes em DP e HD incidentes RML Associação entre RML>0,35 foi associada a um risco
2022 com 75 anos ou menos de um RML com o risco aumentado de eventos CV (RR:2.02; IC
hospital do Japão de eventos CV e 95%: 1.09–3.76) e hospitalização por
hospitalização por doenças infecciosas (RR: 1,91; IC 95%:
Acompanhamento: Mediana: 0,35 doença infecciosa 1,01–3,60)
48,7 meses (mediana)
N= 132
Duração da diálise: NR
WEN et al., China Coorte prospectivo Pacientes em DP ≥ 3 meses RML Associação entre RML > 0,45 no início da DP foram
2020 incidentes de centros de DP da RML e mortalidade independentemente associados ao
China por DCV aumento da mortalidade por DCV (HR:
1,45; IC 95%: 1,13-2,51)
Acompanhamento: Tercis:
31,2 (média)
N= 1.753 Baixa: < 0,29
Duração da diálise: NR
XIANG et al., China Coorte prospectivo Pacientes que receberam tratamento RML Valor preditivo da MLR entre 0,34 a 1,75 foi
2018 de HD por pelo menos 6 meses em RML para independentemente associada à
um centro de diálise na China mortalidade por mortalidade por todas as causas (HR:
todas as causas e 4,84; IC 95%: 2,09-11,21) e
Acompanhamento: Tercis: mortalidade CV mortalidade CV (HR: 6,98; IC 95%:
Inscritos de março de 1,94-25,11)
2009 a outubro de
26
LI et al., 2012 China Coorte prospectivo Pacientes recém-diagnosticados com RLM Impacto da RLM na RLM≤2,6 foi considerado um fator
linfoma difuso de grandes células B sobrevida de prognóstico independente de sobrevida
tratados com terapia com rituximabe pacientes recém- global inferior (RR: 3.10; IC 95%:
mais ciclofosfamida, doxorrubicina, diagnosticados com 1.236–7.814) e sobrevida livre de
Acompanhamento: vincristina e prednisona. Ponto de corte curva linfoma difuso de progressão (RR: 2.75; IC 95%: 1.300–
NR ROC: 2,6 grandes células B 5.849) no linfoma de células B
N= 438
Idade: 53 (média)
GARY et al., Áustria Caso controle Pacientes com DAOP atendidos no RLM Associação da RLM RLM< 3,1 pode ser usada para
2014 departamento médico da com isquemia nos discriminar pacientes com doença
Acompanhamento: universidade de medicina de Graz Ponto de corte curva membros na doença arterial oclusiva periférica com alto e
2005 a 2010 ROC: 3,1 arterial oclusiva baixo risco de lesões isquêmicas (OR:
periférica 2,0; IC 95%: 1,8–2,2)
N= 2.121
Idade: 71 (mediana)
KURTUL et Turquia Caso controle Pacientes que foram internados em RLM Associação da RLM RLM<2,292 pode prever a chance de
al., 2015 um hospital da Turquia com o com refluxo após desenvolvimento do fenômeno de No-
Acompanhamento: fenômeno de N0-reflow após Ponto de corte curva uma intervenção Reflow em pacientes que foram
julho de 2012 a intervenção coranária percutânea ROC: 2,292 coronária submetidos a intervenção coranária
fevereiro de 2015 dentro de 12 horas após o início dos percutânea percutânea (OR: 2,65; IC 95%: 1.101–
sintomas 6.411)
N= 857
SILVA et al., Portugal Coorte prospectivo Pacientes internados no RLM Testar se LMR é RLM<2,0 foi associada a risco de morte
2015 departamento de medicina de um um parâmetro útil por IC em 6 meses (HR: 2,28; IC 95%:
Acompanhamento: 6 centro hospitalar português, com para discriminar os 1,25–4,15) e mortalidade por todas as
meses diagnóstico principal de IC pacientes com IC causas (HR: 2,39; IC 95%: 1,39–4,10)
Ponto de corte curva com maior risco de
ROC: 2 mortalidade
N= 390
Idade: 78 (mediana)
ERCAN et al., Turquia Coorte retrospectiva Pacientes com DRC, estágios 3-5, AISI Impacto do AISI na AISI≥621,1 demonstrou ser um
2023 hospitalizados por COVID-19 mortalidade importante preditor de sobrevida (HR:
hospitalar de 1,001; IC 95%: 1-1,001)
N= 85 pacientes com DRC
Acompanhamento: Ponto de corte curva com Covid-19
abril a outubro de Idade: 72,1 (média) ROC: 621,1
2021
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LAI et al, 2023 China Coorte prospectivo Pacientes diagnosticados com DRC SII Mortalidade por SII≥ 1063.39 demonstrou ser um fator
de hospitais da China todas as causas, de risco independente para mortalidade
Quartis: cardiovascular e por por todas as causas (HR: 1,48; IC 95%:
