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HISTÓRIA

DA
PSICOLOG
IA
PROFESSORA MS. FLÁVIA
ANDRADE ALMEIDA
 Desenvolver a análise crítica e reflexiva das teorias e

OBJETIVO métodos da Psicologia e discutir os fundamentos


epistemológicos, explicitadas as condições históricas
DA e sociais que antecederam e definiram seu
surgimento como ciência do final do século XIX
DISCIPLIN
A   Verificaremos, portanto, as condições de
possibilidade da subjetividade, diferentes
concepções de eu e por consequência, condições de
possibilidade da Psicologia
 Identificar os contextos histórico-sociais em que se
desenvolveram as concepções de subjetividade

OBJETIVO  Compreender as principais concepções de indivíduo e mundo


da Modernidade ocidental

S  Reconhecer na Psicologia um saber científico inscrito na

ESPECÍFIC
história da Modernidade
 Ler e interpretar textos e comunicações orais através dos

OS meios convencionais e eletrônicos


 Levantar informação bibliográfica através dos meios
convencionais e eletrônicos
 Expressar o pensamento de forma clara, coerente e concisa
 Reflexão sobre as condições que permitiram e
COMPETÊNCI permitem a elaboração de diferentes teorizações em
AS Psicologia, a partir da adesão a diferentes
 IMPORTÂNCI concepções de indivíduo e mundo

A DA
DISCIPLINA  Reconhecimento e contextualização do campo da
ciência psicológica a partir da história da
constituição da subjetividade ao longo da
modernidade séculos XV ao XIX
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

 MASSIMI, M. História dos Saberes


Psicológicos. São Paulo: Paulus, 2016. 
 SANTI, P. L. R. A Construção do Eu na
Modernidade. 6ª edição. Ribeirão Preto/SP:
Holos, 2009
 SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. História da
Psicologia Moderna. 9ª edição. São Paulo:
Thomson Learning, 2011.
CIÊNCIA PSICOLÓGICA - DE
SÓCRATES AO HUMANISMO
MODERNO
 O QUE É A PSICOLOGIA E DE QUAIS FENÔMENOS ELA SE OCUPA?

 EXISTEM VÁRIOS MEIOS DE INVESTIGAR A PARTIR DESSAS


PERGUNTAS. UM DESSES MEIOS É A ANÁLISE DA PERSPECTIVA
HISTÓRICA DE PSIQUE, SUBJETIVIDADE, INDIVÍDUO (EU) E DAS
CONDIÇÕES HISTÓRICAS QUE PERMITIRAM O SURGIMENTO
(DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA ENQUANTO SABER ESPECÍFICO
 DE MODO GERAL A PSICOLOGIA ESTUDA O INDÍVIDUO EM
SUAS RELAÇÕES CONSIGO E COM O MUNDO

CIÊNCIA  PSIQUÉ NA CULTURA GREGA ANTIGA:


PSICOLÓGIC  Os alicerces dos saberes psicológicos no Ocidente foram colocados pela

A cultura grega antiga


 Pelo imperativo de conhecer a si mesmo, pela definição do conceito de
- SÓCRATES  psique e proposta de conhecimento racional desta
 Houve a proposta de uma visão psicossomática do ser humano
 Representações das questões da condição humana em formas literárias,
como a tragédia
 DE MODO GERAL A PSICOLOGIA ESTUDA O INDÍVIDUO EM
SUAS RELAÇÕES CONSIGO E COM O MUNDO

CIÊNCIA  PSIQUÉ NA CULTURA GREGA ANTIGA:


PSICOLÓGIC  Na cultura grega já surgiam e se desenvolviam certos conceitos de psiqué

A (e de suas potencialidades que hoje chamamos processos psíquicos)


 Já havia nessa cultura certa distinção entre alma e corpo, saúde em um
- SÓCRATES  campo psicossomático
 Podemos ver ainda o interesse pelas questões da condição humana
representadas na tragédia grega
 Sobretudo, o imperativo de conhecer a si mesmo como condição para o
bem-viver denota interesse pela psique, por certo entendimento de psiqué
 DE MODO GERAL A PSICOLOGIA ESTUDA O INDÍVIDUO EM
SUAS RELAÇÕES CONSIGO E COM O MUNDO

CIÊNCIA  PSIQUÉ NA CULTURA GREGA ANTIGA:


PSICOLÓGIC  Nesse cenário histórico, vemos diversas demonstrações do interesse pelo

A ser humano e seu psiquismo

- SÓCRATES   Isso fica demonstrado na poesia épica e lírica; nas tragédias, nos textos de Filosofia
e nos tratados de medicina da época

