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Objetivos:

▪ Estudar a cardiomiopatia IC;


▪ Estudar as manifestações clinicas e radiográficas em IC; Diagnostico: decorrente de apresentação clínica (síndrome de
▪ Compreender o remodelamento das câmaras cardíacas em IC; insuficiência cardíaca congestiva, por exemplo) ou por exame físico e
▪ Avaliar o motivo de algumas doenças serem negligenciadas complementares.

Cardiomiopatias OBS: no estagio final da doença, a fração de ejeção normalmente é


inferior a 25%

Existem a dilatada, hipertrófica e restritivas -Eletrocardiográficos de sobrecarga de cavidades, alterações de


repolarização ventricular, distúrbios de condução intraventricular e
fibrilação atrial.

-Na radiografia de tórax: evidenciada a cardiomegalia (índice


cardiotorácico > 0,5), hipertensão venosa, edema intersticial

-Ecocardiograma: dilatação ventricular (diâmetro sistólico final e Infarto agudo do miocárdio: quando isso ocorre, o corpo ativa
diastólico), redução da fração de ejeção ventricular mecanismos compensatórios para estabilizar o desempenho do
miocárdio. Esses mecanismos, mediante aumentos na FC, contratilidade,
➔ Cardiomiopatia dilatada (mais comum, 90% dos casos) expansão de volume e hipertrofia, estabilizam a função miocárdica por
Fisiopatologia da insuficiência cardíaca certo período. Entretanto, a continuidade desses mecanismos
compensatórios leva a piora progressiva da falência cardíaca.
Estado fisiopatológico em que o coração é incapaz de bombear sangue
No Brasil, a cardiomiopatia chagásica em quantidade suficiente para o organismo ou o faz por meio de
é de grande relevância. elevadas pressões de enchimento.

Dilatação cardíaca e disfunção → Esvaziamento ventricular inadequado (IC sistólica)


contrátil (sistólica) progressivas, → Déficit de relaxamento, quando seu enchimento se encontra
geralmente acompanhadas de prejudicado (IC diastólica)
hipertrofia
Pode decorrer de qualquer transtorno estrutural ou funcional cardíaco
que prejudique a capacidade de os ventrículos de encherem de sangue
ou ejetarem sangue. Muitas vezes, ela se inicia com um evento que
lesa o coração.

A IC pode ser causada por morte ou disfunção dos miócitos,


Fisiopatologia: a disfunção sistólica ventricular exibida na remodelamento ventricular, ou por combinação desses fatores.
cardiomiopatia dilatada pode resultar de diversas causas. Uma vez Outras doenças, como anormalidades mecânicas, distúrbios na
instalada a disfunção sistólica, suas consequencias (baixo DC, aumento frequência ou ritmo e anormalidades pulmonares, não afetam
das pressões intracavitárias) desencadeiam o surgimento da síndrome primariamente a função miocárdica, mas, em geral, são causas da IC.
neuro-humoral de insuficiência cardíaca.
É um processo progressivo e, ao surgir disfunção ventricular, é
Manifestações clinicas: ocorre de maneira insidiosa, intolerância ativada uma serie de mecanismos compensatórios, que mesmo
gradual a realização de esforços, dispneia, tosse noturna, ortopneia, inicialmente benéficos, irão contribuir para a progressão do
dispneia paroxística noturna. Após apresentação inicial, a processo.
cardiomiopatia dilatada manifesta-se com a síndrome de insuficiência
cardíaca crônica

Paola Camargos – Med44


Mecanismos adaptativos imediatos SRAA Citocinas proinflamatórias

Os mais importantes: A Ang II é um dos mais potentes vasoconstritores. A IC é caracterizada O número de citocinas proinflamatorias, incluindo TNF-alfa e IL-1B está
por concentrações teciduais e circulantes elevadas de ANG II, aumenta a aumentado na Ic;
-Mecanismo de Frank-Starling: a pré carga aumentada ajuda a manter o pos carga e causa hipertrofia de miocitos, apoptose, fibrose intersticial,
desempenho cardíaco remodelamento cardíaco e vascular e secreção de Aldosterona, (tem O IL-1B causa inflamação miocárdica, proliferação celular e apoptose,
papel importante no remodelamento cardíaco, na proliferação de contribuindo assim para o remodelamento ventricular e a progressão da
-Ativação de sistemas humorais: liberação de Noradrenalina fibroblastos e na deposição de colágeno). falência cardiaca.

-Estimulação do SRAA Aumentam o endurecimento passivos dos ventrículos e do leito arterial,


interferindo no enchimento ventricular, e reduzem a complacência
-Remodelamento cardíaco, com ou sem dilatação de câmaras cardíacas, arterial. Inibidores da Eca, BRA exercem efeitos salutares no
em que a massa do tecido contrátil é aumentada. tratamento da IC.