câncer (1,35–1,62), cardiovascular (HR: 1,64;
Acompanhamento: Q1: ≤ 420.09 IC 95%: 1,44–1,85) e câncer (HR: 1,50;
4,5 anos (média) N= 19.327 IC 95%: 1,09–2,08) entre pacientes com
Q2: 420.09 < SII ≤ DRC
Idade: 68,8 (média) 646.91
Q4: ≥ 1063.39
HALMACIU Romênia Coorte retrospectivo Pacientes com mais de 18 anos de SIRI Avaliação do SIRI SIRI≥3,03 na admissão hospitalar
et al. 2022 idade com diagnóstico de na ventilação predizem fortemente a necessidade de
Acompanhamento: pneumonia por COVID-19 mecânica invasiva e ventilação mecânica invasiva e
admitidos em um hospital da mortalidade em mortalidade
Romênia Mediana: 3.03 pacientes com
COVID-19 (OR: 36,95; IC 95%: 11.04–123.64)
N= 267
RNL razão neutrófilo-linfócito, RPL razão plaqueta-linfócito; dRNL: razão neutrófilo-linfócito derivada; RML razão monócito-linfócito; RLM razão linfócito-
monócito; AISI: Índice Agregado de Inflamação Sistêmica; SII: Índice Inflamatório Sistêmico; SIRI: Índice de Resposta Inflamatória Sistêmica; CV: cardiovascula; AVC:
acidente vascular encefálico; DRCT: doença renal crônica terminal; cfPWV: velocidade da onda de pulso carotídeo-femoral; Aix: índice de aumento; HD: hemodiálise; DP:
diálise peritoneal; IAM: infarto agudo do miocárdio.
29
3 OBJETIVOS
4 METODOLOGIA
Para este estudo, foi utilizado o conjunto de dados obtido de um estudo desenvolvido
na Universidade Federal de São João del Rei, que teve como objetivo avaliar biomarcadores
inflamatórios em pacientes sob diálise peritoneal (LIMA et al., 2013). Trata-se de estudo de
coorte prospectivo realizado com pacientes em diálise peritoneal do Centro de Nefrologia do
Hospital São João de Deus – Divinópolis/MG, referência no tratamento de doenças renais da
região Centro-Oeste Mineira, sendo um dos maiores centros de nefrologia do Brasil com
pacientes em tratamento de DP. Os participantes foram acompanhados de agosto de 2011 a
fevereiro de 2013. A partir do projeto inicial outros 4 estudos foram desenvolvidos
(VELLOSO et al., 2014; TURANI et al., 2017; de OLIVEIRA et al., 2017; OLIVEIRA
JUNIOR et al., 2021).
• Critérios de inclusão: estar em diálise peritoneal há, pelo menos, 90 dias e ter 18 anos
de idade ou mais.
Os dados do hemograma foram coletados a partir do prontuário. Por meio deles, foram
calculados os índices hematológicos para todos os participantes nas quatro ondas do
seguimento RNL= neutrófilos/ linfócitos; dRNL= neutrófilos/ global de leucócitos –
neutrófilos; RPL= plaquetas/linfócitos; RLM= linfócitos/monócitos; RML=
monócitos/linfócitos; AISI= neutrófilos x monócitos x plaquetas/linfócitos; SII= plaquetas x
neutrófilos/ linfócitos e SIRI= neutrófilos x monócitos/ linfócitos.
4.3.3 Covariáveis
As covariáveis do estudo são: sexo, idade, doença primária, tempo total em DP, tempo
no estudo, número de episódios de peritonite, HD antes da DP, tempo em terapia de HD ou
DP, transferidos para HD, tempo do óbito, índice de massa corporal (IMC), presença de
diabetes mellitus, pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, glicemia em jejum,
creatinina, ferro sérico, capacidade total de ligação ao ferro, índice de saturação do ferro,
ferritina, colesterol total e frações, triglicérides, alanina aminotransferase, fosfatase alcalina,
proteína total, albumina, globulina, cálcio, fósforo, potássio, paratormônio.
O estudo original foi aprovado pelos Comitês de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de
São João del Rei e do Hospital São João de Deus – CAAE – 19284613.5.0000.5545 (Anexos
1 e 2). Posteriormente, foi solicitado um emenda para um novo acesso aos prontuários dos
paeticipantes do estudo, no intuito de coletar algumas variáveis como: data e causa do óbitos;
número de peritonites registradas entre agosto de 2011 e fevereiro de 2013; data e causa de
transferência para DP (caso tenha vindo da HD); data e causa de saída da DP (caso tenha sido
transferido para HD ou transplante renal); tempo total em tratamento dialítico do paciente –
incluindo HD e DP; Intercorrências ocorridas e registradas durante o tempo de estudo, para
complementar o banco de dados.
