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CONTABILIDADE

DE CUSTOS

Hamilton Cesar Moura

E-book 1
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO���������������������������������������������� 3
Por que estudar contabilidade de custos?�������������3

PRINCIPAIS CONCEITOS�������������������������� 6
O que é gasto?����������������������������������������������������������8
O que é custo?����������������������������������������������������������8
O que é despesa?�����������������������������������������������������9
O que é investimento?����������������������������������������������9

CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E


DESPESAS����������������������������������������������������12
Custos Diretos e Indiretos������������������������������������ 12
Custos Variáveis e Fixos��������������������������������������� 18
Despesas Variáveis e Fixas���������������������������������� 20

APLICAÇÃO PRÁTICA������������������������������21
Os custos de produção são:��������������������������������� 22

CONSIDERAÇÕES FINAIS���������������������� 27
SÍNTESE�������������������������������������������������������29

2
INTRODUÇÃO

Por que estudar contabilidade


de custos?

Estudar contabilidade de custos é um dos melhores


investimentos que um estudante pode fazer porque
o sucesso de qualquer organização, desde uma pe-
quena loja até a maior multinacional, exige o uso de
conceitos e práticas de contabilidade de custos. A
contabilidade de custos fornece dados importan-
tes para os gestores de planejamento e controle,
bem como o custeio de produtos e serviços para os
clientes.

Centrando-se sobre conceitos básicos e análises,


a contabilidade de custos é reconhecida como fer-
ramenta gerencial para a estratégia de negócios.
Você, como estudante, é, então, preparado para as
recompensas e os desafios que surgem no mundo
profissional da contabilidade de custos, tanto hoje
como amanhã. Você irá desenvolver os valores e os
comportamentos que fazem a contabilidade de cus-
tos eficaz no local de trabalho; você poderá aplicar
o que está aprendendo com exemplos da vida real.

Aqui você aprenderá a identificar e a classificar os


gastos de uma empresa; apresentaremos alguns
conceitos muito importantes para o desenvolvimento
da disciplina. Os tópicos a serem estudados são:

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● Classificação e nomenclatura de custos

○ Conceitos e finalidades da contabilidade de custos


○ Terminologia básica de custos
○ Custos e despesas
○ Classificação dos custos em direto e indireto
○ Classificação dos custos em fixos e variáveis

A contabilidade é chamada de “linguagem dos negó-


cios”. Em Contabilidade Geral, você aprende um gran-
de número de termos úteis para falar essa linguagem.
Assim como a Contabilidade Geral, a Contabilidade
de Custos tem alguns termos específicos que você
precisa adicionar ao seu vocabulário contábil. A termi-
nologia e os princípios que você aprender durante este
módulo tornarão a compreensão do curso mais fácil.

Os registros financeiros mostram o que foi gasto,


mas não por que foi gasto. Os relatórios financeiros
não distinguem entre uma atividade que agrega valor
de uma que não agrega valor.

Discutiremos contabilidade de custos e como ela é


diferente da contabilidade geral. Investigaremos as
diferenças entre os registros financeiros e o tipo de
informação que os gestores precisam para tomar
decisões. Discutiremos como os custos de produ-
ção fluem através do sistema contábil, como olhar
para o comportamento dos custos, e como calcular
os custos unitários do produto. Este é um dos mais
importantes conceitos: entender o comportamento
dos custos e saber como eles fluem através do sis-

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tema contábil dará a você uma grande base para o
restante do curso.

Os empresários, muitas vezes, querem saber o vo-


lume de vendas necessário para atingir o ponto de
equilíbrio. Mas, e se quiserem fazer melhor do que
simplesmente o equilíbrio? Se quiserem ganhar de-
terminado lucro, qual montante de vendas será ne-
cessário? Tais informações são úteis para pequenos
e grandes negócios. Até o final do curso, analisare-
mos como as informações de custos são úteis para
responder essas questões.

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PRINCIPAIS CONCEITOS
As boas decisões que ajudam um negócio a prospe-
rar são tomadas quando os gestores têm informa-
ções relevantes, oportunas, que dão suporte à sua
tomada de decisão. A informação necessária geral-
mente vem do sistema contábil. Ao longo de nossos
estudos, analisaremos que tipos de dados contábeis
são necessários para ajudar gestores a tomar boas
decisões, como essas decisões determinam a di-
reção dos negócios, e como avaliar a performance
com base em informações contábeis.

