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DIREITO COMERCIAL
(PRÁTICAS)
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Aula Prática 1 – 03 ou 04/10/2019
CASO PRÁTICO N.º 1
1)
1. Artur: artigo 13º/1 Código Comercial - requisitos para que uma pessoa singular
seja considerada comerciante: ter capacidade de exercício, realizar atos de
comércio de forma profissional e em nome próprio. Artur, em principio, teria
capacidade comercial (já seria maior de idade), artigo 7º CCom. Ele não praticava
atos de comércio (como veremos adiante) Artur não é, por isso, comerciante.
2
pressuposto, pratica atos comerciais. O terceiro requisito, o modo profissional,
não está preenchido por causa do artigo 14º/1 que diz que as associações não
podem, em princípio ser comerciantes. Assim a AE não é um comerciante.
A venda de cafés pelo Artur não é um ato comercial, mas a venda pela AE pode
ser um ato comercial por analogia iuris, com base no 1º principio toda aprestação de
serviços no âmbito de uma empresa é comercial.
1. Compra da máquina de café por Artur: existe uma compra comercial prevista
no artigo 463º, no entanto, para o CCom. uma compra só é comercial se for com
o intuito de revenda, o que não foi o caso (não havia esse intuito no momento da
compra da própria máquina), não está por isso previsto no CCom. nem está em
nenhuma lei que substituta nem que se autoqualifique, nem por analogia legis.
Portanto teríamos de recorrer à analogia iuris. Mas não é possível porque o ato
que está aqui em causa não foi praticado no âmbito de uma empresa, não é um ato
de interposição de trocas nem é um ato que tenha por objeto uma empresa, não se
enquadrando, por isso, em nenhum dos 3 princípios.
2. Venda de cafés por Artur: não é um ato comercial. Não é um ato subjetivamente
comercial porque Artur não é comerciante. Será um ato objetivamente comercial
3
se estiver previsto numa lei comercial, ou se for análogo a essas leis ou análogo
aos princípios previstos. Se fosse o fornecimento de cafés estraria no 230º
(lembrar que fazemos uma interpretação extensiva deste artigo). Este ato não está
previsto em nenhuma lei comercial substituta/análoga. É análogo a atos de
comércio? por analogia iuris ele só é comercial se estiver num dos principio que
vimos, o que não se verifica. Assim também este ato não é comercial.
4
2)
Belmiro podia ser comerciante se quem praticasse os atos fosse o seu pai
e tivesse para isso autorização judicial. B faz uma prestação de serviços.
A aprestação de serviços não é comercial, salvo quando praticada no
âmbito de uma empresa. Se B tem uma empresa então esses atos serão
comerciais, assim como todos os outros que a empresa pratique.
E se C fosse acionista de uma SA que detinha esta pensão? Nesse caso, C não será
comerciante, mas representante da Sociedade, não pratica esses atos comerciais
em nome próprio.
Neste caso, este ato de aquisição dos barcos podia ser objetivamente comercial?
Se preencher os requisitos: se tiver previsto numa lei comercial (CCom, lei que o
altera, substitui ou comercial por analogia) e ainda se por analogia iuris ou legis
se considerem comercial. A compra está prevista do CCom., (artigo 463º fala das
compras e vendas comerciais, com exceções no artigo 464º que exclui certas
vendas, como a de gado, da compra e venda comercial). Em principio uma compra
para ser comercial tem de ter sido feita com intuito de revenda, com exceção, por
exemplo, da compra e venda de participações em sociedades comerciais é sempre
comercial, ainda que não tenha sido feita com intuito de revenda. No caso
concreto, no momento da aquisição não havia o objetivo de revender os barcos.
Portanto, esta compra não será comercial de acordo com o CCom, ainda assim,
pode ser uma ato comercial por analogia iuris do principio segundo qual todos os
atos praticados no âmbito de um prestação de serviços feita no âmbito de uma
empresa comercial são comerciais.
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se C diz claramente que o empréstimo não é feito no âmbito da sua atividade
comercial o ato passaria a ser civil.
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O contrato de locação financeira é um contrato comercial?
Este contrato é comercial porque: ele fica paredes meias como contrato de aluguer
ou arrendamento com o untito de lucro (que o CCOM prevê como ato comercial) e ao
mesmo tempo contrato pelo qual me obrigo a comprar uma coisa e a vender a terceiro,
que também é comercial. Por analogia legis também o contrato de locação financeira será
comercial
Artigo 15º, CCom. as dívidas que forem comerciais presumem-se contraídas no âmbito
do comércio.
Isso é relevante para averiguar quem pode responder pela dívida. Tal é diferente se
estivermos a falar de uma dívida comercial ou não.
2. Não se provasse que as dívidas não fossem para proveito comum do casal
3. Que não vigorasse entre eles o regime de separação de pessoas e bem. Parte da
doutrina dizia que bastava a separação de pessoas e bens para que não houvesse
este proveito comum. Lobo Xavier dizia que a separação não era um
impedimento. Este pressuposto só está preenchido quando se provar que há uma
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separação total das economias do casal. Atendendo a esta separação podia dizer-
se que a dívida não tinha sido contraída para proveito comum do casal.
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Aula Prática 2 – 10 ou 11 de outubro de 2019
I.
Se A tivesse uma farmácia SA já não seria comercial porque não estaria a praticar
atos de comércio em nome próprio, mas em nome da SA (não por ser sócio, mas
por ser gerente/administrador). Parte da doutrina dizia que se estivéssemos
perante uma sociedade de responsabilidade ilimitada já seria comerciante (eles
próprios corriam o risco do comércio). Falamos da responsabilidade dos sócios
perante credores, numa sociedade de responsabilidade limitada respondem
unicamente os bens da sociedade. Nas sociedades de responsabilidade ilimitada
respondem os bens da sociedade e os dos sócios. Porém está não é uma posição
acolhida atualmente.
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Qualificação do ato:
Assim não será se se provar que a dívida não foi contraída para proveito comum
do casal ou se vigore o regime de partilha de bens (requisito objetivo que não se verifica,
vigora o regime de comunhão de bens adquiridos).
Só podia provar que a dívida não foi contraída em proveito comum do casal se,
por exemplo, já havia uma total separação de economias (independem net do processo de
divórcio é preciso provar que Carla não teve qualquer proveito daquele bem). Pode
também provar que ainda que comercial a divida não foi praticada no âmbito do comércio
(isto aqui já seria mais complicado).
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Aula Prática 3 – 17 ou 18 de outubro de 2019
I.
i)
Por isso, estamos perante um contrato de compra e venda mercantil ao qual se vai
aplicar o regime do CCom e subsidiariamente o regime do direito privado que consta do
CC. estando perante um contrato de compra e venda mercantil a venda de bens alheios é
possível, já assim não seria se fosse um compra e venda, (892º - nulo).
Nos termos do 467º a venda de bens alheio é possível quando é feita em termos
mercantis, sendo que, fica o vendedor obrigado a adquirir o bem para o poder vender. Isto
significa que a principal diferença do contrato de compra e venda civil e comercial são os
efeitos. No civil o efeito predominante é o real, da transmissão da propriedade, no
comercial já não tem de ser assim, é possível que o contrato produza efeitos meramente
obrigacionais, só havendo transmissão do direito real aquando da aquisição do bem por
parte do vendedor.
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ii)
Na falta de norma especial vigoraria o 777º CC. Mas o art.473º dispõe de forma
diferente. Aplica-se o parágrafo único deste artigo, atendendo a que estamos num caso de
venda que não se fez à vista. Se no regime civil o comprador podia exigir a qualquer
altura a entrega do bem, no regime comercial é preciso um prazo inicial para o
cumprimento da obrigação.
Não tendo sido fixado um preço, não parece que seja de aplicar o artigo 466º mas
é defensável que se o CCom diz que, quando as partes não estipulam o preço o contrato
não existe. Então, pode defender-se que na falta de fixação do preço não temos verdadeiro
contrato - devia ser este principio que está por trás deste artigo a aplicar-se. Para quem
entenda que assim não é, aplicamos o regime geral do CC de determinação do preço
(art.883º).
II.
a)
Quando às restantes prestações, o regime geral está previsto no artigo quando uma
prestação não é cumprida as restantes vencem-se. Porém, esse não vai ser o caso em
concreto porque a segunda parte do artigo 934º dispõe que, estando só em causa falta de
um só prestação e sendo ela inferior a um oitavo do preço, não se vencem as seguintes.
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b)
Quanto à disposição do contrato, nos termos do artigo 935º (cláusula penal no caso
de compra e venda a prestações) uma cláusula deste tipo não pode ser superior a metade
do preço, salvo se as partes disserem que querem ser ressarcidas por todo o pedido.
c)
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III.
Aqui a denuncia foi feita de forma imediata. Com vista a proteger as partes para
essa possibilidade o 29º prevê a obrigação de indemnização por falta de cumprimento do
pré-aviso. Não falamos aqui de todos os danos do agente ou do principal, mas apenas os
que resultam do incumprimento do pré-aviso.
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IV.
3. A cessação do contrato de agência por acordo das partes está prevista no artigo
24º e regulada no artigo 25º. No caso concreto, um dos motivos da cessação terá sido
porque o agente estava a gastar muito dinheiro com jantares, isto só fazia sentido se as
partes tiverem convencionado que as despesas eram pagas pelo principal
(subsidiariamente cabe ao agente) esta é mais uma concretização do princípio da
autonomia.
4. A indemnização por clientela está prevista no artigo 33.º que contem uma série
de requisitos cumulativos que se têm de verificar para que este direito se constitua. Estes
requisitos parecem estar preenchidos à partida. Como é uma divida comercial tem, em
geral, prazos mais curtos, neste caso teria 1 ano (artigo 33.º, 4). Face à S.A, nos termos
do artigo 16.º, 3 não deixaria de haver direito à comissão. Se ele tem direito à comissão
não faz sentido que não tenha direito à indemnização, se preenchidos os requisitos do
artigo 33.º. A lei não estabeleceu um período, fala em “prazo razoável” que deve ser
fixado tendo em conta o contrato em si.
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Aula Prática 4 – 24 de outubro de 2019
V.
