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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA

CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DA PLATINA – PR.

Autos nº: XXXX

MARIA, brasileira, casada, profissão X, portadora da cédula de


identidade (RG) nº XXX, SSP/PR, inscrita no CPF sob nº XXX, domiciliada
nesta cidade e comarca de Santo Antônio da Platina, residente à rua X, bairro
X, nº X, vem, mui respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio
de seu procurador que esta subscreve (mandato anexo) e com base nos
arts. 674 a 681 do Código de Processo Civil,, apresentar:

EMBARGOS DE TERCEIRO,

RONALDO, brasileiro, estado civil X, profissão X, portador da


cédula de identidade (RG) nº XXX, SSP/PR, inscrito no CPF sob nº XXX,
domiciliado nesta cidade e comarca de Santo Antônio da Platina, residente à
rua X, bairro X, nº X.

1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA:

O requerente é pobre no sentido legal do termo, não podendo,


portanto, arcar com as despesas do processo, sem se privar do necessário à
sua sobrevivência; neste sentido embasado tanto na lei quanto no
entendimento jurisprudencial que assim dispõe:

[...] A garantia do art.5º, LXXIV, da CF/88, da assistência


integral gratuita mediante comprovação da insuficiência de
recursos, não revogou a de assistência judiciária gratuita da lei
1060/50 aos necessitados por simples afirmação.1

[...] A Constituição Federal, em seu artigo 5º, LXXIV, inclui


entre os direitos e garantias individuais a assistência jurídica
integral e gratuita pelo Estado aos que comprovarem
insuficiência de recursos. Entretanto, visando a facilitar o amplo
acesso ao Poder Judiciário (CF, art. 5º, XXXV), pode o ente
estatal conceder assistência jurídica gratuita mediante a
presunção juris tantum de pobreza, decorrente da afirmação da
parte de que não está em condições de pagar as custas do
processo e os honorários advocatícios sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família.2

Requer, pois, a concessão dos benefícios da Gratuidade da


Justiça, nos termos da Lei nº 13.105/2015 (Código de Processo Civil), artigos
98 e 99.

2. DOS FATOS:

Em 30/04/2018, a embargante contraiu matrimônio com João, sob


o regime de comunhão parcial de bens. Desta feita, em 09/07/2018, João
assinou como fiador, contrato de compra e venda celebrado entre Ronaldo e
Luciano.
Tendo Luciano recebido o bem móvel, mas não cumprido sua
obrigação de pagar quantia certa e determinada (R$ 500.000,00 – quinhentos
mil reais), em 15/07/2018, Ronaldo ingressou com ação de execução de título
extrajudicial em face unicamente de João, o fiador.
João apresentou embargos, os quais foram rejeitados
liminarmente, sendo julgados improcedentes. Não foi interposto recurso contra
a rejeição dos embargos.
A execução prosseguiu, vindo este douto juízo a determinar, em
08/11/2018, a penhora de bens, a serem escolhidos pelo Oficial de Justiça,

1
TRF - 4ª Região. Ac 95.04.34447/RS - 3ª Turma - Rel.: Des. Volkmer de Castilho apud
BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal anotada. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p.
394.
2
STF. RT755/182 apud BARROSO, Luís Roberto. Constituição da República Federativa do
Brasil anotada. 43. ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 98.
para que, uma vez penhorados e avaliados, sejam vendidos em hasta pública,
a ser realizada em 01/03/2019.
Em 11/12/2018, fora penhorado a única casa na qual a
embargante reside com João, avaliada, naquela data, em R$ 300.000,00
(trezentos mil reais), imóvel esse adquirido exclusivamente pela embargante
em 01/03/2010, ou seja, antes da constância do matrimônio.
Em síntese, douta Magistrada, estes são os fatos.

