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Série

Pesquisas em Ciências da Saúde, volume 5


3

Organizadoras
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Greicy Coelho Arraes
Ivana Cristina Vieira de Lima Maia
Juliana Barbosa de Faria

Evidências em Ciências da Saúde


práticas, desafios e perspectivas

Volume 5

FORTALEZA

2022
4
2022 Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira; Greicy Coelho Arraes; Ivana Cristina Vieira de Lima Maia e
Juliana Barbosa de Faria

Ficha Catalográfica

E93 Evidências em ciências da saúde: práticas, desafios e perspectivas /


organizadoras, Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira ... [et al.]. – Fortaleza:
IMAC, 2022.
5 v. – (Pesquisas em Ciências da Saúde; v. 5)

ISBN 978-65-995347-6-8 

1. Cuidados de Enfermagem. 2. Ensino na Saúde. 3. Especialização Esportiva


Precoce. 4. Fisioterapia. 5. Insuficiência Renal. 6. Movimento Social. 7.
Osteopatia. 8. Pré-hospitalar. 9. Segurança do Paciente. I. Vieira, Daniele
Vasconcelos Fernandes. II. Série.

CDD: 610.73
Editora IMAC
E-mail:
contato@editoraimac.com.br
Site:
www.editoraimac.com.br

Direção Editorial
Ivana Cristina Vieira de Lima Maia

Conselho Editorial
Prof.a Dra. Cláudia Patrícia Mourão Lima Fontes
Prof.a Dra. Ivana Cristina Vieira de Lima Maia
Prof.a M.a Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Prof. M.e Francisco Regis da Silva
Prof.a Dra. Greicy Coelho Arraes
Prof. Dr. Helder Levi Silva Lima
Prof.a M.a Isabelle Cerqueira Sousa
Prof.a M.a Juliana Barbosa de Faria
Prof.a Dra. Julyana Gomes Freitas
Prof.a M.a Malena Gadelha Cavalcante
Prof.a Dra. Niédila Nascimento Alves
Prof.a M.a Paula Pinheiro da Nóbrega
Prof.a Dra. Samyla Citó Pedrosa
Prof.a Dra. Vanessa da Frota Santos
Prof.a. Dra. Virna Luiza de Farias

Normalização Bibliográfica e Diagramação


Paula Pinheiro da Nóbrega (CRB-3/717)

Capa e Páginas Capitulares


Hugo Maia

Organização
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira; Greicy Coelho Arraes; Ivana Cristina Vieira de Lima Maia e Juliana Barbosa de Faria

Como citar esta obra:


VIEIRA, Daniele Vasconcelos Fernandes; ARRAES, Greicy Coelho; MAIA, Ivana Cristina Vieira de Lima; FARIA, Juliana Barbosa de;
(org.). Evidências em ciências da saúde: práticas, desafios e perspectivas. Fortaleza: IMAC, 2022. V. 5. (Pesquisas em Ciências da
Saúde, v. 5).
5

Organizadora
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira

Prof.a M.a

Enfermeira. Graduação pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Especialista em Terapias Holísticas
e Complementares pela Faculdade IEducare. Mestra em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde pelo
Programa de Pós-Graduação de Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde (PPCCLIS) da Universidade
Estadual do Ceará. Interesse de pesquisa e estudos na área de Ciências da Saúde com as temáticas de
Promoção da Saúde; Bem-estar e Qualidade de Vida com enfoque em Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde no Sistema Único de Saúde (PICS-SUS); Espiritualidade e Saúde; Linguagem,
Cuidado e Comunicação na Saúde; Realidade Fractal e Ciência da Complexidade. Na área de Educação
em Saúde com ênfase na formação do profissional de nível técnico e superior; Formação Profissional
em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. Atua na coordenação, qualificação e capacitação
de Cursos de Terapias Holísticas/Integrativas e Complementares, na qualidade de Especialidades e/ou
Aperfeiçoamentos. Atua na Coordenação de Grupos de Estudos, Pesquisa e de Práticas sobre essas
temáticas. Membro da Associação dos Jovens de Irajá (AJIR) nos anos de 2010 a 2014. Membro do
Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben)-Seção Ceará (2017-2019). Membro da
Comissão de Práticas Integrativas em Saúde do Conselho Federal de Enfermagem Cpics-Cofen (2018-
2020). Atualmente, contribui como avaliadora de Cursos Técnicos Profissionalizantes do Conselho
Estadual de Educação do Ceará (início em 2017) e como avaliadora do Banco de Avaliadores (BASis) do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) (início em 2018). Ocupa o cargo de
professora temporária da Faculdade Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (FAVET- UECE).
E-mail: daniele.vieira@uece.br
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3649870369145728

E-
6

E-mail:

Organizadora
Greicy Coelho Arraes

Prof.a Dra.

Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (2010). Mestra em Farmacologia pela
Universidade Federal do Ceará. Doutora pelo Programa de Pós-graduação do Departamento de
Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Atualmente, é
professora do Centro Universitário CHRISTUS na cidade de Fortaleza-CE, dedicando-se ao
aperfeiçoamento em tecnologias/recursos autoinstrucionais para EAD e estratégias de ensino e
aprendizado baseado em metodologias inovadoras, colocando o aluno no centro do processo de
aprendizagem.
E-mail: greicy_coelho@hotmail.com
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3141687349237686
7

Organizadora
Ivana Cristina Vieira de Lima

Prof.a Dra.

Possui graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestrado em


Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (2011) e doutorado em Enfermagem pela Universidade
Federal do Ceará (2017). Especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal do Ceará (2011) e
em Educação a Distância pelo SENAC (2012). Atuou como professora temporária do Curso de Medicina
da Universidade Estadual do Ceará (UECE), no período de 2018 a 2020. Foi membro do Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da UECE (2018-2020). Atuou como orientadora da Liga de Anestesia (LIANCE),
vinculada ao Curso de Medicina da UECE (2019-2020). É editora de sessão da Revista da Rede de
Enfermagem do Nordeste (RENE). Proprietária da empresa Ivana Maia Assessoria Científica (IMAC). Atua,
principalmente, nos seguintes temas: Saúde Coletiva; HIV; Cuidados de Enfermagem às Pessoas com
HIV; Infecções Sexualmente Transmissíveis; Adesão ao Tratamento e Diagnóstico do HIV; Educação a
Distância em Saúde; Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação na Saúde; Fotografia e
Comunicação e Metodologia Científica. Possui experiência na supervisão em estágios curriculares de
alunos de nível técnico e de graduação em Enfermagem na área de Saúde Pública e Hospitalar.
Atualmente é membro colaborador do Núcleo de Estudos em HIV/AIDS e Doenças Associadas (NEAIDS),
vinculado ao Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Possui uma ampla
variedade de publicações científicas em revistas nacionais e internacionais renomadas. É parecerista de
revistas científicas nacionais na área de Enfermagem.
E-mail: assessoria.ivana@gmail.com
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1424271304230759
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Organizadora
Juliana Barbosa de Faria

Prof.a Dra.

Doutora em Ciências da Saúde (2017-2021). Foi Bolsista CAPES de Doutorado em Ciências da Saúde
(2017-2021) pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Possui Mestrado em Odontologia
pela Universidade de Uberaba (UNIUBE) (2015-2017). Foi bolsista CAPES de Mestrado em Odontologia
pela Universidade de Uberaba (UNIUBE). Possui Pós-Graduação em MBA em Administração Estratégica
pela Universidade Estácio de Sá - Rio de Janeiro (2013-2015). Possui graduação em Farmácia pela
Universidade de Itaúna (2008) com habilitação em Bioquímica (2009). Professora de Biologia da Escola
Estadual Maria Andrade Rezende (EEMAR), Belo Horizonte-MG (2022 - atual). Membro do Grupo de
Pesquisa "Biomarcadores Inflamatórios" do Laboratório LABIIN da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP). Participa como Coordenadora de Pesquisa da Liga Acadêmica Multiprofissional de Atenção
Hospitalar (LAMAH) e Colaboradora externa da Liga Acadêmica de Terapias Integrativas (LATIN) da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Membro do Corpo Editorial da Brazilian Journals
Publicações de Periódicos e Editora LTDA. Membro do Conselho Editorial da Editora IMAC. Avaliadora
da Revista Rene. Avaliadora da Revista Infarma - Ciências Farmacêuticas (Conselho Federal de Farmácia)
e Revista de Ciências Médicas e Biológicas (UFBA). Foi Representante Discente dos Programas de Pós-
Graduação Strictu Sensu (UFTM) no Conselho Universitário (CONSU) (2020-2021). Foi Membro titular
como representante discente (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde) do Colegiado do
Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) (2021-2022)
(2019-2020). Foi sócia e proprietária do Laboratório Bionalysis em Papagaios-Minas Gerais (2011-2014).
Trabalha com a linha de pesquisa em Patologia Geral (Patologia Investigativa).
E-mail: julibfaria@hotmail.com
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8536037873271738
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Sumário
Apresentação

1 Osteopatia no tratamento nas crises de cefaleias tensionais e


enxaquecas ......................................................................................... 14
Marina Galvão de Almeida Barbosa
Isidro Marques Ribeiro Junior
Dionatan Christophe Alves de Paula
Isabelle Cerqueira Sousa

2 Assistência de enfermagem no atendimento pré-hospitalar à


vítima de infarto agudo do miocárdio ............................................. 26
Bruna Ribeiro da Silva
Cristiano Walter Moraes Rola Júnior
Isabelle Cerqueira Sousa

3 Segurança do paciente em uma unidade de terapia intensiva:


erros relacionados à administração de medicamentos ................... 47
Giulianna Paiva Martins Oliveira Pitombeira
Samyla Citó Pedrosa
Vanessa da Frota Santos
Samira Gomes de Oliveira
Ana Clarice Rodrigues Correia
Jéssika Andrade Moraes da Luz

4 Infecções sexualmente transmissíveis: conhecimento de


adolescentes ....................................................................................... 72
Samira Gomes de Oliveira
Rosângela Nascimento de Lima
Maria Adriana Oliveira de Sousa
Ricardina Martins de Oliveira
Adryelle de Moura Gondim
Roziane Vieira Mota
10

5 Perfil de gravidade de idosos renais crônicos: um estudo


transversal .......................................................................................... 91
Francisca Renilda Moreira de Oliveira
Ana Clarice Rodrigues Correia
Caroline Dantas dos Santos
Ana Paula Pires Gadelha
Roberta Vitorino Belchior

6 Percepção de professores e estagiários de escolas de futebol


sobre a especialização esportiva precoce ......................................... 109
Gabriel Viana Soares
Elisângela Veras Cardoso de Oliveira
Antônio Clécio Carvalho Barbosa
Paula Matias Soares
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Jeania Lima Oliveira

7 Desafios históricos do Conjunto Palmeiras: uma reflexão sobre


as políticas sociais .............................................................................. 136
Francisca Analice Araújo Barbosa
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Terezinha Almeida Queiroz
Ivana Cristina Vieira De Lima Maia
Yohana Tôrres Monteiro
Ângela Elizabeth Ferreira de Assis
Milena Teixeira Barbosa

8 Impacto da pandemia de Covid-19 na saúde mental de


mulheres idosas .................................................................................. 163
Yohana Tôrres Monteiro
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Terezinha Almeida Queiroz
Ivana Cristina Vieira de Lima Maia
Ângela Elizabeth Ferreira de Assis
Francisca Analice Araújo Barbosa
Yara Bruna Vitorino de Paula

9 Cuidados de enfermagem na prevenção de infecção


relacionada ao cateter venoso central em UTIs no Brasil: revisão
integrativa .......................................................................................... 186
Juliana Gaspar Azevedo Silveira
Elvira Clene Braga Rêgo
Suelen Duarte Brandão
Hudson Avelar Caminha Leal
Anna Yárina Melo Lins
11

10 Aulas remotas durante a pandemia de Covid-19: um relato de


experiência de mestrandos em ensino na Saúde no Ceará ............. 214
Ediney Linhares da Silva
Eduardo Cipriano Carneiro
Joyce Maria Portela de Brito
Karla Carolline Barbosa Dote
Lidiane Luzia de Araújo Fernandes
Máximo de Castro Maciel

11 Assistência da enfermagem no processo de amamentação


frente à prevenção do desmame precoce: revisão integrativa
.............................................................................................................. 232
Fernanda da Silva Honorato
Francisca Cenária Ferreira de Sousa
Joselina da Silva Sousa
Maria Tamiris Vieira dos Anjos
Amanda Souza de Oliveira Filomeno
Vanessa da Frota Santos
Luana Duarte Wanderley Cavalcante
Raquel Ferreira Gomes Brasil

12 Construção de uma tecnologia educativa sobre cuidados


paliativos e lesão terminal de Kennedy ............................................ 256
Maria Natanielle de Oliveira Roldão
Karla Yanca de Sousa Tabosa
Aviner Muniz de Queiroz
Maria de Sousa Noronha
Ana Teresa Torres Teles
Karla Carolline Barbosa Dote
Priscilla Brasileiro Galvão Freire

13 Fatores motivacionais para praticantes de corrida de rua em


assessorias esportivas de Fortaleza .................................................. 273
Elisângela Veras Cardoso de Oliveira
Gabriel Viana Soares
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Paula Matias Soares
Jeania Lima Oliveira
12

Apresentação
A cada novo capítulo publicado, percebemos que estamos alcançando
nossas metas junto à ciência e à pesquisa ao compartilharmos conhecimentos com os
profissionais e pesquisadores da área da Saúde e de outras áreas afins. Sendo assim,
temos o prazer de lançar mais um E-book “Evidências em Ciências da Saúde: Práticas,
Desafios e Perspectivas (Volume 5).

O E-book é constituído por 13 capítulos que abordam temáticas como:


Osteopatia (Capítulo 1); Infarto Agudo do Miocárdio (Capítulo 2); Unidade de Terapia
Intensiva (Capítulo 3); Infecções Sexualmente Transmissíveis (Capítulos 4); Doença
Renal Crônica (Capítulo 5); Especialização Esportiva Precoce e Corrida de Rua (Capítulos
6 e 13); Desafios históricos dos moradores da periferia no Conjunto Palmeiras (Capítulo
7); COVID-19 (Capítulos 8 e 10); Uso do Cateter Venoso Central (Capítulo 9);
Aleitamento Materno (Capítulo 11); Cuidados Paliativos e Lesão Terminal de Kennedy
(Capítulo 12). A principal característica do E-book é a integralidade, contemplada pela
abordagem de diferentes temáticas em variados contextos, como: atenção primária em
saúde; contexto hospitalar, saúde estudantil e atenção ambulatorial. Outra
característica do E-book é a diversidade de tipos de estudos, a saber: estudo de revisão
(Capítulos 1, 2, 3, 7, 8, 9 e 11); estudo qualitativo e relato de experiência (Capítulo 10);
estudo quantitativo (Capítulos 4, 5, 6 e 13) e estudo metodológico (Capítulo 12).

Em suma, a Editora IMAC presenteia os leitores com este E-Book, o que


contribui com o avanço da pesquisa e das Ciências da Saúde, além de possibilitar a
disseminação de conhecimentos ao trazer relatos de experiências, estudos de revisão,
qualitativos, quantitativos e metodológicos. Todos estes trabalhos contribuirão para a
aquisição de conhecimentos por parte de pesquisadores, profissionais da saúde e
leitores interessados nas temáticas apresentadas.

Que esta obra contribua com o trabalho dos profissionais da área da Saúde
e afins! Desejamos uma ótima leitura a todos!

Juliana Barbosa de Faria


Membro do Conselho Editorial da Editora IMAC
Mestra em Odontologia – Biopatologia - UNIUBE
Doutora em Ciências da Saúde – Patologia Investigativa – UFTM
13
14

Marina Galvão de Almeida Barbosa


Isidro Marques Ribeiro Junior
Dionatan Christophe Alves de Paula
Isabelle Cerqueira Sousa

Resumo
Atualmente a cefaleia afeta a maioria da população, mas comumente pessoas do sexo feminino. A dor pode ser
originada de uma disfunção cervical, contraturas musculares, problemas ósseos estruturais, mais comumente
tratada através de medicamentos, mostrando pouca eficácia e tendo efeitos colaterais. A fisioterapia desempenha
um papel importante para o alívio dos sintomas. O objetivo deste estudo foi correlacionar as técnicas de terapia
osteopática manipulativa na melhora dos sintomas da cefaleia. Trata-se de uma pesquisa de revisão narrativa de
literatura, que apresenta uma análise de artigos científicos sobre os benefícios da fisioterapia na cefaleia tensional
e enxaqueca, publicados no período de setembro a novembro de 2021, extraídos das bases de dados: PubMed,
PEDro, LILACS, SciELO. O estudo trouxe como resultados a eficácia das manipulações osteopáticas para o
tratamento da cefaleia e enxaqueca, apresentou resultados imediatos desde o primeiro atendimento.

Palavras-chave: Ostepatia. Enxaqueca. Cefaleia Tensional. Fisioterapia. Terapia Manual. Terapia Craniossacral.
15

Introdução

Ocasionada por afecções funcionais e/ou orgânicas sediadas na região

cervical, a cefaleia do tipo cervicogênica é caracterizada por episódios de dor em peso,

aperto, queimação, às vezes latejante ou paroxismos de pontada na região occipital e

irradiada na região temporal, frontal, ocular, pré ou retroauricular. Pode ser

acompanhada ou não de fenômenos neurovegetativos craniofaciais como

lacrimejamento, eritema ocular, edema palpebral, rinorreia e tontura.

Estudos revelam que a enxaqueca afeta a qualidade de vida em uma forma

corporal, mental e social. De acordo com estatísticas da Organização Mundial da Saúde

(OMS) de 2004, a 8% de todos os homens e 15 a 18% de todas as mulheres na Europa

e América que sofrem de enxaqueca. Portanto, nós, como osteopatas, somos

frequentemente confrontados com esta patologia. Assim, existem estudos

osteopáticos (SPANNBAUER, 2006; ECKER; THOMAS, 2003; VAN TINTELON, 2002;

LOZA 1998). que revelam a eficácia da osteopatia em relação a enxaqueca.

Segundo Stroppa-Marques et al. (2017), a cefaleia tensional pode durar de

30 minutos a vários dias, podendo ser contínua em casos severos. A dor é de

intensidade média ou moderada e descrita como sensação de opressão, pressão ou

cefaleia persistente, geralmente dada de forma bilateral, estenose desde a fronte,

passando pelas têmporas e chegando até o occipital. Os pacientes sempre reportam

uma irradiação da tensão do occipito para os músculos posteriores do pescoço e, em

casos mais severos, estendendo-se para toda musculatura da cintura escapular. Em

adição a isso, os pacientes acometidos pela CT descartam a presença de qualquer outra

condição patológica que pudesse ser fator causador da cefaleia, descartando

distúrbios visuais, dor generalizada constante, febre, trauma recente, torcicolo ou

bruxismo.
16
Sob o ponto de vista osteopático, as cefaleias crônicas originadas por

distúrbios arteriais decorrentes de disfunções musculoesqueléticas, são classificadas

como de origem craniana e arterial, onde dentro de uma classificação mais abrangente

pode-se incluí-as no grupo das algias de origem neurovascular com relação ao sistema

simpático cervical. Normalmente, as cefaleias de origem arterial se manifestam na parte

posterior do crânio, sendo mais pronunciada em um dos lados, podendo, muitas das

vezes, irradiar para região temporal ou para próximo do processo mastoide. Esta

irradiação irá variar de acordo com o posicionamento da cabeça do indivíduo (LEMOS;

PEREIRA; FIGUEIREDO, 2012).

A manipulação osteopática tem como objetivo recuperar o movimento

fisiológico em áreas nas quais existem restrições ou disfunções. Dentre as principais

técnicas utilizadas nos meios osteopáticos tradicionais, destacam-se aquelas cujo

objetivo é agir sobre as partes moles, como pele, músculos, ligamentos e fácias, e as

abordagens vertebrais ou articulatória (RACHID; PINHEIRO, 2009).

Há uma importância em verificar a melhora das cefaleias tensionais e da

enxaqueca, através da Terapia Osteopática Manipulativa (TOM), para a melhora do

relaxamento muscular e melhora da amplitude de movimento.

Este estudo busca analisar a partir da literatura a importância na melhora

das cefaleias tensionais e enxaqueca com a Terapia Osteopática Manipulativa (TOM).

Metodologia

Este estudo é uma revisão narrativa de literatura, que foi realizada de

setembro a novembro de 2021. Foram extraídos da base de dados: PubMed, PEDro,

LILACS, SciELO e foram utilizados critérios de seleção de estudos realizados por dois

revisores. Os tipos de estudo inclusos para a seleção foram ensaios clínicos, estudos
17
longitudinais, metanálise, sendo pesquisada nos idiomas francês e inglês, totalizando

10 artigos.

As palavras-chaves utilizadas na busca dos dados eletrônicos foram: cefaleia

tensional, osteopatia, enxaqueca, fisioterapia e terapia manual.

Após os critérios de inclusão, foi feita uma filtragem de todos os títulos e

resumos identificados e rastreados. Então foram excluídos os artigos repetidos e

extrapolados os temas. Finalmente as informações a seguir foram extraídas.

Quadro 1 - Resumo da amostra de publicações selecionadas


Autor / ano Título do artigo Objetivo Base de
dados
1. Stroppa-Marques et Limiar de dor muscular à Analisar o limiar de dor por SciELO
al. (2017) pressão e influência da pressão (LDP) nos músculos
postura craniocervical em esternocleidomastóideo
indivíduos com cefaleia (ECM), suboccipital (SO) e
tensional episódica. trapézio superior (TS) e o
posicionamento
craniocervical em indivíduos
com cefaleia do tipo
tensional episódica (CTTE).
2. Cerritelli et al. (2015) Eficácia clínica do Avaliar a eficácia do PubMed
tratamento osteopático na Tratamento manipulativo
enxaqueca crônica: ensaio osteopátio em pacientes
randomizado controlado. com enxaqueca crônica por
meio do questionário HIT-6,
consumo de drogas, dias de
enxaqueca, intensidade da
dor e incapacidade
funcional.
3. Serres e Bonorino Efeitos da técnica de CV-4 Avaliar os efeitos da CV-4 SciELO
(2017) para o tratamento da para o tratamento da
enxaqueca. enxaqueca.
4. A terapia osteopática Descrever a utilização da PEDro
Rachid e Pinheiro manipulativa na cefaleia Terapia Osteopática
(2009) cervicogênica. Manipulativa (TOM) nos
sinais e
sintomas de uma paciente
com quadro de cefaleia
cervicogênica.
5. Kaplan e Cetin (2021) Tratamento da enxaqueca Discutir sobre um paciente SciELO
vestibular resistente à com enxaqueca vestibular
terapia médica com que era resistente ao
18
osteopatia craniana: um tratamento medicamentoso
relato de caso para enxaqueca e foi tratado
com o método de
tratamento osteopático.
6. Baracat (2011) Prevalência dos trigger Correlacionar os trigger PubMed
points suturais nas points (pontos gatilho)
cefaleias tipo tensional. existentes nas projeções das
suturas do crânio com a
ocorrência de cefaleias.
7. Lima e Casa Junior Efeitos da técnica de Avaliar o efeito da técnica de PubMed
(20--) inibição dos músculos inibição dos músculos
suboccipitais na dor, suboccipitais na dor,
qualidade do sono e qualidade do sono e
incapacidade em pessoas incapacidade de indivíduos
com cefaleia tensional. com diagnóstico clínico de
cefaleia tensional.
8. Lemos; Pereira e Tratamento Quiropráxico Demonstrar o efeito do Pedro
Figueiredo (2012) nas Cefaleias Crônicas por tratamento quiropráxico em
Compressão da Artéria pacientes com queixa de
Vertebral: Uma Análise cefaleia crônica.
Retrospectiva
9. Lopez e Pascual-Vaca Manipulação da Avaliar a eficiência de duas SciELO
(2012) Articulação Atlanto- terapias manuais
Occipital e Técnica de tratamentos em pacientes
Inibição Suboccipital no com cefaleias do tipo
Tratamento Osteopático tensional.
de Pacientes com Cefaleia
Tensão.

10. Sakabe et al. (2018) A manipulação baseada Avaliar o efeito imediato da SciELO
nas Leis de Fryette manipulação com base nas
aumenta a frequência leis de Fryette do colo
cardíaca, variabilidade e uterino superior espinhal
flexibilidade muscular em (SCS) na VFC e flexibilidade
indivíduos com cefaleia. da cadeia posterior (PCF) em
indivíduos com dor de
cabeça

Fonte: Elaboração dos autores.


19

Resultados e Discussão

O estudo de Stroppa-Marques et al. (2017) foi constituído de 60 jovens

adultos, de faixa etária entre 18 a 27 anos e dividido em dois grupos (G1 grupo

controle, G2 grupo com cefaleia tensional), de acordo com a pesquisa o limiar de dor

por pressão (pontos gatilhos) se dá devido a posição flexora da cabeça que está

relacionada ao encurtamento dos músculos extensores inseridos na região posterior,

como suboccipital, trapézio superior e esternocleidomastóideo. Foi visto que técnicas

de manipulação osteopática e inibição de pontos gatilhos tem eficácia no tratamento

de cefaleia tensional episódica.

Foi demonstrado que a enxaqueca está associada à alteração funcional de

ambos os sistemas, nervoso autônomo e do núcleo autonômico específico responsável

pela percepção da dor. Recentemente foi visto que a possível associação de terapias

manuais, em particular o tratamento osteopático tem grande efeito sobre a enxaqueca.

Este estudo de controle randomizado foi dividido aleatoriamente em 3 grupos, onde

o grupo que recebeu tratamento osteopático e terapia simulada apresentou melhora

significativa nas crises de enxaqueca (CERRITELLI et al., 2015).

A técnica de CV-4 apresenta bastante eficácia na diminuição do quadro

álgico da enxaqueca. Foi possível observar uma redução na EVA pós-tratamento em

relação a EVA pré-tratamento, diminuição do número de crises durante o período da

intervenção, bem como diminuição da utilização de fármacos (SERRES; BONORINO,

2017).

De acordo com Rachid e Pinheiro (2009), a técnica de manipulação

osteopática se mostrou bastante eficaz no tratamento de enxaqueca. No seguinte

estudo foram utilizadas várias técnicas em conjunto com a osteopatia como:

pompagem e alongamento, inibição dos pontos-gatilhos, técnicas de energia

muscular, alongamento dos músculos da região occipital, massoterapia em


20
deslizamento transverso nas fibras musculares da região cervical posterior e

massoterapia em região do couro cabeludo. Observou-se que após o 5º, 10º e 15º

atendimentos demonstraram que a paciente se beneficiou com o tratamento. Além

disso, verificou-se melhora e eficácia no tratamento com a osteopatia para o

tratamento da enxaqueca.

A enxaqueca vestibular pode ocorrer em qualquer idade, é mais comum em

mulheres do que em homens. O protocolo para enxaqueca vestibular são usos de

fármacos como betabloqueadores, antidepressivos e ácido valpróico, no entanto

estudos recentes demonstraram que tratamentos farmacológicos nem sempre

funcionam em enxaqueca vestibular. Este estudo foi realizado em uma paciente de 52

anos com frequentes episódios de vertigem e dores de cabeças intensas. O tratamento

osteopático foi realizado e em apenas uma sessão a paciente já obteve melhoras

significativas, não dando continuidade ao tratamento (KAPLAN; CETIN, 2021).

Segundo Baracat (2011), a cefaleia tensional está intimamente ligada a

pontos gatilhos nos músculos esternocleidomastóideo, suboccipital, trapézio superior

e foi observada a presença de hipersensibilidade em regiões como as suturas cranianas

associada a pontos gatilhos latentes. A prática da osteopatia é bastante válida em

pacientes com dor crônica, não somente pelo seu auxílio na retirada da dor como

também pela consequente diminuição da ingestão de medicamentos.

A osteopatia propicia o relaxamento muscular e modulação neuromuscular

da dor, por meio de mecanoreceptores faciais. Este estudo foi realizado com 24

indivíduos com idade entre 18 a 47 anos com diagnóstico clínico de cefaleia tensional.

Foram realizadas 4 sessões, sendo uma por semana, e foi visto que a aplicação da

técnica de inibição nos músculos suboccipitais teve melhora significativa da dor, bem

como da qualidade de sono (LIMA; CASA JUNIOR, 20--).

De acordo com Lemos; Pereira e Figueiredo (2012), a compressão da artéria

vertebral tem como uma de suas maiores causas os deslocamentos das vertebras

cervicais, diminuindo o calibre de artérias vertebrais e consequentemente o fluxo de


21
sangue, podendo ocasionar cefaleias agudas e de longa duração. A análise ratificou o

efeito das técnicas manipulativas e ajustamento vertebral, mostrou sua eficácia no

tratamento das cefaleias por compressão vertebral, através da análise de parâmetro do

nível de dor antes e depois do atendimento.

Estudos confirmam que a cefaleia do tipo tensional é caracterizada como

uma dor que recobre toda a cabeça como se fosse um “capacete”, mais comumente

em mulheres. Aspectos que influenciam a cefaleia, fatores desencadeantes e

agravantes e ter um histórico familiar de cefaleias tensionais. Lopez e Pascual-Vaca,

2012 demonstrou em seu estudo a eficácia da manipulação da charneira OAA, junto

com a técnica de inibição dos músculos suboccipitais para alívio da cefaleia tensional.

Sakabe et al. (2018) afirmam em seu estudo que existe uma relação

anatômica direta entre a dura-máter da coluna cervical, a fossa craniana posterior e

ramos ventrais dos nervos que estão conectados a C1-C3, pode ser uma possível fonte

de dor de cabeça se tiver alguma articulação em disfunção. Observou-se que mediante

a manipulação da cervical superior reduziu os sintomas da dor de cabeça.

Conclusão

Conclui-se que nestes estudos demonstrados, que pessoas do sexo

feminino estão mais propensas a sofrer com cefaleia tensional e enxaqueca. A

osteopatia dentre suas infinitas possibilidades tem eficácia para o tratamento de

cefaleia tensional. A utilização da técnica de CV-4 mostrou uma melhora significativa

no quadro álgico da enxaqueca, sendo. uma ferramenta eficaz, de baixo custo e rápida

aplicação. É importante que seja dada uma atenção a mais para esses pacientes, pois

a enxaqueca é classificada como a dor de cabeça mais incapacitante.

Nesse caso é preciso mais estudos para uma abordagem melhor do tema e

ter resultados mais satisfatórios para a pesquisa.


22

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25
26

Bruna Ribeiro da Silva


Cristiano Walter Moraes Rola Júnior
Isabelle Cerqueira Sousa

Resumo
As doenças cardiovasculares se configuram na principal causa de morte no mundo. No território brasileiro o Infarto
Agudo do Miocárdio (IAM) está entre as doenças cardiovasculares mais prevalentes. O diagnóstico e as aplicações
de intervenções precoces possibilitam salvar a vida do indivíduo em condição de infarto e proporcionam qualidade
de vida ao mesmo. O envolvimento da equipe de enfermagem em todo o processo de assistência ao paciente vítima
de infarto agudo do miocárdio é de suma importância para a redução da taxa de mortalidade e possíveis
complicações causadas pelo Infarto Agudo do Miocárdio. O objetivo do estudo é descrever uma revisão de literatura
composta das publicações cientificas mais recentes acerca da assistência prestada pela equipe de enfermagem ao
paciente vítima de Infarto Agudo do Miocárdio no atendimento pré-hospitalar. Foi realizado um estudo descritivo,
do tipo de revisão integrativa de literatura, na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) e na biblioteca Scientific
Eletronic Library Online (SciELO). O resultado de estudo indicou que atualmente existem poucas publicações
científicas que retratem as intervenções de enfermagem dentro do contexto pré-hospitalar, tal evidência indica a
necessidade da realização de novos estudos acerca desta temática.

Palavras-chave: Infarto do Miocárdio. Cuidados de Enfermagem. Pré-hospitalar.


27

Introdução

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) as doenças

cardiovasculares representam a maior causa de morte no mundo, ou seja, por ano

morrem mais pessoas vítimas dessas doenças do que por qualquer outra causa, sendo

considerado um problema de saúde pública, pela sua alta taxa de incidência. Dentre

as enfermidades cardiovasculares que apresentaram expressivo crescimento nas

últimas décadas o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), destaca-se por ser uma doença

de extrema gravidade (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 20--).

O coração é o órgão central do sistema circulatório e é responsável por

bombear sangue para os pulmões e todas as outras partes do corpo. A parede

muscular do coração é denominada de miocárdio e devido a sua constante atividade

necessita de uma grande quantidade de oxigênio, dessa forma o miocárdio possui sua

própria rede de vasos sanguíneos, que são a artéria direita e a artéria esquerda,

conhecidas como artérias coronarianas. As artérias coronarianas se ramificam a partir

da artéria principal, conhecida como aorta, e se dividem pela superfície do coração

enviando sangue através dos vasos sanguíneos menores, assim oxigenando todo o

músculo cardíaco (PARKER, 2014).

O termo Infarto refere-se à necrose do miocárdio que é resultado da

interrupção aguda do fornecimento de oxigênio através do sangue que vem das

coronárias. Dessa forma entende-se por Infarto Agudo do Miocárdio a morte do

músculo cardíaco por falta de oxigenação e irrigação sanguínea. A interrupção que

provoca a destruição do músculo cardíaco ocorre geralmente pela obstrução de uma

ou ambas as artérias coronarianas por meio da formação de uma placa de ateroma

(LIMA et al., 2007).

Além do risco de morte eminente o IAM, traz uma série de complicações

que prejudicam a saúde dos indivíduos, sendo as principais: Choque Cardiogênico,


28
acidente vascular cerebral (AVC), Edema Agudo de Pulmão, Parada Cardíaca,

Insuficiência Cardíaca, Angina Recorrente, Sangramentos, Arritmias e Novo Infarto

(NUNES et al., 2018).

A assistência em situações de emergência é caracterizada pela extrema

necessidade do paciente ser atendido em um curto espaço de tempo. O infarto agudo

do miocárdio é caracterizado como uma situação de emergência, ou seja, seu

atendimento deve ser imediato, tendo em vista que quanto mais rápido forem

prestados os cuidados de intervenção maiores serão as chances de salvar a vida da

vítima e menores serão os danos causados (CAVEIÃO et al., 2014).

O tempo e a qualidade da assistência hospitalar são fatores determinantes

no processo de restabelecer o paciente, uma vez que o diagnóstico precoce e aplicação

de intervenções adequadas possibilitam salvar a vida do paciente em condição de

Infarto e melhorar a qualidade de vida dele. Diante disso, deve-se considerar que a

equipe de saúde está envolvida em todas as etapas de assistência ao paciente com

Infarto, principalmente a equipe de enfermagem que prestam assistência com maior

proximidade do paciente dentro da unidade de atendimento, desde sua entrada no

serviço até sua reabilitação (GUALANDE; COSTA; BORGES, 2014).

A enfermagem atua na promoção e recuperação da saúde por meio de

intervenções e protocolos estabelecidos, portando sendo assim tem um papel

essencial na recuperação da saúde das vítimas de IAM, desde a identificação do infarto,

os cuidados relacionados ao uso da terapia trombolítica no tratamento e os cuidados

após o IAM. Sabendo que quanto mais rápida for feita for a identificação do problema,

maiores serão as chances de se reverter à situação para um quadro favorável,

destacamos a importância da avaliação clínica e atuação precisa do profissional ao

realizar o diagnóstico de enfermagem (SANTOS, 2014).

De acordo com Santos (2014), o profissional enfermeiro tem a capacidade

de prevenir as complicações resultantes do IAM através dos cuidados prestados

diretamente e indiretamente que vão desde a previsão do infarto, identificação do


29
mesmo, tomada de decisão correta na intervenção, previsão de materiais e educação

continuada da equipe de enfermagem.

Nesse contexto, é imprescindível que a equipe de enfermagem tenha

conhecimento científico acerca do Infarto Agudo do Miocárdio, desde sua

fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnósticos e tratamento para que possam com base

nesse conhecimento desenvolver planos de cuidados que ofereçam de forma eficaz a

assistência aos indivíduos, atendendo a suas particularidades e contribuindo para a

redução das taxas de mortalidade e possíveis complicações causadas pelo IAM.

Desse modo, a presente pesquisa justifica-se pela necessidade de

conhecimento acerca dos cuidados realizados durante a assistência de enfermagem

no Infarto Agudo do Miocárdio, uma vez que a realização de estudos científicos

relacionados a essa temática apresentam à sociedade, acadêmicos e profissionais da

área da saúde informações que podem servir de subsídio para que sejam elaboradas

políticas públicas direcionadas para esse público em questão, buscando reduzir o grave

problema de saúde pública que o IAM se tornou ao longo das últimas décadas.

Portanto, o objetivo deste estudo foi apresentar um resumo das publicações

científicas mais recentes acerca da assistência prestada pela equipe de enfermagem ao

paciente vítima de Infarto Agudo do Miocárdio no atendimento pré-hospitalar.

Métodos

Trata-se de um estudo descritivo do tipo revisão integrativa da literatura,

com abordagem qualitativa, que se baseia nas publicações científicas disponíveis nas

bases eletrônicas de dados e tem por finalidade reunir e incorporar os diversos

elementos pesquisados, para favorecer o reconhecimento de informações que sejam

relevantes, e analisar e discutir os dados coletados servindo para a atualização dos

conhecimentos dos profissionais da área (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).


30
A revisão integrativa é composta por seis fases que são: A elaboração da

pergunta norteadora, busca na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos

incluídos na pesquisa, discussão dos resultados encontrados e apresentação da revisão

integrativa (URSI, 2005).

Buscou-se responder à seguinte questão norteadora: O que as publicações

científicas elucidam sobre a assistência de enfermagem ao paciente vítima de IAM no

atendimento pré-hospitalar?

A pesquisa foi desenvolvida durante o mês de julho de 2019 na Biblioteca

Virtual em Saúde (BIREME) e na biblioteca Scientific Eletronic Library Online (SciELO),

onde foram empregados os descritores: “Infarto do Miocárdio’’, ‘’Cuidados de

Enfermagem” e “Atendimento Pré-hospitalar” disponíveis nos Descritores em Ciência

da Saúde (DeCS), no idioma português, com uso do operador booleano AND.

Foram incluídas as publicações que relatam as intervenções realizadas pela

equipe de enfermagem durante a assistência prestada a vítima de IAM durante o

atendimento pré-hospitalar, independentemente do idioma e ano de publicação.

Foram excluídos teses, capítulos de livro, cartas, documentos de projetos,

publicações repetidas e artigos que não respondam à pergunta norteadora da

pesquisa.

Foram utilizados os seguintes descritores controlados: “Infarto do

Miocárdio”, “Cuidados de Enfermagem” e “Atendimento Pré-hospitalar” disponíveis

nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), no idioma português, com uso do

operador booleano AND.

Obteve-se como resultado inicial 59 publicações disponibilizadas no idioma

inglês e português, dentre elas seis publicações foram excluídas pelo critério de

repetição, sendo que a única publicação encontrada na biblioteca Scientific Eletronic

Library Online (SCIELO) estava repetida na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME), outra
publicação repetia-se em três bases de dados: MEDLINE, BDENF e LILACS. Três

publicações repetiam-se nas bases de dados BDENF e LILACS.


31
Após leitura dos títulos e resumos 44 publicações foram excluídas por não

estarem adequadas a pergunta norteadora, restando nove artigos pré-selecionados

apenas cinco respondiam efetivamente à pergunta norteadora, constituindo assim a

amostra selecionada.

As informações foram transcritas e organizadas com a utilização de um

instrumento elaborado contemplando as seguintes informações, título e ano da

publicação, autores, periódico, país onde a pesquisa foi desenvolvida, objetivo,

resultados e conclusões. Os dados foram analisados mediante leitura dos artigos na

íntegra, e embasados na literatura pertinente.

Os achados foram discutidos com embasamento da literatura científica

acerca da temática, sendo respeitada a integridade dos artigos e os direitos autorais,

não havendo modificação do conteúdo encontrado em benefício desta pesquisa.


32
Figura 1 - Identificação, seleção e inclusão dos artigos da pesquisa

O que as publicações científicas trazem como intervenções realizadas


na assistência de enfermagem ao paciente vítima de IAM
no atendimento pré-hospitalar?

Total de publicações
encontradas 59

SciELO BIREME Medline


1 58 42

Artigos
excluídos por
BDENF
repetição
7
6

Artigos pré- Lilacs


selecionados 6
9

IBECS
3
Artigos excluídos
após leitura de
resumos por não
responderem à
pergunta norteadora
41

Artigos selecionados
5
Fonte: Elaborada pelos autores.

Fonte: Elaboração dos autores.

Resultados e Discussão

A amostra final desta revisão foi constituída por cinco artigos científicos que

foram selecionados por meio dos critérios de inclusão e exclusão que haviam sido

estabelecidos previamente. Todos os artigos foram encontrados na Biblioteca Virtual


33
em Saúde (BIREME), sendo que estes estão distribuídos da seguinte maneira: quatro

publicações na base de dados MEDLINE e uma publicação na BDENF, estando esta

repetida na base de dados LILACS, os artigos foram numerados de I a V e suas

especificações estão representadas nos Quadros 1 e 2.

Quadro 1 - Ano de publicação, título, periódico, autores e local realizado da pesquisa


Ano de Título do artigo Autores Periódico Local do
publicação estudo

I 2009 Avaliando as opiniões dos paramédicos, Rojaballi et Revista Edmonton -


cardiologistas, al. Canadense de Canadá
médicos e enfermeiros do departamento Cardiologia
de emergência sobre o tratamento pré-
hospitalar avançado do IAM com elevação
do segmento ST
II 2009 Cuidado de enfermagem: evitando o Sampaio e Revista de Brasil
retardo pré-hospitalar face ao infarto Mussill Enfermagem
agudo do miocárdio UERJV
III 2009 Avaliação das atitudes e percepções dos Rojaballi et Revista de Edmonton -
principais interessados clínicos em relação al. Medicina de Canadá
ao diagnóstico extra-hospitalar e ao Emergência
tratamento de pacientes com infarto do
miocárdio com supra desnivelamento do
segmento ST, utilizando uma pesquisa em
toda a região
IV 2005 Trombólise pré-hospitalar realizada por Vaisanen; Revista Oficial Europa
uma enfermeira de um navio com Makijorvi e do Conselho (Cruzeiro
consulta médica on-line Silfvast Europeu de entre
Ressuscitação Finlândia, a
Suécia e
Estônia)

V 1994 Reconhecimento pré-hospitalar do IAM Foster et al. Revista Não consta


usando avaliação independente do ECG Americana de
de 12 derivações de enfermeira / Emergência
paramédico: Impacto nos tempos intra-
hospitalares à Trombólise em um hospital
comunitário rural
Fonte: Elaboração dos autores.

Foram encontrados quatro artigos no idioma inglês e um em português,

demonstrando assim que a língua inglesa é predominante nos artigos científicos.

Segundo Bernardo (2017) a maioria das revistas científicas estão na língua inglesa por
34
este ser o idioma considerado universal, sendo considerada como a linguagem da

comunicação e da propagação do conhecimento científico.

Em relação ao ano de publicação dos artigos, temos um período de tempo

compreendido entre os anos de 1994 e 2009, sendo que 60% dos artigos o que

corresponde a um total de três publicações que foram realizadas no ano de 2009. São

poucas e antigas as publicações quando nos referimos às temáticas de APH,

principalmente no âmbito da assistência de enfermagem no IAM. No entanto são

inúmeros os artigos quando envolve a assistência de enfermagem no âmbito hospitalar

diante IAM (ALVES et al., 2013; PONTE et al., 2014; ALMEIDA et al., 2015).

Quanto aos autores dos artigos pode-se observar que apesar das

publicações trazerem uma discussão sobre a assistência prestada pela equipe de

enfermagem apenas uma publicação, o artigo II possui como autores profissionais de

enfermagem, sendo em sua maioria médicos.

Após a análise das informações contidas nos quadros pôde-se observar que

80% (quatro artigos) foram publicados em periódicos estrangeiros e apenas 20% (um

artigo) no território nacional. Os países de origem dos estudos estavam assim

distribuídos: Canadá 40% (2), Brasil 20% (1). Apenas um artigo não informou o país

onde o estudo foi desenvolvido e o artigo realizado por meio de um estudo de caso

foi realizado em um cruzeiro na região da Europa (entre Finlândia, a Suécia e Estônia),

mas não apresenta localização exata. Da mesma forma quanto às revistas de

publicação.

Assim podemos ver que a estimativa de produção no Brasil é menor quando

comparado com Estados Unidos da América, Canadá e Europa, o que pode ser

explicado pelo fato de que o Brasil publica menos por oferecer menos incentivos para

a pesquisa, diferente dos países que possuem grandes incentivos e contam ainda com

a presença de grandes centros para desenvolvimento da mesma (BERLINCK;

SAN’ANNA, 1972; COLLARINO; TORKOMIAN, 2015).


35
Quadro 2 – Objetivo, tipo de estudo, conclusão
Objetivo Tipo de Estudo/ Conclusões
Metodologia
I Explorar as atitudes e - Pesquisa qualitativa O grupo focal de enfermeiras, assim
crenças dos - Sessões de grupo como os demais grupos focais
paramédicos, focal foram gravadas, reconheceram que o APH diminuiu o
cardiologistas, médicos transcritas e dano causado ao miocárdico e as
de emergência e analisados por temas chances de mortalidade. Apontaram
enfermeiros sobreo usando o método benefícios que vão além do cuidado
tratamento pré- comparativo direto ao paciente repercutindo
hospitalar avançado do constante. também em áreas como custo para o
infarto agudo do sistema de saúde.
miocárdio com elevação
do segmento ST.
II Discutir a educação em - Não consta A diminuição do tempo de espera
saúde como parte com o atendimento pré-hospitalar de
integrante do pessoas com IAM poderá ser
cuidar/cuidado de alcançado com ações integradas da
enfermagem e equipe de saúde, das autoridades
direcionada para a públicas e da comunidade em geral.
adoção de medidas de Enfatizando a importância do
sobrevida, profissional enfermeiro nesse
especialmente por processo de redução desde a
pessoas que sofrem implementação de programas
IAM, visando à educativos até a execução de
otimização dessas ações intervenções com conhecimento
até a chegada a um teórico e prático no que diz respeito
serviço de emergência. ao IAM.

III Avaliar percepções entre - Estudo transversal Apesar das partes interessadas
os grupos de partes - Utilizado concordarem com os benefícios do
interessadas da área da questionário de 25 APH, existem diferenças na
saúde em relação às perguntas percepção em relação as habilidades
barreiras e facilitadores dos paramédicos em entregar o APH
da implementação de sem uma visão geral do
um programa de APH. médico. Abordagens reais realizadas
através de programas educacionais e
de comunicação podem melhorar o
PHM dentro desta região de saúde e
facilitar a implementação de
programas desse serviço.

IV Descrever o uso de - Estudo de Caso Uma consulta e orientação bem


tratamento trombolítico organizadas estendem as opções de
pré-hospitalar realizado tratamento disponíveis. Reduzindo o
por uma enfermeira risco de morte em pacientes que
através da orientação submetidos a terapia trombolítica
médica em consulta sendo esse iniciado por paramédicos
online em dois pacientes
36
que sofrem de IAM ou enfermeiros através de orientação
complicada por médica.
fibrilação ventricular (FV)
em um navio de
passageiros
V Determinar se os - Estudo transversal Paramédicos e enfermeiros baseados
provedores de suporte - Implementação de em hospitais podem ser ensinados
avançado de vida de protocolo com sucesso a avaliar (isto é, visão
enfermagem e lida) um ECG pré-hospitalar para a
paramédico poderiam presença de IAM com precisão.
ser treinados para
avaliar
independentemente um
eletrocardiograma (ECG)
pré-hospitalar de 12
derivações para a
presença de IAM
Fonte: Elaboração dos autores.

Quanto aos objetivos a maioria descrevem procedimentos sobre IAM com

enfermeiros, médicos, paramédicos (80%) e apenas 1 refere-se a revisão de literatura.

No correspondente quanto ao tipo de estudo 3 (60%) são prioritariamente transversais,

1 longitudinal e sendo revisão de literatura correspondente ao artigo II.

O artigo I é uma pesquisa qualitativa que tem como objetivo analisar a

percepção de diferentes categorias profissionais da área da saúde sobre o tratamento

pré-hospitalar avançado do infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento

ST. Para a realização deste estudo foram selecionados profissionais paramédicos,

cardiologistas, médicos e enfermeiros de emergência, estes ficaram divididos em

grupos de acordo com sua categoria e assim participaram de sessões que eram

gravadas e tinham duração de até 1h. Durante as sessões o pesquisador citava temas

pré-selecionados para direcionar o debate dentro do interesse da pesquisa. Depois os

dados eram analisados e comparados com os de outros grupos. O grupo formado

pelos enfermeiros apontou que o atendimento pré-hospitalar (APH) prestado ao

paciente vítima de IAM, reduz os danos causados ao miocárdio e as chances de

mortalidade.
37
Está observação possui grande relevância, tendo em vista que Teixeira et al.

