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RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO BÁSICO IV

Área: Psicologia Clínica

PSICODIAGNÓSTICO

Autor (as): Cátia Oliveira, Denise Lopes

Supervisora: Profª Especialista Nivea Rosa 

CAXIAS DO SUL – RS

2020
Sumário

1 INTRODUÇÃO 3

2 LOCAL E CONDIÇÕES NAS QUAIS O ESTÁGIO ACONTECEU 3

3 DESCRIÇÃO DA DEMANDA 3

3.1 PROCEDIMENTOS 4
3.2 QUEIXA 4
3.3 DINÂMICA DA PACIENTE 5
3.4 HIPÓTESE DIAGNÓSTICA 8
3.5 TÉCNICA EMPREGADA / PROCEDIMENTOS 8
3.5.1 Casa 8
3.5.2 Árvore 9
3.5.3 Pessoa 9
3.6 RESULTADOS 10

4 PROGNÓSTICO 11

5 ENCAMINHAMENTOS 11

6 APRECIAÇÃO SOBRE O DESENROLAR DAS ATIVIDADES E DOS DESAFIOS ENFRENTADOS.


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7 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 12

8 O PARECER DA SUPERVISORA 12

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1 Introdução

O presente trabalho surgiu a partir do estágio supervisionado, realizado na Clínica


Escola de Psicologia da Faculdade Anhanguera, Caxias do Sul, RS, na área de Atendimento
de Adultos e Infantil, durante o período de (data) outubro a (data) novembro de 2020, sob
supervisão da Professora Especialista. Nivea Rosa.
O trabalho abaixo trata-se de um psicodiagnóstico que caracteriza uma investigação
psicológica, em uma paciente do sexo feminino, com 15 anos de idade, afim de compreender
alguns elementos da personalidade do paciente, explicando a dinâmica do caso de acordo com
que aparece no material coletado. Esse material é extraído através dos processos de entrevista
e se necessário aplicação de testagens e escalas, com o objetivo de auxiliar no processo.
Uma vez alcançado um cenário mais preciso do caso, inclusive os aspectos
patológicos, na sequência ocorre a realização de recomendações para processos terapêuticos
que sejam adequados ao caso.

2 Local e Condições nas Quais o Estágio Aconteceu

O local, onde ocorreu o estágio de psicodiagnóstico foi na Clínica Médica


Anhanguera LTDA; Endereço: Alexandre Rizzo, 505 Bairro, 505 Bairro: Desvio Rizzo;
Representado por: Fernanda Bianca Garcia Cargo: Coordenadora da Clínica Médica e
coordenadora do curso de psicologia.
Os atendimentos foram realizados em dupla pelas estagiárias Cátia Oliveira e Denise
Lopes, com duração de aproximadamente 50 minutos, em uma das salas da clínica escola, o
que permitiu total privacidade na realização desses atendimentos, e consequentemente uma
boa interação entre a paciente e as estagiárias.

3 Descrição da Demanda

A senhora Cassandra, procurou atendimento junto ao serviço da clínica escola da


faculdade Anhanguera, por indicação de uma aluna da faculdade Anhanguera, do curso de
psicologia, para sua irmã Dandara de 15 anos, devido a senhora Cassandra estar em processo
de solicitação de guarda da menor Dandara, na cidade de Caxias do Sul, que identificou a
necessidade da paciente ter contato e acompanhamento com psicólogos, antes da entrevista
com a psicóloga da justiça, visto que e menor nunca passou por atendimento psicológico

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anteriormente. Cassandra relata o receio, de que a paciente ficasse muito ansiosa na entrevista
de guarda, e assim prejudicasse o processo.
A irmã de Dandara, também aponta algumas questões comportamentais em relação a
irmã como: Insegurança, dificuldade de expressar sua opinião e baixa autoestima, devido a
paciente ter um histórico de vida bastante conturbado em vários aspectos.
Os relatos acima, foram confirmados pela paciente, que trouxe outros sentimentos e
fatos negativos ocorridos em sua trajetória de vida, assim colaborando com a ideia da irmã
de em se submeter a uma entrevista psicológica, o que deixou claro para as estagiárias Cátia
Oliveira e Denise Lopes que existe várias questões a serem investigadas junto a paciente
Dandara, e assim faz- se necessário uma avaliação psicodiagnóstico para aprofundar melhor
as questões levantadas, com a possibilidade de aplicação de testagens com o objetivo de
coletar mais informações que vão auxiliar no processo de investigação.

