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CURSO DE PSICOLOGIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 5
1 DROGAS................................................................................................................... 7
1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS..................................................................................... 7
1.2 CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS ............................................................................. 10
1.3 PADRÃO DE USO ............................................................................................... 12
1.4 DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS .......................................... 13
1.5 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES CAUSADAS PELO USO DE SUBSTÂNCIAS
PSICOATIVAS ........................................................................................................... 17
1.6 COMPLICAÇÕES CLÍNICAS E PSICOLÓGICAS ................................................ 18
1.7 COMPLICAÇÕES SOCIAIS ................................................................................. 20
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 36
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 39
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INTRODUÇÃO
cifras no mercado mundial. A falta de perspectiva de futuro dos jovens, a ânsia por
experiências cada vez mais intensas, o isolamento, a perda de vínculos afetivos e
sociais, e o sistema econômico, acabam por contribuir para uma sensação de vazio
existencial que propicia o uso de drogas como sintoma de algo que não vai muito
bem.
No segundo capítulo, apresentaremos algumas abordagens terapêuticas
sugeridas por autores contemporâneos, como a estratégia de redução de danos que
formula práticas que diminuem os danos para os usuários de drogas e para os
grupos sociais com que convivem. Veremos ainda sobre intervenções breves, e
terapia cognitivo comportamental, realizadas por profissionais com diferentes tipos
de formação.
O estudo ainda abordará a terapia e acompanhamento do dependente
químico através da psicanálise. Compreender o motivo do uso de drogas, o uso
como sintoma e a recaída que envolve diversos aspectos e possibilidades.
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1 DROGAS
de seu uso nesses rituais. Por volta de 2.000 a.C., o uso da Cannabis (maconha)
com finalidades terapêuticas e ritualísticas era difundido na China, na Índia e no
Egito. Também sobre o Egito Antigo, são encontrados, na mesma época, registros
de pinturas e desenhos denotando estados de embriaguez pelo uso excessivo de
álcool, representados por homens sendo carregados por diversos outros, após o uso
da substância. Em meados dos anos 500 a.C., o povo Cita, antigos habitantes da
região do Rio Danúbio e do Rio Volga, queimava haxixe, um derivado de maior
concentração da Cannabis, durante os rituais religiosos de luto (DIEHL et al., 2011).
A síntese da cocaína acontece por volta de 1580, isolando-se a substância
ativa da folha de coca. Mas seu uso é bastante difundido somente a partir de 1800,
sendo consumida a princípio pelas propriedades analgésicas e anestésicas. Foi
usada como tonificante e fortificante, numa infusão de álcool com folhas de coca, e
da Coca-cola, no início composta de várias substâncias com efeitos estimulantes,
seu uso recreativo difundiu-se rapidamente entre as elites intelectuais.
No meio médico, Freud foi um dos primeiros a recomendar o uso da
cocaína, por suas propriedades antidepressivas e analgésicas, além de ele próprio
ter feito uso, por vários anos. Chegou a prescrever a cocaína para um amigo, Ernst
von Fleischl-Marxow, que era dependente de morfina, resultando em sua morte por
overdose de cocaína.
Apesar dos efeitos aparentemente benéficos, seu uso se alastrou com
rapidez pelo mundo. Na época, já se observavam as diversas consequências
danosas decorrentes de seu consumo, provocando alterações de comportamento,
aumento da agressividade e estabelecendo dependência, o que levou à
subsequente proibição de seu uso.
Com o início da Revolução Industrial, um cenário de importantes mudanças
sociais e comerciais, marcado, sobretudo, pela transição do modelo artesanal de
trabalho para o modelo industrial de produção em série, com intensa exploração do
trabalhador, baixos salários e condições subumanas de produção, o álcool adquire
um papel importante, no momento em que passa a ser usado de forma abusiva por
operários, como forma de alívio para as péssimas condições de trabalho e de vida
na época. Mas na década de 1850 esse uso de álcool passa a ser percebido como
algo realmente problemático.
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1
Manual de Diagnóstico e Estatística – 4ª revisão.
15
0 - Intoxicação aguda.
1 - Uso nocivo para a saúde.
2 - Síndromes de dependência.
3 - Síndrome [estado] de abstinência.
4 - Síndrome de abstinência com delirium.
5 - Transtorno psicótico.
6 - Síndrome amnésica.
7 - Transtorno psicótico residual ou de instalação tardia.
8 - Outros transtornos mentais ou comportamentais.