(2015) em seu estudo apontou o tempo de duração da obstrução do vaso como um

dos fatores mais importantes para determinar dimensão da necrose e o dano causado

ao músculo cardíaco. Dessa maneira podemos compreender que se a o paciente

acometido pelo infarto agudo do miocárdio tiver acesso a um atendimento pré-

hospitalar de qualidade e de maneira rápida pode ter uma maior chance de sobrevida.

Por sua vez o artigo de número II, traz uma reflexão acerca da educação em

saúde como um cuidado de enfermagem fundamental no contexto do infarto agudo

do miocárdio, uma vez que a realização de tal atividade é um fator integrado e de suma

importância no processo de assistência de enfermagem. Segundo Nunes et al. (2018),

alguns fatores estão relacionados de forma direta com o aumento das chances de um

indivíduo desenvolver um infarto agudo do miocárdio, dentre eles destaca-se a pré-

existência de comorbidades como a hipertensão arterial e diabetes. Nesse contexto

podemos observar que as autoras do artigo II trazem a educação em saúde realizada

dentro da atenção básica com o grupo de hiperdia (pacientes que possuem

hipertensão ou diabetes) como forma de trabalhar medidas preventivas, ao exemplo

de alimentação adequada e prática de atividade física, visando à prevenção do infarto.

Além de atividade de educação sobre a prevenção o artigo em questão

aborda também a educação em saúde sobre o reconhecimento de sinais do IAM, com

o objetivo de orientar os profissionais de nível técnico e a comunidade para a

identificação de características de um infarto e a necessidade de procurar um

atendimento especializado. De acordo com as autoras do artigo II, a enfermagem pode

atuar de forma muito efetiva no IAM quando consegue educar a população para

reconhecer precocemente o infarto agudo do miocárdio e sobre a tomada de decisões

que podem acelerar o atendimento da vítima e assim aumentar suas chances de

preservar sua vida e a qualidade dela.

No artigo número III encontra-se muitas semelhanças com o artigo I, pois

além dos artigos apresentarem os mesmos autores eles trazem também os mesmos
38
objetivos de avaliar as percepções de grupos de profissionais da saúde sobre o

atendimento pré-hospitalar. Trata-se de um estudo transversal e avalia a

implementação do serviço de APH. Nesta pesquisa os autores utilizaram um

questionário composto por 25 questões que foi aplicado a paramédicos, cardiologistas,

médicos e enfermeiros de emergência, o questionário tinha por objetivo identificar o

que cada grupo profissional apontava como barreiras e facilitadores para a

implementação do atendimento pré-hospitalar.

O grupo de enfermeiros concordou com os demais grupos em relação aos

benefícios que o APH traz ao processo de atendimento da vítima com IAM, mas

apresentou diferenças sobre a percepção das habilidades dos paramédicos em

realizarem o atendimento pré-hospitalar sem a visão geral do profissional médico.

Segundo os profissionais enfermeiros abordagens reais realizadas através de

programas educacionais e de comunicação podem melhorar o atendimento pré-

hospitalar. Podemos relacionar esta abordagem com a realizada pelas autoras do

artigo II, onde a educação em saúde sobre IAM é apontada como uma forma de

contribuir para uma assistência pré-hospitalar de qualidade.

O artigo IV apresenta dois estudos de casos de pacientes que sofreram um

infarto agudo do miocárdio durante uma viagem pela Europa de navio. Na embarcação

não havia médico apenas uma enfermeira, tendo sido a mesma que realizou o

atendimento com orientação médica on-line. Isso denota a autonomia dos enfermeiros

em países europeus com consulta médica de condutas via online, diferente quando

comparamos com Brasil onde o enfermeiro só pode realizar administração de

medicação em emergência com prescrição médica.

Santos (2014) refere que o profissional enfermeiro pode prevenir as

complicações do IAM através de alguns cuidados prestados, como por exemplo, a

identificação do infarto e a tomada de decisões corretas. Podemos observar no artigo

IV que de fato o conhecimento da enfermeira e as intervenções realizadas por ela

contribuiu para que fossem evitadas complicações no quadro clínico das vítimas de
39
IAM. A enfermeira reconheceu os sinais e sintomas do infarto e realizou um

eletrocardiograma de 12 derivações, em seguida por meio de uma consulta médica

online o IAM foi diagnosticado e a terapia trombolítica foi realizada pela enfermeira

por meio da orientação médica.

O tempo ideal para que a terapia trombolítica seja iniciada deve ser inferior

a 30 minutos contando desde o primeiro contato com paciente, pois neste caso a

velocidade é um fator determinante para salvar a vida do paciente (DIRETRIZ..., 2015).

Em ambos os estudos de caso relatados no artigo IV podemos constatar

que a presença do profissional de enfermagem bem preparado reduziu o risco de

morte dos pacientes, já que a enfermeira conseguiu estender a opções de tratamento

disponível utilizando a terapia trombolítica sem que os pacientes sofressem nenhum

tipo de intercorrência através da orientação médica. Dessa forma pode-se dizer que o

artigo IV traz uma contribuição para o desenvolvimento de protocolos que possibilitem

uma atuação mais ampla da enfermagem na administração da terapia trombolítica.

No artigo V temos um estudo transversal que por meio da implementação

de um protocolo objetiva determinar se profissionais de enfermagem e paramédicos

podem no APH por meio de treinamento realizar e avaliar de maneira independente

um ECG de 12 derivações para identificar a presença de IAM. De acordo com a

Secretaria de Estado da Saúde do Paraná o eletrocardiograma é um dos exames mais

solicitados para se realizar o diagnóstico do infarto agudo do miocárdio e indicar a

extensão da lesão (PARANÁ, 2017). Pelos sinais clínicos do iam que são dor torácica

intensa e prolongada com característica compressiva, epigastralgia intensa, dispneia

mesmo que em estado de repouso, vômitos, muitas vezes é possível identificar logo

quando um paciente está sofrendo um IAM (BRASIL, 2016).

A equipe de enfermagem presta assistência com maior proximidade do

paciente dentro da unidade de atendimento, desde sua entrada no serviço até sua

reabilitação (GUALANDE; COSTA; BORGES, 2014). Podemos então entender que está

aproximação acontece também no APH, sendo assim os autores do artigo número V


40
definiram que assim como os paramédicos, os profissionais enfermeiros baseados

podem ser ensinados com sucesso a realizar e avaliar um ECG pré-hospitalar para a

presença de IAM com precisão e assim contribuir para a sobrevida das vítimas.

Conclusão

Diante dos resultados podemos identificar a assistência de enfermagem ao

paciente com IAM no APH como a identificação e avaliação correta dos sinais e

sintomas, realizar ECG de 12 derivações e ter conhecimento de interpretá-lo para

auxiliar no diagnóstico médico, preparo técnico e conhecimento científico para intervir

com ações que possibilitem a preservação da vida e redução possíveis complicações.

Deve-se incluir também como assistência a realização de educação em

saúde para pacientes e comunidade em geral para que possam reconhecer estes sinais

com antecedência e procurar por atendimento especializado e a participação em

pesquisar que tenham como objetivo avaliar e programar protocolos que contribuam

para a melhoria do atendimento aos pacientes nas condições de IAM.

Podemos vislumbrar que apesar da necessidade do atendimento pré-

hospitalar para agilidade e qualidade do atendimento ofertado ao paciente na

condição do infarto agudo do miocárdio e da importância do profissional de

enfermagem e de suas intervenções na assistência prestada ao indivíduo vítima de IAM

ainda existem poucas publicações cientificas que abordem essa importância dentro do

contexto de APH.

Conclui-se ainda que a maioria das publicações existentes se encontra em

periódicos internacionais, tendo apenas dois autores de nacionalidade brasileira,

somente em nível de revisão de literatura, evidenciando que no cenário brasileiro ainda

existe muito a ser explorado em termos de publicação sobre o assunto.


41
Em relação ao período de publicação, é possível dizer que a publicação mais

atual que trata efetivamente da assistência de enfermagem no contexto pré-hospitalar

está datada de nove anos atrás, tal evidência demonstra a necessidade da realização

de novos estudos acerca desta temática.

Através da análise dos artigos encontrados percebe-se que a opinião e

percepção dos profissionais de enfermagem em relação à implementação de condutas

e protocolos que busquem reduzir as consequências do IAM e melhorar o atendimento

aos pacientes nesta condição tem recebido cada vez mais relevância.
42

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46
3
47

Giulianna Paiva Martins Oliveira Pitombeira


Samyla Citó Pedrosa
Vanessa da Frota Santos
Samira Gomes de Oliveira
Ana Clarice Rodrigues Correia
Jéssika Andrade Moraes da Luz
Ivana Cristina Vieira de Lima Maia
Resumo
O perfil crítico do paciente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) o torna mais vulnerável ao erro, devido a fatores
como alta quantidade de equipamentos, tecnologias diagnósticas e terapêuticas, maior necessidade de
procedimentos, dispositivos invasivos e elevado número de profissionais que estão inseridos na assistência. O
presente estudo tem como objetivo identificar as condições geradoras de risco para a segurança do paciente no
processo de administração de medicamentos em UTI e as estratégias para redução de erros. Realizou-se uma
revisão integrativa, com busca nas bases de dados na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
(MEDLINE/via PubMed) e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINHAL). Foram utilizados, como
estratégiade busca, os seguintes descritores (em português e inglês), associados por meio do operador booleano
“AND”:Unidades de Terapia Intensiva; Segurança do Paciente; enfermagem; Erro de medicação. Houve seleção de
14 artigos, cujo ano de publicação variou entre 2007 e 2021, com maior concentração de artigos publicados em 2020
(n=5). As pesquisas foram realizadas em sua maioria no Brasil (n=10), havendo também estudos nos Estados Unidos,
Canadá, Irã e Roma, cada um com um estudo. O público-alvo predominante foram os profissionais da equipe de
enfermagem, sendo que somente um estudo trabalhou com toda a equipe multiprofissional (enfermeiros, médicos
e farmacêuticos clínicos de UTI). Com relação ao tipo de estudo, houve destaque para os estudos descritivos, de
abordagem quantitativa (n=9). Todos os estudos apresentaram nível de evidência VI. Os temas mais prevalentes
foram: fatores relacionados à ocorrência de erros de medicação na UTI; estratégias para melhorar a administração
de medicamentos; importância da educação permanente para controlar erros de medicação; colaboração
interprofissional para minorar erros de medicação. Faz-se necessária a elaboração de estudos voltados para a construção
de tecnologias focadas na atenuação dos erros realcionados à administração de medicamentos.

Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva. Segurança do Paciente. Enfermagem. Erro de Medicação.


48

Introdução

A segurança do paciente é considerada, na atualidade, umas das prioridades

no que tange à gestão e qualidade dos serviços de saúde. É compreendida como uma

das dimensões mais críticas e decisivas na qualidade da assistência ao paciente e prevê

maximizar o equilíbrio geral entre benefícios e danos (VICENT; AMALBERTI, 2016;

FREITAS et al., 2021), sendo conceituada como a redução de um mínimo aceitável do

risco de dano desnecessário ao paciente durante a assistência (BRASIL, 2016).

Nesse contexto, nos últimos anos se tornou notória a preocupação em

garantir uma assistência segura aos pacientes. O progresso científico na área da saúde

contribui com o tratamento de inúmeras doenças, porém há evidência de que o

paciente está predisposto a riscos enquanto usuário do serviço de saúde (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2004; VICENT; AMALBERTI, 2016; FREITAS et al., 2021).

O relatório intitulado “To err is human: building a safer health care System”,

no português “Errar é Humano” lançado pelo Institute of Medicine (IOM) é considerado

uma referência mundial para os cuidados com a segurança do paciente, sendo

destacado por vários estudos que abordam a necessidade de atenção a esses riscos

(KOHN; CORRIGAN; DONALDSON, 1999). Após a publicação desse relatório foi

revelada a crítica situação de assistência à saúde nos Estados Unidos da América. Esse

estudo revelou que milhares de americanos morreram em consequência de eventos

adversos.

Evidenciam-se consequências desastrosas decorrentes de eventos adversos

relacionados à assistência em saúde, tais como aumento do tempo de permanência

hospitalar, geração de custos econômicos e sociais, aumento da mortalidade e do risco

de danos físicos, éticos e traumáticos ao paciente (DE VRIES et al., 2008; DIAS;

MARTINS; NAVARRO, 2012).


49
O perfil crítico do paciente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) o torna

mais exposto ao erro, devido a fatores como alta quantidade de equipamentos,

tecnologias diagnósticas e terapêuticas, maior necessidade de procedimentos,

dispositivos invasivos e elevado número de profissionais que estão inseridos na

assistência (BRASIL, 2013; AIRES et al., 2017).

Diante de um ambiente assistencial com muitos riscos é primordial que a

equipe multidisciplinar da UTI seja capacitada e treinada adequadamente no sentido

de cada um estar ciente de suas responsabilidades. Nesse contexto, é imprescindível

avaliar a cultura de segurança em relação à assistência ao paciente, especialmente para

a prevenção de eventos relacionados à administração de medicamentos (GOUVÊA;

TRAVASSOS, 2010; AIRES et al., 2017).

Dentre os diferentes tipos de eventos adversos que ocorrem na UTI,

destacam-se aqueles relacionados à administração de medicamentos. A Organização

Mundial da Saúde (OMS) define erros de medicação como, falhas no processo do

tratamento medicamentoso que podem contribuir, ou que tem o poder gerar danos

ao paciente. Citam-se como exemplos erros relacionados a: prescrição; dispensação;

omissão; horário; administração não autorizada do medicamento; dose; apresentação;

preparo; administração, entre outros (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

A Unidade de terapia intensiva é um ambiente propicio para a ocorrência

dos erros de medicação por se tratar de um cenário onde se vivenciam constantes

expectativas em relação ao quadro clínico do paciente e complexidade da terapia

medicamentosa, o que exige do profissional a aquisição de habilidades e competências

específicas, unindo saber técnico científico e o domínio de uma série de tecnologias,

visando uma assistência segura e de melhor qualidade (ARBOIT et al., 2018).

O uso de medicamentos consiste na principal terapêutica utilizada pelos

profissionais de saúde e a prevenção de eventos relacionados a estes, envolve toda a

equipe de saúde com destaque na enfermagem como responsável principal pelas


50
etapas de preparo e administração de fármacos, uma vez que está envolvida em todas

as fases do processo (VOLPATTO et al., 2017).

É de responsabilidade da equipe de enfermagem uma assistência livre de

imperícia, imprudência e negligência (DUARTE et al., 2018).

Assim, é significativa a contribuição do enfermeiro na identificação das

possíveis falhas de medicação na UTI, no intuito de garantir uma assistência segura e

efetiva, livre de qualquer dano durante o cuidado da equipe de enfermagem (DIAS et

al., 2014). Esse profissional pode atuar na definição de estratégias e na implementação

de ações, com a finalidade de minimizar os riscos, prevenir a ocorrência de incidentes

e assegurar uma assistência segura na administração de medicamentos (OLIVEIRA et

al., 2014; MOURA et al., 2009).

Nesse contexto, emergiu a seguinte questão de pesquisa: Quais são as

evidências da literatura sobre os erros relacionados à administração de medicamentos

em pacientes hospitalizados na UTI? Diante da complexidade do cuidado na UTI e da

necessidade de prevenir erros dessa natureza nesse cenário, torna-se importante

avaliar quais são as evidências da literatura a respeito da temática, com vista a

instrumentalizar o enfermeiro e a equipe de enfermagem para prevenção e manejo

desse tipo de evento adverso.

Nesse contexto, identificar e compreender os fatores que resultam em erros

na administração de medicamentos na UTI são ações fundamentais para programar

estratégias para sua redução e prevenção, implicando na diminuição de mortes e

agravos evitáveis.
51

Objetivo

Identificar as condições geradoras de risco para a segurança do paciente no

processo de administração de medicamentos em UTI e as estratégias para redução de

erros.

Métodos

Foi realizada uma revisão integrativa, uma metodologia que busca reunir e

sumarizar as evidências disponíveis na literatura acerca de um determinado tema ou

questão de pesquisa, de maneira sistemática, ordenada e aprofundada (MENDES;

SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Para realização do estudo, tomou-se como referencial as

etapas a seguir: a) definição do tema e elaboração da questão de pesquisa; b)

estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; c) determinação das

informações a serem extraídas dos estudos selecionados; d) análise dos estudos

incluídos, interpretação dos resultados e apresentação da síntese do conhecimento

(MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Para formulação da questão de pesquisa foi utilizado o acrônimo PICo (P –

participantes; I – fenômeno de interesse; Co - contexto do estudo), em que

Participantes (P): pacientes adultos hospitalizados na UTI, (I): Administração de

medicamentos, (Co): segurança do paciente na UTI (SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007).

A partir dessa estratégia, elaborou-se a seguinte questão de pesquisa: Quais são as

evidências da literatura sobre os erros relacionados à administração de medicamentos

em pacientes hospitalizados na UTI?

Após ter sido escolhido o tema, a busca dos estudos foi realizada em

novembro de 2021, na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

(LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and
52
Retrieval System Online (MEDLINE/via PubMed) e Cumulative Index to Nursing and
Allied Health Literature (CINHAL).
Na realização da pesquisa utilizou-se os descritores controlados

cadastrados nos Descritores em Saúde (DeCS) e no Medical Subject Headings (MeSH

Terms): Unidades de Terapia Intensiva; Segurança do Paciente; Enfermagem; Erro de


medicação; Intensive Care Units; Patient Safety; Nursing; Medication Errors. Os

descritores controlados foram combinados por intermédio do operador booleano

AND, gerando dois cruzamentos: [Unidades de Terapia Intensiva AND Segurança do


Paciente AND enfermagem AND Erro de medicação]/[Intensive Care Units AND Patient

Safety AND Nursing AND Medication Errors].


Incluíram-se apenas artigos disponíveis na íntegra, independentemente do

idioma, publicados entre 2016 e 2021, haja vista trazerem informações atualizadas e

que respondessem à questão norteadora. Os critérios de exclusão aplicados

consistiram em: artigos repetidos, revisões e estudos.

Encontraram-se 100 artigos, os quais foram submetidos à leitura de títulos

e resumos, com objetivo de refinar a busca. Destes, foram excluídos 85 artigos por não

responderem à questão de pesquisa. Mantiveram-se 15 artigos (LILACS: 7; SciELO: 0;

MEDLINE/Pubmed: 2; Cinhal: 6) que foram lidos na íntegra, sendo a amostra final

composta de 14 artigos, por se tratar de um artigo duplicado (Fluxograma 1).


53
Fluxograma 1 - Descrição dos artigos encontrados, excluídos e selecionados de acordo
com cada base de dados. Fortaleza, CE. 2021

Fonte: Elaboração das autoras.

Os estudos escolhidos foram analisados de maneira descritiva, dando

origem a um quadro sinóptico de caracterização das pesquisas, com as informações a

seguir: autores, ano, país de realização do estudo, público-alvo/amostra, objetivo, tipo

de estudo, nível de evidência e principais resultados e conclusão. Quanto à avaliação

dos estudos, de acordo com o nível de evidências foi utilizada a hierarquia proposta

por Melnyk e Fineout-Overholt (2011), sendo seguida a classificação: I. revisões

sistemáticas e metanálise de ensaios clínicos randomizados; II. ensaios clínicos

randomizados; III. ensaio controlado não randomizado; IV. estudos caso-controle ou


54
coorte; V. revisões sistemáticas de estudos qualitativos ou descritivos; VI. estudos

qualitativos ou descritivos e VII. parecer de autoridades e/ou relatórios de comitês de

especialistas. Esta hierarquia divide os níveis I e II como fortes, III a V como moderados

e VI a VII como fracos.

Resultados

O ano de publicação variou entre 2007 e 2021, com maior concentração de

artigos publicados em 2020 (n=5). As pesquisas foram realizadas em sua maioria no

Brasil (n=10), havendo também estudos nos Estados Unidos, Canadá, Irã e Roma, cada

um com um estudo. O público-alvo predominante foram os profissionais da equipe de

enfermagem, sendo que somente um estudo trabalhou com toda a equipe

multiprofissional (enfermeiros, médicos e farmacêuticos clínicos de UTI). Com relação

ao tipo de estudo, houve destaque para os estudos descritivos, de abordagem

quantitativa (n=9). Todos os estudos apresentaram nível de evidência VI (Quadro 1).

As principais temáticas abordadas nos resultados dos estudos selecionados

foram: fatores relacionados à ocorrência de erros de medicação na UTI; estratégias para

melhorar a administração de medicamentos; importância da educação permanente

para controlar erros de medicação; colaboração interprofissional para minorar erros de

medicação.
55
Quadro 1 - Caracterização dos estudos quanto ao título, autoria, ano, país, público-alvo, objetivo, tipo de estudo, nível de evidência e principais
resultados. Fortaleza, CE. 2021
Autores/ Público-alvo/ Nível de
(N Título País Objetivo Tipo de estudo Principais resultados
ano amostra evidência
Segurança do Barella e Brasil Enfermeiros de Analisar o Estudo de VI O aumento do número de funcionários
paciente em Gasperi (2021) Unidades de entendimento dos abordagem foi uma das estratégias elencadas para
unidades de Terapia Intensiva enfermeiros de qualitativa, melhorar a segurança do paciente, os
terapia intensiva Adulto Unidades de caráter erros de administração de medicamentos
1
adulto: Terapia Intensiva exploratório, são os mais frequentes e metade da
percepção dos Adulto sobre descritivo e de amostra é favorável à punição diante de
enfermeiros segurança do corte transversal um erro.
paciente.
Fatores que Arboit et al. Brasil Trabalhadores Identificar os Estudo descritivo VI Vários fatores
contribuem para (2020) de enfermagem fatores que – exploratório, institucionais/organizacionais e humanos
a ocorrência de em Terapia contribuem para a com abordagem contribuem para a ocorrência de
incidentes intensiva ocorrência de qualitativa. incidentes de segurança relacionados à
relacionados à incidentes terapia medicamentosa, como: rotinas de
terapia relacionados à trabalho, complexidade do quadro clínico,
2 medicamentosa terapia fragmentação do cuidado, estrutura física
em terapia medicamentosa e dimensionamento do pessoal de
intensiva. em terapia enfermagem; devendo, tanto os
intensiva, sob a trabalhadores quanto as instituições
ótica dos implementarem estratégias para
trabalhadores de minimizar tais eventos.
enfermagem.
Erros no preparo Reis et al. Brasil Pacientes Identificar os erros Estudo VI Tanto no preparo quanto na
e na (2020) adultos nas no preparo e na observacional e administração dos medicamentos
administração de unidades de administração de descritivo intravenosos, foram identificados erros de
3
medicamentos Emergência, medicamentos técnica e de horário, apontando a
intravenosos. Internamento e intravenosos. necessidade de implementação de
Unidade de estratégias,
56

Autores/ Público-alvo/ Nível de


N Título País Objetivo Tipo de estudo Principais resultados
ano amostra evidência
Terapia Intensiva como: investir no conhecimento dos
profissionais de enfermagem sobre esse
assunto, de modo a envolvê-los na
segurança medicamentosa, minimizando
os fatores que ocasionariam o erro.
Aliado a isso, a inclusão de estratégias
3 para reduzir os erros humanos, como
passo a passo visível no local de preparo
e administração do medicamento, podem
contribuir para diminuir os lapsos de
memória e as inúmeras interrupções que
o profissional sofre no momento em que
prepara o medicamento.
Proposta Teodoro Brasil Profissionais de Desenvolver uma Estudo VI Houve contribuição no aprimoramento
educativa sobre (2019) saúde de proposta educativa quantitativo, do senso crítico relacionado à segurança
uso de Unidade de sobre segurança descritivo, quase- do paciente e no aumento das
medicamento de Terapia do paciente no uso experimental notificações relativas ao tema abordado.
alta vigilância Intensiva de medicamentos
4
para profissionais de alta vigilância
da saúde de para profissionais
unidades de de saúde de
terapia intensiva. unidades de
terapia intensiva.
57
Autores/ Público-alvo/ Nível de
N Título País Objetivo Tipo de estudo Principais resultados
ano amostra evidência
Erros de Balsanelli; Brasil Pacientes em Identificar os erros Estudo VI A taxa de erros está acima dos achados
medicação em Bohomol e Unidade de de medicação em transversal na literatura e os resultados apontam
uma unidade de Zimmermann Terapia Intensiva. uma Unidade de para a necessidade de se realizar
5
terapia intensiva. (2016) Terapia Intensiva melhorias.

Evento adverso Ferreira et al. Brasil Profissionais de Analisar a atuação Estudo descritivo, VI O estudo demonstrou que 48% dos
versus erro de (2014) Enfermagem de da equipe de exploratório com profissionais não sabiam distinguir entre
medicação: uma Unidade de enfermagem na abordagem erro de medicação e evento adverso;
percepções da Terapia administração de quantitativa 100% da equipe limitaram os eventos
6 equipe de Intensiva medicamentos em adversos apenas às alterações clínicas do
enfermagem unidade de Terapia paciente; a principal atitude da equipe de
atuante em Intensiva enfermagem (42% dos enfermeiros e 42%
terapia intensiva. dos técnicos), em frente de um erro, é a
comunicação.
Enfermagem e Melo (2007) Brasil Enfermeiros e Identificar Estudo VI O estudo das situações facilitadoras de
segurança na técnicos de situações exploratório, erros de medicação no contexto da UTI
terapia enfermagem em facilitadoras com o observacional, pode contribuir para a implementação de
medicamentosa UTI erro de medicação com abordagem ações práticas que visem à realização de
7
em uma unidade em UTI quantitativa uma assistência com enfoque na
intensiva. segurança do paciente. Além de permitir
evidenciar fatores ambientais e sistêmicos
influenciadores.
58
Autores/ Público-alvo/ Nível de
N Título País Objetivo Tipo de estudo Principais resultados
ano amostra evidência
Análise do Ribeiro et al. Brasil Profissionais de Identificar como Estudo VI As ações de enfermagem que
aprazamento de (2018) enfermagem não transversal, poderiam ser realizadas como
enfermagem em em UTI conformidades descritivo, com barreiras ao erro seriam: dupla
uma UTI: foco na relacionadas à análise verificação continuada; elaboração de
8 segurança do aplicação do documental e guia de aprazamento um local privado
paciente medicamento em abordagem para o aprazamento ou a utilização de
UTI quantitativa uma placa de vestimenta e
aprazamento com sistema digital para
evitar interações.
Facilitated Nurse Xu Califórnia Enfermeiros de Estudar o Estudo VI Os erros relacionados a medicação
Medication- et al. UTI gerenciamento de observacional (ERM) ocorreram em todas as fases do
Related Event (2017) medicamentos da processo de gerenciamento de
Reporting to enfermeira da UTI; medicamentos e tinham fatores
Improve fornecer uma contribuintes que refletiam erros
9 Medication abordagem para latentes no nível do sistema. A maioria
Management analisar e dos ERMs foram associados a
Quality and melhorar a processos de cuidado degradados que
Safety in segurança e a contribuíram para ou poderiam ter
Intensive Care qualidade dos causado resultados adversos para os
Units medicamentos. pacientes.
Estratégias para Arboit et al. Brasil Profissionais de Conhecer as Pesquisa VI Embora os trabalhadores utilizem de
redução dos (2018) Enfermagem estratégias descritivo- estratégias diversificadas para
incidentes em UTI adotadas pelos exploratória, com minimizar a ocorrência de incidentes, a
10
relacionados ao profissionais de abordagem educação permanente é um
uso de enfermagem para qualitativa importante instrumento para
medicamentos a
59
Autores/ Público-alvo/ Nível de
N Título País Objetivo Tipo de estudo Principais resultados
ano Amostra evidência
em terapia prevenção e qualificação do processo de preparo e
intensiva controle dos administração de medicamentos em
incidentes unidade de terapia intensiva.
10
relacionados à
terapia
medicamentosa.
Atuação da Freire et al. Brasil Profissionais de Descrever a Estudo VI Nas UTIs maternas, a educação
equipe de (2020) Enfermagem atuação da equipe exploratório, permanente em saúde é necessária
enfermagem no em UTI materna de enfermagem descritivo, para propiciar aos profissionais de
preparo e em relação ao transversal e enfermagem o desenvolvimento de
administração de preparo e quantitativo práticas de trabalho seguras para os
11 medicamentos administração de pacientes.
em uma unidade medicamentos em
de terapia uma UTI materna
intensiva
materna

Intensive care Santiago et al. Canadá Enfermeiros de Garantir processos Estudo VI Mais pesquisas são necessárias para
unit nurse (2020) UTI padronizados transversal, avaliar o impacto das soluções
satisfaction with relacionados à descritivo, com alternativas do sistema de
medication medicação e análise gerenciamento eletrônico de
12
management reduzir erros em documental e medicamentos e da não conformidade
before and after comparação com abordagem com o sistema de gerenciamento de
the introduction as abordagens quantitativa código de barras nos fluxos de
of an electronic trabalho de
60
Autores/ Público-alvo/ Nível de
N Título País Objetivo Tipo de estudo Principais resultados
ano amostra evidência
medication tradicionais enfermagem da UTI e nos resultados
12 management baseadas em dos pacientes.
system papel.
Medication Di Simone et al. Roma Enfermeiros de Descrever quais Estudo VI O conhecimento farmacológico é um
errors in (2016) UTI elementos do descritivo, pré-requisito para a correta
intensive care conhecimento, exploratório com administração dos medicamentos e
units: nurse treinamento, abordagem para a avaliação clínica dos efeitos no
training needs comportamento e quantitativa paciente. Esse conhecimento implica a
atitude do compreensão dos princípios teóricos e
enfermeiro podem clínicos da farmacologia, a capacidade
13 prevenir erros em de contextualizar o manejo de
unidades de medicamentos de acordo com as
terapia intensiva necessidades complexas e mutáveis
durante todas as dos pacientes.
etapas da
administração de
medicamentos
intravenosos.
Causes of Farzi et al. Irã Enfermeiros, Explorar e Estudo descritivo VI A prescrição incorreta de médicos, a
medication (2017) médicos e descrever as qualitativo administração insegura de
errors in farmacêuticos causas dos erros medicamentos por enfermeiros, a falta
intensive care clínicos de UTI de medicação em de conhecimento farmacêutico da
14 units from the UTI na perspectiva equipe de saúde e a fraca colaboração
perspective of de médicos, profissional levam a erros de
health enfermeiros e medicação. Para melhorar a segurança
professionals farmacêuticos do paciente nas UTIs, os gerentes
clínicos.
61
Autores/ Público-alvo/ Nível de
N Título País Objetivo Tipo de estudo Principais resultados
ano Amostra evidência
dos centros de saúde precisam
promover a colaboração
14
interprofissional e a participação dos
farmacêuticos clínicos nas UTIs.
Fonte: Elaboração das autoras.
62

Discussão

Em se tratando de erro de medicação, é preciso, primeiramente,

abordar a segurança do paciente. Verificou-se no estudo desenvolvido por Barella

e Gasperi (2021), qual o entendimento dos enfermeiros de uma UTI no que diz

respeito à segurança do paciente, o conceito dado pelos profissionais

corresponde ao da OMS, que define segurança do paciente como a redução a

um mínimo aceitável do risco de danos desnecessários associados ao cuidado em

saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004).

A partir da presente revisão também foi possível evidenciar que os

incidentes relacionados à terapia medicamentosa ocorrem em decorrência de

múltiplos fatores, que incluem desde falhas sistêmicas, como a disponibilidade

de recursos, políticas, procedimentos organizacionais; além de fatores humanos,

como a sobrecarga de trabalho, cansaço e estresse do profissional de

enfermagem, que são considerados fatores agravantes à segurança do paciente,

pois predispõem à ocorrência de inúmeros eventos adversos. Dentre os eventos

adversos apresentados destaca-se o de administração de medicamentos por ser

um dos mais frequentes e por representar risco à vida do paciente (CHOO;

HUTCHINSON; BUCKNALL, 2010; FARZI et al., 2017).

Evidenciou-se que a categoria do nível médio, técnico de enfermagem

é o profissional que atua com mais frequência no preparo e administração de

medicamentos, pois o enfermeiro por ocupar o papel de gestor da unidade se

distancia do operacional para gerenciar a equipe, supervisionando a assistência

oferecida, contudo existe uma responsabilidade compartilhada do enfermeiro e

do técnico de enfermagem em relação à segurança do paciente na terapia

medicamentosa como expõe a resolução nº 564/2017 Conselho Federal de

Enfermagem (COFEN) (BRASIL, 2017; MELO, 2007; RIBEIRO et al., 2018).


63

Uma das estratégias mais citadas para combater os eventos adversos

decorrentes do erro de medicação, consiste na conscientização das instituições

de saúde, em investir na capacitação dos profissionais por meio da educação

permanente sobre aspectos que envolva aspectos como princípios teóricos e

clínicos da farmacologia e a capacidade de contextualizar o manejo de

medicamentos de acordo com as necessidades do paciente (REIS et al., 2020;

CAMERINI; SILVA, 2011; DI SIMONE et al., 2016).

O conhecimento de todos os aspectos relacionados ao medicamento,

tais como ação, indicação, contraindicação, efeitos colaterais, interações

indesejáveis no organismo, formas de manuseio, preparo, modo e via corretos de

sua administração são ações fundamentais para garantir uma prática segura a

todos os processos envolvidos com a terapia medicamentosa na assistência ao

paciente (BRASIL, 2016; REIS et al., 2020).

Também foi citada a necessidade de adoção da orientação punitiva

diante de erros relacionados a fatores humanos, no sentido de se evitar a

reincidência de novos eventos. Contudo, enfatizou-se que tal medida pode

implicar diretamente em tentativas de omitir, alterar ou modificar a realidade de

fatos e eventos, no sentido de não ser objeto daquela orientação (ARBOIT et al.,

2020).

Além disso, destacou-se a existência de ferramentas auxiliadoras e

ações para prevenir erros relacionados a medicação na assistência ao paciente,

dentre elas, identificação segura do paciente, check list dos procedimentos e

materiais, bundles, protocolos assistenciais de preparo e administração de

medicamentos (BARELLA; GASPERI, 2021; MINUZZI et al., 2016).

O aumento da colaboração interprofissional e o uso de tecnologias de

informação, como registros médicos eletrônicos e entrada de pedidos de

prescrição computadorizada, foram citadas como ações importantes para


64

prevenção e controle dos erros relacionados à administração de medicamentos

(FARZI et al., 2017; DI SIMONE et al., 2016).

Considerações Finais

As principais condições geradoras de risco para a segurança do

paciente no processo de administração de medicamentos em UTI estão

relacionadas a falhas sistêmicas ou humanas, que incluem: disponibilidade de

recursos, políticas, procedimentos organizacionais; prescrição incorreta de

médicos; administração insegura de medicamentos por enfermeiros; falta de

conhecimento da equipe de enfermagem acerca da temática; sobrecarga de

trabalho, cansaço e estresse do profissional de enfermagem; e fraca colaboração

profissional levam a erros de medicação.

Dentre as estratégias para prevenir e controlar os erros, houve

destaque para: aumento do número de funcionários; notificações relativas aos

erros relacionados à administração de medicamentos; melhoria da comunicação

entre a equipe; uso de Sistema de Gerenciamento Eletrônico de Medicamentos;

e colaboração interprofissional. Também foi ressaltada a necessidade de

qualificação da equipe de enfermagem acerca do processo de preparo e

administração de medicamentos, incluindo: princípios teóricos e clínicos da

farmacologia e a capacidade de contextualizar o manejo de medicamentos de

acordo com as necessidades do paciente. Ademais, foram citadas estratégias mais

específicas, tais como: dupla verificação continuada; elaboração de guia de

aprazamento um local privado para o aprazamento ou a utilização de uma placa

de vestimenta e aprazamento com sistema digital para evitar interações.

Ressalta-se que a presente revisão pode servir como base para tomada

de decisão do enfermeiro e da gestão em saúde no que tange a estratégias para

diminuição e controle dos erros de medicação no âmbito da UTI, contribuindo


65

com o oferecimento de uma assistência segura nesse contexto. Como

recomendação, faz-se necessária a elaboração de estudos voltados para a

construção de tecnologias focadas na atenuação dos erros relacionados à

administração de medicamentos.
66

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71
72

Samira Gomes de Oliveira


Rosângela Nascimento de Lima
Maria Adriana Oliveira de Sousa
Ricardina Martins de Oliveira
Adryelle de Moura Gondim
Roziane Vieira Mota
Resumo
Este estudo tem como objetivo investigar o conhecimento de adolescentes sobre Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST). Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada
em uma escola da rede Estadual da região metropolitana de Fortaleza/Ceará, no período de Fevereiro a
dezembro de 2019. Os participantes da pesquisa foram alunos do 1º ao 3º ano do ensino médio. Foram
incluídos adolescentes conforme com o Ministério da Saúde de ambos sexos. A amostra excluiu alunos que
apresentaram algum déficit cognitivo ou mental que poderiam os impedir de responder as questões do
estudo. A coleta de dados foirealizada através de um questionário contendo dados sociodemográficos e
perguntas relacionadas ao conhecimento sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis e formas de
prevenção. Os dados coletados foram digitados em planilhas do programa Excel e as análises foram
realizadas no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 24.0 e exibidas por meio de
tabelas. 198 adolescentes compuseram o estudo. A maioria deles tinha entre 14 e 16 anos de idade (56,6%).
65,2% dos adolescentes eram do sexo feminino e 41,9% cursava o 1º ano do ensino médio. A maior parte
(96,5%) dos estudantes disse possuir conhecimento sobre o assunto. As ISTs mais conhecidas foram o HIV
(95,5%) e Sífilis (75,7%). A internet (80,8%) foi o meio mais procurado para elucidação de duvidas sobre IST.
Observou-se, com aprevalência de respostas corretas aos questionários, que a maioria dos adolescentes
possui conhecimento sobre as Infecções sexualmente transmissíveis e sobre o uso de preservativo.

Palavras-chaves: Adolescente. Doença sexualmente transmissível. Preservativos.


73

Introdução

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são um grupo de

infecções que têm se propagado em todo o mundo, sendo consideradas um

problema de saúde pública (SPINDOLA et al., 2015). As manifestações das IST

podem ser assintomáticas e sintomáticas, dificultando muitas vezes o diagnóstico

precoce (POGETTO et al., 2012), ademais, elas apresentam potencial para causar

danos coletivos e gerar grandes despesas aos cofres públicos (SPINDOLA et al.,

2015).

De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação

(SINAN),o índice de IST cresceu entre os jovens na faixa etária de 15 a 24 anos

(BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO..., 2018). Dentre as IST, o HIV permanece como

sendo umas das principais preocupações entre os jovens. De acordo com o

relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (sigla em

inglês UNAIDS), estima-se que até o ano de 2017 havia 36,9 milhõesde pessoas

vivendo com HIV, sendo que 1,8 milhões adolescentes (BOLETIM

EPIDEMIOLÓGICO..., 2018).

A adolescência é uma fase permeada por dúvidas e curiosidades

relacionadas à sexualidade (CARLETO et al., 2010). No Brasil, tal fase é definida,

segundo o Ministério da Saúde, como a faixa de idade entre 10 e 19 anos de

idade (BRASIL, 2014). A falta de orientação apropriada nessa fase da vida pode

resultar na susceptibilidade à IST, como HIV, sífilis, hepatites, entre outras

(CARLETO et al., 2010). Trata-se de um momento de transição que envolve

autoconhecimento e amadurecimento social e psíquico (ARAUJO et al., 2012). A

carência de orientações na adolescência e o baixo conhecimento sobre as IST

podem resultar em comportamentos de risco, tornando os sujeitos mais

suscetíveis a contrairem infecções (CARLETO et al., 2010). Além disso, a

precocidade da iniciação sexual se configura como um fator adicional na


74

predisposição às IST (SPINDOLA et al., 2015).

Frequentemente, a infecção pelos tipos mais comuns de IST é

associada ao uso incorreto de preservativos, somada à falta de conhecimento

(SOARES et al., 2008).

Pessoas menores que 25 anos que não fazem ou usam incorretamente

preservativos tornam-se mais vulneráveis às IST. Assim, a atividade sexual sem

proteção pode resultar não apenas em uma gravidez indesejada, mas no contágio

por IST, podendo alterar a vida do adolescente (PORTELA; ALBUQUERQUE, 2014).

Dentre os fatores de risco para IST na adolescência, pode-se citar

também as disparidades socioeconômicas, o que resulta em diferentes níveis de

informação em relação ao assunto (SOUZA et al., 2017). Outros fatores que

merecem ser destacados são a raça e etnia. Estes aspectos estão correlacionados

a níveis de pobreza, baixo poder aquisitivo, pouca instrução e falta de

oportunidades de emprego, levando muitos dos adolescentes à vulnerabilidade

as IST (FURGATO et al., 2016).

A sexualidade está interligada ainda a doutrinas, concepções e

sentimentos que podem influenciar na aceitabilidade de métodos

contraceptivos de barreira. Porisso, é importante que as escolas reconheçam a

importância desse tema durante o processo de aprendizagem, favorecendo uma

abordagem mais ampla, orientada ao indivíduo e ao coletivo (CARNEIRO et al.,

2015). Dito isto, o ambiente escolar deveria ser mais bem explorado, visto que

oportuniza o aprendizado e a continuação das orientações advindas do ambiente

familiar, resultando em um elo de comunicação e parceria entre escola e família

(CARNEIRO et al., 2015).

Conhecer sobre o tematica de adolescentes em período escolar é

essencial para o desenvolvimento de estratégias específicas e individualizadas,

suprindo as necessidades de conhecimento e impactando na prevenção de

infecções. O presente estudo torna-se relevante, uma vez que, quando ao


75

possibilitar a identificação de uma possivel deficiência no conhecimento dos

adolescentes em relação as IST, medidas e intervenções poderão ser traçadas a

fim de prevenir a ocorrência de novos casos. Dessa forma, este estudo teve como

objetivo investigar o nível de conhecimento sobre IST em uma população de

adolecentes.

Métodos

Trata-se de um estudo de campo, transversal, com abordagem

quantitativa. Segundo Bastos e Duquia (2007), entre as características essencias

do estudo transversal há a denominação de uma determinada comunidade e suas

vontades, por meio de um estudo de amostras e dados estatísticos da mesma,

mediante o propósito de apresentação ou inexistência do desfecho, além da

exibição de cada um dos elementos estudados.

Segundo Günther (2006), a abordagem quantitativa se refere

principalmente às atribuições especificas do entrevistador. É importante destacar

que o pesquisador não pode interferir na resposta do entrevistado em hipótese

alguma, tornando compreensivo e apropriado o que será abordado na pesquisa,

não ultrapassando a convicção da competência.

O estudo foi realizado na Escola Estadual, situada na região

metropolitanade Fortaleza/Ceará, no período de Fevereiro a dezembro de 2019.

A escola foi escolhdida devido a boa localização e por ser de facil acesso, bem

como os alunos serem participativos e disciplinados.

Os participantes da pesquisa foram alunos do 1º ao 3º ano do

ensinomédio. Foram incluídos adolescentes (segundo a definição do Ministério

da Saúde) de ambos sexos. A amostra excluiu alunos que apresentaram alguma

dificuldade que pudesse os impedir de responder as questões do estudo.


76

A amostra foi calculada com base na fórmula da população finita. O

número de estudantes entre o primeiro e o terceiro ano do ensino médio somam

460 alunos. Estimou-se um nível de confiança (Z) de 95%, uma quantidade de

acerto esperado (P) de 50%, uma quantidade de erro esperado (Q) de 50% e um

nível de precisão (e) de 5%, resultando em uma amostra pretendida de 210

alunos.

A coleta de dados foi realizada por meio de questionário , contendo

dados sociodemográficos (idade, sexo, renda familiar, número de pessoas na

família, cor, situação conjugal, situação ocupacional e escolaridade) e perguntas

relacionadas ao conhecimento sobre as IST e formas de prevenção.

Segundo Gunther (2003), um questionário é um conjunto de

perguntas que não se direcionam a testar a capacidade do entrevistado, mas sim

à obtenção de informações sobre as vontades, caráter e convicções do mesmo.

O questionário deve conceder o cartão especial para que o entrevistado consiga

responder à pesquisa com as informações necessárias.

Os alunos foram convidados a participarem do estudo de forma

grupal,durante o período de aulas. No referido momento da pesquisa, solicitou-

se autorização da instituição escolar, bem como do professor encarregado, para

que explicasse os objetivos do estudo e a relevância da participação dos

adolescentes.

Os dados coletados foram digitados em planilhas do Excel e as análises

foram realizadas no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS),

versão 24.0 e exibidas por meio de tabelas. As análises descritivas foram

realizadas exibindofrequências absolutas e relativas.

O estudo respeitou as normas referentes a pesquisas com seres

humanos, segundo a Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde

(BRASIL, 2012). Foisubmetido ao Comitê de Ética em pesquisa da Faculdade Paulo

Picanço do Estado do Ceará (CEP/FACPP), recebendo o parecer favorável com


77

CAAE: 23635219.6.0000.9267. Os adolescentes assinaram o Termo de

Assentimento, bem como seus pais ou responsáveis legais assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. A instituição autorizou a execução da pesquisa

por meio da assinatura do Termo de Anuência, que assegura os deveres e direitos

do colaborador.

Após o aceite, os adolescentes receberam o Termo de Assentimento e

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para que fosse assinado por eles e por

seus pais ou responsáveis legais. A coleta foi realizada no período da manhã. Os

alunos tiveram um dia para trazer o termo de consentimento assinado.

Resultados

Compuseram o estudo 198 adolescentes, 12 a menos que a amostra

calculada. A maioria tinha entre 14 e 16 anos (56,6%) e 65,2% era do sexo

feminino. A adesão por partes dos alunos do 1º ano alcançou um índice maior,

sendo de 41,9%.Os dados indicam que a renda familiar é acima de um salario

mínimo (51%). De acordo com os dados coletados, a maioria dos adolescentes

apresenta estado civil solteiro (91,4%) e a maior parte (78,8%) dos alunos apenas

estuda. Em relação à escolaridade dos pais dos adolescentes, a maior parte dos

alunos relatou que os pais tinham acima de 12 anos (35,9%) de estudos, apesar

de que 34,8% dos alunos não responderam a questão. Os dados sócio-

demográficos detalhados podem ser encontrados na Tabela 1.


78

Tabela 1 - Características sociodemográficas dos adolescentes, Fortaleza, Brasil, 2019


Características N %

Idade 118 59,6%


14 a 16 anos 76 38,4%
17 a 20 anosNI 4 2,0%

Sexo 129 65,2%


Feminino 67 33,8%
MasculinoNI 1 0,5%

Cor 130 65,7%


Preto/Pardo 6 3%
Índio 58 29,3%
Amarelo/branco 4 2%
NI

Escolaridade 83 41,9%
1º ano 68 34,3%
2º ano 46 23,2%
3º ano NI 1 0,5%

Renda familiar 35 17,7%


≤1 salário 101 51,0%
> 1 salárioNI 62 31,3%

Estado civil 181 91,4%


Solteira 5 2,5%
Casado/ Mora com companheiro NI 12 6,1%

Situação ocupacional 156 78,8%


Apenas estudante Trabalha e 35 17,7%
estuda NI 7 3,5%

Número de pessoas no domicílio 55 27,8%


≤ 3 pessoas 136 71,2%
> 3 pessoasNI 7 3,5%

Escolaridade dos pais 58 29,3%


<12 anos 71 35,9%
≥12 anosNI 69 34,8%

Fonte: Elaboração das autoras.


Nota: *NI- Não informaram
79

Quanto ao conhecimento dos adolescentes sobre as IST, a maior parte

(96,5%) dos estudantes comentou ter conhecimento sobre o assunto. As IST mais

conhecidas foram o HIV (95,5%) e Sífilis (75,7%). A porcentagem de alunos que

conhece os sintomas das IST é de 73,2%, sendo que os mais conhecidos são

coceira (65,1%) e corrimento (60,6%). Observa-se ainda que os adolescentes

demostraram conhecer até quatro sintomas das IST (56,6%). Grande parte dos

participantes relataram saber que algumas IST tem cura (69,2 %), no entanto

25,3% não temconhecimento sobre a informação. Quando investigado sobre as

formas de transmissão das IST, observou-se que os adolescentes tem

conhecimento das principais formas, sendo o sexo vaginal a mais frequentemente

citada (88,4%). Em relação aos métodos de prevenção, a forma de se prevenir

mais conhecida foi o uso do preservativo (94,4%).Dados mais detalhados sobre o

conhecimento dos adolescentes podem ser encontrados na Tabela 2.


80

Tabela 2 - Conhecimento sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis, Fortaleza,2019


Características N %

Sabe o que é IST?


Sim 191 96,5%
Não 7 3,5%

As principais IST que conhece?


