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CONTRIBUIÇÃO DOS

SISTEMAS ENERGÉTICOS
NO TREINAMENTO DE
FORÇA

Profº Me. Emerson Teixeira


OBJETIVOS DA AULA

1 Interação entre os sistemas energéticos


no exercício físico

2 Fatores que influenciam o gasto


energético no TF

4 Utilização prática dos conhecimentos sobre


TMR, EPOC e gasto energético no TF
SISTEMAS
ENERGÉTICOS
SISTEMA ATP-CP

Houten; Wanders (2010)


SISTEMA ANAERÓBIO LÁTICO

Houten; Wanders (2010)


93% (AER)

AER
95,7%
86,1%

5,3% 13,9%

ANAER

INTERAÇÃO DOS SISTEMAS E NÃO TROCA DE SISTEMA ENERGÉTICO


SISTEMA OXIDATIVO/AERÓBIO

Houten; Wanders (2010)


INTERAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS ENERGÉTICOS
Glicólise

Houten; Wanders (2010)


EFEITO DA INTENSIDADE

Purdon et al. (2018)

Porque com o aumento da intensidade ocorre a


diminuição da oxidação de gordura?
Purdon et al. (2018)
DETERMINANTES DO GASTO ENERGÉTICO TOTAL

Kcal: equivale a 1000 calorias e representa a quantidade de energia


calorífica requerida para elevar 1 °C a temperatura de 1 kg de água;

EFEITO TÉRMICO DOS ATIVIDADES FÍSICAS TMR


ALIMENTOS
Energia para funções
Energia gasta em involuntárias
Energia para atividades físicas (coração, respiração,
absorção, transporte, 15-30% do gasto secreção hormonal,
armazenamento do energético total sistema nervoso
alimento consumido 60-75% do gasto
5-10% do gasto energético total
energético total
MCARDLE et al. (2016)
Como é avaliado a
contribuição dos
sistemas energéticos e
gasto energético?
ÁGUA DUPLAMENTE MARCADA (padrão-ouro)

DeLany (1997)

Calcula a produção de CO2 a partir da taxa de eliminação de hidrogênio e oxigênio

Fórmula para calcular o gasto energético = (3,044*QR+ 1,104) rCO2


CALORIMETRIA INDIRETA
Calor liberado por processos químicos a partir do consumo de
oxigênio e produção de CO2

Oxigênio Gás carbônico

Estimativa da
Produção de energia

Oxidação de substratos Eliminado na respiração

Energia química dos alimentos

Energia armazenada em ATP Energia dissipada em calor durante a oxidação


Lam and Ravussin (2017)
RESPIRATORY EXCHANGE RATIO
Predominância dos substratos energéticos

Carboidrato Ácido graxo

VCO2
R = 1,0 VO2 R = 0,7

C6H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O C16H32O2 + 23 O2 → 16 CO2 + 16 H2O

6 CO2 É assumido... 16 CO2


= 1,0 para 1 litro de oxigênio consumido
= 0,7
6 O2 23 O2
gasta-se cerca de 5 Kcal
Lam and Ravussin (2017)
GASTO ENERGÉTICO PELO (RER)

30 min de exercício
Consumo de 2,0 L O2/min
Cálculo do gasto Valor obtido de RER = 0,75
energético Fórmula: (L O2 x Kcal/L O2) x tempo em min)
Kcal: (2,0 x 4,74) x 30
Resultado: 284,4 kcal
Lam and Ravussin (2017)
Outras formas de
calcular o gasto
energético
FÓRMULA PARA ESTIMAR TAXA METABÓLICA BASAL
FÓRMULA PARA ESTIMAR O GASTO ENERGÉTICO NO EXERCÍCIO

Fórmulas: 1 MET equivale a 3,5 ml O2/kg/min

Desconsidera muitos fatores: idade, nível de treino,


característica do treino, característica física, etc.
ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO NO EXERCÍCIO PELA FC

AWS2 FB PH7
GVHR

FC2 PA360 TT BSP


Eletrocardiograma (ECC) Calorimetria indireta (CI)

50 RPM com aumento de 25W


3 séries de 10RM
a cada 2 min até a exaustão

AVALIAÇÃO ICC: ≥ 0.90 (boa) 0.75-0.90 (moderada) e ≤0.60 (baixa)


MAPE = erro percentual (aceitável ≤10%)
RESULTADOS FREQUÊNCIA CARDÍACA (cicloergômetro)

Com o aumento da intensidade = aumenta-se o


erro de estimativa
RESULTADOS FREQUÊNCIA CARDÍACA (musculação)

Todos os aparelhos apresentaram erros de medida com o aumento


da intensidade do exercício
RESULTADOS GASTO ENERGÉTICO (cicloergômetro)

RESULTADOS GASTO ENERGÉTICO (musculação)