O agente, por si só, não vai ter direito a um comissão se nada tiver feito. Mas a
questão é diferente se foi acordada um cláusula de exclusividade. Se assim é, se houver
direito de exclusividade e houver um contrato celebrado por outra pessoas dentro desse
âmbito, em vez de se dizer que a clausula foi violada a lei fixa que o agente recebe a
comissão.
A solução para este caso, em princípio estaria no DL. O que nos é perguntado é
se havia direito a alguma comissão – o direito a comissão está previsto no art.16º (não se
aplicaria o 1 numero porque é relativo a clientes angariados pelo próprio agente; o nº3
também não porque é para contratos celebrados após a cessação do contrato de agencia.
Quanto ao nº2 – não sabemos se tem direito a exclusividade (estamos em dúvida, e
remetemos para o artigo relativo à exclusividade) se ele tivesse teria direito à comissão,
se não tivesse não teria direito à comissão.
Se o contrato tivesses sido celebrado por outro agente da mesma área não faria
sentido que todos os agentes tivessem direito aquela comissão, só faz sentido quando o
agente esteve sozinho numa determinada área.
VI.
Caso faça sentido no caso concreto, vamos aplicar as mesmas normas previstas para o
contrato de agência. Obviamente é difícil questionar a sua aplicação ou não, que pode ser
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feita, mas não é imediata, mas através da concretização do que são os interesses
protegidos na Lei em específico.
~ parte da doutrina diz que faz sentido aplicar no sentido que houve um aumento
de clientela por parte do franquiado
~ outra diz que não dado que se esta a utilizar a imagem e nome do franquiador.
Tínhamos que verificarmos se, para além de franquiado, ele agiu também como
agente na promoção do estabelecimento – o que, no caso de ser menos conhecido até
pode acontecer, podendo haver casos em que, efetivamente o franquiador crie
clientela (acrescendo um valor da marca). No caso concreto não se levantava
verdadeiramente a questão porque a aplicação deste artigo é a aplicação não só do
nº1, mas dos números seguintes onde vimos que existe um prazo de prescrição e existe
ainda uma norma que diz não ser devida qualquer indemnização por clientela se o
contrato cessar por culpa do próprio franquiado ou no caso do próprio agente.
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CASO PRÁTICO N.º 4
I.
1.
Significado do artigo 230º C.Com atos das empresas são atos objetivamente
comerciai. Logo, nesta hipótese poderão considerar-se preenchidos os requisitos dos
art.13º). Posição idêntica se pode defender para alguns profissionais libérias,
nomeadamente as grandes sociedades de advogados ou de arquitetos.
2.
A firma de um comerciante individual que de alguma forma pode ser confundida com
uma marca. António Costa é comerciante na medida em que exerce profissionalmente a
atividade de compra para revenda (13º e 463º). O modo de composição da firma do
comerciante em nome individual vem previsto no artigo 38.º do RRNPC. Este artigo
proíbe que o nome próprio seja antecedido por uma firma. Portanto, esta firma pode violar
os requisitos para a sua composição.
Esta firma, para ser constituída tem na mesma de respeitar os princípios que já vimos,
nomeadamente o princípio da novidade e o da exclusividade que dele decorre. Estes
princípios exigem que as firmas não possam ser confundíveis com outras firmas. Mas no
caso temos uma marca, o artigo estende a proteção às marcas e outros sinais distintivos.
Quando fazemos o juízo da novidade temos nomeadamente de olhar para as marcas que
existam. Neste caso, estaríamos perante uma violação deste principio.
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II.
1.
No RRNPC, artigo 37º remete para o CSC (o 28º para as pessoas individuais). Das
primeiras coisas a fazer aquando da constituição de uma sociedade é ir ao registo pedir
uma firma. Para constituir uma sociedade por quotas temos de ter o próprio nome da
sociedade, regulado no artigo 200º que diz que pode ser um nome inventado, parte um
nome inventado, parte o nome dos sócios (pessoa singular ou coletiva) pode ser menção
dos dois e pode ter menção a objetos da sociedade, ou seja à sua atividade.
Onde está prevista a regulação das firmas das Sociedades por Quotas? estamos no âmbito
do DL 129/98 de 13 de maio - os artigos 37º e 38º fazem a distinção entre sociedades
comerciais e comerciantes em nome individual, dizendo que para as SC aplica-se o
regime previsto no Código das Sociedades comerciais relativamente às firmas. Para o
comerciante em nome individual (não existindo um código) aplica-se a norma prevista
no artigo 38º (remissão do 37º para o CSC e para os artigos específicos para cada tipo de
sociedades comerciais). O artigo 38º diz-nos as regras relativas à firma dos comerciantes
em nome individual e o qe os interessa são as regras aplicáveis às Sociedades Comerciais,
o que nos interessa perceber são os artigos 37º e seguintes.
Existe uma norma específica no CSC para as firmas por quotas – art.200º - este
artigo tem regras específicas para a criação de firmas no âmbito das sociedades por quotas
– e existem vários tipos de sociedades comerciais:
~ Em comandita
~ Por quotas
~ Anónimas
~ Em nome coletivo
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Dentro de cada um destes tipos de sociedades existem regras específicas pra a
criação de firmas, dai as Sociedades Anónimas terminarem todas em “S.A” e as por
quotas “Lda.”. O relativo ao que nos interessa está nos artigos 200º e seguintes do CSC
- isto significa que a firma das sociedades por quotas pode ter o nome de algum ou todos
os sócios ou então uma denominação particular qualquer.
As sociedades por quotas podem ter o nome de alguma das pessoas que seja sua
sócia, podem ter um nome inventado ou uma alusão ao respetivo objeto da sociedade. O
nº2 refere que não se poderá colocar um objeto diferente do objeto da sociedade.
Elas preenchem o que está contido no artigo. E quanto aos princípios, estão todos
preenchidos? A exclusividade tem que ser uma análise feita à firma no seu conjunto,
analisando a sua inconfundibilidade (ou não). Temos que perceber se no giro comercial
ambas as firmas seriam confundíveis. Tem que se ter em conta o sítio onde existem para
averiguar a sua exclusividade.
Havendo esta violação, nos termos do artigo 35.º, 4 o lesado tem possibilidade de,
nomeadamente, nos termos do artigo 60.º pedir ao RRNPC a perda do direito ou do uso
da firma por parte do segundo comerciante com firma parecida. Para além disso, pode
intentar uma ação de revogação do direito à exclusividade e à sua perda também nos
termos do artigo 60º e 61º par além disso poder-se-á considerar a aplicação do artigo 60º
e ss. quanto à proteção ao bom nome e da imagem no caso da firma.
Esta regra deve valer para atividades concorrentes ou também para comerciantes
que exerçam atividades completamente distintas?
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Parte da doutrina entedia que o princípio da exclusividade só se aplicaria entre
comerciantes que exercessem a mesma de atividades. O STJ entendeu o contrário, que o
princípio deve ser aplicado no âmbito mais largo possível, entendendo que está aqui em
causa o bom nome do comerciante e pode ter consequências precisamente em casos como
este.
No caso concreto parece que existe uma violação do principio da novidade, principio
segundo o qual uma firma quando aprece tem de ser distinta de qualquer outra, esta
violação implica a violação do principio da exclusividade. Havendo esta violação é
possível reagir contra ela. Nos termos dos artigo 60.º e 61.º, do RRNPC é possível pedir
ao Registo nacional das pessoas coletivas declarar a nulidade da firma que tenha violado
este principio, o RNPC volta a analisar a situação e manda o comerciante alterar a sua
firma. A segunda hipótese é pedir em tribunal que o segundo comerciante se abstenha de
utilizar a firma. Em qualquer das situações é sempre possível pedir uma indemnização
pelos danos causados pela adoção de uma firma ilegal. Como fixa o artigo 35.º, o facto
de ter sido registada uma firma não implica que obtenha esse direito seja definitivo.
• Principio da licitude residual: são as regras que ditam, por exemplo, a proibição
de firmas constituídas por calão; de firmas que se apropriem ilegitimamente de
símbolos nacionais (32º/4) como aludir à AR ou à PR. As firma e denominações não
podem conter expressões proibidas pela lei ou ofensivas à moral e aos bons
costumes, por exemplo, expressões incompatíveis com respeito pela liberdade de
opção politica, religião ou ideológica, expressões que desrespeitem símbolos
nacionais, personalidades, épocas ou instituições cujo nome ou significa seja de
salvaguardar por razoes históricas, patrióticas, cientificas, institucionais culturais o
outras atendíveis. Não posso chamar fundação a uma sociedade comercial.
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2)
3)
Esta firma podia ser protegida? Em princípio, um nome ou a firma dos comerciantes
em nome individual se for só o nome próprio do comerciante não é, em principio,
protegido enquanto tal pelo RRNPC, ou seja, a lei estabelece pressupostos adicionais para
que o nome dos comerciantes nem nome individual possam ser protegidos, no n.º4.
exigindo mais alguma individualização.
Como ele não utiliza só o seu nome efetivamente a sua firma é protegida. Esta
proteção é diferente daquela que é dada às Sociedades Comerciais porque se aqui a
proteção é nacional, no caso dos comerciantes individuais a proteção é só para o concelho.
O Bonifácio só tem protegida a sua firma, nomeadamente o princípio da exclusividade,
no concelho onde exerce a sua atividade.
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Se a firma for só o nome próprio do comerciante pode haver algum tipo de proteção?
Ou através da proteção do direito tao nome, prevista no CC, ou através do 311.º do Código
da propriedade industrial que é relativa à concorrência desleal. Esta proteção é comum à
dos comerciantes em nome coletivo.
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Aula Prática 5 – 7 de novembro de 2019
I.
Temos que começar por definir o que é o contrato de factory e dizer quais os seus
elementos essenciais – aqui temos que atender ao DL 171/95 – este DL que define o que
é o contrato de factory, que têm que ser celebrados por entidades específicas – bancos e
entidades de factoring. Temos que ter em atenção os requisitos que estão no DL referido.