HIV 190 95,9%
Sífilis 150 75,7%
Herpes 139 70,2%
Gonorreia 138 69,7%
HPV 135 68,2%
Hepatite B 69 34,8%
Hepatite C 56 28,9%
Tricomoniase 35 17,7%

Conhece os sintomas das IST? 145 73,2%


Sim 49 24,7%
NãoNI 4 2,0%

Sintomas de IST conhecidos


≤4 112 56,6%
>4 86 43,4%
Coceira 129 65,1%
Corrimento 120 60,6%
Lesões nos órgãos genitais 101 51,0%
Lesões na pele 99 50%
Dor nas relações sexuais 99 50%
Verrugas 73 36,9%
Às vezes não têm sintomas 69 34,8%
Manchas na pele 64 32,3%

As IST tem cura?


Algumas sim 137 69,2%
Todas têm cura 1 0,5%
Não sei 50 25,3%
Não têm cura 6 3,0%
NI 4 2,0%
81

Como as pessoas pegam IST?


Sexo vaginal 175 88,4%
Compartilhamento de seringas 150 75,7%
Compartilhamento de objetos sexuais 145 73,2%
Sexo oral 136 68,7%
Sexo anal 133 67,2%
Transfusão sanguínea 115 58,1%
Compartilhar utensílios de higiene (escova de dente, 110 55,5%
gilete)
Compartilhamento de objetos de manicure 92 46,5%
Beijo 76 38,4%

Como podemos nos prevenir?


Usando preservativo (camisinha) 187 94,4%
Não tendo relações 30 15,2%
Anticoncepcional 29 14,6%
Não sei 7 3,5%

Fonte: Elaboração das autoras.

No que se refere o conhecimento sobre o uso do preservativo e

prevenção das IST, apenas metade respondeu saber utilizar (50%) o preservativo.

Sobre o uso, 91,9% sabem que não se pode abrir o preservativo com o dente,

96% demostraram saber que a camisinha tem prazo de validade, 81,8% relataram

ser necessário segurar a ponta na hora de colocar para não acumular ar e romper;

83,8% dos adolescentes manifestaram ter conhecimento de que existe lado certo

para desenrolar a camisinha, 91,9% consideram que o preservativo deve ser

retirado imediatamente a pós a relação, 87,9% sabem que não se pode utilizar

dois preservativos simultaneamente, e 93,9% entendem que não se pode fazer

uso da mesma camisinha mais de uma vez.

Quanto ao acesso às formas de prevenção, a maioria tem

conhecimento de que a distribuição acontece de forma gratuita nas Unidades

Básicas de Saúde (93,9%). No que concerne às fontes de informações, segundo

os adolescentes, a internet (80,8%) é o meio mais procurado para elucidação

sobre IST. Apenas 48,5% obtém informações na escola e 30,3% procura os pais

para sanarem dúvidas sobre o assunto. No entanto, 49% deles confirmam


82

apresentarem dúvidas sobre as IST e formas de prevenção. Informações

detalhadas encontram-se na Tabela 3.

Tabela 3 - Conhecimento sobre uso de preservativos, Fortaleza, 2019


Características N %

Você sabe usar preservativo?


Sim 99 50%
Não sabe ou nunca usou 97 49%
NI 2 1%
Pode abrir com o dente?
Sim 10 5,1%
Não 182 91,9%
NI 6 3,0%
As camisinhas tem data de validade ?
Sim 190 96,0%
Não 6 3,0%
NI 2 1,0%
Devemos segura a ponta na hora de colocar para não romper
Sim 162 81,8%
Não 20 10,1%
NI 16 8,1%
Tem lado certo para desenrola a camisinha?
Sim 166 83,8%
Não 20 10,1%
NI 12 6,1%
Deve ser retirada imediatamente a pós a relação
Sim 182 91,9%
Não 11 5,6%
NI 5 2,1%
Pode usar duas camisinhas ao mesmo tempo?
Sim 18 9,1%
Não 174 87,9%
NI 6 3,0%

Pode usar a mesma camisinha mais de uma vez?


Sim 5 2,5%
Não 186 93,9%
NI 7 3,5%
Onde conseguir preservativo?
Gratuito no posto Farmácia 186 93,9%
Supermercado 170 85,8%
132 66,7%
83

Onde você tira duvidas sobre IST?


Internet 160 80,8%
Escola 96 48,5%
Com os pais 60 30,3%
Com os amigos 59 29,8%
Televisão 21 10,6%
Instagram 17 8,6%
Facebook 12 6,1%
No geral você tem muitas duvidas sobre IST e como se prevenir?
Sim 97 49%
Não 96 48,5%
NI 5 2,5%

Fonte: Elaboração das autoras.


Nota: *NI- Não informaram.

Discussão

Tais informações corroboram com a literatura. No estudo de Silva et

al. (2016), o sexo feminino também se destacou como sendo o principal grupo

participante, bem como aqueles alunos pertencentes ao 1º ano do ensino médio,

o que evidencia que tal população tem mais interesse em participar da pesquisa.

O presente trabalho apresentou um questionamento sobre a

escolaridadedos responsáveis e foi visto que a maioria desses responsáveis tem

acima de 12 anos de estudo. Isso mostra que há prevalência de conhecimento

intermediário, assim como identificado por Silva et al. (2016). O referido estudo

mostra a importância do conhecimento para que haja troca de informações e

para que haja direcionamento por partes dos pais em torno do tema (SILVA et al.,

2016).

A maioria dos alunos relatou conhecimento sobre as IST mais

relevantes - HIV e Sífilis, porém, pode-se perceber que ainda existem estudantes

com um percentual importante de dúvidas sobre o assunto abordado. Almeida

et al. (2017) apontam que o HIV é a infecção que é mais conhecida entre os

jovens, apesar de as incidências nesta faixa etária persistirem em razão da falta

de informações mais acuradas.


84

A forma ainda mais utilizada para se prevenir as IST entre os

estudantes é através do preservativo, o que também foi encontrado em outro

estudo (ALMEIDA et al., 2017). De fato, este é um dado relevante para a pesquisa,

pois aponta que o índice de informações sobre como se prevenir vem sendo

abordado entre os jovens. Isso ainda identifica que a curiosidade dos mesmos

pode beneficiá-los com o conhecimento sobre como se prevenir

adequadamente. De acordo com a literatura de Jardim et al. (2013), foi

identificado que, para os jovens, a melhor forma de prevenção para IST é usando

o preservativo, o que evidencia a preocupação deles em relação ao assunto e a

vulnerabilidade dos mesmos durante a juventude.

Quanto às fontes de informação, o estudo indicou que a Internet é o

meio pelo qual os estudantes mais tiram suas dúvidas sobre IST. Este é um fato

bastante preocupante, pois exibe o risco que os adolescentes se submetem,

no sentido de acessarem informações as quais podem não serem fidedignas, de

forma a prejudicá- los, acarretando ainda mais dúvidas ou obtendo informações

de difícil compreensão sobre as IST. De fato, cerca de 75% dos adolescentes usa

a internet diariamente, principalmente através do celular (FERREIRA et al., 2017).

No entanto, apesar das diversas possibilidades oferecidas pela internet, as

informações disponíveis preocupam por conta da baixa confiabilidade

(OLIVEIRA, 2017).

O segundo local mais procurado para obtenção de informações foi a

escola. Contudo, isso contrasta com o estudo de Gerhard; Nader e Pereira (2008),

que mostrou que os jovens tiram suas dúvidas em primeiro lugar nas escolas e

em último na Internet. Por outro lado, a televisão ficou entre as últimas opções a

serem consultadas pelos estudantes. Esse achado diverge do estudo de Botegga

et al. (2016), que obteve a televisão como o principal meio procurado pelos jovens

para informações sobre IST.


85

Este estudo observou que apenas uma pequena parcela dos

adolescentes busca os pais como fonte de informações sobre as IST. Em geral, os

pais sentem dificuldade em tratar com os filhos sobre temas relacionados à

sexualidade, tratando o assunto, muitas vezes, de forma superficial. É comum os

familiares não se sentirem preparados ou julgarem o assunto desnecessário.

Muitos relatam não saber quais temas abordarem e que há desconforto ou

rejeição por parte dos adolescentes na hora da conversa ( NERY et al., 2015).

Outra fonte de informação citada na presente pesquisa foram os

amigos (29,8%). No estudo de Silva et al. (2016) também verificou-se que os

jovens buscam sanar a maioria das suas dúvidas sobre IST com os amigos, no

entanto, estas informações podem ser superficiais, inseguras e transmitem tabus

prejudiciais aoscomportamentos no decorrer na vida.

O presente estudo identificou que um em cada dois adolescentes não

sabia utilizar o preservativo. Sasaki et al. (2015) relataram que o uso inconsistente

do preservativo resulta em uma maior incidência de IST nessa faixa etária.

Adicionalmente, uma pesquisa nacional identificou que quanto mais jovem,

menores são as chances de se usar camisinha. 31,8% dos jovens de 16 a 17 anos

não usam preservativos e este número sobe para 40% entre os jovens de 13

a 15 anos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2016). A falta

de

conhecimento sobre a forma de utilização é um dado preocupante, tendo

em vista que cerca de 27,5% dos adolescentes já tiveram relação sexual

(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2016).

Assim os adolescentes que participaram do estudo dispõem de

conhecimento sobre as IST e o uso do preservativo, porém torna-se necessário o

progresso da educação sexual nas escolas, pois é imprescindivel para que haja

um melhor direcionamento a fim de modificar a prática de atos que os tornem

em um público vulnerável, colaborando inclusive com o aprendizado na


86

precaução das IST, tendo em vista que esse assunto é preocupante, tornando-se

um sério problema de saúde pública, que é fundamental ser combatido

incessantemente e com eficacia (SILVA et al., 2016).

Conclusão

Observou-se, por meio da prevalência de respostas corretas aos

questionários, que a maioria dos adolescentes apresentou conhecimento sobre

as Infecções Sexualmente Transmissíveis e uso de preservativo. No entanto,

quando indagados diretamente sobre o conhecimento, aproximadamente

metade da amostra afirmou ter muitas dúvidas relacionadas aos temas.

No que concerne às fontes de informações consultadas pelos

adolescentes, destaca-se que o principal meio acessado, a Internet, pode

apresentar e expor areferida população a informações incorretas, resultando em

riscos adicionais.

Levando em consideração a discussão, sugere-se o fortalecimento das

ações de orientação no tocante à prevenção das IST e à saúde sexual. É

importante que as ações de orientação estejam presentes em todos os ambientes

nos quais os adolescentes estão inseridos, como o meio familiar, a escola e a

Unidade Básica de Saúde.

A enfermagem possui papel fundamental quando se refere a Educação

em Saúde, na prática de desenvolvimento de atividades educativas, sendo

fundamental para a promoção e prevenção, levando a esses adolescentes uma

reflexão a fim de modificar atitudes, que os coloquem em situação de

vulnerabilidade.

Faz-se necessário o desenvolvimento de novos estudos, abordando

essa temática, para a elaboração e medidas de intervenção, trazendo avanços por

meio de tecnologias educativas.


87

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Sul: UNIFEC, 2018.
90
91

Francisca Renilda Moreira de Oliveira


Ana Clarice Rodrigues Correia
Caroline Dantas dos Santos
Ana Paula Pires Gadelha
Roberta Vitorino Belchior
Resumo
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) tem sido tratada como um problema de saúde pública, pois
junto com o processo de senescência aliado ao aumento da expectativa de vida que se apresentam como
fatores de risco para o seu desenvolvimento a outras doenças crônicas. Entretanto uma das principais
doenças que está diretamente ligada a DRC é a diabetes e a hipertensão arterial. Objetivo: Nesse sentido,
este estudo visa avaliar o perfil de gravidade de pacientes renais crônicos, para isso aplicou-se questionário
com o objetivo de avaliar o nível de gravidade dos pacientes acometido por DRC, em uma instituição
especializada em terapia renal substitutiva em hemodiálise. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa
transversal, descritiva com abordagem quantitativa realizada no período de outubro e novembro de 2020
com 60 indivíduos em tratamento de pelo o menos dois anos de tratamento pela instituição. A coleta foi
desenvolvida em 3 partes tendo como base os questionário acerca dos itens de consumo na residência,
índice de gravidade da doença e sociodemográfico. Os dados coletados foram digitados e armazenados e
posteriormente, foram submetidos à análise estatística no Software Statistical Package for Social Sciences®
(SPSS), versão 20.0, estabeleceram-se frequências média e mediana. Foram incluídos 60 pacientes na análise
foi evidenciado que a maioria dos pacientes em hemodiálise é de idosos, do sexo masculino, com baixa
escolaridade e tendo como principal comorbidades associada, a diabetes mellitus. O tempo de tratamento
da doença foi entre 2 a 18 anos dos participantes. Conclusão: Diante do exposto se ver a necessidade de
conhecer melhor o perfil de pacientes com DRC e suas eventuais complicações frente ao tratamento.

Palavras-chaves: Cuidados de Enfermagem. Insuficiência Renal. Assistência.


92

Introdução

O crescimento da expectativa de vida na população mundial tem

favorecido o aumento da incidência das doenças crônicas como, por exemplo, a

Doença Renal Crônica (DRC). Esse agravo é um problema de saúde pública que

acomete, principalmente, a população de idosos sendo um fator importante para

o risco de eventos cardiovasculares (NEVES et al., 2021). Nesse sentido, as pessoas

que têm maior risco em desenvolver a DRC são aquelas que apresentam diabetes

mellitus, hipertensão arterial, histórico familiar ou pertencem à faixa etária de

idosos (MORSCH; VERONESE, 2011).

Nos Estados Unidos estima-se uma prevalência de 14,8% de DRC em

adultos no período 2011 a 2014 e 703.243 casos com 124.114 novos casos em

2015, apresentando taxa de 378 pacientes por 1.000.000 de pessoas, estando

87,3% desses em tratamento renal substitutivo. Na América Latina, a taxa é de

167,8 pacientes para cada 1000 pessoas em 2005 (AGUIAR et al., 2020).

No Brasil em 2014 a taxa foi de 431 pacientes para cada 1000 pessoas.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), a prevalência de DRC autorreferida

é de 1,42% correspondendo a aproximadamente dois milhões de brasileiros, o

que revela a dimensão da doença no Brasil (AGUIAR et al., 2020).

Em relação a mortalidade de pacientes renais é observado que ela

superior em números absolutos a maioria das seguintes neoplasias: colo de útero,

colón/reto, próstata e mama e próximo a de câncer de estômago (SESSO et al.,

2012).

A DRC é caracterizada pela perda de maneira progressiva e irreversível

do sistema renal, cujo principal órgão é o rim que tem função de filtrar o sangue,

promovendo, desse modo, a retirada de substâncias tóxicas no organismo assim

como água e outros resíduos. Além desta função eles também são responsáveis

pela produção de hormônios que contribuem para o controle da pressão arterial


93

e da produção de glóbulos vermelhos. Assim, a diminuição da função renal leva

a um conjunto de agravos como a hipertensão, anemia, retenção de água, ureia,

creatinina, potássio e ácidos, dentre outros (SANTOS et al., 2011).

Nessa perspectiva, o diagnóstico precoce, principalmente, nos seus

estágios iniciais quando a doença é assintomática reveste-se de grande

importância clínica visto que reduz custos e o sofrimento dos pacientes (HIGA et

al., 2007). A extensão do impacto da perda funcional renal no paciente,

especialmente, em idosos ainda se encontra longe de ser completamente

elucidada, entretanto ressalta-se que uma melhor compreensão acerca da

prevalência, causas e associações da DRC com outras complicações clínicas nessa

faixa etária é essencial para prevenção e tratamento da doença.

De acordo com Santos et al. (2011), a DRC pode ser dividida em 5

estágios compreendidos desde o risco inicial até a insuficiência renal em estágio

crônico. Dentre eles destaca-se o estágio 4 classificado como insuficiência renal

severa cuja taxa de filtração glomerular (TFG) encontra-se entre 15-29 ml/min e

estão presentes os sinais e sintomas mais intensos como a fadiga, falta de energia,

anemia, falta de apetite, náuseas e pressão arterial elevada acompanhados de

alterações laboratoriais. Já no estágio 5 cuja TFG é menor ou igual a 15ml/min

são necessárias terapias renais substitutivas (hemodiálise- HD, diálise peritoneal

ou transplante de rim). Nesse estágio, os rins encontram-se incapazes de manter

o controle do meio interno podendo levar a complicações como as arritmias

cardíacas graves, retenção de ácidos, perda do apetite, náuseas, retenção de

líquidos nos membros inferiores e nos pulmões ocasionando dispneia e cansaço.

A hemodiálise é uma Terapia Renal Substitutiva (TRS) que é realizada

através de uma máquina por no mínimo três vezes por semana, com sessões de

até 4 horas sendo ofertada de forma gratuita no Brasil por meio do Sistema Único

de Saúde (SUS) em suas portas de entrada que são os hospitais e serviços de

emergência (MARINHO et al., 2017).


94

Nesse sentido, entre as principais dificuldades apresentadas por estes

pacientes estão as mudanças nos hábitos alimentares e sociais, as limitações

físicas, sensação de dor, sobrecarga emocional, psicológica e financeira e o

afastamento do convívio social e da família (MARÇAL et al., 2019). Além disso,

também são relatados com frequência os incômodos relacionados a necessidade

de deslocamento até a clínica ou hospital referenciado onde é realizado a TRS

(CARGNIN et al., 2018).

Ademais, vale ponderar que no recorrer do tratamento hemodialítico,

os pacientes portadores de alterações cardiológicas, hipertensão arterial

sistêmica, insuficiência cardíaca congestiva, hipovolemia, e demais outras

patologias apresentar uma maior prevalência para complicações, uma vez que as

arritmias cardíacas podem ser potencializadas devido à circulação extracorpórea

da terapia renal (SILVA; MATTOS, 2019).

Nesse cenário, é importante destacar que a atuação da equipe

multiprofissional favorece o enfrentamento das limitações impostas pela

condição de paciente renal crônico. Enquanto a enfermagem tem um papel

fundamental na qualidade, continuidade e segurança da assistência, construindo

cada vez mais um cuidado humanizado e integral (ALVES; GUEDES; COSTA, 2016).

Apesar da relevância do assunto e de suas implicações para a

sociedade e para a saúde, evidencia-se uma lacuna na literatura acerca de

trabalhos publicados que abordem de forma analítica o perfil de gravidade de

idosos renal crônicos. Assim, chegou-se ao seguinte problema de pesquisa: Qual

o Perfil de Gravidade de Idosos Renais Crônicos em tratamento dialítico?

Acredita-se que esta pesquisa contribuirá de forma significativa para

melhor compreender o perfil de gravidade de idosos que realizam a terapia

substitutiva favorecendo, dessa forma, a elaboração de estratégias adequadas de

promoção da saúde e a prestação do cuidado humanizado.


95

Objetivo

Objetivou-se caracterizar o perfil de gravidade de idosos renais

crônicos.

Metodologia

Trata-se de um estudo transversal e descritivo cuja coleta de dados

ocorreu entre outubro e novembro de 2020, em um centro especializado em

terapia renal substitutiva de Fortaleza, Ceará.

Foram inclusos no estudo os indivíduos com idade superior a 60 anos

e que estavam há 2 anos em tratamento de hemodiálise, sendo exclusos aqueles

que estavam impossibilitados de responderem ao pesquisador por problemas

mentais graves.

Na coleta de dados foram utilizados 3 questionários: o questionário

acerca dos itens do domicílio da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

(ABEPE) 2018 que aborda os itens que o participante possui na residência como,

por exemplo, a quantidade de automóveis de passeio para uso de exclusividade

particular, quantidade de geladeiras, micro-ondas, maquinas de lavar roupa

dentre outros; o Índice de Gravidade da Doença Renal Terminal (ESRD-SI) que

avalia o o paciente quanto a gravidade da doença cardíaca, neuropatia periférica,

doença vascular periféricas, danos visuais, doença óssea, neuropatia autonômica

e distúrbios gastrointestinais, acessos e eventos da dialise e diabetes ; e o de

dados sociodemográficos (faixa etária de idade, sexo, cor, estado civil e local de

residência).

Ainda nessa fase, antes da coleta de dados eram explicados para o

paciente os objetivos do estudo, suas implicações e possíveis benefícios e


96

malefícios. Após o aceite era solicitada a assinatura do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE). Posteriomente iniciou-se a entrevista individual.

A análise estatística dos dados foi realizada, por meio, do Software

Statistical Package For Social Sciences® (SPSS), versão 20.0, onde foram
calculadas frequências absolutas e relativas, média e mediana.

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Estatual do Ceará,

processo n° 3.797.148, CAAE n° 23897019.0.0000.5534.

Resultados

A amostra da pesquisa foi composta por 60 pacientes que realizavam

hemodiálise regularmente no cenário da pesquisa por, no mínimo, 3 vezes por

semana. A Tabela 1 evidência predomínio de pacientes do sexo masculino, 55%,

em relação ao sexo feminino com 45%. Quanto a faixa etária observou-se média

de idade de 71,52 anos, mediana de 71,5 anos, idade mínima de 60 anos e

máxima de 91 anos. Os casados representaram 56,7%, seguido de viúvos (25%).

Os indivíduos que se autodeclaram brancos foram de 45% e os pardos

representaram 35% da amostra. Já os que residem na capital são 96,7% e no

interior 3,3%. Acerca da escolaridade, 36,7% dos chefes de família tinham apenas

o Fundamental 1 Completo. Ademais, 78,3% declaram que residem em casas

com asfalto ou rua pavimentada e 96,7% usam água fornecida pela rede de

distribuição.
97

Tabela 1 – Perfil sociodemográfico de pacientes renais crônicos em terapia substitutiva.


Fortaleza-Ceará, 2020
Variáveis Sociodemográficas N (60) %
Sexo
Masculino 33 55
Feminino 27 45
Faixa Etária (anos)
60 a 65 16 26,7
66 a 70 14 23,3
71 a 75 15 25
76 a 80 8 13,3
> 80 7 11,7
Estado Civil
Solteiro 1 1,7
Casado 34 56,7
Separado/ Divorciado 10 16,7
Viúvo 15 25
Cor
Branco 27 45
Negro 12 20
Pardo 21 35
Residência
Capital 58 96,7
Interior 2 3,3
Escolaridade do Chefe da Família
Analfabeto/ Fundamental 1 Incompleto 15 25
Fundamental 1 Completo/ Fundamental 2 Incompleto/ Primário 22 36,7
Completo/ Ginásio Incompleto
Fundamental 2 Completo/ Médio Incompleto/ Ginásio Completo/ 10 16,7
Colegial Incompleto
Médio Completo/ Superior Incompleto/ Colegial Completo 3 5
Superior Completo 10 16,7
Pavimentação da Rua
Asfalto/ Pavimentado 47 78,3
Terra/ Cascalho 13 21,7
Procedência da Água
Rede Geral de Distribuição 58 96,7
Outros 2 3,3
Fonte: Dados da pesquisa.

A Tabela 2 aponta o perfil clínico de pacientes renais de acordo com

Índice de Gravidade da Doença Renal Terminal (ESRD-SI). A média de tempo de

hemodiálise foi de 4,85 anos e mediana de 4 anos, com variação de 2 a 18 anos.

Houve predomínio de pacientes com doença cardíaca ausente (58,3%), doença

vascular cerebral ausente (80%), neuropatia periférica ausente (45%), doença


98

respiratória ausente (90%), complicações com acesso e eventos de diálise ausente

(40%) e diabetes ausente (48,3%). Em relação aos danos visuais e neuropatia

autonômica acompanhada de distúrbios gastrointestinais a maioria dos pacientes

apresentavam alterações suaves, 55% e 45% respectivamente. Acerca das

comorbidades 23 (38,3%) afirmaram possuir Hipertensão Arterial, 5 (8,3%)

relataram episódio de Acidente Vascular Encefálico, 4 (6,7%) cardiopatia, 3 (5%)

tinham Fístula Arteriovenosa não funcionante, enquanto 7 (11,7%) afirmaram não

possuir comorbidades.

Tabela 2 – Perfil de pacientes renais crônicos em terapia substitutiva em uma clínica de


hemodiálise. Fortaleza-Ceará, 2020
CATEGORIA DA CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE
DOENÇA AUSENTE SUAVE MODERADO GRAVE
Doença Cardíaca 35 (58,3%) 9 (15%) 6 (10%) 10 (16,7%)
Doença Vascular 48 (80%) 1 (1,7%) 2 (3,3%) 9 (15%)
Cerebral
Neuropatia Periférica 27 (45%) 14 (23,3%) 19 (31,7%) -
Doença Vascular 31 (51,7%) 13 (21,7%) 7 (11,7%) 9 (15%)
Periférica
Doença Óssea 27 (45%) 12 (20%) 16 (26,7%) 5 (8,3%)
Doença Respiratória 54 (90%) 2 (3,3%) 3 (5%) 1 (1,7%)
Dano Visual 12 (20%) 33 (55%) 12 (20%) 3 (5%)
Neuropatia Autonômica 20 (33,3%) 27 (45%) 12 (20%) 1 (1,7%)
e Distúrbios
Gastrointestinais
Acesso e Eventos da 24 (40%) 12 (20%) 20 (33,3%) 4 (6,7%)
Diálise
Diabetes 29 (48,3%) 6 (10%) 21 (35%) 4 (6,7%)
Fonte: Dados da pesquisa.

O Gráfico 1 apresenta a distribuição dos participantes em relação ao

questionário de itens domiciliar evidenciando que 56,7% dos participantes não

possuem automóveis, 43,3% possuem 1 empregado mensalista trabalhando no

mínimo cinco dias por semana e 88,3% possuem apenas 1 banheiro na residência.

Em relação a itens eletrônicos e eletrodomésticos foi visto que 68,3% dos

participantes não possuem DVD, 43.3% possuem 1 microcomputador, 96,7% têm

1 geladeira e 76,7% possuem 1 micro-ondas para seu uso. Nenhum participante


99

da pesquisa relatou possuir máquina lavadora de louças e mais da metade não

possui máquina de lavar roupas e secadora.

Gráfico 1 – Distribuição da amostra em relação ao questionário sobre itens do domicílio


120,0

100,0

80,0

60,0 0
1
40,0
2
20,0
3
0,0 4

Fonte: Elaboração das autoras.

Discussão

A prevalência da DRC tem aumentado mundialmente em função do

envelhecimento populacional e dos fatores de risco, especialmente, no sexo

masculino. Em nosso estudo observamos que 55% dos pacientes eram homens.

Nesse sentido, semelhante dado foi encontrado no estudo de Pereira et al. (2014)

que revelou predominância de 62,7%. Tais dados refletem a baixa adesão ao

tratamento medicamentoso e não medicamentoso nesse gênero o que ocasiona

a progressão da doença renal para a fase crônica.

Outro fator contribuinte para a DRC é a idade. Segundo Pretto et al.

(2020) a idade está relacionada com a progressão da doença, principalmente em

indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos. Em nossa pesquisa a idade

média dos participantes foi de 71,52 anos com variação de 60 a 91 anos

refletindo, assim, o processo natural de envelhecimento e senescência renal


100

agravados pelos danos decorrentes das comorbidades adquiridas ao longo da

vida (MARINHO; GALVÃO; SILVA, 2019).

Nessa perspectiva, a diabetes mellitus e a hipertensão arterial são as

comorbidades mais frequentes nesse público (MARINHO; GALVÃO; SILVA, 2019;

MALTA et al., 2019). Nossos dados revelaram percentagem de 38,3% com

hipertensão arterial e 51,7% com diabetes mellitus em algum grau de severidade.

Acerca do diabetes podemos destacar que uma de suas principais complicações

é a nefropatia diabética, um dos fatores principais relacionados ao

desenvolvimento de DRC (MASCARENHAS et al., 2011). Quanto a hipertensão,

estudo de Aguiar et al. (2020) afirmam que pessoas com hipertensão possuem

maior chance de desenvolvimento de DRC.

As Doenças Cérebro Vasculares, também, possuem alta incidência em

pacientes renais crônicos, especialmente, o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Marinho; Galvão e Silva (2019) mostraram que o AVC está associado à doença

renal. Apesar disso, 80% dos participantes desta pesquisa tiveram doenças

cérebro vasculares ausentes, enquanto o AVC foi relato por 6,7%.

As Doenças Cardíacas estiveram presentes em algum grau de

gravidade em 41,7% e ausentes em 58,3%. Nesse sentido, é importante destacar

que os pacientes que possuem diagnóstico de nefropatias como a DRC

apresentam, em todos os estágios evolutivos, maiores riscos de mortalidade por

doenças do aparelho cardiovascular (MARINHO; GALVÃO; SILVA 2019).

Em relação aos danos visuais viu-se que 80% dos pacientes

apresentavam esse agravo, sendo mais comuns as alterações suaves (55%). Um

dos exemplos dessas alterações é a deficiência da acuidade visual que é resultado

da queda da função renal levando o paciente a DRC e falência de múltiplos órgãos

e suas respectivas sequelas (MASCARENHAS et al., 2011).

Os distúrbios autonômicos em especial os que envolvem o trato

gastrointestinal foram presentes em algum grau em 66,7%, principalmente, os


101

suaves (45%) como, por exemplo, as náuseas, vômitos e diarreia. Tais sintomas

são extremamente frequentes tanto durante como após a seção de hemodiálise

tornando-se uma das principais queixas do paciente renal crônico dialítico

(PEREIRA et al., 2014).

Outro agravo muito comum entre os pacientes dependentes de

hemodiálise é a perda ou mau funcionamento da Fístula Arteriovenosa (FAV).

Nessa perspectiva, observa-se que aproximadamente 25% das hospitalizações de

pacientes em hemodiálise ocorrem por problemas relacionados diretamente ao

acesso vascular (PEREIRA et al., 2014). Apesar de evidenciarmos uma

porcentagem de 5% de fistula arteriovenosa não funcionante e 40% de ausência

de agravos relacionados aos acessos e eventos da diálise destacamos que tal

problema causa um impacto na qualidade de vida dos portadores de doença

renal, principalmente, decorrente do aumento das taxas de internação para

tratamento das complicações da não realização do processo dialítico gerando,

assim, restrições as atividades diárias (ALVES; GUEDES; COSTA, 2016).

Além dos aspectos clínicos da DRC, também se devem considerar os

fatores sociodemográficos. Segundo Malta et al. (2019), a baixa escolaridade em

idosos tem se mostrado como um fator importante para o aumento da DRC.

Nosso estudo aponta que 36,7% dos participantes apresentavam apenas o

fundamental 1 completo. Nesse sentido, é importante destacar que o pouco

tempo de estudo pode contribuir para uma baixa compreensão acerca da doença

e do tratamento dialítico. Em decorrência desse aspecto o paciente apresenta

dificuldade para as mudanças necessárias ocasionando uma baixa adesão global

a terapêutica proposta favorecendo, dessa forma, evolução da DRC.

A raça, um dos itens sociodemográficos avaliados, mostrou maior

número de indivíduos que se autodeclararam ter a cor branca (45%), seguido de

pardos (35%). Acerca disso, pesquisa de Moura et al. (2014) que avaliou pacientes

com doença renal terminal em tratamento dialítico no Sistema Único de Saúde


102

(SUS) entre 2000 e 2012, também mostrou maior prevalência de DRC em brancos.

A literatura, sobre esse aspecto, aponta que a cor parda é um fator de proteção

para o desenvolvimento de DRC visto que sua prevalência é menor nesse grupo.

Entretanto, indivíduos com a cor negra possuem maior prevalência de doenças

crônicas quando comparados a indivíduos brancos (AGUIAR et al., 2020).

Apesar de não avaliarmos a renda familiar podemos inferir o nível

socioeconômico, por meio da avaliação dos itens do domicílio que inclui número

de automóveis, de empregados mensalistas de trabalho semanal,

eletrodomésticos e eletroeletrônicos entre outros. Assim, 43,3% dos participantes

possuíam uma empregada doméstica mensalista. Tal dado reflete o maior poder

aquisitivo da amostra influenciado, principalmente, pela coleta ter sido realizada

em uma clínica de hemodiálise de caráter privado e público.

Nesse cenário, Aguiar et al. (2020) afirmam que indivíduos com

condições socioeconômicas favoráveis estão menos expostos a fatores de risco

para DRC. Logo, o nível econômico está associado diretamente ao risco de

desenvolvimento desse agravo, pois as variações ligadas ao estilo de vida, hábitos

alimentares e fatores culturais podem ser desencadeantes da doença

favorecendo uma maior vulnerabilidade (PICCIN et al., 2018).

Considerações Finais

Diante do exposto, percebe-se que a doença renal crônica é um grave

problema de saúde pública que acomete principalmente a população idosa

devido ao processo de envelhecimento e o surgimento de comorbidades. Entre

os fatores de risco podemos citar a idade, a baixa escolaridade, diabetes mellitus

e a hipertensão arterial entre outros. Nesse sentido, observamos em nossa

pesquisa que a maioria dos pacientes em Hemodiálise tinha idade média de 71,52

anos, eram do sexo masculino, com escolaridade baixa e tempo médio em


103

hemodiálise de 4,85 anos. A diabetes e a hipertensão foram as comorbidades

mais comuns.

Com relação à avaliação da gravidade dos distúrbios associados ao

paciente com doença renal crônica e sua prevalência, observamos que os danos

visuais e neuropatia autonômica e distúrbios gastrointestinais foram mais

frequentes, principalmente os de caráter suave. Essa situação sinaliza a

necessidade de atividades nesse âmbito que visem a prevenção da progressão

da doença e a promoção da saúde de forma que favoreça a qualidade de vida do

paciente em diálise.

Nesse cenário, é importante destacar que o enfermeiro enquanto

integrante da equipe multiprofissional tem um papel relevante frente a esses

pacientes desempenhando assim um cuidado integral frente ao seu tratamento.

Por fim, como principal limitação da pesquisa identificou-se um número reduzido

dos participantes da pesquisa dificultando, desse modo, uma melhor

compreensão dos aspectos de gravidade dos pacientes renais crônicos.

Recomendam-se estudos futuros que visem a promoção da qualidade de vida

dos pacientes renais crônicos e que busquem compreender os principais desafios

vivenciados por este público.


104

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108
109

Gabriel Viana Soares


Elisângela Veras Cardoso de Oliveira
Antônio Clécio Carvalho Barbosa
Paula Matias Soares
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Jeania Lima Oliveira
Resumo
O Brasil é considerado como sendo o país do futebol por todas as suas conquistas e diversos jogadores de
alto nível. Dentro dessa premissa, as escolas de futebol, têm tido um papel importante tanto na formação
cidadã de crianças e adolescentes quanto na propagação do esporte. Nesse contexto, a especialização
esportiva precoce tem sido cada vez mais observada nas mais diversas realidades do país e tem como
principal característica a realização de treinamentos de alta intensidade para indivíduos despreparados em
vários aspectos. O objetivo da pesquisa foi identificar a percepção dos professores e estagiários das escolas
de futebol sobre a especialização esportiva precoce e como está sendo o planejamento das aulas e quais
fatores interferem. O estudo caracterizou-se como quantitativo, utilizando o levantamento como meio para
coleta dos dados e como objeto descritivo. A amostra foi composta por 15 participantes, sendo 10
professores e 5 estagiários de escolas de futebol de Fortaleza, utilizando um questionário on-line para
compreender como está sendo a ocorrência desse fenômeno nas escolas de futebol. Portanto, o grupo
conhece esse fenômeno, entende seus processos, mas, compreende que é um encadeamento complexo,
com diversos fatores negativos e que necessita ser bastante analisado pelas famílias com o devido
acompanhamento dos professores e da coordenação das escolas.

Palavras-chave: Futebol. Especialização Esportiva Precoce. Ensino.


110

Introdução

A participação de crianças e adolescentes em atividades esportivas

têm sido alvo de muitos estudos que reiteram sua importância em relação a

diversos fatores, como a prevenção de doenças cardiovasculares, sedentarismo e

uma população fisicamente ativa. Segundo dados da World Health Organization

(WHO), crianças e adolescentes devem fazer cospelo menos uma média de 60

minutos de atividade intensa moderada a alta por dia (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2020).

Dentro dessa premissa, o Brasil pode ter ganhado uma maior

visibilidade às atividades físicas por ter sido o local escolhido para sediar algumas

competições esportivas de abrangência internacional, como os Jogos

Panamericanos de 2007, a Copa do Mundo de Futebol da Fifa em 2014 e os Jogos

Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Pode-se considerar também um fator

determinante para o engajamento em alguma prática esportiva, a influência da

mídia através de suas transmissões esportivas.

Nesse contexto, houve um aumento na procura pelo Futebol, esporte

mais popular e conhecido do país e dessa forma surgem novos questionamentos

para profissionais e estudantes de Educação Física em relação às fases de

iniciação esportiva e da especialização esportiva precoce. Compreende-se que a

iniciação esportiva é marcada pela prática regular e orientada de uma ou mais

modalidades esportivas. Seu objetivo imediato é dar continuidade ao

desenvolvimento da criança de forma integral, não implicando em competições

regulares (SANTANA, 1998). Na iniciação o foco primordial é ajudar no

desenvolvimento integral das crianças e assim proporcionar o máximo de

interações e movimentos possíveis, não tendo somente o viés técnico ou tático

dos esportes evidenciados, mas, sim promover a ludicidade, interação social e

sobretudo a formação de cidadãos que sejam fisicamente ativos no futuro.


111

Em contrapartida, a especialização esportiva precoce é o termo

utilizado para expressar o processo pelo qual as crianças tornam-se

especializadas em um determinado esporte em uma idade anterior àquela

considerada adequada (BARBANTI, 2003). Dessa forma, esse fenômeno se

caracteriza pelos vários treinamentos durante a semana com elevadas cargas e

com viés totalmente voltado para o aumento do rendimento e a consequente

participação em competições, sem levar em conta o desenvolvimento

maturacional natural dos participantes.

Dessa forma, nesse processo, a descoberta de novos talentos

esportivos e a especialização se torna o principal objetivo ao invés do

desenvolvimento integral da criança, da dissipação da modalidade e a prática livre

(COSTI et al., 2017).

Logo, o presente trabalho justifica-se pelas vivências do autor com a

referida prática esportiva, tanto como atleta na infância, adolescência, na escola

e em equipes amadoras, como em um segundo momento, através da graduação,

com a experiência de estagiar em escolas de futebol, o que possibilitou o

interesse sobre a temática em uma perspectiva mais crítica baseada na vivência

diária que contribuiu para facilitar o processo da escrita. Além disso, essa temática

pode influenciar o planejamento das escolas de futebol, consequentemente, no

processo pedagógico dos profissionais e de estudantes de graduação que atuam

com esta modalidade que podem se sentir pressionados por fatores externos,

como os familiares e a realidade do futebol que induz que a especialização

precoce seja cada vez mais cedo culminando com a revelação de novos talentos

futebolísticos.

O número de crianças praticantes de um único esporte, com

características de alto volume e intensidade de treinamento, tendo início antes

da conclusão do ensino fundamental, cresce cada vez mais (REIS, 2018). Dessa

forma, o papel do professor e dos estagiários se torna mais decisivo, por estarem
112

lidando com faixas etárias cada vez menores, necessitando de um planejamento

coeso e adequado.

Segundo Brenner (2016) e Laprade et al. (2016), a especialização

precoce além de não significar uma ferramenta para a criança tornar-se um atleta

de sucesso, pode desencadear problemas de lesões, overtraining e síndrome de

burnout. Nesse contexto, os entes que fazem parte desse contexto precisam ter

ciência dos danos que a especialização pode causar nas crianças e adolescentes.

Dessa forma, espera-se que esse trabalho possa servir como base de

dados para análise de outros graduandos e também para profissionais de

Educação Física, tendo em vista que a especialização esportiva precoce é uma

temática que está bem presente nos dias atuais. Entretanto, nem sempre é

perceptível que esse processo esteja em curso e, por vezes, não conseguimos

mensurar suas causas e consequências. Além disso, pode servir de motivação

para novas pesquisas, formulação de novos questionamentos acerca dessa

temática.

Objetivo

Identificar a percepção de professores e estagiários de escolas de

futebol sobre a especialização esportiva precoce.

Metodologia

O estudo ocorreu de forma descritiva com abordagem quantitativa e

uso do levantamento como procedimento de coleta de informações. Segundo

Prodanov e Cristiano (2013, p. 52), a pesquisa descritiva é caracterizada “quando

o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir


113

neles.” Já a abordagem quantitativa “significa traduzir em números opiniões e

informações para classificá-las e analisá-las’’ (PRODANOV; CRISTIANO, 2013, p.

69).

Além disso, apresenta o levantamento como forma de coleta de dados,

que consiste em indagações mais diretas e objetivas que necessitam de grupo

mais numeroso para posterior trato dos dados. Com isso, “os levantamentos se

tornam muito mais adequados para estudos descritivos do que para os

explicativos’’ (GIL, 2017, p. 56).

A pesquisa foi realizada em algumas escolas de futebol da cidade de

Fortaleza, nos mais diversos bairros, sem limitação específica de distância e em

virtude da pandemia da COVID-19, foi realizada de forma virtual. Dessa maneira,

a abordagem com os possíveis participantes da pesquisa e o envio do

questionário foram realizados por meios virtuais.

A pesquisa foi realizada entre os meses de maio e julho de 2021. Foram

selecionados para participação na pesquisa, professores e estagiários de escolas

de futebol em Fortaleza com no mínimo de 1 ano de experiência na atuação com

o futebol. Após buscas no Instagram com as palavras-chave “escolas de futebol”,

as escolas foram selecionadas, desde que tivessem localizadas na cidade de

Fortaleza. Buscou-se também entrar em contato diretamente com professores e

estagiários via “WhatsApp”, devido o contato do autor com alguns desses

profissionais e graduandos. Dessa maneira, 21 escolas de Fortaleza foram

selecionadas e 6 responderam ao contato, e em seguida o recebimento do

formulário, onde houve 15 participantes, sendo 10 professores (graduados em

Educação Física) e 5 estagiários (graduandos em Educação Física).

Foram excluídos da amostra professores e estagiários que exerciam

funções de coordenadores das escolas e questionários que não foram devolvidos

dentro do prazo estabelecido.


114

A coleta de dados foi realizada por meio de um formulário construído

na plataforma Google Forms, devido ao momento atual vivido no mundo, com a

questão do distanciamento social e assim não gerar risco para os participantes.

O formulário foi elaborado a partir do questionário (Apêndice A) que conteve 9

questões objetivas e 4 subjetivas e o contato foi realizado através dos e-mails dos

possíveis participantes, além da utilização das redes sociais (Whatsapp,

Instagram).
A abordagem utilizada foi a quantitativa, sendo aplicado o uso da

plataforma Microsoft Excel onde foram utilizadas análises estatísticas descritivas,

com o emprego de testes de frequências (absolutas e relativas), médias e desvios

padrões.

Com relação aos aspectos éticos e legais da pesquisa, estiveram de

acordo com a Resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012 do Conselho

Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, que trata da pesquisa com seres

humanos, respeitando a dignidade, liberdade e a autonomia dos participantes,

ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais,

individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o

mínimo de danos e riscos (BRASIL, 2012). Todos os participantes assinaram um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B) que esclareceu todos

os objetivos da pesquisa, e lhes garantiu o sigilo total de todas as informações

que forem fornecidas, bem como o direito de se retirarem do estudo quando

desejarem e que não houve nenhum prejuízo.


115

Resultados E Discussão

Os resultados do presente trabalho foram apresentados,

primeiramente, com a caracterização da amostra, onde professores e estagiários

de escolas de futebol foram questionados através de um formulário intitulado

“Percepção de professores e estagiários de escolas de futebol de Fortaleza sobre

a especialização esportiva precoce”. Dessa forma, os dados foram todos

apresentados na integra e na mesma ordenação em que as questões se

encontram no formulário e logo em seguida, foi realizada a discussão do presente

trabalho. A amostra conta com 15 participantes, sendo 10 profissionais de

Educação Física correspondendo a 66,7% das respostas e 5 graduandos em

Educação Física correspondendo a 33,3 % das respostas (graduandos são

intitulados de estagiários nos locais de atuação) (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Identificação do quantitativo de professores e estagiários participantes


da amostra. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).


116

Os participantes foram perguntados em relação ao tempo em que

lecionam (no caso dos professores) e que estagiam (no caso dos estagiários) e os

resultados ficaram divididos em três das quatro alternativas existentes, a opção

“mais de 2 anos” ficou com 60% das respostas, a opção “entre um 1 e 2 anos’’

(26,7%) das respostas e a opção “1 ano” ficou com (13,3%) das respostas e a

opção “2 anos” não teve nenhuma resposta (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Identificação do tempo de trabalho/estágio de professores e


graduandos em escolas de futebol. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

A pesquisa trouxe um questionamento em relação a quantas escolas

os participantes já haviam sido inseridos e feito parte dos projetos. As alternativas

ficaram dispostas da seguinte forma: 1 escola; 2 escolas; 3 escolas; mais de 3

escolas. A primeira alternativa contou com 2 respostas (13,3%); a segunda

alternativa contou com 4 respostas (26,7%); a terceira alternativa contou com 3

respostas (20%) e a última alternativa contou com 6 respostas (40%) (Gráfico 3).
117

Gráfico 3 – Quantitativo de escolas em que os participantes da pesquisa


tiveram experiências. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

Em relação às faixas etárias que os participantes trabalham ou

estagiam atualmente foi possível observar que houve respostas para todas as

faixas etárias, ocorrendo prevalência da faixa etária de 9 a 11, com 4 respostas

totalizando (26,7%). Vale ressaltar também as respostas da faixa etária 5 a 8 anos,

demonstrando que as escolinhas possuem uma grande procura pelas faixas

etárias menores, que significa um ensino mais voltado para a iniciação esportiva

e a ludicidade. Os outros itens colocados também tiveram respostas, e também

houve respostas de acordo com cada realidade dos participantes (Gráfico 4).
118

Gráfico 4 - Faixas etárias em que os participantes da pesquisa trabalham ou


estagiam atualmente. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

No que se refere a iniciação esportiva no futebol os participantes

foram perguntados se teria um papel relevante (utilizando a escala de Likert:

Muito Irrelevante, Irrelevante, Indiferente, Relevante e Muito relevante) em

relação às habilidades motoras fundamentais essenciais, quase a totalidade das

respostas consideraram sendo muito relevante (93,3%) Dessa forma, pode-se

considerar que os professores e estagiários tiveram opiniões semelhantes Esses

dados reforçam a importância de se trabalhar as habilidades motoras desde

muito cedo e atestam que os participantes utilizam de forma bastante positiva

em suas aulas (Gráfico 5).


119

Gráfico 5 - A opinião dos participantes sobre a iniciação esportiva no futebol e


seu papel sobre as habilidades motoras fundamentais. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

Os participantes da pesquisa foram perguntados se alguns fatores

externos poderiam influenciar de forma negativa o processo de treinamento e o

andamento das aulas. Com 14 respostas representando (93,3%,) eles afirmaram

que a pressão dos pais e responsáveis é o fator que mais pode minimizar os

resultados dos alunos, vale ressaltar que um participante escolheu a alternativa

“outros” e fez um comentário elencando um ranking dos fatores citados trazendo

para a realidade vivida por ele (Gráfico 6).


120

Gráfico 6 - Fatores que mais podem influenciar as aulas das escolas de futebol,
na visão dos professores e estagiários. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

Os participantes foram perguntados em relação ao conhecimento que

eles possuem sobre a iniciação esportiva, suas características principais e sua

utilização nas aulas. Houve um consenso, pois todos os componentes assinalaram

a mesma alternativa, totalizando (100%) dos resultados. Vale ressaltar que todos

os participantes conhecem esse método, mostrando um domínio dos conteúdos

e das vivências que fazem parte desse contexto (Gráfico 7).


121

Gráfico 7 - A posição dos constituintes da pesquisa em relação a iniciação


esportiva, suas características e utilização nas aulas. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

No que se refere a especialização esportiva precoce, os participantes

da pesquisa foram perguntados se conheciam esse processo que é inserido nas

vertentes de esporte competitivo e se o utilizavam e teriam contato nas suas

aulas. A maioria mencionou que conhece, mas não utiliza e nem observa esse

método, totalizando (60%) das respostas. Uma parcela mencionou que conhece

e utiliza esse método (professores) totalizando (20%) do percentual das respostas,

em relação aos estagiários (13,3%) mencionaram que observam nas aulas que

participam e (6,7%) não observam nas aulas que participam. Destaca-se que a

opção “não sei’ não teve nenhuma menção, mostrando que os profissionais e os

estagiários perguntados possuem ciência dos mais variados métodos que

norteiam as aulas das escolas de futebol (Gráfico 8).


