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Ana Carolina Lopes Reverendo Junqueira
Ana Lúcia Pereira Ramos
Bárbara Fabiana de Sena Bezerra
Carlos Wilson de Barros
Edson Ferreira Lopes
Gustavo Sallum Fortuna
Helio Franco Rull
Jackeline Borges Ribeiro
Jefferson Cristiano dos Santos Silva
Lídia Ferraz
Maria das Dores Pereira
Marina Harumi Okubo
Márlei Afonso de Almeida
Reinaldo Gaya Lopes dos Santos
Vanessa Néspoli
Waldivino João Pereira Júnior
Consultor
Luis Donisete Grupioni
Ministério da Educação – MEC
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP
Estatísticas
sobre Educação Escolar
Indígena no Brasil
Brasília-DF, 2007
Coordenadora-Geral de Linha Editorial e Publicações
Lia Scholze
Editor Executivo
Jair Santana Moraes
Revisão
Antonio Bezerra Filho
Diagramação e Arte-final
Celi Rosalia Soares de Melo
TIRAGEM
1.000 exemplares
EDITORIA
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213 p. : tab.
CDU 37:39
Sumário
Apresentação ............................................................................................................... 11
3. Estabelecimentos ..................................................................................................... 31
Caracterização Pedagógica dos Estabelecimentos ............................................ 35
Caracterização Física dos Estabelecimentos ...................................................... 42
4. Professores .............................................................................................................. 47
5. Matrículas .................................................................................................................. 57
Dependência Administrativa .................................................................................. 60
Sexo e Faixa Etária ................................................................................................. 74
Série e Faixa Etária ................................................................................................. 80
3. Estabelecimentos ............................................................................................................................... 31
3.1 – Número e Percentual de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Dependência
Administrativa e Localização, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação
– Brasil 2005 .................................................................................................................................. 33
3.2 – Número de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Nível/Modalidade
de Ensino, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ....................... 34
7
3.13 – Número de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Abastecimento de Água,
segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ......................................... 45
3.14 – Número de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Esgoto Sanitário, segundo
a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ....................................................... 46
4. Professores ......................................................................................................................................... 47
4.1 – Número de Professores de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Dependência
Administrativa, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ................. 49
4.2 – Número de Professores de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Nível/
Modalidade de Ensino, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 .... 50
4.3 – Número de Professores de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Nível
de Formação, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 .................. 51
4.4 – Número de Professores de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena na Educação
Infantil, por Nível de Formação, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação
– Brasil 2005 .................................................................................................................................. 52
4.5 – Número de Professores de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena no Ensino
Fundamental em 8 Anos, por Nível de Formação, segundo a Região Geográfica e a Unidade
da Federação – Brasil 2005 ............................................................................................................ 53
4.6 – Número de Professores de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena no Ensino
Fundamental em 9 Anos, por Nível de Formação, segundo a Região Geográfica e a Unidade
da Federação – Brasil 2005 ............................................................................................................ 54
4.7 – Número de Professores de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena no Ensino Médio,
por Nível de Formação, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 .... 55
4.8 – Número de Professores de Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena na Educação
de Jovens e Adultos, por Nível de Formação, segundo a Região Geográfica e a Unidade
da Federação – Brasil 2005 ............................................................................................................ 56
5. Matrículas ........................................................................................................................................... 57
5.1 – Número de Matrículas em Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Dependência
Administrativa, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ................. 59
Dependência Administrativa
5.2 – Número de Matrículas na Educação Infantil em Estabelecimentos de Educação Escolar
Indígena, por Dependência Administrativa, segundo a Região Geográfica e a Unidade
da Federação – Brasil 2005 ............................................................................................................ 60
5.3 – Número de Matrículas no Ensino Fundamental em 8 Anos nos Estabelecimentos de Educação
Escolar Indígena, por Dependência Administrativa, segundo a Região Geográfica
e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ........................................................................................ 61