Nenhum aparelho foi capaz de estimar gasto energético corretamente (cautela na


extrapolação de dados provenientes dessa medida)
Portanto...
FATORES QUE
INTERFEREM NO
GASTO ENERGÉTICO
Teoria dos genes Teoria do limite superior e
poupadores (Neel, 1962) inferior (Speakman, 2013)

É preciso vulnerabilidade genética para se tornar obeso pelo estilo de vida


“gastador” “econômico”

O fenótipo “econômico” dos sujeitos resulta na dificuldade em emagrecer


e facilidade em engordar
30 indivíduos c/ sobrepeso e obesos sedentários
(5 vezes/sem) 12 semanas
Exercícios na bicicleta, esteira, simulador de remo e elíptico a 70% FCM
Déficit calórico diário 500 kcal (monitorado individualmente)

+1kg peso
+2,5kg gordura

-14kg peso
-8kg gordura
“Compensadores”

“Não compensadores”

Compensadores
aumentam a “vontade
de comer” pós
exercício, gerando um
consumo alimentar
maior que o gasto.
Também reduzem o
gasto de energia diário
FLINT et al. (2000)
Hiperfagia persistente
(mesmo após recuperação do
peso inicial)

Recuperação
da FFM

Um déficit excessivo aumenta a capacidade do sujeito engordar


REGULAÇÃO HORMONAL DA FOME E SACIEDADE

Austin et al. (2009)


Diminui Aumen
ta
-NPY -NPY
-Ácido -Ácido
gaba gaba

saudável obeso

Alterações metabólicas influenciam o gasto energético


Diminuição de leptina

Diminuição de T3 e T4

Diminuição de aminoácidos podem aumentar sinalização de NPY e


ácido GABA (aumento da fome e redução do gasto energético)

Alteração do gasto energético


TAXA METABÓLICA DE REPOUSO

GASTO ENERGÉTICO TOTAL

GASTO ENERGÉTICO NO EXERCÍCIO

Pré, 30 semanas e 6 anos após o programa


RESULTADOS

Quase todos os participantes engordaram novamente


RESULTADOS
“Menor gasto energético em todas as atividades”

“Perda de peso elevada = reganho de peso inicial”

“Alterações metabólicas negativas após perda elevada


de peso corporal”

“Maior dificuldade em emagrecimento após a


participação do programa”
COMO ESTIMAR A PERDA DE GORDURA DO MEU ALUNO?

1kg de gordura = 7700 kcal Composição de 5-30% de água

Peso corporal influencia gasto


energético

Exercício utiliza diferentemente


gordura (maior efeito em
treinado), carboidrato e proteína

Efeito térmico do alimento;


Portanto... Para emagrecer Maior custo energético de proteínas
1kg preciso ter um déficit
calórico de 7700 kcal ATUALMENTE NÃO EXISTE
ESTIMATIVA CORRETA!!
SISTEMAS
ENERGÉTICOS NO
TREINAMENTO DE
FORÇA
Predominância anaeróbia na maioria dos exercícios
10 homens com 1 ano experiência em TF realizaram randomicamente:

Protocolo: 5 x 10 RM e 60s intervalo entre as séries


Mensurações das vias energéticas em repouso, exercício e após 90 minutos
RESULTADOS
Durante Pós-exercício

Maior demanda anaeróbia para LP e similares efeitos em oxidação de GOR


GASTO
ENERGÉTICO NO
TREINAMENTO DE
FORÇA
10 sujeitos moderadamente ativos (self-report) realizaram randomicamente:

WTS (TF)

Circuito de 4 x 10 reps BK (AERÓBIO)


70% 1RM
49 min pedalando
Supino reto, remada na polia, 70% VO2max
extensora, flexora, tríceps testa, bíceps
polia, abdominal e desenvolvimento

Avaliações: GE sessão, após 30 min, durante o sono e 24 horas após


RESULTADOS

Efeitos similares em gasto energético total e oxidação de macronutrientes


Qual o papel da intensidade e do exercício?

Custo energético em exercícios para membros superiores e inferiores nas


intensidades de 20% e 80% 1RM (2 séries até a falha muscular)

Exercícios multiarticulares + alta intensidade promove maior gasto energético


Volume e gasto energético?

Custo energético em 5 exercícios para membros superiores


(SS = 1 x MS = 3 séries de 10 repetições a 70% 1RM) homens vs. mulheres

Maior volume = maior gasto energético;


Homens apresentam maior gasto energético que mulheres
Intervalo influencia o gasto energético?

Custo energético nos exercícios Fly (CF) e Leg press (LP)


(5 séries de 15 repetições máximas) 1 x 3 min intervalo

Intervalo não influencia o gasto energético total (apenas a característica do exercício)


Métodos de treinamento e gasto energético?