É que, por um lado temos uma exceção de não cumprimento, e uma alteração aos
próprios meios de pagamento do crédito. A alteração dos meios de pagamento aconteceu
após a cessão da notificação de créditos, e após isto o devedor já sabia que estava a
negociar uma alteração com o inicial credor, mas que já não era credor, já não tendo
legitimidade para fazer aquela alteração. O que a Lei diz é que as alterações posteriores
não podem influenciar aqui o segundo credor e o cessionário.
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relativamente ao segundo meio de defesa do devedor. Temos que ter em atenção que esta
alteração de pagamentos não é oponível, mas o contrato ainda não foi cumprido por parte
do fornecedor e por parte do cedente, portanto este não cumprimento do contrato, estando
ligado à própria essência do contrato e existindo naturalmente antes da própria cedência
(porque quando não existe a cedência, o contrato ainda não foi cumprido), sendo anterior
à cedência de créditos, pode ser oponível ao cessionário/novo credor.
Dito isto, temos que atender aqui a uma parte específica da matéria – distinguir
contratos de factoring com recurso e sem recurso e com adiantamento e sem
adiantamento:
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tem na mesma que dar o valor eferente ao crédito, ao credor inicial, ao cedente.
Portanto a diferença está em quem corre o risco.
Num contrato com recurso, o banco não corre grande risco porque se não
conseguir cobrar devolve o dinheiro, agora sem recurso o banco efetivamente corre o
risco porque terá na mesma que dar o valor correspondente ao cedente;
Quanto aos contratos sem recurso, estes são feitos normalmente quando o banco
diz ao cedente que a pessoa tem posses suficientes, achando que ela vai cumprir, portanto
podem celebrar um contrato de factoring sem recurso, eles é que dizem que aquele é um
bom devedor, e que se comprometem a pagar mesmo que ele não pague.
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Depois, podemos ter um contrato com recurso, e sem adiantamento e temos o
banco a dizer para passar o crédito dos mil euros e ele vai tentar cobrar, no final se cobrar,
da os mil euros da percentagem, e se não conseguir cobrar não tem que dar nada e devolve
o crédito e depois paga a comissão.
Depois, o crédito vencia-se dia 1 de junho, e nesse dia o banco intenta junto do
devedor ele paga, se ele pagar, recebe o dinheiro (o banco) e depois transfere o dinheiro
para o credor inicial e retira daí os juros, e a comissão de garantia e a cobrança – na cessão
sem recurso existe uma prestação do banco que é a emissão de cobrança, e existe depois
a prestação que é a comissão de garantia – se o devedor não paga, dia 1 de junho o banco
não vai devolver o crédito, vai pagar os 800 euros, e daí retira na mesma as suas
comissões.
Quer o devedor cumpra ou não cumpra o credor inicial está sempre na mesma
posição, recebe sempre os 200 euros no inicio, e a 1 de junho vai receber os 800 euros,
menos as comissões.
Por fim temos a cessão sem recurso e sem adiantamento –e a diferença é que não
houve empréstimo, há adiantamento mas todo o resto é igual e está-se na mesma a assumir
a totalidade do crédito – quer o devedor pague quer não pague vai-se sempre dar os 1000
euros nas comissões para o credor inicial.
28
II.
Aqui temos um contrato de mútuo com uma hipoteca. A determinada altura quem
emprestou dinheiro – tinha a hipoteca – transmitiram o seu crédito para outro casal. Este
pode fazer-se valer da hipoteca constituída no mútuo? Quais são as garantias que o
cessionário pode usar contra o devedor?
O que é contrato de factoring, os seus requisitos – este pelo menos na sua base
uma cessão de créditos e como tal não havendo regras específicas nesta parte quanto à
celebração do contrato vamos aplicar as regras previstas par a cessão de créditos no
próprio CC (584º (?)). Agora a questão é perceber que norma é aplicável? é o 582º do CC
que nos fala da transmissão das garantias e de outros direitos que provêm do próprio
direito cedido –
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Quando existe factoring de dois fatores isto significa que vamos ter não um, mas
dois fatores: vamos ter a entidade bancaria espanhola que vai ficar com o crédito do
fornecedor espanhol e depois temos um fator importador em Portugal e portanto o fator
exportador, que é espanhol vai fornecer o crédito a essa entidade bancária e vai tentar
cobrar o crédito.
Chama-se sistema dos dois fatores e visa sobretudo facilitar a cobrança de créditos
por parte da entidade espanhola – quanto à primeira transmissão, do fornecedor para
entidade do mesmo pais de factoring e depois passa para a entidade de factoring do país
do fornecido, do devedor e é esse que vai incumprir e cobrar o crédito – o sistema de
fator único é o que conhecemos o credor passa para uma entidade e esse compromete-se
a ir ao próprio país e cobrar no local e em princípio sairá mais barato porque existem (…)
intermediários, exige-se é que este fator único conheça o regime do sitio onde se vai
colocar o crédito.
III.
Temos aqui um contrato de factoring – aqui a questão será saber se é possível para
o devedor opor ao novo credor, ao cessionário, uma compensação de créditos que o
devedor pode, naquele momento, fazer face ao credor inicial. No momento em que o
cessionário adquiriu o crédito não havia por parte do devedor possibilidade de fazer esta
compensação. Porém apos o devedor ter sido notificado da cessão resolveu ir ter com
outra pessoa e ter adquirido um crédito face ao credor inicial – e esta aquisição de novo
crédito face ao credor inicial, seria um meio de defesa (através da compensação??) poderá
ele exercer este meio d defesa contra um novo credor? - é necessário que a cessão de
créditos seja notificada ao devedor o por este aceite para produzir efeitos em relação a
ele – nº1, artigo 577º.
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A cessão financeira notificada e não notificada:
O regime clássico que estamos a ver é um regime que existe uma cessão financeira
e o fator ou o fatorizado comunica essa cessão financeira ao devedor, no entanto, pode
acontecer que o credor inicial não queira que o devedor saiba que ele está a recorrer a um
fator, portanto, quer de alguma forma manter o contrato de factoring secreto, e quando
assim é, naturalmente não vai poder notificar o cedente, o devedor, de que cedeu o seu
crédito.
Quanto à cessão de créditos, conta a que primeiro for notificada ao devedor. Isto
também tem relevância em relação a meios de defesa que podem ser usados quanto ao
factor – e os meios de defesa a utilizar seriam aqueles que existiam até ao momento da
notificação.
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CASO PRÁTICO N.º 6
I.
Nos termos do art.584º (…) aqui a notificação funciona como vimos, com registo
em teoria geral do Direito civil no sentido que o registo, duma compra e venda de bens
alheios, pode tornar válida esta compra e venda porque é o registo que a torna oponível a
terceiros e isto acontece no caso em que temos uma cessão de créditos invalida no sentido
que a entidade dessa a ceder créditos q já n tem mas na medida em que a cessão é primeiro
notificada ao devedor é esta que vá produzir efeitos face ao devedor, ele não terá que
pagar ao primeiro cessionário, mas sim a este.
Outra pergunta: imaginar a não existência da notificação – imaginar que neste contato
de fornecimento há uma cláusula em que se diz que os créditos provenientes deste
contrato (…) terceiros, salvo prévio acordo com o devedor.
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Temos duas possibilidades diferentes de resolução do caso:
- Porém, e como era mais provável, quid iuris se ele estiver de boa fé? Não tendo
visto o contrato? O artigo diz que não é oponível ao cessionário podendo então
ele ir buscar o dinheiro ao devedor? e perguntamos agora qual a vantagem então
da cessão… O devedor terá direito ao ressarcimento de quaisquer danos - tanto
faz a ele pagar a A ou a B, s enão tiver mais custos. E se não se cumprir isto, paga-
se X. (?)
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Aula Prática 6 – 14 de novembro de 2019
I.
i.
O contrato de locação financeira é um contrato nos termos do qual uma das partes,
o locador, se obriga mediante determinada retribuição a ceder a outra parte, o locatário,
o gozo temporário de uma coisa, que vai adquirir através de um contrato de compra e
venda ou empreitada nos termos do qual findo esse período em que o locatário vai ter o
gozo da coisa ele pode decidir adquirir para si o bem que foi comprado pelo locador ou
não.
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Quais são as duas grandes funções do contrato de locação financeira?
1. Por um lado, temos uma função de garantia: no sentido em que o bem está do
lado ou é propriedade do credor, e isso conseguimos perceber que trará grandes
garantias, porque se o locatário não cumpre, terá sempre o bem à sua disposição, o
bem serve de garantia ao próprio cumprimento do contrato
2. Por outro lado, tem a função de conceder crédito: temos alguém que não tem à
sua disposição bens suficientes ou não quer dispor da quantia suficiente para
comprar desde início determinado bem. Portanto, aquilo que ele percebe é que pode
acordar com alguém e depois vai-lhe pagando prestações (é tipo um empréstimo –
em que alguém adianta por mim, e vou pagando depois a essa pessoa).
Por isso a renda que é paga tem duas partes: correspondente ao valor do próprio
bem e a parte correspondente aos juros por alguém adiantar o valor para a própria
aquisição do bem. Se não houvesse esta parte dos juros, o locador nunca faria
dinheiro com este negócio, não faria mais dinheiro que aquele que tinha gasto.
O locador para o ser em termos profissionais, só pode ser uma das entidades
previstas na lei (bancos, instituições financeiras de crédito, sociedades de locação
financeira), qualquer outra pessoa pode enquanto locador celebrar contratos de locação
financeira, não poderá é fazê-lo a título profissional.
Do outro lado temos o locatário que pode ser qualquer pessoa: sociedade, consumidor,
prestador de serviços; qualquer pessoa singular ou coletiva que exista. Agora notemos
que o regime não será o mesmo quando falamos dos consumidores.
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O objeto:
O contrato de locação financeira tem que ter um objeto (pode ser móvel ou imóvel)
– pode ser também marcas – uma parte pode obrigar-se a disponibilizar uma marca ao
locatário durante X anos (consoante há uma declaração de vontade). O objeto em questão
é uma fração. E esta previsto no art.2º do DL. (distinguir Locação financeira imobiliária
e mobiliaria
Será ele válido? Temos que atender ao art.3º, nº1 – não altera muito o que existe
em termos gerais no direito civil. Interpretamos aqui a dizer que ela exige um documento
particular porque se não, não faria muito sentido estar aqui prevista (nº1)
No nosso caso concreto não os interessa o nº1, mas o nº2 (norma especifica para
contratos de locação financeira de bens imóveis). O contrato foi celebrado por documento
particular, mas era exigido o reconhecimento presencial das assinaturas ou que tivesse
sido feita na presença do funcionário do registo – estamos sob violação da forma que leva
à nulidade do contrato.