Uma meta da contabilidade de custos é ajudar os


gestores a maximizar o valor da organização. A con-
tabilidade de custos abastece os gestores com infor-
mações relevantes a respeito dos custos associados
com a cadeia de valor, que inclui todas as atividades
que converte recursos em produtos e serviços com-
prados e utilizados pelos consumidores. Se os ges-
tores entendem como os custos se relacionam com
a cadeia de valor, eles podem usar essa informação
para aumentar o valor da empresa.

A cadeia de valor é, muitas vezes, vista da perspec-


tiva do cliente. Quaisquer atividades que os clientes
acreditam adicionar valor aos produtos ou serviços
são conhecidas como atividades de valor adiciona-
do. Por causa da preocupação dos clientes com o
preço do produto ou serviço, os gestores precisam
encontrar um meio de reduzir custos sem reduzir
valor. Uma forma de realizar essa tarefa é analisar

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os custos dos componentes da cadeia de valor para
determinar onde podem ser realizadas economias.
As empresas podem também tentar reduzir custos
em toda a cadeia, incluindo a cadeia de suprimentos
da qual elas compram recursos, e a cadeia de distri-
buição através da qual elas vendem seus produtos.

O gestor de uma empresa pode trabalhar lidando


com o público, criando um produto ou ter algum outro
resultado discreto em sua posição; mas pode ser um
pouco mais do que isso. O ponto comum em todo
trabalho de gestão é a tomada de decisão para adi-
cionar valor à empresa. Como as decisões são tão
boas quanto as informações nas quais são baseadas,
é importante que a contabilidade de custos forneça
aos gestores a melhor informação possível. Ela faz
isso fornecendo informações oportunas e relevantes
para uso no processo da tomada de decisão.

As empresas usam informações de custos de di-


versas maneiras. Os gestores podem usar essas
informações para identificar atividades que não adi-
cionam valor à empresa, eliminando-as, e os custos
podem ser reduzidos sem reduzir o valor do produto.
As empresas podem baixar preços, dando ao produto
uma vantagem competitiva, ou elas podem adicionar
os recursos economizados a outras atividades de
valor adicionado, como um novo serviço ao cliente.

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Figura 1: Qualidade, tempo e Custo. Fonte: Pixabay.com

Vamos agora definir alguns termos – e é muito impor-


tante que você assimile muito bem esses conceitos.

O que é gasto?

É um sacrifício financeiro que é feito pela empresa


para adquirir bens ou serviços. Esse é um conceito
mais genérico. É preciso saber para que foi adquirido
esse bem ou serviço.

O que é custo?

Se o gasto para adquirir um bem ou serviço foi feito


com a finalidade de produzir outros bens ou serviços,
ele é um custo.

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Exemplo: A empresa pagou os salários das horas
de trabalho empregadas na produção. Pagou um
serviço que foi consumido para gerar outros bens
ou serviços; portanto, é um custo.

O que é despesa?

Se o gasto foi feito para gerar receitas, ele é chamado


de despesa.

Exemplo: A empresa pagou gastos com publicidade


(anúncio de rádio), então, ela teve um gasto com o
objetivo de gerar receitas, pois está promovendo
seus produtos ou serviços.

O que é investimento?

Se a empresa tem um gasto para adquirir um bem


para o seu ativo, está fazendo um investimento. Esse
investimento, quando for consumido, será transfor-
mado em custo.

Exemplo: A empresa comprou um lote de materiais


para o seu estoque; fez um investimento. Mas, na me-
dida em que esses materiais forem consumidos pela
produção, serão transformados em custos. Outro
exemplo: a empresa compra uma máquina para a
sua linha de produção, fez um investimento. Mas,
quando ela entra em operação, será depreciada e
essa depreciação será um custo de produção.

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Acesse o Podcast 1 em Módulos

Podemos dizer, então, que investimentos são “custos


estocados”, ou gastos diferidos e, quando são consu-
midos, transformam-se em custos. Observe, na figura
abaixo: a compra de matéria-prima é um investimento
quando entra no estoque, depois é consumida nos
processos de produção juntamente com outros fa-
tores, transforma-se novamente em investimento
quando vai para o estoque de produtos acabados.

