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Notas de Aula 4.

O Problema (primal) do Consumidor:


Continuação Demanda
Microeconomia

Anderson M. Teixeira

Economia

Março, 2018

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula 4. O Problema (primal) do Consumidor: Continuação


Março,Demanda
2018 1 / 17
Elasticidade-Preço da demanda

A curva de demanda, tudo mais constante, mostra como a


quantidade demandada varia com o preço. Porém, medir variações
absolutas na quantidade por variações absolutas no preço pode levar a
inferências vazias sem sentido.
Por exemplo, vamos supor que um aumento de R$ 1 no preço de um
bem leva a uma queda na quantidade de 8 kilos. Isto é uma variação
grande ou pequena?
Não há como saber a não ser que saibamos o preço e quantidade
inciais.
Então, se o preço inicial era R$ 1, então o aumento de R$ 1
representa um aumento de 100% no preço.
Ou ainda, se o preço inicial era de R$ 100, então o aumento de R$ 1
representa um aumento de 1% no preço. O mesmo vale para a
quantidade.

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Março,Demanda
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Elasticidade-Preço da demanda

A elasticidade-preço do bem i é calculada como a mudança percentual


na ”quantidade” dividida pela mudança percentual no preço.
∂log (xi ) pi ∂Xi
Equação: εM
i = ∂log (pi ) = Xi x ∂pi
Apesar de a elasticidade-preço da demanda ser um número negativo
(a demanda responde negativamente) a mudança no preço do bem,
vamos sempre nos referir a ela como um número positivo, já que
importa é a magnitude do número e não o seu sinal.
Logo teremos:

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Março,Demanda
2018 3 / 17
Caracterı́sticas da Elasticidade-Preço da demanda

Quando a elasticidade é menor que 1, diz-se que a demanda é


inelática.
Quando a elasticidade é maior que 1, diz-se que a demanda é
elástica.
Quando a elasticidade é igual a 1, diz-se que a demanda tem
elasticidade unitária.
Demanda elástica significa dizer que se o preço desse bem aumentar
(diminuir) em 10%, a demanda do bem dimimui (aumenta) mais do
que os 10%.
Um exemplo de um bem elástico são os tomates frescos (elasticidade
de 4,6). Um exemplo de um bem inelástico é o sal (elasticidade em
torno de 0,10);

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Março,Demanda
2018 4 / 17
Caracterı́sticas da Elasticidade-preço da demanda
A demanda pode ser elástica para certas faixas de preço e inelástica
para outras faixas de preço. A figura abaixo ilustra uma curva de
demanda e os valores da elasticidade-preço da demanda dessa curva.

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2018 5 / 17
Caracterı́sticas da Elasticidade-preço da demanda

A elasticidade-preço da demanda do bem i depende da possibilidade


de o consumidor abdicar do bem 1. Portanto, ela será maior:
Quando mais fácil é substituir o consumo do bem i pelo consumo
de outros bens. Ex: Coca-cola é fácil de ser substituı́da. Sal já não é
um bem tão fácil de ser substituido como a coca-cola.
No longo prazo quanto mais tempo o consumidor tem para ajustar a
sua demanda a uma mudança do preço, maior será a elasticidade.
Pense no seguinte caso: se você tem um carro que consome muita
gasolina e o preço da gasolina aumenta bastante, você provavelmente
não trocará de carro hoje, mas você pode decidir trocar o carro por
um mais econômico nos próximos meses.
Quanto menos necessário é o bem. O conceito de bem necessário
é subjetivo. Um bem pode ser necessário para uma pessoa e não
necessário para outra.

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Março,Demanda
2018 6 / 17
Elasticidade-preço cruzada da demanda
A elasticidade-preço cruzada da demanda do bem i mede a
sensibilidade da demanda do bem i com relação ao preço do outro
bem.
∂log (xi ) pj ∂Xi
Equação: εi M
j = ∂log (pj ) = Xi x ∂pj
Então se os bens A e B são ”complementares” comprar mais do bem
A resulta em comparar mais do bem B também. (elasticidade-preço
cruzada deve ser negativa).
Já bens ”substitutos” têm elasticidade-preço cruzada positiva: se o
preço do bem aumenta, o consumo do bem substituto vai aumentar
Sabemos que um bem complementar perfeito tem que ser consumido
com outro bem, em proporções fixas (sapato esquerdo e direito) é
perfeitamente complementar e vice-versa.
Mas, o grau de complementaridade, medido pela elasticidade-preço
cruzada não tem que ser recı́proco.

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Março,Demanda
2018 7 / 17
Elasticidade-preço cruzada pela demanda
Veja o caso de televisões e aparelhos de DVD (bens complementares)
tem que ser utilizado com uma televisão (bem base) mas o contrário
não vale ” a televisão não necessariamente tem que ser utilizada com
um aparelho de DVD.
Em ”marketing” bens complementares dão um poder adicional à
firma, permitindo que a firma ”prenda o consumidor” quando os
custos para mudar de produto são altos.
Algumas estratégias de valoração usadas por firmas quando produzem
ambos, o bem base e o bem complementar são:
1) Cobrar barato o bem base em relação ao bem complementar. Isso
mantem o cliente da firma (ex. aparelho de barbear e gilete,
playstation e games).
2) Cobrar caro o bem base em relação ao bem complementar (cria
uma barreira a entrada no consumo dos bens finais da firma ( clubes,
como clubes de golf e taxa para jogar golf).