Não houve diferença no gasto energético total entre os métodos


(Tradicional; Supersérie; Circuito; pré-exaustão)
1 kJ = 0.239 kcal
34.70 kJ.min¹

26.28 kJ.min¹

8,29 kcal.min¹
6,28 kcal.min¹

Houve apenas diferença estatística, sem relevância clínica


CONSUMO EXCESSIVO DE OXIGÊNIO APÓS O EXERCÍCIO (EPOC)

✓ Recuperação de PCR
✓ Recuperação da oxihemoglobina e
oximioglobina
✓ Aumento na temperatura corporal
(maior respiração celular)
✓ Remoção do lactato
✓ Aumento da oxidação de lipídeos
O EFEITO EPOC É DETERMINANTE NO GASTO ENERGÉTICO?

13 indivíduos
recreacionalmente ativos
3 sujeitos não completaram
um dos protocolos (SIE)

SIE
HIE SSE
6 x 30s sprints
4 x 4min 95% VO² pico 30 min contínuo
“All-out” (máximo)
3 min recuperação ativa exercício 80% VO² pico
4 min recuperação ativa
(25 min total) (30 min total)
(23 min total)
RESULTADOS
~347,5 kcal
~328,5 kcal

~271 kcal

O EFEITO EPOC NÃO É DETERMINANTE NO GASTO ENERGÉTICO TOTAL


10 indivíduos recreacionalmente ativos realizaram 3 protocolos (desenho cross-over)

RT IT
60% 1RM SS Treino intervalado: 30s a
Fly, agachamento, puxador Treino contínuo a 40% 90% VO² pico e 2-3min
dorsal, tríceps polia e flexão VO² pico (43,4 min total, recuperação (43,6 min
plantar (46 min sessão, 217 kcal) 217 kcal) total, 219 kcal)
RESULTADOS

+8 + 12

+7 +7

O EFEITO EPOC É INSIGNIFICANTE NO GASTO ENERGÉTICO TOTAL


Qual a contribuição da hipertrofia no
gasto energético?
RELAÇÃO ENTRE MASSA MUSCULAR E A TAXA METABÓLICA DE REPOUSO

“O AUMENTO DE MASSA MAGRA NÃO ALTEROU A TMR”

REVISÃO DE 90 ARTIGOS SOBRE DIFERENTES TMR foi reduzida independente da estratégia


ESTRATÉGIAS SOBRE A TMR utilizada (maior redução para dieta restritiva)
AUMENTAR MASSA MUSCULAR = AUMENTAR GASTO ENERGÉTICO?

1kg de massa muscular = + 13 kcal/dia


40 mulheres obesas destreinadas foram
submetidas a 16 semanas de intervenção
RT vs. DIET vs. RT+DIET

RT = 2-3 x sem (4 x 10-12RM, 90s pausa)


Agachamento
Terra
Supino
SESSÃO A Remada
Crucifixo inverso
Elevação lateral
Lower back

Extensora
Flexora
Supino inclinado
Peitoral cross over
SESSÃO B
Pulley frente
Remada curvada
desenvolvimento
RESULTADOS
RESULTADOS

No TF isolado a hipertrofia não promove


aumento da TMR e diminuição de gordura
RT (N=6)
Homens e mulheres pós-bariátrica
CON (N=5)
3 x sem (12 semanas)
Homens e mulheres pós-bariátrica
2-3 x 6-10 reps (70-90% 1RM)
Manutenção das atividades do dia a
Agachamento, supino, leg press, dia e encorajamento para realizar de
puxador, extensora, 8.000 a 12.000 passos/dia
desenvolvimento, flexora, extensão (controlado por pedômetro)
lombar, tríceps e bíceps
RESULTADOS

O TF manteve a massa magra e gasto energético total para a maioria dos sujeitos
PORTANTO...
TRABALHO EM GRUPO
1º PASSO: Elaborar uma sessão de treinamento descrevendo como
será a prescrição, controle e progressão das variáveis:
EXERCÍCIOS, VOLUME, INTENSIDADE, INTERVALO, AÇÕES
MUSCULARES, VELOCIDADE DE EXECUÇÃO DO EXERCÍCIO E
SISTEMA DE TREINAMENTO

2º PASSO: Elaborar uma explicação dos motivos pelos quais suas


escolhas são as melhores para maximizar o emagrecimento com o TF

3º PASSO: Cada grupo “defenderá” sua prescrição para os outros


grupos
“E QUE VENÇAM OS MELHORES”
“É expressamente proibido agressão física”
EXERCÍCIOS

INTENSIDADE

VOLUME

INTERVALO ENTRE AS SÉRIES

AÇÕES MUSCULARES

VELOCIDADE DE EXECUÇÃO

MÉTODO DE TREINAMENTO
Email: emerson_teixeira2014@usp.br

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