9 - Transtorno mental ou comportamental não especificado (SUPERA, 2006,
p. 3).
Sistema Nervoso
- Neuropatia periférica: 5 a 15 % dos alcoolistas.
- Transtornos mentais orgânicos, temporários ou permanentes, tanto pelo
efeito direto do álcool, como por deficiência de vitaminas específicas (Sd.
De Wernicke e Sd. De Wernicke-Korsakoff) em cerca de 5% dos
pacientes.
- Incoordenação motora permanente por degeneração cerebelar em
menos de 1% dos pacientes.
- Risco aumentado de acidentes vascular cerebral do tipo hemorrágico.
- Demência alcoólica.
Sistema Cardiovascular
- Estima-se que 25% dos alcoolistas desenvolvem algum tipo de
comprometimento cardiovascular.
- Miocardiopatias.
- Hipertensão arterial sistêmica.
- Dislipidemias.
- É importante lembrar que o álcool pode diminuir os sinais dolorosos de
alerta enquanto aumenta a lesão cardíaca potencial ou a isquemia em
pacientes com angina.
Sistema Hematológico
- Anemia megaloblástica, provavelmente relacionada à deficiência de
ácido fólico.
- Leocopenia.
- Produção reduzida dos fatores da coagulação e plaquetas.
- As diminuições em vários aspectos do sistema imunológico podem
contribuir para o aumento da vulnerabilidade a tuberculose, infecções
virais ou bacterianas e neoplasias.
Sistema Reprodutivo e Função Sexual
- As alterações no sistema reprodutivo são, em geral, temporárias e com
melhora após cerca de três a quatro meses de abstinência.
- Redução na produção de esperma.
- Redução na produção e defeitos na mobilidade do esperma.
- Produção reduzida de testosterona e impotência nos homens.
- Irregularidades menstruais nas mulheres.
- Aumento da prevalência de abortos espontâneos entre mulheres
alcoolistas (SILVEIRA, 2006, p. 138).
prisões. É nesse contexto que jovens e seus familiares se veem envolvidos por uma
mistura de ausência de emprego estável com remuneração justa, falta de opções de
lazer, dificuldades escolares, dificuldade de relacionamentos da família e
convivência constante com atividades criminosas, violência, repressão policial e
carência de políticas de assistência pública.
Nas famílias que tem melhores condições de vida, os problemas nos
relacionamentos familiares também se associam ao aumento do consumo de álcool
e outras drogas que, por sua vez, agravam a situação (SUPERA, 2006).
22
Conforme Diehl et al. (2011, p. 244), a intervenção breve, uma vez aplicada,
pode:
1. facilitar o diagnóstico precoce de problemas ligados ao álcool;
2. diminuir o consumo de risco;
3. prevenir problemas ligados ao consumo;
4. prevenir o desenvolvimento de quadros mais graves;
5. encaminhar pacientes com quadros mais graves a serviços
especializados.
Segundo Diehl et al. (2011), no Brasil a intervenção breve precisa ser melhor
organizada, como vemos na citação a seguir:
Teoria desenvolvida por Aaron Beck2 na década de 1960, afirma que o que
não conta é a vivência em sí, mas o significado que o indivíduo dá a essa vivência e
o que ele interpreta com o que acontece (DIEHL et al., 2011).
Para Neufeld (2014), as intervenções visam produzir mudanças nos
pensamentos, nos sistemas de significados e uma transformação emocional e
comportamental duradoura, e proporcionar autonomia, alcançando assim o alívio ou
a remissão total dos sintomas.
Diehl et al. (2011) afirmam que a terapia cognitivo-comportamental parte do
pressuposto que cognições, pensamentos e emoções estão entre os fatores
considerados precipitadores ou mantenedores do comportamento.
Grande parte da terapia cognitiva (TC) é devotada a técnicas de solução de
problemas; os pacientes aprenderão a seguir os passos necessários, como definir o
problema, gerar maneiras alternativas de resolvê-lo e implementar soluções
alternativas.
2
BECK, A. T. The current state of cognitive therapy: a 40 year retrospective. Arch Gen Psychiatry,
62(9):953-9, 2005.
26
Quando Freud (1996) afirma que a vida é árdua demais para nós, menciona
também que existem três medidas paliativas a serem consideradas na tentativa de
amenizar o sofrimento. “Derivativos poderosos, que nos fazem extrair luz de nossa
desgraça; satisfações substitutivas, que a diminuem; e substâncias tóxicas, que nos
tornam insensíveis a ela” (FREUD, 1996, p. 83).