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Março,Demanda
2018 8 / 17
Elasticidade-renda

Outra elasticidade importante na teoria do consumidor é a


elasticidade-renda do bem i. A intuição é similar à da
elasticidade-preço, agora levando em conta que estamos medindo a
sensibilidade da demanda em relação a ”mudança na renda.
∂log (xi ) m ∂Xi
Equação: ηi = ∂log (m) = Xi x ∂m
Elasticidades-renda permitem classficar os bens em inferiores (ou
básicos), normais ou de luxo.
Quando a elasticidade-renda da demanda é menor que zero - o bem é
chamado de bem inferior. Um aumento na renda do consumidor leva
a uma redução na quantidade consumida.
Quando a elasticidade-renda da demanda é positiva, o bem é
chamado de bem normal. Um aumento na renda do consumidor leva
a um aumento na quantidade consumida.

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Março,Demanda
2018 9 / 17
Elasticidade-renda
Dentre os bens normais existem os bens necessários ou básicos (ex.,
serviços de saneamento), onde a demanda aumenta com a renda, mas
aumenta numa proporção menor que a renda e existem os bens de
luxo (jantar em restaurante chiques, automóveis importados), onde a
demanda aumenta numa proporção maior a do aumento da renda. A
figura abaixo ilustra esses casos.

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Março,Demanda
2018 10 / 17
Elasticidade-renda: Casos

Um bem pode ter uma classificação para uma cesta faixa de renda e
depois mudar essa classificação para outra faixa de renda.
Por exemplo, passagem de ônibus é bem normal para quem usa esse
tipo de transporte regularmente e para aumentos pequenos de renda.
Porém, se houver um aumento muito grande na renda de uma pessoa
que usa ônibus, ele pode comprar um carro e então a passagem de
ônibus se torna um bem inferior.
Portanto, a elasticidade-renda pode e provavelmente vai mudar com o
nı́vel de renda e com o nı́vel geral de preços.
O caminho de expansão da renda mostra as cestas de bens
consumidas para vários nı́veis de renda.
Essa curva também é chamada curva-renda consumo se ambos os
bens são normais essa curva tem inclinação positiva.

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2018 11 / 17
Caminho da expansão da renda

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2018 12 / 17
Curva de Engel
Curva de Engel
Relaciona a quantidade demandada de um bem com o nı́vel de renda, todo
o resto constante. Portanto, usamos a função de demanda para achar a
forma da curva de Engel, considerando apenas a renda e a quantidade
como as variáveis no gráfico. A figura abaixo ilustra a curva de Engel para
um bem normal.

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Março,Demanda
2018 13 / 17
Relações entre elasticidades

1) Todas as elasticidades-renda somam um, quando ponderadas poela


fração da renda gasta em cada bem.
Para obter esse resultado usamos a agregação de Engel:
Multiplicando o lado esquerdo da equação acima por X1 m/X1 m e
rearrajando os termos obtemos:
S1 η2 + S2 η2 + ... + Sn ηn = 1
donde: S1 = pi Xi /m é a fração da renda gasta com o bem i e ηi é a
elasticidade renda do bem i. No caso para dois bens temos:
S1 η2 + S2 η2 = 1
podemos concluir:

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2018 14 / 17
Relações entre elasticidades

i) Todas as elasticidades-renda podem ser iguais a um. Nesse caso


um aumento da renda leva um aumento na mesma proporção no
consumo de todos os bens (se a renda aumentou em 10%, o consumo
de cada bem aumenta em 10%).
ii) Se η1 > 1 então η2 < 1 : se a fração da renda consumida do bem
1 aumentou mais proporcionalmente à renda, o consumo do bem 2
terá que aumentar menos proporcionalmente à renda. (caso geral:
η1 > 1, então existe pelo menos um bem j tal que ηj < 1 ).
iii) Se η1 < 0 então η2 > 0: se o bem é inferior, então o outro bem
será necessariamente normal. Para o caso geral, no máximo n-1 bens
podem ser inferiores .
iv) Se um bem é elástico (inelástico), os outros bens são, na médida
ponderada pela fração da renda gasta no bem, substitutos
(complementares) desse bem.

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Março,Demanda
2018 15 / 17
Preferências Homotéticas

As curvas de Engel geradas por utilidades lineares (bens substitutos


perfeitos, e por utilidades de Leontieff (bens complementares)
também são lineares.
Logo, toda a curva de Engel é linear?
Não necessariamente. Essa propriedade é caracterı́stica de funções de
utilidade homotéticas, e todas as funções de utilidade vistas até agora
são homotéticas.

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2018 16 / 17
Preferências Homotéticas

Preferências Homotéticas
Definição -

Utilidade Cobb-Douglas
Utilidade Quase-linear

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2018 17 / 17

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