Consequências hemodinâmicas e circulatórias da IC Obs: No estudo SOLVD, a Ang II plasmática elevou-se significativamente
mesmo em pacientes assintomáticos e elevou-se ainda mais em
pacientes com IC sintomática.
A pressão arterial é mantida e a RVS se eleva.

Na IC leve, o DC pode estar normal em repouso, mas não aumenta


durante o exercício.
ANG II: junto com a atividade adrenérgica acentuada, contribui para a
Quando o volume de sangue aportado no leito arterial sistêmico se elevação da RVS. Atua aumentando a liberação de NA, assim como a
reduz, ocorrem estímulos (NORA) que pode ter ações secundarias liberação de aldosterona (propriedades de retenção e contribui para a
(ativação SRAA) que aumenta a retenção de sódio e água no organismo. ocorrência de edema). Além de ter um efeito de poder modificar a
Manifestação clinica encontrada em pacientes com IC: dispneia e edema, estrutura e função do miocárdio, causando hipertrofia celular e
secundários a essa retenção de líquidos nos leitos pulmonares e apoptose em miocitos cardíacos em cultura.
sistêmicos Mecanismos moleculares de remodelamento e
Aldosterona: Além da retenção de sódio, exerce efeitos diretos tanto na
Interação com o sistema nervoso adrenérgico vasculatura como sobre o miocárdio, ocasionando hipertrofia e fibrose, insuficiência miocárdicos
contribuindo para a disfunção diastólica ventricular.
O remodelamento e a transição da hipertrofia compensada para a
A IC se caracteriza pela ativação adrenérgica generalizada e por Estudo RALES verificou que doses baixas de espironolactona
insuficiência miocárdica envolvem um complexo de eventos nos níveis
suspensão da atividade parassimpática. Acarreta estimulação da aumentavam a sobrevida de pacientes com IC crônica, relacionada com
moleculares e celulares.
contratilidade miocárdica, taquicardia, retenção de sódio, ativação do a disfunção sistólica.
SRAA e vasoconstrição sistêmica generalizada. Como consequência, as
Esses eventos incluem crescimento ou hipertrofia dos miocitos,
curvas de desempenho ventricular não podem ser elevadas até níveis Sistema endotelina alterações no fenótipo dos miocitos, alterações na expressão ou na
normais pelo SN adrenérgico e o aumento normal da contratilidade que
função de proteínas envolvidas no acoplamento excitação-contração e
ocorre durante a atividade física é diminuída.
Endotelina é um peptídeo produzido pelo endotélio, muitas moléculas na contração, morte de miocitos causada por necrose e por apostose,
(Ang II, NA, vasopressina) estimulam a produção, a qual por ativação dos alterações na matriz extraceular (MEC). Assim, acarretam alterações na
A medida que se pratica ex físico, ocorrem aumentos de volume e
receptores da endotelina A, causa vasoconstrição na musculatura lisa. A estrutura (aumento na massa miocárdica, dilatação das camaras) e na
pressão diastólicos finais e, portanto, da pressão capilar pulmonar, que
ET também tem um potencial mitogenico e de estimular o função do miocárdio (alteração da função sistólica ou diastólica, ou de
intensifica a dispneia e tem um papel importante na limitação aos
crescimento, podendo, portanto, contribuir para o remodelamento ambas).
esforções. Já com a insuficiência do VE não ocorre DC satisfatório para
atender as necessidades dos tec periféricos. cardíaco e vascular. Serve para estimular o SRAA e aumentar a ativação
de fibroblastos cardíacos. O bloqueio dos receptores desses agonistas Entre os estimulos: tensão mecanica nos miocitos, neuro-hormonios
tem mostrado eficaz em pacientes de IC. (NA, Ang etc), citocinas inflamatorias, fatores de crescimento e as
Com a instalação da IC, por parte do sistema vascular ocorre uma
especies de oxigenio reativas, os quais estão aumentados em resposta
tentativa de compensação hemodinâmica. A vasocontrição ocorre
-Estudos sugerem que o aumento da ET plasmática é importante à insuficiencia circulatoria e a sobrecarga de pressão.
precocemente e é mais intensa em áreas que não são vitais para a
sobrevivência, como pele, musc esqueléticos, poupando áreas que preditor de prognostico na IC;
necessitam de maior aporte de oxigeno, como o cérebro

Paola Camargos – Med44


Perda de miocitos Insuficiência cardíaca esquerda

A alteração da função contrátil do miocárdio pode ser decorrente de A alteração na função do ventrículo esquerdo, seja primaria ou
diminuição do número de miocitos viáveis inteiramente funcionais secundaria a infarto ventricular esquerdo, HAS, doenças nas valvas,
miocardiopatia hipertrófica ou restritiva, entre outros, causa
pode ocorrer por: necrose e/ou apoptose congestão venocapilar pulmonar, a principal responsável pelos
sintomas.
A necrose (falta de oxigênio) pode ser localizada, como em um infarto,
ou difusa, em uma cardiomiopatia dilata. Dispneia: o edema pericapilar pulmonar estimula receptores
justacapilares os quais enviam estímulos ao encéfalo que geram como
Apoptose, processo que depende de energia e na qual um programa
resposta alteração na amplitude e na FR, além de aumento da atividade
genético especifico acarreta a ativação de uma cascata molecular que
do musculo resp. Leva ao aumento do trabalho respiratório, o que
causa degradação do DNA nuclear
resulta finalmente em fadiga desses músculos e sensação de falta de ar.