 Da leitura dessas fontes podemos entender o que os gregos antigos pensavam


acerca do ser humano e do cuidado com seu bem-estar
 DE MODO GERAL A PSICOLOGIA ESTUDA O INDÍVIDUO EM SUAS
RELAÇÕES CONSIGO E COM O MUNDO

 PSIQUÉ NA CULTURA GREGA ANTIGA:

CIÊNCIA  Os textos poéticos são relatos que instituem práticas e sugerem modos de viver e pensar, ou seja, são
transmissores de certa visão de mundo e de normas de conduta

PSICOLÓGIC  Já os filósofos (os primeiros da história do Ocidente), sobretudo nessa época buscavam a sabedoria

A suprema e se propunham a encarar as questões suscitadas pela vida e modos de viver

- SÓCRATES   A Filosofia nesse sentido, se caracteriza pela constante atitude de busca e de procura, inerente à própria
natureza do ser humano

 A finitude provoca a busca por um bem-viver, ou seja, pela perfeição. Essa é a chave para a busca pela
sabedoria – a filos sophia (apreço pelo saber) traduz também a harmonia que se concebia que deveria
existir na natureza e no mundo dos homens
 DE MODO GERAL A PSICOLOGIA ESTUDA O INDÍVIDUO EM
SUAS RELAÇÕES CONSIGO E COM O MUNDO

CIÊNCIA  A REPRESENTAÇÃO DE PESSOA HUMANA E DE SUA CONDIÇÃO


NESSE MUNDO:

PSICOLÓGIC
A  O termo “pessoa” tradução da palavra grega prósopon e da palavra latina
persona, surge na cultura grega antiga e especificamente numa de suas
- SÓCRATES  expressões literárias originais que é a tragédia

 Na tragédia a “pessoa” é a mascara usada pelos atores e portanto o


primeiro sentido do termo pessoa indica representação
 DE MODO GERAL A PSICOLOGIA ESTUDA O INDÍVIDUO EM SUAS RELAÇÕES
CONSIGO E COM O MUNDO
 Origens do termo psique:

CIÊNCIA
 O termo psiqué tem significações diversas e ligadas a diferentes tipos de saberes

PSICOLÓGIC  Essas significações tem em comum o fato de se originarem da interrogação pelo sentido da vida

A  Esses saberes tem um sentido peculiar: se referem à psiqué e são expressões da psique enquanto
núcleo racional do ser humano

- SÓCRATES 
 A expressão do daimon humano

 A psiqué é que impulsiona o ser humano a conhecer o mundo a si mesmo


 DE MODO GERAL A PSICOLOGIA ESTUDA O INDÍVIDUO EM SUAS
RELAÇÕES CONSIGO E COM O MUNDO
 Origens do termo psique:
 Segundo Vernant (1990) o aparecimento da psique na cultura grega acontece na

CIÊNCIA cultura mitológica na qual a psiqué é tida:

PSICOLÓGIC  Como um elemento estranho a vida terrestre, um ser vindo de outra parte em exílio,

A aparentado ao divino. [...]A experiencia de uma dimensão propriamente interior


teve de início, para tomar corpo, que passar por essa descoberta, no íntimo do

- SÓCRATES  homem, de uma força misteriosa e sobrenatural, a alma – daímon. A psique é uma
força instalada no interior do homem vivo, sobre a qual ele se prende e que ele tem
o dever de desenvolver, de purificar, de liberar. [...]Ao mesmo tempo realidade
objetiva e experiencia vivida na intimidade do sujeito, a psique constitui o primeiro
quadro que permite ao mundo interior objetivar-se e tomar forma, um ponto de
partida para a edificação progressiva das estruturas do eu.
 DE MODO GERAL A PSICOLOGIA ESTUDA O INDÍVIDUO EM
SUAS RELAÇÕES CONSIGO E COM O MUNDO
 Origens do termo psique:
CIÊNCIA  Heráclito é o primeiro pensador a estabelecer um nexo entre psique e

PSICOLÓGIC
logos, ou seja, uma conexão entre alma e discurso racional

A  Segundo ele, a alma é um estado de constante devir, e essa plasticidade

- SÓCRATES  deve-se à presença nela do logos

 Com Heráclito, pela primeira vez na história do pensamento grego se


reconhece no homem a presença de um centro consciente
 DE MODO GERAL A PSICOLOGIA ESTUDA O INDÍVIDUO EM
SUAS RELAÇÕES CONSIGO E COM O MUNDO

CIÊNCIA  PSIQUÉ NA CULTURA GREGA ANTIGA:


PSICOLÓGIC  SÓCRATES - noção de daimon, alma, conexão com o divino. Uma força

A instalada no interior do homem vivo sobre a qual ele se prende e tem o


dever de desenvolver. A psiqué se relaciona ao divino - o imperativo do

- SÓCRATES  conhece-te a ti mesmo. Ética.