3.1 Procedimentos
Estava previsto a realização de 5 atendimentos na Clínica Escola da Faculdade
Anhanguera, porém a paciente compareceu até o presente momento em 2 atendimentos, nas
datas de 3/11/2020 e 17/11/2020. A entrevista inicial ocorreu com a paciente e sua irmã,
responsável provisória pela menor. Para essa entrevista inicial foi utilizado um questionário
de Anamnese.
No segundo encontro foi realizado uma entrevista semi- estruturada, onde a paciente
conseguiu interagir bastante com as estagiárias, demonstrando sentir- se mais confortável para
falar a respeito se seus problemas, trazendo mais elementos em relação a primeira entrevista,
na qual não consegue se expressar muito através de palavras.
Com o objetivo de conhecer melhor a personalidade da paciente, foi decidido em
comum acordo entre as estagiárias a necessidade de aplicar uma testagem para auxiliar no
processo de investigação do caso, além das informações já coletadas no processo de
entrevista. O teste aplicado foi o HTP.

3.2 Queixa
A paciente traz como queixa inicial, a questão de conseguir comportar-se melhor
diante do psicólogo da justiça no processo de guarda que está sendo movido pela irmã
Cassandra, bem como controlar seu nervosismo e insegurança diante desse profissional.

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3.3 Dinâmica da paciente
Na entrevista inicial, que foi realizada com a irmã a paciente chegou na clínica no
horário combinado apresentavam boa aparência, a irmã vestia roupas de ginástica, pois logo
depois da sessão encaminhar ia-se para a academia, onde é professora de dança, a paciente
vestia camiseta, calça preta e tênis.
A paciente demonstrava um comportamento de timidez extrema, e se sentia
constrangida na abordagem alguns assuntos, ao falar não olhava nos olhos das estagiárias e
sua expressão corporal era bem contraída, também expressou- se poucos com palavras e
quando se manifesta era com lágrimas nos olhos, contudo não se recusou a responder
nenhuma pergunta que foi feita pelas estagiárias.
Sua irmã Cassandra foi quem mais interagiu e trouxe elementos nesta entrevista,
falou abertamente sobre questões importantes da vida da irmã e também trouxe questões
fortes a respeito da irmã Dandara como por exemplo:
A morte da mãe da paciente que ocorreu quando ela tinha 6 anos de idade e que a
mesma foi criada desde então pelo pai biológico, descrito tanto pela paciente Dandara como
pela sua irmã como dependente químico, sujeito violento e completamente relapso e
despreocupado com a criação e o bem estar da menor, que junto com a sua atual esposa
cometiam atos de violência física e psicológica , onde a privaram de coisas como comer e
limitava muito o convívio com avó materna e das irmãs por parte mãe.
Foi relatado nessa entrevista também pela irmã que a paciente sofria abuso sexual
por parte do filho da madrasta, fato esse, que é confirmado pela paciente que quase não
conseguiu falar a respeito do assunto pois diz sentir-se constrangida.
Dandara, relata um comportamento agressivo com seus colegas de escola, segundo
ela atitudes cometidas devido a ela, projetar o comportamento do pai e sua madrasta nas
outras pessoas, mas que em algum momento de sua vida se deu conta que as outras pessoas
não eram iguais, então decidiu melhorar seu comportamento em relação a sua agressividade e
assim conseguiu fazer amigos.
Depois de conseguir permissão do pai veio passar férias na cidade Caxias do Sul, e
não voltou mais para casa do pai que reside em outra cidade , pois acabou relatando a situação
precária em que vivia para as irmãs que decidiram não permitir mais o retorno da paciente
para a casa do pai e a irmã Cassandra entra com o processo de guarda da menor.
Dandara relata que costuma ter pesadelos e que após a mudança para a casa da irmã
ficou vários dias sem dormir, também relata dificuldade de aprendizado na nova escola.