Os dados descritivos foram apresentados como frequência (%) para dados categóricos,
média e desvio padrão para dados contínuos com distribuição normal, mediana e quartis para
dados assimétricos. O teste de Shapiro Wilk foi usado para testar a normalidade dos dados. O
33
teste de Friedman foi utilizado para verificar se existe diferença entre as medianas ao longo do
tempo para cada um dos índices hematológicos inflamatórios.
A sobrevida dos pacientes foi estimada pelo método Kaplan Meier. Este método
também foi utilizado para estimar a sobrevivência dos pacientes para cada um dos índices
hematológicos inflamatórios. Cada índice foi dividido em intervalos propostos pelo grupo do
laboratório de hematologia da Universidade Federal de São João del Rei. Esse grupo utilizou
um método não paramétrico para estabelecer um intervalo de referência, baseado em uma
regra internacional (CLSI, 2010), em participantes de uma coorte prospectiva de base
populacional referente ao Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Os valores
de referência foram calculados por meio do intervalo do percentil 2,5 ao percentil 97,5 da
distribuição de cada índice hematológico inflamatório (Tabela 2) A comparação das curvas de
sobrevida entre os grupos de cada índice foi feita por meio do teste de Logrank.
os desfechos são tratados como competitivos. Se nenhum dos desfechos ocorreu para um dado
indivíduo, seu tempo de vida é considerado como censura. Assim, a variável indicadora de
falha é representada por:
A proporcionalidade dos riscos foi averiguada por meio dos gráficos dos resíduos de
Schoenfeld, os quais indicam violação deste pressuposto quando ocorrem tendências ao longo
do tempo. Para auxiliar esta avaliação de proporcionalidade, foi obtido o coeficiente de
35
correlação de Pearson entre esses resíduos e o tempo e realizado teste de hipótese para tal
correlação. Altos valores das probabilidades de significância são desejados, visto que indicam
riscos proporcionais.
5 RESULTADOS
O tempo médio de DP foi de 53,5 meses, sendo que 50% dos pacientes apresentaram
um tempo de até 46,4 meses. Foram registrados 21 episódios de peritonites, sendo que 15
(34,9%) pacientes tiveram peritonites durante o seguimento. O tempo de participação dos
pacientes no estudo foi em média 12,5 meses. No fim do seguimento haviam ocorrido 10
(23,3%) óbitos e 6 (13,9%) pacientes foram transferidos para a hemodiálise.
Variáveis Total
Idade (anos) 63,0 ± 15,3
Sexo
Masculino [n (%)] 22 (51,2%)
IMC (kg/m2) 24,6 (21,3; 26,3)
Causas primárias da DRC [n (%)]
Diabetes 13 (30,3%)
Hipertensão arterial sistêmica 7 (16,3%)
GNC 2 (4,6%)
DRPA, ACRTU 3 (7%)
Etiologias desconhecidas 18 (41,8%)
Pressão sistólica (mmHg) 142,0 ± 21,4
Pressão diastólica (mmHg) 80 ± (80,80)
Total de peritonites registradas (n) em 18 meses 21
37
RNL RPL
4 200
3 150
Medianas
Medianas
2 100
1 50
0 0
0 6 12 18 0 6 12 18
Tempo (meses) Tempo (meses)
dRNL
4
3
nas
M
0
0 6 12 18
Tempo (meses)
39
AISI
200
Medianas
100
0
0 6 12 18
Tempo (meses)
RLM RML
8 0.3
6
Medianas
Medianas
0.2
4
2 0.1
0 0
0 6 12 18 0 6 12 18
Tempo (meses) Tempo (meses)
SII SIRI
800
0.8
600
Medianas
Medianas
400 0.4
200
0 0
0 6 12 18 0 6 12 18
Tempo (meses) Tempo (meses)
Tabela 4: Medianas dos índices hematológicos inflamatórios na linha de base e nos seguimentos 6, 12
e 18 meses. Probabilidades de significância para comparação destas medianas pelo Teste de Friedman.