Limites estabelecidos pelo legislador: não pode ter um prazo maior que a
duração espectável do objeto – art.6º, n3 - (ex: vamos comprar um carro e sabemos que
só dura 3 anos, não vão fazer contrato de locação financeira de 50 anos é proibido nos
termos deste regime).
36
Neste caso concreto tínhamos o pagamento de 370 rendas, portanto, seria mais de
30 anos e nos teros do art.6º teria que ser reduzido ao limite máximo – aos 30 anos – o
contrato não perde a sua validade, é reduzido é o prazo da sua vigência. No caso de as
partes não estipularem nada quanto à duração temos que ver o nº3, pois o contrato
considera-se celebrado nos termos deste artigo.
Quanto às rendas:
Para além do valor do imóvel o bem será distribuído por todas as rendas, e tem
sempre que se ter em conta o valor dos juros, que é a tal compensação para o locador.
Estes juros podem estar indexados a um valor qualquer (ex: índice de preço do
consumidor).
➢ full-pay-out leasing: o valor das rendas que são pagas, paga grande parte do
valor do bem que é o locado. Portanto, no final o que é o valor desigual será
diminuto.
➢ Non-full-pay-out leasing: pode acontecer que não seja como descrito acima e
as partes estipulem que pagam menos renda, e se depois ele quiser ficar com
o bem, gasta mais dinheiro, no final e o valor será maior. Ele paga no final o
restante. Amortizam só a parte daquele valor. Nessa eventualidade, o valor
residual será significativo (…) No final de todas as rendas há o pagamento de
um valor residual se a parte quiser ficar com o bem locado – este valor residual
será quase que o preço a pagar pelo imóvel.
37
Caso especial - Locação financeira restitutiva – sale and lease back:
Na locação normal temos 3 pessoas (uma pessoa inicial que vende o bem para o
locador e o locador emprestará o bem ao locatário). Aqui as duas pessoas são uma só (na
restituiva) e essa pessoa vende a outra e adquire para si em termos de locação financeira.
ii.
Olhando para as alíneas do art.10 podemos concluir que o locatário não cumpriu
o contrato e o locador podia resolvê-lo. Ele não aplicou o bem ao fim a que ele estava
destinado, que afinal foi utilizado para habitações turísticas – e para além disto, o bem
estava a ser destruído, e estava a ser proporcionado o gozo do bem a estes turistas sem o
consentimento prévio, quer da lei, quer do próprio locador. Ele tem o poder de analisar o
bem (que é bem utilizado, está bem conservado e continua a garantir a divida que o
locatário tem perante o devedor) – temos a alínea b) do nº1 do art.9º que diz que o locador
tem o direito de inspecionar o bem.
38
iii.
Temos que interpretar esta obrigação no seguinte sentido, ou, dito de outra forma,
as obrigações de pagar estes valores ao condomínio são por lei atribuídas a quem é
proprietário do próprio condomínio – do imóvel.
2. E o facto do locatário ter que pagar despesa correntes, frações, ao locador faz com
que exista uma relação triangular.
Relação triangular esta que se processa entre: o locatário do locador; e depois entre
o locador, que paga ao condomínio.
39
iv.
Aplica-se aqui o art.9º, nº2, alínea c) que diz que o locador pode fazer suas as
peças ou elementos acessórios. Para além disso, é sempre diferente dizer que o locatário
pode efetivamente escolher não comprar a fração - é um direito que ele tem de (se quiser),
adquirir, mas não tem, naturalmente, que o fazer.
II.
- Pergunta 1:
Aqui temos que atender ao art.13º - este artigo é um artigo que prevê a
possibilidade de o locatário exercer contra o vendedor ou o empreiteiro todos os direitos
relativos ao bem locado ou resultantes do contrato e compra e venda ou de empreitada
(em que uma das partes se obriga a construir alguma coisa). No caso concreto, tínhamos
um contrato de compra e venda ou empreitada? Parece que temos um contrato de
empreitada (construção de software).
40
- Pergunta 2:
~ O Regime geral está previsto no art.17º do DL 149/95 que nos diz para ter
atenção que o contrato de locação financeira pode ser resolvido nos termos gerais do
artigo seguinte.
~ Porém, temos depois o art.18º do mesmo DL, que estipula outras duas soluções
em que é possível resolver o contrato, e que não estão no regime geral (previsto no CC),
que são:
Vamos aqui considerar a interpretação que a doutrina diz que deve ser dada á
alínea b):
Se tiverem sido verificados os pressupostos, mas ainda não tiver sido declarada a
insolvência, aplica-se o regime; se por algum motivo o locatário deixa de conseguir pagar
as dívidas, entrando numa situação de insolvência, pode a entidade locadora resolver o
contrato até ao momento da declaração de insolvência – estamos ainda perante uma
verificação fáctica que ainda não foi declarada em termos jurídicos.
Acontece que, como vamos ver que, com a declaração de insolvência dão-se uma
série de efeitos relativamente aos contratos que ainda estão a decorrer, que vêm previstos
no art.102º a 104º do CIRE (que dizem, de forma resumida que, com a declaração de
insolvência o administrador de insolvência passa a ter possibilidade de “determinar (…)
se pretende cumprir ou resolver o contrato” (?)).
O que diz a doutrina? Temos que conjugar o art.18º com o 102º a 104º do CIRE
– estes artigos visam sobretudo dar a possibilidade ao administrador de insolvência de
perceber que contratos é que são benéficos e quais os que não são para o que é a massa
insolvente.
Este direito ficaria por esvaziado se, ao mesmo tempo, o administrador pudesse
cumprir ou não cumprir o contrato – se disséssemos que ambas as partes o podiam fazer,
isto na verdade esvaziavam o que é o contrato…
41
Aqui, a função do administrador da insolvência é no sentido que ele podia escolher
resolver ou não o contrato, ao mesmo tempo em que o locador poderia escolher resolver
ou não o contrato
Para além disso acrescentamos que faz sentido que, no caso concreto, não se aplique
a possibilidade de resolução do contrato após a declaração de insolvência porque
qualquer que seja a decisão tomada pelo administrador de insolvência, o locador terá
sempre os seus interesses garantidos. Se o administrador resolver executar o contrato,
tudo bem, desde que pague poderá continuar a utilizar o bem e depois decide se dá ou
compra o bem.
Temos que interpretar a norma do art.18º restritivamente – o legislador quis dizer que
existe o direito a resolução até ao momento declaração de insolvência e com esta
declaração, este deixa de poder resolver o contrato, quem passa a ter que fazer isto é o
administrador de insolvência, tendo em conta a massa insolvente. Isto porque não fará
sentido dar ao locador possibilidade de resolver um contato que até pode ser mais
benéfico para a massa insolvente.
42
Aula Prática 7 – 21 de novembro de 2019
III.
1.
Uma questão prévia é saber quantos anos dura este contrato? tratando-se de
um bem móvel, vamos ao DL da locação financeira, ao art.6º, nº3 – e aqui, partimos do
princípio que, não dizendo nada, o contrato foi celebrado por 18 meses.
Poderá o banco resolver o contrato caso a Transportes Lda. não pague uma das
rendas? Entendemos que se aplica à locação financeira dirigida à aquisição de um
bem, o regime dos artigos 934º e 935º, por força do que diz o artigo 936º (nº1).
E, para além dos fundamentos gerais, e não sendo nenhum destes casos especiais
no nosso caso, remetemos para o que são os fundamentos gerais previstos no CC de
entre os quais está que em princípio esta não pagamento é considerado como um
incumprimento de uma obrigação, e assim sendo, é fundamento para a resolução do
contrato.
Acontece que o art.936º manda aplicar os outros dois artigos (934º e 935º) aos
contratos que visem resultados semelhantes aos alcançados com este contrato do 936º.
Recordando as primeiras aulas praticas, começamos por ver estes artigos - venda a
prestações e o vencimento das prestações futuras. O contrato de locação financeira não
foge muito ao que são os interesses que estão por detrás da regulação dos artigos 934º
e 935º.
43
Decorre daqui que a falta de pagamento de uma só prestação (renda) que não
exceda a oitava parte do preço, não dará lugar a resolução do contrato.
2.
Portanto, neste caso, há uma lei específica para os empréstimos, locação, etc. e
pode ser chamada a aplicação todas essas normas na medida em que faça sentido. Era o
que acontecia neste caso em que (ler o livro do professor) se considera aplicado
analogicamente o art.7ºB (D?) do DL 34/98 que regula o crédito para a habitação.
Para este caso em específico eram precisas três prestações vencidas não pagas.
44
3.
4.
Estamos aqui perante uma questão que tem que ser colocada quer no âmbito da
locação financeira, quer no âmbito do trespasse.
45
CASO PRÁTICO N.º 8
I.
- Pergunta 1:
O contrato que temos aqui é um contrato de trespasse. A nossa lei não nos da
uma definição do que seja trepasse. Ela regula somente no art.1112º do CC um
particular aspeto de certos trespasses, mas não de todo e qualquer trespasse.
Não temos um regime geral, mas existem varias regras que vão falando sobre o
trespasse (o DL, o artigo 1112º do CC e outras leis fazem remissão para aquilo que é a
transferência do estabelecimento).
o Pode ser um trespasse de uma empresa comercial ou não comercial ainda que,
em regra, o regime seja idêntico para ambas;
o É um negócio que pode ser gratuito ou oneroso – e isto é importante para feitos
da existência ou não do Direito de preferência previsto no art.112º - para efeitos
do direito de preferência. Nos termos do art.1113º, nº4 do CC tem sempre que
ser um negócio oneroso ou seja, o senhorio só tem direito de preferência se o
negócio for oneroso.
