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Custos Empresariais

Classificação de Custos
Sumário
Desenvolvimento do material Classificação de Custos
Dayse de Lima Passos
Para início de conversa… ................................................................................. 3
Objetivo ..................................................................................................... 3
1ª Edição 1. Custos Diretos e Custos Indiretos ............................................................ 4
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2. Custos Fixos e Variáveis .............................................................................. 8
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transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, 3. Integração da Análise do Comportamento
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia
autorização, por escrito, da Afya. e da Classificação dos Custos ................................................................... 12
Referências ..................................................................................................... 14
Para início de conversa… Objetivo
Para apurarmos corretamente os custos que uma empresa teve para Classificar os custos.
produzir seus produtos, precisamos compreender como eles são
classificados e em que momento deverão ser considerados custos de
fato, além de como serão apropriados ao custo final do produto.

Os custos podem ser classificados como diretos ou indiretos, fixos ou


variáveis, podem estar ligados diretamente ao custo primário do produto
ou, ainda, podem se unir no momento da transformação de tal produto.
Assim sendo, os custos podem ser classificados de várias maneiras, de
acordo com a forma, com a distribuição e com a apropriação, conforme
será visto neste capítulo.

É importante quantificar e alocar corretamente os custos que envolvem


a produção/transformação de determinado produto, pois isso afeta
diretamente o resultado das empresas.

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1. Custos Diretos e Custos Indiretos qual o salário dos nossos funcionários que trabalham na produção, quanto
pagamos de energia elétrica, quanto desembolsamos de material de
Custos são gastos relacionados a bens ou serviços utilizados na produção embalagem etc.
de outros bens ou serviços. Eles podem gerar desembolso ou não, pois Estes custos devem ser exaustivamente controlados e medidos para não
pode haver permuta (troca) entre empresas ou doação ou aporte dos termos surpresas quando apurarmos o resultado da empresa por meio
sócios em matéria-prima. Os custos serão reconhecidos no instante da da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), ao final do exercício
fabricação ou transformação (quando efetivamente entrar em produção) (geralmente ao final do ano). Tal relatório, de forma gerencial, deve ser
do produto ou prestação de um serviço, refletindo os valores gastos com a consultado também periodicamente, sempre que necessário (mensal,
geração dos produtos. trimestral, semestral etc.).
Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p.20), “a classificação dos custos vai Podemos ter uma visão geral da classificação dos custos conforme o
depender do enfoque que for atribuído a ela, podendo ser determinada Quadro 1.
quanto à natureza, à função, à contabilização, ao produto e à formação ou
produção”. Classificação de Custos

Assim, temos os seguintes exemplos de custos: matéria-prima, mão de Quanto à apropriação aos produtos
obra direta utilizada na produção, ou ainda, mão de obra indireta, energia
elétrica etc. Verifica-se que a classificação dos custos em diretos e indiretos Custos diretos Custos indiretos
é feita quanto ao produto que está sendo fabricado (a apropriação do
custo tem que ser específica àquele produto que está sendo analisado). Quanto ao nível de atividade

É necessário realizarmos a classificação correta dos custos, pois eles Custos fixos Custos variáveis
impactam no resultado da empresa, mostrando se haverá lucro ou prejuízo.
Desta forma, devemos controlar todas as operações que envolvem a Custos semivariáveis ou semifixos
alocação dos custos e, consequentemente, a tomada de decisões quanto
Quadro 1: Classificação dos Custos. Fonte: Crepaldi (2009, p.8)
a qual matéria-prima adquirir, de qual fornecedor, o preço de aquisição,