5.4 – Número de Matrículas no Ensino Fundamental em 8 Anos – de 1ª a 4ª Série – nos
Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Dependência Administrativa, segundo
a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ....................................................... 62
5.5 – Número de Matrículas no Ensino Fundamental em 8 Anos – de 5ª a 8ª Série – nos
Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Dependência Administrativa, segundo
a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ....................................................... 63
5.6 – Número de Matrículas no Ensino Fundamental em 9 Anos nos Estabelecimentos de Educação
Escolar Indígena, por Dependência Administrativa, segundo a Região Geográfica e a Unidade da
Federação – Brasil 2005 ................................................................................................................. 64
5.7 – Número de Matrículas no Ensino Fundamental em 9 Anos – Anos Iniciais – nos
Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Dependência Administrativa, segundo
a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ....................................................... 65
8
5.8 – Número de Matrículas no Ensino Fundamental em 9 Anos – Anos Finais – nos
Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Dependência Administrativa, segundo
a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ....................................................... 66
5.9 – Número de Matrículas no Ensino Médio em Estabelecimentos de Educação Escolar
Indígena, por Dependência Administrativa, segundo a Região Geográfica e a Unidade
da Federação – Brasil 2005 ............................................................................................................ 67
5.10 – Número de Matrículas na Educação de Jovens e Adultos nos Cursos Presencias em
Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Dependência Administrativa, segundo
a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ....................................................... 68
5.11 – Número de Matrículas em Estabelecimentos de Educação Escolar Indígena, por Nível/
Modalidade de Ensino, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 .... 69
5.12 – Número de Matrículas no Ensino Fundamental em 8 Anos nos Estabelecimentos de Educação
Escolar Indígena, por Série, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação
– Brasil 2005 .................................................................................................................................. 70
5.13 – Número de Matrículas no Ensino Fundamental em 9 Anos nos Estabelecimentos de Educação
Escolar Indígena, por Ano, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação
– Brasil 2005 .................................................................................................................................. 71
5.14 – Número de Matrículas no Ensino Fundamental em Estabelecimentos de Educação Indígena,
por Série/Ano, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 .................. 72
5.15 – Número de Matrículas no Ensino Médio em Estabelecimentos de Educação Indígena, por Série,
segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação – Brasil 2005 ......................................... 73
9
Apresentação
É para esse universo que o Ministério da Educação desenvolve, desde 1991, uma
política nacional de educação escolar diferenciada, pautada pelo reconhecimento e pela
valorização da diversidade étnica representada pelos mais de 220 povos indígenas
contemporâneos em nosso país. Coordenando as ações educacionais voltadas para esses
povos, o Ministério da Educação desenvolve programas e projetos em parceria com os
sistemas de ensino estaduais e municipais, universidades e organizações não-governamentais
indígenas e de apoio aos índios.
Essa política tem hoje como prioridade a inclusão das escolas indígenas em todos
os programas governamentais de melhoria da educação, com especial ênfase para a formação
de professores indígenas, para que eles possam assumir as escolas em suas comunidades.
Tem também como prioridade a preparação e publicação de materiais didáticos diferenciados,
escritos nas línguas indígenas, e a adaptação de programas à realidade sociocultural das
comunidades indígenas, como foi o caso da instituição do Programa Nacional de Merenda Escolar
Tradicional. A promoção do controle social indígena sobre as políticas de educação escolar
complementa a política implementada pelo Ministério da Educação, que criou, para esse fim,
11
em 2004, a Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena, composta por 15 representantes
indígenas de todas as regiões do País.
12
1
Análise das
Estatísticas
sobre
Educação
Escolar
Indígena
Análise das
Estatísticas sobre
Educação Escolar
Indígena
A implementação dessa política tem como objetivo assegurar a oferta de uma educação
de qualidade aos povos indígenas, caracterizada por ser comunitária, específica, diferenciada,
intercultural e multilíngüe. Esta deverá propiciar aos povos indígenas acesso aos conhecimentos
universais a partir da valorização de suas línguas maternas e saberes tradicionais, contribuindo
para a reafirmação de suas identidades e sentimentos de pertencimento étnico.
Formar professores indígenas, membros de suas respectivas etnias, para que assumam
a docência e a gestão das escolas em terras indígenas, é o principal desafio para a consolidação
dessa nova proposta de escola indígena. Hoje estão em curso as primeiras experiências de formação
de docentes indígenas em nível de licenciatura, dando seguimento aos cursos de magistério indígena,
que promovem a escolarização básica e a formação específica de professores indígenas em
diferentes regiões do País.
O Brasil hoje reconhece a diversidade sociocultural dos povos indígenas. Ela se expressa
pela presença de mais de 220 povos indígenas distintos, habitando centenas de aldeias localizadas
em praticamente todos os Estados da Federação. Vivem em 628 terras indígenas descontínuas,
15
totalizando 12,5% do territorial nacional. Apesar da ampla distribuição, mais de 60% da população
indígena está concentrada na região da Amazônia Legal.
