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A LIGA ÜE MONTE VERDE

Rio, 20 de Julho de 1884.


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¦A Liga de Monte Verde, a quem se deve o saíutarissimo movimento


que ora se
observa na classe agricola de todo ò Império, no intento de levar ao seio da represou-
tâçao nacional legítimos representantes de seus mais vitaes direitos e interesses, e, com
elles os do paiz, acaba deorganisar uma chapa senatorial e, dirigir ao corpo eleitoral
da provincia do Rio de Janeiro a circular seguinte:
*

IIlm.Sr.—Monte Verde 20 de Julho de 1884.—Está marcado o dia 17 de Agosto


próximo, para a eleição de um senador que preencha o lugar que ficou vago pelo
fallecimento do preclaro Visconde de Nictheroy.
No desempenho do dever queo corpo eleitoral desta parochia nos impoz, viemos
offerecer a V. S. a lista dos nomes, que devem receber os nossos suffragíos.
São elles os dosExms. Srs. conselheiro Paulino José Soares de Souza, Dr. Anlonio
Alves de Souza Carvalho e Dr. Domingos de Andrade Figueira.
Estes tres nomes exprimem a epocha que atravessamos, a resistência á revolu-
cão, o combate contra a anarchia, o principio de ordem contra as invasões da ille- a '.' :M

galidade. ... .

Quasi perdida talvez, porque tem contra si inimigos poderosos, a lavoura ainda
poderá resistir, se concentradas as forças, ella empenhal-as na defeza de seus direi-
tos, isenta de paixões partidárias, de preoceupações políticas, de bairrismo provincial,
e de individualidades que a contemplam atra vez do interesse momentâneo de uma
eleição.
E* preciso mais do que a resistência. Cumpre reagir, porque contra a lavoura
congregaram-se as forças governamentaes. r
A coroa, abandonando a sua immobilidade constitucional, para levan-ar um
10 DK JULHO DE 1884. ANNO VI.-TOMO XI.—N £6i.
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M 3ORNAL DO AGRICULTOR
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sobre as ruínas da perturbando Ioda a nossa ordem


renome immortal patria.moveu-se
espalhadas
econômica e cercando de ínnumeros perigos a vida de milhares de famílias
pelos estabelecimentos agricolas.
a ordem e o
llIStí Acreditamos qne a luta esteja travada e em jogo'a tranquillidadc,
progresso do paiz. *
3f.
7 Nesta temerosa emergência não devemos abandonar ao azar o que as leis permit-
aceita.
tiram e o que o direito garantiu: o uso de uma propriedade reconhecida e
e dc
Temos lançado mão de todos os meios pacíficos: da imprensa, da tribuna,
asscmbléas, de representações; afim de não sermos espoliados em nome de um senti-
mentalisrao descabido c que não é sincero.
7 Cumpre levarmos por diante este nosso procedimento legal, congregando osnosos
votos em torno daquelles, que tem gasto os seus melhores dias na defeza dos interes-
se^ agrícolas. ^j '
Cumpre confiarmos ás urnas o que pensamos e queremos.Vencidos, ou vencedo-
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res.nos sujeitaremos ao que decidirem os futuros legisladores.
Neste sentido convidamos V. S. a suffragar aquelles três nomes, na certeza de
esta escolha que fizemos exprime perfeitamente bem o pensamento e avontade da
que
liga eleitoral cuja direeção nos foi confiada.
Subscrevemo-nos de V. S. patrícios/ attentos, e creados, José Alves. Pereira.—
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Antônio Alvares de Almeida Pereira, Carlos Teixeira Leite Sobrinho, Antônio PiUa de
Castro^

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m-:' JORNAL DO AGRICULTOR 43

lemão, ea Marüpinima,ouPáo tartaruga,


PLANTAS BTEI.S 00 BRAZIL1 Brosimum discolor Sald. m
Páo-balla, Trichilia guarea* Aubl.
(Continuação) O sueco lácteo d'esta planta, ó um vio-
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lonto emetico, e cathartico, e as cascas de
(fuasi todas as da serie tem propriedades ex-
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Meliaceae tty

citantes do systema lymphatico.