46
O que é um estabelecimento comercial? Para aplicar o regime do trespasse, temos
que dizer que há transmissão de empresa, e para dizer isso, temos que dizer também
o que é uma empresa – 5 características:
1. Processo produtivo;
4. O processo produtivo tem que ser virado para o intercâmbio com o exterior
(se estivermos perante um conjunto de elementos utilizados para a produção de
um bem, mas esse bem serve para efeitos de consumo interno)
5. Tem que ser autossuficiente, de várias formas diferentes, não pode estar
dependente de um qualquer fator de produção, e:
o Tem que ser independente no sentido em que, tem que ter capacidade para
se renovar a si própria, ou seja, em termos técnico-funcionais o processo
produtivo da extroversão é autónomo de qualquer um dos seus fatores;
Para saber o que é uma empresa temos que estar perante estes cinco
pressupostos. RESUMINDO, a empresa é um sistema ou estrutura organizatória de
fatores produtivos que tem em vista ou um fornecimento de serviço; ou a produção de
bens, com a característica principal de ser um sistema aberto, de intercâmbio.
47
No caso concreto estamos perante um trespasse e à luz disso falamos de dois grandes
temas aqui:
São coisas diferentes falar dos fatores de produção que são transmitidos com o
trespasse e falar das obrigações que têm que ser realizadas com esta transmissão.
A primeira parte vai relevar neste caso para saber se a firma foi transmitida ou
não; a segunda parte vai relevar para saber qual o modo de entrega (quais são as
obrigações que estão por detrás da entrega da empresa), relevará para efeitos de perceber
se havia uma obrigação de apresentar o novo proprietário aos restantes distribuidores ou
fornecedores do próprio estabelecimento comercial.
Portanto, ele criou uma “lei tendencial” no sentido em que, quanto mais tempo
estiver em uma empresa em atividade, menos serão os seus elementos corpóreos
que têm que ser naturalmente transmitidos com a empresa.
Ou seja, se a empresa estiver a durar por 1 ano, se calhar a sua imagem física
(cadeiras X, mesas Y) fará parte do âmbito mínimo da empresa. Mas já se
falarmos de uma empresa que tem 20 anos de atividade, isto não será o mais
importante, será importante é o que esta por trás (a comida servida por exemplo).
O que tem que ser transmitido para que haja transmissão da empresa (porque pode
querer-se transmitir só os fogões, as mesas, as cadeiras, e isso não chega para
considerar que houve uma transmissão da empresa – temos que entender, à luz do
transmitido, se é ou não mesmo a empresa).
48
Ora, isto e o âmbito mínimo – são os elementos essenciais que se considere que,
à luz do que é o público daquela empresa, que estamos perante a mesma empresa.
Com uma interpretação literal a este artigo, diríamos que, se não foi transmitida
alguma coisa, não estávamos perante a transmissão de todos os utensílios e
equipamentos, e não havia trespasse. PORÉM, não é esta a interpretação que
temos que fazer, temos é que dizer que a alínea a) quer significar que não há
trepasse se não forem transmitidos todos os elementos que fazem parte do âmbito
mínio do estabelecimento.
Portanto, havendo um trespasse em que algum elemento essencial não tenha sido
transmito não estamos perante um verdadeiro trespasse, e não se aplica o artigo
1112º.
49
2. O âmbito natural: consiste no conjunto de elementos que são transmitidos
havendo um trespasse sem que haja necessidade de os mencionar expressamente.
São elementos que se transmitem naturalmente com o estabelecimento comercial
trespassado.
Que elementos são estes? São, por exemplo - silentio, logótipos, marcas e bens
pertencentes ao estabelecimento - máquinas, utensílios, mobiliário, etc. São
elementos que passam naturalmente pra o trespassário com a celebração do
contrato de trespasse.
a. Existe quem diga que faz parte do âmbito natural, portanto, quando se
transmite uma fábrica está-se a transmitir o terreno onde a fabrica está
instalada. E aqui, reparemos que estamos a ver qual a forma que tem que
ter o contrato de trespasse (um contrato escrito de trespasse será que serve
para provar a transmissão do imóvel? – isto parece difícil de sustentar).
b. Outros então, consideram que não, e que tem que haver uma referência
expressa ao imóvel. Tanto que, em termos práticos, não há nenhuma
conservatória de registo predial que aceite a transmissão de um imóvel com
base num contrato de trespasse que não refira expressamente o imóvel.
Mas, se o terreno vale 1 milhão de euros, e o trepasse foi celebrado por apenas
200 mil euros, parece que, por interpretação do contrato, que o imóvel não faz
parte dele, que as partes não quiseram que o imóvel fosse transmitido por aquele
valor, inferior ao do imóvel.
~ Para além disto, é necessário ter aqui em consideração que as prestações laborais
também são transmitidas (os contratos de trabalho - diz o CT) senão, isto seria
uma forma simples de se despedirem pessoas.
50
E a posição do arrendatário, transmite-se? Haverá lugar à transmissão da posição
do arrendatário? Depende:
51
3. O âmbito convencional do trespasse: incluem-se os elementos empresariais que
apenas se transmitem por estipulação ou convenção (expressa ou tácita) entre
trespassante e trespassário (ex: patentes, modelos de utilidade , desenhos ou
modelos , máquinas veículos, moveis, etc. alugados onde se exija a autorização
do locador; propriedade sobre imóvel; firma; certas dividas, os créditos e as
relações contratuais, nos termos que vamos ver nos próximos casos práticos dado
que existem querelas doutrinais sobre que tipo de dividas são transmissíveis e de
que forma é que elas o podem ser).
Para haver transmissão da firma, ela tem que ser feita por escrito – de forma
expressa, e nessa medida, estamos perante aquilo que é o âmbito convencional do
trespasse, e nesse sentido, a firma só era transmitida se as partes a tal estivessem
obrigadas, de forma expressa.
Reparemos que o trespasse, não pode ser meramente passar para o novo
proprietário os elementos físicos ou não físicos e incorpóreos, isto porque tem que
dar também outra coisa para se continuar a explorar o estabelecimento da mesma
forma que era feito antes.
52
Portanto, ao lado destes elementos de que falámos, temos que falar no MODO
DE ENTREGA DO ESTABELECIMENTO:
Nesse sentido, mesmo que as partes não tenham acordado que o trespassante ia
apresentar o trespassário aos seus fornecedores, ele está sempre obrigado a fazê-lo,
portanto quanto a este aspeto, efetivamente, o comprador podia exigir esta obrigação ao
vendedor.
Quid iuris se, efetivamente ele não cumpre esta obrigação? Isto pode dar lugar à
resolução do contrato, pois ele perdeu o interesse no trespasse; ou pode ainda dar lugar
até a uma indemnização pelo cumprimento defeituoso do contrato.
53
- Pergunta 2:
Portanto, são duas as comunicações que têm que ser feitas num trespasse de um
estabelecimento comercial (fração ou prédio arrendado):
Outra comunicação para dizer que o trespasse já foi realizado – aqui estamos só a
comunicar que há uma alteração da posição contratual para a qual não é preciso
consentimento (1112º). Se não, aplicava-se o art.1404º do CC que exigia que
houvesse autorização da contraparte, mas temos a regra especial do 1112º.
Nessa medida, este primeiro fundamento não parece que colha qualquer
efeito, percebemos que ele não faz muito sentido.
54
DOIS ASPETOS:
~ Há autores que dizem que se aplica o prazo de 15 dias (prazo que aparece nas
normas gerais do arrendamento, nomeadamente no art.1038º do CC);
Agora, perguntamos – será que a passagem destes 15 dias ou destes 30 dias por si
só, fundamenta uma resolução contratual? Não, com base no artigo 1083º do CC,
nos termos do qual só uma violação grave das obrigações do locatário (a violação
de uma obrigação que torne inexigível a manutenção do contato de arrendamento)
é que dá lugar à resolução do contrato. Portanto estes autores dizem que quer
sejam 15 dias, ou 30 dias, que não é passagem deste tempo que leva, por si só à
resolução do contrato ou que é fundamento para tal - temos esta cláusula geral da
obrigação dever ter sido violada de forma que torne inexigível a manutenção do
contrato.
2. Para além disto temos que ter em conta o artigo 1049º do CC, onde se diz que já não
há direito à resolução do contrato se o próprio senhorio tiver reconhecido um
novo arrendatário, por alguma forma - sendo que a forma clássica será através da
receção da própria renda – assim, se o senhorio já recebeu X de rendas, e nunca disse
nada não faz muito sentido que venha dizer agora.
Inclusive, mesmo sem a existência deste artigo, podíamos até dizer que haveria
eventualmente abuso do direito porque se ele recebia as rendas, já conheceu um
novo arrendatário, não poderá agora resolver o contrato com base nestes
fundamentos.
55
~ Quanto ao segundo argumento:
Ele diz que de acordo com o 112º. 2 A o trespasse só pode existir a autorização do
senhorio na medida me que sejam transmitidos o conjunto dos elementos da empresa,
desta alínea, no sentido literal retira-se que teriam de ser transmitidos TODOS os
instrumentos, se alguma não fosse, já não estaríamos perante um trespasse, já seria
necessária autorização do senhorio. Mas não é esta interpretação que deve ser feita, a
alínea faz é referencia ao âmbito mínimo do estabelecimento comercial. O âmbito mínimo
deste estabelecimento comercial contém os elementos sem os quais se deixa de estar
perante uma determinada empresa e se passa estar perante um diferentes – aos olhos do
público. Se não estivermos perante uma empresa não há trespasse, portanto a transmissão
da posição contratual só pode ser feita nos termos do regime geral do 424.º (que exige o
consentimento da contraparte, ou seja, do senhorio).
Quais são os elementos do âmbito mínimo? Esta questão não pode ser respondia
em abstrato, porque cada empresa funciona à sua maneira e, em determinados casos, o
âmbito mínimo, pode incluir a localização, noutros casos a marca ou o know-how.
Eme termos gerais trata-se do conjunto d elementos sem os quais aquela empresa
se torna irreconhecível aos olhos do publico. O âmbito mínimo responde a uma questão
diferente da que respondem o âmbito natural e máximo. Nenhuma dos elementos
referidos no fundamento apresentado parece estar dentro do âmbito mínimo.