 PLATÃO E ARISTÓTELES - além da noção de psique relacionada a
alma, a sabedoria, concebem a psiqué como relacionada ao homem
enquanto ser racional. A psique nos impele para a vida, para a busca da
verdade
 Há um salto histórico
DA
ANTIGUIDAD  O que mudou na concepção de ser humano da Antiguidade Greco-
Romana para a Idade Média?
E GRECO-
ROMANA À  Há um retorno do dogmatismo religioso como centro de organização

IDADE
social e por outro lado, uma tentativa de apagamento de todo o saber
filosófico e racional que tinha sido produzido até então

MÉDIA
 A Idade das Trevas
 O TEOCENTRISMO NA IDADE MÉDIA E O NASCIMENTO DA
EXPERIÊNCIA SUBJETIVA

HUMANISMO  O que entendemos atualmente como "eu" não era possível na Idade Média

MODERNO:   A noção de subjetividade privada, não existia – a noção de intimidade talvez

RENASCIMENT
fosse diferente
A construção do sentido de eu e de indivíduo foi construída. Ela não é um dado
O natural obvio.
 O PRINCIPAL ASPECTO DA IDADE MÉDIA é que tudo se centraliza na
existência de Deus (teocentrismo). Todos se organizam em torno de Deus. 
 A ordem absoluta é representada por Deus e a Igreja. Ideia de corpo social – cada
um tem um lugar e propósito nessa engranagem – tudo segue o plano divino
HUMANISMO  Nesse sentido a liberdade é muito restrita. Já que tudo é parte do plano divino

MODERNO:   Se Deus é onipresente e onisciente nada está em segredo e não estamos sozinhos.
Pecar em pensamento já é pecar.
RENASCIMENT Música - o canto gregoriano representa o valor da época. É em uníssono, letras

O que são textos sagrados

 É a partir de Santo Agostinho que se encontra a passagem para a idéia de interioridade. Santo Agostinho
concebia como desqualificável o mundano. Logo, desvalorizar o mundano, nos faz nos voltar a si. A
busca de Deus é um processo interno, privado.
 A experiência passa a ser altamente subjetivada e dependente de nós (mas isso seria apenas o início dessa
construção)
 A SUBJETIVIDADE NO RENASCIMENTO:
ANTROPOCENTRISMO E DIVERSIDADE CULTURAL

HUMANISMO  Valorização do homem – do teocentrismo ao antropocentrismo


MODERNO: 
RENASCIMENTreino do homem. O homem como centro do mundo - domínio da
 Definição de Humanismo - Convicção de que o mundo natural é o

O natureza e formação de ciências sobre o homem (para exercício da


liberdade)

 O indivíduo deve se constituir enquanto indivíduo, enquanto humano


– Se o homem não nasce predestinado, deve se formar, educar
 Passagem da Idade Média para o Renascimento com a diminuição do poder da
Igreja tem implicações nos modos de vida – portanto na concepção de eu

 Há uma certa crise: se antes havia a certeza de Deus, isso era um apoio. Não havia
HUMANISMO liberdade, mas havia certeza

MODERNO:   Agora, há liberdade, mas é como se faltassem as certezas. O indivíduo é


RENASCIMENT responsável por si -  ao mesmo tempo sentimento de solidão e de responsabilidade.

O Não necessariamente são ateus, mas Deus se tornou algo mais distanciado, está
"nos céus" e deixa o mundano a cargo do ser humano

 O homem não conta mais com respostas dadas, precisa construi-las. Esse é um dos
fundamentos do Humanismo
 Passagem da Idade Média para o Renascimento com a diminuição do poder da Igreja tem
implicações nos modos de vida – portanto na concepção de eu

 Há uma certa crise: se antes havia a certeza de Deus, isso era um apoio. Não havia liberdade,

HUMANISMO
mas havia certeza

MODERNO:   Agora, há liberdade, mas é como se faltassem as certezas. O indivíduo é responsável por si -  ao
mesmo tempo sentimento de solidão e de responsabilidade.