Ainda que não se tenha dados precisos sobre a população indígena no Brasil, é certo
afirmar que eles já foram muito mais numerosos no passado. Estima-se que, em 1500, a população
indígena estava em torno de seis milhões de indivíduos, quando da chegada dos primeiros
conquistadores. E já chegaram a um patamar populacional bem inferior ao estimado no presente:
na primeira metade do século passado, a população indígena teria chegado a 200.000 pessoas.
Nos últimos 30 anos, revertendo a curva decrescente da população indígena, tem se registrado um
aumento populacional constante, ancorado na melhoria das condições sanitárias e de assistência
médica nas aldeias, na proteção e demarcação de territórios indígenas e no reconhecimento dos
direitos dessas populações em manterem suas identidades e especificidades culturais, históricas e
lingüísticas.
A população indígena no Brasil está hoje estimada entre 350 e 500 mil índios em terras
indígenas, segundo agências governamentais e não-governamentais. Não há informações sobre
índios urbanizados, embora muitos deles preservem suas línguas e tradições. De acordo com o
censo populacional do IBGE, realizado em 2000, a população indígena no Brasil seria de 734.131
indivíduos. Esse total é questionado por especialistas, uma vez que o IBGE chegou a ele por meio
do quesito cor de pele, e não por meio da auto-identificação étnica. Assim, pessoas que consideram
que tem a pele cor indígena não necessariamente se reconhecem e são reconhecidas como
pertencentes a uma comunidade indígena particular.
De modo geral, os povos indígenas no Brasil conformam grupos com baixa densidade
populacional: mais de 50% desses povos são constituídos por menos de 500 indivíduos, e apenas
três povos são formados por mais de 20.000 pessoas. Alguns povos indígenas que habitam o território
brasileiro também vivem em países vizinhos. Há notícias da existência de cerca de 40 "povos isolados"
no Brasil que têm se recusado a um contato mais direto e permanente com segmentos da sociedade
brasileira. E, nos últimos tempos, vários povos considerados "extintos" estão ressurgindo em meio
a processos de reafirmação étnica, exigindo o reconhecimento de suas identidades por parte do
governo brasileiro. São, assim, diversas e dinâmicas as experiências históricas de contato dos
povos indígenas com a sociedade brasileira, resultando numa heterogeneidade de situações de
contato e convívio.
16
1.2 Escolas indígenas nos sistemas de ensino
Foi em 1999, por meio do Parecer 14 e da Resolução 03, que o Conselho Nacional de
Educação, interpretando dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e da
Constituição Federal, instituiu a criação da categoria escola indígena nos sistemas de ensino do
País. Estas deveriam ser criadas atendendo a "normas e ordenamento jurídico próprios", com o
intuito de promover o ensino intercultural e bilíngüe, "visando à valorização plena das culturas dos
povos indígenas e à afirmação e manutenção de sua diversidade étnica" (Resolução CEB 03, art.1º).
Dois anos depois de aprovação dessa Resolução, o Plano Nacional de Educação (Lei nº
10.172/2001) estabeleceu o prazo de um ano para a criação da categoria oficial de "escola indígena",
de modo a garantir a especificidade do modelo de educação intercultural e bilíngüe.
Como se vê, ainda que sob regulamentação recente, os sistemas de ensino já deveriam
estar operando com o reconhecimento dessa nova categoria de escola, condição sine qua non para
a realização dessa modalidade particular de ensino, que é a educação escolar indígena. Em todo o
Brasil, porém, as escolas nas aldeias apresentam diferentes situações de reconhecimento legal,
não havendo números precisos sobre quais são reconhecidas como escolas indígenas. Até bem
pouco tempo, as escolas indígenas, em sua grande maioria, eram consideradas como escolas
rurais ou salas de extensão de escolas urbanas, seguindo calendários e currículos próprios destes
estabelecimentos. O reconhecimento das escolas das aldeias como escolas indígenas, com estatuto
diferenciado, é, portanto, algo novo no sistema de ensino e está em processo em todo o Brasil.
17
1.3 Censo Escolar Indígena de 1999
De acordo com o Censo Escolar Indígena de 1999, existiam naquele ano 1.392 escolas
em terras indígenas no País. Com exceção do Piauí e do Rio Grande do Norte, em todos os outros
Estados da Federação havia escolas reconhecidas como indígenas. Mais da metade dessas escolas
localizava-se na Região Norte, onde vive a maior parte da população indígena. Em termos de
dependência administrativa, registrava-se um ligeiro predomínio das escolas municipais, que
respondiam por 54,8% do total das escolas indígenas no País, enquanto 42,7% eram estaduais.
