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ANÁLISE DE CUSTO

Aline Alves dos Santos


Aspecto introdutório
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar o conceito de custo para a tomada de decisão.


 Reconhecer a contabilidade de custos como ferramenta gerencial.
 Demonstrar as terminologias utilizadas na contabilidade de custo.

Introdução
Você sabe qual a importância da contabilidade de custos para a tomada
de decisão nas organizações? A contabilidade de custos é importante
em decorrência da utilização dos dados constantes na contabilidade,
a fim de identificar o desempenho e a escolha do método adequado
pelas empresas. Vale destacar que os custos auxiliam as organizações a
atingirem suas metas.
Neste capítulo, você vai estudar sobre o significado de custos na to-
mada de decisão, de que forma esse instrumento atua no gerenciamento
da empresa e sobre as expressões usadas na contabilidade de custo.

Custos na tomada de decisão


As informações relativas à contabilidade de custos devem ser fornecidas
adequadamente para embasar a tomada de decisão das organizações, tanto
em nível gerencial, quanto estratégico.
As decisões são tomadas com base nas informações adquiridas mediante
a análise dos custos, pois é imprescindível obter informações fidedignas em
relação aos custos para assim alcançar um resultado operacional positivo.
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A inexistência de informações sobre os custos poderá ameaçar a permanência da


organização no mercado, tendo em vista que todas as decisões operacionais e finan-
ceiras da empresa são influenciadas pelo conhecimento da composição dos custos
dos produtos, das mercadorias ou dos serviços que a empresa oferece.

Cabe destacar que mesmo as empresas que fazem uso das informações
dos custos podem sofrer ameaças. Isso ocorrerá se os gestores não utilizarem
essas informações de modo apropriado para a tomada de decisão.
Ao tomarem decisões sobre produtos, preço e redução de custos, que são
de extrema relevância para qualquer organização, os gestores dependem
da execução do controle total e eficaz relativa aos custos, já que, por meio
de tais informações, é possível verificar a conduta dos gestores nas ações
desempenhadas pela entidade.
A contabilidade de custos é utilizada na tomada de decisão devido à sua
precisão na apuração, à análise e à apresentação das informações, proporcio-
nando análise e controle dos custos unitários. Dessa forma, os gestores podem
tomar decisões relevantes e ágeis que coloquem a organização à frente das
suas concorrentes no mercado de forma competitiva, proporcionando, assim,
a maximização da lucratividade.
Diante da concorrência do mercado e da globalização, torna-se indis-
pensável o gerenciamento dos custos para garantir que a organização tenha
continuidade com lucratividade no mercado em que está inserida.
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A importância da contabilidade de custos para os gestores na tomada de decisão.


 Tomada de decisão — O gestor decide pelas informações dos custos sobre a popu-
lação, envolvendo o quê, quanto, como e quando produzir, tomando decisões sobre
a formação de preços e sobre a escolha entre produção própria ou terceirização.
 Controle — A aplicação dos custos permite o monitoramento das operações e
dos recursos, como estoques, modificação dos padrões e orçamentos e análise
entre o previsto e o realizado.
 Definição do lucro — Aplicando dados reais do registro convencionais contábeis,
procedendo de modo diferente, fazendo com que sejam mais úteis à gestão da
empresa.
Fonte: Bruni e Famá (2004).

Analise a seguir, um exemplo prático que envolve custos na tomada de decisão.

Suponhamos que uma empresa tenha pedidos especiais referentes a um produto.


Nesse caso, o cliente determinará a quantidade de produtos que pretende adquirir,
sendo que, algumas vezes, ele impõe o valor que pagaria pelo produto, que pode ser
um valor abaixo daquele que a empresa pretende vender.
Nesse tipo de situação, cabe ao gestor decidir sobre a fabricação desse produto,
devendo considerar somente o custo incremental, normalmente desconsiderando
as despesas fixas e algumas despesas variáveis. Esse caso se enquadraria no tipo de
empresa que possui as despesas variáveis sobre a comissão dos vendedores e que,
em caso de um pedido especial, não seria paga.
O gestor, nesse caso, poderá aceitar o pedido se, após analisar os custos, verificar
que as receitas são maiores que o custo incremental, observando se o pedido especial
não irá interferir nas demais receitas da empresa no mercado atuante.
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O custo incremental corresponde ao adicional que uma organização incorre para


prestar um serviço específico ou o custo que a organização não incorreria se optasse
por não prestá-lo.