122

Gráfico 8 - Conhecimento dos participantes da pesquisa sobre a especialização


precoce e possível utilização nas aulas. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

Ainda em relação a especialização esportiva precoce, os participantes

foram perguntados se essa realidade é constatada nas escolas onde trabalham

ou estagiam. Através de uma escala de Likert (Pouco frequente, frequente,

inexistente, muito frequente, extremamente frequente) maioria dos participantes

alegou que essa prática é pouco utilizada nas escolas em que fazem parte, com

7 respostas (46,7%). Pode-se frisar as 3 respostas (20%) na opção “Muito

frequente” e as 2 respostas (13,3%) na opção “Frequente” e as 3 respostas (20%)

na opção “Inexistente”, mostrando que a especialização precoce está presente,

mas, que esses valores possuem dependência em relação aos princípios, virtudes

da escola, e a opção “Extremamente frequente” não obteve nenhuma menção

(Gráfico 9).
123

Gráfico 9 - Constatação da realidade sobre a especialização esportiva precoce nos


locais onde trabalham ou estagiam os participantes da pesquisa. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

Em relação aos fatores negativos da especialização esportiva precoce,

os participantes foram indagados a escolher o aspecto que, na opinião deles, seria

o mais prejudicial e mais visto dentro das realidades vividas por eles. A opção

“saturação e abandono da prática esportiva obteve (66,7%) das respostas'',

seguido pelas opções “Unilaterização dos movimentos” e “Problemas

psicológicos” com (13,3%) cada uma e pôr fim a opção “Todos” com (6,7%). Vale

a ressalva de que a opção “Aparecimento de lesões” não obteve nenhum voto

dos entrevistados, e apesar de ser um fator bastante comum em diversos

esportes, inclusive o futebol, (quando se trabalha com altas cargas de

treinamento e de forma bem intensa), não fora citado como um fator

determinante da especialização esportiva precoce na opinião dos participantes

(Gráfico 10).
124

Gráfico 10 - Fator mais negativo da especialização esportiva precoce na visão dos


participantes da pesquisa. Fortaleza, Ceará, 2021

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

No que concerne ao processo de ensino aprendizagem realizado pelos

professores com ajuda dos estagiários nas escolas de futebol, os participantes da

pesquisa responderam de forma subjetiva, quais eram os processos de ensino

aprendizagem e quais aspectos que eram mais potencializados em suas aulas.

Com isso, no gráfico a seguir foram apresentadas as respostas obtidas em

formato quantitativo, com os tópicos indicando quais foram os temas mais

citados nas respostas observando-se uma prevalência de metodologias voltadas

ao lúdico com 5 respostas (33,4%), esporte participativo, desenvolvimento de

aspectos psicomotores e cognitivos e fundamentos do esporte com 3 respostas

cada (20%) e o foco no rendimento esportivo com uma resposta (6,6%) (Gráfico

11).
125

Gráfico 11 - Processos de ensino e aprendizagem aplicados pelos participantes da


pesquisa. Fortaleza, Ceará, 2021
7
40%
QUANTITATIVO DE RESPOSTAS

5
26,6% 26,6%
4

2
6,8%
1

0
Ludicidade Esporte Cognição e Rendimento
Participação motricidade esportivo
PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

Em relação ao tipo de treinamentos que são utilizados em suas aulas

ou que são observados de forma participativa por parte dos estagiários. Os

participantes responderam de forma subjetiva quais eram os tipos de

treinamentos mais frequentes nas aulas. Dessa maneira, a ludicidade se mantém

presente, afirmando os dados obtidos na questão anterior em conjunto com os

jogos cooperativos e a tentativa de inclusão de todos os alunos. Entretanto,

houve um consenso pelo uso dos treinamentos voltados aos fundamentos do

esporte com 6 respostas (40%) (passe, domínio, condução de bola e finalização)

com a utilização de métodos analíticos, globais de acordo com as faixas etárias.

Outro ponto bastante citado foram os treinamentos situacionais com 4 respostas

(26,6%) que são treinamentos que simulam situações que podem ocorrer durante

a partida, normalmente são utilizados conforme o nível da turma e que dão um

complemento bastante efetivo em conjunto com as outras metodologias

aplicadas, minijogos e brincadeiras tiveram 3 respostas (20%) e os treinamentos

físicos e técnicos com 2 respostas (13,3%) (Gráfico 12).


126

Gráfico 12 - Tipos de treinamentos mais utilizados pelos participantes da pesquisa nas aulas.
Fortaleza, Ceará, 2021

7
QUANTITATIVO DE RESPOSTAS

40%
6

5
26,6%
4
20%
3
13,3%
2

0
Fundamentos do esporte Treinamentos situacionais Mini jogos e brincadeiras Treinos técnicos e físicos

TIPOS DE TREINAMENTO

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

A respeito sobre como evitar fatores negativos relacionados à

especialização esportiva, os participantes foram perguntados sobre quais eram

os métodos mais utilizados e que poderiam ser observados de forma bem

evidente dentro de suas práticas. De maneira subjetiva, os participantes

elencaram os aspectos mais comuns utilizados em suas vivências e dessa maneira

muitas respostas ficaram idênticas e no quadro a seguir, as respostas que mais

foram citadas pelos participantes. Ressaltar o caráter mais educativo das aulas,

com o enfoque na participação, ludicidade, ampliação do repertório motor e

cognitivo (Quadro 1).


127

Quadro 1 - Tipos de treinamentos utilizados para evitar efeitos da especialização esportiva.


Fortaleza, Ceará, 2021
TIPOS DE TREINAMENTOS UTILIZADOS PARA EVITAR EFEITOS DA ESPECIALIZAÇÃO
ESPORTIVA PRECOCE

- Abordagens mais globais;


- Ludicidade;
- Estimular a participação de todos;
- Informações claras e objetivas;
- Máxima variação dos movimentos;
- Evitar o uso de muitas repetições;
- Estimular a tomada de decisão;
- Adaptação aos níveis das turmas;
- Respeitar a individualidade dos alunos;
- Evitar a competitividade excessiva.

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

Com relação a especialização esportiva precoce, os participantes foram

perguntados sobre quais fatores eles achavam que seriam positivos ou negativos

desse fenômeno. De forma subjetiva, houve muitos argumentos em comum, que

foram compilados e apresentados em formato de quadro. Nota-se que os

argumentos positivos de ambas as categorias (professores e estagiários) são

focados na questão benéfica do esporte, como o estímulo ao trabalho em equipe,

disciplina para os treinamentos, aptidão física, aquisição de habilidades

específicas e os argumentos negativos são mais voltados para o caráter individual

do indivíduo, com a possível ocorrência de lesões, estresse de competição,

problemas psicológicos e um crescimento e desenvolvimento maturacional

desordenado (Quadro 2).


128

Quadro 2 - Fatores positivos e negativos da especialização esportiva precoce na visão


dos participantes da pesquisa. Fortaleza, Ceará, 2021
PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS

- Estímulo à competitividade; - Saturação esportiva;


- Trabalho em equipe; - Tornar a criança/jovem individualista;
- Maiores investimentos e mais - Lesões;
oportunidades; - Frustrações;
- Preparação mais apurada para - Pular etapas de crescimento e
o alto rendimento; desenvolvimento;
- Trabalho de habilidades - Estresse de competições;
específicas; - Unilaterização dos movimentos;
- Desenvolvimento físico e - Pressão excessiva de pais e responsáveis;
intelectual; - Problemas psicológicos (depressão, baixa
- Senso de independência e autoestima);
responsabilidade; - Possível abandono estudantil;
- Desenvolver talentos para o - Especialização de posições;
esporte; - Não usufruir de outras atividades e esportes
por conta do foco no futebol;

Fonte: Elaboração dos autores (2021).

As mudanças na vida privada interferiram diretamente na vida social,

principalmente, na socialização da educação dos filhos por diferentes agências

educativas (PROST; VINCENT, 2009). Conforme a fala acima, as escolas de futebol

ganham muita força nesse processo de ajudar na criação e no desenvolvimento

de crianças e adolescentes, ainda mais, quando se trata de Brasil, conhecido por

muitos como o “País do Futebol”, onde as crianças nutrem desde cedo um sonho

de serem jogadores de futebol e as escolinhas ajudam nessa busca e também

cumprem um papel de manterem viva a cultura do futebol, promoção e

participação de todos no esporte e diversas formas de obtenção de êxito.

Dentro desse contexto, o Brasil é um grande formador de bons

jogadores, tanto pela imensa procura pela prática, quanto pela cultura do futebol

instaurada no país. Dessa maneira, as escolinhas possuem o papel de ser o

primeiro local de contato e, dependendo dos valores empregados, podem

intensificar treinamentos e condições para que as crianças e jovens se tornem

jogadores cada vez mais cedo, e com isso, influenciarem o desenvolvimento e

crescimento maturacional em diversas ocasiões.


129

Nos estudos de Loureiro (2008) constatou-se que a formação de

crianças e adolescentes é bastante complexa, multivariada e extremamente

dinâmica. Dessa maneira o ensino de futebol por parte das escolinhas de uma

maneira formal pode contribuir de maneira decisiva em diversos aspectos,

interação com o ambiente, autoconfiança, trabalho em equipe, lidar com

diferentes emoções e trabalhar aspectos físicos, cognitivos. No presente trabalho

esse dado fica claro no gráfico 5, onde (93,3%) dos participantes consideraram

muito relevante o trabalho realizado na iniciação esportiva que colabora com o

desenvolvimento e aperfeiçoamento das habilidades motoras essenciais.

Os participantes da pesquisa foram perguntados com relação à

iniciação esportiva, se conheciam os processos e se utilizavam nas suas aulas. O

resultado foi apresentado no gráfico 7, onde os professores e estagiários

convergiram em (100%) das respostas na opção "Sim, conheço e utilizo”,

mostrando que estão com as mesmas opiniões, em processos de iniciação que

utilizem a questão esportiva como um artifício que propaga valores e virtudes

para a vida cotidiana.

Segundo Blázquez (1995, p. 41) “a iniciação esportiva se caracteriza

por quatro processos: socialização, ensino-aprendizagem, aquisição de

habilidades, contato e experimentação”. No tocante a questão dos processos de

ensino aprendizagem, pode-se perceber que o grupo participante da pesquisa se

mostrou bastante favorável ao ensino adaptado a cada faixa etária com o

incentivo de promover o esporte de forma participativa com a utilização da

ludicidade, das habilidades motoras fundamentais como fatores primordiais para

a continuidade das crianças e adolescentes na prática esportiva. Pode-se ressaltar

que dessa forma, os participantes da pesquisa tiveram percepções semelhantes,

mostrando que profissionais formados e os estagiários, que ainda estão no

processo formativo (graduação), reconhecem a importância de um processo bem

planejado de iniciação esportiva.


130

A preocupação em proporcionar prazer pela prática esportiva está

enfatizada no eixo prazer e participação (COAKLEY, 1998). Entretanto, em diversos

contextos a iniciação esportiva pode ser levada a um ponto em que o foco se

volte para competições e para a formação de novos talentos esportivos. Assim

vai aumentando de proporção mais silenciosa o fenômeno da especialização

esportiva precoce. Os treinamentos tornam-se cada vez mais incessantes e existe

a reprodução de treino dos adultos, cobranças maiores e a busca incessante pelo

êxito. Pode-se observar que o grupo participante da pesquisa sabe o que significa

e quais são suas principais características, entretanto, não as utiliza e nem tem

observado com frequência nos locais em que atuam.

Para Arena e Bhöme (2000, p. 185) “a especialização esportiva é uma

questão complexa porque envolve além dos aspectos biológicos e ambientais,

aspectos socioculturais”. Dentro desse contexto, essa constatação é bastante

incisiva, ainda mais quando se trata do futebol no Brasil, pois, muitos pais

possuem o sonho de serem jogadores de futebol e veem nos filhos uma

oportunidade para que isso se realize. Essa realidade ainda se torna mais atrativa

em função dos veículos de comunicação que propagam somente as grandes

conquistas dos atletas, de forma bastante heroica, induzindo as crianças e

adolescentes a terem esses exemplos para serem seguidos, mas, sem citar as

dificuldades, obstáculos que foram ultrapassados.

Muitos desses obstáculos que podem até chegar a impedir o processo

de formação de atletas podem ser oriundos de uma especialização esportiva

precoce. Alguns desses aspectos foram citados de maneira bastante contundente

pelos participantes da pesquisa, como a saturação e abandono da prática

esportiva, aparecimento de lesões, problemas psicológicos (estresse, depressão,

bloqueios, baixa autoestima), unilaterização dos movimentos.

Não podemos negar que a especialização esportiva precoce pode


131

possibilitar bons resultados esportivos em curto prazo (BALBINO et al., 2013).

Com relação a isso, os participantes da pesquisa também entraram de acordo

com o autor, ressaltando alguns pontos positivos, que normalmente o esporte

com suas virtudes próprias ajudam a potencializar nos seus praticantes, trabalho

em equipe, senso de responsabilidade, desenvolvimento físico e intelectual.

Então, quando as pessoas dos grandes centros reinventaram os

espaços para se jogar bola, os projetos e as escolas de futebol foram criados, e

os professores eram os craques do passado (FREIRE, 1998). Essa realidade trazida

pelo autor mudou de forma bem significativa nos últimos anos, com a criação de

diversos cursos de Educação Física e o papel mais formal que a profissão

conquistou perante a sociedade.

Dessa maneira, com o advento de mais espaços para a prática do

futebol, sobretudo, em campos particulares, os profissionais e os estudantes

foram ganhando mais oportunidades no mercado e conforme visto na pesquisa,

grande parte dos entrevistados possui mais de 2 anos de vivência, mostrando a

continuidade dos trabalhos e o crescimento desse setor. Portanto, a iniciação

esportiva, especialização esportiva, a prática do futebol está dentro de um

contexto bastante complexo, que envolvem diversos fatores e que cada realidade

deve ser vista com um olhar diferente, visando, acima de tudo, a formação de

adultos conscientes e bem instruídos para a vida em sociedade.

Considerações Finais

Após a verificação dos dados obtidos, temos o grupo predominante

de participantes formado por profissionais de Educação Física e uma parcela

menor de estagiários (graduandos em Educação Física) com mais de 2 anos de

experiência nessa área com a maioria tendo tido participação em mais de 3

escolas. O grupo trabalha, de forma geral, com todas as faixas etárias, tendo
132

contato com as mais diversas realidades existentes.

No tocante à questão dos processos de ensino aprendizagem, pode-

se perceber a utilização dos fundamentos do esporte de forma bastante

expressiva em conjunto com a ludicidade, com a tentativa de proporcionar

momentos alegres e motivantes, sem focar de maneira excessiva no êxito

esportivo. Os professores e estagiários demonstraram que entendem as inúmeras

realidades existentes e procuram se adaptar da melhor forma possível.

Em relação a utilização da especialização esportiva precoce, o grupo

conhece esse fenômeno, entende seus processos, mas, compreende que é um

encadeamento complexo, com diversos fatores negativos e que necessita ser

bastante analisado pelas famílias com o devido acompanhamento dos

professores e da coordenação das escolas.

Portanto, pode-se compreender que a especialização esportiva é um

fenômeno cada vez mais comum e que necessita de estudos mais aprofundados,

podendo utilizar uma amostragem maior, pois, é uma prerrogativa que possui

diversas nuances e que deve ser vista com olhares mais atentos pelos entes que

fazem parte do meio desportivo.

Dessa forma, será mais plausível ter conclusões mais coesas e poder

ter argumentos mais contundentes para entender como esse fenômeno afeta a

formação integral de crianças e adolescentes e quais são seus maiores impactos

a médio e longo prazo.


133

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2020.
135
136

Francisca Analice Araújo Barbosa


Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Terezinha Almeida Queiroz
Ivana Cristina Vieira de Lima Maia
Yohana Tôrres Monteiro
Ângela Elizabeth Ferreira de Assis
Milena Teixeira Barbosa
Resumo
O presente trabalho reflete sobre políticas sociais a partir do recorte dos desafios históricos enfrentados pelo
Conjunto Palmeiras, cuja formação territorial remete aos anos 1970. O objetivo geral é analisar em fontes
bibliográficas os desafios históricos dos moradores da periferia no Conjunto Palmeiras. Tratou-se de uma
pesquisa de revisão de narrativa de literatura, com levantamento de dados nos portais SciELO e na
ferramenta de busca Google Acadêmico, nos quais selecionaram-se 10 artigos a respeito da temática. A
pesquisa foi realizada durante os meses de janeiro a dezembro de 2021, com a utilização dos descritores:
Conjunto Palmeiras; Política Social; Banco Palmas; Movimento Social. Os resultados encontrados quanto aos
desafios históricos foram: dificuldade de mobilidade pelos demais espaços; o não acesso aos serviços de
água encanada, tratada e com coleta de esgoto. Além de escolas e saúde públicas de qualidade, áreas de
lazer e esporte e serviços bancários. Ou seja, um conjunto de segregações urbanas. Dessa forma, concluímos
que inúmeros desafios perpassam a realidade dos moradores do Conjunto Palmeiras que envolve
fragmentação das ações do estado, fragilização das políticas governamentais frente à conjuntura
contemporânea.

Palavras-chave: Conjunto Palmeiras. Política Social. Banco Palmas. Movimento Social.


137

Introdução

A escolha desse tema se deu mediante a minha vivência no Conjunto

Palmeiras durante toda a minha vida, o que gerou vários questionamentos -

acerca do bairro e suas dificuldades que perpassam o contexto capitalista. Dessa

forma, essa temática já me acompanha desde o meu Trabalho de Conclusão de

Curso intitulado “Racismo na abordagem policial de jovens do Conjunto

Palmeiras: Um olhar sobre a questão” que discutiu sobre a percepção da

juventude, especialmente dos jovens negros, quanto à conduta abusiva das

abordagens policiais.

Nos últimos anos, Fortaleza vem experimentando novas formas de

organização urbana, contudo esta organização é marcada por uma desigualdade

no seu processo de desenvolvimento e por um contraditório espaço de

estratégias de crescimento que favorecem ao capital imobiliário. Neste contexto,

é necessário explorar um dos 119 bairros localizados no referido município,

conhecido como Conjunto Palmeiras para conhecermos essas questões presentes

nas periferias de Fortaleza. Ele é situado na regional V (CRUZ; NASCIMENTO,

2021).

O Conjunto Palmeiras foi fundado em 1970, na cidade de Fortaleza/CE,

com um histórico de luta e resistência. Sua localização ao Sul da cidade de

Fortaleza no estado do Ceará, Brasil. Tem 33 anos de existência, conta com uma

população de aproximadamente 32 mil habitantes em uma área de 120 hectares.

O seu processo de assentamento remanejamento da população que foram

retirados da favela Lagamar, situada no centro da cidade às margens do rio Cocó

(REIMÃO; SILVA, 2021).

Justifica-se a escolha desse tema por considerar a história do conjunto

palmeiras um exemplo conhecido no Brasil de como a sociedade pode se

organizar e mobilizar para enfrentar a precarização das políticas sociais, tomando


138

esse fato como uma problemática do bairro, motivada pelo esforço de seus

próprios moradores que foram e são excluídos, mas que resistem possibilitando

a transformação espacial, econômica e social do lugar.

Para melhor compreensão de como essa pesquisa está estruturada, os

tópicos foram divididos da seguinte forma, o introdutório, em seguida, o capítulo

2, intitulado “Objetivos”, que aborda o norte da pesquisa; o segmento 3, “Revisão

de Literatura”, que se propõe a discutir sobre as políticas sociais; o capítulo 4,

“Método” versa sobre o caminho realizado; a seção 5, “Resultados e discussão”

que trata sobre os achados da pesquisa; por fim, temos a conclusão, onde busco

consolidar as principais apreensões dessa pesquisa e refletir sobre o que

apresentei nesse trabalho.

Objetivo

Analisar em fontes bibliográficas os desafios históricos dos moradores

da periferia no Conjunto Palmeiras.

Metodologia

A pesquisa bibliográfica desenrolou-se durante todo o ano de 2021,

entre os meses de janeiro a dezembro com pesquisas na SciELO e Google

acadêmico. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, que tem por finalidade

analisar artigos sobre um tema ou questão. Este estudo sintetiza e analisa o

conhecimento científico já produzido sobre o Conjunto Palmeiras.

Para Minayo (1994, p. 16), a metodologia da pesquisa é “o caminho do

pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. Diante disso,


139

delimito a abordagem desta pesquisa como qualitativa, pois o objeto de pesquisa

necessita de análises para além de apenas dados quantitativos.

Dizia Lênin (1965, p. 148) que “o método é a alma da teoria”,

distinguindo a forma exterior com que muitas vezes é abordado tal tema (como

técnicas e instrumentos) do sentido generoso de pensar a metodologia como a

articulação entre conteúdos, pensamentos e existência. Segundo Gil (2007, p. 17),

pesquisa é definida como o procedimento racional e sistemático que tem como

objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos.

A pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases,

desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados.

Segundo Appolinário (2011, p. 146), a pesquisa básica tem como objetivo

principal “o avanço do conhecimento científico, sem nenhuma preocupação com

a aplicabilidade imediata dos resultados a serem colhidos”.

A proposta é desenvolver uma revisão de narrativa, no qual consiste

na análise da literatura com publicações em livros, artigos, revistas impressas e/ou

eletrônicas. Descrita por Elias et al. (2012) e Rother (2007) como sendo um

método que permite uma análise e uma interpretação de maneira mais

abrangente e crítica os fenômenos sob uma ótica teórico ou contextual. Rother

(2007) destaca que é necessário se ter fontes de qualidade que assegurem uma

análise profunda e fidedigna das informações.

No início não havia infraestrutura para os moradores, o bairro era

rodeado de matos, sem nenhum beneficiamento como a energia elétrica,

encanamento, transportes, vias de acesso, postos de saúde, escolas. E, ao passar

do tempo, muitos direitos foram garantidos, inclusive o bairro já foi notícia

destaque regional e nacional na mídia, fruto de lutas pelos próprios moradores

daquela região. Tal processo, ocorreu durante uma época de ditadura militar e

visava retirar pessoas pobres de áreas de grande valorização e retê-las nas

periferias da cidade. Ao agir assim, o Estado tão somente dessegura essas famílias
140

do direito à moradia, como também priva de políticas públicas (REIMÃO; SILVA,

2021).

Além disto, desconsidera-se os vínculos sociais e afetivos que se tem

com outras pessoas e com o próprio espaço, onde habitavam. Ocasiona um

crescimento populacional desorganizado e precário, em que os direitos sociais

são negados. Esse caráter excludente tem acompanhado até recentemente os

moradores do bairro. A ausência de planejamento e a pouca abrangência das

políticas sociais conferiu um negativo estigma social acerca dos moradores e

sobre o próprio espaço físico delimitado (REIMÃO; SILVA, 2021).

Diante das dificultosas condições de vida da população deste bairro

seus moradores foram abrigados em um lugar sem planejamento e distante do

centro da cidade. Ou seja, estavam longe dos postos de trabalho e das

instituições de saúde, educação, transporte e de outras esferas essenciais ao

desenvolvimento humano.

Contudo, a segregação gerou mecanismos que se tornaram essenciais

ao desenvolvimento do bairro. A exclusão ajudou e quase obrigou a população

do bairro a encontrar meios alternativos de solidariedade para fins de progresso.

Um desses movimentos de resistência foi a criação do Banco Palmas, como será

visto adiante.

Com relação ao Movimento do Conjunto Palmeiras (MCP), pretendo

apresentar a compreensão do contexto histórico deste movimento, além das

dificuldades e lutas como um movimento apartidário. Apresentar acerca desse

Movimento, entendendo a importância de suas lutas e conquistas para a

população em um contexto capitalista e de fragmentação das lutas sociais. Assim,

chegou-se à conclusão de que o quanto a fragmentação das lutas sociais pode

dificultar as conquistas demandadas por um povo, mas quando a luta é unida,

mesmo com dificuldades, é possível refletir sobre a conjuntura política e pensar

possibilidades de respostas.
141

Esse tema tem relevância em minha trajetória pessoal, pois falo de um

bairro localizado na periferia de Fortaleza, no qual há 25 anos, mais precisamente

desde a infância, vivencio as diversas situações ocorridas no bairro, já presenciei

conquistas, vivi dificuldades e participei do Movimento do Conjunto Palmeiras

(MCP).

A escolha de um tema, advém do meio que estamos inseridos. Dessa

forma, ao morar toda a minha vida no Conjunto Palmeiras e vivenciar todas as

dificuldades que os moradores enfrentam, fiz a escolha desse tema para este

trabalho.

Sinto-me feliz em poder contribuir com a Universidade Estadual do

Ceará (UECE), com meu curso especialização em aprofundar sobre o bairro

Conjunto Palmeiras. Desde o início em minha vida acadêmica e se possível dar

continuidade até o pós-doutorado, gostaria de alguma forma, representar a

periferia do qual faço parte, trazer as lutas e conquistas diárias dos moradores ali

inseridos.

Quando entro na minha periferia, lembro do meu avô paterno,

Raimundo Barbosa Lopes, é conhecido por todos do bairro como Sobral, pois

nasceu e vivenciou um pouco da sua juventude em Massapê e Sobral, cidades

localizadas no estado do Ceará. Ele foi o primeiro morador do bairro, sua casa

desde sua chegada fica situada na Avenida Val Paraíso, atualmente tem 85 anos,

com Alzheimer em nível elevado.

Alguns anos atrás ele costumava sentar todas as tardes na pracinha do

bairro e ali contava histórias sobre o início, mudanças e lutas enfrentadas no

bairro Conjunto Palmeiras. Um dos relatos que me marcou foi quando ele falava

sobre sua chegada ao bairro, sua casa anteriormente localizada na Leste Oeste

não era regularizada, veio para o bairro com promessas que iria ter uma casa para

seus 13 filhos.
142

A promessa foi que eles teriam acesso a saúde, educação, água, luz,

mas o bairro era coberto de mato e não havia nenhuma dessas promessas ditas

anteriormente, porém aos poucos foi conseguindo construir a sua casa, novos

habitantes foram chegando, postos de saúde Evandro Ayres de Moura e Pedro

Sampaio, colégios e a igreja católica Paróquia São Francisco de Assis.

Com o passar dos anos minha avó materna chegou ao bairro com seus

10 filhos, um deles chama-se Wayne Thiago, um jovem que desde cedo tinha

prazer em lutar pelos direitos do povo e participar de movimentos sociais, aos 17

anos estava na casa da minha bisavó Francisca Amora, o mesmo bebeu gás

confundindo com refrigerante, posteriormente passou por sérios problemas na

visão, tentou diversos meios, inclusive viajou para tentar resolver o acontecido,

mas infelizmente tornou-se deficiente visual e com escoliose grave, mas isso não

foi um ‘’problema’’ para deixar de lutar. Candidatou-se a vereador pela primeira

vez no ano de 2000, tendo o próprio bairro como objeto de campanha.

Sem recursos materiais e apoio político institucional, a sua candidatura

era apoiada pelos moradores da periferia e sua principal plataforma era ser a 15

anos radialista voluntário da rádio Santo Dias FM 87,9 situada na comunidade

uma emissora amplamente comprometida com a comunidade, aliás, não só

daquele bairro, mas de todo o seu entorno, no qual ajudava os moradores a

encontrar documentos, conseguir empregos, apoio para construção de casas,

dentre outros.

Sua campanha era caminhando pelas ruas com alto-falantes que

alardeavam sua propaganda elaborada por amigos, sobre um carrinho de

construção civil empurrado por colegas e famílias moradores do bairro. Mesmo

concorrendo com o que considerava “políticos profissionais”, foi o candidato mais

bem votado quando se consideram somente os votos obtidos no bairro, embora

não tenha sido eleito.


143

Posteriormente, em 2004 a rádio Santo Dias fechou-se com liminar da

Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), alegando algumas

irregularidades, mas isso não fez que Wayne desistisse de lutar, atualmente é líder

do Movimento do Conjunto Palmeiras, movimento popular do bairro por

melhorias na saúde, educação, lazer, cultura e luta por moradia para a população

do bairro.

Esta pesquisa, assim, é importante para o curso de especialização em

Saúde Pública, pois constantemente nas disciplinas falamos dos problemas

enfrentados em Fortaleza, das expressões da Questão Social, dos problemas

enfrentados diariamente pelo povo.

Futuramente minha pesquisa contribuirá com estudantes que queiram

aprofundar conhecimentos sobre periferia, no entanto trago um bairro específico,

mas que se compararmos de forma estrutural, contexto social, econômico,

problemas cotidianos, com outros bairros periféricos de Fortaleza é bem

parecido. Além de outras pesquisas existentes sobre o bairro Conjunto Palmeiras,

são de alguns anos atrás, gostaria de trazer uma nova pesquisa atualizada para

os interessados no assunto.

Além de que, a universidade tem uma função social que é responder

às demandas que estão postas na sociedade e partindo da delimitação do tema,

esses dados são tema da Questão Social, no que traz relevância resgatar o

contexto histórico e abordar a atual situação do bairro Conjunto Palmeiras para

a sociedade contemporânea. Posteriormente, na metodologia, abordarei mais

detalhes sobre minha pesquisa, enaltecendo a sua importância para a sociedade

contemporânea.

Os estudos foram selecionados por meio de busca eletrônica em

alguns portais, a saber: Scientific Electronic Library Online (SciELO) utilizando-se

do Google Acadêmico. Foram incluídos estudos que atendessem à temática, no

idioma português, disponíveis completos e gratuitos para acesso online em


144

revistas acadêmicas e que tenham utilizado como assunto principal: Conjunto

Palmeiras. Após a escolha dos artigos, analisou-se os estudos que gerou os

resultados abaixo.

Após a busca dos artigos nas plataformas da SciELO e do Google

Acadêmico, foram encontrados um total de 8.030 artigos depois da realização da

combinação dos descritores, sendo assim excluídos 8.020 e somente 10 artigos

foram escolhidos para a realização desta pesquisa.

O trabalho não foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em

Pesquisa, pois a Resolução CNS 510/2016, Inciso VI, destaca que pesquisas

realizadas exclusivamente com textos científicos de revisão de literatura não

precisam passar pela avaliação do sistema CEP/CONEP.

Resultados e Discussão

Seguem abaixo os 10 trabalhos selecionados para essa pesquisa

publicados no período de 2012 a 2021.

Quadro 1 – Artigo 1
ARTIGO 1
Título Entre o diálogo e a resistência: O movimento social de bairro no Conjunto
Palmeiras, em Fortaleza (CE).
Autor(es)
Ano Paulino (2019)
Objetivo Analisar a história dos movimentos sociais de bairros de Fortaleza (CE), tendo
Geral como referente empírico o Conjunto Palmeiras, cuja formação territorial
remete aos anos 1970.
O resultado do estudo indica que o discurso nativo, projetado nas narrativas
de lideranças e no espaço da Internet, cadencia-se pela cultura de recusa,
Resultado(s) resistência, inovação e, em momentos específicos, pela desobediência, embora
a prática política do movimento local também dê expressividade à busca de
apoios e parcerias nas esferas legislativa e governamental. Tal discurso ganha
projeção no contexto mais amplo dos movimentos sociais, manifestando um
traço novo de tais movimentos, quando se compara o momento presente com
décadas passadas aqui já descritas, o que se caracteriza pela ocupação do
espaço midiático e das redes sociais.
Fonte: Elaboração das autoras.
145

Quadro 2 – Artigo 2
ARTIGO 2
Título A moeda social como alternativa econômica regional: Um estudo sobre a
moeda social de palma.
Autor(es)
Ano Cruz e Nascimento (2021)
Objetivo Analisar a moeda social como alternativa econômica regional considerando o
Geral seu potencial, na qualidade de tecnologia social, para o desenvolvimento local,
além de atuar como viabilizadora e promotora do protagonismo, autonomia,
emancipação, gestão democrática e empoderamento dos sujeitos e das
comunidades frente aos desafios e tensões econômico-comerciais enfrentadas
por determinadas comunidades nas relações econômicas tradicionais e
convencionais.
Como resultados, identificou-se: a) a necessidade de uma regulamentação das
moedas sociais por parte do Estado brasileiro; b) os impactos econômicos
Resultado(s) positivos para a comunidade usuária da moeda; c) um paradoxo entre a
legitimidade e o desuso da moeda.
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 3 – Artigo 3
ARTIGO 3
Título Agenciar memórias, erigir um bairro: A produção narrativa sobre o Conjunto
Palmeiras em Fortaleza (1991-2014).
Autor(es)
Ano Rabelo (2016)
Objetivo Analisar a relação entre grupos e sujeitos organizados no agenciamento de
Geral memórias na formação do bairro Conjunto Palmeiras, localizado na cidade de
Fortaleza, no Ceará.
Considera-se que a mobilização de recursos dos moradores para a
constituição de narrativas na formação do bairro em que vivem é a forma que
Resultado(s) encontraram para consolidação de uma imagem deles próprios e do bairro,
destacando, sobretudo, a capacidade de superação de suas dificuldades
iniciais
Fonte: Elaboração das autoras.
146

Quadro 4 – Artigo 4
ARTIGO 4
Título O banco palmas e a permanência da organização popular no Conjunto
Palmeiras, em Fortaleza - Ceará (1998-2017).
Autor(es)
Ano Rabelo (2018)
Analisar como essa instituição se tornou, a partir de uma política econômica
Objetivo comunitária para o bairro, um importante vetor de transformação para o local
Geral com foco na permanência das lutas sociais que foram historicamente
essenciais na constituição do Conjunto Palmeiras como bairro da capital
cearense, possibilitando a conquista de direitos fundamentais para seus
moradores.
O Banco, que se tornou uma instituição de renome localmente e extra
localmente, colocou-se na condição de publicizar uma lembrança que se
Resultado(s) remetia a um passado erguido sob condições adversas pelos moradores do
bairro. A instituição Banco Palmas faz parte dos resultados atingidos pelas
diversas lutas ocorridas nas décadas de 1970 a 1990. Portanto, a pesquisa, ao
considerar precária as condições de renda do bairro, também atinge
diretamente as ações desenvolvidas pelo Banco a partir de sua criação, e
porquanto, buscou uma imagem de êxito em suas ações, verificados pela
extensão de influência pela qual hoje possui.
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 5 – Artigo 5
ARTIGO 5
Título Quando a comunidade narra: Olhares, silêncios e temporalidade na formação
do Conjunto Palmeiras (1974-2014).
Autor(es)
Ano Rabelo (2019)
Objetivo Analisar os Olhares, silêncios e temporalidade na formação do Conjunto
Geral Palmeira.
O Conjunto Palmeiras se tornou bairro oficialmente em Fortaleza apenas em
2007. No projeto de lei que o institui como tal tem como justificativa o passado
Resultado(s) do bairro em uma narrativa que buscou evidenciar as lutas e conquistas de
seus moradores. As narrativas produzidas acerca da comunidade podem ser
analisadas como criaturas e criadoras de uma identidade que tinha, entre
outros objetivos, constituir uma imagem positiva da população que lá vivia.
Foi, portanto, uma forma de luta política que buscou trazer olhares, sobretudo,
do poder público para as necessidades da população que lá vivia. No entanto,
é preciso destacar que outras iniciativas que vão além do banco também
buscaram a melhoria local. Não foram tão destacadas nas narrativas que tinha
o banco como principal iniciativa do bairro, mas os sujeitos estavam lá, no
silêncio do trabalho comunitário, transformando o local onde viviam.
Fonte: Elaborado das autoras.
147

Quadro 6 – Artigo 6
ARTIGO 6
Título Palmeiras, o saber da experiência no movimento popular Educação.
Autor(es)
Ano Matos (2012)
Objetivo Compreender os processos de crescimento, e da própria dinâmica do
Geral cotidiano do Conjunto Palmeiras.
O Conjunto Palmeiras é um exemplo de uma interação que investiu em uma
organização democrática mais ampla, e, além disso, nas chamadas “redes de
Resultado(s) movimento” expressas claramente na concretização de projetos como o Banco
Palmas. As características das “redes de movimento” são basicamente: a
articulação entre atores e movimentos sociais e culturais; a transnacionalidade;
o pluralismo organizacional e a atuação nos campos cultural e político
(SHERER-WARREN, 1993). Essas características visam, respectivamente, formas
de articulação e intercâmbio (formais e informais), assim como o apoio dado
por instituições estrangeiras a lutas nacionais; o respeito destinado a atores
que poderão participar de várias organizações simultaneamente, e por fim um
trabalho voltado para a valorização da ética, da liberdade e sobrevivência,
tendo por objetivo a transformação da opinião pública através das pressões
da sociedade política.
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 7 – Artigo 7
ARTIGO 7
Título Conjunto Palmeiras: As iniciativas solidárias e a relação com as instituições
governamentais.
Autor(es)
Ano Rodrigues (2014)
Objetivo Analisar gradativamente, as iniciativas denominadas solidárias que vêm sendo
Geral desenvolvidas no bairro Conjunto Palmeiras localizado na cidade de Fortaleza-
Ceará foram sendo incorporadas às políticas de governo e passaram a ser
legitimadas por uma série de ações governamentais.
Em relação às experiências solidárias localizadas no Conjunto Palmeiras,
Resultado(s) especificamente o Banco Palmas e a moeda Palmas, como se mostrou no
decorrer deste artigo, estas foram sendo constituídas mediante relatos
constituidores de um campo simbólico sobre o bairro. Entretanto, para a
existência e o desenvolvimento destas iniciativas, cria-se um conjunto de
estratégias para mantê-los, dentre os quais, e parece ser o mais expressivo,
está a criação do Instituto Palmas. É provável que a entrada destas iniciativas
em outro modelo de communitas gradativamente produza o esmaecimento
da dimensão simbólica que ancora os relatos (míticos) das lideranças, que
reafirmam e reproduzem sentidos de pertencimento ao bairro a partir de sua
atuação diferenciada, no embate com as instâncias públicas, como foi visto no
segundo capítulo desta tese. Paralelamente a estas questões, nota-se outro
aspecto que se deve considerar: a relação do movimento social articulado com
outros agentes sociais que se mobilizam na perspectiva de constituir o marco
legal da economia solidária. A exemplo disto, atualmente tramita no
Congresso Nacional um projeto de lei da Deputada Federal Luiza Erundina que
148

trata deste assunto. Do exposto, até o momento, tudo indica que há


atualmente uma tensão em relação ao campo da economia solidária. Se, por
um lado, existe um fecundo movimento de relação da economia solidária com
instituições públicas, a exemplo dos existentes no Conjunto Palmeiras; por
outro lado, surgem questionamentos cabíveis de análise – ao aprofundar os
vínculos do campo da economia solidária com o mercado capitalista, que
outros caminhos podem se desvendar desta integração?
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 8 – Artigo 8
ARTIGO 8
Título Banco Palmas: inclusão e desenvolvimento local.
Autor(es)
Ano Mostagi et al. (2019)
Objetivo
Geral Analisar o surgimento e a trajetória do Projeto Palmas, sua moeda social, seus
avanços e limitações.
Os resultados indicam a importância do Banco Palmas e da moeda social
circulante como mecanismo de empoderamento local e impulso para a
geração de trabalho e renda para as populações mais fragilizadas. Conclui-se
Resultado(s) que investir em políticas socioeconômicas e alternativas ao capitalismo atual,
como é o caso do banco comunitário – Banco Palmas, pode resultar em
oportunidades de crescimento e sobrevivência às populações pobres, assim
como na melhoria da qualidade de vida, ocorrendo um desenvolvimento local
inovador de inclusão social coletiva. Nesse sentido, iniciativas dentro dessa
perspectiva são de grande relevância no contexto econômico atual, marcado
pelo monopólio de organizações privadas, fundamentadas na maximização
dos lucros e exploração dos mais fragilizados. Ainda que seja difícil imaginar
forças díspares convivendo dentro das mesmas regras sem que os mais fortes
aniquilem os mais frágeis quando estes passam a incomodar ou ampliar as
oportunidades de avanços do capital, essas políticas alternativas ganham
destaque ao propor iniciativas amparadas em novas ideias de sociabilidade.
Fonte: Elaboração das autoras.
149

Quadro 9 – Artigo 9
ARTIGO 9
Título Deus criou o mundo e nós construímos o Conjunto Palmeiras: a constituição
da ideia de um bairro solidário.
Autor(es)
Ano Rodrigues (2012)
Objetivo Compreender como, no Conjunto Palmeiras, um bairro situado na periferia de
Geral Fortaleza, construiu-se, ao longo do tempo, a imagem de um bairro solidário.
Conclui-se que, atualmente, as iniciativas solidárias no Conjunto Palmeiras
Resultado(s) desenvolvem-se, do ponto de vista institucional, em um campo ainda não
definido. Se por um lado, buscam-se instrumentos cabíveis à sua autonomia
legal, por outro, ao se institucionalizarem tais experiências, abre-se o caminho
para que outros referenciais passem a demarcar estas iniciativas,
provavelmente distintas daqueles que a embasaram em sua gênese.
Fonte: Elaborado das autoras.

Quadro 10 – Artigo 10
ARTIGO 10
Título Efeitos socioeconômicos da implantação da moeda Palmas no conjunto
habitacional Palmeira, em Fortaleza – CE.
Autor(es)
Ano Maturana (2019)
Objetivo Investigar e analisar os efeitos socioeconômicos a partir da implantação de
Geral uma moeda social no Conjunto Palmeiras, em Fortaleza – CE. Especificamente
investigados os preceitos teóricos que norteiam o debate do papel da moeda
na economia, contextualizada e descrita a moeda social Palmas (P$), e
avaliado, de forma progressiva, os impactos da moeda social Palmas (P$) no
Conjunto Habitacional Palmeiras. Trata-se de uma pesquisa social aplicada,
desenvolvida no nível descritivo e utilizando a estratégia de estudo de caso
único, sendo o Conjunto Habitacional Palmeiras o campo de observação da
pesquisa.
Os resultados indicam como positiva a implantação da Moeda Palmas (P$) no
Resultado(s) bairro. Esta iniciativa incluiu os menos favorecidos e os marginalizados pelo
sistema capitalista no processo econômico, amenizando o círculo vicioso da
pobreza e da miséria e melhorou as condições de vida dos moradores do
Conjunto Habitacional Palmeiras estimulando a comercialização, a produção e
o consumo local, gerando trabalho e renda.
Fonte: Elaboração das autoras.

De acordo com os artigos utilizados para essa revisão ficou constatado

que existem vários desafios a serem superados pelos moradores do Conjunto

Palmeiras. Neste levantamento, observou-se que a maior parte dos estudos é de

natureza qualitativa. Predominou-se a base de dados do SciELO. Os estudos

selecionados foram publicados durante o período de 2012 a 2021, todos são do


150

idioma português. A maioria está disponível nos periódicos com grande

relevância no Brasil. Por meio da leitura atenta dos artigos e análise dos

resultados emergiram as seguintes categorias: Conjuntos Palmeiras – Contexto

Histórico; Banco Palmas e Movimentos Sociais.

• Categoria 01: Conjuntos Palmeiras: Contexto Histórico

O Conjunto Palmeiras emerge a partir da retirada dos moradores das

favelas próximas às áreas litorâneas, o que resulta em uma concentração destes

em áreas periféricas. Esse deslocamento está associado diretamente à

especulação imobiliária com a retirada destes para desocupar o espaço para a

construção da Avenida Presidente Castelo Branco, conhecida popularmente

como Avenida Leste- Oeste (RODRIGUES, 2012).

Fundado em um processo de estratégias de crescimento

contraditórias, o Conjunto Palmeiras resiste e se solidariza, enfrentando os

desafios apresentados em toda a sua trajetória. Pode-se perceber que as lutas

desenvolveram não apenas um desejo de organização social, como

estrategicamente formaram-se líderes que criaram mecanismos de mudanças

sociais, econômicas e estruturais. Relacionados as problemáticas vivenciadas

pelos moradores ao longo da história do conjunto, que tem ligação direta com a

fragilidade das políticas sociais e urbanas brasileiras (RABELO, 2016).

Além disso, é um bairro que resiste e se solidariza. Alguns pontos são

importantes, como a necessidade de pensar uma política mais justa e

diversificada. O Conjunto Palmeiras, enquanto um bairro de referência solidária,

de resistência ao processo de Urbanização ainda é excluído politicamente e

estigmatizado por sua pobreza.

A urbanização de Fortaleza ocorreu de forma acelerada com a

presença do capital financeiro urbano, compra e acesso ao automóvel e


151

crescimento imobiliário. Fortaleza passou por significativas mudanças, a partir da

década de 1980, 1990, contudo observar-se precedentes significativos na década

de 1970 (CARLOS, 2001).

A partir de um contexto histórico, social e político em que o bairro

Conjunto Palmeiras foi desenvolvido, iniciativas sociais e de luta principiaram a

ideia de criar mecanismos que gerassem emprego e renda no âmbito local para

um expressivo número de seus moradores (RABELO, 2019).

Dentre essas ações, estrategicamente elaborada por lideranças locais,

tem-se o Banco Palmas e a ideia de construir o próprio dinheiro (palmas). Tal

ideia foi pensada a partir do fato de que circulavam naquele bairro cerca de R$1

milhão de reais, mas que não se concentrava naquele local. Esta renda se

destinava para bairros centrais de Fortaleza (SERPA, 2008).

• Categoria 02: Banco Palmas

Com relação ao Banco Palmas é considerado como processo de

construção de resistência e movimento de luta a fundação do banco, que é até

hoje referência de banco social e enquanto expressão atual do movimento de

resistência para os moradores (CRUZ; NASCIMENTO, 2021). Ainda há muitos

desafios e questões a serem consideradas, com base nos dados do Censo

Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), o bairro Conjunto Palmeiras ainda é um dos bairros com o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) mais Baixo, estigmatizado (FORTALEZA, 20--).

Nesse sentido, foram avaliados os 119 bairros da cidade, mensurando

o seu grau de desenvolvimento por meio do Índice de Desenvolvimento Humano

dos bairros (IDH-B). Foram analisados indicadores como renda, educação e

longevidade das pessoas, no tocante aos bairros com baixo desempenho, estão

Conjunto Palmeiras (0,119) (FORTALEZA, 20--).


152

Dentre essas resistências e espaços de luta, podemos conhecer o

Banco Palmas, MCP (Movimento do Conjunto Palmeiras), que no decorrer da

pesquisa, trago seu contexto histórico e atuais projetos trazendo grandes

impactos para os moradores da periferia (RODRIGUES, 2012).

Então, a própria comunidade decide criar o Banco, tornando-se sua

gestora e proprietária, atuando nas linhas de crédito real e na moeda Palmas de

circulação local (RABELO, 2018). Tal ação não conferiu de imediato a geração de

trabalho e renda aos habitantes, mas uma maior visibilidade ao bairro, no qual

passou a ser alvo de segmentos sociais como academia, mercantis, a mídia,

dentro outros.

Assim, devido a essa primeira visibilidade, o Banco foi processado

judicialmente pelo Banco Central duas vezes. O primeiro processo foi brando, ou

seja, sem muita severidade; já o segundo foi um processo criminal por falsificação

de moeda. Desse modo, mesmo sem ter um profissional do Direito em defesa

dos moradores, estes compareceram à Justiça e argumentaram contra a toda

autonomia do Banco Central. Então, a partir disto, o bairro Conjunto Palmeiras

ganhou a causa judicial e a moeda palmas passou a ter livre aceitação (CARLOS,

2015)

Ainda nesse período das primeiras décadas do século XXI, a

comunidade fundou o Instituto Palmas de Desenvolvimento e Socioeconômico

Solidária, o que permitiu uma melhor mediação de relações institucionais, como

participação em convênios com instituições governamentais. A saber: o convênio

do Instituto Palmas e a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES),

desencadeando na expansão destas experiências para estados brasileiros como

Minas Gerais, Maranhão, Amazonas e a Venezuela.

Especificamente sobre o convênio com a Venezuela, foi uma

experiência que possibilitou a Lei de Finanças aos Bancos Solidários, que foi

incorporada à Lei da Venezuela, a partir dessa iniciativa brasileira,


153

especificamente do Conjunto Palmeiras. A partir disto, analisa-se que outros

países deram um apoio maior aos seus habitantes, a fim de poder captar

poupanças próprias e que geram um desenvolvimento social e econômico para

o próprio país. Contudo, o Brasil, de onde a ideia iniciou, não foi capaz de atuação

semelhante no âmbito legislativo. Fato que poderia permitir a continuidade da

ação legalmente reconhecido e sem muita burocracia (CARLOS, 2015).

Enfim, é necessário ressaltar que a criação do Banco Palmas lhe

conferiu o título de primeiro banco popular do Brasil, por isto o fato de ter sido

processado pelo Banco Central, além do fato de ter ganhado visibilidade como

citado anteriormente. Além disto, impactou instituições, como o próprio Banco

Central, devido à disputa por espaço, sendo este necessário para acumulação do

capital (MATURANA, 2019).

Assim, se tem outra instituição (Banco Palmas) ameaçando a

produtividade do lucro de outra (Banco Central) no contexto do capitalismo

financeiro, “que produz o espaço como mercadoria, como condição de sua

realização” (CARLOS, 2015, p. 26), há conflito de classes.

Nesse caso, especificamente do Banco Palmas, a inovação e a

resistência de seus moradores permitiram a livre aceitação de um banco popular.