x Arvores om arbustos do folhas simples, A Jutuá-uba congênere do Páo baila, '-yl.ttk.
ou compostas, com 3 foliolos geralmente tem propriedades semelhantes, e o Mari- '¦-¦yfSl

Íntegros, compostos ou não; pennaclos, ra- nheiro de folha larga ou ajitó. Guarea spi-
ras veze§ dentados, estames superpostos, caefòlia S. Hil, é empregada nas hydro-
monodelphos, antheras biloculares, intror- pizias e engorgitamentos dasviceras abdo-
sas,flores hermaphroditas regulares, ealyoe mihaes.
de5 sepalos muitas vezes, alternando com 5 A Açafrôa. Guarea spicaetolia Juss.,
petalos; fructo drupaceo unioupíuriovular, de flores odoriferas,éapreciada na perfuma- V v-
tendo um grão em cada loja. ria pelo oleo essencial que produz as
As flores são dispostas na axilla das fo- suas flores, e na medicina emprega-se a
lhas em cachos pedicellados e ramificados. casca da raiz como tonicae estomachica.
Habitão as regiões intertropicaes do globo. Andiroba, Jandiroba, Nandiroba. Ca-
rapa Guianensis. Aubl. :xxm
E' typo da. familia o Cinnamono, arvore
asiática que prospera nas provincias aus- Arvore de folhas compostas de 8—10
traes do Brazil. A casca é amarga adstrin- pares de foliolos oblongas, glabras, acu- -: . .,!
minadas e coriaceos, flores dispostas em
gente, antelminthica, e quando em doze
elevada, vomitiva. paniculas aggregadas, fructo drupaceo,
secco, globoso, interiormente lenhoso, de-
V; Na serie das Trichilias* e gênero Cabra- 4 ou 5 vulvas monospernas.
lia possuímos a Cangerana, Trachilia can- As Andirobas, branca,ferrea, e vermelha,
gerana Well. Cair alia Cangerana. Sald, são empregadas nas construcçoes civis, e
arvore alta ; de pequeno diâmetro, folhas navaes, e do fructo descascado se extrahe
imparipennadas, peciolo commum de 30 70 % de oleo.
centímetros, longo, arqueado, crasso, cani- As florestas amozonicas poderião forne-
culado, pubesconte, foliolos oppostos, flores cer a maior parte do oleo empregado em
numerosas axillares em paniculas, sepalos illuminação domestica, no fabrico de sa-
5, imbricados orbiculares, petalos 5, alter- bão, e em usos medicinaes.
nando com os sepalos, estames 10, mona- Emprega-se o cozimento da casca, o XYX^tt
delphos, ovario livre e supero, óvulos pe- mesmo das folhas, internamente, contra as
quenosnas lojas, l-2em cada uma. febres palustres, e externamente contra g,s liÍ$L=
Segundo expõe o muito distincto pro- impigens, e picadas de insectos. A lava-
fessor Saldanha daGama.é de notável ceie- gem com essa decoeção preserva dos inse-
bridade a Cangerana por elle observada no ctos os animaes cavallares, do mesmo modo
Valle daParahybadoSul, província do Rio que na Europa o con«seguem com a das fo-
de Janeiro, quer pelas febri- lhas de nogueira.
fugas da casca de-sua raiz, propriedades
quer pelo im-
mensoprestimo da madeira nas construo- Menispermaceae
Ções civis, e fabrico de moveis de luxo.
Familia
ilia de vegetaes arbuslivos* trepa-
i
Com effeito a madeira da Cabralea can-
dores* alguns subarbustivos* e raros ar*
gerana Sald. consitue o.verdadeiro Maho- borescentes,
goni ou A cajou tão apreciado na marce- alternas, folhas de ordinário simplices,
naria (C. De Cand.) embora no commercio integras, palminervias, raras vo-
tenhão sido acceitas outras ma- zes peitadas, sem stipulas, e depeciolosal-
deiras do Brazil com a denominação de Ma- gumas vezes curtíssimos; flores pequeni-
Juropeu
iiogonos, como acontece com o Sebastião nas, unisexuaes verdoengas, ou de cores
d Arruda, Phisocalima pouco brilhantes, dioicas, raras vezes mo-
setim, Asmdorperma eburneum floribunda* o Pio noicas, ou hennaphroditas, trimeras, ex-
Freire Al- cepcionalmente dimeras, ou tetrameras,
inflorescencia em cymas, umbrellas, ou m
1 Vide tomo Xf,
pag, 88,. /
cachos, axillar, e raras vezes solitária, ca- ,'-*¦¦;

