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Trabalho de História do Brasil Colonial

Nome: Pedro Alcântara Soares Ghisio

Turma: 149

Data: 28/04/2018

Questão: Cite e explique três determinantes do insucesso das invasões holandesas na


América Portuguesa, na visão de Vainfas.
Resposta: A Holanda se estabeleceu no Brasil através dos investimentos feitos na WIC
(Companhia das Índias Orientais) que teve acima de tudo, o objetivo comercial. Mas além
disso, do objetivo comercial, também religioso de converter aqueles em seus domínios para
o calvinismo (doutrina protestante predominante nos Países Baixos).
Um dos alvos da Holanda era o Brasil (colônia portuguesa) e mais especificamente o
Nordeste, lugar onde tinham ricos engenhos de açúcar, produto caro e com muita demanda
para o mercado europeu (pelo menos por volta de 1635). Isso se deve ao conflito
(independência) que os Países Baixos se envolveram com a Espanha no reinado de Filipe II
da Espanha, e logo depois da união ibérica, Portugal passa a ser inimiga dos holandeses.
O WIC rompeu, em parte, com hegemonia ibérica que predominava nos mares. Isso
favoreceu os holandeses em muitos sentidos, inicialmente, o que impulsionou na invasão e
na penetração nos territórios coloniais de Portugal. Os holandeses tiveram muitos
colaboradores da própria colônia por conta de seu impacto na invasão, além de uma
sofisticada organização administrativa e um alto investimento em exércitos que se
estabeleceram lá.
Porém, apesar dos pontos positivos, a Companhia não conseguiu se manter dentro dessa
política de colonização e conflitos, por uma série de elementos que vão desde a economia
até mesmo a diferença ética entre católicos e calvinistas. Destaco dentro desse contexto,
três fatores ou elementos que desfavoreceram o estabelecimento dos holandeses nas terras
do Brasil, sendo o primeiro deles, os próprios colonos.
Apesar da estabilidade política inicial à invasão, houve focos de resistência por parte dos
moradores que não permitiram um estabelecimento seguro de uma administração holandesa
na colônia. Vainfas fala em um trecho da página 232: “(...), mas ainda assim os holandeses
se sentiam confinados. O próprio Recife vivia a mercê de incursões-relâmpago, à noite,
ordenadas por Matias de Albuquerque (...)”. Essa resistência não se dá exclusivamente
pelos brancos, mas principalmente pela aliança com nativos e até mesmo mamelucos
descendentes de negros que inclusive se tornaram símbolos da resistência pernambucana,
criando mais tarde o mito de brasilidade.
O segundo elemento que constitui o insucesso dos holandeses foi a crise financeira que se
agravou, principalmente, entre 1641 e 1644 com a queda das exportações de açúcar da WIC
e o aumento da importação de escravos (justamente pela mão de obra que os engenhos
necessitavam), além da guerra entre Holanda e a Inglaterra (gerou desvios de gastos) que
levou consequentemente a um aumento na dívida, tornando-se assim, insustentável ou
inviável os investimentos da Companhia na colônia. Nesse viés, a Holanda diminuiu de
forma considerável seus gastos em defesas e exigiu mais dos moradores locais, o trabalho
necessário para a manutenção, isso fez crescer a ideia de resistência e que os holandeses
eram, além de invasores, também tiranos. Vainfas fala na página 254: “Tudo agravado pelo
desempenho da economia.”
O terceiro e último elemento está ligado a diferença entre ética entre católicos e calvinistas,
isso levou a uma incompatibilidade de visões de mundo entre colonos já estabelecidos com
cultura portuguesa, e calvinistas que depois, através da tentativa de evangelização, vão
tentar converter os mesmos. Vainfas cita um trecho de Sérgio Buarque de Holanda em seu
livro Raízes do Brasil, onde fala sobre isso, dois mundos distintos onde haveria uma
distorção e perversão nisso. Além, é claro, da diferença do “espírito de aventura” (católico)
e a ética do trabalho muito característica dos protestantes ou calvinistas.

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