3. DO DIREITO:

Inicialmente, Excelência, destaca-se que, conforme restou


devidamente demonstrado pelos fatos descritos, a embargante está sofrendo
lesão grave em seu patrimônio e direito de propriedade, estando amparada
pelo art. 674, § 2º, inc. I, do Código de Processo Civil que lhe garante o direito
ao presente embargos, in verbis:

Art. 674 - Quem, não sendo parte no processo, sofrer


constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou
sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo,
poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro.
§ 2º - Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - O cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de
bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no
art. 843. (grifo nosso)

Portanto, resta demonstrado ser a embargante parte legítima para


opor embargos de terceiro, visto ser cônjuge do fiador, e estar defendendo bem
próprio.
Ademais, a fim de se reforçar a nulidade da referida penhora,
insta salientar o disposto no Código Civil acerca do regime de comunhão
parcial de bens, pelo qual a embargante e João são casados.
Segundo o art. 1.658:

Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os


bens que sobrevierem ao casal, na constância do
casamento. (grifo nosso)
Como vê-se, excelência, esta penhora é nula, haja vista que o
bem penhorado pertencia unicamente a embargante, tendo sido adquirido
antes de a mesma contrair Matrimônio com João.
No mesmo sentido, dispõe a jurisprudência pátria:

Ementa:
EMBARGOS DE TERCEIRO – PENHORA DE BEM
PARTICULAR DO CÔNJUGE – IMPOSSIBILIDADE.
1. Os bens particulares do cônjuge em razão do casamento
sob o regime de comunhão parcial de bens não respondem por
dívida contraída pelo outro consorte, exceto se o negócio
ensejar proveito econômico para ambos. Inteligência dos
artigos 274 e 275, ambos do Código Civil.
2. Apelação provida. Recurso adesivo prejudicado (Tribunal
Regional Federal da 1ª Região TRF-1. Apelação Cível: AC
37414 MG 94.01.37414-7. 3ª turma suplementar. Rel.: Juiz
EVANDRO REIMÃO DOS REIS [Conv.]. Julgamento:
14/09/2011. Publicação: 01/04/2012 DJ p. 198).

Assim, provada a propriedade e posse do bem penhorado pela


escritura pública de compra e venda (anexa), datada de 01/03/2010, verifica-se
justa a pretensão da embargante em ver seu imóvel exonerado da constrição
judicial imposta.
Desta forma, nobre Magistrada, tendo em vista que os presentes
embargos encontram assento tanto na legislação quanto na jurisprudência
pátria, requer o seu reconhecimento e provimento pelas razões de fato e direito
explanadas.

4. DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, requer à Vossa Excelência

a) Sejam recebidos, autuados e processados os presentes embargos de


terceiro, com o apensamento à mencionada execução;
b) Seja deferida liminarmente a manutenção da posse do bem penhorado à
embargante, eis que provada ter adquirido o bem antes de contrair matrimônio,
assim como provada a exclusão do bem pelo regime de bens no qual se casou;
c) Seja determinada, imediatamente, a suspensão do processo de execução
mencionado, até decisão final do mérito dos presentes embargos, eis que trata
da totalidade dos bens penhorados naquele feito;
d) Seja o embargado citado para que, querendo, responda ao presente
recurso;
e) Sejam concedidas à embargante as benesses da justiça gratuita, por não
estar a mesma em condições de arcar com as custas do processo, sem
prejudicar seu sustento.
f) Seja o embargado condenado ao pagamento de custas processuais e
honorários de sucumbência, a serem fixados na proporção de 20% do valor da
causa;
g) Sejam, ao final, julgados TOTALMENTE PROCEDENTES os presentes
embargos, com o levantamento da penhora realizada sobre o bem de
propriedade da embargante, oficiando-se aos órgãos competentes.

Provar-se-á o alegado, por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial, o documental, dentre outros que se fizerem
necessários para instrução dos autos.
Dá à causa o valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Santo Antônio da Platina, PR, em 15 de dezembro de 2018.

Advogado
OAB nº XXX
Rol de Documentos:

1. Procuração Adjudicia;
2. Identidade e CPF da Embargante;
3. Comprovante de Endereço da Embargante;
4. Certidão de Casamento da Embargante;
5. Escritura Pública do Imóvel.

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