Estavam em atuação nas escolas indígenas de todo o País 3.998 professores. Destes,
3.059 eram professores indígenas e 939, não índios. Em termos percentuais, os professores
indígenas respondiam por 76,5% do total dos professores, enquanto os não índios correspondiam a
23,5%. Notavam-se diferenças marcantes entre as regiões: assim, enquanto na Região Norte os
professores indígenas respondiam por 82,7% do total, na Região Sul eles eram menos da metade
dos professores em sala de aula, correspondendo a 46,2%.
Nas 1.392 escolas recenseadas pelo Censo Escolar Indígena do MEC em 1999
estudavam 93.037 estudantes indígenas. A maioria destes estudantes, 74.931, representando 80,6%
do total, estava no ensino fundamental. E era nas primeiras séries do ensino fundamental que se
concentrava a maior parte dos estudantes indígenas. Na primeira série estavam 32.629 estudantes,
representando 43,5% do total, na segunda série, 23%, na terceira série, 14,9% e na quarta série,
9,4%. Os restantes, 9,2%, distribuíam-se da quinta à oitava série. Na educação infantil e em classes
de alfabetização estavam 15,2% do total dos estudantes indígenas. No ensino médio havia apenas
1% e em classes de jovens e adultos, 3,2%.
18
se acentuam ainda mais: enquanto na Região Sul, por exemplo, 51,7% das escolas contam com
esse tipo de material, na Região Nordeste essas escolas correspondem a apenas 3,5%.
Por meio dessas respostas, foram identificadas 2.323 escolas indígenas em todos os
Estados da Federação, com exceção do Piauí e do Rio Grande do Norte, que não registraram a sua
existência. Em termos de dependência administrativa, há mais escolas municipais (52,4%) que
estaduais (46,66%) e 0,95% de escolas particulares. Percebe-se, por esses números, que a tendência
para a municipalização da educação indígena no Censo Escolar Indígena de 1999, quando essas
escolas respondiam por 54,8% do total, se manteve.
Ainda que a partir do número total de escolas se possa afirmar que houve um processo
de municipalização das escolas indígenas nos últimos anos, há diferenças importantes entre as
regiões, que merecem ser evidenciadas. Assim, enquanto nas Regiões Norte e Centro-Oeste
predominam as escolas municipais (62,1% e 83,9%, respectivamente), nas Regiões Nordeste,
Sudeste e Sul predominam as escolas estaduais (83,9%, 77,6% e 71,3%, respectivamente).
Uma avaliação criteriosa dessas duas tendências é tarefa que se impõe no momento
atual e precisaria ser realizada para que se verificasse o impacto da adoção de um modelo ou outro
na qualidade das escolas indígenas, seja em termos de garantir infra-estrutura adequada e condições
de funcionamento regular do estabelecimento de ensino escolar, seja em termos da manutenção de
programas de formação inicial e continuada dos docentes indígenas e da existência de programas
de apoio para a produção e publicação de materiais didáticos específicos para uso nessas escolas.
Somente uma pesquisa qualitativa poderia fornecer elementos para uma avaliação mais
contextualizada dessa questão.
Estão em atuação nessas escolas 8.431 docentes. Como não se tratava de uma pesquisa
específica, não foi possível saber quantos desses professores são indígenas e quantos são não
índios. A Coordenação Geral de Educação Escolar Indígena da Secad/MEC estima que 90% desses
professores sejam indígenas. Desses docentes, 54,6% são contratados pelos Estados, 44,5% pelos
municípios e 1% estão vinculados a escolas municipais. A maior parte deles, 72%, está concentrada
no ensino fundamental, de 1ª a 8ª série. Uma outra parcela significativa desses professores, cerca
de 14,6%, atua na pré-escola e em creches.
