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Economia de Escala

Microeconomia

Anderson M. Teixeira

Economia

Junho, 2018

Anderson M. Teixeira (UFG) Economia de Escala Junho, 2018 1 / 17


Economia de Escala

Dizemos que a função de produção apresenta retornos constantes de


escala (RCE) ou Retornos decrescentes de escala (RDE) se a função
de produção satisfaz a propriedade do meio ,onde x = (x1 , x2 , ...xn )
denota o vetor de insumos considerado:
Constante: f (tx) = tf (x), t > 0, ∀x =⇒ x replica;
Decrescente: f (tx) <, tf (x), t > 1, ∀x =⇒ x algum fator fixo;
Crescentes: f (tx) >, tf (x), t > 1, ∀x =⇒ x ganhos de escala

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Economia de escala
Retornos constantes de escala é uma hipótese natural para a firma no
longo prazo. Se o padeiro do nosso exemplo anterior é capaz
de produzir 1000 pães usando uma certa tecnologia, ou seja,
uma certa combinação de fatores de produção (espaço-fı́sico,
padeiros, ajudantes, máquinas, insumos e etc) então ele pode
produzir 2000 pães se apenas replicar a sua padaria original.
Retornos decrescentes de escala ou deseconomias de escala - ocorrem
quando há algum insumo fixo. Por exemplo, se não houver
mais espaços para alugar, o nosso padeiro não poderá
montar uma nova padaria.
Retornos crescentes de escala ou ganhos de escala ocorrem quando a
tecnologia permite que haja ganhos de escala na produção.
Petrobrás decide construir um oleoduto, ao se dobrar os
insumos, dobra-se o diâmetro do oleoduto e isso permite
transportar mais do que o dobro de óleo.

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Economia de Escala

As economias de escala determinam o ”tamanho ótimo” das


empresas que deveriam operar em um setor.
Se existem economia de escala as empresas devem ser grandes para
poder aproveitar estas economias.
Se existem deseconomias de escala (RDE), é melhhor ter várias
empresas pequenas em uma indústria.
Se existem rendimentos constantes de escala, podem coexistir
empresas grandes e pequenas.
Se a tecnologia apresenta retornos constantes de escala, então a
função de produção que representa essa tecnologia é homogena linear

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Curto Prazo e Longo Prazo
O curto prazo é o perı́odo de tempo onde alguns insumos da firma
estão fixos. O nı́vel desses insumos não pode ser modificado.
Ex. Empresas aluga um galpão por um perı́odo de tempo. O aluguel
desse galpão é um custo fixo para o perı́odo de um mês. A firma
mesmo que deixe de produzir, terá que honrar o aluguel do galpão.
Se a análise é feita tomando o perı́odo de um ano ou mais tempo, o
aluguel do galpão passa a ser um custo variável, a firma pode alterar
esse insumo, decidindo alguar um galpão menor ou maior ou galpão
algum.
O longo prazo - é o perı́odo de tempo em que todos os fatores de
produção são variáveis: a firma pode ajustar todos os seus fatores de
produção de forma que deseja.
Os conceitos de curto e longo prazo são conceitos abstratos de modo
geral. O longo prazo de uma firma pode ser um ano, cinco anos, seis
meses. Não podemos afirmar qual será esse perı́odo sem conhecermos
as pecularidades da firma sob análise.
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Custo Econômico e Custo Financeiro, Custo Implı́cito

O custo econômico de um bem ou serviço equivale ao valor dos


bens e serviços que se deixam de produzir como consequência do uso
dos insumos e mão-de-obra para produzir o bem em questão.
O custo econômico é um conceito de ”custo de oportunidade. Em
outras palavras, o que se perde ao produzir um bem ou atividade.
É importante distinguir custo econômico de custo contábil ou
financeiro.
Custo contábil ou financeiro equivale a todos os pagamentos que faz
uma empresa, a seus fornecedores, aos credores, aos seus
trabalhadores, ao fisco e aos seus credores.
Custos implı́citos são custos que não são explicitamente
contabilizados pela firma. Um exemplo é o custo de oportunidade de
trabalho do dono da empresa.

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Custo Econômico e Custo Financeiro, Custo Implı́cito
Um exemplo de custo de oportunidade de trabalho do dono da
empresa é o caso do dono de uma barraca de cachorro quente que
calcula o seu lucro como receita gerada pela venda de cachorros
quentes e bebidas menos o custo dos insumos para fornecer esss
produtos está se esquecendo de adicionar um custo importante: ”o
valor do seu trabalho”.
Essa medida ou valor é dado pelo que ele conseguiria empregando o
seu tempo em outra atividade.
Se a outra atividade para o dono da barraca for um emprego onde
receba R$ 1500 por mês, então usamos esse valor como o ”custo de
oportunidade” do seu trabalho.
O custo implı́cito é o custo de capital financeiro investido pela firma.
Se o capital for de terceiros, proveniente de empréstimos tomados
junto ao setor financeiro, os juros consistuem o custo de oportunidade
desse capital que é explı́cito, logo contabilizado como custo tanto
para os contadores como economistas.
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Custo Econômico e Custo Financeiro, Custo Implı́cito

Todavia, se o capital for próprio, proveniente de sócios ou acionistas o


custo de oportunidade que seria a melhor alternativa ao uso do
dinheiro fora da aplicação em capital da firma é um custo implı́cito.
Uma alternativa possı́vel de aplicação para o capital próprio colocado
pelos sócios é a do ”mercado financeiro” que rende um determinado
montatne sob a forma de juros.
O custo de oportunidade do capital próprio é, no mı́nimo igual a esses
juros não recebidos, pelo fato de o capital ter sido investido na firma
em lugar do mercado financeiro.
O lucro econômico pode ser diferente do lucro contábil quando
existem esses custos implı́citos. O lucro econômico ser igual a zero
não significa que a firma não tem lucros contábeis.