Assim como o exemplo demonstrado anteriormente, o gestor faz uso das


informações dos custos para decidir sobre a expansão da produção de um
bem ou serviço.
É possível que algumas vezes também seja preciso decidir sobre comprar
um produto para revenda ou produzi-lo, o que também implica decisões impor-
tantes que dependem da análise dos custos que acarretarão sobre o processo.

Contabilidade de custos como um importante


instrumento gerencial
A contabilidade de custos é utilizada no processo de planejamento e controle
dos gastos que uma organização possui.
A gestão de uma empresa traça suas estratégias visando a resultados positi-
vos quanto à sua elaboração, à sua aplicação e ao seu controle de planejamento,
almejando atingir suas metas, porém, para que esse objetivo seja atingido, é
importante o envolvimento dos custos empresariais.
O uso dos custos permite que a empresa tenha conhecimento sobre os
gastos que foram realizados e, a partir desse controle, consiga aumentar sua
lucratividade de modo sustentável em curto, médio e longo prazo.
A gestão estratégica de custos representa uma ferramenta de controle
gerencial de extrema importância para as entidades. A ferramenta parte do
pressuposto de que a gestão de custos e as despesas precisam ser aplicadas de
modo metódico e integradas em todas as áreas da empresa, tendo como foco
todos os colaboradores que estão inseridos no processo de produção, seja de
forma direta ou indireta.
Dessa forma, a gestão estratégica de custos visa a ordenar as metas es-
tabelecidas no planejamento estratégico da organização com as práticas ad-
ministrativas e operacionais, contribuindo, de forma a auxiliar a tomada de
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decisão dos gestores, e buscando a maximização do resultado econômico e


do valor da organização.
A contabilidade de custos busca identificar e demonstrar os gastos oriundos
da produção de produtos ou serviços. Já a análise de custos visualiza os custos
de modo específico, a fim de gerar informações que atendam às necessida-
des gerenciais, optando por um dos diversos sistemas de custos possíveis,
escolhendo ainda os métodos de custo para avaliação, cálculo e destinação.
A contabilidade de custos é desenvolvida por intermédio da tecnologia de
processos de produção e de estruturas gerenciais. Os custos têm por caracterís-
tica o levantamento de dados operacionais, como, por exemplo, os históricos,
os previstos, os uniformes e os produzidos, sendo, portanto, um importante
instrumento no monitoramento de custos.

As terminologias usadas na contabilidade de


custos
Nas organizações em que há profissionais de diferentes áreas, as palavras
gastos, custos e despesas podem remeter ao mesmo significado, do mesmo
modo como desembolso e investimento, também podem levar ao mesmo
entendimento.
A área de custos possui suas próprias terminologias, porém, em alguns
momentos, estas podem ser utilizadas de maneira equivocada, dessa forma,
é preciso entender o que significa cada uma dessas nomenclaturas. Portanto,
analise a terminologia utilizada em custos direto, indireto, fixo, variável,
semivariável e semifixo:

 Gasto: é o valor que a empresa contrai, a fim de adquirir bens ou


serviços, correspondendo à entrega ou ao compromisso de entrega de
ativos (geralmente em dinheiro). No gasto, existe a transferência para
a propriedade da empresa do bem ou do serviço, que é quando ocorre
o reconhecimento contábil da dívida que a empresa adquiriu ou mesmo
da redução do ativo oferecido como pagamento.

Dessa forma, podemos entender que o gasto está vinculado à aquisição


de um produto ou serviço qualquer que terá, por consequência, um sacrifício
financeiro da empresa.
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O gasto resulta em “desembolso”, no entanto, vale destacar que ambos possuem


conceitos distintos, ou seja, nem todo o desembolso é um gasto.

 Desembolso: corresponde ao valor que deve ser pago em decorrência


da compra de um bem ou serviço. O desembolso pode ocorrer em
momentos diferentes, ou seja, antes, durante ou depois da entrada do
objeto adquirido.
 Investimento: corresponde ao gasto estimulado em virtude da sua
vida útil ou de seus benefícios atribuíveis a um período futuro, que,
em consequência do seu uso, consumo ou venda, poderá se transformar
em custo, despesa ou ainda em perda.