19
Há uma grande heterogeneidade no grau de escolaridade desses professores, situação
que já fora detectada no Censo Escolar Indígena em 1999. No Censo de 2005, 9,9% dos professores
em atuação nas escolas indígenas não concluíram o ensino fundamental; 12,1% têm o ensino
fundamental completo; 64,8% têm o ensino médio; e 13,2% têm ensino superior. Esses percentuais
revelam que tem havido um processo constante de melhoria na qualificação dos professores em
atuação nas escolas indígenas no País. O aumento no percentual de professores com ensino médio
em relação ao censo específico de 1999 e também em relação a dados levantados nos últimos
anos demonstra o resultado das políticas de formação de professores indígenas implementadas
nos últimos anos pelos sistemas de ensino e organizações não-governamentais com apoio técnico
e financeiro do Ministério da Educação.
É ainda pouco expressivo, por sua vez, o percentual de professores em atuação nas
escolas indígenas com formação em nível superior no País. Eles respondem por 13,2% do total,
havendo grande heterogeneidade quando observamos as diferenças nos respectivos Estados. Porém
uma análise mais cuidadosa desse percentual não é possível sem a realização de uma pesquisa
específica que aponte se esses professores são índios ou não. Acredita-se que os professores não
índios em atuação nas escolas indígenas do País, em princípio, tenham essa formação já concluída.
Estudam hoje nas escolas indígenas do País 163.773 estudantes indígenas. Destes,
51,8% estão matriculados em escolas municipais, 47,6% em escolas estaduais e 0,6% em escolas
particulares. Acompanhando os dados referentes à quantidade de escolas e de população indígena,
é na Região Norte que se concentra a maior parte dos estudantes indígenas. Ali estão 52,5% do total
dos alunos indígenas. Nesse cenário, o Estado do Amazonas se destaca dos demais por possuir
49.139 estudantes, o que equivale a 30% dos alunos indígenas brasileiros. Nas demais regiões, os
estudantes indígenas se distribuem da seguinte forma: no Nordeste estão 23,2%; no Centro-Oeste,
15,5%; no Sudeste, 2,9%; e na Região Sul, 5,9%.
A maior parte destes estudantes, 128.984 alunos, representando 81,2%, está no ensino
fundamental de 8 e 9 anos, este último já implantando em algumas escolas indígenas do País.
Nesse nível de ensino, considerando a modalidade de 8 anos, os alunos estão majoritariamente
concentrados nas primeiras séries, totalizando 81,7% dos estudantes nas primeiras quatro séries,
assim distribuídos: 32,8% na primeira série; 20,8% na segunda série; 15,8% na terceira série; e
12,5% na quarta série. Os restantes, 18,3%, estão distribuídos da quinta à oitava série. O ensino
infantil responde por 11,06% dos estudantes, enquanto o ensino médio abriga apenas 2,6% dos
alunos e o ensino de jovens e adultos, 7,5%.
A concentração dos estudantes indígenas nas três primeiras séries do ensino fundamental
tem muitas explicações. Podemos ensaiar algumas aqui, embora o assunto mereça uma investigação
20
mais aprofundada. É sabido que o ensino, em boa parte das escolas indígenas, está voltado à
alfabetização e a rudimentos do conhecimento da matemática, não estando organizado em termos
de séries, anos ou ciclos. Em algumas escolas os estudantes são divididos em iniciantes,
alfabetizados e avançados. Em várias escolas o ensino se dá de forma multiseriada. Assim, uma
primeira explicação para a concentração de estudantes na primeira série é o fato de que as escolas
indígenas não estão trabalhando com a estrutura de séries, anos ou ciclos. Outra explicação é a
baixa escolarização dos próprios professores, impedindo uma diversificação e aprofundamento do
nível de ensino nas escolas indígenas. A pouca formalização do ensino desenvolvido nessas escolas
e a falta de materiais e de infra-estrutura também seriam uma explicação para essa concentração,
uma vez que muitas escolas indígenas só agora começam a ser regularizadas e, assim, a ingressar
nos sistemas de ensino.
Mesmo o Censo Escolar de 2005 não se constituindo uma pesquisa específica sobre as
escolas indígenas, as duas questões introduzidas no formulário especificamente para aqueles
estabelecimentos de ensino que se declararam como indígenas permitem a sua caracterização
pedagógica sumária. Outras perguntas que fazem parte do formulário nacional ensejam verificar a
infra-estrutura atualmente disponível nesses estabelecimentos. A reunião desses dados nos facilita
ensaiar uma caracterização das escolas das aldeias.
É interessante, por sua vez, chamar a atenção para o fato de que 199 escolas, ou seja,
8,6% do total, não declararam o português como língua em que o ensino é ministrado. O pressuposto
é de que, nestas escolas, o ensino seja ministrado somente nas línguas indígenas. Aqui, também,
somente uma pesquisa de caráter mais etnográfico poderia confirmar tal indicação.