Compra de
matéria-prima

Investimento
em estoque
de
matéria-prima

Consumo de Consumo de Consumo de


outros recursos mão de obra matéria-prima

Investimento em estoque de
produtos em elaboração

Investimento em estoque de
produtos acabados

Figura 2: Visão dos custos e formação de estoques. Fonte: Bruni,


2018, p. 17

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Os custos do produto são materiais diretos, mão de
obra direta, e custos indiretos de fabricação. Esses
custos de produto são chamados custos inventa-
riáveis porque eles se fixam ao produto e são con-
tabilizados quando a unidade é vendida. No fim do
período contábil, os custos de qualquer produto que
tenha iniciado no processo de produção – mas que
não foi completado – são registrados como estoque
de produtos em elaboração, no balanço patrimonial.
Os produtos acabados são registrados no estoque
de produtos acabados, no balanço patrimonial.
Quando o produto é vendido, ele se torna despesa,
na demonstração de resultado, porque é um gasto
necessário para realizar a receita, diminuindo o es-
toque de produtos acabados e aumentando o custo
dos produtos vendidos. Os itens não vendidos ficam
como um ativo no estoque de produtos acabados,
no balanço patrimonial, até serem vendidos em pe-
ríodo futuro.

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CLASSIFICAÇÃO DOS
CUSTOS E DESPESAS

Custos Diretos e Indiretos

Os custos diretos são aqueles que podem ser identi-


ficados e quantificados em um produto. Por exemplo,
a matéria-prima necessária para fabricar uma mesa
de madeira está identificada, é a madeira, podemos
também quantificar, medir a quantidade de madeira
necessária para fabricar cada modelo de cadeira.
Então a madeira utilizada será um custo direto de
fabricação.

Os custos indiretos são aqueles gastos da produção


que não podem ser identificados ou quantificados
no produto. Por exemplo, para fabricar a cadeira do
exemplo anterior foram utilizadas máquinas; essas
máquinas são depreciadas e essa depreciação é
um custo indireto, pois não há como identificar a
depreciação no produto, tampouco quantificar quan-
to há de depreciação nos produtos. Outro exemplo:
a energia elétrica gasta para fabricar as cadeiras.
Não temos como identificar a energia nas cadeiras,
nem quantificar quantos kWh foram gastos em cada
cadeira; portanto, o gasto com energia elétrica é um
custo indireto.

12
Como os custos indiretos são atribuídos
aos produtos?

Como não podemos identificar os custos indiretos


aos produtos, é preciso fazer um rateio desses cus-
tos, da forma mais objetiva possível.

FIQUE ATENTO
Leia o artigo “Entenda as diferenças entre custo
direto e indireto”, no Jornal Contábil, disponível
em: https://www.jornalcontabil.com.br/entenda-
-as-diferencas-entre-custo-direto-e-indireto.

Exemplo de custeio de um único produto

A empresa Química Límpida produz um limpador


químico, através de um processo de fluxo contínuo. A
empresa começou suas operações em abril, sem sal-
do inicial de estoques. Durante o mês, 900.000 litros
foram iniciados, mas apenas 800.000 litros foram
completados. As unidades não acabadas (produção
em elaboração) são estimadas em 80% completadas.
Os seguintes custos ocorreram em abril:

Materiais R$ 188.000

Mão de obra R$ 48.400

Custos Indiretos R$ 98.000

Custos Totais R$ 334.400

Tabela 1: Custos totais Fonte: Elaboração própria.

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Para uma apropriada avaliação do estoque, preci-
samos determinar os custos associados com os
produtos acabados e produtos em processo. Não
podemos fixar o custo integral às unidades parciais
porque elas precisam de recursos adicionais para
completar. Como o produto químico é um processo
contínuo, alguns produtos químicos acabam de ser
iniciados enquanto outros estão quase completos.
Portanto, estimamos as unidades “equivalentes” ao
atribuir custos.

Agora vamos calcular o custo dos produtos químicos


para abril. Um total de 880.000 litros equivalentes foi
produzido durante o mês; 800.000 litros completa-
dos + 80.000 litros equivalentes (100.000 litros não
completados x 80%). Podemos determinar o custo
por litro dividindo os custos totais de produção de R$
334.400 pelo total de litros equivalentes de 880.000.
O custo por litro é de R$ 0,38. Usando esse custo
unitário, podemos calcular o estoque de custo dos
produtos acabados e de produtos em processo.
● Estoque de produtos acabados = 800.000 litros x
R$ 0,38/litro = R$ 304.000
● Estoque de produtos em elaboração = 80.000 litros
x R$ 0,38/litro = R$ 30.400