Esta alínea b) (exercício de outro ramo de comércio) tem de ser conjugada com o
n.º5. A alínea refere-se a uma alteração de fim no momento do trespasse, é isso que
“corrompe” o trespasse. O n.º5 é diferente, o objetivo, no trespasse, era o de transmitir a
empresa, mas após a mesma, o fim muda. Nesta situação houve efetivamente trespasse, o
que aconteceu é que não sei quanto tempo depois resolvi que já não o ia utilizar. Se isto
acontece, o senhorio pode resolver o contrato.
56
Aula Prática 9 – 28 de novembro de 2019
- Pergunta 3:
57
Há dois critérios cumulativos para impor essa obrigação de não concorrência a
familiares:
*Por exemplo: se A vende a empresa B que era seu filho sai de casa conhece bem o
negócio, mas B zangou-se com A B que não aproveitou o negócio, não pode estar
impedido de não abrir uma empresa concorrente com a empresa onde ele trabalhou.
Esta obrigação tem limites - ela justifica-se apenas na medida em que seja
necessário para uma entrega efetiva do estabelecimento trespassado. Tem de ter, por
conseguinte, limites objetivos, espaciais e temporais.
58
II.
~ Quanto ao 1º e 2º argumentos:
Temos aqui uma locação, não um trespasse. É criticável a forma como está escrito
o nº2 do art.1109º - isto porque se diz que na verdade nunca será o próprio contrato de
locação do estabelecimento comercial que tem que ser autorizado, o que tem que ser
autorizado é a concessão da posição contratual do contrato de arrendamento.
~ Quanto ao 3º argumento:
Só assim se pode dizer que era o mesmo estabelecimento que funcionava antes. A
Deolinda deixou de fazer o famoso peixe que fazia, quanto a isto temos que dizer que há
dívida se houve efetivamente um contrato de locação de empresa. Vamos aplicar o regime
do nº1, art.1109º - temos que olhar também ao art.1112º e entende ser foram transmitido
os elementos da âmbito mínimo ou não, se a atividade exercida é a mesma à luz do que
já falamos (indícios semi óbvios), ver se a transferência que foi feita é do mesmo
estabelecimento comercial ou se não é do mesmo estabelecimento comercial.
59
No caso concerto não existe uma resposta correta depende da força que a Deolinda
tiver na cozinha e que a força que o próprio prato à Deolinda tenha para o publico em
geral. neste sentido, pode ser só mais um prato (e não será por deixar de ter 1 prato que
se deixa de ter o mesmo estabelecimento comercial), e muitas vezes as cozinheiras dos
estabelecimentos comerciais mudam e não nos apercebemos.
E quando falamos disto falamos das carrinhas e de todos os bens que fazem pare
deste complexo e que tem uma determinada organização – abito natural – para sem
excluídas tem que estar escrito que não vão se transmitidas, se for do convencional já não
teriam que dizer isto.
60
- Pergunta 2:
Temos que olhar para o caso concreto vendo a questão dos limites: temos o
limite temporal (estava em vigor o contrato? se sim, ainda existe esta obrigação); limite
geográfico (depende do âmbito de radiação da empresa), e aqui neste âmbito espacial é
que olhamos ao facto da empresa ter alguma força para puxar clientela.
Agora, se for uma pessoa que tem nome, que se sabe que trabalhou naquele
restaurante e que agora está por exemplo, no norteshopping, e tendo pessoas que vão atrás
de si, aí já será diferente – mas mesmo assim, continua a ser diferente comer peixe frito
num centro comercial e comer peixe fresco em Leça da Palmeira, não atinge exatamente
o mesmo âmbito de radiação, não havendo entoa violação da obrigação de não
concorrência.
61
ASSIM:
Esta obrigação tem limites e justifica-se apenas na medida em que seja necessária
para uma entrega efetiva do estabelecimento trespassado. Tem de ter, por
conseguinte, limites objetivos, espaciais e temporais:
Considerando que a cozinheira era mesmo muito importante para a clientela – e isto
dependerá do caso concreto – a resposta poderia já ser diferente. E o locatário da empresa
pode exercer concorrência com a própria empresa?
62
Aula Prática 10 – 5 de dezembro de 2019
- Pergunta 2 (continuação…):
Parte da doutrina diz que se deve aplicar parte do regime para o trespasse no
sentido em que se tem de entregar o bem nas mesmas condições em que o recebeu
significa que tem de entregar nas condições em que o locador usufrui do bem como
usufruía antes da locação. Outra parte da doutrina diz que estamos perante um risco
normal do contrato, o locatário fica na posse de alguns fatores de produção, mas que faz
parte do que é o risco normal do contrato de locação de empresa.
63
- Pergunta 3:
Quanto à segunda parte, remete-se para o que foi dito anteriormente: em princípio,
não há qualquer impedimento para que no fim do contrato possa abrir outro
estabelecimento concorrente.
64
IV. (exame de 2017)
- Pergunta 1:
Por exemplo: se temos uma determinada carrinha que estava alugada, o aluguer
desta, passa para o locatário durante a locação do estabelecimento comercial, mas,
a doutrina diz que não há verdadeiramente uma cessão da posição contratual.
65
RESUMINDO:
ASSIM:
66
- Pergunta 2:
Neste ponto temos que olhar para duas perspetivas quanto à transmissão de
dívidas no caso de transmissão da empresa:
~ Coutinho Abreu: este diz que se deve aplicar o regime geral da transmissão de
dívidas - art.595º do CC - ele diz que não existe nenhuma norma especial que seja
aplicada à transmissão de dividas, tem que se aplicar a norma geral prevista neste artigo.
O artigo diz que pode haver transmissão de dívidas através de um contrato entre o antigo
e novo devedor, que seja ratificado pelo credor, em que o locador atribua ao locatário
estas dividas e o credor ratifique este negócio, dizendo que não se importa que o devedor
deixe de ser locador, e passe a ser locatário; ou através de contrato entre locatário e credor
com ou sem o consentimento do antigo devedor.
67
Portanto, só existe estra transmissão de dividas na medida em que o credor
assim deseje – e isto é a posição maioritária seguida pela doutrina e pela
jurisprudência.
68
Débitos Impuros: contrapartidas de posições de crédito. Ou seja, o devedor tem
que pagar uma quantia, mas tem direito a uma contraprestação por parte do
credor. Aqui, ele deve o preço, mas a dívida corresponde a uma contrapartida
que é devida pelo credor.
Logo, nestes casos, estes débitos fazem parte do âmbito natural, isto é,
transmitindo-se a empresa, transmite-se com ela os débitos impuros, e o
adquirente da empresa tem que responder pelo pagamento destas dividas. Estes
entram no âmbito natural da empresa, na medida em que o anterior proprietário
não tenha usufruído desses valores.
*NOTA: quanto aos créditos, aplica-se o art.577º do CC: o credor pode ceder o
seu crédito a um terceiro, independentemente do consentimento do devedor, mas é preciso
essa convenção expressa (…)
- Pergunta 3:
69
Analise da desconsideração da personalidade jurídica: considera-se que a
obrigação de não concorrência só pode ser efetivamente cumprida se houver uma certa
expansão da obrigação de não concorrência – quanto às pessoas coletivas, utiliza-se esta
expressão, que é uma teoria muito ampla que serve para resolver estes casos – muitas
vezes para fugir a determinadas obrigações de pessoas singulares, criam-se pessoas
coletivas para se dizer, de alguma forma, que a pessoa coletiva não está obrigada como
está a pessoa singular (são pessoas diferentes, logo, tem obrigações diferentes). Portanto,
aproveita-se a personalidade da PC para fazer o que, enquanto singular, se queria fazer.
Esta situações são claramente situações de abuso do direito porque tenho direito a
criar as PC que entender, mas aproveito-me desse direito para fazer o que estava, de outra
forma, proibido. É como estar a “fingir” que não existe uma PC que separa a atividade
que se esta a exercer daqueles sócios. Nessa medida, nestes casos, considera-se que a
PC é como se não existisse, e na verdade, são os sócios que praticam os atos dessa
PC e assim, se esses sócios estiverem obrigados a não concorrer incumpriram essa
obrigação – é a isto se chama desconsiderar a personalidade jurídica
70
CASO PRÁTICO N.º 9
I.
i)
Vamos ter que abordar aqui dois critérios que determinam a declaração de
insolvência. Para falar numa possível insolvência, temos que ver se a pessoa em
questão, faz parte do âmbito do próprio código de insolvência (no processo de
insolvência), pois nem todas as pessoas coletivas podem ser consideradas insolventes.
Nessa medida antes de ver se esta estava em condições de ser declarada insolvente,
tínhamos que dizer se a pessoa coletiva era (ou podia ser) ou não, insolvente. Neste caso,
poderia ser insolvente na medida em que é uma pessoa coletiva (art.2º, alínea a) do CIRE)
que não vem referida nas exceções do nº2, onde temos pessoas coletivas públicas e
bancos, na medida em que estiver aqui previsto, estas entidades não fazem parte do
âmbito subjetivo passível de ser insolvente.
1. Critério do fluxo de caixa – cash flow – este é um critério segundo o qual haverá
uma situação de insolvência na medida em que o devedor não esteja em condições
de pagar as dividas que tem que pagar a determinado momento. É irrelevante para
este critério saber se ele tem um ativo, maior que o passivo (não interessa que tenha
património, se não consigo pagar em cada momento as dividas que tenho, sou
insolvente). Trata-se de um critério simples, pois excluindo os casos em que o
devedor se encontra de boa fé em litígio sobre as suas obrigações, o facto de não
as pagar no momento do vencimento, indicia claramente a sua insolvência. Este
critério é utilizado por uma questão de simplicidade (por vezes é complicado
entender aquilo que é o ativo e o passivo de uma pessoa) é complicado perceber
qual o ativo e o passivo de determinada pessoa porque os bens estão sempre a
mudar o seu valor – (ex herdade vale 5 milhões hoje, amanha pode valer só 4 e
daqui alguns dias pode valer menos ou mais ainda, varia).
71
Ora, para se determinar a insolvência se usássemos sempre a diferença entre ativo
e passivo uma pessoa estaria insolvente num dia, e no outro dia já não estaria – e
este é o primeiro critério dado pelo legislador.