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A irmã ainda relata que a Dandara não é uma pessoa vaidosa em relação a sua
aparência e que também não faz questão de ter muitas coisas materiais, o que mais gosta de
fazer é comer bem, e que por isso está com o corpo acima do peso, demonstrando um certo
descontentamento com essa questão também.
Em relação a convivência na casa da irmã, Dandara não relata problemas, diz se
relacionar bem com o marido da Cassandra e também interage bem com os filhos de sua irmã,
atualmente moram com a paciente 6 pessoas. A paciente demonstra ter uma rotina normal
para uma pessoa de sua idade, estuda, ajuda nas tarefas de casa e quando pode gosta de
acompanhar a irmã no trabalho. Já no final da entrevista a paciente é questionada por uma
das estagiárias o que ele esperava em relação ao trabalho, Dandara então respondeu que
espera ter esperança de uma vida diferente da vida que ela sempre teve.
Em relação a segunda entrevista a paciente Dandara chegou no horário combinado,
veio com a irmã, porém nesse encontro a entrevista foi realizada de forma individual.
Nesse encontro a paciente demonstrou estar mais à vontade, com uma expressão
corporal diferente, respondendo às perguntas realizadas pelas as estagiárias de forma mais
clara e tranquila, sendo assim consegui trazer mais elementos para o encontro demonstrando
menos constrangimento.
Referente a questão do abuso sexual ,explicou com detalhes como ocorriam
comentou que o filho de sua madrasta , cometia os abusos pela manhã, depois que o pai e
madrasta saiam para trabalhar, já que a paciente dividia o quarto com o menino, o mesmo saia
de sua cama e se direcionava a cama da paciente, onde encostava partes intimas dele no
corpo da paciente, que não demostrava reação alguma durante o ato, comenta que logo após
o abusador vestia-se e saia para trabalhar normalmente como se nada tivesse acontecido.
Comenta que esses abusos se repetiram por três meses e só parou de ocorrer quando
o abusador foi preso por assalto, esse menino foi encaminhado para um Centro de Detenção
para menores, visto que ainda era menor de idade, onde permaneceu por um período curto.
A paciente relata que tentou alertar ao pai dessa situação, mas que o mesmo ficou de
conversar com a esposa, mas que no final nenhuma atitude foi tomada por parte do pai em
relação ao assunto, o mesmo preferiu se omitir.
Dandara também comenta que sente muita vergonha em relação ao assunto do abuso
sexual e que tirando o relato que fez ao pai, nunca conversou a respeito disso com ninguém,
somente no mês de Fevereiro desse ano, é que decidiu conversar e confirmar a questão do

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abuso sexual, e dos maus tratos sofridos na casa do pai com a irmã Taci, onde ficou
inicialmente no período de férias.
Quando questionada a escolha da irmã Cassandra para obter sua guarda, explica que
mesmo decidida a não voltar mais para casa do pai, diz que essa mudança inicialmente,
também foi um pouco tumultuada, visto que teve uma discussão com a irmã Taci, onde a
mesma sentiu-se contrariada com uma situação chegando a comentar que talvez fosse
melhor a paciente retornar a casa do pai .
Dandara então começou sentir-se insegura com a irmã a Taci, chegando à conclusão
que ela não seria a melhor pessoa para ficar com a sua guarda. Dessa forma procurou a irmã
Cassandra que resolveu acolher a paciente e lutar na justiça pela guarda definitiva da menor.
Segundo a paciente a irmã Cassandra tem uma vida e família mais estruturada,
portanto tem mais chances de ganhar o processo, e que essa faz tudo que está ao seu alcance
para preservar seu bem estar.
A paciente diz que tem muito medo de ter que retornar a casa do pai, explica que o
sujeito deve estar se sentindo traído e dessa forma seria capaz de cometer terríveis atos de
violência, e isso causa sentimentos de angústia e solidão em alguns momentos.
Ainda com relação a esse pai, comenta que senti tristeza em relação a forma que
sempre a tratou, além disso tem sentimento de revolta da mãe que morreu, por ela ter se
deixado também se levar para o mundo das drogas, com base nos comentários das irmãs que
não são filhas do pai da paciente a mãe não era dependente química antes de conhecer o pai
biológico da Dandara, e com isso a paciente condena a escolha da mãe em entrar para o
mundo das drogas e não fazer a escolha certa que seria ficar ao lado das filhas.
Mesmo com esse sentimento de revolta Dandara lamente não ter muitas lembranças
da mãe, não lembra do rosto dela por exemplo e tem apenas incites de situações vivenciadas
com essa mãe, como lembranças de estar junto a mesma em cômodos da casa onde moravam
e também de uma visita a casa da avó, pois quando a mãe faleceu Dandara tinha 5 anos de
idade.
Assim como já relatado na primeira entrevista, Dandara comenta que um dos seus
prazeres na vida é comer bem e que costuma sentir muita fome, especialmente quando está se
sentindo angustiada. E que espera ser uma adulta mais segura, tanto no sentido de
personalidade, quanto nas demais áreas de sua vida.
Em relação a saúde física da paciente, diz não ter problemas, comenta que está
saudável e não faz uso de medicações, porém reforça que tem dificuldade para dormir, e