Exemplo de custeio de múltiplos


produtos

A Fios Paraíba produz bonés e camisetas, com a


maior parte da produção feita por máquinas. Abaixo
estão os dados das operações para setembro:

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Bonés Camisetas Total

Unidades Produzidas 10.000 5.000 15.000

Horas-máquina 1.000 800 1.800


utilizadas

Horas de Mão de Obra 200 120 320


Direta

Custos de Materiais R$ 12.000 R$ 8.000 R$ 20.000


Diretos

Custos da Mão de Obra R$ 4.000 R$ 2.400 R$ 6.400


Direta

Custos Indiretos de R$ 22.200


Fabricação

Tabela 2: Custeio de múltiplos produtos. Fonte: Elaboração própria.

Como contador de custos da empresa, fomos re-


quisitados para calcular os custos dos produtos.
Primeiramente, vamos atribuir os custos indiretos
em dois grupos: custos indiretos relacionados com
materiais diretos e custos indiretos relacionados a
horas de máquina.

Veja abaixo a nossa análise:

Conta Valor Relacionado a:


Serviços Públicos R$ 4.000 Horas-máquina

Suprimentos R$ 2.800 Materiais

Depreciação e Manutenção de R$ 8.800 Horas-máquina


Máquinas

Compras e Estocagem de Materiais R$ 3.200 Materiais

Diversos R$ 3.400 Horas-máquina

Tabela 3: Análise dos custos. Fonte: Elaboração própria.

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A primeira coisa que precisamos fazer é calcular a
taxa do custo indireto predeterminado, usando horas-
-máquina para alocar os custos indiretos relaciona-
dos com horas-máquina, e o custo dos materiais para
alocar custos indiretos relacionados com materiais.
Essa taxa pode ser calculada assim:

Taxa predeterminada de custos indiretos = C.I.F.


estimado / base de alocação estimada

Assim, precisamos calcular nossos custos indiretos


estimados para cada base de alocação e, então, di-
vidimos por essa base.

Conta Relacionado com Relacionado


horas-máquina com materiais
Serviços Públicos R$ 4.000

Suprimentos R$ 2.800

Depreciação e R$ 8.800
Manutenção de
Máquinas

Compra e R$ 3.200
Estocagem de
Materiais

Diversos R$ 3.400

Custos Indiretos R$ 16.200 R$ 6.000


Totais

÷ Total de ÷ 1.800 horas


horas-máquina

÷ Custo Total de ÷ R$ 20.000


Materiais

16
Conta Relacionado com Relacionado
horas-máquina com materiais
Taxa de C.I.F. R$ 9 por hora R$ 0,30

Tabela 4: Cálculo dos custos indiretos de fabricação. Fonte:


Elaboração própria.

Sabendo as taxas de custos indiretos, podemos cal-


cular os custos de produção total e o custo unitário,
baseado no uso de horas-máquina e materiais diretos
de cada produto.

Custos Diretos Bonés Camisetas Total


Custo dos materiais R$ 12.000 R$ 8.000 R$ 20.000
diretos

Custo de Mão de obra R$ 4.000 R$ 2.400 R$ 6.400


Direta

Total de custos diretos R$ 16.000 R$ 10.400 R$ 26.400

Custos Indiretos Bonés Camisetas Total


Horas de máquina 1.000 h 800 h 1.800 h
usadas

Relacionado com horas 9.000 7.200 16.200


de máquina a

Relacionado com 3.600 2.400 6.000


Materiais b

Total dos custos 12.600 9.600 22.200


indiretos

Custo Total Bonés Camisetas Total


Custos diretos R$ 16.000 R$ 10.400 R$ 26.400

Custos Indiretos R$ 12.600 R$ 9.600 R$ 22.200

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Custo Total Bonés Camisetas Total
Custo Total R$ 28.600 R$ 20.000 R$ 48.600

Unidades Produzidas ÷ 10.000 ÷ 5.000 15.000

Custo Unitário R$ 2,86 R$ 4,00

a 1.000 horas-máquina x R$ 9 /hora-máquina = R$ 9.000

800 horas-máquina x $9 /hora-máquina = R$7.200

b R$ 12.000 custo de materiais x 0,30 = R$ 3.600

R$ 8.000 custo de materiais x 0,30 = R$ 2.400

Tabela 5: Rateio dos custos indiretos de fabricação. Fonte: Elaboração


própria.