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Custo Social e Custo Privado

Outra distinção é a de custo social versus custo privado.


Sabemos que os custos econômicos devem refletir o que se perde por
produzir uma unidade adicional e estes devem também considerar as
perdas de bens e serviços que não necessariamente se transacionam
nos mercados, como as ”externalidades na produção”.
Um exemplo é o caso da produção de ”eletricidade” com base em
plantas termelétricas produz efeitos negativos ao meio ambiente.
Na medida que as pessoas valorizam o ”meio ambiente”, esta
deterioração sginifca uma perda para a sociedade e isso constitui um
custo adicional da produção elétrica.
Assim, o nı́vel ótimo de produção e consumo elétrico é menor que o
ótimo privado, já que o ótimo privado não leva em consiração essa
perda da sociedade.

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Custo Social e Custo Privado

Questão: Como conseguir que o produtor e o consumidor reflitam


sobre o impacto no meio ambiente (e outras externalidades) em suas
decisões de produção e consumo para assim atingir o ótimo social?
Aqui vamos supor que todos os custos medidos são econômicos e que
não existe distinção entre custo social e privado.
Isso é um problema de ”externalidades” e deverá ser abordado em
algum curso adicional de microeconomia ou setor público.

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Função Lucro
O lucro de uma empresa é a diferença entre a receita gerada pela
venda da sua produção menos os custos dos fatores usados nessa
produção.
Para definirmos mais precisamente o que é a receita da firma temos
impor algumas condições sobre a estrutura da indústria em que essa
firma está inserida.
Vamos supor que a firma é ”competitiva” ou esta inserida em um
mercado competitivo.
A firma então é ”tomadora de preços: toma os preços dos
produtos e dos insumos como fixos, além da sua capacidade de
manipulação.
Hipótese razoável para várias indústrias, como a da padaria do
exemplo. Uma padaria dificilmente vai poder cobrar mais pelo seu
pão (controlando pela qualidade) do que o preço de mercado e não
vai conseguir comprar insumos com um desconto maior do que outras
padarias obtêm.
Ou seja, dizemos que a firma não tem poder de mercado.
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Função Lucro

Vamos supor dois insumos a fim de simplicar a notação de análise. As


conclusões obtidas são facilmente generalizadas para o caso de ”n”
insumos.
Se a firma é competitiva, ela pode vender cada unidade do seu
produto pelo preço de mercado, denotado por ”p” e a sua receita é:
R = py = pf (X1 , X2 )
A despesa da firma é o custo dos fatores de produção que usa na
produção de Y = f (X1 , X2 ).
Como a firma compra os fatores de produção aos preços de mercado,
temos que:
D = w1 x1 + w2 x2

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Função Lucro

Vamos supor que o objetivo da firma seja maximizar lucros.


Como a firma tem donos, a hipótese de maximização de lucros é
equivalente à hipótese de maximização da renda do dono ou donos da
empresa.
Se o dono maximiza a sua renda, ele estará maximizando sua
utilidade. Já que ao aumentar a sua renda pode alcançar uma curva
de indiferença mais alta.
O importante que suas ações sejam coerentes para alcançar o objetivo
a que se propõe.
Se a firma deseja maximizar lucros, ela deve escolhler quantidades de
insumos tais que:
Max pf (x1 , x2 ) − w1 x1 + w2 x2

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Função Lucro

Observe que a quantidade de produção é escolhida implicitamente, ao


se escolher as quantidades (x1 , x2 que maximiza o lucro.
Vamos supor que a maximização acima tem solução interior (isto é,
x1∗ , x2∗ são maiores do que zero) x ∗ = x1∗ , x2∗ .
As CPO são dadas por:
pf1 (x1 , x2 ) = w1 .
pf2 (x1 , x2 ) = w2 .
O lado esquerdo das CPO é o preço do bem final multipliado pelo
produto marginal do insumo i, ou seja, é a taxa em que a receita
aumenta dado um aumento um aumento no uso do insumo i.
Esse é o valor valor do produto marginal de um insumo.
As CPO então diz que o valor do produto marginal de um
insumo tem que ser igual ao seu preço.

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Função Lucro

Suponha que o nı́vel de insumos escolhido pela firma seja tal que
pPMg i > wi .
Nesse caso, se a firma aumentar a quantidade do insumo i, o
acréscimo de receita obtida será maior do que a despesa adicional, o
que aumenta o lucro.
Portanto, a firma deve aumentar o uso do insumo i se quiser
maximizar lucros. Como o produto marginal de um insumo é
decrescente no seu uso, ao aumentarmos a quantidade do insumo i, a
desigualdade pPMg i > wi se torna uma igualdade.

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Função Lucro

Agora, se o nı́vel de insumos escolhido é tal que pPMg i < wi então a


firma diminui o uso do insumo i, pois o decréscimo de receita obtido
será menor do que a economia gerada pelo uso menor do fator o que
aumenta o lucro.
Logo, a firma deve diminuir o uso do insumo i se quiser maximizar
lucros.
Como o produto marginal de um insumo é decrescente no seu uso, ao
diminuirmos a quantidade do insumo i, a desigualdade pPMg i < wi se
torna uma igualdade.
Ou seja só estará maximizando o lucro se o valor do produto
marginal de cada insumo for igual ao preço.

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Demandas por Insumos

Se resolvermos as CPO do problema de maximização de lucro da


firma, encontramos as quantidades de insumos x1 , x2 ótimas como
funções dos preços:
x1 = x1 (p, w1 , w2 )
x2 = x2 (p, w1 , w2 )
Exemplo: Função de Produção Cobb-Douglas

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