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quando dorme, tem o sono leve, e que está sempre em sinal de alerta, problema esse causado
pelos abusos.
Nesse segundo encontro também foi aplicado o teste HTP na paciente, as estagiárias
explicam nesse momento que esse teste o objetivo de conhecer um pouco melhor da
personalidade da paciente, além dos relatos que já foram feitos pela mesma nas entrevistas.
A Dandara recebe as folhas para construção de seus desenhos e não se dirige às
estagiárias para fazer questionamentos, apenas preocupa-se em desenhar o que foi solicitado.
No processo de inquérito do teste respondeu todas as perguntas realizadas de forma,
rápida, clara e objetiva.

3.4 Hipótese Diagnóstica


Levando em consideração os relatos da paciente nas duas entrevistas realizadas,
chega-se à conclusão de que a paciente apresenta alguns sintomas de depressão, ansiedade, e
transtornos alimentares como a bulimia. Conforme nos traz o DSM-5 do ponto de vista da
psicopatologia sintomas de depressão (CID 11 e DSM 5), são encontrados em pessoas com
humor triste e um desânimo de forma geral mediante a aspectos de sua vida.
Na questão do da ansiedade é pertinente comentar sobre a ansiedade generalizada,
pois o paciente sofre com esse transtorno todos os dias e pode durar meses, a pessoa passa a
maior parte do tempo nervosa e suando frio, não consegue relaxar, tem dificuldade de
concentração o que pode levar, também a episódios de insônia.
Apesar das pessoas não darem a devida importância é uma questão bem complexa e
que exige atenção, existem alguns tipos de transtorno alimentares, mas nesse trabalho
gostaria de destacar a bulimia nervosa( DSM e CID-11) ,que ocorre por uma compulsão muito
grande por comer, a pessoa passa o tempo todo abrindo armário e geladeira em busca de
comida, e ao mesmo tempo que come descontroladamente tem uma preocupação excessiva
com o corpo, que muitas vezes leva esse indivíduo a cometer atitude extremas, nesse caso é
muito com o paciente provocar o próprio vômito com , pois assim acha que não vai ganhar
peso .Lembrando que em alguns casos esse transtorno pode surgir como uma forma de
descontar algum sentimento reprimido, a comida funciona como uma espécie de fuga.
Salientando que a paciente relata comportamentos e queixas que se enquadram nos
sintomas descrito acima.

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3.5 Técnica empregada / procedimentos
Técnica do Desenho Projetivo Casa-Árvore-Pessoa (HTP): nos permite coletar
dados sobre o funcionamento psicológico do sujeito, bem como, a maneira como a pessoa
experiencia sua individualidade em relação aos outros e ao ambiente do lar.

3.5.1 Casa
Proporção pequena Sentimento de insegurança retraimento, descontentamento,
regressão.
Perspectiva À direita: Preocupação com o ambiente, antecipação do futuro,
estabilidade/controle, capacidade de adiar a gratificação. Margem impedindo complemento do
desenho: organicidade, Inferior: concretismo, depressão, insegurança, inadequação. Margens
do Papel: Inferior: necessidade de apoio, Lateral: sentimento de constrição. Linha de solo:
insegurança, ansiedade. O uso dos lados da página como uma linha da parede lateral sugere
uma insegurança generalizada.
Detalhes Falta: retraimento;
Detalhes Essenciais Chaminé Omissão: falta de calor no lar. Porta Pequena: reserva,
inadequação, indecisão. Telhado Linha simples: constrição. Paredes ênfase: esforço para
manter o controle do ego. Janelas abertas: controle do ego pobre. Muitas grades podem
expressar um sentimento de que o quarto atrás da janela é uma prisão. Qualidade da Linha
Forte: tensão, ansiedade, energia, organicidade.