tinham a RPL < 72,91 apresentaram uma probabilidade de sobreviver de 100%, pois nenhum
deles faleceu ou foi transferido para HD; do 6º ao 12º mês de acompanhamento, aqueles
pacientes com uma RPL > 213,91 demonstraram uma sobrevida menor que os com RPL
dentro do intervalo proposto; após cerca de 12 meses de acompanhamento, este fato se
inverteu; as diferenças não foram significativas (p valor = 0,27). Para dRNL, nos seis
primeiros meses de acompanhamento e após o 12º mês, os pacientes com a dRNL > 2,47
exibiram uma sobrevida menor que os pacientes com dRNL dentro do intervalo de referência;
tal fato se inverteu no período de 6 a 12 meses, mas a diferença não foi significativa (p valor =
0,17) e não foram observados pacientes com dRNL < 0,66. Os pacientes com RML < 0,14
tiveram maior sobrevida do que aqueles dentro do intervalo de referência, mas não houve
diferença significativa entre eles (p valor = 0,06) e não foram observados valores da RML >
0,52. Para RLM, a sobrevida foi maior para os pacientes com valores > 7,20 comparado com
aqueles dentro do intervalo de referência, mas os valores não foram estatisticamente
significativos (p valor = 0,06) e não foram observados pacientes com RLM > 1,93. Para os
pacientes com AISI < 62,32 a sobrevida foi maior do que os que estavam dentro do intervalo
de referência e estes, por sua vez, tiveram uma sobrevida maior do que aqueles com AISI >
521,60, porém as diferenças não foram estatisticamente significativas (p valor = 0,27). Os
pacientes com SII > 871,71 tiveram a sobrevida menor comparado com aqueles dentro do
intervalo de referência, após 12 meses de acompanhamento, porém as diferenças não foram
estatisticamente significativas (p valor = 0,41) e não foram observados valores de SII <
168,19. SIRI foi estatisticamente significativo indicando maior sobrevida para SIRI < 0,29
comparado com pacientes que estavam dentro do intervalo de referência e SIRI > 2,20 (p
valor < 0,001), apenas um indivíduo observado teve o SIRI > 2,20, o qual faleceu no sétimo
mês de acompanhamento e está representado no gráfico de Kaplan Meier pela linha vertical
verde.
Figura 4: Curvas das estimativas de sobrevivência por Kaplan-Meier para todos os índices.
42
43
Considerando o modelo de Cox para riscos competitivos, foi possível obter ajuste para
os índices AISI e SIRI. Os demais índices não apresentaram significância estatística no risco
de ocorrência dos desfechos. O modelo ajustado para o índice AISI incluiu as variáveis de
interesse do estudo, embora não significativas estatisticamente. Para a variável número de
peritonites obteve-se um p valor muito próximo a 5%, sendo considerada marginalmente
significativa (Tabela 5).
* Significativo a 5%
Parâmetro c2 p valor
Tempo total em DP 3,29 0,07
Sexo 1,34 0,91
Idade 1,88 0,17
HD antes DP 1,40 0,71
44
Resíduo Martingale
Resíduo Deviance
1.0
-1.0 0.0
1
-1
-1 0 1 2 -1 0 1 2
Parâmetro c2 p valor
Tempo total em 2,51 0,11
DP
Sexo 0,01 0,93
Idade 1,97 0,16
HD antes DP 0,09 0,76
Número de 2,24 0,13
peritonites
SIRI 0,14 0,71
Global 4,69 0,58
8
Beta(t) for factor(hdadp)
6
Beta(t) for numperit
2
5
4
1
2
0
0
-1
-5
-2
-2
6 8 10 12 14 16 18 6 8 10 12 14 16 18 6 8 10 12 14 16 18
0.10
Beta(t) for factor(sexo)
2
Beta(t) for tempodp
0.00
-2
-0.05
-0.10
-4
6 8 10 12 14 16 18 6 8 10 12 14 16 18 6 8 10 12 14 16 18
Resíduo Deviance
1.0
-1.0 0.0
1
-1
-2 -1 0 1 2 -2 -1 0 1 2
Durante o processo de ajuste dos modelos de Cox com riscos competitivos para cada
um dos índices, considerados originalmente como contínuos ou categorizados, observamos
que o número de peritonites em geral apresentou influência na ocorrência dos desfechos. Na
maioria dos modelos a significância é marginal e quando se tornou um pouco mais distante de
48
5%, foi inferior a 12,5%. Isto corrobora com o conhecimento prévio que os pesquisadores tem
sobre a influência desta variável nos desfechos.
49
6 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Foi possível observar que para cada um dos índices hematológicos inflamatórios, uma
das medianas diferiu das demais ao longo do tempo, Os índices AISI e SIRI apresentaram
crescimento; RML, embora tenha decrescido, chegou ao final com valores maiores que os do
início; RLM cresceu nos 6 primeiros meses e posteriormente sofreu decrescimento; os demais
índices apresentaram valores menores no final do acompanhamento se comparados aos
valores iniciais. Os fatores que influenciam essas variações independentemente da doença são
pouco compreendidos, podendo ser explicados por diversas condições como a variação do
estado inflamatório crônico e das diferentes condições clinicas, estilo de vida, agentes
socioeconômicos e demográficos (HOWARD et al., 2019). A redução da contagens de
linfócitos e aumento de monócitos também foram observadas em vários estudos como
preditores de mau prognóstico em processos inflamatórios como no pós AVC e na doença
renal policística, (REN et al., 2017; LUX et al., 2020 LAECKE et al., 2018) podendo
justificar supostamente o comportamento da RLM observado.
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