-Presença ou aumento de catecolaminas, Ang II, espécies reativas de


oxigênio, NO, citocinas
Tosse: Esforço ou ao decúbito, também é decorrente da congestão
pulmonar.

Manifestações clinicas
Estertores finos: Se audíveis nas bases pulmonares, representam um
sinal precoce de congestão
Os sinais e sintomas de IC costumam ser divididos naqueles ligados
diretamente ao coração e naqueles extracardiacos. Taquicardia: tentativa de manutenção do debito cardíaco pelo efeito
da atividade adrenérgica compensatória. Quando acompanhada por
No primeiro grupo: taquicardia, pulso alternante, ritmo de galope, uma terceira bulha, denomina-se ritmo de galope ventricular
hiperfonese de B2 no foco pulmonar, cardiomegalia, arritmias e
convergência pressórica
Sopro sistólico: decorrente de regurgitação mitral secundaria a Radiográficos
dilatação ventricular, bem mais audível em foco mitral, irradiando-se
No segundo grupo: dispneia, tosse, estertores finos, cianose,
para a região axilar esquerda. A radiografia de tórax:
hepatomegalia, refluxo hepatojugular, astenia, fadiga e edema.

A New York Heart Association (NYHA) desenvolveu uma classificação Frio, palidez, cianose das extremidades: decorrem da -Cardiomegalia: ICT > 0,5
funcional da IC vasoconstrição periférica secundária à hiperatividade adrenérgica
-Sinais de congestão pulmonar: edema intersticial e/ou alveolar e
Fadiga e fraqueza: hipoperfusão tecidual, principalmente da musc derrame pleural (80% das pessoas no estudo)
esquelética
Ecodopplercardiografia: avaliação inicial de pacientes com IC, já que
permite ao médico reconhecer o modelo fisiopatológico subjacente (IC
Edema: Elevação do fluido extracelular pela retenção renal de sódio e
sistólica x diastólica)
água
Ecocardiograma: Diagnóstico por imagem preferencial para avaliação
Insuficiência cardíaca direita inicial dos pacientes com suspeita de IC. Pode identificar a presença de
alterações estruturais cardíacas, como: alterações estruturais
Resulta da HA pulmonar. Na maioria das vezes, é uma consequência da cardíacas, incluindo anormalidade do miocárdio, das válvulas cardíacas
IC ventricular esquerda, em que elevações das pressões diastólicas e do pericárdio.
ventricular esquerda, da atrial esquerda e, por fim, das veias pulmonares
Eletrocardiograma em repouso: recomendada na avaliação inicial de
causa a insuficiência ventricular direita.
todos os pacientes com IC. Para avaliar sinais de cardiopatia estrutural
como hipertrofia ventricular esquerda, isquemia miocárdica, área de
fibrose, distúrbios da condução atrioventricular, bradicardia ou
taquiarritmias.

Paola Camargos – Med44


-Bloqueio do ramo esquerdo ou atraso não especifico da condução com
um intervalo QRS maior que 140ms é geralmente visto em pacientes
com IC avançada.

Doenças negligenciadas

São aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas e são


consideradas endêmicas em populações de baixa renda.

Essas enfermidades apresentam investimentos reduzidos em pesquisas,


produção de medicamentos e em seu controle.

Um estudo recente sobre o financiamento mundial de inovação para


doenças negligenciadas revelou que menos de 5% deste financiamento
foram investidos no grupo das doenças extremamente negligenciadas,
ainda mais que 500 milhões de pessoas sejam ameaçadas por esses
parasitas.

As doenças negligenciadas são um problema global de saúde pública,


mas as indústrias farmacêuticas são orientas quase sempre pelo lucro,
estando o setor industrial privado focado nas doenças globais e para as
quais os medicamentos podem ser produzidos e comercializados com
geração de lucros.

Com baixo poder aquisitivo e sem influência política, os pacientes e


sistemas de saúde mais pobres não conseguem gerar o retorno
financeiro exigido pela maior parte das empresas voltadas ao lucro.

O ciclo da doença de Chagas, por exemplo, foi mapeado em 1906, mas


até hoje as medidas são pouco eficientes para evitar a incidência da
enfermidade, que pode levar à morte.

Paola Camargos – Med44

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