Então, temos que ver se a pessoa tem mais responsabilidades do que património, e
o que acontece na prática é que podia ter muito património, e dinheiro nenhum – e
assim, não consigo pagar as dividas, mas não ia ser considerado insolvente, dado
que tinha a tal herdade por exemplo.
72
Podemos concluir que as obrigações ainda não foram pagas, e interpretamos que
estas estão já vencidas, e não foram pagas – se assim for, existe situação de insolvência
na medida em que ele não consiga efetivamente pagar.
Não é porque não se paga uma dívida que se é insolvente, é caso NÃO SE
CONSIGA pagar efetivamente essa dívida, fazer face a essas obrigações. As
obrigações vencidas não foram pagas, portanto, se não podia, efetivamente, pagar, está
numa situação de insolvência (se dissermos que não são vencidas, que já se venceram…)
ii)
Não, porque é uma exceção (nº2 do artigo 2º), portanto, não pode ser declarada
insolvente. Âmbito de aplicação do diploma – não é aplicado a pessoas coletivas
publicas.
73
Aula Prática 11 – 12 ou 13 de dezembro de 2019
iii)
a)
Considerou-se que se deveria dar de alguma forma o benefício a estas pessoas que
de alguma forma contratam com o insolvente já depois de saberem que ele é insolvente e
nessa medida esses créditos terão que ser beneficiados face aos restantes porque se fossem
considerados comuns ninguém ia querer celebrar qualquer tipo de contato com estas
empresas (nem queriam fornecer equipamentos de etiquetagem se soubessem que não
iam receber depois o valor) – temos que atender ao artigo 51º que descreve quais as
dívidas da massa insolvente (cabe em ambas as alíneas d) e c)) - o legislador considerou
que estamos perante um conjunto de créditos já constituídos depois da declaração de
insolvência escolhidos pelo administrador de insolvência.
74
*NOTA – art.59º do CIRE:
b)
créditos garantidos;
créditos privilegiados:
créditos comuns;
créditos subordinados.
Isto é uma garantia real, estamos perante um crédito garantido – que são aqueles
que, como o próprio nome indica, são uma garantia real (ficam de fora as garantias ditas
pessoais):
75
Mesmo face às dividas de insolvência estes créditos garantidos estão
protegidos – existe determinada percentagem a propósito da venda desses bens que pode
ser remetida para o pagamento das dividas de insolvência, mas em grande parte, estes
bens estão efetivamente alocados ao cumprimento destas dívidas. Mesmo face às dividas
de insolvência, estes créditos estão protegidos - artigo 174º (que fala do pagamento e dos
créditos garantidos).
Diz o artigo 48º, que faz a listagem dos créditos subordinados, que são
subordinados nomeadamente “créditos detidos por pessoas especialmente relacionada
com o devedor” desde que preenchidos os pressupostos do artigo 48º, alínea a):
76
Mas a questão aqui é que estamos perante um sobrinho – nos termos do nº2 não
há uma alínea para os sobrinhos (em termos de pessoas coletivas) que preveja que são
pessoas especialmente relacionadas. A única forma de chegar lá será a através das alíneas.
Acontece que, olhando para as alíneas a), b), c), d) não aplicamos nenhuma, será que
estamos perante uma pessoa especialmente relacionada?
Ou seja, um dos objetivos deste artigo é evitar que ele através da celebração de
contratos com pessoas que conhece para “simular” (e mesmo que não seja), queremos
evitar que estes créditos se sobreponham e estejam o mesmo nível que créditos regulares
(pessoas que não têm relação nenhuma com o insolvente).
77
Consoante determinemos se é exemplificativo ou taxativo, isto faz com que o
crédito seja garantido ou subordinado (que têm um regime especial).
c)
d)
e)
Estamos perante uma divida da massa insolvente que tem que ser paga em
primeiro lugar face aos créditos da massa solvente.
78
CASO PRÁTICO N.º 10
I.
a)
Sendo isto uma obrigação, quais as consequências para o seu não cumprimento?
Caso não seja cumprida esta obrigação, caso uma PC ou uma PS que tenha uma
empresa esteja insolvente e não peça no prazo de 30 dias a declaração da sua insolvência
esta insolvência presume-se culposa (art.186º do CIRE) nomeadamente o nº3, alínea a)
As consequências estão previstas nas alíneas do artigo 189º (ler artigo). Aqui
reparemos que se temos uma sociedade comercial, se somos administradores e sabemos
que estamos numa situação de insolvência e não pedimos a declaração de insolvência e
continuo a celebrar contratos sem me preocupar com isso, porque sei que não vou pagar,
faz sentido que esta insolvência seja declarada culposa, e que fique responsável por
aqueles créditos (isto também já resulta do que é o regime de responsabilidade dos
administradores das sociedades comerciais, face aos credores das sociedades comerciais)
79
E para isto temos que ir ao artigo 3º, desta vez para ver o nº3 que é como uma
“correção” ao nº2 – o legislador perceber que o critério do nº1 podia levar por si só a
situações em que a pessoa não estaria verdadeiramente em insolvência (nomeadamente o
caso dos suprimentos: muitas vezes os sócios são obrigados intervir nessa sociedade, as
sociedades comerciais precisam de se financiar, podem financiar-se em bancos ou em
sócios. A diferença é que, muitas vezes este financiamento feito aos sócios ou pelos sócios
podia encapotar outras situações que não se queria que estivessem previstas na lei. Como
vamos ver no próximo semestre, as empresas não podem sempre distribuir os lucros todos
que querem. Só se podem transmitir lucros superiores a esse capital social, mais umas
reservas que existem.
Qual seria a forma de dar a volta a isto como sócio? Fazia um contrato de mútuo
com uma sociedade, e emprestava-lhe dinheiro, e os juros que pedia seriam de tal forma
altos que seriam a forma de obter os lucros da empresa sem cumprir o capital social (…)
o legislador percebeu que estes contratos celebrados precisavam de um regime especial
para evitar que isto fosse possível
Por vezes uma empresa pode ter suprimentos – dinheiro que os sócios emprestam
à sociedade em montantes muito superiores ao ativo e ao passivo da sociedade - e se o
montante do suprimento for suficiente para fazer a diferença entre estar ou não estar numa
situação de insolvência, temos que excluir estes valores como efetivamente pertencendo
ao passivo, porque é dinheiro dos próprios sócios, um passivo menos relevante que os
restantes créditos. Nessa medida, a correção que se fez no nº3, alínea c) é dizer que se
excluem do passivo um conjunto de valores nos quais se incluem esses suprimentos,
valores que podem ser muito elevados, mas que para efeitos de declaração da situação de
insolvência não serão considerados.
80
Se víssemos só o valor das coisas na sua individualidade podíamos chegar à
conclusão de que a empresa estava numa situação de insolvência, e olhando já para o
valor de funcionamento, víamos que não. portanto, temos que ter em atenção este valor
de funcionamento.
Aqui temos um passivo de valor 55 e um ativo de valor 70, logo, não estamos
em situação de insolvência ela não estava obrigada a pedir a sua declaração.
b)
Ou seja, para além dos critérios de que já falamos também o art.20º nos dá outros
critérios para a declaração de insolvência (se um devedor consegue provar alguma destas
situações isto basta para a declaração de insolvência).
Qual é o benefício? Temos que olhar ao artigo 98º que diz que isto confere um
privilégio ao credor requerente. Ele vai ter um privilégio creditório geral sobre o seu
crédito, portanto, o legislador quis dar um “prémio” ao credor que teve o trabalho de
excluir da comercialidade uma pessoa que não cumpria os seus compromissos.
81
c)
Estamos perante um crédito subordinado nos termos do artigo 48º, alínea b). Nos
termos do artigo 91º, a declaração de insolvência termina o vencimento de todos os
créditos. Se antes houve declaração de insolvência os créditos vencem-se todos na data
da declaração de insolvência.
d)
Artigo 102º é o regime geral relativo aos negócios ainda não cumpridos e neste
sentido o administrador de insolvência quando ela é declarada adquire a possibilidade de
cumprir os contratos que já foram celebrados e não efetivamente cumpridos ou de os
resolver, portanto não os cumprir para o futuro. Não existe retroatividade. O regime foi
previsto de forma geral no art.102º e depois temos especialidades quanto a contratos de
locação, compra e venda, etc.
82
e)
Aqui aplica-se o artigo 106º do CIRE (promessa de contrato): este nº1 é onde
está que não são todos os contratos promessa que vão ter um regime especial, ele só
existe na medida em que os contratos cumpram os requisitos deste artigo (se não
estes contratos cabem no artigo 102º)
Este contrato não pode já se resolvido, tem que ser cumprido isto e o que diz o
artigo. Porém, Menezes Leitão diz que se devem incluir aqui outras situações não
previstas – deve incluir-se as situações em que haja sempre tradição da coisa. Não seria
necessária a eficácia real da promessa para que efetivamente o contrato tivesse que ser
cumprido. A propósito do nº2 a doutrina também fala em algumas limitações na sua
aplicação.
Não conseguimos saber se houve tradição real e eficácia real. Temos várias
hipóteses: com tradição real e com sinal, com tradição e sem sinal, sem tradição e sem
sinal. Neste caso, a insolvência é do promitente-vendedor.
De acordo com o artigo 106º do CIRE que é uma regra especial face à regra geral
do artigo 102º, este artigo vem dizer que no caso de estarmos perante a insolvência do
promitente-vendedor e havendo eficácia real e tradição, já se retira ao administrador de
insolvência a possibilidade de resolver ou cumprir o contrato, pelo que se tem sempre de
cumprir. O nº 2 diz que para as restantes situações aplica-se o regime geral com as
especificidades do artigo 104º.
A doutrina, nomeadamente Menezes Leitão, diz que esta norma tem de ser
interpretada, porque o nº 1 diz que só há proteção quando há eficácia real e tradição da
coisa, mas Menezes Leitão diz que se deve expandir o âmbito da norma no sentido em
que sempre que exista tradição o administrador de insolvência tem de cumprir o contrato.
Só existe possibilidade de o administrador recusar o cumprimento do contrato-promessa
caso não tenha havido tradição do bem.