21
as regiões. Na Região Norte, que concentra mais da metade das escolas indígenas do País, apenas
33% utilizam material didático específico. Nas demais regiões, esse percentual sobe: no Sul, para
63,9%; no Centro-Oeste, para 60,7%; no Nordeste, para 49,9%; e no Sudeste, para 79,6%. Em
alguns Estados, porém, esse percentual é diminuto. Este é caso, por exemplo, de Rondônia, Pará,
Alagoas e Bahia, onde menos de 20% das escolas indígenas declaram utilizar algum tipo de material
didático específico ao grupo étnico.
Como o uso de material didático diferenciado pode estar restrito a uma única cartilha, livro
de leitura ou mesmo dicionário, a situação é extremamente preocupante, demonstrando a insuficiência
de materiais disponíveis para uma prática de educação pautada pela interculturalidade e pela valorização
dos conhecimentos e saberes próprios às comunidades indígenas. Ainda que o Ministério da Educação
tenha procurado estimular a produção de materiais próprios, escritos nas línguas indígenas, voltados
ao uso na sala de aula das escolas das aldeias, mantendo uma linha de financiamento específico para
apoiar esse tipo de produção, os dados acima indicam que as escolas indígenas no País não contam
com materiais didáticos próprios, elaborados a partir de currículos diferenciados.
Essa situação torna-se ainda mais dramática quando cruzamos essas informações com
outras variáveis, como a de ligação desses estabelecimentos com a rede pública de energia, água e
esgoto. Do conjunto das escolas indígenas, apenas 741, ou seja, 31,9% do total, estão ligadas à rede
pública, contando com luz elétrica. Das demais, 313 contam com gerador próprio, 103 com energia
solar, 2 com energia eólica e a grande maioria, 1.175 escolas, não conta com qualquer forma de
abastecimento de energia. Em relação ao abastecimento de água, apenas 137 escolas estão ligadas
a rede pública, 492 contam com poço artesiano, 492 com cisterna ou cacimba e as demais 1.281 se
abastecem com água de rio ou igarapé. Há, ainda, 19 escolas que não contam com qualquer forma de
abastecimento de água, e apenas 16 têm seu esgoto ligado à rede pública. Enquanto 1.201 escolas
possuem fossa, 1.107 não possuem qualquer forma de escoamento de esgoto.
22
informática, 3 têm laboratório de ciências, 55 contam com quadra de esporte e apenas 85 possuem
biblioteca.
Esses números revelam que a inclusão das escolas indígenas nos sistemas de ensino
não significou uma melhoria nas condições de ensino destas escolas e colocam como um desafio
a ser enfrentado a expansão dos benefícios dos programas governamentais também para esses
estabelecimentos. Revelam, ainda, a necessidade de adequação dos programas à realidade e
especificidade das escolas indígenas do País, por meio da revisão dos critérios de qualificação
desses estabelecimentos, para poderem ser contemplados por esses programas nacionais.
O aumento do número de escolas indígenas, que passou de 1.392 em 1999 para 2.323
em 2005, explica-se não somente pela criação de novas escolas, fato que certamente ocorreu
nesse período, mas também pela regularização de um grande número de escolas e salas de aula
que antes não eram reconhecidas como indígenas. Em muitos Estados da Federação criou-se a
categoria escola indígena como unidades autônomas dentro do sistema de ensino, e, com isso, se
regularizou a situação de muitas escolas localizadas em terras indígenas, antes consideradas salas
de extensão de outras escolas.
Como se pode verificar pela tabela abaixo, houve um aumento no número de escolas
indígenas em muitos Estados da Federação. Ainda assim, deve-se reconhecer que, de fato, o número
de escolas indígenas é um pouco maior do que o registrado, devido ao processo de nucleação de
escolas, quando várias escolas são vinculadas a um único endereço e, portanto, aparecem como
sendo um único estabelecimento. É o caso, para citar um exemplo, de Minas Gerais, que em 1999
contava com 5 estabelecimentos, aos quais se nucleava um total de 28 escolas. É o que talvez explique
também a diminuição no número de estabelecimentos escolares em alguns Estados da Federação.
23
Comparando a distribuição das escolas indígenas por dependência administrativa,
constata-se que houve no intervalo registrado pelos dois censos um aumento do percentual de
escolas indígenas vinculadas aos Estados, indicando uma tímida tendência para a estadualização
dos estabelecimentos escolares em terras indígenas.