Acesse o Podcast 2 em Módulos

Custos Variáveis e Fixos

Comportamento dos Custos

A fim de tomar decisões, os gerentes precisam saber


como os custos se comportam. O comportamento
dos custos pode ser classificado em uma das quatro
categorias básicas: variáveis, fixos, semivariáveis e
semifixos.

Os custos variáveis totais se alteram com o volume.


Quando o número de unidades produzidas aumenta,
os custos variáveis aumentam proporcionalmente.
Por exemplo, se a empresa gasta R$ 2,00 de custos

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variáveis para produzir uma unidade, então, o total
de custos variáveis será de R$ 2.000,00 para 1.000
unidades produzidas e R$ 4.000,00 para 2.000 unida-
des produzidas. Note que, enquanto o custo variável
total aumenta proporcionalmente com o número de
unidades produzidas, o custo variável unitário per-
manece o mesmo (R$ 2,00).

Os custos fixos totais não são impactados pelo nú-


mero de unidades produzidas. Se o aluguel de equi-
pamentos de produção é de R$ 10.000,00, esse mon-
tante é o mesmo se não produzir nenhuma unidade,
durante o mês; ou se produzir no limite da capacida-
de total, durante o mês. Se quisermos determinar o
custo fixo por unidade, dividimos o custo fixo total
pelo número de unidades produzidas. Assim, se pro-
duzimos 10 unidades, o custo fixo unitário será de R$
1.000,00; e se produzimos 10.000 unidades, o custo
fixo será de R$ 1,00 por unidade.

Os custos semivariáveis ou custos mistos têm compo-


nentes fixos e variáveis. Um exemplo de comportamen-
to de custo semivariável pode ser observado na minha
conta de telefone celular. Eu sou cobrado por uma taxa
fixa pelo serviço, que inclui 500 minutos. Então, eu sou
cobrado em R$ 0,10 por mensagem de texto e, cada
minuto que excede os 500 minutos alocados. O custo
total depende de como o telefone é usado.

Os custos semifixos permanecem os mesmos em


uma faixa de volume e, depois, saltam até um nível
superior. Por exemplo, um professor pode atender
on-line uma classe de 30 alunos. Quando o número

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de alunos matriculados atinge mais de 30, a escola
vai adicionar uma seção, que deve adicionar outra
seção quando o número de alunos matriculados che-
gar a 60. Pagar os instrutores é um custo semifixo
para a universidade, porque permanece o mesmo
para cada volume de 30 alunos.

SAIBA MAIS
Assista ao vídeo do Prof. Mário Jorge, sobre Cus-
tos Fixos e Variáveis. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=bfkQw7KJrSg.

Despesas Variáveis e Fixas

Os gastos necessários para que os produtos sejam


vendidos – chamados de despesas – também po-
dem ser variáveis ou fixos.

As despesas variáveis são aquelas que se alteram


com o volume de negócios da empresa, por exemplo,
a comissão dos vendedores. Quanto maior o volume
de vendas, maior será o volume de comissões pagas
aos vendedores. Outro exemplo é o transporte, quan-
do este é pago pela empresa que vende o produto.
Quanto maior o volume de vendas, maior será o gasto
com transporte dos produtos vendidos.

As despesas fixas são aquelas que não têm um víncu-


lo com o volume de vendas, como o aluguel do escri-
tório administrativo ou o salário fixo dos vendedores.

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APLICAÇÃO PRÁTICA
Vamos agora a uma aplicação prática dos conceitos
que acabamos de estudar. Este exemplo foi extraído
do livro Contabilidade de Custos, do Prof. Dr. Eliseu
Martins, páginas 43 a 45, utilizando o sistema de
custeio por absorção.

1º Passo – Separação entre Custos e Despesas

Tendo os gastos abaixo da Empresa “X”, em deter-


minado período, devemos separar os custos e as
despesas:

Gastos Valores em R$
Comissões de vendedores 80.000,00

Salários de fábrica 120.000,00

Matéria-prima consumida 350.000,00

Salário da administração 90.000,00

Depreciação na fábrica 60.000,00

Seguros da fábrica 10.000,00

Despesas financeiras 50.000,00

Honorários da diretoria 40.000,00

Materiais diversos – fábrica 15.000,00

Energia elétrica – fábrica 85.000,00

Outros Custos Indiretos – fábrica 70.000,00

Despesas de entrega 45.000,00

Correios e telefone 5.000,00

Material de consumo – escritório 5.000,00

21
Gastos Valores em R$
Total dos Gastos 1.025.000,00

Tabela 6: Fonte: Martins, 2018, p. 43

Os custos de produção são:

Custos Valores em R$
Salários de fábrica 120.000,00
Matéria-prima consumida 350.000,00
Depreciação na fábrica 60.000,00
Seguros da fábrica 10.000,00
Materiais diversos – fábrica 15.000,00
Energia elétrica – fábrica 85.000,00
Outros custos indiretos – fábrica 70.000,00
Total 710.000,00
Estes itens integrarão o Custo dos Produtos

Tabela 7: Fonte: Martins, 2018, p. 43

As despesas seriam assim classificadas:

Despesas Administrativas Valores em R$


Salário da Administração 90.000,00
Honorários da Diretoria 40.000,00
Correios e Telefone 5.000,00
Material de Consumo – Escritório 5.000,00
Total 140.000,00

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Despesas de Vendas Valores em R$
Comissões de Vendedores 80.000,00
Despesas de Entrega 45.000,00
Total 125.000,00

Despesas Financeiras Valores em R$


Despesas Financeiras 50.000,00
Total 50.000,00

Tabela 8: Fonte: Martins, 2018, p. 43

As despesas que não entraram no custo de produção,


as quais totalizam R$ 315.000,00, vão ser descarre-
gadas diretamente no Resultado do Período, sem
serem alocadas aos produtos.

2º Passo – Apropriação dos Custos Diretos

Digamos que essa empresa elabore três produtos


diferentes – A, B e C. Então, distribuiremos os custos
diretos de produção aos três itens. Além da matéria-
-prima, também há custos diretos: parte da Mão de
Obra e Parte da Energia Elétrica.

O problema agora é saber quanto da matéria-prima


total utilizada (R$ 350.000,00), quanto de Mão de
obra direta e quanto de energia elétrica direta foi
aplicado em A, B e C.

Para o consumo de Matéria-prima temos:

Matéria-prima Valores em R$
Produto A 75.000,00
Produto B 135.000,00

23
Matéria-prima Valores em R$
Produto C 140.000,00
Total 350.000,00

Tabela 9: Fonte: Martins, 2018, p. 44

Para Mão de Obra temos:

Mão de obra Valores em R$


Indireta 30.000,00
Direta
Produto A 22.000,00
Produto B 47.000,00
Produto C 21.000,00 90.000,00
Total 120.000,00

Tabela 10: Fonte: Martins, 2018, p. 44

Logo, os R$ 90.000,00 serão atribuídos diretamente


aos produtos, enquanto os R$ 30.000,00 serão adi-
cionados ao rol dos custos indiretos.

Para Energia Elétrica temos:

Energia Elétrica Valores em R$


Indireta 40.000,00
Direta
Produto A 18.000,00
Produto B 20.000,00
Produto C 7.000,00 45.000,00
Total 85.000,00

Tabela 11: Fonte: Martins, 2018, p. 44

24
Então, temos, resumidamente:

Custos Diretos Indiretos Total


Gastos A B C
Matéria-prima 75.000 135.000 140.000 0 350.000,00

Mão de obra 22.000 47.000 21.000 30.000 120.000,00

Energia Elétrica 18.000 20.000 7.000 40.000 85.000,00

Depreciação 0 0 0 60.000 60.000,00

Seguros 0 0 0 10.000 10.000,00

Materiais diversos 0 0 0 15.000 15.000,00

Outros Custos Indiretos 0 0 0 70.000 70.000,00

Total 115.000 202.000 168.000 225.000 710.000,00

Tabela 12: Fonte: Martins, 2018, p. 44

3º Passo – Apropriação dos Custos Indiretos

Uma alternativa simplista seria a alocação aos pro-


dutos A, B e C proporcionalmente ao que cada um
já recebeu de custos diretos.

Custos Diretos Custos Indiretos Total

R$ % R$ %
Produto A 115.000 23,71 53.351 23,71 168.351

Produto B 202.000 41,65 93.711 41,65 295.711

Produto C 168.000 34,64 77.938 34,64 245.938

Total 485.000 100,00 225.000 100,00 710.000,00

Tabela 13: Fonte: Martins, 2018, p. 45

Suponhamos, entretanto, que a empresa resolva fa-


zer outro tipo de alocação. Conhecendo o tempo de

25
fabricação de cada um, pretende fazer a distribuição
dos custos indiretos proporcionalmente a ele.