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Os termos custos e despesas são facilmente encontrados nas a. Custo: é o gasto com a fabricação do produto (processo
Demonstrações de Resultado de Exercício (DRE) das empresas industriais, produtivo). O custo só afetará o resultado da parcela do gasto
comerciais e de serviços, além das receitas, resultando no lucro ou correspondente aos produtos vendidos.
prejuízo das empresas. Segundo Megliorini (2012, p.5) “as despesas b. Despesa: é o gasto que não está relacionado ao processo
produtivo. São todos os demais fatores identificáveis na
são consideradas esforços realizados para gerar receita e administrar
administração, financeiras e relativas às vendas, que reduzem a
a empresa. Os valores de despesas lançados na demonstração de receita. A despesa afetará diretamente o resultado do exercício.
resultados correspondem ao período a que a demonstração se refere”.
Na demonstração dos resultados, o Custo dos Produtos Vendidos (CPV)
Como exemplo de despesas, temos a aquisição de material de escritório, corresponde à quantidade vendida em empresas industriais. Já nas
de limpeza, salários dos funcionários administrativos, manutenção de empresas comerciais, existe a figura do Custo das Mercadorias Vendidas
equipamentos do escritório, entre outros. As despesas se referem aos (CMV), que refere-se ao custo das mercadorias compradas para revenda
gastos relacionados à administração da empresa. e já vendidas pela empresa. Assim, temos também o Custo dos Serviços
A administração da empresa engloba os departamentos administrativos, Prestados (CSP) para empresas prestadoras de serviços com os materiais
como os recursos humanos, contabilidade, financeiro, tecnologia da a serem aplicados na execução dos serviços.
informação etc. Temos também o departamento comercial, que envolve Para encontrarmos corretamente o Custo dos Produtos Vendidos,
os serviços de atendimento ao cliente, vendas, marketing etc., que geram precisamos saber como classificar os custos das empresas, ou seja, os
igualmente despesas e não custos. custos em relação ao objeto que está sendo estudado, que podem ser
Os custos ocorrem na fábrica onde os produtos são produzidos. Temos diretos ou indiretos.
como exemplos a usinagem, montagem, pintura, controle de produção O Custo Direto é aquele que facilmente pode ser quantificado e
etc. identificado diretamente no produto. Não precisa de critérios de rateio
A diferença entre custo e despesa, segundo Crepaldi (2009, p.7), é: para ser alocado ao custo de determinado produto. “Custos diretos são
custos apropriados aos produtos conforme o consumo em cada produto”.
(MEGLIORINI, 2012, p.12).

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Entre os custos diretos, temos os materiais diretos e a mão de obra chocolate, Nutella e granulado de chocolate. Também devemos ter gás para cozinhar
direta. Entre os materiais diretos, podemos destacar as matérias-primas, o brigadeiro e forminha de papel (embalagem) para cada doce produzido. Todos
estes materiais são custos diretos.
os materiais de embalagem daquele produto e quaisquer materiais
Quando se trata de uma indústria especializada na fabricação de sapatos, teremos
necessários à produção, acabamento e apresentação final do produto.
como materiais diretos: o couro cru ou couro sintético, borracha para o solado, linha
Materiais diretos são os materiais que incorporam (se identificam) para a costura, cola para os acabamentos. Estes são os materiais diretos que vão
diretamente aos produtos e, a mão de obra direta representa os custos compor o custo direto da fabricação do sapato.

relacionados com o pessoal que trabalha diretamente na elaboração dos Englobando o custo direto, também devemos incluir a mão de obra
produtos. de quem fez o doce no primeiro exemplo e quem costurou o sapato
Como material direto, temos a matéria-prima, o material secundário e as no segundo exemplo. A mão de obra direta é o trabalho aplicado
embalagens. diretamente na confecção do produto. Então, estamos falando do
salário dos empregados, encargos sociais, provisões de férias etc.
A matéria-prima é o principal material que utiliza-se na composição dos funcionários que trabalharam diretamente na transformação de
do produto final (podemos ter diversas matérias-primas para um único determinado produto. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p.23):
produto), sofrendo transformação no processo industrial em conjunto
com o material secundário, que utiliza-se também diretamente no ‘‘ Custos diretos são os custos incorridos em determinado produto, identificando-se
como parte do respectivo custo. São também os custos diretamente associados
produto final, mas em menor quantidade (deve ser de fácil identificação
com o produto ou serviço que está sendo orçado, ou seja, o custo dos insumos
ao produto). Por fim, temos a embalagem dos produtos, que serve para que entram na execução do referido produto ou serviço. Podem ser diretamente
seu acondicionamento. (sem rateio) apropriados aos produtos, bastando existir para isso uma medida
de consumo (quilos, horas de mão de obra ou de máquina, quantidade de
EXEMPLO força consumida etc.). De maneira geral, associam-se a produtos e variam