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44 JORNAL DO AGRICULTOR
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de 3 a 24 sepa- sumpelos, como a Caa-peba, C. glaberrirna


íj/ce polysepalo, petaloide, e outras espécies d'este gênero, em
los, em duas ou mais series, de pivftôra- S. Hil,
a corolla, que se éncontrão, como nos Cocculos, amar-
ção vai var, ou imbricativa ; cr- e tônicos muito usados nas dyspepsias,
tendo de gos
quando existe, é polypetala, ao dos febres asthenicas, e engorgitamentos das
yy; dinario as pétalas em numero igual
sepalos, e como elles, também derivadas, e vísceras abdominaes.
caducas: as flores masculinas são precedidas Barão de Villa Franca.
de pequenas bracleas, e contendo estames
livres ou não, em numero igual ao multi- (Continua).
também
pio das pétalas e em serie, sendo
caducos depois da fecundação; filetes dei-
ou achatados, quasi nullos, ou mes-
gados,
mo nullos, aw//iems baziíixas ou adnatas Receita de cozinha
extrorsas, quadrilobadas, muitas vezes, 2
loculares de dehiscencia longitudinal ; a ABÓBORA D*AGUA A IMPERIAL
flor feminina équasi sempre accompanhada
de bracteas persistentes, e possue ora mui- Tome-se uma abóbora d'agua de tamanho
--tos ovarios reunidos pela base, sendo cada regular de?casque«se delicadamente, e,pelo
ura d'elles unicular, uniovulado, oii apenas lado da cabeça,tire-se todo o miolo e ferva-se
um quasi sempre coroado por muilos stig- em água e sal; feito o que,encha-sê com um
"^adfnho
mas, ou apenas um só: óvulo campylotropo, | foitõ de carne de porco, lingüiça
ou amphytropo, raras vezes anatropo de.j q— • eozidoe agri;í0) que já deve estar pre
microphyla supera, e tendo apenas uma | do com antece(iencia.
membrana involvente, frueto drupaceo, Quando houver servir-se
de servir-¦ emprate-se,
se- « ¦*
monospermico, similunar e comprimido, cobrindo-se com um molho de carne assada,
mente quasi sempre sem endosperma, e sem enfeitando_se 0 prato com alface verde
arillo, de albumem nullo, ou pouco .desen-
volvido, embrião grande, axil, curvo, de O recheio pôde também ser de camarão,
radiada supera, que ás vezes parece infera palmito ou peixe.
(Dr. Caminhôá, Bot.) Caetana Rapozo Dias.
Abütüa, Botua, Baga da Praia, Ca a-
peba, Herva de N. S., Cipó de Cobra. Cis- êm-^m
sampelos parreira Linn.
Parreira brava, é a mais generalisada
no Brazil, e nas Antilhas, onde habitão nu- OS CORRECTIVOS
merosas plantas conhecidas com essa de-
nominação (Baillon). (Continuação)
O tronco parece possuir, em menor gráo, IRRIGAÇÃO
as virtudes da raizdoce-amarga, diuretica, | /