M.O.D. Custos Indiretos Total R$

R$ % R$ %
Produto A 22.000 24,44 55.000 24,44 170.000

Produto B 47.000 52,22 117.500 52,22 319.000

Produto C 21.000 23,23 52.500 23,23 220.500

Total 485.000 100,00 225.000 100,00 710.000,00

Tabela 14: Fonte: Martins, 2018, p. 45

Esse exemplo descreve, detalhadamente, todo o


processo de custeio da produção pelo custeio por
absorção, em que todos os custos, fixos e variáveis,
são atribuídos aos produtos.

No próximo módulo, estudaremos outro método,


o custeio direto ou variável, que envolve novos
conceitos.

26
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste módulo, estudamos os principais conceitos de
contabilidade de custos, que são muito importantes
para a sequência do curso.

Conseguimos entender a diferença entre termos


que, normalmente, pensávamos ser sinônimos ou
muito semelhantes: gasto, despesa, custo, perda,
investimento.

Pudemos entender que gasto é um termo mais gené-


rico, que envolve todas as demais definições; quando
fazemos um sacrifício financeiro para adquirir um
bem ou serviço, estamos falando de um gasto, fize-
mos um gasto.

Quando fazemos um gasto para produzir outro bem


ou serviço, estamos falando em um custo, por exem-
plo, a farinha utilizada na fabricação de pães ou as
horas de um consultor, dispendidas em um projeto.

Quando fazemos um gasto para realizar receitas, es-


tamos falando em uma despesa, como o transporte
de um produto até o cliente ou a publicidade de uma
empresa de serviço.

Quando gastamos para adquirir um bem com capa-


cidade de gerar receitas futuras, estamos falando
em investimento, por exemplo, a compra de uma
máquina para a produção, ou a compra de um novo
computador para o consultor. Esses bens não serão
consumidos imediatamente, eles terão utilidade para

27
produzir produtos ou serviços ao longo de determi-
nado tempo.

Já a perda é um gasto anormal e involuntário, como


o consumo de parte de um estoque por um incêndio.
Não houve nenhuma produção e nenhuma venda
desses produtos consumidos pelo incêndio.

Verificamos, também, a classificação dos custos em


diretos e indiretos, fixos e variáveis. Os custos diretos
são aqueles que podem ser identificados e mensura-
dos no produto, enquanto nos custos indiretos isso
não acontece. Os custos variáveis são aqueles que
têm uma variação proporcional ao volume de pro-
dução, enquanto os custos fixos até podem mudar
de valor, como o reajuste de um contrato de aluguel,
mas não tem relação com o volume de produção.

Leia e releia esse material, busque informações na


bibliografia, questione, mas não fique com dúvidas
sobre este módulo, pois desses conceitos dependerá
o seu desenvolvimento não só nesta disciplina como
na sua carreira profissional.

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SÍNTESE

CONTABILIDADE DE CUSTOS

Gasto

Custo Despesa Investimento Perda

Custo

Diretos Indiretos Variáveis Fixos

Custos Indiretos Rateio Produtos Custos diretos


Referências Bibliográficas
& Consultadas
BRUNI, A. L. A administração de custos, preços
e lucros. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018. [Minha
Biblioteca]

BRUNI, A. L.; FAMA, R. Gestão de custos e forma-


ção de preços: com aplicações na calculadora HP
12c e Excel. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. [Minha
Biblioteca]

DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prática. 8.


ed. São Paulo: Atlas, 2017. [Minha Biblioteca]

LEONE, G. S. G. Custos: planejamento, implan-


tação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
[Minha Biblioteca]

MARTINS, E. Contabilidade de Custos. São Paulo:


Atlas, 11. ed. São Paulo: Atlas, 2018. [Minha
Biblioteca]

PADOVEZE, C. L. Contabilidade de custos: teoria e


prática, integração com sistemas de informações
(ERP). São Paulo: Cengage Learning, 2013. [Minha
Biblioteca]
SANTOS, J. J. Fundamentos de custos para forma-
ção do preço e lucro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
[Minha Biblioteca]

VEIGA, W. E.; SANTOS, F. A. Contabilidade de cus-


tos: gestão em serviços, comércio e indústria. São
Paulo: Atlas, 2016. [Minha biblioteca]

VICECONTI, P.; NEVES, S. Contabilidade de custos:


um enfoque direto e objetivo. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013. [Minha Biblioteca]

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