Ao fabricarmos um doce gourmet do tipo “brigadeiro de Nutella” para termos uma


proporcionalmente à quantidade produzida.
’’
renda extra no mês, teremos alguns custos envolvidos na produção dessa deliciosa Já o Custo Indireto é aquele não identificado no produto, necessitando
guloseima, começando com as matérias-primas: leite condensado, manteiga,
de critérios de rateios para alocação no produto.

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O rateio é um processo convencional de distribuição dos custos indiretos Em contrapartida, se uma indústria aluga o espaço onde ela desenvolve sua
aos setores da produção e serviços. produção e tem diversos produtos sendo produzidos no mesmo local, o valor do
aluguel do galpão, por exemplo, deverá ser rateado como custo indireto para os
A importância do critério de rateio está intimamente ligada à manutenção ou à diversos produtos que foram produzidos no período de um mês, se o aluguel é pago
uniformidade em sua aplicação. Devemos lembrar que a simples mudança de um critério mensalmente.
de rateio afeta o custo de produção e, consequentemente, o resultado da empresa.
Algumas normas práticas, como as que apresentamos a seguir, podem reduzir os De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2018, p.23):
problemas decorrentes de rateio:
Custos indiretos são os custos de natureza mais genérica, não sendo possível
(i) gastos irrelevantes não necessitam ser rateados, porque podem não justificar o
identificá-los imediatamente como parte do custo de determinado produto ou
trabalho envolvido;
serviço. Para serem incorporados aos produtos ou serviços, necessitam da utilização
(ii) gastos cujo rateio seja extremamente arbitrário devem ser lançados diretamente
de algum critério de rateio. Precisam ser rateados ou alocados entre departamentos
contra o resultado do exercício. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.27)
ou centros de custo, portanto, o custeio é realizado por meio de critérios subjetivos.
Segundo Megliorini (2012, p.12-13): Exemplos: aluguel, iluminação, depreciação, salário de supervisores etc.
São gastos não diretamente relacionados aos produtos ou serviços, portanto, não
Custos indiretos - são os custos apropriados aos produtos de acordo com uma base são mensuráveis de maneira clara e objetiva. Nesse caso, torna-se necessário adotar
de rateio ou algum critério de apropriação. Essa base de rateio deve guardar uma um critério de rateio (distribuição) para alocar tais custos aos produtos fabricados
relação próxima entre o custo indireto e o seu consumo pelo produto. Em geral são
ou serviços prestados, tais como aluguel, manutenção e supervisão da fábrica etc.
empregados como bases de rateio: o período (em horas) de emprego de mão de
obra; o período (em horas) de utilização das máquinas na fabricação dos produtos; Então, podemos dizer que a mão de obra indireta, materiais indiretos,
a quantidade (em quilos) de matéria prima consumida etc.
outros custos indiretos (seguro da fábrica, depreciação das máquinas
EXEMPLO utilizadas na produção, aluguel da fábrica) são custos indiretos.

Quando uma máquina, que trabalha diretamente na produção de alguns produtos A mão de obra indireta é representada pelo trabalho realizado nos
diferentes (produto A, produto B e produto C), se deprecia (evidenciação da perda departamentos auxiliares das indústrias ou prestadoras de serviços e que
de valor de mercado de um bem), havendo o devido registro na contabilidade da não são mensuráveis em nenhum produto ou serviço único. Os materiais
empresa, o valor dessa depreciação deverá ser rateada pelos produtos que essa indiretos são os materiais empregados na fabricação do produto, mas
máquina transformou ao longo do período.