Pestana de Vasconcelos diz que isto poderia fazer sentido em termos de alteração
legislativa, mas não é isso que esta escrito na lei: para que haja proteção, é necessária
eficácia real e tradição. Se não couber nas situações previstas no nº 1, aplica-se o regime
geral do artigo 102º, sendo que os valores a pagar são os previstos por remissão do nº 5
do artigo 104º.
83
Uma parte importante tem a ver com a garantia que é dada aos promitentes-
compradores que têm a tradição do bem. O que se diz é que caso não vá ser cumprido
o contrato por resolução, há um direito de retenção sobre o imóvel que se considera estar
previsto nas hipotecas. Visa-se proteger os consumidores face aos bancos. Isto foi
discutido no sentido de que a hipoteca é pública.
De qualquer das formas, existe sempre o direito de retenção (artigo 755º) até
receber o dobro do sinal ou o valor da diferença. Isto não é defendido por outras pessoas,
nomeadamente Catarina Serra que defende que o artigo 442º aparece como uma
situação de incumprimento culposo e ilícito e diz que quando o administrador de
insolvência resolve não cumprir o contrato, este incumprimento não é ilícito, na medida
em que é previsto pela lei e nessa medida não faria sentido aplicar o regime mais grave a
um incumprimento lícito previsto pelo CIRE.
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A resposta a esta pergunta seria dividindo a situação consoante as diversas
hipóteses: com eficácia real e com tradição ou com sinal e todos estes aspetos fazem
variar o resultado final conjugado com o que diz a lei e a interpretação que a doutrina dela
faz. Mesmo o direito de retenção não é claro para toda a doutrina, Catarina Serra diz que
ele não existe.
II.
a.
Se já estiver em situação de insolvência, tem um prazo para o fazer, mas ele só conta
quando exista uma manifesta desigualdade entre o passivo e ativo da sociedade ou quando
esta passa a estar incapacitada de pagar as suas dívidas. Se houver só o risco, não se
contam os prazos.
b.
Para além de se poder apresentar à insolvência, pode ainda recorrer a outro processo
– artigos 17º e seguintes.
85
O juiz recebe este pedido e nomeia um administrador judicial provisório, e a partir
deste momento a empresa fica impedida de praticar um conjunto de atos especiais.
Os credores vêm ou não e é feita uma lista provisória dos credores, lista esta que
depois, havendo impugnações e sendo julgadas, faz-se uma lista definitiva. Chegado a
este momento, começa a contar o prazo para a negociação que é de 2 meses mais 1. Se
findo este prazo n houver um plano aprovado, o PER cai por terra. Se se chegar a um
plano, ele é votado e depois vai ter de ser homologado pelo juiz e é aí que ele ganha
eficácia.
86
c.
A questão aqui é que aparece uma empresa que se apercebe que o contrato não
está a ser cumprido, e por isso, ela quer propor uma ação para cumprimento das
obrigações incumpridas. Pode fazê-lo? Aqui a questão relaciona-se com os efeitos do
PRE (art.17º-E). Ora, aqui a doutrina questionou-se se “ações de cobrança de dividas”
seriam ações executivas ou se também seriam ações declarativas. Havia duas hipóteses:
Pestana Vasconcelos considera que apenas se incluem aqui as ações executivas que
levam à diminuição do património do devedor através da penhora, nomeadamente. Nas
ações declarativas, não existe essa paralisação, não existe um verdadeiro prejuízo para o
devedor, e nessa medida as ações declarativas podem ser instauradas, e podem prosseguir,
o que não pode é as ações executivas para cobrança de dividas.
Pestana de Vasconcelos diz que se deve interpretar como ações executivas porque
são as ações onde pode existir verdadeiramente uma limitação do uso do património
através das penhoras. A partir do momento em que estamos perante um processo de
negociação, o objetivo será paralisar as ações que possam interferir com o património e
interesses negociados. Nas ações declarativas isso não acontece.
Menezes Leitão diz que se devem considerar tanto as ações declarativas, como as
ações executivas. O STJ tem dito que se devem considerar quer as ações declarativas,
quer as ações executivas. Vejam-se os acórdãos de 17/11/2016 e de 27/04/2017.
87
d.
Estamos aqui perante uma situação chamada fresh money – que só se aplica na
medida em que tenha sido efetivamente aprovado o crédito, mas não foi aprovado porque
já tinham passado 3 meses do inicio das negociações e o processo de PRE acaba com a
aprovação de um plano ou com a passagem dos 3 meses (2 meses, com prorrogação de 2
mês – sendo estes 3 meses o limite para o PRE).
Não havendo acordo nestes 3 meses entre credores e devedores, estamos perante
o fim do PRE nesse momento – o fresh money, estes incentivos, só tem proteção na
medida em que o PRE seja efetivamente aprovado, e como no caso concreto não podia
ter sido aprovado porque passou o prazo, então na verdade este fresh money não esta
protegido pelo CIRE.
Ou seja, se entramos num PER e vai sendo dado dinheiro ao devedor, mas n existe
depois um plano aprovado, para o legislador não existe a proteção, porque seria uma
forma fácil de dar a volta ao sistema: se quisesse emprestar dinheiro a uma empresa mas
quisesse ter um privilégio específico sobre ela, dava-se início ao PER, injetava dinheiro,
mas depois nada era aprovado.
88
CASO PRÁTICO N.º 11
1.
Importa começar por indicar o que são títulos de crédito: documentos que
incorporam um determinado direito, documentos estes que apareceram para facilitar os
pagamentos e a transmissão de créditos no mercado.
Como tal, têm um regime específico que visa sobretudo fazer com que possam
existir e que tenham um poder específico em termos de direito, mas temos de proteger as
pessoas que confiam que o direito existe nos exatos termos do título.
No caso concreto, a sociedade saca uma letra sobre uma pessoa que lhe devia
dinheiro a favor de X. Z tem uma relação subjacente de crédito face a U e tem uma relação
de dívida com X e aproveita uma dizendo que passa uma letra em que U vai pagar o que
Z deve a X. Este endossa a favor de T, dá-lhe a letra e vai ele exigir a U o pagamento.
O problema está que no meio disto houve um erro, o crédito era de 1.500€ e a letra
era de 2.500€. Segundo o princípio da literalidade, o que interessa é o valor da letra, é
importante que Teodoro possa acreditar que o valor da letra é aquele.
Para que o beneficiário da letra possa pedir o dinheiro, temos de passar pelo artigo
16º que nos diz que o detentor da letra para ser legítimo tem de conseguir justificar o
caminho todo até receber a letra. No entanto, se houver alguma situação que seja ilícita,
não pode ser responsabilizado por isso.
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Para exigir o pagamento aos intermediários, Teodoro tem de conseguir demonstrar
que houve recusa do pagamento, prova feita através do protesto feito nos 2 dias úteis. Se
Teodoro vem exigir o pagamento a Xavier, este está obrigado a pagar, mas tem de ficar
com a letra. Tem depois direito de regresso em relação aos demais obrigados que estão
para trás, numa ordem inversa, riscando da letra os nomes dos que estavam para a frente.
Xavier pagando não vai poder pedir a Teodoro, portanto tem que ir pedir para trás.
Se Xavier viesse pedir a Z os 2.500€, teria ele de pagar? Nas relações imediatas para além
da relação cartular, existe a relação subjacente, mas esta não existe nas relações mediatas.
Face às relações imediatas podem ser invocados os meios de defesa normais, nas elações
mediatas, não podem ser invocados estes meios de defesa porque não existem em relação
a esta pessoa, desde logo pelo próprio princípio da literalidade: o facto de o crédito existir
nos próprios termos da letra e n dizendo esta nada sobre os meios de defesa, o portador
da letra não pode ver-se impedido de receber o dinheiro por meios de defesa que
desconhece.
O artigo 17º diz-nos que as exceções só podem ser usadas em relações imediatas,
não podem ser usadas nas relações mediatas. X pede a U, este não tem de pagar, porque
não existe nenhuma relação subjacente, o título de crédito passou por Z que é quem tem
uma relação subjacente com cada um deles. Em princípio, se X pedir a U, este tem de
pagar. Se X pedir a Z, já existem meios de defesa. Pode Z invocar o enriquecimento sem
causa dos 1.000€ em que não há título de transmissão. O empobrecido é Z e o enriquecido
X.
Em suma, pode T exigir o pagamento a U, se este não pagar terá que fazer protesto
e depois aí pode exigir o pagamento aos endossantes. Mas houve um erro no
preenchimento, e a isto responde o artigo 17º. Teodoro não conhecia a existência do erro
na redação da letra, mas se soubesse que havia este erro e fosse mesmo assim pedir o
dinheiro a Z, este podia invocar a parte final da norma. Quando assim é, passa a ser
possível invocar as exceções face ao terceiro.
Não pode a sociedade opor isso a Teodoro, porque entre eles existe uma relação
mediata, não lhe podendo ser oponíveis exceções causais ou extracartulares.
90
2.
O artigo 1245º do CC diz que as dívidas do jogo e aposta são obrigações naturais.
Temos aqui uma série de dívidas de apostas. Temos um vício entre S e Q que vai poder
ser invocado por S contra Q.
No dia em que Q tenha a letra e peça o pagamento a S, este pode invocar ou não
o facto de haver uma relação subjacente de uma obrigação natural? Se O pede a P, esta
em princípio tem de pagar. Se O pede por exemplo a S, este vai ter que lhe pagar? Isto
partindo do pressuposto de que já houve recusa de R. Temos uma relação mediata na
medida em que não há relação subjacente entre O e S.
Em princípio, teria de pagar. Mas O também jogava, pelo que sabia de onde vinha
o dinheiro. Ele estaria, em princípio, de má fé, mas aquilo que se diz é que só pode ser
considerado para efeitos do artigo 17º se todas as pessoas antes dele estiverem de má fé.
Se considerarmos que P não está de má fé porque n conhecia a questão do jogo, a boa fé
de Paula limpa todas as más fés de aí em diante, pelo que
O pode pedir o pagamento a S, porque não é considerado pelo artigo 17º como de
má fé. Nessa medida, O poderá pedir diretamente o dinheiro a S e este nada poderá
invocar contra O.
91