Ainda que haja essa tendência para a estadualização, em termos percentuais as escolas
indígenas vinculadas aos municípios correspondem a mais da metade do total, 52,4%. Em termos
absolutos, em apenas oito Estados a vinculação aos municípios é majoritária: no Amazonas são
24
752 escolas municipais e 12 estaduais; na Bahia, 46 municipais e 5 estaduais; em Mato Grosso, 150
municipais e 26 estaduais; em Mato Grosso do Sul, 38 municipais e 7 estaduais; no Pará, 83
municipais e 8 estaduais; na Paraíba, 22 municipais e 5 estaduais; no Paraná, 25 municipais e 3
estaduais; e no Espírito Santo, onde todas as 7 escolas são municipais. Em todos os demais Estados
da Federação predominam as escolas estaduais.
Em relação aos estudantes, o dado significativo é que a distribuição dos alunos pelas
diferentes séries do ensino fundamental melhorou, o que demonstra uma maior estruturação e
organização das escolas indígenas. Enquanto o Censo Escolar Indígena de 1999 registra que 43,5%
dos estudantes estavam concentrados na primeira série do ensino fundamental, o Censo Escolar
de 2005 indica que esse número diminuiu para 31,2%, aumentando a distribuição dos estudantes
pelas séries seguintes, conforme podemos observar na tabela abaixo, relativa às matriculas no
ensino fundamental de 8 anos:
A melhor distribuição dos alunos indígenas pelas séries do ensino fundamental evidenciada
no Censo Escolar de 2005, principalmente em relação ao aumento de estudantes da 5ª à 8ª série, é
um dos reflexos dos programas de formação de professores indígenas, que possibilitaram que
esses níveis de ensino começassem a ser ministrados em algumas aldeias.
25
Esses números mostram que, apesar dos avanços conquistados nos últimos anos pelos
povos indígenas quanto ao direito a uma educação intercultural, muito ainda é preciso ser construído
em termos de prática de sala de aula, de formação de professores indígenas, de produção de materiais
para que as escolas em terras indígenas ofereçam uma educação diferenciada, de qualidade e que
valorize a língua e os conhecimentos tradicionais desses povos.
A divulgação desses dados, por parte do Ministério da Educação, tem por objetivo propiciar
uma avaliação da política nacional de educação indígena, compondo indicadores que permitam
aferir a eficácia de programas e linhas de ação implementadas pelo governo federal e pelos sistemas
estaduais e municipais de educação. Ao disponibilizar esses dados, espera-se, ainda, contribuir
para que se efetive o controle social indígena sobre as políticas de educação escolar voltadas às
comunidades indígenas.
ou à
26
2
Dados
Gerais
Dados Gerais
29
Dados Gerais
30
3
Estabelecimentos
Estabelecimentos
33
Estabelecimentos
34
Estabelecimentos
35
Estabelecimentos
36
Estabelecimentos
37
Estabelecimentos
38
Estabelecimentos
39
Estabelecimentos
40
Estabelecimentos
41
Estabelecimentos
42
Estabelecimentos
43
Estabelecimentos
44
Estabelecimentos
45
Estabelecimentos
46
4
Turmas
Professores
Professores
49
Professores
50
Professores
51
Professores
52
Professores
53
Professores
54
Professores
55
Professores
56
5
Matrículas
Matrículas
59
Matrículas
Dependência Administrativa
60
Matrículas
Dependência Administrativa
61
Matrículas
Dependência Administrativa
62
Matrículas
Dependência Administrativa
63
Matrículas
Dependência Administrativa
64
Matrículas
Dependência Administrativa
65
Matrículas
Dependência Administrativa
66
Matrículas
Dependência Administrativa
67
Matrículas
Dependência Administrativa
68
Matrículas
Dependência Administrativa
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Matrículas
Dependência Administrativa
70
Matrículas
Dependência Administrativa
71
Matrículas
Dependência Administrativa
72
Matrículas
Dependência Administrativa
73
Matrículas
74
Matrículas
75
Matrículas
76
Matrículas
77
Matrículas
78
Matrículas
79
Matrículas
80
Matrículas
81
6
Relação dos
Estabelecimentos
de Educação
Escolar Indígena,
segundo a Região
Geográfica e a
Unidade da
Federação – 2005
85
86
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