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em virtude da dificuldade de cálculo quanto à quantidade utilizada em
cada produto fabricado, são considerados materiais indiretos. ‘‘ noCustos variáveis são custos que são uniformes por unidade, mas que variam
total na proporção direta das variações da atividade total ou do volume de
produção relacionado. Exemplos: matéria-prima, embalagem. Custo variável é
EXEMPLO o custo cujo total apresenta variação diretamente proporcional ao volume de
produção ou serviço; seu custo unitário é fixo. Já o custo fixo é o custo cujo
Pessoal do setor de manutenção que atende diversos setores e diferentes máquinas.
total permanece constante, ou seja, que não varia proporcionalmente ao volume
Também podemos citar a mão de obra do supervisor de produção, que inspeciona a
de produção ou serviço dentro de determinada capacidade instalada; seu custo
produção de diversos produtos.
’’
unitário é variável.

Os custos são variáveis em relação à produção total, pois quanto mais


2. Custos Fixos e Variáveis se produz mais custos temos, conforme pode ser visto na Figura 1. Em
relação a um único produto, o custo variável é fixo, pois a quantidade de
Os custos podem ser classificados quanto ao comportamento dos gastos
matéria-prima que se gasta para produzir um determinado produto será
em relação ao volume de produção: custos fixos ou variáveis.
sempre a mesma, desde que não haja nenhuma perda (involuntária) no
processo de transformação.
‘‘ Se o volume da produção aumentar, o consumo de alguns elementos de custos
vai aumentar; o de outros não. Os custos que sempre permanecerão os mesmos,
Custos
independentemente do volume de produção, são os chamados custos fixos.
Os que variam de acordo com o volume da produção são chamados de custos Custo variável
variáveis. Somando os custos fixos e os custos variáveis, temos o custo total.
(MEGLIORINI, 2012, p.13)
’’
O Custo Variável depende da quantidade produzida. Os custos variáveis Quantidade
aumentam à medida que aumenta a produção. Ex.: combustível, matéria- 0 10 t
prima consumida, material de embalagem etc. Segundo Crepaldi e
Figura 1: Comportamento do custo variável conforme varia o volume de produção. Fonte:
Crepaldi (2018, p.25):
Megliorini (2012, p.14).

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Voltando ao exemplo do brigadeiro, vimos que é necessário leite Balanço Patrimonial da empresa; sempre vai ocorrer mesmo a máquina
condensado para realizar a produção do doce. Nesse caso, o leite sendo utilizada ou não. O salário do supervisor da produção deverá ser
condensado é um custo variável, pois quanto mais se produz doces, mais pago independentemente da fábrica estar produzindo algum produto ou
haverá o consumo desse ingrediente para sua fabricação. Ao mesmo não. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 24):
tempo sabemos que, para cada doce pronto, utiliza-se 10 ml de leite
Custos fixos: um custo que, em determinado período e volume de produção, não
condensado (hipoteticamente), então o custo, que é variável em relação
se altera em seu valor total, mas vai ficando cada vez menor em termos unitários
à quantidade produzida, é fixo em relação à produção unitária. com o aumento do volume de produção. O custo total não varia proporcionalmente
ao volume produzido. Um aspecto importante a ressaltar é que os custos são
Já o Custo Fixo independe da quantidade produzida e ocorrerá
fixos dentro de determinada faixa de produção e, em geral, nem sempre são fixos,
independentemente do nível de atividade, de acordo com a Figura 2. Ex.: podendo variar em função de grandes oscilações no volume de produção. Quanto
aluguel da fábrica, depreciação etc. mais se produzir, menor será o custo por unidade.
Custos
Inversamente ao que foi dito sobre os custos variáveis, custos fixos o
Custo fixo
são em relação à produção total do produtos e são variáveis de acordo
com a produção unitária. Se um custo é fixo para todos os produtos da
empresa, quanto mais produtos forem produzidos, mais esse custo vai se
diluir nos produtos unitariamente, como pode ser visto no Quadro 2.
Quantidade
0 10 t
Custo Custo fixo do Custo do
Horas Custo total de
Figura 2: Comportamento do custo fixo varia conforme o volume de produção. Fonte: Meses unitário de aluguel da aluguel
trabalhadas material
Megliorini (2012, p.14). material fábrica (unitário)