3.5.2 Árvore
Proporção Grande: indicação de ambiente restritivo, tensão, compensação.
Perspectiva Central: rigidez,
Detalhes essenciais (galhos): Quebrados/mortos: galhos quebrados ou mortos
parecem representar eventos traumáticos vividos pelo indivíduo, possibilidade de suicídio,
impotência. Galhos mortos parecem expressar a crença do indivíduo de que muita frustração
foi produzida apenas por fatores extra pessoais do ambiente. Às vezes, um galho morto

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representa um trauma físico ou psicológico, e a localização do galho ao longo do tronco pode
indicar a idade relativa em que o trauma ocorreu. Raízes omitidas: insegurança.

3.5.3 Pessoa
Perspectiva Central: rigidez. Margens do Papel Impedindo complemento do desenho:
organicidade. Linha de solo: Paciente demonstrando necessidade de segurança, ansiedade.
Detalhes Falta: retraimento
Detalhes essenciais (braços) ocultos: culpa, inadequação, rejeição se não for
desenhada a própria pessoa. (olhos) fechados: introversão, voyeurismo. (pupilas) omitidas:
contato pobre com a realidade. (pernas) Omitidas, diminuídas, cortadas: desamparo, perda de
autonomia. Posição instável: insegurança, dependência
Detalhes não essenciais (roupas) muita ou pouca roupa: narcisismo, desajustamento
sexual. (pés) Omitidos ou cortados: desamparo, perda de autonomia, preocupações sexuais.
(cabelo) Enfatizado ou omitido: preocupações sexuais.
A paciente trouxe para os atendimentos a questão de abuso sexual, sendo assim
abaixo temos características emocionais especificas de crianças sexualmente abusadas como:
dificuldade com situação de dependência, necessidade exagerada de controle, auto estima
baixa, agressividade e raiva, retraimento tanto social como emocional, sensação de
desconfiança, ansiedade, medo e desamparo.
Também temos indicadores emocionais específicos de crianças sexualmente abusada
como: indicadores sexuais agressivos, não apropriados, perda da sensação de segurança ,
incapacidade para confiar, ansiedade, medo, desamparo (impotência), auto estima baixa,
depressão, conflitos familiares, ideias suicidas, agressão e raiva, sentimento de culpa,
vergonha, desconforto nas relações íntimas, ligação exagerada a adultos(dependência).

3.6 Resultados
A paciente Dandara demonstra vivência em alguns aspectos de vida que não
condizem com sua idade. Mesmo convivendo quase toda sua vida com uma família
desestruturada aparenta conseguir compreender que esse ambiente não é adequado para se
conviver e parece ter uma certa lucidez entre as coisas que são certas e erradas.
Por outro lado apresenta forte tendência de insegurança, dependência, carência, que
apesar de já ter tido muitas experiências em sua vida, ainda demonstra que precisa de muito

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apoio, psicológico, emocional e que preferencialmente esse apoio venha de membros de sua
família, devido à falta de afeto que teve dos pais biológicos.
Precisa trabalhar questões da auto estima que está extremamente enfraquecida, bem
como trabalhar em cima de seus traumas, desconstruindo pensamentos de que a culpa de tudo
que aconteceu de errado em sua vida é culpa sua, o que gera uma revolta dificultando a ideia
de perspectivas boas para ela no futuro.
Questões esses que em sua grande maioria foram trazidos pela violência do pai, que
a espancava como se a paciente fosse qualquer pessoa estranha da rua, relato esse feito pela
própria paciente, sendo assim precisa também tentar entender melhor a relação de raiva e
carinho que alimenta por esse pai, pois essa confusão de sentimento acabou limitando muitas
decisões na vida da paciente. Pois mesmo esse pai não agindo de forma adequada com a filha,
ele é não deixa de ser uma referência para esse paciente.
Com relação a mãe a paciente deveria solicitar auxílio dos demais membros da
família a fim de levantar fotos, fatos e relatos, para que ela tenha um pouco de referência
dessa mãe,o que talvez ajudaria na questão do juízo de valores que a paciente faz dessa mãe.
Como consequência de todas as questões que foram apontadas acima, a paciente da
paciente já apresenta sintomas referentes a algumas patologias como a ansiedade que pode
estar sendo deslocada ou transferida para a comida, o que vem de encontro com a
insatisfação com o corpo, gerando algum tipo de transtorno alimentar, as insônias somadas a
falta de perspectivas na vida, insegurança, falta de amor próprio demonstrada pela Dandara
pode desencadear em um depressão.
Quanto a irmã Cassandra, apresenta um pouco de dificuldade de aceitar o jeito
retraído da paciente, achando que ela precisa de mudanças rápidas, porém com análise do
trabalho que foi feito com a Dandara fica claro que, para mudanças positivas ocorrerem é
preciso que a Dandara seja acompanhada psicologicamente, sendo assim a família que
acolheu a paciente deve estar consciente desse acompanhamento e apoiá-la.