Segundo Carlos (2015, p. 25):

Isto se dá porque o capitalismo realiza sua missão histórica – a sua


reprodução -, mas ao fazê-lo cria suas próprias contradições, suscitando
a necessidade de sua superação. Contudo, questiona-se em que
medida foi essa livre aceitação? Se o País não foi capaz, como na
Venezuela, de legitimar a ação de bancos solidários.
154

• Categoria 03: Movimento Social

Ao analisamos as características do movimento social no bairro

Palmeiras, não podemos deixar de salientar a conjuntura atual; como pensar em

resistência sem refletir o cenário vigente e como isso afeta os moradores do

referido bairro: a crise econômica, política e a retirada de direitos conquistados

pelo avanço das políticas neoliberais, são elementos para uma mobilização

coletiva, principalmente, pois o foco do Estado é priorizar a defesa dos interesses

do capital e das elites locais estabelecendo uma profunda desigualdade social

(MATOS, 2012) .

De acordo com Gohn (2008, p. 20), os movimentos sociais organizados

têm como estrutura ações políticas e cultural, ao lutarem por melhorias imediatas

nos serviços públicos contra qualquer forma de opressão, são sempre motivados

por situações da realidade em que vivem; resistem à exclusão. A população passa

a questionar o que necessita para viver bem, então, na década de 1980 é o

momento do nascimento das “primeiras grandes lutas” que começou indo para

as ruas e depois criaram a Associação de moradores do Conjunto Palmeiras

(ASMOCONP).

Desta organização vai nascer o projeto pioneiro de economia solidária,

o Banco Palmas, cujo objetivo é fortalecer a economia do bairro, com uma lógica

de estimular o desenvolvimento na geração de renda dos moradores com o

intuito de destinar ao consumo no próprio bairro (MOSTAGI et al., 2019).

Tal fato, então, faz parte do próprio processo de urbanização, uma vez

que sinaliza a acentuação da centralização do capital na metrópole a partir do

movimento da produção e reprodução do espaço (RABELO, 2019). Ou seja, há

locais específicos da metrópole de Fortaleza, em que esse dinheiro precisa estar

centralizado e circulando, a fim de promover a valorização daquele espaço


155

urbano, a frequente visita de turistas e o investimento do Estado (CRUZ;

NASCIMENTO, 2021).

Contudo, como faz parte do capitalismo criar suas próprias

contradições, essa realidade promove expressões de desigualdades, uma vez que

para área “privilegiada” continuar valorizada, o Estado expulsa para a periferia os

antigos habitantes, recriando um espaço de dominação e controlando o acesso

a tal localidade com o discurso de urbanizar o local (PAULINO, 2019). Desse

modo, o Estado não apenas nega o direito à moradia para os antigos habitantes

do local, como também promove o não acesso ou dificulta a mobilidade pelos

demais espaços; a impossibilidade e acesso aos serviços de água encanada,

tratada e com coleta de esgoto, escolas e saúde públicas de qualidade, áreas de

lazer e esporte e serviços bancários.

Analisa-se ainda que a realidade em que esses moradores vivenciaram,

permitiu a objetivação de uma atividade teleológica de criar um recurso que

promovesse a concentração e circulação de capital no âmbito local. A partir disto,

então, foi possível gerar emprego e renda para a maioria dos moradores: o acesso

à água encanada, tratada e com coleta de esgoto, o acesso a escolas e saúde

pública, a áreas de lazer e cultura promovidas pela própria comunidade, como

será visto posteriormente. Ou seja, uma ação que o Estado apenas realizou nas

áreas “privilegiadas” e que deveria ser uma ação também nas áreas de baixa

renda.

Entretanto, a ação desses moradores foi em uma perspectiva diferente

do capitalismo de mercadoria, pois foi na ideia de uma economia solidária, ou

seja, que dialoga com a economia capitalista, mas com o protagonismo da

comunidade, visando “promover o desenvolvimento de territórios de baixa renda,

através do fomento à criação de redes local de produção e consumo” (BANCO

PALMAS, 2015).
156

Enfim, é necessário ressaltar que a história do Conjunto Palmeiras e

suas iniciativas de resistência foi possível a partir de lutas sociais e da união de

seus moradores. Além de que o Conjunto Palmeiras e sua iniciativa de criar o

Banco Palmas, configura-se como um movimento social de resistência, pois

segundo Gohn (2000, p. 251-252 apud RODRIGUES, 2012, p. 37):

Os movimentos sociais são ações sociopolíticas construídas por atores


sociais coletivos pertencentes a diferentes classes sociais, articuladas
em certos cenários da conjuntura socioeconômico e política de um país,
criando sobre temas e problemas em conflitos, litígios e disputas
vivenciadas pelo grupo na sociedade. As ações desenvolvem um
processo social e político-cultural que cria uma identidade em comum.
[...] os movimentos sociais participam, portanto, da mudança social,
histórica de um país, e o caráter das transformações geradas poderá ser
tanto progressista como conservador ou reacionário, dependendo das
forças sociopolíticas a que estão articulados, em suas densas redes, é
dos projetos políticos que constroem com suas ações.

Contudo, à medida que o banco se tornar uma hegemonia dentro do

bairro, seus dirigentes vão inclinar-se para uma lógica do empreendedorismo,

tendo parcerias com representantes do Estado. Assim, o banco e a associação dos

moradores se unem nesta lógica, o que levou alguns outros moradores a se

distanciar desta lógica de luta. Estes específicos moradores uniram-se e

agregaram-se ao MCP, por acreditar ainda em uma forma de luta de ir. Às ruas e

pressionar o Estado para melhorias do bairro, conforme demandas de seus

moradores (RODRIGUES, 2014).

Sendo assim, tal como afirma Gohn (2008, p. 24)

os movimentos sociais urbanos ao longo dos anos 90, vão perdendo


suas maiores características, a ação de ir às ruas protestar, reivindicar as
mudanças desejadas. Os eixos de luta do movimento passam a ser
captado pelo Estado e seus líderes assumir cargos públicos.

Desse modo, o líder argumenta que ao aderir a ideologia dominante

ocorre uma cisão nos movimentos sociais no bairro, em que nesses espaços passa
157

a existir uma disputa de poder, na qual os moradores saem prejudicados com o

engessamento dos movimentos.

Portanto, as trajetórias do movimento com suas conquistas já

estamparam manchetes de jornais, passando, assim, a dar maior visibilidade às

suas lutas contra a segregação dos moradores do conjunto Palmeiras. Neste

sentido, o grupo tem uma repercussão social muito importante que é a de levar

as pessoas a um processo reflexivo da situação política do território onde estão

localizadas e a lutarem pelas conquistas de seus direitos. Então, não sendo apenas

um Movimento que mediatiza a conquistas de casas para os moradores, mas a

direitos, em que são iguais para todos. É necessário ressaltar também o

engajamento do líder em não deixar que o movimento perca a sua essência,

demonstrando uma forte organização político-pedagógica com orientações e

politização dos moradores.

Desse modo, apesar do esforço da comunidade, temos um contexto

de contradições devido as políticas precárias que dificultam a manutenção desses

movimentos sociais no Conjunto Palmeiras. Como é observado, conforme

Mostagi et al. (2019), nos desafios enfrentados pelo sistema ASMOCONP/Banco

Palmas: 1. Propagação da metodologia da economia solidária: é fundamental

propagar os conceitos de Economia Solidária e do Desenvolvimento Local para

que a rede tenha amplitude e capilaridade;

O ponto dois, ele destaca a multiplicação da identidade comunitária:

O Conjunto Palmeiras caracterizou-se por uma identidade baseada no senso de

fazer parte de um grupo e de participar das decisões e atividades do bairro; o

três: Aumentar a economia solidária com os mecanismos de finanças solidárias:

As linhas de crédito e a moeda social formam o sistema circulatório da Rede, que

ultrapassa a dimensão econômica e possibilita novas relações e vínculos sociais.

A capacidade de gestão da própria comunidade é fundamental para a confiança

no Banco, aumentando a capilaridade deste sistema de finanças solidárias;


158

Logo, é necessário se ter uma articulação maior entre União, Estados,

Municípios e atores locais, para que a comunidade tenha maior autonomia sobre

as decisões, apesar de todo o esforço em dirigir e criar uma política nacional de

apoio ao desenvolvimento local.

Considerações Finais

Foi observado no decorrer da realização desta pesquisa que ainda

persistem desafios a serem enfrentados pelo Conjunto Palmeira, quais sejam: a

dificuldade de mobilidade pelos demais espaços; o não acesso aos serviços de

água encanada, tratada e com coleta de esgoto, escolas e saúde públicas de

qualidade, áreas de lazer e esporte e serviços bancários. Ou seja, um conjunto de

segregações urbanas.

Com as análises aqui feitas, entende-se que existem vários pontos que

poderiam ser abordados e aprofundados, por isso destacamos as limitações desta

pesquisa que foram a falta de informações quanto aos desafios históricos a partir

de fala e da história de vida dos moradores. Todavia, esse estudo será relevante

no âmbito acadêmico e profissional para uma melhor efetividade das políticas

públicas relacionadas ao bairro.


159

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162
163

Yohana Tôrres Monteiro


Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Terezinha Almeida Queiroz
Ivana Cristina Vieira de Lima Maia
Ângela Elizabeth Ferreira de Assis
Francisca Analice Araújo Barbosa
Yara Bruna Vitorino de Paula
Resumo
Em tempo algum, a população mais idosa chegou a ser tão numerosa, e esse fato envolve mudanças
demográficas, econômicas, políticas, culturais e sociais, ao passo que esse crescimento esteve ameaçado
com a chegada do COVID-19. O estudo tem como objetivo compreender como a pandemia de COVID-19
impactou a saúde mental de mulheres idosas. A metodologia utilizada foi uma revisão narrativa de literatura.
A busca ocorreu no período de março a dezembro de 2021, abrangendo publicações de 2020 a 2021,
indexadas no Portal Scientific Electronic Library Online (ScieELO) e na ferramenta de busca eletrônica Google
Acadêmico, foram selecionados 10 artigos com os seguintes descritores: Idoso; Saúde Mental; COVID-19.
Esta pesquisa tem como resultado a captura das experiências relacionadas aos impactos da pandemia na
velhice, sobre as percepções e narrativas quanto aos desafios, emoções, luto, dentre outras questões que
foram encontradas. Com base nesses aspectos encontrados, o que mais se destacou foi: o medo, o estresse
e a ansiedade. Por fim, esse trabalho concluiu que a pandemia de COVID-19 impactou diretamente no
seguimento da velhice devido ao isolamento social obrigatório.

Palavras-chave: Idoso. Saúde Mental. COVID-19. Revisão.


164

Introdução

O interesse por esse objeto de pesquisa adveio da minha pesquisa de

mestrado, no Programa de Pós-Graduação em Sociologia na Universidade

Federal do Ceará, em que pesquisei acerca das reconfigurações do lazer em

tempos de pandemia para um grupo de mulheres idosas. Na sistematização do

trabalho, me deparei com o isolamento destas em seus domicílios, interferindo

diretamente em sua qualidade de vida. De modo que, o novo coronavírus (SARS-

CoV-2), impactou a saúde mental das idosas devido a diversos fatores, como a

vulnerabilidade dessas ao vírus, o isolamento social e o excesso de informações

negativas. Portanto, questionei-me: quais os impactos causados pela pandemia

para as idosas em relação a sua saúde mental?

Dentre tantas questões relevantes que estavam invisibilizadas no

Brasil, e que foram potencializadas com o surgimento da COVID-19, uma delas é

a situação do envelhecimento brasileiro. Na vida desse segmento populacional,

podemos destacar a morte como principal assunto relacionado. Estatísticas pelo

mundo só confirmaram que os mais idosos eram as principais vítimas e, portanto,

deveriam ser considerados como prioridade pelo olhar público. Contudo, o que

era um gesto de cuidado e proteção, rapidamente assumiu um significado de

responsabilização, tutela, vigilância, controle e discriminação. Os idosos

tornaram-se um ponto de embate na política brasileira. Parte das divergências

queria adotar medidas com um enfoque seletivo de isolamento somente para

eles contra a pandemia, visando que a economia não parasse juntamente com as

outras atividades. Outro lado queria estender para todas as faixas etárias, visto

que os filhos, netos, familiares teriam contato com esses idosos e mesmo assim

eles correriam o risco de contágio do vírus (CORREA; JUSTO, 2021).

De todas as formas, os idosos assaram a ser eleitos como um dos

segmentos nevrálgicos da pandemia. Se já era uma questão para o governo, a


165

pandemia os tornou um problema ainda maior. A vulnerabilidade deles ao vírus

“já seria de cortar o coração se considerássemos somente o risco de

contaminação do vírus em si [...] contudo torna-se um dado inquestionável que

os mais jovens deverão ser priorizados quanto a leitos e respiradores” (HENNING,

2020, p. 6).

Em cenários mais graves da infecção, os indivíduos que contraíram o

vírus podem desenvolver pneumonia e falência múltipla de órgãos. Como

revelam as estatísticas, dos meses de março a agosto de 2020 mostraram que

pacientes entre 60-70 anos tinham uma probabilidade de 0,4% de morrer;

aqueles com idades entre 70 e 80 anos tinham 1,3%; e os com mais de 80 anos,

de 3,6%. A Itália enfrentou um surto que resultou em 83% dos que sucumbiram

à infecção pela Covid-19 tinham mais de 60 anos de idade (OLIVEIRA et al., 2020).

No Brasil, pessoas com 60 anos ou mais representam 73,1% dos mortos por

covid-19 até abril de 2021. Já no Ceará, temos que 46,9% das mortes por Covid-

19 foram de idosos acima de 75 anos durante o mesmo período (RODRIGUES,

2021). No ano de 2020, no mundo, há 1,1 bilhão de idosos, com projeções de até

3,1 bilhões em 2100. O Brasil apresenta 29,9 milhões em 2020 e previsão de 72,4

milhões em 2100. Contudo, com os dados da COVID-19 que apontam maior taxa

de mortalidade entre as pessoas idosas, reforça-se uma apreensão com esse

segmento.

Devido ao maior risco que correm os idosos a hospitalização e a

mortalidade, o isolamento social adquire caráter essencial para a redução da

disseminação do vírus pelo coletivo e vem sendo adotado mundialmente pelos

países. Assim, as medidas de proteção com as pessoas idosas tornaram-se ações

positivas de organização de serviços e com bons resultados demonstrados pelas

experiências no mundo todo. Contudo, reforçaram os preconceitos da sociedade

por meio de criação e circulação de diversos vídeos, imagens, frases, músicas,


166

com exposição dos idosos e supervalorização de características eminentemente

negativas.

Como exemplo, pode-se destacar o emblemático caso brasileiro do


“carro do ´cata véio”, que, além do ageísmo, evidencia a dificuldade dos
idosos em cumprirem o distanciamento social [...] estas situações
também afetaram as relações familiares, com conflitos intergeracionais,
principalmente devido às medidas adotadas pelos familiares [...]
(HAMMERSCHMIDT; SANTANA, 2020, p. 4).

A saúde mental encontra-se intrinsecamente relacionada ao pleno

bem-estar do ser humano, e sobre isso, os estudos demonstraram que a

pandemia COVID-19 repercute diretamente na saúde mental, o que contribuiu

consideravelmente para o desenvolvimento ou a exacerbação de doenças

mentais na população, a exemplo de quadros depressivos, ansiosos e de pânico

(WU, 2020).

Nesse sentido, Bauman (1999, p. 56) corrobora que “a solidão passou

de infortúnio episódico a condição padrão”. Esse sentimento se faz presente na

rotina atual dos idosos que estão se adaptando e aceitando essas novas

condições impostas, produzindo respostas emocionais não agradáveis.

Nesse cenário, a pesquisa apresenta sua relevância para compreender

o impacto do isolamento social para os idosos, buscando fortalecer o impulso de

elaboração e execução de políticas públicas de saúde e políticas de proteção

social aos idosos que possa prevenir novos episódios como a dos anos de 2020

e 2021, assim como desenvolver o aperfeiçoamento de acessibilidade e qualidade

nos serviços de saúde mental. Apesar de a pesquisa compreender a dificuldade

em se precisar o impacto real da atual pandemia sobre a saúde mental das

populações, em destaque dos idosos, o que demandará tempo para um

apropriado acúmulo de informações.

Pesquisamos para responder inquietações nossas enquanto

pesquisadores. No dia 08 de agosto de 2021, estava dando os meus primeiros


167

passos nessa pesquisa. Estava cheia de anseios e dúvidas do que eu poderia

encontrar nessa trajetória. Foram muitas leituras, muita dedicação para esse

Trabalho de Conclusão de Curso, todo início é difícil. Mas com compromisso e

dedicação conseguimos chegar ao ponto que tanto queremos.

Objetivo

Compreender como a pandemia de COVID-19 impactou a saúde

mental de mulheres idosas.

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa de revisão narrativa da literatura, em que

preza pela qualidade dos trabalhos, a partir de uma investigação analítica e

descritiva. Sendo realizada durante março a dezembro de 2021 com assiduidade

e compromisso, a pesquisa.

Nessa perspectiva, a presente pesquisa evidencia a temática da saúde

mental e a pandemia na velhice. Para construir o presente trabalho, foi realizado

um modelo de seis etapas, consistindo a primeira na escolha do tema em questão

de pesquisa para a elaboração da revisão narrativa; a segunda, na determinação

dos critérios de inclusão e exclusão de estudos ou busca na literatura; a terceira,

na designação das informações que serão extraídas dos estudos selecionados, ou

seja, caracterização dos estudos; a quarta, na análise dos estudos incluídos na

revisão narrativa; a quinta, na explicação dos resultados; e a sexta, na

apresentação da revisão do conhecimento (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

A primeira etapa é classificada como sendo norteadora para conduzir

uma boa elaboração de uma revisão narrativa, no qual se escolhe o tema da


168

pesquisa. Na segunda etapa, após a escolha da temática e formulação do

objetivo, inicia-se a busca nas bases de dados para a escolha dos estudos que

serão incluídos na revisão. Assim sendo, a busca pelos artigos foi feita sobre as

bases de dados da Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e do Google

Acadêmico com os seguintes descritores: Idoso; Saúde Mental; COVID-19. Foram

encontrados 11.600 artigos e excluídos 11.590, sendo selecionados apenas 10

(MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Partindo deste ponto, foi selecionado os artigos nas bases de dados

da SciELO e do Google Acadêmico, seguindo os seguintes critérios: artigos

originais gratuitos, que relacionem pandemia e idosos e que estejam disponíveis

para leitura de forma integral e em idioma português, além de estares publicado

no período de 2020 a 2021.

A terceira etapa é onde ocorre a definição das informações que serão

extraídas dos artigos selecionados, neste momento utiliza-se um instrumento

para reunir e concentrar informações-chave (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

A quarta etapa equivale a análise dos dados em uma pesquisa padronizada, onde

haja o uso de métodos apropriados (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Em

seguida os resultados foram expostos em quadros como seguem abaixo. Após a

exposição dos resultados, foi realizada uma discussão referente aos mesmos.

O trabalho não foi precisou ser submetido à avaliação do Comitê de

Ética em Pesquisa, pois a Resolução CNS 510/2016, Inciso VI, traz que pesquisas

realizadas exclusivamente com textos científicos de revisão de literatura não

precisam passar pela avaliação do sistema CEP/CONEP.


169

Resultados

Como consequência da busca dos artigos nas plataformas da Scielo e

do Google Acadêmico, foram encontrados um total de 11.600 artigos depois da

realização da combinação dos descritores, sendo assim excluídos 11.590 e

somente 10 artigos foram escolhidos para a realização desta pesquisa. Sendo

assim estes sistematizados abaixo.

Quadro 1 – Artigo 1
ARTIGO 1
Título COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado.
Autor(es)
Ano Faro et al. (2020)
Objetivo Reunir informações e achados de pesquisa a respeito do impacto de tais crises
Geral na saúde mental.
O atual cenário de potencial catástrofe em saúde mental - o que requer ainda
mais atenção do poder público - só será devidamente conhecido após passado
Resultado(s) o período de pandemia. Portanto, esforços imediatos devem ser empregados,
em todos os níveis e pelas mais diversas áreas de conhecimento, a fim de
minimizar resultados ainda mais negativos na saúde mental da população.
Cabe, enfim, investir em adequada assistência à saúde e, sobretudo, na ciência
em geral, para que esse período seja abreviado e que os profissionais de saúde
estejam capacitados para os desafios do cuidado.
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 2 – Artigo 2
ARTIGO 2
Título O impacto da pandemia pela COVID-19 na saúde mental: qual é o papel da
Atenção Primária à Saúde?
Autor(es)
Ano Nabuco; Oliveira e Afonso (2020)
Objetivo Apresentar uma proposta para a atuação das equipes de Atenção Primária no
Geral enfrentamento ao adoecimento mental relacionado à pandemia.
O entendimento do real impacto da pandemia pela COVID-19 na saúde mental
da população demandará tempo e estudos apropriados. No entanto, baseado
Resultado(s) em situações semelhantes de epidemias recentes e desastres de grandes
proporções, sabe-se que o adoecimento mental é inevitável e tende a superar
a morbidade relacionada diretamente à infecção. No cenário brasileiro esta
situação se agrava em função da crise político-institucional e divergências de
orientações de fontes oficiais, amplificando a insegurança e ansiedade. Nesse
170

contexto da atual coronavirose, a APS apresenta características que a


permitem desempenhar importante papel no cuidado da saúde mental da
população, a partir do reconhecimento dos estressores e principais fatores de
risco para o adoecimento mental. Ainda que não sejam integralmente
aplicáveis em todos os contextos, como, por exemplo, por falta de acesso a
tecnologias de comunicação, são apresentadas quatro recomendações
principais. O presente trabalho visa, desta forma, potencializar essa discussão
e embasar condutas mais qualificadas das equipes de APS.
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 3 – Artigo 3
ARTIGO 3
Título Prevenindo conflitos sociais violentos em tempos de pandemia: garantia da
renda, manutenção da saúde mental e comunicação efetiva.
Autor(es)
Ano Moraes (2020)
Objetivo Explorar alguns fatores de estresse associados à pandemia, destacando que
Geral seus efeitos agregados aumentam a probabilidade de conflitos sociais
violentos
Em síntese, a pandemia e as medidas de enfrentamento a ela criam fatores de
estresse para a população, especialmente para os mais pobres e aqueles em
Resultado(s) situação de maior risco de serem infectados. Por essa razão, deve-se adotar
ou manter um conjunto de medidas, voltadas tanto para a proteção de
vulneráveis como para a diminuição da probabilidade de conflitos sociais
violentos. Estas podem também diminuir a probabilidade de eventos não
violentos, como passeatas e carreatas: embora em circunstâncias normais
estes fossem legítimos, eles reduzem os efeitos positivos das regras de
distanciamento social.
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 4 – Artigo 4
ARTIGO 4
Título Saúde do idoso em tempos de pandemia COVID-19.
Autor(es)
Ano Hammerschmidt e Santana (2020)

Objetivo Trata-se de comunicação livre com intenção de abordar de forma reflexiva e


Geral crítica aspectos relacionados à saúde do idoso nos tempos de pandemia
COVID-19.
Urge a necessidade do Cuidado Gerontológico de Enfermagem robusto,
qualificado e seguro, mediante fundamental capacitação profissional, sendo
Resultado(s) necessário ressignificar as ações de atenção ao idoso, respeitando a
pluralidade, com foco no momento pandêmico e vislumbrando cenários
futuros.
Fonte: Elaboração das autoras.
171

Quadro 5 – Artigo 5
ARTIGO 5
Título Ócio, lazer e tempo livre das velhices em quarentena: Perspectivas
psicossociais de um estudo brasileiro.
Autor(es)
Ano Lins et al. (2020)
Objetivo Identificar significados atribuídos pelos idosos brasileiros ao tempo vivido na
Geral quarentena decorrente da pandemia de COVID-19.
Ressaltamos que como toda pesquisa científica, embora os resultados obtidos
sejam consistentes teoricamente e representem uma contribuição significativa
Resultado(s) sobre as apreensões acerca dos significados atribuídos pelos idosos brasileiros
brasileiro ao tempo da quarentena em decorrência da pandemia pela
COVID19, o presente estudo possui limitações. Uma delas refere-se à forma
de coleta de dados online, que pode ter limitado o acesso de participantes
sem acesso à internet ou com limitação de leitura. Esta foi, entretanto, uma
decisão metodológica baseada em custo-benefício, pois esta estratégia
permitiu contar com a participação de pessoas de diferentes regiões do país,
o que também pode ser considerado um diferencial positivo do presente
estudo. Contempla-se ainda a necessidade de realização de outros estudos
sobre o tema, para verificar como os significados sobre o tempo podem mudar
ao longo da pandemia
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 6 – Artigo 6
ARTIGO 6
Título Representações sociais de idosos sobre a COVID-19: análise das imagens
publicadas no discurso midiático.
Autor(es)
Ano Oliveira et al. (2020)
Objetivo
Geral Verificar as representações dos idosos sobre a COVID-19, por meio da análise
do conteúdo de imagens de idosos publicadas no portal G1/Globo Play.
Neste estudo, é notável que os idosos representam o “ficar em casa”, em
decorrência do coronavírus como uma fase de enfrentamento difícil, que
Resultado(s) modificou milhares de vidas em todo o mundo por um bem coletivo. A
espiritualidade e a inclusão digital para os idosos também se mostraram como
uma ferramenta de ancoragem para ter mais esperança, e como uma
estratégia para diminuir as distâncias. Ter a liberdade e autonomia ceifadas
também foi considerado um fator relevante. O direito de ir e vir, impedido por
conta de um fenômeno biológico, convocaos a traçar novas estratégias para
planejar o futuro e pensar maneiras de aproveitar o viver. Destaca-se, ainda, a
necessidade de realização de pesquisas futuras para conhecer os mais diversos
contextos em que idosos enfrentam a pandemia da COVID-19.
Fonte: Elaboração das autoras.
172

Quadro 7 – Artigo 7
ARTIGO 7
Título Efeitos da pandemia no novo coronavírus na saúde mental de indivíduos e
coletividades.
Autor(es)
Ano Silva; Santos e Oliveira (2020)
Objetivo Desenvolver reflexões críticas sobre os efeitos da pandemia do novo
Geral Coronavírus na saúde mental de indivíduos e coletividades.
Os efeitos da pandemia vêm atingindo direta e indiretamente a saúde mental
Resultado(s) das pessoas nos mais diversos aspectos, o que implica numa condição
preocupante de saúde pública. Descritores: Pandemias; Infecções por
coronavírus; Saúde mental
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 8 – Artigo 8
ARTIGO 8
Título Isolamento social: um olhar a saúde mental de idosos durante a pandemia do
COVID-19.
Autor(es)
Ano Santos; Brandão e Araújo (2020)
Objetivo
Geral Investigar na literatura os desafios enfrentados no isolamento social para a
saúde mental dos idosos durante a pandemia do COVID-19.
Reconhece-se a importância do isolamento na profilaxia do COVID-19, no
entanto, percebe-se que este pode desencadear e/ou agravar distúrbios
psicológicos em idosos. Alguns países têm adotado estratégias para trabalhar
Resultado(s) a população idosa em situação de isolamento social.
Fonte: Elaboração das autoras.

Quadro 9 – Artigo 9
ARTIGO 9
Título Idosos e saúde mental: impactos da pandemia COVID-19.
Autor(es)
Ano Monteiro; Figueiredo e Cayana (2021)
Objetivo Verificar os impactos na saúde mental de idosos devido às medidas adotadas
Geral durante a pandemia COVID-19.
Os idosos são destaque na pandemia COVID-19, com isso, acende-se
Resultado(s) preocupações com a saúde mental desse grupo ao enfatizar a vulnerabilidade,
excesso de informações negativas e medidas de afastamento social como
pressupostos para o desenvolvimento ou agravamento de condições clínicas.
Fonte: Elaboração das autoras.
173

Quadro 10 – Artigo 10
ARTIGO 10

Título Olhares sobre o impacto do isolamento social à saúde mental do idoso.


Autor(es)
Ano Moreira e Sousa (2021)
Objetivo Identificar, através das evidências científicas, os impactos do isolamento social
Geral na saúde mental dos idosos durante a pandemia da COVID-19.
Apesar das medidas de isolamento social e quarentena serem indicadas como
Resultado(s) estratégia fundamental ao combate do COVID-19, há várias consequências
para a saúde mental do idoso, deste modo, ações de promoção da saúde
mental do grupo devem ser planejadas e implementadas.
Fonte: Elaboração das autoras.

Discussão

Os achados obtidos no presente estudo demonstram que o

envelhecimento populacional vem ganhando bastante destaque no mundo,

trazendo à tona questões acerca da qualidade de vida desse segmento

populacional. O qual provoca várias discussões acerca de políticas públicas que

sejam mais amplas, com leis específicas, que proporcionem a proteção em todo

o curso da vida. Em especial a saúde mental também, que foi colocada em pauta

durante a vigência da pandemia destes com o isolamento social. Principalmente,

por serem pessoas idosas que estavam vivenciando no século XXI um contexto

diferente da sua juventude e da fase adulta – com mais liberdade do ir e vir - que

foi interrompida bruscamente com o advento da pandemia.

Baseado nas informações obtidas da revisão narrativa da literatura,

observou-se as seguintes categorias a serem discutidas nesse tópica que são:

Isolamento social; Medo; Qualidade de vida e felicidade; e por último, memes1

1
Uma das novidades que a internet proporcionou para um diálogo com humor e crítica ao mesmo
tempo, é o Meme. O termo meme, embora usado recorrentemente nas redes sociais da internet,
não se originou no ambiente virtual e nem sempre esteve associado a fotos e vídeos bem-
humorados. Foi cunhado pelo biólogo e etnologista Richard Dawkins em 1976 que sugere que a
transmissão de ideias, hábitos e comportamentos culturais é análoga à transmissão genética. Para
174

• Categoria 1 – Isolamento Social

Segundo Moraes (2020), o isolamento social

implica em níveis elevados de estresse e pode comprometer a saúde


mental das pessoas, pois a diminuição das interações sociais prejudica
o sentimento de pertença do sujeito a determinados grupos que o
auxiliam em momentos de crise (MORAES, 2020, p. 4).

Acerca da liberdade e socialização, Hammerschmidt e Santana (2020)

pontuam que a autonomia e a independência dos idosos são essenciais para o

envelhecimento saudável, e privá-los ativos em casa, neste momento para evitar

o contágio mostrou-se uma medida necessária (OLIVEIRA et al., 2020).

No entanto, o isolamento compulsório, para o controle da pandemia,

exigiu para os idosos uma rede de apoio de pessoas próximas como os vizinhos

e familiares para o suporte de compras de alimentos, medicamentos e outras

necessidades para a manutenção da vida (MONTEIRO; FIGUEIREDO; CAYANA,

2021).

Com o distanciamento social e a saída de casa somente para o

necessário, as pessoas aprenderam a fazer os seus pedidos pela internet como

solicitar comida delivery por meio de aplicativos, pagar boletos, transferir

dinheiro, fazer PIX no ambiente digital, tudo isso para evitar a saída de casa

(MAIA; OLIVEIRA; FUTAMI, 2020).

Essa tendência de uso de canais digitais já se manifestava, mas

apresentou uma forte aceleração em questão de meses por todo o mundo. Jamais

foram realizados tantas transações, reuniões, aulas, pedidos, eventos, lives; tudo

o autor “o estudo dos memes está relacionado diretamente com o estudo da difusão de
informação e de que tipo de ideia sobrevive, assim podendo ser passada de pessoa a pessoa.
Trata-se, então, de uma forma básica de aprendizado social, através da imitação” (INSFRAN;
CHAVES, 2020, p. 3).
175

de forma totalmente online. Entretanto, os idosos sofreram por dificuldade em

pagar suas contas e fazer compras, pois a tecnologia ainda não fazia parte do seu

dia a dia de forma integral (PREMEBIDA, 2021).

Como apontam Nabuco; Oliveira e Afonso (2020, p. 4)

deve-se levar em conta também que os idosos, de forma geral,


apresentam menor familiaridade com tecnologias que permitem
minimizar as limitações consequentes ao isolamento, como por
exemplo chamadas por vídeo ou pedido de comida ou remédios via
aplicativos.

Deve-se ser levado em consideração também que os idosos vivem o

luto por seus companheiros, amigos, vizinhos, parentes e conhecidos. O que

resulta em uma vida menos ativa e mais dependente dos familiares. E todos esses

fatores físicos e emocionais diminuem a qualidade de vida dos idosos, além de

aumentar o medo neles (NABUCO; OLIVEIRA; AFONSO, 2020).

Diante desse contexto observamos a importância do Sistema Único de

Saúde (SUS) no cuidado aos idosos que deve dar assistência a estes não só

controle nos agravos crônicos não transmissíveis na população idosa

(hipertensão, diabetes), mas, sim, oportunizar um cuidado baseado na interação

entre saúde física, a saúde mental, capacidade funcional e suporte social (BRASIL,

2006).

As ações de Saúde Mental do idoso na APS devem ter uma perspectiva

integral, com acesso a terapias medicamentosas adequadas, intervenções

holísticas e integrativas, acompanhamento psicológico, suporte clínico-

assistencial, apoio socioassistencial e orientação ao familiar/cuidador do idoso

(BRASIL, 2006).
176

• Categoria 2 – Medo

Sabemos que a pandemia gerou medos e anseios para todas as faixas

etárias populacionais, contudo esta afetou de forma mais feroz a população

idosa, que já trazem consigo os anseios da morte devido à idade, pois quanto

mais idoso, mais próximo da finitude da vida, sendo este ponto uma grande

dificuldade de aceitação na sociedade contemporânea.

O medo é um mecanismo de defesa animal adaptável, e é essencial

para a sobrevivência. Entretanto, quando é crônico ou desproporcional, torna-se

prejudicial e pode favorecer em vários transtornos psiquiátricos. Em uma

pandemia, o medo aumenta os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos

saudáveis e intensifica os sintomas daqueles com transtornos psiquiátricos pré-

existentes (GARCIA, 2017).

Sabemos que se tinha o medo de se contrair a doença, além de que as

pessoas que amamos poderiam contrair também o vírus. E tudo isso de

intensificou devido ao isolamento social em casa, que se tornou uma prisão

domiciliar, com a morte rondando lá fora (JORGE; MELLO; NUNES, 2020).

No confinamento criou-se um medo intenso e contínuo em relação a

morte. O medo apresenta um objeto definido que se apresenta como medo de

algo, um bicho, um lugar, uma pessoa que gerou angústia e crises de ansiedade

em todos os segmentos (JORGE; MELLO; NUNES, 2020).

• Categoria 3 – Qualidade de Vida e Felicidade

Para se ter uma qualidade de vida, de acordo com Gonçalves (2010),

tal fato abrange os estilos de vida, questões objetivas como o acesso à educação,

o desenvolvimento sustentável, do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de


177

uma localidade, o trabalho, lazer etc. E vale ressaltar, que o lazer é um fenômeno

complexo e torna-se uma obrigação assim como os outros pontos.

Os indivíduos durante a sua trajetória de vida, buscam pela felicidade

plena. A felicidade, para muitos, pode ser o ato de “trabalhar, produzir, ganhar

dinheiro, consumir, seguir a moda, satisfazer desejos de forma compulsiva e

imediata” (LIMA; BARROS; ALVES, 2012, p. 2). Contudo, alguns autores afirmam

que a busca por uma felicidade mais consistente segue referências mais

profundas, como a “realização pessoal, execução de um projeto de vida com

propósitos, enaltecendo qualidades subjetivas ou da alma, como o cuidado de si,

a autoestima, o autoconhecimento, a satisfação racional dos desejos e prazeres.”

E ainda podemos citar pontos mais como a participação em grupos de

convivência, o convívio familiar, a saúde integral, a autonomia, a dignidade, a

sexualidade, a espiritualidade, a paz, etc. (LUZ; AMATUZZI, 2008; WIBELINGER,

2014; PESSINI, 2014).

O envelhecer bem também estar interligada com a felicidade do

indivíduo nas quais se entrelaçam diversos elementos subjetivos interligados a

esperança, religiosidade, trabalho, família, amizade, saúde, capacidade cognitiva,

alcance dos objetivos, etc. (DENDENA et al., 2011). Luz e Amatuzzi (2008) revelam

em seus estudos que a experiência de felicidade para os idosos está na adaptação

destes ao processo das transformações trazidas pelo envelhecimento. No qual as

pessoas precisam manter o seu equilíbrio com as perdas e ganhos nessa idade.

Nesse sentido, a família é apontada como a fonte prioritária para o suporte e

apoio à pessoa ao seu curso de vida, principalmente na velhice. Um estudo

realizado por White (2015) nos Estados Unidos da América, concluiu que a

satisfação com a vida e a felicidade são decorrentes do convívio com familiares e

amigos, diminuindo, inclusive, os índices de depressão.

Pesquisa realizada na China pelos pesquisadores Wang et al. (2020) no

período inicial da doença encontrou que 54% dos participantes apresentavam


178

impacto psicológico moderado ou grave, 29% relataram sintomas graves de

ansiedade e 17% sintomas moderado a grave de depressão. Considerando esses

fatos, acerca dos idosos expostos a tal situação de quarentena, é compreensível

a vivência de reações emocionais e comportamentais que lhes geram estresses e

dificuldades como “saudade, solidão e tristeza diante da perda de contato com

atividades realizadas fora de casa, além da vivência do medo e preocupação em

relação a sua própria saúde e das demais pessoas próximas” (LINS et al., 2020, p.

15).

• Categoria 4 – Memes

Durante a pandemia de Covid-19, os órgãos sanitários definiram

critérios para estabelecer o “grupo de risco” e os idosos entraram nesse grupo.

Contudo, estes, continuaram sendo vistos nos espaços públicos das cidades, o

que gerou comentários e memes acerca de seus comportamentos e foram

considerados como teimosos (FARO et al., 2020).

Memes sobre os idosos pulando o muro de casa, retratados de modo

infantil, trancafiados, desafiando a exigência de isolamento social circulam as

redes sociais. Embora nas últimas décadas tenham surgido estudos positivos

acerca do envelhecimento positivo, melhor idade, velhice ativa. Tal circulação de

imagens acaba mostrando uma ideia de pessoas idosas como sem autonomia. E

ainda mais, isso mostra o tratamento discricionário e preconceituoso com o qual

o idoso é tratado e que a pandemia tornou mais visível (OLIVEIRA et al., 2020).

É possível perceber que o vírus da Covid-19 se tornou um desafio

gigantesco para a população idosa que além de sofrerem com o isolamento, o

medo, ainda tem as brincadeiras que circulam nas redes sociais que dificultam

ainda mais esses dias de aflição, medo e anseios que esse segmento vem

enfrentando nesse último ano (SILVA; SANTOS; OLIVEIRA, 2020).


179

A morte passou a ser escutada e lida diariamente nesse contexto

pandêmico. Todos os dias os jornais da TV comunicam e alertam que em 24 horas

tivemos 2.100 mortes, 2.800 mortes, 3.100 mortes, além de noticiarem também

os novos infectados no Brasil e no mundo. Esses dados assustam, preocupam e

dão medo a todos, principalmente os idosos. Estes últimos, passam a não ser

comunicado imediatamente da morte de amigos e parentes para não causar

desconforto ainda. Famílias e grupos buscam saídas mais reconfortantes para dar

notícias tristes, dentre outras situações (SANTOS; BRANDÃO; ARAÚJO, 2020).

A influência das mídias digitais gerou toxicidade na vida de idosos e

idosas, de forma que estes ficaram trancafiados em seus lares e uma das formas

de entretenimento e de passar o tempo foram a TV, celulares, etc e estes foram

bombardeados com informações negativas (SANTOS; BRANDÃO; ARAÚJO, 2020).

Diante do exposto, o cenário atual da pandemia expressa a

necessidade de compreender os impactos de toda a dinâmica e as mudanças no

mundo social, sobretudo para os idosos, que estiveram e estão em evidência

como “grupos de risco”, gerando um paradoxo de cuidados e atenção ao mesmo

tempo de preconceito e privação de autonomia.

Considerações Finais

Este Trabalho de Conclusão de Curso teve a finalidade de discutir

como é compreender como a pandemia impactou os idosos, especificamente em

relação à saúde mental. Cabe salientar que a motivação para este estudo,

decorreu da minha pesquisa do Mestrado, evidenciando que se precisa ter mais

discussão acerca desse assunto.

Após uma revisão minuciosa de textos, vimos o quanto a realidade de

gerações mudou com o passar do tempo. Hoje, temos mulheres que vivenciam

momentos que jamais imaginaram antes em suas vidas, porém que sofreram um
180

impacto significativo com o advento da pandemia que gerou nelas conflitos

emocionais.

Com as análises aqui feitas, apesar da dificuldade em encontrar um

material conciso acerca da pandemia e o envelhecimento feminino, diante ainda

estarmos vivenciando um período de calamidade pública, foi possível observar o

quanto a pandemia impactou este segmento populacional. Todavia, os dados

encontrados são relevantes e podem ser articulados com outros estudos,

principalmente por profissionais da saúde para uma melhor efetividade no

desenvolvimento das ações de aconselhamento e apoio emocional da velhice.

Vale também ressaltar que as limitações da pesquisa foram a seleção de apenas

texto em português o que limitou a discussão.


181

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185
9
186

Juliana Gaspar Azevedo Silveira


Elvira Clene Braga Rêgo
Suelen Duarte Brandão
Hudson Avelar Caminha Leal
Anna Yárina Melo Lins
Resumo
O uso do Cateter Venoso Central (CVC) é de suma importância na assistência à saúde, principalmente por
ser um forte aliado aos tratamentos nas Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O presente estudo objetivou se
avaliar e descrever as evidências encontradas na literatura sobre cuidados de enfermagem na prevenção de
infeções relacionado ao cateter venoso central. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura acerca dos
cuidados de enfermagem na prevenção de infecção relacionada ao cateter venoso central, cujas naturezas
foram predominantemente qualitativas. Entre os meses de abril a junho de 2019, realizou-se a busca nas
bases de dados eletrônicas de Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Scientif Eletronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF), MEDLINE Os textos foram
acessados na íntegra por meio do sítio virtual da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), onde foram selecionados
12 artigos da área da saúde. O enfermeiro é responsável por avaliar e prevenir se o dispositivo se encontra
favorável para a manutenção de vida do paciente, identificando e alertando os sinais e sintomas que
representam uma piora do quadro clínico do paciente relacionado ao dispositivo, que contrariamente
deveria contribuir de forma positivo para seu tratamento.

Palavras-chave: Acesso Venoso Central. Infecção. Enfermagem.


187

Introdução

Por volta dos anos 90 começou a se discutir uma nova nomenclatura

para as infecções no ambiente de saúde, sendo substituído o termo de Infecção

Hospitalar (IH) por Infecção Relacionada a Assistência em Saúde (IRAS), que é um

termo que melhor engloba as infecções adquiridas no ambiente de cuidados à

saúde (SILVA, 2016).

Assim sendo, a constante vigilância em relação a prevenção e/ou

tratamento dessas IRAS são de fundamental importância para que ocorra uma

evolução positiva no tratamento do cliente em questão. Nesse contexto, as IRAS

estão diretamente ligadas a uma assistência falha, no quesito protocolos de

higienização, surgindo assim uma oportunidade para microrganismos

proliferarem e se desenvolverem, retardando todo um tratamento empregado no

cliente. Assim sendo, a constante atualização e vigilância para com os protocolos

empregados em cada instituição, embasados cientificamente, devem ser

seguidos para que ocorra uma melhora no quadro e adesão ao tratamento ou

procedimento que deverá ser empregado no paciente.

Existem muitos protocolos com critérios, diagnósticos e medidas de

prevenção para a redução dessas Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde

(IRAS). Uma dos tipos de infecção são as da corrente sanguínea (ICS) relacionadas

a cateteres centrais (ICSRC). Para melhorar as práticas relacionadas aos cuidados

com dispositivos intravenosos, uma estratégia atualmente aplicada é a adoção

dos “bundles” ou pacotes de intervenção.

O acesso venoso por meio de vasos mais profundo teve início em

meados dos anos 40. Esse advento tecnológico, objetivou a infusão de terapias

líquidas que podem permanecer mais tempo no organismo do paciente (SILVA,

2016).
188

Os acesso venoso centrais, podem ser do tipo: de curta permanêcia ,

longa permanência, totalmemte implantáveis (port-a-cath), cateter central de

inserção periferica (PICC) e tunelizado (podendo ter um ou mais lúmens).

Os cateteres venosos centrais (CVC) são tubos flexíveis radiopacos,

feitos de diversos materiais, dentre eles encontram-se os de: silicone, poliuretano

ou teflon, podem ter de um a três lúmens, independentes entre si, de

comprimentos e calibres de vários modelos (SILVA; OLIVEIRA, 2016).

Com isso, o CVC mostrou-se bastante satisfatório quando empregado

para tratamentos de pacientes em estado hemodinamicamente instáveis,

principalmente aqueles clientes em estado critico ou semi- critico, dando um

aporte no tratamento medicamentoso e viabilizando a perfusão e infusão de

drogas necessárias para a recuperação da saúde da clientela necessitada.

Os CVC são de suma importância na assistência à saúde,

principalmente a procedimentos relacionados a Unidade de Terapia Intansiva

(UTI). O cliente internado em UTI pode apresentar gravidade no quadro clínico,

queda da imunidade, granulocitopenia, neutropenia, integridade da pele

prejudicada, presença de infecção secundária, estado nutricional alterado, assim

como doenças crônicas. Por esses motivos, para fins de diagnóstico, terapêutica

e monitorização, os pacientes internados em UTI necessitam do CVC (SILVA;

OLIVEIRA, 2016).

Porém, o número de infecções relacionada aos CVC mostram-se,

ainda, bastante significativos segundo o Boletim de Segurança do Paciente e

Qualidade em Serviços de Saúde (2016) os dados epidemiológicos agrupados no

banco de dados nacional quanto as notificações de IPCS associadas à CVCs

provenientes em UTI de 2.036 hospitais brasileiros, no ano de 2015 verificou-se

que houve um aumento de 20,3% em relação a 2014 quando comparado à 2011

esse aumento foi de 89,6% o que demonstra um acentuado crescimento do

número de hospitais que aderiram à notificação dos dados de IRAS.


189

Importante destacar que no ano de 2015, foram notificados à Anvisa

o perfil de sensibilidade de 31.735 microrganismos que causam IPCS associadas

ao CVCs, sendo distribuídos conforme os estudos de notificação a densidade de

incidência de IPCS nas UTIs adulto foi de 0,6 infecções por 1000 CVC/dia e a IPCSL

foi de 4,8 infecções por 1.000 CVC/dia; nas UTIS pediatricas a incidência de IPCS

foi de 2,4 infecções por 1.000 CVC/dia e a IPCSL foi de 5,7; e nas UTI’s neonatais

de acordo com a faixa de peso, a densidade de incidência das IPCS variou de 5, 8

a 6,7 e para IPCSL variou de 6,8 a 8,6 infecções por 1.000 CVC/dia (BOLETIM DE

SEGURANÇA DO PACIENTE E QUALIDADE EM SERVIÇOS DE SAÚDE, 2016).

Sendo a região Nordeste uma das àreas de maior concentração,

equivalendo à incidência de 41 infecções por IPCS por 1.000 CVC/dia e 328

infecções por IPCSL por 1.000 CVC/dia, totalizando 40.096 referentes ao CVC,

dando base para novas pesquisas e, de certa forma, atualização nos

conhecimentos das técnicas aplicadas desde a inserção até mesmo os cuidados

prestados para se tentar evitar esses agravos (BOLETIM DE SEGURANÇA DO

PACIENTE E QUALIDADE EM SERVIÇOS DE SAÚDE, 2016).

As infecções da corrente sanguínea em UTI constituem uma das

complicações relacionadas ao CVC mais frequentes, dispendiosas e

potencialmente letais. Além de estarem associadas a elevada morbidade, com

prolongamento do tempo e aumento dos custos de internação (SILVA; OLIVEIRA,

2016).

Estas infecções quando ligadas ao CVC são uma das principais causas

de aumento de morbimortalidade, e quando instalados em pacientes

hospitalizados, principalmente em UTI, são as responsáveis por infecções mais

graves devido ao maior tempo de permanência do paciente, maior colonização

com a flora hospitalar e maior manipulação do cateter (SILVA, 2016).


190

Por volta de 40% dos pacientes em uso do CVC desenvolvem infecção;

até 10% desenvolvem bacteremia e mais de 90% das bacteremias primárias nas

UTIs tem relação com o CVC (LOPES et al., 2012).

O uso de dispositivo intravascular, principalmente o CVC, torna-se o

principal fator de risco para as infecções da corrente sanguínea, das quais

aproximadamente 90% estão relacionados ao uso do CVC e, dentre essas, 45%

ocorrem em UTI. Assim sendo, um grande número de pacientes está em risco

para aquisição de infecção relacionada ao cuidar em saúde (IRAS), a partir do uso

de tais dispositivos (SILVA; OLIVEIRA, 2016).

A infecção pode acontecer no próprio dispositivo quanto ao redor, no

sítio de inserção. Os principais sintomas incluem eritema, febre e por meio de

exames laboratoriais se evidencia leucocitose. Medidas para se evitar a infecção

do CVC incluem a correta adesão da técnica estéril no momento da introdução e

trocas de curativos diárias (MORTON; FONTAINE, 2013).