Independentemente da empresa produzir ou não, ela terá de pagar o Janeiro 2.000 R$ 4.000,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,50
aluguel da fábrica, por isso este custo é considerado um custo fixo. A Fevereiro 2.050 R$ 4.100,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,44
depreciação também é fixa, sendo contabilizada mensalmente no Março 1.800 R$ 3.600,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,78

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Abril 1.700 R$ 3.400,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,94 “Custos fixos são aqueles que decorrem da manutenção da estrutura produtiva
da empresa, independentemente da quantidade que venha a ser fabricada
Maio 1.900 R$ 3.800,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,63
dentro do limite da capacidade instalada”. (MEGLIORINI, 2012, p.13)
Junho 2.100 R$ 4.200,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,38
Existe também o Custo Semivariável ou Semifixo, que varia com o nível
Quadro 2: Análise do custo variável e fixo de acordo com as horas trabalhadas. Fonte: Adaptado de
Leone e Leone (2010, p.40).
da atividade, porém não direta e proporcionalmente. O custo semivariável
ou semifixo apresenta uma parte que é fixa e uma parte que é variável.
Conforme o Quadro 2, o custo unitário não se modificou, sendo R$ 2,00, Até certa quantidade o custo é fixo, sendo constante, mas, a partir de
porém, de acordo com as horas trabalhadas, havendo maior ou menor determinada quantidade, o custo passa a ser variável, pois vai crescendo de
produção, o custo total de material variou em todos os meses. O contrário acordo com a quantidade a mais que está sendo produzida.
ocorreu com o custo fixo, que é o mesmo em todos os meses, mas que
varia de acordo com as horas trabalhadas, sendo unitariamente variável. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 25):
Quando houve maior produção de quantidades em junho, o custo fixo
unitariamente ficou em R$ 2,38 e em abril, que houve a menor produção
‘‘ volume
Custos semivariáveis ou semifixos são os custos que variam em função do
de produção ou venda, mas não exatamente nas mesmas proporções. São
da empresa, o custo fixo unitário ficou maior, em R$ 2,94. considerados fixos até determinada parcela e a partir desse ponto passam a ser
variáveis. Exemplos: remuneração por meta de produtividade aos empregados;
EXEMPLO horas extras do controle de qualidade para lotes de produção que extrapolarem
o limite de análise em período normal; manutenção preventiva para atender à
Se existe um custo de aluguel da fábrica a ser pago mensalmente, este custo é fixo,
mas ele será alocado a 100 produtos fabricados. O custo fixo será dividido para 100
demanda de utilização de horas de máquinas e equipamentos.
’’
produtos. Cada produto absorverá uma parte do custo fixo total, mas se, ao invés de Alguns autores consideram os custos semifixos como sendo diferentes
100 produtos, forem fabricados 1.000, este custo fixo de aluguel será dividido agora
dos custos semivariáveis. Megliorini (2012, p.14) afirma que:
para 1.000 produtos, diminuindo o custo, pois a divisão está sendo feita para mais
produtos confeccionados.
‘‘ seCustos semifixos são os elementos de custos classificados como fixos, mas que
alteram em decorrência de mudanças na capacidade de produção instalada.
Imagine que a produção cresceu tanto que precisamos alugar mais um galpão e