RENASCIMENT
 Não necessariamente são ateus, mas Deus se tornou algo mais distanciado, está "nos céus" e

O deixa o mundano a cargo do ser humano

 O homem não conta mais com respostas dadas, precisa construi-las. Esse é um dos fundamentos
do Humanismo

 Ao contrário da Idade Média, os artistas passam a assinar as obras – a mão do homem agora
importa, o que se reflete nos modos de vida e nas artes
 Deus criou o mundo e o deixou para funcionar por suas
HUMANISMO próprias leis. Se torna juiz 
MODERNO: 
 A liberdade possibilita o conhecimento – possibilita o
RENASCIMENT discernimento do bem – a construção da moral
O
 O ANTROPOCENTRISMO traz a naturalização da
concepção de natureza como objeto, a serviço do homem
 A SUBJETIVIDADE NO RENASCIMENTO: ANTROPOCENTRISMO E
DIVERSIDADE CULTURAL
 O confronto com a diferença fez com que o homem se perguntasse sobre si

HUMANISMO  A feira de rua – a partir de agora a Europa se abre a diversidade cultural

MODERNO:   O confronto com outras culturas e religioes os fez se perguntarem sobre o valor
das coisas e sobre a possibilidade de suspeitar da verdade do outro – como saber

RENASCIMENT se os relatos de viagens são confiaveis?

O
 O autor aponta duas possibilidades - a certeza, se o outro pensa diferente de
mim, é necessário catequiza-lo e a crítica: o confronto com o diferente me faz
refletir sobre minhas verdades.
 Música - Polifonia: muitas vozes
 PROCEDIMENTOS DE CONTENÇÃO DO EU
 A valorização do ser humano e a noção de que é necessário construir sua
existência e seus valores levarão a tentativa de criação de mecanismos para
domínio e formação do eu.
HUMANISMO
MODERNO:   É na formação desses procedimentos – modos de ser – que se começamos a

RENASCIMENT
reconhecer os rumos que posteriormente levarão à Psicologia

O  Figueiredo – As experiências subjetivas que se transformaram em objeto do


saber e intervenção psicologicos começam a se formar a partir da dispersão, ou
seja, a partir do embate com a diversidade, com consequente tentativa de
ordenação
 O homem agora precisa escolher seu caminho, portanto construir uma
identidade
 O homem precisa dominar a dispersão

HUMANISMO  Na Idade Média era difícil ser responsabilizado por pecar – porque a pessoa não
era livre. Agora, o homem será julgado, portanto precisa escolher o bom
MODERNO:  caminho, escolher como ser – em termos psi, construir uma identidade que
possibilite determinada conduta
RENASCIMENT Santo Inácio de Loyola - exercícios para mostrar o bom caminho para o homem

O – basicamente, renúncias ao mundano, renúncias à liberdade para OBEDECER


a Santa Igreja  - sou livre mas preciso abdicar da liberdade 
 É preciso conter-se – de acordo com esse pressuposto a liberdade leva à
perdição
 O autor traça um paralelo com os livros de auto-ajuda: se sou livre posso
escolher como agir então se somos o que fazemos de nós a infelicidade é
produzida por nós "a premissa, só é pobre quem quer" implica que
determinantes históricos, políticos e sociais sejam desconsiderados – como se os
HUMANISMO exercícios de si da auto-ajuda nos salvassem

MODERNO:   Música - a polifonia é aprimorada, disciplinada – torna-se mais CONTIDA,


RENASCIMENT melodiosa

O  Maquiavel – traz a ideia de que as sociedades precisam de um principe, uma


autoridade que imponha ordem – o príncipe precisa ser amado e temido –
porque os homens podem ser 
 A CRÍTICA À APARÊNCIA

 Ainda no século XVI surge uma série de autores que criticam a pretensão do

HUMANISMO
homem em ser tão ideal e apontam para a possibilidade da maldade e vaidade
humanas – essa posição ao mesmo tempo afirma e nega o humanismo

MODERNO: 
RENASCIMENT Montaigne e o ceticismo – se retira da vida social, pois coloca tudo em
suspeita. 

O  Dois aspectos do ceticismo – o fideísmo, o homem é insignificante perto de


Deus e o ceticismo propriamente dito, para o qual a crença em qualquer
referência absoluta é insustentável
 Para Monteigne o eu não é continuamente construído - sempre inacabado
 Em Montaigne já há a introspecção, reflexão sobre o mundo – novamente a
interioridade como um certo afastamento em relação ao mundo – mundo
interno, privacidade (universo de pensamentos, fantasias, tormentos etc)

HUMANISMO  Elias critica as ideias de civilização - mostra como o corpo civilizado passa a ser
alvo de auto-controle e observação
MODERNO:   Para Elias a civilização é entendida por nós como progresso, tecnologia, mas

RENASCIMENT implica um rigoroso sistema de controle social que inibe a expressão das
funções corporais e de grande parte dos impulsos – modelagem de modos de ser

O  Shakespeare – Hamlet (século XVII) - há no texto um monólogo interno, que


expressa a característica essencial da modernidade: a interioridade.

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