Os investimentos podem ser de diversas naturezas, bem como de períodos


de ativação variados. Por exemplo, a matéria-prima se refere a um gasto que
é contabilizado provisoriamente como investimento circulante, já que se
transforma em custo no momento em que é transferida para a produção, assim
como a máquina corresponde a um gasto que se transforma em investimento,
localizado no ativo não circulante, entre outros.

 Custo: significa um gasto que a organização possui relacionado ao bem


ou serviço usado na produção de outros bens e serviços.

O custo também corresponde a um gasto, porém, é identificado como custo


no instante da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), a fim de
produzir um bem ou cumprir um serviço.
Exemplos:

■ a matéria-prima corresponde a um gasto na sua aquisição, que pos-


teriormente se transforma em investimento, ficando assim durante o
tempo da sua estocagem. No instante da sua utilização na produção
de um bem, surge o custo da matéria-prima, que se refere a uma
parte complementar do bem que foi produzido. Desse modo, o bem
produzido é um novo investimento.
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■ a energia elétrica é um gasto quando adquirida, porém, passa a ser


custo devido ao seu uso, fazendo parte do valor agregado ao custo
do produto.
■ a máquina resultou de um gasto quando foi adquirida, passando a
ser um investimento e, parceladamente, transformando-se em custo,
por intermédio da depreciação, conforme for usada no processo de
produção.
 Despesa: são todos os gastos que a entidade possui com bens e serviços
e que não são usados nas atividades de produção. São bens e serviços
consumidos, de forma direta ou indireta, a fim de obter receitas.

Entende-se que quase todas as despesas da empresa foram ou são gastas.


No entanto, existem gastos que não são transformados em despesas.
Diversos gastos são imediatamente transformados em despesas, já outros
passam pela etapa de custos, existindo também os que passam por todo o
processo, dessa forma, passando pelas etapas de investimento, custo e depois
despesa.
Exemplos:

■ salários e encargos dos colaboradores da área de vendas e do


administrativo.
■ energia elétrica do escritório.
■ aluguel e seguro correspondente ao prédio onde funciona o
administrativo.
■ depreciação dos equipamentos do escritório.

As despesas significam itens que diminuem o patrimônio líquido, tendo essa carac-
terística de refletir compromissos ou sacrifícios no processo de aquisição de receitas.
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 Perda: representa um gasto não proposital oriundo de elementos externos


acidentais. Considera-se a perda como sendo da mesma natureza das
despesas, sendo contabilizada de forma direta contra o resultado do
período.

A perda não deve ser confundida com a despesa, nem com o custo, a dife-
rença fica evidente devido à sua característica de remeter a uma eventualidade
e ser instintiva, dessa forma, não representando um sacrifício que possui o
intuito de adquirir receitas.
As perdas se referem a itens que vão diretamente para as contas de resul-
tado, do mesmo modo que as despesas. É habitual o uso da expressão perdas
de materiais na elaboração de bens e serviços, no entanto, a maioria dessas
perdas representa um custo, considerando que são valores comprometidos de
forma normal no processo de produção, pertencendo a um sacrifício conhecido
por antecipação, a fim de adquirir um produto ou serviço e também à receita
pretendida.
Diversas perdas de valores mais baixos são, na prática, normalmente ava-
liadas dentro dos custos ou das despesas, sem sua divisão, sendo concedidas
em virtude do seu baixo valor.

Referência

BRUNI, A. l.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

Leituras recomendadas
CORTIANO, J. C. Processos básicos de contabilidade e custos: uma prática saudável para
administradores. Curitiba: Intersaberes, 2014.
CRUZ. J. A. W. Gestão de custos: perspectiva e funcionalidades. Curitiba: Intersaberes,
2012.
FERREIRA. J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MAGALHÃES, F. A. C. Custo em decisões. [S.l.]: UFPI, [2017?]. Disponível em: <http://
cead.ufpi.br/conteudo/material_online/disciplinas/contabilidade/uni07/uni07_cus-
tos_dec_16.html>. Acesso em: 06 fev. 2018.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos fácil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
SILVA, E. J.; GARBRECHT, G. T. Custos empresariais: uma visão sistêmica do processo de
gestão de uma empresa. Curitiba: Intersaberes, 2016.

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