Para Freud (1996), destes, o método mais atraente para evitar o sofrimento
são as substâncias tóxicas, por agirem diretamente sobre a química do corpo
humano e, assim, tornar os homens insensíveis à própria desgraça. Pois, segundo
ele, "todo sofrimento nada mais é do que sensação; só existe na medida que o
sentimos, e só o sentimos como consequência de certos modos pelos quais nosso
organismo está regulado" (FREUD, 1996, p. 85). Nesse sentido, certas substâncias
tóxicas "quando presentes no sangue ou tecidos provocam em nós, diretamente,
sensações prazerosas, alterando tanto também as condições que dirigem nossa
sensibilidade, que nos tornamos incapazes de receber impulsos desagradáveis"
(FREUD, 1996, p. 86).
A tese freudiana sobre o recurso à substância tóxica, ao sintoma e ao
tratamento psicanalítico fundamenta-se na clínica da neurose. A partir desta, que
teve início com a investigação sobre a histeria, Freud teorizou sobre a morte do pai,
elaboração que se encontra de forma detalhada no texto “Totem e tabu” (1912-
1913), e, consequentemente, sua permanência como mito na realidade psíquica do
ser humano. Dessa maneira, Freud defende que o pai tem função determinante na
constituição da neurose, motivo pelo qual podemos estender a interpretação,
afirmando que a função paterna é um fator determinante no recurso ao tóxico,
compreendido como uma tentativa de amenizar os efeitos do recalque na neurose.
Neste momento, precisamos ainda lembra sobre a abordagem proposta no
livro “ALCOOLISMO, DELINQÜÊNCIA, TOXICOMANIA: Uma Outra Forma de
Gozar” de Charles Melman (1992), o alcoolismo, a delinquência e a toxicomania são
discutidos como sintoma social, pois estão numa posição discursiva própria do
discurso social.
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A apresentação do livro é feito por Contardo Calligaris, que deixa bem claro
que Melman (1992) “não se contenta em propor um entendimento: se o sintoma é
social não tem porque o analista se eximir frente à responsabilidade de propor a
partir de seu discurso respostas também sociais”. Afirma também que o alcoolismo
fala da reinvindicação de um gozo que aparece ao sujeito como o lote exclusivo de
um Outro seja ele feminino, seja ele capitalista. A toxicomania parece inventar um
meio para continuar gozando de uma falta.
Percebemos na leitura de Melman (1992, p. 66), a toxicomania como um
sintoma social.
2.5 RECAÍDA
síndrome de dependência, processo que pode levar até anos para se desenvolver,
pode reinstalar-se num prazo de 72 horas após a quebra da abstinência, como se
houvesse uma “memória” irreversível (RAMOS; BERTOLOTE, 1997).
Situação
de risco
Efeito de violação da
abstinência: culpa e
autorresponsabilidade
Por outro lado, vejo uma causa que, estranhamente, é social. Quer dizer
que o que se chama para nós “a sociedade de consumo” repousa sobre um
ideal, mas ignora que esse ideal é o toxicômano que o realiza. Com efeito, o
sonho de todo publicitário, de todo fabricante é de realizar o objeto do qual
ninguém poderia mais passar sem; objeto que teria qualidades tais que
apaziguaria, ao mesmo tempo, as necessidades e os desejos, que
necessitaria de uma renovação permanente, uma perfeita dependência.
CONCLUSÃO
dificilmente são encontradas. Talvez a resposta surja quando, por exemplo, num
momento em que uma técnica cognitiva comportamental, aliada a um trabalho de
escuta subjetiva do desejo inconsciente, tragam resultados mais satisfatórios.
Assim, realizamos um percurso que permite entender, ao menos em alguns
pontos, o que o uso de drogas representa à psicanálise e a outras abordagens, mas
há muito ainda a ser discutido, uma vez que, os sujeitos vão se reinventando no
decorrer da história. É necessário que a busca, a interpretação e o estudo continuem
produzindo referenciais para aqueles que procuram entender o sofrimento psíquico.
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REFERÊNCIAS
http://www.appoa.com.br/uploads/arquivos/revistas/revista26_-_uber_coca.pdf.
Acesso em: 03 nov. 2015.
http://www.appoa.com.br/uploads/arquivos/revistas/revista26_-_uber_coca.pdf.
Acesso em: 03 nov. 2015.