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adquirir novas máquinas. Os custos com o aluguel e com a depreciação dessas uma parcela fixa e outra variável. Em outras palavras, têm um comportamento
máquinas são classificados como fixos, como já vimos, mas eles aumentarão de custo fixo até certo momento, mas depois se comportam como custo variável.
devido ao aumento da capacidade de produção e permanecerão constantes nesse Bons exemplos desse tipo de custo são a energia elétrica e água. Quando não há
novo patamar. Se ocorrer outro aumento de capacidade, o processo se repetirá. utilização desses recursos, ou quando o consumo fica abaixo de um valor mínimo
Assim, os custos semifixos crescem patamares. O oposto também ocorre: quando estipulado, então paga-se uma taxa fixa (parte fixa do custo). À medida que a
a capacidade de produção é reduzida, os custos semifixos também diminuem, e utilização cresce com o aumento da produção, o valor da conta se eleva (parte
isso também acontece em patamares.
’’ variável do custo).
’’
Conseguimos visualizar esse processo por meio da Figura 3. Esse esquema pode ser melhor visualizado por meio da Figura 4.

Custos Custos

Custo semifixo Custo semivariável

Quantidade
0 10 t 15 t Quantidade
Figura 3: Comportamento do custo semifixo varia conforme o volume de produção. Fonte: Figura 4: Comportamento do custo semivariável varia conforme o volume de produção. Fonte:
Megliorini (2012, p.15).
Megliorini (2012, p.15).
Por outro lado Megliorini (2012, p. 14) considera:
Raramente em empresas em pleno funcionamento (produção frequente)
‘‘ Custos semivariáveis são os elementos de custos que possuem, em seu valor, ocorrem as cobranças somente das taxas fixas (consumo mínimo),

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pois o consumo de energia elétrica é sempre superior a elas, dadas as Além disso, os custos podem ser classificados em relação ao produto,
produções diárias. podendo ser custos primários ou custos de transformação. O Custo
Primário é a soma da matéria-prima mais a mão de obra direta. Crepaldi
e Crepaldi (2018, p.26) enfatizam que os custos primários:
3. Integração da Análise do Comportamento e
‘‘ Compreendem a soma da matéria-prima e da mão de obra direta e não incluem
da Classificação dos Custos os demais custos diretos. Também não são iguais a custos diretos, uma vez que
nos custos primários só estão incluídos aqueles dois itens. Assim, a embalagem é
Ainda existem algumas nomenclaturas importantes a serem abordadas,
pois a uniformidade de informações se faz necessária para o devido
um custo direto, mas não é um custo primário. (grifo nosso)
’’
Ainda conforme Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 26), os custos de
controle dos custos das empresas. Os custos também podem ser
transformação também podem ser chamados de custos de conversão.
classificados em relação à funcionalidade, como custos de fabricação,
Sendo assim:
custos comerciais e custos de serviços.

O Custo de Fabricação é o resultante da transformação de matérias- ‘‘ Representam o esforço empregado pela empresa no processo de fabricação de
determinado produto (mão de obra direta e indireta, energia, horas de máquina
primas (insumos) em produtos acabados pelo uso de mão de obra e etc.). Não incluem matéria-prima nem outros produtos adquiridos prontos
instalações. Já os Custos Comerciais advêm da compra de mercadorias ou para consumo ou industrialização. Também chamados custos de conversão,
matérias-primas que serão revendidas sem sofrer nenhuma modificação, compreendem a soma de todos os custos para transformar as matérias-primas
sem mudar sua forma básica. Os Custos de Serviços, por sua vez, são em produtos acabados. Representam o valor do esforço da própria empresa no
os resultantes da prestação de serviço para as empresas contratantes. processo de elaboração de determinado produto. (grifo nosso)
’’
Exemplo: uma determina empresa presta serviços de limpeza e, para isso,
Relacionado também ao produto, podemos ter custos comuns entre
fornece os produtos que serão utilizados para tal, como desinfetante,
alguns deles. Como o próprio termo sugere, esses são custos comuns
sabão, cera líquida etc., além da mão de obra que será utilizada nesta
para vários produtos até determinado ponto da produção e, depois disso,
prestação de serviço. Todos este itens comporão os custos dos serviços
os custos são específicos para cada um dos produtos. Segundo Crepaldi
prestados.
e Crepaldi (2018, p. 26) são:

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Sendo assim, segundo Ferreira (2007, p.48), alguns critérios para a
‘‘ Comumente encontrados na fabricação de produtos farmacêuticos, onde durante
o processo produtivo até uma determinada fase os custos incorridos são os classificação dos custos devem ser estabelecidos, como:
mesmos e, a partir de um ponto chamado ponto de segregação, tornam-se vários
1. Período de contabilização a que os custos se referem.
’’
produtos acabados diferentes.
2. Natureza dos bens ou serviços consumidos.
Os custos também são classificados em relação ao grau de medida, como 3. Funções ou serviços a que se referem.
custos totais ou custos unitários. Os Custos Totais são todos os custos 4. Grau de variabilidade relativamente a certos fatores.
de determinado objeto ou atividade (macro), e envolvem os custos fixos 5. Forma de imputação.
e os custos variáveis para produzir determinado lote de produtos, por 6. Possibilidade de serem evitados ou reduzidos.
exemplo. O Custo Unitário é um indicador representado por uma fração
(individual). Outro assunto importante é saber se os produtos fabricados e vendidos
estão cobrindo os custos e as despesas da empresa. Igualmente
Vimos no início deste capítulo que a classificação correta dos custos e importante é reconhecer se o negócio está sendo viável ou se deve
o seu controle ajudam a empresa a saber se os custos incidentes não ser feita uma alavancagem na produção, troca de fornecedores de
estão ultrapassando suas projeções, causando prejuízo, e enfatizando matéria-prima, redução ou ampliação de mão de obra, ou até mesmo, a
a importância do controle dos custos e a necessidade de tomadas de substituição de produtos que serão fabricados pela empresa.
decisões periódicas relacionadas aos custos.
Podemos observar que há várias nomenclaturas que envolvem os custos
Os custos corretamente classificados trarão benefícios para as empresas, de uma empresa. Vimos que existem custos que podem ser alocados
pois eles serão a base para construir o preço que será cobrado aos diretamente aos produtos e custos que precisamos fazer algum tipo
clientes pelos produtos fabricados e vendidos e a determinação da de rateio para alocá-los, sendo chamados, respectivamente, de custos
margem de lucro que será aplicada sobre eles. Se a alocação dos custos diretos e custos indiretos. Depois, vimos que os custos, quanto ao volume
estiver incorreta, todo o processo seguinte de formação do preço de de produção, podem ser classificados como custos fixos ou variáveis, e
venda será impactado, podendo gerar grandes prejuízos à empresa. que são inversamente proporcionais quando se fala de custo total ou
custo unitário.

Custos Empresariais 13
Identificar corretamente cada forma de custo é importante para que o MEGLIORINI, E. Custos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.
custeamento se dê de forma correta. Utilizar uma terminologia única
SIGNIFICADOS. Significado de Segregação. 2019. Disponível em: https://
e homogênea simplifica o entendimento e a comunicação interna e
www.significados.com.br/segregacao/. Acesso em: 19 maio 2019.
externa das empresas.

Referências
CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo:
Atlas, 2009.

CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de custos. 6 ed. São Paulo:


Atlas, 2018.

DICIONÁRIO INFORMAL. Rateio. 2018. Disponível em: https://www.


dicionarioinformal.com.br/significado/rateio/1492/. Acesso em: 12
maio 2019.

DUTRA, R. G. Critérios de rateio e distribuição de custos. I Congresso


Brasileiro de Gestão Estratégica de Custos. São Leopoldo, 1994.

FERREIRA, J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2007.

LEONE, G. S. G.; LEONE, R. J. G. Curso de contabilidade de custos. 4 ed. São


Paulo: Atlas, 2010.

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