Precauções primárias como: antissepsia das mãos, uso dos devidos

Equipamentos de Proteção Individual (EPI), produtos e técnicas corretas de

higienização são primordiais para se evitar as infecções de CVC. Assim também

como o correto e constante treinamento e/ou atualização da equipe intra-

hospitalar, visando assim a estatística cada vez menor de IRAS relacionada com

morbidades que podem ser evitadas com os reais cuidados.

Assim, podemos destacar o fundamental papel do enfermeiro que

atua na unidade de cuidados intensivos, pois, esse profissional possui a

competência para ser responsável, no mínimo, doze horas com os cuidados com

esses pacientes. É nossa a responsabilidade de cuidados relacionados com a

permanência e permeabilidade desses CVCs , sempre trabalhando em conjunto a

equipe multiprofissional . Assim, cuidados, que devem ser rotinas em uma UTI,

principalmente, devem ser colocados em prática e supervisionados para que

ocorram de forma cotidiana, tais como: lavagem das mãos, técnicas assépticas
191

seguidas e implementadas corretamente, utilização de materiais corretos e

capacitação dos profissionais.

É de responsabilidade da equipe de enfermagem a troca de equipos,

sempre respeitando os prazos adotados como seguros, com inclusão dos outros

materiais utilizados, tais como extensores e cânulas. O cuidado com o curativo do

CVC é de suma importância, devendo ser respeitado os prazos de trocas e sempre

utilizar técnicas assépticas e já recomendadas para esse procedimento.

Por meio da vigilancia constante, é possível avaliar o estado desse CVC,

se possui ou não sinais flogísticos, tentando assim ao máximo se evitar que o

atual dispositivo possa vir a desenvolver no paciente em questão infecções de

sítio e até mesmo uma provável sepse. Ou seja, para que haja um cuidado preciso,

o enfermeiro é responsável pela troca cotidiana do curativo que reverte esse CVC,

dispondo de conhecimento técnico-científico esse profissional atua com base em

um saber atualizado, sempre buscando oferecer uma qualidade no cuidar

prestado.

Com base nas informações apresentadas, podemos perceber que as

infecções relacionadas ao CVC são de caráter preventivo, com ações básicas, mas

rigorosas, passiveis de adequação e que facilmente podem ser protocoladas.

Por tanto, com base nestas considerações, quais são os cuidados de

enfermagem na prevenção da infecção relacionada ao cateter venoso central ?

Com base na atual pesquisa e dos conhecimentos aqui descritos é

notável o valor que o presente estudo trás para os enfermeiros e pacientes,

trazendo assim informações primordiais para a realização de uma assistência

adequada e viabilizando assim o processo de cuidados prestados.

O atual trabalho foi desenvolvido pela premissa de objetivar uma

assistência de qualidade e precisa, partindo de uma experiência profissional vivida

pelo autor.
192

Como a pesquisadora é envolvida na assistência de enfermagem,

despertou a curiosidade e interesse de desvelar o que vem sendo pesquisado

nessa esfera. Sendo assim, a partir da necessidade de delimitação do tema a ser

pesquisado, elaborou-se uma questão norteadora para procurar evidências na

literatura científica, com o seguinte questionamento: Qual a os cuidados de

enfermagem que irão contribuir na prevenção de infecção relacionada ao CVC.

Diminuindo os indices de IRAS relacionados ao CVC, melhorar a qualidade da

assistencia prestada , diminuir o tempo de internação , diminuir os custos e

melhoar o desfecho dos pacientes.

Objetivo Geral

Avaliar e descrever as evidências encontradas na literatura sobre

cuidados de enfermagem na prevenção de infeções relacionado ao cateter

venoso central.

Método

Realizou-se uma revisão integrativa da literatura acerca dos cuidados

de enfermagem na prevenção de infecção relacionada ao cateter venoso central,

cujas naturezas foram predominantemente qualitativas. Esse tipo de estudo se

utiliza de fontes bibliográficas ou eletrônicas para obtenção de resultados de

outras pesquisas, com o objetivo de fundamentar teoricamente a compreensão

de um fenômeno particular, auxiliando na melhoria da prática clínica e na tomada

de decisão. É um método específico que resume a literatura passada traçando

uma análise sobre o conhecimento já existente, possibilitando uma geração de

novos conhecimentos a partir dos resultados das pesquisas anteriores, além de


193

revelar as lacunas no conhecimento existentes (BOTELHO; CUNHA; MACEDO,

2011).

A revisão integrativa tornou-se um tipo de estudo imprescindível para

a área da saúde, por ser um método conciso e por propiciar uma melhor utilização

das evidências elucidadas em inúmeros estudos, além de emergir como uma

metodologia que propicia a síntese dos conhecimentos significativos,

possibilitando a incorporação da aplicabilidade dos resultados na prática. A

possibilidade de combinação de diferentes tipos de estudos, a combinação de

literatura teórica e empírica e a amplitude de propósitos que a revisão integrativa

permite, gera um panorama consistente e compreensível de conceitos

complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes para a enfermagem

(SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

Para a investigação acerca dos cuidados de enfermagem na prevenção

de infecção relacionada ao cateter venoso central, realizou-se levantamento da

literatura científica pertinente, análise e síntese dos resultados e, para tal, seguiu-

se as seis etapas indicadas nos estudos de Mendes; Silveira e Galvão (2008) e de

Souza; Silva e Carvalho (2010), a fim de cumprir criteriosamente todos os passos

necessários para a busca de evidências pertinentes as ações em enfermagem na

prevenção de infecção relacionada ao CVC.

As etapas se encontram descritas a seguir: 1) identificação do tema e

seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão

integrativa; 2) estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de

estudos/amostragem ou busca na literatura; 3) categorização dos estudos

selecionados; 4) avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; 5) análise

e interpretação dos resultados; 6) apresentação da revisão/síntese do

conhecimento.

De acordo com Mendes; Silveira e Galvão (2008), a escolha do tema

tem que consistir em um problema vivenciado na prática clínica, além de ser do


194

interesse do pesquisador que investiga. Essa etapa deve definir de maneira clara

e específica o objeto de estudo, sendo os descritores facilmente identificados,

predispondo a uma análise completa, de fácil identificação e aplicabilidade.

A partir da necessidade de identificação do tema e seleção da hipótese

ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa, elaborou-se o

seguinte questionamento: Qual a os cuidados de enfermagem que irão contribuir

na prevenção de infecção relacionada ao CVC?

Entre os meses de abril a junho de 2019, realizou-se a busca nas bases

de dados eletrônicas de Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da

Saúde (LILACS), Scientif Eletronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de

Enfermagem (BDENF), MEDLINE Os textos foram acessados na íntegra por meio

do sítio virtual da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).

Para a busca, utilizaram-se os seguintes descritores indicados pela

biblioteca de terminologia em saúde (DeCS/BIREME): cateter venoso central;

enfermagem; infecção.

• O estudo foi por meio da Revisão Integrativa de 12 (doze) publicações,

devido à similaridade com o tema proposto.

• Os critérios de inclusão estabelecidos: estudos indexados nas bases de

dados a partir dos descritores: cateter venoso central; enfermagem; infecção

• Publicações nacionais, divulgados em língua portuguesa.

• Estudos com natureza qualitativa, quantitativa e revisões de literatura.

• Ano de publicação 2009-2019.

Os critérios de exclusão estabelecidos foram as publicações que

correspondam a teses, dissertações, monografias e editoriais. Utilizou-se uma

estratégia de busca, previamente testada, para verificação e contemplação de

todos os estudos pertinentes à realização da pesquisa. A busca consistiu na


195

seleção da coleção de Literatura Científica e Técnica, a qual combinou-se os

descritores em: “cateter venoso central and enfermagem and infecção”. Como

resultado da pesquisa gerou 231 publicações, quando aplicados os critérios de

exclusão foram encontradas 57 publicações, que após a leitura dos resumos,

foram retiradas as duplicidades e aqueles fora da temática proposta. Então para

o resultado constaram 12 publicações, conforme fluxograma abaixo (Fluxograma

1).

Fluxograma 1 – Representação do processo de seleção dos artigos, conforme a leitura da


autora do estudo

Fonte: Elaboração dos autores (2019).

Para compor a caracterização dos artigos e propiciar a construção

deste trabalho recorreu-se a um instrumento de coleta de dados que engloba os

subsequentes elementos: ano de publicação, periódico, título do assunto,

pesquisadores, tipo e particularidade do trabalho. As pesquisas para a revisão

integrativa foram examinadas cuidadosamente, por meio de uma seleção de


196

dados, leitura ponderada e agrupamento de noções consubstanciadas em face

da ferramenta da coleta de dados.

Consecutiva ao decurso de leituras relevantes foi elaborado um

quadro de informações para qualificar tais referências. Do total de publicações

obtidas, utilizou-se somente 12 publicações relacionados ao tema. Eles

atenderam aos critérios de inclusão estabelecidos e mensuravam à temática do

presente estudo. Desta forma, foram excluídos todos os estudos no qual, não se

enquadravam na pesquisa e não se encontravam disponíveis on-line ou que

estavam duplicados.

As evidências extraídas dos artigos selecionados foram inseridas em

um instrumento elaborado para o presente estudo. O instrumento foi construído

para caracterizar as publicações e extrair os seus principais resultados,

contribuindo na aquisição de subsídios para a resolução da questão norteadora

desse estudo.

As informações extraídas dos artigos foram: título do artigo, título do

periódico, autores, base de dados que disponibilizou o artigo, ano de publicação,

instituição sede do estudo, características metodológicas do estudo, tipo de

publicação, objetivo ou questão de investigação, características da amostra,

critérios de inclusão/exclusão dos sujeitos, tratamento dos dados e resultados.

Realizado o preenchimento do formulário de coleta de dados, os

resultados foram apresentados em quadro para facilitar a visualização e a análise

dos resultados embasados em literatura pertinente no assunto.

Essa etapa é referente a como selecionar o material a ser analisado,

procurando explicações para os resultados diferentes ou conflitantes nos

diferentes estudos, a partir de algumas questões que podem ser utilizadas nessa

avaliação crítica dos estudos, como: qual a questão da pesquisa; qual é a base

para a questão da pesquisa; por que a questão é importante; como eram as

questões de pesquisas já realizadas; entre outros.


197

Foi realizada uma análise dos dados obtidos nos resultados, de forma

a apreciar o que foi divulgado nos artigos e buscar descrever as informações

evidenciadas nos estudos, confrontando-as. Foram utilizadas algumas questões

na avaliação crítica dos estudos como: qual a questão do estudo, se a questão do

estudo foi respondida e se o estudo atingiu seus objetivos.

Essa etapa é correspondente à discussão dos principais resultados na

pesquisa convencional, fundamentando-se na avaliação crítica dos estudos

inclusos e realizando a comparação do conhecimento teórico, a identificação de

conclusões e implicações resultantes (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Sendo assim, foi analisado o que as publicações discutem sobre

cuidados de enfermagem na prevenção de infecção relacionada ao cateter

venoso central, a partir, das evidências desse estudo.

A síntese ou apresentação dos resultados do estudo contempla a

apresentação concisa da resposta à pergunta-problema desta monografia,

contemplando o conhecimento existente sobre o tema em artigos científicos

nacionais. Também se caracteriza de forma ampla os estudos, deixando claro

como podemos utilizar os resultados da revisão. Esse trabalho é muito importante

por produzir impacto sobre o conhecimento acumulado na temática pesquisada

(MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Essa pesquisa é do tipo documental, então se utiliza de materiais de

livre acesso em bases de dados virtuais, descartando a necessidade de solicitação

de parecer em Comitê de Ética em Pesquisa ou dos autores dos estudos.


198

Resultados e Discussão

Buscou-se fontes científicas que explanassem ou possuíssem

alguma relação com o tema proposto, apresentando requisitos empíricos que

abordassem circunstâncias parecidas, inclusive os aspectos positivos e

negativos. A revisão integrativa de literatura foi exposta de maneira

conveniente, baseada em pesquisas originais e reconhecidas pelas entidades

brasileiras.

Sobre os estudos associados ao cateter venoso central, enfermagem

e infecção, constatou que existem 231 resultados, entretanto, quando se

relaciona aos cuidados de enfermagem na prevenção de infecção relacionada

ao acesso venoso central, a amostra se limita a doze publicações.

Após a análise na Base de Dados, a amostra da pesquisa foi

distribuída com informações fundamentais sobre sua caracterização, como:

periódico, ano, título, autoria, tipo de pesquisa, objetivo da publicação e

unidade temática.
199

Quadro 1 - Caracterização das pesquisas: número, periódico e ano de publicação, título,


pesquisadores, tipo de estudo, objetivo do estudo e unidade temática Fortaleza, 2019

Artigo Periódico/ Título do Pesquisadores Tipo de Objetivo do estudo Unidade


documento/ estudo Estudo temática
ano
01 Revista Adesão ao Araújo et al. Estudo Descrever o 1
Escola bundle de descritivo- comportamento dos
Enfermagem inserção de exploratório, profissionais da
USP, 2017 cateter de equipe de terapia
venoso abordagem intensiva neonatal e
central em quantitativa, pediátrica segundo
unidades os itens propostos
neonatais e no bundle de
pediátricas inserção de cateter
venoso central
(CVC), bem como o
perfil clínico e de
nascimento de
neonatos e crianças
Submetidas a esses
implantes.
02 Enfermagem Adesão Às Silva e Oliveira Tratou-se de Objetivou-se 3
Foco, 2017 Medidas Para um estudo verificar a adesão da
Prevenção quase- equipe
Da Infecção experimental. multiprofissional às
Da Corrente medidas para
Sanguínea prevenção das
Relacionada Infecções da
Ao Cateter corrente sanguínea
Venoso relacionada ao CVC.
Central
03 Revista de Adesão da Crivelaro et al. Estudo Verificar a adesão da 2
Enfermagem enfermagem quantitativo, equipe de
UFPE 2018 ao protocolo de campo, Enfermagem ao
de infecção transversal, protocolo de
de corrente observaciona infecção de corrente
sanguínea. l e descritivo sanguínea em
pacientes em uso de
cateteres
intravasculares.
04 Revista Adesão Da Dantas et al. Estudo Avaliar o 2e3
enfermagem Equipe De descritivo, conhecimento e
UFPE, 2017 Enfermagem exploratório, adesão da equipe
Às Medidas de de enfermagem às
De abordagem medidas de
Prevenção quantitativa, prevenção de ICSR-
De Infecções CVC em Unidade de
De Corrente Terapia Intensiva
Sanguínea Adulto.
200

05 Revista de Atuação da Mendonça et Estudo Discutir o papel da 3


Enfermagem enfermagem al. observaciona equipe de
UERJ, Rio de na prevenção l de natureza enfermagem sob a
Janeiro, 2011 e controle de qualitativa. perspectiva da
infecção de prevenção e
corrente controle de
sanguínea infecções de
relacionada a corrente sanguínea
cateter relacionadas a
cateter.
06 Revista Avaliação das Gomes et al. Estudo Avaliar a 2e3
enfermagem práticas de observaciona conformidade das
UERJ, 2017. curativo de l e seccional práticas de
cateter com prevenção de in-
venoso abordagem fecção de corrente
central de quantitativa. sanguínea
curta relacionada à
permanência realização do
curativo de cateter
venoso central de
curta permanência.
07 Revista Avaliação das Andrade; Pesquisa Analisar a utilização 2
Mineira de coberturas Borges e Lima retrospectiva e o custo de
Enfermagem para sítio de com caráter diferentes tipos de
2011 inserção do exploratório coberturas de CVC
cateter e descritivo em relação,
venoso também, a
central no frequência de
TMO: análise infecções
de custos. relacionadas ao
dispositivo em um
serviço de
transplante de
medula óssea.
08 Jornal de Fatores de Rosado; Revisão de Rever os fatores de 2e3
Pediatria, risco e Romanelli e literatura risco para infecção
2011 medidas Camargo associada a
preventivas cateteres venosos
das infecções centrais e as
associadas a recomendações
cateteres para a sua
venosos prevenção.
centrais.
09 Revista Infecção Silva; Oliveira e Revisão da Descrever as 1,2 e 3
Referência, associada ao Ramos literatura evidências e os
2009 Cateter avanços científicos
Venoso mais recentes.
Central –
Revisão da
Literatura
201

10 Jornal Infecção de Siqueira et al. Estudo Comparar índice de 1


Vascular corrente prospectivo, infecção entre os
Brasileiro sanguínea descritivo e acessos na jugular
2011. relacionada a comparativo interna e os na veia
cateter com 114 subclávia em
venoso cateteres em pacientes internados
central 96 pacientes nas enfermarias de
(ICSRC) em admitidos cirurgia.
enfermarias: nas
estudo enfermarias
prospectivo de cirurgia
comparativo de um
entre veia Hospital
subclávia e Quaternário
veia jugular
interna.
11 Online Risco de Andrade et al. Revisão Examinar as 2e3
Brazilian infecção no narrativa, que evidências
Journal of cateter avalia o risco encontradas na
Nursing, venoso de infecção literatura sobre as
2010. central - em Cateteres indicações e formas
revisão da Venosos de utilização do
literatura Central em Cateter venoso
Unidades de central, sua inserção,
terapia o risco de infecção,
intensiva as condutas
profissionais em
relação as práticas
seguras
relacionados a este
tipo de dispositivo.
12 Revista Saberes Da Barbosa et al. Estudo Avaliar o 2e3
enfermagem Equipe De quantitativo, conhecimento da
UFPE, 2017 Enfermagem descritivo, equipe de
Sobre exploratório, enfermagem sobre
Cuidados transversal. as boas práticas de
Com Cateter manutenção e
Venoso curativo de cateter
Central venoso central (CVC)
em conformidade
com o protocolo
institucional.
Fonte: Elaboração dos autores (2019).

Para melhor análise, foi realizada a organização dos artigos por

apresentação dos conteúdos que desvelaram “Unidades temáticas” pela

objetividade e por evidenciar uma prática assistencial segura; e foram agrupadas


202

por afinidades e aproximações relativas ao enfoque do estudo à saber, sendo

atribuídos números: 1 (um) para cuidados inerentes a inserção do cateter venoso

central; 2 (dois) para ações adequadas na realização de curativo do cateter venoso

central e 3 (três) para melhores práticas para a manutenção do cateter venoso

central.

Para a análise dos resultados encontrados, os resultados dos artigos

foram agrupados em “Unidades temáticas” que permitiram uma melhor

observação das evidências relacionada ao cuidado, com vistas a prevenção do

risco de infecção e oferta de uma prática profissional segura.

Nesta categoria são incluídos artigos que discursam sobre local de

inserção, técnica adequada e antissepsia correta.

Em estudo feito por Araújo et al. (2017) realizado em duas (2) UTIs de

um hospital de grande porte de Belo Horizonte, verificou-se na maioria das

inserções (37,3%) houve erro durante a degermação da pele e em (31,53%) foi

observado uso de técnica inadequada na utilização da clorexidina alcoólica. Em

apenas 5.1% não houve quebra de técnica na realização da inserção do CVC. É

recomendado que utilize clorexidina alcoólica com movimento de vai e vem por

30 segundos

Quanto ao tipo e localização do cateter, Silva; Oliveira e Ramos (2009)

recomendam que seja usado cateter impregnado de antisséptico em pacientes

que utilizam o CVC por mais de 5 dias, assim como é recomendado pelo CDC. E

em relação a localização, deve-se optar como primeira escolha pela veia

subclávia, pois estudos demonstram menor incidência de infecção.

Já Siqueira et al. (2011) em estudo realizado em uma enfermaria da

unidade cirúrgica do Hospital Central da Santa Casa de São Paulo encontrou que

o cateter inserido na VSC (veia subclávia) levou a uma maior incidência de

infecção, resultado diferente do estudo de Silva (2017).

Um dado importante revelado por Silva; Oliveira e Ramos (2017),


203

observou-se que 100% da equipe médica seguiam os protocolos recomendados

para prevenção das infecções durante a inserção do cateter.

Foram reunidas algumas medidas de prevenção que constam no

Manual da ANVISA, que se relacionam com algumas medidas encontradas nos

artigos discutidos no presente estudo.

• Escolher um sitio de inserção que tenha menor risco para ICS. Ainda não

há um consenso, mas a maioria dos estudos revela uma menor taxa de incidência

de infecções nas inserções em veia subclávia (VSC) em relação a veia jugular

interna (VJI).

• Padronizar “kits” que contenham todos os insumos necessários para a

adequada inserção do cateter central.

• Tricotomia, quando necessária, deverá ser realizada com aparelhos elétrico

ou tesouras. Evitar uso de lâminas de barbear, pois essas aumentam o risco de

infecção.

• Higienizar as mãos antes e após a inserção e para qualquer tipo de

manipulação do cateter.

• Utilizar barreira máxima estéril (gorro, mascara, avental estéril de manga

longa, luvas estéreis, campo estéril ampliado) no momento da inserção dos

cateteres centrais. Estende-se para toda a equipe envolvida no procedimento de

inserção do cateter.

• Realizar o preparo da pele com solução alcoólica de gliconato de

clorexidina > 0,5%, observando sempre o tempo de aplicação da clorexidina e de

30 segundos e deve ser realizada por meio de movimentos de vai e vem. E

aguardando a secagem espontânea do antisséptico antes de proceder a punção.

Foram agrupados nessa categoria artigos que falavam sobre os tipos de

cobertura, periocidade de troca e técnica asséptica na realização do curativo.


204

Gomes et al. (2017) observaram em estudo realizado em hospital

universitário de Fortaleza onde foram feitas 30 observações diretas que se dividia

em três etapas: preparo do curativo, execução do curativo e organização da

unidade. Observou-se que 73% dos enfermeiros utilizavam os EPIs

adequadamente e que 83.3% dos profissionais realizavam higienização das mãos

antes do procedimento.

Foi observado que nenhum profissional fez o registro de enfermagem

logo após a troca do curativo, considerada como uma falta grave, pois a evolução

de enfermagem é uma forma muito importante de comunicação entre os

profissionais. A resolução do COFEN 564/2017, que aprova o código de Ética para

os profissionais de Enfermagem, menciona como um DEVER em seu art. 36:

Registrar no prontuário e em outros documentos as informações inerentes e

indispensáveis ao processo de cuidar de forma clara, objetiva, cronológica,

legível, completa e sem rasuras.

Em estudo realizado por Dantas et al. (2017), observou-se que em

nenhuma das observações feitas, os enfermeiros realizaram a higienização das

mãos antes do curativo, mesmo afirmando previamente que a higienização é uma

etapa fundamental do procedimento. Observou-se também que em 90% das

observações, os curativos realizados não tinham sido datados. A data de

realização do curativo é uma informação crucial, já que a ANVISA recomenda a

realização periódica do curativo.

Podemos observar nos artigos acima selecionados que ações simples

podem ser tomadas para melhorar a qualidade da assistência prestada.

Quanto ao material de cobertura, pode ser utilizada a gaze estéril,

fixada com fita micropori hipoalergênica ou películas transparentes de

poliuretano. O curativo com gaze estéril necessita de troca em um período de 24

a 48 horas ou assim que apresentar sinais de sujeiras, enquanto o curativo com

cobertura de filme de poliuretano deve ser trocado entre cinco e sete dias ou
205

assim que apresentar sujidade (SILVA, 2016). Esta é a mesma recomendação atual

do Center for Disease Control and Prevention (CDC)

Foram reunidas algumas medidas de prevenção que constam no

Manual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2009).

• Usar gaze e fita adesiva estéril ou cobertura transparente semipermeável

estéril para cobrir o sítio de inserção, em caso de sangramento ou diaforese

excessivos, preferir gaze e fita adesiva estéril a coberturas transparentes.

• Usar técnica asséptica durante a realização do curativo. Importante a

higienização das mãos antes e depois da realização do curativo.

• Preconiza que o período de troca da cobertura com gaze e fita adesiva

estéril seja a cada 48 horas e a troca com a cobertura estéril transparente seja a

cada sete dias. Importante avaliar o curativo diariamente, pois este deve ser

trocado imediatamente, independente do prazo, se estiver suja, solta ou úmida.

Na hora do banho também é importante que as coberturas, cateteres e conexões

sejam protegidos com plástico ou outro material impermeável.

• Utilizar esponjas impregnadas com gliconato de clorexidina ou

cobertura semipermeável de poliuretano com gel hidrofílico contendo gliconato

de clorexidina a 2% em pacientes adultos internados UTI.

As publicações classificadas nessa categoria são aquelas que

discursam sobre a higienização das mãos, desinfecção das conexões e educação

continuada da equipe de enfermagem.

Crivelaro et al. (2018) revelaram que em estudo realizado em um

hospital de ensino no interior de São Paulo obteve uma alta adesão ao protocolo

de prevenção de infecção de corrente sanguínea por parte da equipe de

enfermagem, visto que 68,74% dos equipos de infusão eram identificados por

cores de acordo com protocolo da instituição. E a periodicidade eram seguidas


206

rigorosamente.

Já no estudo realizado por Silva e Oliveira (2017) em uma UTI de um

hospital público em Belo Horizonte foi observado que 89,7% dos profissionais

não realizaram a higienização das mãos para troca do sistema de infusão e 72.9%

não higienizaram as mãos antes e após administração de medicamentos. A taxa

de adesão de desinfecção do HUB também foi muito baixa, apenas 40% a

fizeram.

Algumas medidas preconizadas pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (2009) relacionados com os artigos da amostra.

• Garantir número adequado da equipe assistencial, de acordo com o

número e gravidade dos pacientes, e evitar a rotatividade da equipe assistencial.

• Garantir capacitação sobre prevenção e controle das IRAS não só da

equipe de enfermagem, mas de todos os prisionais envolvidos na assistência do

paciente com AVC.

• Realizar desinfecção das conexões do cateter (HUB), assim como a

desinfecção dos frascos e ampolas antes da preparação de medicamentos com

solução antisséptica a base de álcool, com movimentos aplicados de forma a

gerar fricção mecânica, de 5 a 15 segundos.

• Estabelecer padronização de troca de equipos de rotina a cada 72 horas

• Avaliar frequentemente o sítio de inserção dos cateteres centrais, por

inspeção visual e palpação sobre o curativo intacto.

• Saber reconhecer os sinais e sintomas de uma infecção.

• Viabilizar a confecção de protocolos e bundle de intervenção.


207

Considerações Finais

É notável, após a leitura do atual trabalho, que as taxas relacionadas a

infecções de CVC ainda constituem um número bastante elevado, colando em

relevância todos os estudos e informações presentes na atualidade.

As infecções relacionadas ao CVC trazem um grande custo para as

redes hospitalares. Com isso, é preciso estudar toda essa problemática e procurar

intervir, com a criação de protocolos operacionais padrão (POPs) institucionais

embasados por organizações conceituadas, e educação permanente da equipe

de saúde multiprofissional, visando um melhor aproveitamento dos recursos

tecnológicos, físicos e humanos, viabilizando assim a estadia do cliente que do

serviço de saúde necessita. Tendo como lógica que quanto menor a permanência

menor será a probabilidade que infecções.

É quase unânime que em todas as publicações utilizadas no estudo ,

revelam que é de fundamental importância a atualização de toda a equipe de

saúde, em especial a enfermagem tem função de destaque nos cuidados para

com esses pacientes que estão em uso dessa tecnologia, que é o CVC, onde é de

nossa responsabilidade por manter e observar se tal dispositivo encontra-se

favorável para a manutenção de vida desse cliente, encontrando e alertando,

muitas das vezes, sinais e sintomas que façam que o quadro clínico do paciente

seja agravado drasticamente.

Assim, a contínua atualização da equipe de enfermagem traz

benefícios não somente para o paciente, mas também para as unidades

hospitalares, pois essa terá um pessoal qualificado e capacitado para agir

preventivamente, diminuindo os custos financeiros e de estadia dessa clientela

com infecções nosocomiais.

Com isso, uma equipe que tem uma educação continuada rica em

conhecimentos atualizados e cada vez mais específicos em relação as prevenções


208

das infecções relacionadas ao CVC tem uma qualidade de tratamento mais

abrangente e com uma boa recuperação do estado geral dessa clientela. Assim,

é primordial o aprofundamento dos conhecimentos científicos dos enfermeiros

para que haja uma assistência eficaz, onde as técnicas e materiais possam ser

empregados da melhor forma para se evitar uma infeção.


209

Referências

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+n%C2%BA+14+Avalia%C3%A7%C3%A3o+dos+indicadores+nacionais+das+I
nfec%C3%A7%C3%B5es+Relacionadas+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A
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213
214

10

Ediney Linhares da Silva


Eduardo Cipriano Carneiro
Joyce Maria Portela de Brito
Karla Carolline Barbosa Dote
Lidiane Luzia de Araújo Fernandes
Máximo de Castro Maciel

Resumo
Objetiva-se neste estudo relatar a experiência de discentes de mestrado profissional na área de ensino na
saúde frente às aulas remotas ministradas em Fortaleza/CE durante a pandemia de covid-19. A metodologia
é norteada pelas pesquisas qualitativa e descritiva e relato de experiência, que permite aos autores a
dispensa de apreciação por comitê de ética em pesquisa. Foi característico do relato a presença de anseios
e receios relacionados ao formato das aulas do programa de mestrado e seus efeitos na formação de mestres
em ensino na saúde diante das implicações que a pandemia de covid-19 causou em todas as esferas do
sistema educacional. Foram identificados benefícios gerados pela migração do método de ensino presencial
para o formato remoto, tais como a autogestão do tempo, o aprimoramento ou desenvolvimento de
habilidades com as tecnologias e ferramentas digitais, valências voltadas à criatividade, o favorecimento da
sincronicidade e presença dos discentes nas aulas em detrimento de sua geolocalização, a economia
relacionada aos gastos com transporte e alimentação para os alunos residentes em outras cidades. Em
contraponto, aspectos negativos foram checados, manifestando-se em situações como falhas presentes em
conexões de internet, quedas no fornecimento de energia, o não domínio de tecnologias e ferramentas
digitais, a limitação do cenário e do tempo de discussão acadêmica, ambas restritas à tela de aparelhos de
celular ou computador. Em consultas a estudos relacionados visualizou-se que esferas de ensino tiveram
impactos semelhantes, embora respeitem-se suas singularidades e, apesar disso, estima-se que, do ponto
de vista de evolução do processo ensino-aprendizagem, houve mais avanços que retrocessos.

Palavras-chave: Pandemia por Covid-19. Programas de Pós-graduação em Saúde. Mestrado Profissional.


Ensino na Saúde. Aulas Remotas.
215

Introdução

O biênio 2020/2021 foi, do ponto de vista da saúde pública global,

caótico. Nesse ínterim, foram vivenciadas duas grandes ondas de covid-19,

enfrentadas após o diagnóstico do seu primeiro caso, registrado em 2019, na

cidade chinesa de Wuhan, conforme dados da Organização Mundial de Saúde

(FOLHA INFORMATIVA SOBRE COVID-19, 20--). Desde então, todas as nações do

mundo passaram por processos de adaptação à nova realidade, com todas as

suas questões que requereram atenção ímpar.

No Brasil, inúmeros decretos e legislações foram estabelecidos a fim

de restringirem a proliferação do vírus SARS-Cov-2. No Ceará, por exemplo, o

Governo Estadual publicou o Decreto nº 33.510, em março de 2020, onde

dispunha medidas de enfrentamento ao novo coronavírus. Já em Fortaleza,

capital cearense, as recomendações também se voltaram à adesão do isolamento

social e suspensão das atividades presenciais de trabalho em diversos setores,

dentre os quais o setor educacional (além de outras medidas sanitárias

defendidas nos diversos âmbitos sociais).

Tais medidas levaram o Ministério da Educação e Cultura (MEC) a

recomendar, na Portaria n° 343, de 17 de março de 2020, estabelecendo “aulas

mediadas por tecnologias digitais, como uma estratégia para substituir os

encontros presenciais, minimizando os prejuízos na esfera educacional

decorrentes da pandemia” (BRASIL, 2020). Diante disso, todas os níveis de ensino

migraram as suas atividades para o formato remoto, desafiando-se a enfrentar

limitações e novos aprendizados, típicos dos processos de mudança.

No caso do ensino superior, as instituições federais e estaduais

acataram as deliberações dos decretos e normativas dos órgãos de saúde no que

se refere à vigência do período de realização das aulas na modalidade virtual.

Com isso, programas de pós-graduação lato e stricto sensu adiaram a oferta de


216

vagas em processos seletivos, reorganizando seus cronogramas e processos de

trabalho, como foi o caso de um Mestrado Profissional com ênfase no Ensino na

Saúde, em andamento na capital cearense.

Em seu decênio, o curso (pertencente a uma universidade estadual)

abriu chamada pública para a formação de sua décima turma, e teve determinado

como início das atividades o segundo semestre de 2021, depois de adiamentos

em virtude da pandemia de covid-19.

Ainda que as expectativas para acompanhar as aulas presenciais

fossem altas, o aumento nos índices de casos de pessoas infectadas pelo vírus e

o crescente número de óbitos inviabilizou o sonho dos aprovados, mas não fez

perder o brilho trazido com sua aprovação no processo seletivo.

Diante do contexto apresentado, o artigo surge com o intuito de

relatar a experiência de discentes de mestrado profissional na área de ensino na

saúde frente às aulas remotas ministradas em Fortaleza/CE durante a pandemia

de covid-19. A escolha do objeto é justificada pelo anseio dos mestrandos em

compartilhar suas percepções acerca do cenário educacional durante o período

de crise pandêmica gerada pelo agente etiológico SARS-Cov-2 e pela

contribuição ofertada, no que diz respeito ao aumento no número de produções

acadêmicas, destacando um olhar ímpar dos mestrandos a partir de um cenário

de proporção global, que afeta diversas esferas diferentemente.

Dito isso, destaca-se que o recorte qualitativo, descritivo e de

observação simples e participante, a partir do relato de experiência, ofereça um

cenário capaz de ser revisitado futuramente por estudiosos, a fim de se

registrarem avanços na temática abordada, bem como, oportunidades de lidar

com aspectos inovadores em situações-problema.


217

Objetivo

Relatar a experiência de discentes de mestrado profissional na área de

ensino na saúde frente às aulas remotas ministradas em Fortaleza/CE durante a

pandemia de covid-19.

Metodologia

Em face da composição do trabalho disposto houve a necessidade de

se delimitar uma metodologia condizente com o percurso ao qual foi seguido

pelos autores, que identificaram no objeto de estudo, a oportunidade de

descrever pormenores que surgiram no decorrer do andamento do curso de

mestrado e da pandemia de covid-19.

O estudo foi conduzido a partir das pontuações dos autores que foram

também, atores do cenário destacado, atores estes que possuem formações

relacionadas às áreas de Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia,

Fonoaudiologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.

Pondera-se que o lócus escolhido para análise comporta aspectos e

relações multiprofissionais, o que justifica o olhar a ele direcionado, uma vez que

se trata da única instituição de ensino superior pública estadual com oferta de

formação acadêmica para titular Mestres em Ensino na Saúde no Ceará.

Com isso, a produção a qual se debruça sobre um relato de experiência

assume o caráter de estudo descritivo e abordagem qualitativa, sendo

desenvolvida no período de setembro de 2021 a janeiro de 2022, em Fortaleza-

CE.
218

Em virtude da abordagem escolhida, fez-se importante referenciar o

percurso metodológico, apresentando-se, inicialmente, a pesquisa qualitativa

como aquela que

trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,


valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos
à operacionalização de variáveis (MINAYO, 2011, p. 21).

Uma vez estabelecida a natureza do estudo, busca-se suporte na

pesquisa descritiva, já que nela consegue-se, facilmente, “descrever as

características, propriedades ou relações existentes no fenômeno investigado,

favorecendo a formulação clara do problema e de hipóteses para tentativa de

solução”, como formula Gil (2019, p. 47). Acrescenta-se ainda que a experiência

descritiva

possibilita desvendar os problemas emergentes da sua prática, uma vez


que se desenvolve em uma situação natural e rica em dados descritivos,
já que focaliza a realidade de forma contextualizada. Também é possível
examinar uma grande variedade de aspectos do processo social, o
significado das experiências e o imaginário dos participantes; a forma
como se articulam os processos sociais, os discursos e os significados
que produzem (MAGALHÃES; MARTINS; RESENDE, 2017, p. 43).

Em adendo ao exposto, aponta-se que o relato de experiência (RE)

reflete sobre nuances que nem sempre são evidenciadas, embora sejam

percebidas. Córdula e Nascimento (2018) concordam que a produção de estudos

tem como finalidade contribuir para o progresso do conhecimento, sendo assim

tornam-se relevantes trabalhos que abordem a sistematização da construção de

estudos da modalidade RE, uma vez que o saber científico contribui na formação

do sujeito e a sua propagação está relacionada com a transformação social.

Tendo a compreensão desse fator, tornou-se essencial compor o

registro do relato de experiência, sendo escolhidos a observação participante


219

(que pode ser considerada parte essencial do trabalho de campo qualitativo) e o

diário de campo (importante instrumento de pesquisa) para subsidiarem o

desenvolvimento do trabalho. Nesse quesito, no que se refere à observação

participante, Minayo, Deslandes e Gomes (2011, p. 32) descrevem-na como:

um processo pelo qual mantém-se a presença do observador numa


situação social, com a finalidade de realizar uma investigação científica.
O observador está em relação face a face com os observados e, ao
participar da vida deles, no seu cenário cultural, colhe dados
significativos.

Sua importância é de tal ordem que alguns estudiosos a tomam não

apenas como uma estratégia no conjunto da investigação, mas como um método

em si mesmo, para compreensão da realidade, com objetivo de observar o

comportamento dos envolvidos durante as vivências grupais.

Já o diário de campo, registrou as percepções dos pesquisadores-

participantes dentre outros elementos evidenciados nos encontros e diálogos,

resgatando sua subjetividade e relação crítica com seu objeto de estudo. Em

suma, o diário de campo representa o é uma das ferramentas mais básicas de

registro utilizadas pelos pesquisadores (VICTÓRIA; KNAUTH; HASSEN, 2000).

Vale ressaltar que, embora exista todo o requinte metodológico para

a compilação de dados e sua discussão, não houve a busca por parecer do Comitê

de Ética, haja vista se tratar de relato de experiência e esta modalidade dispensar

tal avaliação. Menciona-se ainda que, foram respeitados os princípios da

Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que trata das pesquisas

com seres humanos, sendo preservados o anonimato dos participantes e a

confidencialidade dos dados, tendo estes, utilização somente para fins do relato

de experiência.
220

Resultados e Discussões

No segundo semestre de 2021 o processo seletivo para a décima

turma do Mestrado Profissional Ensino na Saúde foi finalizado e os nomes dos

candidatos aprovados foram divulgados em setembro do mesmo ano, havendo

a ciência de todos que, frente às manifestações da pandemia de covid-19, não

seria possível ocorrer nenhuma cerimônia de aula inaugural do curso, bem como,

a realização das disciplinas em formato presencial ou híbrido, em virtude de

deliberações do Governo do Estado do Ceará e da própria gestão da universidade

pública estadual.

Vale ressaltar que, antes mesmo da seletiva findar, seus trâmites já

vinham ocorrendo remotamente, através de envio de documentação via e-mail e

entrevistas virtuais com os candidatos. Entretanto, iniciadas as aulas, as

expectativas de retorno à modalidade presencial aumentaram pois, junto com a

aprovação numa pós-graduação stricto sensu surgiram, também, a euforia

advinda da conquista de um sonho, a perspectiva de ascensão acadêmica e

profissional, além de outros aspectos alimentados pela subjetividade de cada

discente.

Conforme seguiram-se as aulas virtuais síncronas e assíncronas foram

sendo percebidas fragilidades e potencialidades provenientes deste formato,

assim como foram se manifestando agravos da pandemia de SARS-Cov-2, não

somente no Brasil, mas na cidade de Fortaleza/CE, trazendo ao centro das

discussões a manutenção do estado remoto de trabalho pelos docentes do

programa de mestrado.

Retomando as pontuações percebidas, foi notório que o uso da

tecnologia e dos recursos tecnológicos empreendidos nas aulas ministradas foi

de fácil acesso, embora tenham se destacado alguns entraves oriundos do

domínio ineficaz de alguns discentes sobre essas mesmas tecnologias e recursos.


221

A plataforma Google Meet, por exemplo, foi oferecida como ponto de

interseção tanto para as aulas como para o desenvolvimento das atividades em

pequenos grupos. Os docentes e a turma demonstraram grande empenho para

que as aulas fossem exitosas, embora houvesse certo receio de que esse novo

formato apresentasse uma qualidade aquém do esperado, que houvesse baixa

adesão/participação dos discentes nas discussões e reflexões ou ainda, que

surgissem contratempos com a conexão de internet ou interferências do

ambiente externo.

Ao longo do período compreendido pelos meses de setembro de 2021

a janeiro de 2022, foi expressiva a presença de metodologias ativas, e a

autogestão do tempo, por parte dos mestrandos, foi desafiadora pois, para a

maioria dos estudantes, o percurso acadêmico ao longo dos anos ocorreu com

interações físicas e presenciais, opondo-se às ações de distanciamento e reclusão

que tanto identificam a pandemia de Covid-19 (que tem alterado as relações

humanas em suas múltiplas expressões).

Partindo do que fora abordado, os autores-participantes chegaram a

uma síntese sobre fatores correlatos às aulas remotas, compreendendo que a

migração do ensino presencial para o remoto desencadeou processos de

adaptação, mas também evidenciou limitações ou entraves na comunidade

acadêmica, advindas de situações subjetivas dos indivíduos ou por elementos

externos. Assim, dispõem-se os aspectos referidos no Quadro 1 abaixo.


222

Quadro 1 – Aspectos que influenciam o processo de ensino-aprendizagem em aulas remotas


na percepção dos discentes do Mestrado Profissional Ensino na Saúde
Potencialidades Encontradas Fragilidades Percebidas
Possibilidade de assistir as aulas em locais
Diminuição da interação e socialização da turma.
variados e com multimeios.
Disponibilidade de Ambiente Virtual de
Dificuldade de adaptação do discente com o
Aprendizagem com material didático
formato da aula apresentada.
previamente disponibilizado e de fácil acesso.
Flexibilização do processo ensino-
Dificuldades de acesso às aulas, como instabilidade
aprendizagem aliado ao uso de tecnologias
de internet, queda de energia.
como estratégias de aprendizado.
Distrações e interferências ambientais, filhos,
Promoção do protagonismo do discente.
animais, visitas, demandas domésticas.
Otimização dos horários de estudo, economia
Dificuldades na rotina de organização de tempo
de tempo e de deslocamento para aula
para as leituras e atividades.
presencial.
Ritmo acelerado de aulas, com momentos
Aulas síncronas com participação ativa dos
limitados para as discussões acerca dos temas
docentes e discentes.
abordados.
Desconfortos visuais devido a exposição
Disponibilidade das aulas gravadas para assistir prolongada a tela de computador. Mialgia
quando desejar. relacionada a postura inadequada por tempo
prolongado na cadeira.
Desenvolvimento de novas habilidades Desconhecimento e dificuldade para utilizar
tecnológicas pelos discentes recursos e ferramentas tecnológicas.
Fonte: Elaboração dos autores.

Os encontros iniciaram conforme o calendário acadêmico, em

setembro de 2021, com o Seminário Integrado de Acolhimento e apresentação

dos gestores, coordenadores e corpo docente. Para promover a interação entre

mestrandos e professores houve um momento de apresentação em que os

discentes dissertaram brevemente sobre sua trajetória acadêmica e profissional,

suas experiências, vivências prévias e suas expectativas em relação ao curso.

A euforia foi percebida entre os mestrandos que vislumbravam com a

realização de um sonho, ingressar no Mestrado em Ensino na Saúde, e quanto

aos professores, ficaram animados em perceber a diversidade de saberes entre a

turma que era formada por enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas,

profissionais de educação física, assistentes sociais, pedagogos, psicólogos,

médica e terapeuta ocupacional. Já se projetava tais experiências na riqueza das


223

discussões compartilhadas em diferentes vertentes, o que corroboraria com o

objetivo do curso em promover a inter e a multidisciplinaridade no ensino na

saúde. Para finalizar, foram abordados aspectos normativos e burocráticos para

o bom andamento do curso.

Dando seguimento ao calendário acadêmico proposto, em outubro de

2021 foi apresentada a disciplina de Avaliação de Programas e Currículos (APC),

ministrada por professora doutora, dividida em 04 encontros síncronos,

totalizando a carga horária de 45 horas/aula. Teve como conteúdo programático

a abordagem sobre a criação das universidades no Brasil, a Lei Nº 10.861 de 14

de abril de 2004 que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Superior (SINAES), discorreu sobre o cenário, avanços e contradições do ensino

superior no Brasil, da Portaria Normativa Nº 4 de 5 de agosto de 2008 que

“regulamenta a aplicação do conceito preliminar de cursos superiores, para fins

dos processos de renovação de reconhecimento respectivos, no âmbito do ciclo

avaliativo do SINAES instaurado pela Portaria Normativa nº 1, de 2007”.

Foi discutido ainda sobre a importância de conhecer as Diretrizes

Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos da saúde para o planejamento dos

Projetos Políticos Pedagógicos (PPP), os programas educacionais, a avaliação e

os modelos desses, bem como as profissões da saúde.

As metodologias de ensino utilizadas foram as aulas expositivas

através do Google Meet, apresentação de vídeos, discussão em grupo sobre as

diferentes profissões e como as DCNs poderiam ser incorporadas no currículo

para o desenvolvimento das competências e habilidades inerentes a cada curso

de forma a contribuir para a formação profissional do discente no contexto do

Sistema único de Saúde (SUS).

O processo avaliativo foi formulado a partir da divisão da sala em

subgrupos, onde cada grupo realizava a análise da DCN de um curso na área da

saúde e posteriormente apresentava suas percepções relacionando-as com a


224

disciplina. Também foi realizado a avaliação do PPP de graduação ou residência

seguida de uma análise crítica reflexiva fundamentada nas leis, normas e

diretrizes relacionadas a educação em saúde. Para finalizar, no ciclo de avaliações,

um seminário composto por duas equipes que avaliariam a construção do PPP

de curso enquanto outras duas equipes seriam avaliadas. Esse método instigou

debates e discussões acerca dos critérios exigidos para o PPP tornando o

processo de ensino aprendizagem mais dinâmico para os alunos.

Na sequência dos encontros, em novembro de 2021 foi apresentada a

disciplina de Desenho Curricular e Formação (DCF), ministrada por duas

professoras doutoras, dividida em 04 encontros síncronos, totalizando a carga

horária de 60 horas/aula. Teve como conteúdo programático a Avaliação de

Programas e Políticas Curriculares, Concepções e Teorias Curriculares, Projeto

pedagógico de Curso e das Profissões da saúde, Organização Curricular,

Avaliação Curricular, Pesquisas em dissertações de Programas em Ensino na

Saúde que tem como objetivo o currículo no curso da saúde.

As estratégias de ensino subsidiadas pelas aulas expositivas através do

Google Meet, apresentação de vídeos, exposições dialogadas e discussões em


grupos, problematizações identificadas a partir das experiências prévias dos

discentes, rodas de conversa, reflexões críticas dialógicas, utilização da

plataforma Moodle, atividades teórico/práticas, nuvens de palavras através dos

recursos do Wordclouds, e a construção de um mural com palavras chaves no

Padlet.
O processo avaliativo seguiu os princípios da avaliação formativa e

somativa a partir de textos escritos, apresentações orais e trabalhos em grupo.

Para realizar o diagnóstico situacional do conhecimento prévio dos alunos foi

solicitada a elaboração de um texto autobiográfico, a partir de um roteiro

disponibilizado na plataforma, que norteou o primeiro encontro síncrono através

de rodas de conversas e discussões. As três atividades seguintes foram


225

desenvolvidas em subgrupos envolvendo diálogos sobre as experiências

curriculares na área da saúde, aprofundamento das experiências narradas e para

finalizar, pesquisas em dissertação de programas em ensino na saúde que tenha

como objeto o currículo em curso da saúde.

Dado andamento ao calendário acadêmico proposto, em dezembro

de 2021 foi ofertado o módulo de Metodologia da Pesquisa Aplicada ao Ensino

na Saúde (MPAES), ministrado por um professor doutor. A disciplina totalizou 45

horas/aula e o conteúdo programático versou sobre reflexões acerca dos tipos

de estudos, abordagens qualitativas e quantitativas, métodos e técnicas de coleta

e análise de dados, elaboração e apresentação de projetos de pesquisa.

Foram utilizadas as estratégias educacionais de miniexposição,

estudos dirigidos e trabalhos em pequenos grupos. Os alunos expuseram

discussões ricas e proveitosas acerca de suas experiências prévias com os estudos

sobre metodologia e escrita científica, além de agregar novos conceitos e formas

de sintetizar as leituras.

O processo avaliativo compreendeu a construção de um quadro de

congruência em consonância ao anteprojeto enviado na seleção do programa;

análise reflexiva sobre uma foto contendo uma frase de impacto e ainda um teste

em formato de questionário, onde os discentes responderam na plataforma

virtual de ensino.