4 Prognóstico

Recomenda-se a continuidade da paciente Dandara no processo de psicodiagnóstico,


afim de dar sequência nos processos de entrevista. De acordo com informações coletadas nas
duas entrevistas já realizadas e no teste aplicado a paciente demonstra sinais de depressão,
ansiedade e transtorno alimentar, assim seria importante a aplicação de no mínimo mais um
teste, com o objetivo aprofundar o processo de investigação das patologias citadas acima.
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Salientando que o processo se daria em cinco entrevistas e a paciente compareceu
somente em duas.

5 Encaminhamentos

Recomenda-se que a paciente Dandara de 15 anos seja encaminhado para processos


de psicoterapia por prazo indeterminado com o objetivo de tratar questões que marcaram em
sua vida e tratamento de sintomas depressivos, ansiedade e transtornos alimentares.

6 Apreciação sobre o Desenrolar das atividades e dos

desafios Enfrentados.

Até o presente momento tivemos apenas dois encontros com a paciente, mas que
foram suficientes para nos deixar com algumas dúvidas e impactadas com seus relatos ,
principalmente em relação a irmã da paciente, pois a mesma parecia demonstrar um
comportamento bem objetivo em relação aos problemas enfrentados pela irmã , além de no
momento da entrevista não demonstrar muito afeto pela paciente.
Saímos da entrevista um pouco preocupadas com a questão da solicitação da guarda
da Dandara, em um primeiro momento não conseguimos ter a compressão do por que somente
agora, depois de todos esses anos resolveram tomar uma atitude, visto que as duas irmãs por
parte de mãe já desconfiavam do ambiente violento, inadequado e precário em que a menor
vivia.
Desconfianças essas, que aumentaram quando a irmã mencionou que a menor recebe
uma pensão de no valor de R$2.000,00 mensais, dinheiro esse que provisoriamente está sendo
administrado pela irmã, que por sua vez tem seis filhos.
Até então esses valores tinha sido administrado pelo pai que escondia a existência
desse dinheiro da filha da Dandara e da família.
Foi inevitável pensar se essa adoção por parte da irmã seria pensando no bem estar
da paciente, ou se querem ficar com a guarda dela para também usufruírem desse dinheiro.
Muitas vezes tivemos receio e vergonha de comentar com a professora, visto que
estávamos fazendo um pré conceito em relação a irmã de Dandara, o que nos deixava
desconfortável. Pois do número de encontros ficaram muito reduzidas em relação às dúvidas e
incertezas que criamos em nossa cabeça.

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Ao conversarmos com a professora, ponderamos que pode ser questões e valores
nossos que acabam se chocando com os problemas da paciente, então focamos mais na
questão de acolher sem julgamentos, e sabemos que para melhor lidar com essas sensações e
dúvidas, também devemos buscar acompanhamento psicoterápico, a fim de conseguirmos
trabalhar nossa imparcialidade nos atendimentos.
Mesmo assim a sensação desse primeiro contato com o paciente na clínica é muito
prazeroso, pois nesses momentos temos a possibilidade de ver e aplicar na prática toda a
teoria vista no decorrer do curso em sala de aula.
Não conseguimos dar o suporte que desejamos pois o tempo é curto, mas só o fato de
acolher a paciente e perceber que ela depositou um pouco de confiança em nós através de seus
relatos é muito gratificante.

7 Referencial Bibliográfico

8 O parecer da supervisora

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