Enquanto participantes, iniciamos o ano de 2022 com as aulas

presenciais ainda suspensas. A disciplina ministrada no mês de janeiro foi a de

Gestão e Planejamento de Programas Educacionais (GPPE), atendendo a carga

horária de 45 horas/aula e ministrada por professora doutora. Os conteúdos

discorreram sobre as dimensões e ferramentas para a gestão educacional em

saúde, considerando os paradigmas e desafios da gestão educacional e os

modelos de gestão na saúde.


226

Foram contextualizadas atividades distribuídas em encontros

síncronos e assíncronos, através de estudo dirigido, narrativas, trabalho em

grupo, exposições dialogadas e vídeos. Sua forma de avaliação consistiu em

atividades individuais e em grupo, através da construção de uma linha do tempo

com marcos históricos na saúde brasileira, narrativas com experiências dos

mestrandos e ainda uma gravação de entrevista com gestores.

Esses elementos compuseram o total de 4 disciplinas ofertadas em

modo remoto de ensino, vivenciadas em sua plenitude e limitação ao cenário

virtual, por hora necessário. Apreendeu-se que esta experiência não fora

menosprezada, pois o percurso seguido pelos autores foi essencial para o acesso

a novos conhecimentos, ferramentas, métodos e técnicas de ensino.

Tratou-se de um ciclo de reinvenções onde, foi possível compor um

perfil profissional e acadêmico, ainda em construção com bases fornecidas pelo

mestrado, capaz de se estender aos ambientes profissionais dos alunos, sendo

facilmente aplicado e adaptado às diversas realidades dos cenários em que são

atuantes.

Como forma de enriquecer esta abordagem, buscaram-se estudos

relacionados ao objeto de estudo desta produção. Foram priorizados trabalhos

publicados dentro do cenário pandêmico do coronavírus, ou seja, os escritos

entre janeiro de 2020 e janeiro de 2022, sendo selecionadas duas produções, com

o propósito de embasar a presente temática.

Santos et al. (2021) apresentam um relato de experiência de

doutorandos em aulas remotas emergenciais. Os autores inserem a mudança de

rotina acadêmica, suas frustrações e anseios, bem como a migração do modelo

de aulas presenciais para o formato remoto num curso de doutorado na área da

saúde, dando-se isto, como consequência do surgimento e proliferação do vírus

SARS-Cov-2 até seu alcance global, enquanto pandemia. Explora-se, também, no

artigo, as dificuldades e superações dos discentes e docentes no que se refere ao


227

manuseio e adaptação às ferramentas tecnológicas antes não integrantes da

rotina acadêmica, considerando que este desafio apontou novas perspectivas e

métodos de trabalho para o pós-pandemia.

Silva et al. (2021) apontam em seu artigo os entraves ocasionados pela

covid-19 no campo educacional da enfermagem na cidade de Salvador/BA, mas

reforçam os ganhos gerados com a utilização das tecnologias digitais, tais como

a autonomia, a criatividade e o desenvolvimento de novas habilidades em

professores e alunos. Mencionam ainda a falta de capacitação para manuseio de

ferramentas e plataformas virtuais, acarretando desperdício de tempo para

realizar a conexão devida, assim como, para a execução das aulas. Por fim, as

autoras descrevem que, apesar dos aspectos negativos, há benefícios que

circundam o protagonismo alunar e novas relações do ensino-aprendizado.

Conclusão

A experiência relatada, favorecida pelo uso das tecnologias da

informação e comunicação, permitiu que professores e alunos pudessem realizar

as aulas e os debates de maneira fluida. A maioria dos discentes nunca teve

experiência com o ensino remoto emergencial, no entanto, conhecia as

tecnologias e desenvolveu o senso crítico participando ativamente das

discussões.

As metodologias ativas foram utilizadas, como por exemplo, o uso de

narrativas e situações-problema, na qual os discentes criavam cenários fictícios

ou não para discutir um conteúdo da aula.

Dessa maneira, mesmo sendo mediadas por tecnologias, as atividades

realizadas possibilitaram que os discentes pensassem na transformação da

realidade durante o desenvolvimento das temáticas, possibilitando a ampliação

de suas compreensões e aprendizagens. Além disso, durante as aulas os docentes


228

se mostraram abertos ao diálogo para enfrentar dificuldades e como também

estimular a curiosidade e o interesse dos alunos no alcance dos objetivos do

processo de ensino e de aprendizagem.

Compreende-se, portanto, que a experiência que discentes e docentes

vivenciaram é a reflexão constante sobre o sentido da universidade em termos

políticos e didáticos, reconhecendo o compromisso e a finalidade desta

instituição na sociedade.

As dificuldades encontradas foram mínimas, dadas as circunstâncias

do ensino remoto do programa de mestrado, tanto a equipe de professores

quanto os alunos conseguiram superar os obstáculos encontrados e as

adversidades coletivas pontuais. É notório que nada substitui o contato humano,

porém, com a utilização bem estruturada das ferramentas tecnológicas

educacionais, os efeitos são semelhantes, sem que haja maiores prejuízos na

interação e participação dos envolvidos.

Assim, as disciplinas ministradas permitiram que o alunado

compreendesse as possibilidades de ações de educação em saúde voltadas para

sua própria realidade, como também, para a qualificação e valorização

profissional.

Recomenda-se que estudos posteriores possam aprofundar como as

tecnologias favorecem a interação e como as metodologias ativas se destacam

para a colaboração da aprendizagem dos discentes.


229

Referências

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das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de
pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. Diário Oficial da União: seção 1,
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BRASIL. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Diretrizes e Normas


Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Diário Oficial da
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CEARÁ. Decreto nº 33.510, de 16 de março de 2020. Decreta situação de


emergência em saúde e dispõe sobre medidas para enfrentamento e contenção
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Fortaleza, ano 12, n. 53, 16 mar. 2020. Disponível em:
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Agra. Pesquisa qualitativa em saúde: uma introdução ao tema. Porto Alegre:
Tomo, 2000.
231
232

11

Fernanda da Silva Honorato


Francisca Cenária Ferreira de Sousa
Joselina da Silva Sousa
Maria Tamiris Vieira dos Anjos
Amanda Souza de Oliveira Filomeno
Vanessa da Frota Santos
Luana Duarte Wanderley Cavalcante
Raquel Ferreira Gomes Brasil

Resumo
Objetivo: Conhecer as intervenções de enfermagem no processo de amamentação frente à prevenção do
desmame precoce. Método: Trata-se de uma revisão integrativa. A pesquisa eletrônica foi realizada em três
bases de dados, durante os meses de agosto a outubro de 2021, com critério de inclusão, artigos dos últimos
dez anos na língua portuguesa e inglesa. Resultados: A promoção do aleitamento materno precoce deve
ser iniciada desde o acompanhamento pré-natal, o enfermeiro é o profissional incumbido e capaz de
identificar e oportunizar momentos educativos. Sua atuação é destacada, não apenas para orientar a técnica,
mas especialmente para promover a autoconfiança da mãe e orientá-la, para detectar e propor intervenções
adequadas e eficazes para os principais problemas relacionados ao processo de amamentação. Conclusão:
Pode-se concluir com essa revisão integrativa que a equipe de enfermagem tem papel fundamental durante
a promoção do aleitamento materno. Notou-se que os enfermeiros possuem entendimento de estratégias
e intervenções para que não ocorra o desmame precoce.

Palavras-Chave: Amamentação. Enfermagem. Desmame Precoce.


233

Introdução

O aleitamento materno (AM) é a mais sábia estratégia natural de

vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível,

econômica e eficaz intervenção para a redução da morbimortalidade infantil.

Permite ainda um grandioso impacto na promoção da saúde integral do

binômio mãe/bebê e regozijo de toda a sociedade (BRASIL, 2015).

Os efeitos benéficos da amamentação se estendem a todo o ciclo

vital, reduzindo o risco e a gravidade de ocorrência de problemas que se

manifestam tardiamente, como o grupo complexo das doenças crônicas não

transmissíveis, entre outras comorbidades próprias da vida adulta da

senescência (SILVA et al., 2018).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das

Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Aleitamento Materno Exclusivo

(AME) previne cerca de 6 milhões de mortes infantis por ano. Para a saúde do

Recém-nascido (RN), o leite materno (LM) traz vários benefícios, tais como:

proteção contra infecções gastrointestinais, respiratórias e desnutrição. Estima-

se que o LM pode prevenir 72% das internações infantis causadas por diarreia

e 57% daquelas causadas por infecções respiratórias (ANDRADE; PESSOA;

DONIZETE, 2018).

O AM também traz benefícios para a saúde da mãe, reduzindo a

incidência de câncer de mama, cânceres ovarianos, diabetes e fraturas ósseas

por osteoporose. Proporciona uma involução uterina mais rápida, diminuindo

o sangramento pós-parto e, consequentemente, colaborando para um menor

quadro anêmico. Amplia os intervalos intergestacionais, pois sua eficácia como

contraceptivo natural é de 98% nos seis primeiros meses após o parto, desde

que a mulher esteja amamentando exclusivamente e se mantendo amenorreica

(ANDRADE; PESSOA; DONIZETE, 2018).


234

Apesar da superioridade do leite materno sobre outros tipos de

leite, ainda é baixa a prevalência do AME, configurando importante problema

de saúde pública. Na última pesquisa nacional sobre AM foi observado que

apenas 41% dos bebês menores de seis meses são alimentados exclusivamente

com leite materno. Esta taxa é semelhante à média mundial que é de 39%, mas

encontra-se distante do percentual ideal preconizado pelos órgãos nacionais e

internacionais que é entre 90% e 100%. Conquanto, o aumento das taxas de

amamentação exclusiva tem sido responsável por salvar a vida de cerca de 6

milhões de crianças a cada ano no mundo (SILVA et al., 2018).

Nesse contexto, é necessário avaliar o conhecimento da mãe sobre

a importância do AM, para que o profissional de saúde possa conhecer os

problemas enfrentados durante a amamentação, e, assim, propor ações para

solucionar as dificuldades mais comuns encontradas durante esse período, a

fim de prevenir o desmame precoce (DP) (GUIMARÃES et al., 2021).

O DP é definido como o abandono, total ou parcial, do aleitamento

materno antes de o bebê completar seis meses de vida (MONTESCHIO; GAÍVA;

MOREIRA, 2015; TENÓRIO et al., 2021). Constitui um problema frequente, pois

o número de crianças que recebe AME até os seis meses de idade está muito

baixo preconiza o MS, o que torna a situação preocupante (CRISTOFARI et al.,

2019).

As estratégias que facilitam a difusão de informações sobre as

vantagens e a importância do aleitamento materno, de orientações a respeito

da prática clínica da amamentação e da forma de conciliar esta prática com

outros papéis exercidos pela mulher na sociedade são fundamentais. Esta é

uma tarefa de todos os profissionais de saúde, com destaque para a equipe de

enfermagem, visto que ela atua como agente de promoção da saúde,

influenciando positivamente a prática do aleitamento materno (TENÓRIO et al.,

2021).
235

Dessa maneira, o enfermeiro da equipe de saúde tem um

importante papel frente à amamentação, pois são eles quem mais se

relacionam com a mulher durante o ciclo gravídico-puerperal (período que

compreende as mudanças envolvendo a gestação e o pós-parto), lidando com

as demandas do aleitamento (MARINHO; ANDRADE; ABRÃO, 2015). É por meio

de suas práticas que estes podem incentivar a amamentação e apoiar as

gestantes, melhorando assim, os índices de aleitamento materno e,

consequentemente, diminuindo os índices de desnutrição infantil, alergias,

anemias, doenças dentárias e infecções que podem elevar a mortalidade

infantil, além de diminuir internações, custos com consultas, medicamentos e

outros (TENÓRIO et al., 2021).

A Enfermagem possui um papel relevante no processo de incentivar

e orientar o aleitamento materno, e acredita-se que a realização desse estudo

faz-se necessária por oferecer informações sobre as principais causas que

levam ao desmame precoce, contribuindo assim, para mudanças na prática

profissional e também para o envolvimento e comprometimento dos gestores

do serviço de saúde na elaboração de estratégias com o intuito de incentivar o

AM, pois este é de grande contribuição para melhoria da qualidade da

alimentação das crianças e também para a prevenção dos agravos decorrentes

da ausência desse aleitamento, a fim de prevenir o desmame precoce.

Diante desse contexto, o estudo responde à seguinte questão: De

que forma a enfermagem pode contribuir na prevenção do desmane precoce?

Objetiva-se conhecer as intervenções de enfermagem descritas na

literatura para prevenir o desmame precoce.


236

Metodologia

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura do tipo quantitativa,

cujo objetivo é identificar publicações já existentes da temática que discorra sobre

a assistência da enfermagem no processo de amamentação frente à prevenção

do desmame precoce (SILVA et al., 2017).

O processo para elaboração do estudo em questão resulta no

seguimento das etapas propostas pela revisão integrativa: a primeira etapa

baseia-se no estabelecimento da hipótese ou questão norteadora, a segunda

dar-se-á por meio da busca ou amostragem na literatura, na terceira etapa

ocorre a categorização dos estudos, na quarta dispõe da análise crítica dos

estudos incluídos, a quinta etapa compreende a discussão dos resultados, a

sexta e última etapa consiste na fase conclusiva de apresentação da revisão

(BOTELLO ; CUNHA; MACEDO, 2017).

A pesquisa eletrônica foi realizada por quatro revisoras de forma

simultânea e independente durante os meses de agosto a outubro de 2021,

em três bases de dados: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências

da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrievel System Online

(PUBMED/MEDLINE) e na Biblioteca Scientific Electronic Library Online (SciELO).

Na estratégia de busca foi realizado o cruzamento em pares dos

seguintes descritores: “Aleitamento materno” e “desmame”, "enfermagem" e"

Aleitamento materno", "Desmame" e "Enfermagem" disponíveis no Descritores

em Ciências da Saúde (DeCS), nos idiomas português e inglês com uso do

operador booleano AND.

Os critérios de inclusão adotados foram publicações disponíveis na

íntegra em formato eletrônico, divulgados nos idiomas inglês e português,

publicados no período 2011-2021, que abordavam as intervenções de


237

enfermagem para prevenir o desmame precoce. Foram excluídos artigos

duplicados, teses de doutorado, dissertações de mestrado e monografias.

A análise foi realizada mediante tradução e leitura dos artigos na

íntegra, por quatro autoras, de forma independente. Houve reuniões entre as

revisoras para consenso em caso de dúvidas. As informações foram transcritas

e organizadas a partir de um instrumento validado (URSI; GAVÃO, 2006) que

investigou: autor, ano da publicação, título, país, objetivo, resultados e níveis

de evidência.

Os níveis de evidência foram determinados da seguinte forma: Nível

I: evidências oriundas de revisão sistemática e/ou metanálise na(s) qual(is) há

inclusão somente de estudos clínicos ou controlados e randomizados com

delineamento adequado, Nível II: evidências oriundas de estudos clínicos

controlados randomizados com delineamento adequado, Nível III: evidências

oriundas de um único estudo controlado e randomizado com delineamento

adequado, Nível IV: evidências oriundas de um estudo caso-controle ou corte

com delineamento adequado, Nível V: evidências originárias de revisão

sistemática de estudos descritivos e qualitativos, Nível VI: evidências derivadas

de um único estudo descritivo ou qualitativo e Nível VII: evidências oriundas de

opinião de autoridades e/ou relatório de comitês de especialistas (SOUSA et

al., 2017).

A partir do cruzamento realizado foram levantadas 812 publicações,

sendo pré-selecionados 160 artigos, após a leitura dos títulos e resumos. Foram

excluídas 146 publicações, pois estavam duplicadas e/ou não atenderam a

pergunta norteadora da pesquisa. A amostra final consistiu em 14 artigos,

sendo 8 retirados do LILACS-BIREME, 3 da SciELO e 3 da MEDLINE/PubMed,

conforme mostra o Fluxograma 1.


238

Fluxograma 1 - Identificação, seleção e inclusão dos estudos


De que forma a enfermagem pode contribuir na prevenção do desmane precoce?

Total de publicações encontradas = 812

Bases de Dados

685 LILACS 99 SciELO 28 PubMed

Total de artigos pré-selecionados Excluídos que


não
115 LILACS respondiam à
pergunta
30 SciELO norteadora
15 PubMed 146

8 LILACS

Amostra final de 14 artigos 3 SciELO

3 PubMed

Fonte: Elaboração das autoras.

Resultados e Discussão

Quanto à descrição dos estudos, o ano variou de 2011 a 2021, sendo

que 13 (92,8%) (BATISTA; FARIAS; MELO, 2013; VIEIRA et al., 2017; ALVES et al.,

2018; FASSARELA et al., 2018; COSTA et al., 2018; DOMINGUEZ, 2017; OLIVEIRA

et al., 2017; MONTESCHIO; GAÍVA; MOREIRA, 2015; JOVENTINO et al., 2011;

VARGAS et al., 2016; MACHADO et al., 2012; SILVA et al., 2017; SOUSA; PINA-

OLIVEIRA; SHIMO, 2020) foram realizados no continente Americano e 1 (7,1%)

(GRAÇA; FIGUEIREDO; CONCEIÇÃO, 2011) no continente Europeu.


239

Os artigos selecionados foram organizados no Quadro 1 para

melhor ilustração. Estão caracterizados segundo autor, ano, país, título,

objetivo, conclusão e níveis de evidência.

Quadro 1 - Autor/Ano, país, título, objetivo, conclusão e níveis de evidência da amostra final
Autor/ País Título Objetivo Conclusão Nível de
Ano Evidências
Batista; Farias Brasil Influência da Compreender a Foi possível VI
e Melo (2013) assistência de influência da compreender a Evidências
enfermagem na assistência de influência da derivadas de um
prática da enfermagem, assistência de único estudo
amamentação como suporte enfermagem na descritivo ou
no puerpério social em prática da qualitativo.
imediato. relação ao leite amamentação no
materno no puerpério
município de imediato;
Cajazeira (PB) identificou-se
como se deu a
frequência de
visitas realizadas
pelos
profissionais da
saúde da
Estratégia Saúde
da Família às
puérperas
Graça; Portugal Contributos da Analisar os O contributo do II
Figueiredo e intervenção de contributos das estudo para a Evidências
Conceição enfermagem intervenções formação e oriundas de
(2011) de cuidados de das enfermeiras prática de estudos clínicos
saúde primária de cuidados de enfermagem controlados
para a saúde primária, sustenta-se no randomizados
promoção do com primíparas significado do com
aleitamento na promoção que é a delineamento
materno do aleitamento disciplina, nos adequado
materno modelos
teóricos, que a
orientam e na
responsabilidad
e social com a
intervenção de
enfermagem
Vieira et al. Brasil Protocolo de Elaborar O estudo pode VI
(2017) enfermagem protocolo para a orientar os Evidências
para a assistência da enfermeiros na derivadas de um
assistência a mulher no aplicação do único estudo
mulher em processo de processo de
240

processo de lactação, enfermagem, descritivo ou


lactação. contendo no qualitativo
diagnósticos, conhecimento
resultados e por ser
intervenções de facilmente
enfermagem aplicado na
assistência, no
ensino e na
pesquisa
quando os
diagnósticos,
resultados e
intervenções
estão claramente
definidos e
organizados.
Alves et al. Brasil Contribuições Identificar as Os enfermeiros, V
(2018) de enfermeiros atribuições do como membros Evidências
na promoção enfermeiro na de equipes originárias de
do aleitamento promoção do multiprofissiona revisão
materno aleitamento is, sistemática de
exclusivo. materno desempenham estudos
papel relevante descritivos e
no aleitamento qualitativos.
materno
exclusivo,
contribuindo
com ações que
transcendem
a
dimensão
biológica e
tecnicista
Fassarela et Brasil Percepção da Compreender a Conclui que o VI
al. (2018) equipe de percepção da objetivo Evidências
enfermagem equipe de estabelecido derivadas de um
frente ao enfermagem para esse único estudo
aleitamento acerca da trabalho foi descritivo ou
materno: amamentação alcançado, tendo qualitativo.
conhecimento a primeira hora em vista que foi
implementação após o possível avaliar o
nascimento do entendimento da
bebê, avaliar o equipe de
entendimento da enfermagem
equipe acerca da acerca da
importância de importância de
proporcionar a proporcionar a
amamentação amamentação ao
bebê
241

Costa et al. Brasil Atuação do Compreender as Enfermeiros VI


(2018) enfermeiro no estratégias de possuem o Evidências
manejo clínico orientação entendimento derivadas de um
da realizada pelos das estratégias único estudo
amamentação: enfermeiros do manejo descritivo ou
estratégia para durante o clínico da qualitativo.
o aleitamento processo do amamentação,
materno manejo clínico da tais como ações
amamentação de apoio à
mulher, com
ênfase na
atenção
humanizada
enão
sistematizada,
focando sua
assistência na
forma de
orientações
Dominguez Brasil Dificuldades no Conhecer, sob a As crenças da VI
et al. (2017) estabeleciment ótica das comunidade, Evidências
o da enfermeiras da desatualização derivadas de um
amamentação: Rede Básica de profissional e a único estudo
visão das Atenção à técnica descritivo ou
enfermeiras Saúde, as inadequada, qualitativo
atuantes nas dificuldades exercem
unidades para o influência nas
básicas de estabelecimento condutas
saúde do aleitamento relacionadas à
Materno. amamentação
Oliveira et al. Brasil Práticas e Compreender a É importante a VI
(2017) crenças interferência das desmistificação e Evidências
populares práticas e favorecimento da derivadas de um
associadas ao crenças prática do único estudo
desmame populares no aleitamento descritivo ou
precoce desmame materno qualitativo
precoce em exclusivo pelo
puérperas tempo mínimo
assistidas na estabelecido
Estratégia Saúde
da Família
Monteschio; Brasil O enfermeiro Analisar a Os enfermeiros VI
Gaíva e frente ao atuação do abordaram Evidências
Moreira desmame enfermeiro aspectos derivadas de um
(2015) precoce na frente ao importantes do único estudo
consulta de desmame aleitamento descritivo ou
enfermagem à precoce em materno durante qualitative
criança crianças menores as consultas e
de 6 meses de trabalharam em
idade prol da
242

promoção e do
resgate ao
aleitamento
materno
exclusivo
Joventino et Brasil Tecnologias de Realizar uma Compreender VI
al. (2011) enfermagem revisão que tecnologia Evidências
para promoção integrativa da permeia todo o derivadas de um
do aleitamento literatura sobre processo de único estudo
materno revisão os tipos de trabalho em descritivo ou
integrativa da tecnologias que saúde, qualitativo
literatura o enfermeiro tem apresentando-se
desenvolvido ou desde o
que poderia momento da
utilizar para a ideia inicial, da
promoção do elaboração e da
aleitamento implementação
materno do
conhecimento,
indo até o
resultado dessa
construção
Vargas et al. Brasil Atuação dos Analisar a Os profissionais VI
(2016) profissionais de atuação dos de saúde Evidências
saúde da profissionais de integrantes da derivadas de um
estratégia de saúde da ESF equipe da ESF único estudo
saúde da frente ao devem estar descritivo ou
família: aleitamento capacitados qualitativo
promoção da materno no para acolher
prática do puerpério precocemente a
aleitamento gestante
materno durante o pré-
natal, assim
como no
período
puerperal, a fim
de prevenir o
surgimento de
problemas e
dificuldades
relacionados ao
processo do
aleitamento
materno
Fonseca- Brasil Aleitamento Caracterizar as Os resultados II
Machado et materno: práticas de permitem a Evidências
al. (2012) conhecimento promoção ao sensibilização oriundas de
prática aleitamento dos profissionais estudos clínicos
materno de enfermagem e controlados
desenvolvidas dos gestores randomizados
243

pelos quanto à com


profissionais de necessidade de delineamento
enfermagem e um programa de adequado
analisar a educação
correlação entre permanente em
seu aleitamento
conhecimento materno, o que
sobre permitirá a
aleitamento efetivação das
materno e a atividades de
frequência com promoção a esta
que realizavam prática social e
orientações consequentemen
sobre o tema te o aumento de
nesses sua prevalência e
momentos duração
Silva et al. Brasil Práticas Avaliar práticas As orientações II
(2017) educativas educativas ofertadas Evidências
segundo os segundo os “Dez necessitam oriundas de
“Dez passos Passos para o aprimoramento a estudos clínicos
para o Sucesso do fim de reduzir o controlados
sucesso do Aleitamento uso de bicos randomizados
aleitamento Materno” em artificiais e com
materno” em Banco de Leite potencializar a delineamento
um Banco de Humano amamentação adequado
Leite Humano exclusiva
Souza, Pina – Brasil Efeito de uma Avaliar o efeito A intervenção II
Oliveira e intervenção de uma educativa em Evidências
Shimo (2020) educativa para intervenção metodologias oriundas de
o aleitamento educativa para ativas e recursos estudos clínicos
materno: ensaio aleitamento instrucionais controlados
clínico materno no estimulantes foi randomizados
randomizado aconselhamento efetiva para com
às puérperas desenvolver delineamento
maior domínio adequado
prático das
puérperas na
adesão e na
manutenção do
aleitamento
materno
exclusivo
Fonte: Elaboração das autoras.
244

A assistência de enfermagem diante das intervenções e estratégias,

surge em maior predominância e se ratificam no contexto assistencial. Dessa

forma, foi possível determinar as seguintes categorias temáticas: assistência de

enfermagem e intervenções de enfermagem.

Assistência de Enfermagem

Desde a constatação de que o desmame precoce insere-se num

contexto social, educacional e de responsabilidade dos serviços de saúde,

ressalta-se a necessidade de desenvolvimento de ações pró-amamentação,

com vistas a sustentar a prática do aleitamento materno exclusivo até seis

meses. Os profissionais que atuam na atenção básica são responsáveis pelo

acompanhamento contínuo do processo de amamentação, que inicia com o

pré-natal até a puericultura (FONSECA-MACHADO et al., 2012).

Para Fassarela et al. (2018), a promoção do aleitamento materno

precoce precisa ser iniciada desde o acompanhamento pré-natal. Para isso, o

enfermeiro deve saber identificar, durante o pré-natal, os conhecimentos, a

experiência prática, as crenças e as vivências social e familiar da gestante a fim

de promover educação em saúde para o aleitamento materno, bem como

assegurar a vigilância e efetividade no período de assistência à nutriz no pós-

parto. A amamentação é um processo dinâmico, biopsicossocial, relacional, e

precisamos enxergar as suas mudanças ao longo dos tempos, e os enfermeiros

por terem contato maior com as gestantes durante o pré-natal serão capazes

de perceber essas modificações. Sendo assim, a amamentação é um processo

que necessita ser valorizado e incluídos durante as consultas.

O enfermeiro é um profissional capaz de identificar e realizar ações

educativas, diagnósticos e tratamentos adequados para facilitar o processo da

amamentação, levando em consideração que é capacitado em aleitamento


245

materno e que poderá atuar com a população não somente prestando a

assistência de enfermagem, mas também atuando na promoção e na educação

continuada, e de forma eficiente. Desta maneira, o enfermeiro deve

desenvolver estratégias de promoção da saúde, reconhecendo que, entre

outros princípios, educação e alimentação são fundamentais; e deve propiciar,

sobretudo, o fortalecimento das ações comunitárias e o desenvolvimento de

habilidades pessoais (BATISTA; FARIAS; MELO, 2013).

É indispensável que os enfermeiros estejam devidamente

qualificados e sensibilizados para oferecer e orientar adequadamente as

gestantes de forma clara e acessível. É com esses cuidados que vão promover

e apoiar o aleitamento materno, e assim contribuir para o estabelecimento e

manutenção desta prática (FONSECA-MACHADO et al., 2012). Dessa maneira,

compete ao enfermeiro capacitar-se em aleitamento materno para que possa

atuar junto à população, tanto prestando assistência, quanto na promoção e

educação continuada (GRAÇA; FIGUEREIDO; CONCEIÇÃO, 2011).

Intervenções de Enfermagem

Um enfermeiro que esteja à frente e apoie a amamentação exclusiva,

levará intervenções para sua paciente. Intervenções essas, que são postas pelo

Ministério da Saúde, tais como fornece informação para a mãe de como seria

a prática, de como funciona a amamentação em livre demanda, e como essa

amamentação trará benefício para ela e a criança, além de contribuir para o

fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê. Sendo assim, Vargas et al. (2016),

traz que essa mãe precisa estar munida de conhecimentos sobre os inúmeros

benefícios que a amamentação sob livre demanda pode trazer, e assim prover

uma alimentação saudável à criança, que se refletirá no seu crescimento e

desenvolvimento.
246

Monteschio; Gaiva e Moreira (2015), dissertam sobre o quanto a

atuação do enfermeiro é necessária, seja para orientar a técnica correta, como

também para promover a autoconfiança na mãe e fornecer informações

quanto aos fatores que podem favorecer a descida do leite. O Ministério da

Saúde, transmite informações importantes acerca das estratégias que o

enfermeiro pode tomar, como desencorajar a mãe a utilizar bicos e

mamadeiras, por serem protagonistas do desmame precoce, doenças

diarreicas e problemas futuros de dentição, e principalmente na atuação do

enfermeiro frente ao desmame precoce em crianças menores de seis meses de

idade.

Segundo Alves et al. (2018), é necessário investir na preparação de

profissionais para o atendimento das necessidades de cada indivíduo, tendo

vista conferir a integralidade da atenção à saúde. Considera-se a educação do

profissional de saúde uma ferramenta capaz de gerar mudanças a partir da

identificação de fragilidades encontradas no contexto social, com capacidade

resolutiva, além de ser fator determinante na construção de competências para

atividade laboral como espaço de mudanças.

Durante as consultas do pré-natal, deve enfatizar o ensino para os

pais sobre a importância do aleitamento, desta forma, estes serão mais

receptivos durante as consultas. Todavia, em relação a mães de bebês

prematuros, elas vão apresentar suas particularidades para conseguir iniciar

com a prática da amamentação, pois o desafio é ainda maior. A prematuridade,

muitas vezes, leva os bebês a começarem a receber alimentação por meio de

instrumentos, como sondas gástricas, sendo assim, quando se faz a transição

para a pega do seio da mãe, alguns apresentam resistência em se adaptar a

esta nova maneira de se alimentar (JOVENTINO et al., 2011).

Para detectar e propor intervenções adequadas e eficazes para os

principais problemas relacionados a esse processo, que geralmente estão


247

associados às dificuldades na técnica da amamentação, a intervenção precoce

pode agir com o restabelecimento de uma produção adequada de leite, e

minimizar a intranquilidade materna e estimular as pessoas mais próximas da

família para apoiar a nutriz nos momentos de angústias e dúvidas na prática da

amamentação (MONTESCHIO; GAÍVA; MOREIRA, 2015).

Vieira et al. (2017) citam algumas intervenções de enfermagem que

podem ajudar a nutriz no processo de amamentação, entre elas destacam-se:

orientar a mãe a não interromper a amamentação, auxiliar a mãe a iniciar a

amamentação na primeira meia hora após o nascimento, analisar a

amamentação, observar a interação entre mãe e recém-nascido, avaliar a

lactação; observar a mãe na extração do leite após a amamentação, enfatizar

para a mãe a importância da pega e posição correta do recém-nascido, assim

como destacar as vantagens da amamentação, além dos cuidado com as

mamas e os mamilos, e enfatizar os benefícios que o aleitamento materno

exclusivo traz para o recém-nascido.

Identificar o conhecimento e as práticas de promoção do

aleitamento materno desenvolvidas por enfermeiros e técnicos de enfermagem

da Estratégia de Saúde da Família em seu locus de atuação é uma estratégia

que visa reconhecer o cenário de apoio à prática da amamentação, julgar os

efeitos de um programa e, consequentemente, refletir sobre a atuação destes

diante dos princípios da atenção básica. Esta análise permite o planejamento,

a elaboração, implementação e avaliação de políticas públicas municipais de

promoção ao aleitamento materno. Mudar o paradigma do atendimento é um

desafio que deve ser enfrentado e vencido (FONSECA-MACHADO et al., 2012).

Silva et al. (2017) apresentam dez tipos de estratégias e intervenções

com as quais seria possível alcançar o sucesso do aleitamento materno

exclusivo, são elas: ter informações acerca do aleitamento materno, que com

rotina deverão ser transmitidas a toda equipe de saúde, capacitar a equipe de


248

saúde, para que ela implemente estas intervenções; a equipe deverá orientar

todas as gestantes sobre as vantagens do aleitamento materno; a equipe deve

fornecer todo o suporte e apoio para que as mães iniciem o aleitamento

materno na primeira meia hora logo após o bebê nascer; a equipe deve dar

informações e ensinar as mães como amamentar e como manter o aleitamento,

mesmo que ela precise se ausentar; a equipe não deve comunicar que não é

permitido dar ao bebê nenhum outro alimento ou bebida que não seja leite

materno, sem indicação médica; a equipe deve incentivar a mãe a criar vínculo

com o bebê, deixando-os juntos, o máximo de tempo possível; estimular a mãe

a praticar o aleitamento materno sob livre demanda sem nenhuma restrição de

horários; a equipe não deve ofertar bicos artificiais ou chupetas ao bebê, visto

que pode haver confusão de bicos; a equipe deve instigar a mãe a participar

de grupos de apoio ao aleitamento materno.

A prática do enfermeiro nas captações de mulheres ao pré-natal de

baixo risco é de fundamental importância, pois é baseada em seus

conhecimentos e práticas cotidianas realizando solicitações de exames e

prescrições medicamentosas, conforme os protocolos pré-estabelecidos pelo

ministério da saúde, o que gera confiança em um atendimento humanizado

através do acolhimento de gestantes e seus familiares, e na prestação de

orientações e ações educativas para esse público (OLIVEIRA et al., 2017).

Nesse sentido, destaca-se que o sucesso da amamentação depende

da participação e da parceria de todos os profissionais envolvidos no

atendimento ao binômio mãe-filho, os quais devem prestar orientação

adequada e correta durante o pré-natal e puerpério (FONSECA-MACHADO et

al., 2012).

É de competência dos enfermeiros estarem aptos para orientar essas

mulheres quanto as suas necessidades e as do seu RN, assim como integrá-las à

comunidade que as cerca. Para que esses profissionais forneçam uma assistência
249

adequada, faz-se necessário um esforço do sistema de saúde para a capacitação

desses profissionais. São questões importantes na garantia de que a

amamentação seja vivenciada de forma satisfatória e agradável e por

conseguinte, aumente os índices de amamentação no país (DOMINGUEZ, 2017).

Os enfermeiros precisam estar cientes de sua importância no processo de

cuidado e educação, para que possam atuar com interesse, responsabilidade e

compromisso com toda população de acordo com as diretrizes do exercício

profissional (COSTA et al., 2018).

Diante do exposto, nota-se a necessidade de implementar nas

instituições de saúde, a utilização de materiais didáticos e dispositivos capazes

de contribuir ou reforçar as orientações dos profissionais de Enfermagem e/ou

saúde no manejo prático do AM, levando em consideração os resultados

significativos evidenciados no presente estudo (SOUSA; PINA-OLIVEIRA;

SHIMO, 2020).

Conclusão

Pode-se concluir com essa revisão integrativa que a equipe de

enfermagem tem papel fundamental durante a promoção do aleitamento

materno. Notou-se que os enfermeiros possuem entendimento de estratégias

e intervenções para que não ocorra o desmame precoce.

Entretanto, mesmo diante de inúmeras intervenções adquiridas,

nota-se a necessidade da capacitação de mais profissionais, visto que com a

revisão foi possível observar também que o índice de desmame precoce só

cresce, o que nos mostra que a atuação do enfermeiro ainda é falha, e que o

sucesso do aleitamento materno só se dará absoluto quando obtiver

cooperação de toda a equipe. Nesse contexto, é preciso que os profissionais

que atuam na área, busquem uma conexão e envolvimento maior com as


250

pacientes, é preciso que tenham um olhar holístico com aquela mãe, para que

tenham sucesso em suas intervenções aplicadas. Sendo assim, torna-se

necessário o processo educativo do enfermeiro, desde a graduação, para que

haja habilidade, competência e prática em prol do aleitamento.


251

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255
256

12

Maria Natanielle de Oliveira Roldão


Karla Yanca de Sousa Tabosa
Aviner Muniz de Queiroz
Maria de Sousa Noronha
Ana Teresa Torres Teles
Karla Carolline Barbosa Dote
Priscilla Brasileiro Galvão Freire
Resumo
Introdução: Nessa fase final de vida os órgãos sofrem diminuição gradativa da função e podem ser
comprometidos até cessar totalmente o seu funcionamento. Esse processo acelera a degradação do
organismo se refletindo muitas vezes em lesões na pele que ocorrem de forma mais recorrente devido à
hipoperfusão, denominadas como Modificações da Pele no Final da Vida ou no original, em inglês, Skin
Changes at Life’s End (SCALE). Objetivo: elaborar uma tecnologia educativa, sob a forma de uma folder,
direcionada ao cuidado com os portadores de UTK, com o intuito de auxiliar o enfermeiro assistencial em
todas as etapas para a SAE Metodologia: Trata-se de uma pesquisa metodológica. O presente estudo foi
realizado durante o ano de 2021 e teve como foco o desenvolvimento de um folder educativo, a ser
empregado em estratégias educativas para enfermeiros nas unidades clínicas e de terapia intensiva, para
promover a rotina de avaliação das úlceras terminais de Kennedy. Resultados: O estudo foi dividido em
quatro etapas: Levantamento Bibliográfico, Revisão integrativa, Elaboração textual e Layout. Conclusão: É
valido executar estudos voltados para o fortalecimento da enfermagem como ciência, utilizando-se de
tecnologias para desenvolver temas pouco abordados na graduação e na prática.

Palavras-chave: Cuidados Paliativos. Enfermagem. Terapia Intensiva.


257

Introdução

Com o aumento da expectativa de vida em grande parte dos países do

mundo, houve um aumento de doenças crônicas ou relacionadas à idade

avançada, muitas delas de caráter progressivo, causando sofrimento e

degradação cada vez maiores na saúde dos pacientes afetados.

Nessa fase final de vida os órgãos sofrem diminuição gradativa da

função e podem ser comprometidos até cessar totalmente o seu funcionamento.

Esse processo acelera a degradação do organismo se refletindo muitas vezes em

lesões na pele que ocorrem de forma mais recorrente devido à hipoperfusão,

denominadas como Modificações da Pele no Final da Vida ou no original, em

inglês, Skin Changes at Life’s End (SCALE).

Sendo o profissional que possui contato diário com os pacientes, os

enfermeiros têm maiores possibilidades de perceber o surgimento de qualquer

tipo de anormalidade na pele, tendo a tarefa de identificar e tomar as primeiras

providências para tratá-las. Estando na linha de frente, acaba sendo de grande

relevância para os enfermeiros um conhecimento mais sólido sobre esse tema.

Em consenso realizado em 2009 nos Estados Unidos foram discutidos

alguns pontos com o intuito de dar atenção especial às SCALE, com a definição

de dez posicionamentos voltados para a orientação dos profissionais (SIBBALD;

KRASNER; SCALE, 2010).

As recomendações apontadas nos posicionamentos reafirmam o

compromisso da equipe multidisciplinar de saúde de um modo amplo,

priorizando o cuidado centrado no paciente e nos familiares, informando e

conscientizando sobre cada procedimento e a progressão das lesões, bem como

esclarecer sobre a adoção determinadas medidas no contexto do tratamento

(CORDEIRO et al., 2019). Sobre isso também é preciso pontuar que ao detectar

que algum procedimento já não surte efeito sobre o paciente e sua enfermidade,
258

a escolha por parte do enfermeiro em deixar de realizá-lo não significa o

abandono do tratamento. A família e o próprio paciente precisam ser informados

sobre essa tomada de decisão, sensibilizando-os da escolha.

Dentro desse conjunto de enfermidades que surgem no estágio final

da vida, estão as Úlceras Terminais de Kennedy (UTK), lesões que surgem na pele

dos pacientes e que são consideradas inevitáveis, pois estão relacionadas à

falência orgânica e requerem muito cuidado e atenção em seu tratamento, já que

sua progressão é rápida. A denominação se originou a partir das observações e

descrições de lesões na pele, as quais foram identificadas por Karen Lou Kennedy

em 1989. Tais lesões surgiram no período das duas a seis semanas anteriores à

morte do paciente (FRANCK, 2016).

Para tratar pacientes nesse estágio, são aplicados os Cuidados

Paliativos (CP) que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2002), correspondem a um campo que envolve a busca

pela melhoria na qualidade de vida dos pacientes e dos seus familiares, por meio

de iniciativas que visam a diminuir o sofrimento, prevenindo a dor e outros

problemas de ordem física, psicossocial e espiritual em tratamentos de alto risco

à vida.

É dada atenção ativa e total provida por equipe multiprofissional, ainda

que determinada enfermidade já não responda a tratamentos curativos e a

expectativa de vida já seja relativamente curta (LIRA; SEPÚLVEDA, 2009).

Conforme a doença progride, os cuidados são intensificados de modo que eles

permanecem sendo prestados mesmo depois da morte do paciente, confortando

a família durante o período do luto.

À época do consenso SCALE, em 2009, já se notava necessidade de

mais publicações na área. Mesmo hoje, com relação às UTK, reconhecendo-se sua

relevância no âmbito dos CP, existe ainda certa escassez de estudos sobre a

temática (MOTA; CRUZ; BARRETO, 2018), havendo a necessidade de discussões


259

mais aprofundadas que possibilitem a ampliação das ações com relação aos CP

no tratamento dessa enfermidade.

Uma das alternativas para a melhora nessas ações é a adoção de

tecnologias educativas. Fornecendo apoio em diversas áreas do conhecimento,

as tecnologias auxiliam em algumas das tarefas da saúde. O foco do presente

trabalho é uma tecnologia que ajude o trabalho diário dos profissionais de

enfermagem ao mesmo tempo em que melhore o conhecimento em geral sobre

as UTK.

Na busca pelo entendimento do campo no que concerne a

ferramentas que visem a contribuir para maior esclarecimento na forma de lidar

com os pacientes acometidos, verificou-se que apesar de esse não ser um assunto

tão novo na literatura, ainda não existe nenhuma tecnologia específica que sirva

de orientação no que se refere à UTK. Assim, torna-se necessária a busca por uma

educação inovadora que ofereça a experiência mais próxima possível da situação

real e a visualização do manuseio prático.

Em estudo empreendido por Benevides et al. (2016), foi identificada a

relevância que tecnologias impressas, como as cartilhas, por exemplo, possuem

quando utilizadas para informar e orientar boas práticas junto aos pacientes

portadores de úlceras venosas (UV) e suas famílias, podendo ser utilizadas

também pelos profissionais de saúde envolvidos no tratamento dessa

enfermidade. Percebeu-se com esse trabalho que novas ferramentas são

necessárias para dar suporte às ações dos enfermeiros e de outros profissionais

da saúde no âmbito educacional. As tecnologias digitais podem oferecer esse

apoio, tanto na prática profissional, no ensino e também na conscientização das

comunidades com relação aos casos em que se faz necessário a adoção dos CP

(BENEVIDES et al., 2016).

No contexto das UTK, durante a prática assistencial em instituições que

cuidam de pessoas em CP, é perceptível a complexidade de cuidados em


260

enfermagem a essas pessoas. Em muitas ocasiões, os profissionais responsáveis

pelos cuidados dedicados aos pacientes não possuem formação ou orientação

adequada com relação aos problemas de pele resultantes desse estágio final da

vida.

É importante salientar as diferenças existentes entre as úlceras por

pressão (UP) e as UTK. No caso da UP, seu aparecimento está ligado ao

surgimento de danos à pele como resultado de pressão intensa e prolongada em

determinado ponto, podendo ser tratada recebendo os devidos cuidados,

embora seja de difícil tratamento. Já a UTK tem relação com a falência dos órgãos

e sua progressão é rápida, havendo a possibilidade apenas de se utilizar dos CP

para seu tratamento (CORDEIRO et al., 2019).

Com isso faz-se a seguinte indagação: de que forma a área da

enfermagem pode contribuir para identificação dos sintomas e melhora na

prestação de assistência aos pacientes afetados pela UTK?

Um dos principais problemas encontrados na prática diária está

justamente relacionado à dificuldade da equipe de enfermagem em identificar a

diferença entre as Úlceras por Pressão (UP) e as UTK, interferindo diretamente na

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), já que para cada tipo de

lesão existem, como foi visto, causas e procedimentos específicos próprios.

A SAE, de um modo geral, está ligada a uma maior organização de

todas as atividades que envolvem a prática profissional dos profissionais de

saúde, notadamente dos enfermeiros, otimizando a assistência prestada aos

pacientes. Segundo Silva e Chagas (2011) é uma metodologia que engloba a

evolução científica e tecnológica pela qual tem passado a área, dando autonomia

ao exercício da profissão.

De acordo com Tannure e Pinheiro (2011) ela confere mais segurança

ao paciente, melhora a qualidade da assistência e dá maior autonomia aos

enfermeiros. Nesse sentido, continua valendo e sendo recomendado o cuidado


261

com a pessoa humana, dando atenção total ao paciente em todos os estágios do

tratamento. Contudo, todas as ações dos profissionais de enfermagem são

pautadas por uma reflexão e pelo método científico, permitindo otimizar e

racionalizar as práticas, bem como mensurar e criar mecanismos de avaliação na

busca sempre constante por melhorias.

Com base nisso, optou-se pela elaboração de uma tecnologia

educativa, sob a forma de folder, direcionada ao cuidado com os portadores de

UTK, com o intuito de auxiliar o enfermeiro assistencial em todas as etapas para

a SAE. Ela poderá ser utilizada também como instrumento de informação e

conscientização de toda a comunidade hospitalar que trabalha no setor de

atenção às acometidas pela enfermidade.

O trabalho se justifica pela necessidade de os enfermeiros assistenciais

terem o domínio do conhecimento sobre as UTK e a sua diferença com relação

aos outros tipos de lesões de pele, visando prestar os cuidados adequados

quando do surgimento das feridas. Nesse contexto, destaca-se a importância das

tecnologias da informação na prática profissional da Enfermagem tanto na

assistência como no ensino, associadas às mais diversas atribuições do

enfermeiro

A relevância do estudo está em contribuir para uma assistência de

enfermagem de qualidade, pautada em recomendações baseadas em evidências,

proporcionando uma melhor qualidade de vida aos pacientes e contribuindo para

uma prática segura e diferenciada. A pesquisa voltada na área de tecnologia de

enfermagem é essencial no fortalecimento da base de conhecimento para a

fundamentação da prática do enfermeiro.


262

Objetivo Geral

Elaborar uma tecnologia educativa, sob a forma de um folder,

direcionada ao cuidado com os portadores de UTK, com o intuito de auxiliar

o enfermeiro assistencial em todas as etapas para a SAE.

Material e Métodos

Trata-se de uma pesquisa metodológica. O presente estudo foi

realizado durante o ano de 2021 e teve como foco o desenvolvimento de um

folder educativo, a ser empregado em estratégias educativas para enfermeiros

nas unidades clínicas e de terapia intensiva, para promover a rotina de avaliação

das úlceras terminais de Kennedy. O processo de construção do folder foi

adaptado às premissas para a elaboração de manuais de orientação para o

cuidado em saúde. Para os autores, após a adaptação, a construção foi dividida

em quatro etapas como mostra a Figura 1.


263

Figura 1 - Fases da elaboração da cartilha

1° ETAPA:
Levantamento
bibliografico

4° ETAPA:
2° ETAPA:
Layout, FASES DA
CONSTRUÇÃO Revisão
seleção e
integrativa
criação

3° ETAPA:
Elaboraçã
o Textual

Fonte: Elaboração dos autores.

A Primeira etapa foi constituída por um levantamento bibliográfico

onde usamos os descritores “cuidados paliativos” and “úlcera terminal de

Kennedy” and “cuidados de enfermagem”, dos últimos cinco anos e após esse

levantamento realizamos uma leitura da literatura, onde buscou conhecer o

universo que abrangia essa temática, a segunda etapa foi feita uma revisão

integrativa, para conhecer “Quais os principais pontos a serem observados para

identificar uma úlcera terminal de Kennedy”, onde essa pergunta nos norteou em

frente ao percurso a ser seguido. Optou-se por este tipo de revisão de literatura,

pois esse método reúne a produção científica relevante acerca de determinado

tema, oferecendo acesso rápido e sintetizado aos resultados científicos de maior

importância para a área estudada (SILVA et al., 2016). A terceira etapa foi feita a

elaboração textual da cartilha, a quarta etapa foi elaborado o layout da cartilha

educativa, capa, contracapa, e seleção e construção das ilustrações a serem


264

usadas juntamente com os textos e atividades. A cartilha educativa, quando

validada, será destinada as ações educativas para toda à equipe de enfermagem

afim de orientar quanto ao acolhimento humanizado e a classificação de risco

efetiva, contudo esse relato narrará somente sua elaboração.

Resultados e Discussão

❖ Construção da Cartilha

• Etapa 1 – Levantamento Bibliográfico

A primeira etapa da construção do folder educativo correspondeu a

um levantamento bibliográfico. Foi realizada seleção eletrônica nas bases de

dados Literatura Latino-Americana e do Caribe (LILACS) e National Library of

Medicine (MEDLINE), Estados Unidos. A busca eletrônica foi realizada através das
seguintes combinações de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “cuidados

paliativos” and “úlcera terminal de Kennedy” and “cuidados de enfermagem” e se

baseou na adoção dos seguintes critérios de inclusão: a indexação de estudos nas

respectivas bases de dados, no período compreendido entre janeiro de 2016 e

março de 2021; no idioma português. Foram definidos como critérios de exclusão:

produções sem disponibilidade do texto completo na íntegra e tema central do

estudo não relacionado à temática do acolhimento. Foram selecionados 15

artigos das bases científicas. Depois da seleção do material supracitado, foi feita

uma exaustiva leitura para ampliar a área de conhecimento dos pesquisadores

restando 8 artigos.
265

• Etapa 2 - Revisão Integrativa

Na segunda etapa optou-se por uma revisão integrativa, por

configurar-se como um tipo de revisão de literatura que reúne achados de

estudos desenvolvidos mediante diferentes metodologias, permitindo aos

revisores sintetizar resultados sem ferir a filiação epistemológica dos estudos

empíricos incluídos (SOARES et al., 2014).

Uma revisão integrativa requer um padrão de excelência quanto ao

rigor metodológico para que seu produto possa trazer contribuições

significativas para a ciência e para a prática clínica. A preservação deste padrão

requer o uso de métodos que garantam a análise precisa, objetiva e completa do

tema revisado (SOARES et al., 2014).

As etapas que conduziram esta revisão foram divididas como mostra

a Figura 2:

Figura 2 - Etapas da revisão integrativa

Aplicação Categorizaçã
Busca e
Formulação dos o, avaliação
seleção da
Identificaç de uma critérios de dos estudos
literatura:
ão do tema questão de inclusão e e
pesquisa 30 artigos exclusão: apresentaçã
levantados o da revisão.
10 artigos

Fonte: Elaboração dos autores.


266

• Etapa 3 - Elaboração Textual

A partir da revisão foi possível identificar quais assuntos seriam

relevantes para compor os temas abordados na cartilha. Após a seleção e

organização foram acordados os seguintes tópicos: definição de úlcera terminal

de Kennedy, características.

• Etapa 4 - Layout

Na quarta etapa, foi realizada a formatação e escolha das imagens que

comporiam o folder. A edição foi realizada através do programa Adobe Illustrator

e o programa Word. Com o intuito de uma melhor organização e estética do

material, optou-se pelo serviço de um designer gráfico para edição das imagens

e construção do layout do folder.

Conclusão

É valido executar estudos voltados para o fortalecimento da

enfermagem como ciência, utilizando-se de tecnologias para desenvolver temas

pouco abordados na graduação e na prática. Os cuidados paliativos ainda se

apresentam como um assunto estigmatizado e negligenciado por muitos

enfermeiros.

É papel do enfermeiro desenvolver tecnologias que auxiliem na

melhoria contínua de sua prática, impactando diretamente o tratamento do

paciente e seu cuidado seguro. O cuidado não deixa de existir quando o paciente

não tem mais possibilidade de cura, pois, através da pesquisa que embasou essa

tecnologia, foi perceptível o quão pouco desenvolvido é essa temática para os

enfermeiros.
267

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272
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13

Elisângela Veras Cardoso de Oliveira


Gabriel Viana Soares
Daniele Vasconcelos Fernandes Vieira
Paula Matias Soares
Jeania Lima Oliveira

Resumo
Introdução: A prática esportiva da corrida de rua tem sido muito exercida pelas pessoas e praticada em
ambientes e espaços públicos. Objetivo: foi identificar os principais fatores motivacionais de corredores de
rua em assessorias esportivas de Fortaleza referenciados nesta pesquisa, além de caracterizar o perfil dos
corredores e verificar dentre as dimensões motivacionais (Controle de Estresse, Saúde, Sociabilidade,
Competitividade, Estética e Prazer), as que foram consideradas mais relevantes pelos participantes em
relação aos fatores motivacionais. Metodologia: A pesquisa foi transversal, descritiva com abordagem
quantitativa. A amostra foi composta por corredores de rua participantes de assessorias de Fortaleza, na
faixa etária de 25 a 55 anos. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário, dividido
em 3 partes com perguntas referentes ao perfil sociodemográfico, às informações sobre a prática da corrida
de rua e o Inventário de motivos à prática regular de atividade física (IMPRAFE-132). Resultados:
Participaram da pesquisa 50 voluntários, dos quais 30 eram mulheres e 20 homens, a maioria estando na
faixa etária de 41 a 49 anos de idade, quanto ao estado civil a maioria eram casados, o nível de escolaridade
mais citado foi a pós-graduação com especialização e a renda familiar predominante foi de 5 a 10 salários-
mínimos. Quanto aos treinos, houve predominância de ser praticado 3 vezes por semana e maioria praticar
outras atividades esportivas além da corrida. Em relação às dimensões foram observados resultados mais
relevantes para as dimensões prazer e saúde, seguido do controle de estresse respectivamente e os menos
relevantes foram as dimensões competitividade, sociabilidade e estética. Conclusão: Foi possível observar
que na análise sobre os principais fatores motivacionais dentro das seis dimensões destacaram-se fatores
das dimensões Prazer e Saúde, como: “meu próprio prazer”, “ter uma sensação de autorrealização”,
“melhorar minhas habilidades”, “levar a vida com mais alegria”, “manter o corpo em forma” e “melhorar
minha saúde”.

Palavras-chave: Corrida de Rua. Fatores Motivacionais. Atividade Física.


274

Introdução

A corrida de rua é uma prática esportiva que geralmente ocorre em

ambientes ou espaços abertos, onde os praticantes correm ao ar livre em ruas,

avenidas, praças, bosques, trilhas, calçadões etc. Com isso, torna-se uma atividade

física acessível e de baixo custo. Tem sido uma atividade física cada vez mais

popular tendo como principais motivos, a facilidade da prática, os benefícios à

saúde e o baixo custo (FERREIRA; BENTO; SILVA, 2015). A corrida é uma excelente

opção que se apresenta ao público, pela praticidade, e porque a sua prática está

ao alcance de todos.

A corrida de rua como uma atividade física traz benefícios à saúde. De

acordo com Silva et al. (2010) a prática da corrida traz melhoras para a saúde

física, saúde emocional e a saúde social de seus praticantes. Quanto à saúde física,

podemos considerar que a corrida é utilizada como atividade física para a pessoa

se manter ativa e prevenir doenças causadas pelo sedentarismo.

Com relação à saúde mental, a corrida poderá proporcionar aos

praticantes a sensação de bem-estar, diversão e satisfação. É também uma

atividade física que ajuda a controlar a ansiedade e estresse da vida moderna. No

quesito da saúde social, a corrida de rua contribuirá com a inclusão social e a

sociabilidade. Dessa forma, os praticantes de corrida de rua conhecem novas

pessoas, fazem amizades e se tornam parte de um grupo social.

Contudo, esses quesitos ligados a saúde que a corrida proporciona são

considerados também fatos que podem motivar pessoas de todas as idades, sexo,

condição social, a praticarem está atividade esportiva. Então, podemos considerar

que os fatores motivacionais são fatores que incentivam, influenciam e motivam

pessoas a praticar ou fazer determinada ação. Relacionada à motivação com a

prática da corrida de rua, destacamos, as facilidades por ser uma atividade de

fácil acesso, expectativas de superação, influências sociais, as questões estéticas,


275

também a promoção da saúde e dentre outros fatores. Segundo alguns autores,

há motivos diversos que influenciam na escolha da modalidade da corrida como

exemplo: melhora do nível de aptidão física, prevenção de doenças cardíacas,

prevenção da osteoporose e benefícios estéticos (WILLIAMS, 1996; SANTOS;

BORGES, 2010). A adesão dessa prática esportiva pode estar relacionada a fatores

motivacionais internos e fatores motivacionais externos. Os fatores motivacionais

internos ou pessoais estão relacionados com a personalidade, necessidades,

interesses e motivos próprios, como por exemplo, a saúde, a estética. Já os fatores

motivacionais externos ou fatores ambientais estão relacionados com as

facilidades, influências sociais e desafios. Segundo Balbinotti et al. (2015), as

motivações mais comuns são as relacionadas com a saúde, a estética,

sociabilidade, a competitividade, o prazer e o controle do estresse.

Com isso, torna-se importante identificar tais fatores que contribuem

tanto na busca pela atividade esportiva de corrida, como também para a

permanência nesta modalidade, tendo em vista que tanto homens como

mulheres aderem à prática esportiva por diversos motivos e, nesse contexto, a

existência de assessorias esportivas e a não profissionalização de seus

participantes podem também ser fatores que contribuem para o aumento de

praticantes de corrida de rua.

A escolha do tema se deu por ser esta uma prática que faz parte da

realidade da autora que está imersa nesse contexto, através de suas vivências

práticas com essa atividade. Tal fato, também contribuiu e estimulou o interesse

em se aprofundar mais neste assunto e, de alguma maneira, poder contribuir no

cenário acadêmico com esta produção.

Vimos a importância de identificar os fatores motivacionais na

pesquisa, pois cremos que seja por meio destes fatores que pessoas buscam se

inserir em atividades físicas, como as corridas de rua. Temos como

potencializador nesta prática esportiva, as assessorias que surgiram, de modo a


276

contribuir e agregar mais ainda na preparação física dos praticantes. Podendo ser

um fator motivacional que contribua na inserção e fixação de pessoas à prática

da corrida de rua.

Logo, o presente estudo discorre sobre o tema de fatores

motivacionais para praticantes de corrida de rua em assessorias esportivas na

cidade de Fortaleza, buscando identificar os possíveis fatores motivacionais que

podem conduzir e estimular corredores a participarem e permanecerem nesta

prática esportiva.

Objetivou-se identificar os principais fatores motivacionais de

corredores de rua em assessorias esportivas de Fortaleza referenciados nesta

pesquisa.

Metodologia

O presente estudo trata-se de uma pesquisa de abordagem

quantitativa, de conotação descritiva. Segundo Thomas; Nelson e Silverman

(2007), o estudo de caso descritivo, permite a obtenção de declarações diretas

dos indivíduos, na maioria das vezes através de questionários, com base na

premissa de que as práticas podem ser melhoradas por meio da descrição

objetiva dos fenômenos. No caso da pesquisa quantitativa que vem da tradição

das ciências naturais, onde as variáveis observadas são poucas, objetivas e

medidas em escalas numéricas. Filosoficamente, a pesquisa quantitativa baseia-

se numa visão dita positivista, de acordo com Wainer (2007).

A pesquisa foi realizada em grupos de assessorias esportivas da cidade

de Fortaleza, tais como HapVida +1k, Stark, KM Assessoria e outras. Ocorreu no

mês de novembro de 2021.

A população da pesquisa foi constituída por corredores de rua de

assessorias esportivas de Fortaleza e que fizeram parte da amostra, homens e


277

mulheres adultos na faixa etária de 25 a 55 anos. A escolha desta faixa etária

ocorreu por esta população encontrar-se economicamente ativa e também para

averiguação dos fatores motivacionais entre adultos mais jovens e adultos mais

maduros.

Neste primeiro momento para a seleção da amostra tivemos contato

inicial com as assessorias esportivas já escolhidas. A autora da pesquisa procurou

conversar com cada professor de assessoria, em seus pontos de treino. Em

seguida, foi acordado com cada responsável da assessoria, a autorização para

permitir a divulgação da pesquisa através da rede social (WhatsApp) e o envio

dos questionários para coleta de dados da pesquisa. Com isso, os alunos das

assessorias esportivas foram convidados a participar e responder

voluntariamente ao questionário disponibilizado no presente trabalho.

Foram incluídos na pesquisa os corredores que estavam ativos e

participando de treinos em alguma das assessorias esportivas de Fortaleza e que,

no mínimo, tivessem 1 ano de prática de corrida de rua. Além disso, foi necessário

a assiduidade nos treinos de, no mínimo 2x por semana pelos alunos, como

ocorre nas assessorias esportivas.

Foram excluídos na amostra praticantes de corrida de rua que não

responderam por completo o questionário fornecido. Houve exclusão de todos

os questionários entregues fora do prazo estabelecido da pesquisa. Da mesma

forma, não foram contados os alunos que não estavam inseridos nas assessorias

esportivas.

Para a coleta de dados, foi utilizado como instrumento um

questionário online dividido em três partes, na primeira parte constou de

questões referentes ao perfil sociodemográfico, na segunda parte questões

referentes à prática da corrida de rua e na terceira parte utilizou-se um inventário

validado de motivos à prática regular de atividades físicas ou esportivas

(IMPRAFE-132), organizado em 22 questões, tendo em cada questão 6 itens


278

(fatores motivacionais) com representatividade para cada uma das 6 dimensões

motivacionais que são a dimensão da saúde, do controle de estresse, do prazer,

da competitividade, da sociabilidade e da estética, totalizando 132 itens.

Tudo para a coleta de dados foi realizado e estruturado na ferramenta

digital Google Forms, com o objetivo de identificar as características e os aspectos

que motivam as pessoas a iniciarem e a permanecerem participando de corridas

de rua, além de estabelecer características pessoais desses atletas. O link de

acesso ao questionário foi enviado pelo Whatsapp tanto para grupos como

individualmente para participantes de assessorias. Os corredores de rua que

aceitaram participar da pesquisa, preencheram o questionário na forma

autoaplicável (online), conforme conveniência e em caso de dúvidas entraram em

contato com a pesquisadora via e-mail, telefone ou mensagem de texto

(Whatsapp). O termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi incluído no

questionário a ser respondido pelos participantes da pesquisa. Ao responderem

o questionário, o voluntário deu seu consentimento na pesquisa realizada.

A abordagem utilizada foi a quantitativa e descritiva. Foram elaboradas

questões para o perfil sociodemográfico e sobre as práticas esportivas da corrida

de rua dos participantes da pesquisa. Para a análise dos dados utilizou-se

também o Inventário de motivos para a prática regular de atividade física ou

esportiva (IMPRAFE‐132) ele é um inventário validado que avalia seis dimensões

associadas à motivação para realização de atividades físicas e esportivas

regulares. Trata‐se de 132 itens agrupados seis a seis, observando a seguinte

sequência: o primeiro item do primeiro bloco de seis apresenta uma questão

relativa à dimensão motivacional “Controle de Estresse” (ex.: liberar tensões

mentais); a segunda, “Saúde” (ex.: manter a forma física); a terceira,

“Sociabilidade” (ex.: estar com amigos); a quarta, “Competitividade” (ex.: vencer

competições); a quinta, “Estética” (ex.: manter o corpo em forma); e a sexta,

“Prazer” (ex.: meu próprio prazer). Esse mesmo modelo se repete no segundo
279

bloco de seis questões, até completar os 22 blocos (em um total de 132 questões).

As respostas aos itens do inventário são dadas conforme uma escala bidirecional,

de tipo Likert, graduada em 5 pontos, indo de “isto me motiva pouquíssimo" (1)

a “isto me motiva muitíssimo" (5). Cada dimensão é analisada individualmente.

Um escore bruto elevado indica alto grau de motivação para a prática de

atividade física regular (BALBINOTTI et al., 2015, p. 65-73).

Os aspectos éticos e legais da pesquisa estavam de acordo com a

resolução n° 466 de 12 de dezembro de 2012. Nesta resolução do Conselho

Nacional de Saúde foram considerados o respeito pela dignidade humana e pela

especial proteção devida aos participantes da pesquisa científica envolvendo

seres humanos (BRASIL, 2013). Todos os integrantes foram convidados a

participar da pesquisa através do TCLE, onde continham informações de que não

teriam nenhum prejuízo além de que poderiam desistir a qualquer momento da

pesquisa. Além disso, os dados coletados foram mantidos em sigilo, e os

participantes não tiveram nenhum ônus em participar da pesquisa.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos da pesquisa estão apresentados neste tópico

em três partes (Perfil sociodemográfico, Informações sobre a prática da corrida

de rua e Inventário de motivos à prática regular de atividade física), através da

estatística descritiva com a utilização de gráficos e tabelas.


280

Perfil Sociodemográfico

Na primeira parte, referente ao perfil sociodemográfico dos

participantes, são apresentados os resultados das 6 (seis) questões contidas no

questionário. Em relação à primeira questão, foram apresentados os participantes

da pesquisa em relação ao gênero (Gráfico 1). Participaram da pesquisa um total

de 50 corredores (N=50) dos quais a maioria era composta por mulheres em

(60%). Podendo ser percebido uma predominância de mulheres participando de

assessorias de corrida de rua.

Gráfico 1 - Gênero dos participantes

Fonte: Elaboração dos autores.

Referente a faixa etária foi observado que a maioria de 18 pessoas

estavam entre o grupo de 41 a 49 anos de idade, e que em números menores

pode-se observar no Gráfico 2.


281

Gráfico 2 - Faixa etária dos participantes

Fonte: Elaboração dos autores.

Com relação ao estado civil, tivemos cerca de 31 (62%) para pessoas

casadas, 14 (28%) sendo solteiros e o restante de 5 (10%) de separados ou

divorciados.

Em relação ao nível de escolaridade foi observado que dentre os

participantes, 22 eram da pós-graduação (Especialização) o que correspondeu a

maioria, e que os demais resultados se observam no Gráfico 3.

Gráfico 3 - Nível de escolaridade

Fonte: Elaboração dos autores.


282

Já para as profissões mencionadas foram bem diversificadas as

participações na pesquisa tendo advogados, psicólogos, donas de casa,

professores de Educação Física, administradores, militares, policiais, funcionários

públicos e professores em geral.

No quesito da renda familiar, 20 responderam que recebiam de 5 a 10

salários-mínimos, correspondendo a maioria dos respondentes, como pode ser

observado no Gráfico 4.

Gráfico 4 - Renda familiar

Fonte: Elaboração dos autores.

Nesta primeira parte da pesquisa do perfil sociodemográfico, foi

possível verificar e destacar um compilado dos resultados mais expressivos de

cada questão que permitiram traçar um perfil sociodemográfico dos participantes

da pesquisa.

Levando em consideração este estudo, buscou-se na literatura

trabalhos semelhantes que pudessem permitir comparações de possíveis

similaridades ou diferenças entre estes. Como exemplo, temos o trabalho de

Cavalcante e Almeida (2018) que realizaram uma pesquisa sobre a análise do

perfil sociodemográfico de corredores de rua em Maceió e foi possível observar


283

diferenças e semelhanças com o estudo aqui realizado, já que o autor apresentou

em seus resultados que a maioria dos participantes eram do gênero masculino e

faixa etária predominante de jovens adultos de 20 a 40 anos, diferindo dos

resultados dessa pesquisa e assemelhando-se em relação ao nível de

escolaridade, já que em ambos os estudos a maioria dos participantes tinham

níveis mais elevados de escolaridade como pós-graduação.

Já em Costa (2019), sobre o perfil dos praticantes de corrida de rua da

grande Florianópolis, os corredores participantes desta pesquisa eram, em sua

maioria, do gênero feminino trazendo esta característica como semelhança com

a pesquisa deste trabalho e, como diferenças o nível de escolaridade com

predominância para o superior completo e a faixa etária que teve variação de 19

a 63 anos.

Em outro estudo, de Oliveira (2015), sobre as características e fatores

associados à prática de corredores de rua de Aracaju, também foram observadas

diferenças e semelhanças com esta pesquisa. No estudo mencionado, houve uma

predominância de indivíduos do gênero masculino, com média de idade de 39

anos e grau de escolaridade com sua maioria em nível superior completo e renda

familiar superior a dez salários-mínimos. As semelhanças de ambas as pesquisas

foram relacionadas ao estado civil que foi predominante à categoria de casados,

noivos e união estável e em relação às profissões mencionadas que foram bem

diversificadas como: profissionais da saúde, comércio, educação, servidores

públicos, estudantes, profissionais das ciências, artes e aposentados.

Com isso, é possível observar que trabalhos similares, porém feitos em

regiões e localidades diferentes, podem apresentar semelhanças e diferenças

significativas entre eles. Além disso, dados encontrados neste e em outros

estudos, apontam para características que sugerem a corrida de rua como sendo

uma modalidade com praticantes, em sua maioria, em boas condições

financeiras.
284

Informações sobre a Prática da Corrida de


Rua
Nesta segunda parte da pesquisa estão contidas informações

referentes à prática da corrida de rua, contendo as respostas de cinco perguntas

do questionário utilizado. No que se refere à assessoria esportiva a qual

participavam, tivemos respostas com 39 pessoas participantes em assessorias que

não foram especificadas (outras), e demais assinaladas pelos respondentes como

no Gráfico 5.

Gráfico 5 - Assessoria esportiva

Fonte: Elaboração dos autores.

Com relação ao tempo de treino, 20 pessoas afirmaram que treinavam

a mais de 2 anos e os demais tempos de treinos pode-se observar no seguinte

gráfico abaixo. Sendo possível verificar com isso que a maioria dos participantes

treinavam a mais de 2 anos (Gráfico 6).


285

Gráfico 6 -Tempo de treino

Fonte: Elaboração dos autores.

Com relação à assessoria esportiva ser considerada um fator

motivacional para os participantes da pesquisa, a maioria ou 43 consideraram

que a assessoria motivava bastante, para demais obteve-se números pequenos

de pessoas, ver no Gráfico 7.

Gráfico 7- Assessoria como fator motivacional

Fonte: Elaboração dos autores.

Para a frequência semanal dos treinos, a maioria 19 (38%)

responderam que treinavam 3 vezes na semana, 18 (36%) treinavam 4 dias na

semana, 6 (12%) treinavam 2 dias na semana, 4 (8%) treinavam 6 dias na semana

e a minoria 3 (6%) treinam 5 dias na semana.


286

Ao serem perguntados se realizavam outra prática esportiva além da corrida de

rua, a maioria 37 pessoas afirmaram que também faziam musculação, e os demais

assinalaram em quantidades menores outros esportes praticados, como natação,

ciclismo, Pilates, joga bola, dança e outros. Conforme verifica-se no Gráfico 8.

Gráfico 8 - Outras práticas esportivas paralelas à corrida de rua

Fonte: Elaboração dos autores.

Nesta segunda parte da pesquisa, sobre a prática da corrida de rua,

foram observadas características referentes à prática esportiva dessas

modalidades pelos participantes, sobre tempo e frequência de prática, sobre

outras modalidades praticadas e sobre a relevância que as assessorias tiveram ao

serem consideradas com um fator motivante para a prática pelos participantes.

No trabalho de Costa (2019), sobre o perfil dos praticantes de corrida

de rua da grande Florianópolis, semelhanças foram observadas com esta

pesquisa aqui apresentada, como a prática de outras atividades esportivas

paralelas à corrida sendo a musculação a atividade mais praticada pelos

esportistas, seguido da natação e outras atividades. Já no estudo de Cardoso;

Ferreira e Santos (2018), a semelhança foi em relação ao tempo de treino de 1 a

3 anos, como consta na pesquisa sobre o perfil socioeconômico de praticantes

de corrida de rua da cidade de Teresina.


287

Em outro estudo de Cassol e Pereira (2021), semelhante a este, que

trata sobre os fatores motivacionais para a prática de corrida de rua na cidade

de Caxias do Sul, alguns dados foram diferentes e outros semelhantes ao estudo

em vigência. Como diferença, observamos que a maioria dos participantes

relataram praticar corrida de rua por 1 ano ou mais e como semelhanças a

frequência de treinos de 3 vezes por semana, além da prática de outras atividades

em paralelo à corrida.

Inventário de Motivos à Prática Regular


de Atividade Física
Na terceira parte da pesquisa, são apresentados os dados referentes à

utilização do Inventário de motivos à prática de atividades físicas ou esportivas

(IMPRAFE - 132) que se baseia em seis dimensões (Controle de Estresse, Saúde,

Sociabilidade, Competitividade, Estética e Prazer) associadas à prática regular de

atividade física. Esse instrumento é composto de 132 itens (fatores motivacionais)

que estão organizados em 22 agrupamentos de seis itens, sendo cada item

referente a uma dimensão, ou seja, em todos os agrupamentos, constam itens de

todas as dimensões.

Como mencionado anteriormente na metodologia, os dados

referentes ao inventário foram analisados levando em consideração a escala

motivacional de 1 a 5 como apresentados a seguir:

1. Motiva pouquíssimo

2. Motiva pouco

3. Motiva mais ou menos

4. Motiva muito

5. Motiva muitíssimo
288

Com isso, foram organizadas as tabelas referentes à cada dimensão

associada à prática de atividade física e os resultados encontrados para cada um,

ou seja, foram identificados a quantidade de participantes que marcaram cada

uma das opções de 1 a 5 em cada item ou fator motivacional. Além disso, foram

destacadas as maiores e menores quantidades encontradas em cada tabela nas

cores salmão e verde, respectivamente.

Dentro da dimensão controle de estresse foram agrupados todos os

22 itens referentes a esta dimensão (Tabela 1). Com isso, foi observado que a

maioria marcou nos itens referentes ao controle de estresse a opção 4 (motiva

muito) considerando esses fatores motivacionais mencionados nos itens como

muito motivantes para participarem da prática de atividade física, como por

exemplo os fatores “Gastar energia” e “Me sentir mais leve” que obtiveram os

maiores valores de respondentes, correspondendo a 25 (50%) dos participantes.


289

Tabela 1- Resultados referentes à dimensão Controle de Estresse


Escala
Dimensão Controle de Estresse
1 2 3 4 5

Aliviar minhas tensões 3 2 12 19 14

Me sentir relaxado após a atividade 1 3 11 21 14

Sair das pressões do cotidiano 4 6 11 16 13

Me sentir mais calmo 4 3 17 18 8

Ter uma válvula de escape 4 5 8 19 14

Sentir alívio das pressões da família 16 9 16 9 -

Gastar energia 2 5 12 25 6

Realizar atividades do dia a dia sem estresse 3 5 16 17 9

Poder esquecer dos problemas 8 6 13 15 8

Me sentir mais leve 3 1 8 25 13

Diminuir o estresse mental 2 4 10 20 14

Sair da agitação do dia a dia 7 3 12 16 12

Descansar 3 7 19 13 8

Diminuir a irritação 3 10 12 15 10

Diminuir minha ansiedade 6 7 8 20 9

Poder controlar melhor meus nervos 4 9 13 15 9

Ter uma sensação de repouso 2 6 17 18 7

Ficar mais tranquilo 3 6 10 20 11

Ficar mais sossegado 6 6 13 17 8

Diminuir a angústia pessoal 8 8 11 14 9

Diminuir minha impaciência 8 6 17 16 3

Me sentir mais calmo 5 6 12 18 9

Médias 4,8 5,6 12,6 17,5 9,9


Fonte: Elaboração dos autores.
290

Ainda em relação à dimensão Controle do estresse, foi possível

observar que para a minoria em cada item, muitos fatores foram considerados na

escala motivacional como 1 (Motiva pouquíssimo) ou 2 (Motiva pouco), havendo

em alguns casos empate (mesma quantidade de pessoas) que marcaram as

opções 1 ou 2 referente ao mesmo fator motivacional, como por exemplo em

“Ficar mais sossegado” e “Diminuir a angústia pessoal”. Destoando das minorias,

chamou atenção o fator “Diminuir minha paciência” que teve 3 (6%) participantes

escolhendo a opção 5 (Motiva muitíssimo), além do fator “Sentir alívio das

pressões da família” onde a quantidade de participantes que escolheram as

opções 2 (Motiva pouco) e 4 (Motiva muito) foi a mesma de 9 (18%) participantes,

além de ser o único fator que que não teve menção por nenhum dos participantes

em um dos valores da escala.

Obteve-se as médias para cada escala de motivação referentes aos

fatores motivacionais e os menores valores foram encontrados na escala 1

(Motiva pouquíssimo) com média de respondentes de 4,8, enquanto os valores

mais elevados foram identificados na escala 4 (Motiva muito) com média de 17,5

no que se refere aos fatores da dimensão controle de Estresse.

Na Tabela seguinte, sobre a dimensão saúde, encontram-se os 22

fatores motivacionais referentes a esta dimensão. Foi possível observar que a

maioria dos participantes, na escala de motivação escolheram a opção 4 (Motiva

muito) para os fatores relacionados à saúde, ou seja, considerando esses fatores

mencionados nos itens como muito motivantes para participarem da prática de

atividade física.

Além disso, nessa opção da escala, observou-se que o fator, “Levar a

vida com mais alegria”, foi assinalada por grande parte dos participantes, sendo

o fator com maior número de pessoas que o escolheram 26 (50%), dentre os

demais. Seguido por outro fator bastante relevante que foi “Estar bem comigo

mesmo" com 23 (46%) e alguns fatores que obtiveram a mesma quantidade de


291

21 (42%) dos respondentes como: “Manter minha saúde”, “Não ficar doente”,

“Adquirir saúde”, “Melhorar minha saúde”, “Manter um bom aspecto físico” e

“Manter o corpo em forma”.

Além disso, chamou atenção o fator “Responder a uma necessidade

médica” onde a maioria 18 (36%) assinalou a opção 3 (Motiva mais ou menos) e

apenas 2 (4%) escolheram a opção 5 (Motiva Muitíssimo) (Tabela 2).


292

Tabela 2 - Resultados referentes à dimensão Saúde


Escala
Dimensão Saúde

1 2 3 4 5

Manter minha forma física 1 1 8 18 22

Manter o corpo em forma 1 3 9 20 17

Manter minha saúde 2 - 4 21 23

Evitar a obesidade 8 4 12 15 11

Responder a uma necessidade médica 15 7 18 8 2

Crescer com saúde 3 2 14 17 14

Aumentar minha força 1 5 12 20 12

Ter índices saudáveis de aptidão física 3 3 15 16 13

Realizar tarefas do dia a dia sem dificuldades 2 7 13 19 9

Levar a vida com mais alegria 1 3 5 26 15

Não ficar doente 2 3 11 21 13

Adquirir saúde 1 1 8 21 19

Melhorar minha saúde 3 2 7 21 17

Manter um bom aspecto físico 2 4 13 21 10

Estar bem comigo mesmo 1 1 8 23 17

Sentir menos cansaço físico 2 5 13 20 10

Ficar mais forte 3 6 11 19 11

Manter baixo o colesterol 7 4 11 17 11

Viver mais 3 2 11 18 16

Ficar livre de doenças 1 5 14 18 12

Melhorar minha condição cardiovascular 2 4 12 17 15

Manter o corpo em forma 4 3 8 21 14

Médias 3,1 3,6 10,8 19 13,8


Fonte: Elaboração dos autores.
293

Referindo-se ainda sobre a dimensão da saúde, foi observado que para

a minoria em cada item, muitos fatores foram considerados como 1 (Motiva

pouquíssimo) e 2 (Motiva pouco), havendo em alguns casos o empate, ou seja,

mesma quantidade de pessoas que optaram por níveis diferentes na escala, tendo

como exemplo, os fatores “Manter minha forma física”, “Adquirir saúde” e “Estar

bem comigo mesmo” com 1 (2%) de respondentes e “Ter índices saudáveis de

aptidão física” com 3 (6%). Além disso, o fator “Manter minha saúde” foi o único

que teve um dos valores da escala, 2 (Motiva pouco), sem ter sido assinalado por

nenhum dos participantes.

Obteve-se as médias para cada escala de motivação referentes aos

fatores motivacionais e os menores valores foram encontrados na escala 1

(Motiva pouquíssimo) com média de respondentes de 3,1, enquanto os valores

mais elevados foram identificados na escala 4 (Motiva muito) com média de 19

no que se refere aos fatores da dimensão Saúde.

Na Tabela 3, referente à dimensão sociabilidade, foi observado que a

maioria dos participantes estavam distribuídos entre os valores na escala de

motivação 3 (Motiva mais ou menos) e 1 (Motiva pouquíssimo). Ou seja,

considerando que estes fatores nem motivavam pouco, nem motivavam muito

em relação à prática de atividade física, para quem escolheu a opção 3, como por

exemplo o fator “Conversar com outras pessoas” com 24 (48%) respondentes e

considerando que estes fatores motivavam pouquíssimo para outros, como

exemplo o fator “Ir para igreja ou culto religioso” com 30 (60%) dos respondentes.
294

Tabela 3 - Resultados referentes à dimensão Sociabilidade


Escala
Dimensão Sociabilidade
1 2 3 4 5

Estar com meus amigos 4 3 18 13 12

Fazer novos amigos 3 5 23 13 6

Ver meus amigos 4 5 20 13 8

Poder ter mais respeito pelos outros 5 10 21 11 3

Não ficar em casa 15 10 18 5 2

Conversar com outras pessoas 4 5 24 12 5

Estar junto com outras pessoas 2 8 20 14 6

Brincar com meus amigos 4 7 20 12 7

Me reunir com meus amigos 4 9 17 11 9

Participar de novos grupos de pessoas 6 4 18 14 8

Ter a oportunidade de jogar com amigos 4 11 20 8 7

Brincar com meus amigos 6 6 21 10 7

Fazer parte de um grupo de amigos 8 5 20 11 6

Me sentir aprovado pelos meus amigos 20 14 12 3 1

Sentir-me integrado com meus amigos 5 6 22 13 4

Ser aceito pelos meus amigos 21 12 13 4 -

Melhor participar das aulas de Educação Física 20 5 12 8 5

Me sentir respeitado pelos outros 20 11 11 7 1

Encontrar pessoas com os mesmos interesses meus 6 8 19 10 7

Ir para igreja ou culto religioso 30 4 9 6 1

Mostrar aos meus amigos o que é importante para mim 22 7 13 7 1

Me reunir com meus amigos 6 6 19 12 7

Médias 10,0 7,3 17,7 9,9 7,2

Fonte: Elaboração dos autores.


295

Ainda sobre a dimensão sociabilidade, foi possível perceber que

diferente das dimensões anteriores, a minoria para cada fator não ficou

concentrada apenas nos valores da escala de 1 (Motiva pouquíssimo) e 2 (Motiva

muitíssimo), sendo escolhidas também as opções 4 (Motiva muito) e 5 (Motiva

muitíssimo).

Havendo ainda similaridades em quantidades de pessoas que

escolheram valores diferentes na escala para um mesmo fator, como em “Brincar

com meus amigos” e “Me reunir com meus amigos” tendo 6 (12%) dos

respondentes para as opções 1 e 3 em cada um desses fatores. Diferindo dos

demais, tivemos o fator “Melhor participar das aulas de Educação Física” com 5

(10%) de respondentes em duas opções da escala de motivação para o mesmo

fator, sendo esta a opção 2 (Motiva pouco) e 5 (Motiva muitíssimo). Além disso,

apenas o fator “Ser aceito pelos meus amigos'' não foi assinalado por ninguém

em uma das opções da escala.

Obteve-se as médias para cada escala de motivação referentes aos

fatores motivacionais e os menores valores foram encontrados na escala 5

(Motiva muitíssimo) com média de respondentes de 7,2, enquanto os valores

mais elevados foram identificados na escala 3 (Motiva mais ou menos) com média

de 17,7 no que se refere aos fatores da dimensão Sociabilidade.

Na Tabela 4, referente à dimensão competitividade, foi verificado que

a maioria esteve distribuída, respectivamente, entre 4 níveis da escala sendo estes

a opção 1 (Motiva pouquíssimo) com destaque para os fatores “Ter retorno

financeiro” e “Ganhar prêmios com 27 (54%) cada um, 4 (Motiva muito) com

destaque para os fatores “Melhorar minhas habilidades” com 22 (44%), 3 (Motiva

mais ou menos) destacando os fatores “Ser reconhecido como um bom

praticante” e “Desenvolver habilidades” com 20 (40%) e 2 (Motiva pouco) com o

fator “Vencer as competições que participo” obtendo também a quantidade de

20 (40%) dos respondentes.


296

Tabela 4 - Resultados referentes à dimensão Competitividade


Dimensão Competitividade Escala

1 2 3 4 5

Vencer as competições que participo 13 20 10 4 3

Melhorar minhas habilidades 2 4 12 22 10

Atingir meus objetivos 2 1 9 20 18

Ser reconhecido como um bom praticante 6 11 20 9 4

Receber homenagens 25 12 10 3 -

Superar meus limites 2 1 10 20 17

Melhorar os índices físicos 3 5 10 21 11

Ter a possibilidade de ganhar dinheiro 25 7 12 3 3

Aumentar meu status social 17 12 15 3 3

Poder ganhar dos adversários 22 16 9 2 1

Desenvolver habilidades 1 3 20 14 12

Aprender novas habilidades 2 6 13 19 10

Ser campeão no esporte 24 11 13 1 1

Poder subir de categoria 17 11 17 5 -

Ter mais prestígio 22 12 10 5 1

Ter retorno financeiro 27 12 7 2 2

Concorrer com os outros 26 9 11 3 1

Atingir meus limites 1 6 14 17 12

Poder competir com os outros 23 12 10 5 -

Ganhar prêmios 27 7 11 3 2

Poder enfrentar novos desafios 2 6 16 14 12

Melhorar minhas habilidades 1 4 11 21 13

Médias 13,2 8,5 12,3 9,8 7,2


Fonte: Elaboração dos autores.
297

Relacionando-se ainda sobre a dimensão competitividade, foi visto

que, para a minoria em cada item, também estavam distribuídos em 4 níveis da

escala, sendo respectivamente, a opção 5 (Motiva muitíssimo) com destaque para

os fatores ”Poder ganhar dos adversários”, “Ser campeão no esporte”, “Ter mais

prestígio” e “Concorrer com os outros” tendo 1 (2%) dos respondentes cada um,

chegando ao máximo de 4 (8%) no fator “Ser reconhecido como um bom

praticante”, no 4 (Motiva muito) o fator com menos respondentes foi “Ser

campeão no esporte” com 1 (2%), tendo a mesma quantidade em destaque para

os fatores “Desenvolver habilidades”, “Atingir meus limites” e “Melhorar minhas

habilidades” na opção 1 (Motiva pouquíssimo) e para o fator “Atingir meus

objetivos” na opção 2 (Motiva pouco).

Também ocorreu em alguns itens empate nas respostas dos

participantes como nos fatores “Ter a possibilidade de ganhar dinheiro” e

“Aumentar meu status social” tendo 3 (6%) dos respondentes cada um. Além

disso, pode-se destacar três fatores que não tiveram menção em um dos níveis

da escala, sendo estes “Receber homenagens”, “Poder subir de categoria” e

“Poder competir com os outros”.

Obteve-se as médias para cada escala de motivação referentes aos

fatores motivacionais e os menores valores foram encontrados na escala 5

(Motiva muitíssimo) com média de respondentes de 7,2, enquanto os valores

mais elevados foram identificados na escala 1 (Motiva pouquíssimo) com média

de 13,2 no que se refere aos fatores da dimensão Competitividade.

Na Tabela 5 foi apresentada a dimensão estética onde ficou nítida a

distribuição da maioria dos respondentes para cada fator, estando estes

presentes em todas as opções dentre os níveis da escala de motivação de 1 a 5.

Com destaque para os fatores “Chamar a atenção das pessoas que me olham”

com 27 (54%) para a opção 1 (Motiva muitíssimo), “Ficar mais forte” na opção 4

(Motiva muito), “Sentir-se bonito) na opção 3 (Motiva mais ou menos) e “Manter


298

meu corpo em forma” na opção 5 (Motiva muitíssimo) com 21 (42%) cada um e

“Sentir admirado pelos outros” na opção 2 (Motiva pouco) com 18 (36%) dos

respondentes.
299

Tabela 5 – Resultados referentes à dimensão Estética


Escala
Dimensão Estética
1 2 3 4 5

Manter uma boa aparência física 1 4 15 18 12

Emagrecer 4 8 12 14 12

Manter meu corpo em forma 2 2 9 16 21

As roupas ficam melhor em mim 5 7 15 16 7

Desenvolver a musculatura 4 7 14 18 7

Ficar mais forte 3 6 11 21 9

Sentir admirado pelos outros 13 18 15 3 1

Ficar com o corpo bonito 5 7 17 11 10

Ficar com um corpo mais definido 7 5 13 16 9

Chamar a atenção das pessoas que me olham 27 12 9 1 1

Ter um corpo definido 8 7 14 11 10

Sentir-se bonito 5 5 21 10 9

Me sentir admirado 20 12 15 1 2

Atrair a atenção 23 12 12 2 1

Ser considerado mais bonito 18 15 9 7 1

Ser considerado bonito 19 13 9 7 2

Ser notado entre as pessoas 22 14 10 3 1

Ter um corpo harmonioso 4 8 12 20 6

Me tornar mais atraente 14 13 13 7 3

Ter um corpo em boa forma física 3 3 12 17 15

Motivar outras pessoas a fazerem o mesmo 3 4 16 15 12

Me sentir admirado pelos outros 17 15 7 8 3

Médias 10,3 9,0 12,7 11 7

Fonte: Elaboração dos autores.


300

Ainda sobre a Tabela 5 da dimensão estética, observou-se que

diferentes das demais dimensões, esta foi a única que todas as opções dentre os

níveis da escala foram preenchidas. Além disso, para a minoria em cada item,

percebeu-se a distribuição de muitos fatores dentre os extremos da escala nas

opções 1 (Motiva pouquíssimo) e 5 (Motiva muitíssimo).

Assim como nas demais dimensões, observou-se a repetição de

valores na quantidade de respondentes para um mesmo fator, nas opções 1

(Motiva pouquíssimo) e 2 (motiva pouco), sendo estes o fator “Manter meu corpo

em forma” com 2 (4%), “Sentir-se bonito” com 5 (10%) e “Ter um corpo em boa

forma física” com 3 (6%) para cada uma das opções 1 e 2. Já para as opções 4

(Motiva muito) e 5 (Motiva muitíssimo) a semelhança foi observada nos valores

referentes ao fator “Chamar a atenção das pessoas que me olham” com 1 (2%)

dos respondentes para cada uma das opções 4 e 5.

Obteve-se as médias para cada escala de motivação referentes aos

fatores motivacionais e os menores valores foram encontrados na escala 5

(Motiva muitíssimo) com média de respondentes de 7, enquanto os valores mais

elevados foram identificados na escala 3 (Motiva mais ou menos) com média de

12,7 no que se refere aos fatores da dimensão Estética.

Na Tabela 6, referente à dimensão prazer, foi observado que esta foi a

dimensão que manteve um padrão entre maioria e minoria dos respondentes por

cada fator, estando todos da maioria distribuídos entre as opções 4 (Motiva

muito) tendo como destaque o fator “Ter uma sensação de autorrealização” com

26 (52%) e opção 5 (Motiva muitíssimo) com destaque para “Meu próprio prazer”

com 24 (48%) dos respondentes.


301

Tabela 6 - Resultados referentes à dimensão Prazer


Dimensão Prazer Escala

1 2 3 4 5

Me sentir melhor 1 1 6 20 22

Me sentir satisfeito comigo mesmo 1 - 8 21 20

Meu próprio prazer 2 - 3 21 24

Me sentir mais satisfeito comigo mesmo 2 - 6 23 19

Me sentir mais contente 2 2 7 22 17

Me sentir bem à vontade comigo mesmo 1 1 6 21 21

Descontrair 3 1 12 22 12

Adquirir gosto pelo exercício 4 6 10 19 11

Ter uma sensação de bem-estar geral 1 - 6 24 19

Pois é importante para mim 3 1 7 20 19

Me sentir mais alegre 2 2 7 24 15

Me divertir 2 2 8 23 15

Me distrair 2 2 15 17 14

Me sentir bem 2 1 5 24 18

Me sentir mais completo enquanto pessoa 1 3 11 18 17

Satisfazer uma necessidade pessoal 3 3 11 20 13

Me sentir livre 2 1 10 23 14

Ter uma sensação de autorrealização 1 1 8 26 14

Poder me sentir mais autossuficiente 3 8 12 17 10

Atingir meus ideais - 5 10 15 20

Me sentir competente 1 8 13 17 11

Meu próprio prazer 1 1 6 20 22

Médias 1,9 2,7 8,5 20,8 16,7


Fonte: Elaboração dos autores.
302

Em continuidade com a dimensão prazer, a minoria referente a cada

item assinalado esteve distribuída entre as opções 1 (Motiva pouquíssimo) e

opção 2 (Motiva pouco). Chamando atenção também para fatores como “Me

sentir satisfeito comigo mesmo”, “Meu próprio prazer”, “Me sentir mais satisfeito

comigo mesmo”, “Ter uma sensação de bem-estar geral” e “Atingir meus ideais”

que não tiveram nenhuma menção em pelo menos um dos níveis da escala.

Obteve-se as médias para cada escala de motivação referentes aos

fatores motivacionais e os menores valores foram encontrados na escala 1

(Motiva pouquíssimo) com média de respondentes de 1,9, enquanto os valores

mais elevados foram identificados na escala 4 (Motiva muito) com média de 20,8

no que se refere aos fatores da dimensão controle de Estresse.

Nesta terceira parte do questionário referente ao IMPRAFE-132, foi

possível observar que, analisando o uso da escala de motivação em referência

aos fatores motivacionais, as dimensões “prazer” e “saúde” foram as que mais

tiveram respondentes optando pela opção 4 – Motiva muito, seguida da

dimensão “controle de estresse” respectivamente. Já as menos relevantes foram

as dimensões competitividade, sociabilidade e estética respectivamente que

estiveram entre as escalas de valores 1 – Motiva Pouquíssimo e 3 – Motiva mais

ou menos como os mais escolhidos pelos participantes na escala de motivação

utilizada.

No trabalho de pesquisa de Juste (2017), resultado do estudo

evidenciou que os corredores de rua do Distrito Federal, tendo como parâmetros

a amostra estudada, reconheceram a corrida como uma atividade física que

proporciona inúmeros benefícios a quem a prática e que as principais motivações

estavam relacionadas ao prazer e saúde, como o trabalho aqui apresentado.

Já na pesquisa realizada por Fagundes (2015) sobre fatores

motivacionais de corredores de rua, a dimensão motivacional que apresentou

mais relevância para os participantes foi a saúde e no trabalho de Ribeiro (2014)


303

sobre fatores motivacionais de pessoas praticantes de corrida de rua em Porto

Alegre, dimensão prazer foi a que obteve maior relevância nos resultados

trazendo, portanto, similaridades com os resultados obtidos neste trabalho que

trouxe destaque à dimensão prazer seguida da dimensão saúde.

Conclusão

Com a realização dessa pesquisa, foi possível verificar em relação ao

perfil sociodemográfico que a maioria dos participantes foram do sexo feminino,

a faixa etária mais citada foi de 41 a 49 anos de idade para adultos mais maduros,

quanto ao estado civil a maioria eram casados, o nível de escolaridade mais citado

foi a pós-graduação com especialização, as profissões foram bastante

diversificadas e a renda familiar predominante foi de 5 a 10 salários-mínimos.

Já em relação à prática esportiva, a maioria dos integrantes da

pesquisa não especificaram as assessorias que participavam, mas consideraram a

participação em assessorias como um fator motivante para a prática da corrida

de rua e, em relação ao tempo de treino e frequência, responderam que

treinavam a mais de 2 anos com predominância de 3 vezes por semana. Além

disso, a maioria também assinalou que faziam musculação como atividade física

concomitante à prática da corrida de rua. Com essas informações, foi possível

traçar o perfil dos voluntários quanto às suas características pessoais,

sociodemográficas e de práticas esportivas.

Quanto às dimensões e fatores motivacionais obtidos com a utilização

do IMPRAFE - 132, foi possível observar que as dimensões “prazer” e “saúde”

foram as mais relevantes, respectivamente, dentre as 6 analisadas, para os

participantes da pesquisa por terem seus fatores considerados como muito

motivantes. Seguindo uma ordem decrescente de maior motivados para menor

motivados quanto a prática esportiva, então obteve-se em ordem decrescente


304

respectivamente a dimensão Prazer, em segundo lugar a dimensão Saúde, em

terceiro o Controle Estresse, logo após em quarto lugar: a Estética, em quinto

lugar a sociabilidade, e em último a Competitividade.

Com isso, na análise sobre os principais fatores motivacionais dentro

das seis dimensões, foram destaques alguns fatores na dimensão prazer como:

“me sentir melhor”, “meu próprio prazer”, “me sentir bem à vontade comigo

mesmo” e “atingir meus ideais” que motivaram muitíssimo os corredores de

acordo com a escala de motivação utilizada.

Portanto, chega-se ao entendimento que existe uma grande variedade

de fatores que podem motivar corredores de rua a iniciarem e manterem-se nessa

prática e que o motivo que leva um indivíduo a buscar alguma atividade física e

desportiva, com objetivos claramente definidos ou não, permite a experiência dos

seus benefícios que essas práticas podem gerar, sejam físicos e/ou mentais.

Logo, compreende-se que este estudo possa contribuir com

profissionais da área da Educação Física, por conter elementos relacionados à

motivação de pessoas para a prática esportiva e que esse conhecimento possa

ajudar como informação e estímulo para a adesão de um estilo de vida mais

saudável, tendo em vista benefícios que a prática de exercícios promove.


305

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