mucilaginosa, apreciada contra as debili- A água, este liquido sem o qual os seres
dades do estômago, eólicas nephriticas, e deixariam de existir, este elemento que
as mordeduras de animaes venenosos ; po- activa todas as forças orgânicas, que pe-
rém hoje não são essas plantas tão usadas, netra e circula em todos os corpos, quer
como outr'ora, na matéria medica. animados, quer inanimados, que faz parte
As Butuas ou Parreiras bravas, porem, de quasi todos os phenomenos, preenche na
do Gênero Cocculus, discripto por Martius vida da humanidade um papel de alta im-
e Baillon, como os C. C. Cinerascens, e Pia- portancia, sobre qualquer ponto de vista
tiphylla S. Hil., são, conforme a opinião que se encare.
do Dr. Ladisláo Netto, as empregadas com Como uai elemento physico-chimico, so-
íyr mais efficacia em certas enfermidades : se- bre a influencia de outros agentes cònser-
ou va-se no estado liquido, formando as diver-
guindo-se as espécies B. rufescens,
abulua rufescens Aubl., a Butua raiuda, sas massas n'agua que oecupam uma terça
C. fUipenduta Mart., o Martü, o C, imene parte do orbe terrestre.
Mart., o C. tuberosus C. C. o C. patini
Mart., e depois %s plantas do gênero Cis- 1 Vide tomo XI, pag W*

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JORNAL DO AGRICULTOR 45
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N'este estado, uma parto infiltra-se pela que constituo a humidade da atmosphera,
terra, a qual, pela força capillar, é levada e outra cahe na superfície da terra, onde
em differentes direcções, subindo ou des- vae supprir a essas massas de agua, a parte
cendo, segundo a natureza do terreno, até que ellas perderam, e também ao terreno
sahirá superfície para constituir differentes e á vegetação, que concorrerem por sua vez
origens. \ a augmentar a evaporação. v"sSrve .*

N'este trajecto a agua, pelo seu poder No estado cie vapor, a agua tam-
bem de força motora, utilisada pelo gênio
physico-chimico, desagrega, arrasta, dis- do Wott e Papin^ é hoje empregada para
solve e combina substancias de naturezas
diversas, depositando aqui e ali, influindo todos os mysteres da vida serve para mover
sobre toda natureza. as industrias, para levar a paragens inha-
bitaveis a vida, o trabalho, a civilisação,
Nada resiste a este seu poder ; destroe
para sulcar os mares em todos os sentidos e
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aqui rochas iminensas, ali deposita uma emfim sendo utilisada ate na agricultura,
nova camada, a qual, com o perpassar do A,„

tempo constiíui! á um novo solo. para supprir os braços !


Sem calor e sem agua, a vegetação tor-
O seu papel é mudar de um modo con- nar-se hia impossível.
tinuo a natureza. Desde a primeira phase da vida da planta,
No estado liquido, ella é utilisada pelo isto é, a embryonaria, até a morte, em que
homem para fins muito diversos ; faz parte tem de entregar ao solo as partes de que
de sua alimentação : activa as suas forças: ella se apoderou, a agua sorve de vehiculo,
serve ainda como força motora em suas in- para levar os alimentos á sua economia.
dustrias e com ella elle tem avançado para
commettimentos sorphehendontes, que dei-
xamos de enumerar.
Já tivemos oceasião de dizer que a planta
no estado embryonario, isto é, como se-
mente, precisa de agua, para entumesceros 'A*'*

A agua serve de vchiculo, do qual o ho- tecidos, levar o ar ao seu interior, para com
mem se serve para estreitar as relações um de seus elementos, queimar o seu car-
entre os differentes paizes, levando e tro- bono, que deve entrar na formação do seus
cando os produetos de sua intelligencia, e tecidos e contribuir portanto, para, seu de-
de seu trabalho. senvolvimento, isto é, até que o germem
Vejamos agora o papel qne representa possua raizes e appareça á luz do dia.
sobre a vida vegetal. N'este estado, ella continua a prestar-
Ella infiltrando-se nos tererenos, ele- nos serviços ; leva do solo os alimentos de
va-se, como dissemos, á superfície ; porem que elle necessita e o ácido carbônico, gaz,
antes de chegará este ponto perde uma este de quo elle apodera-se para a continua-
parte, a qual e>palha-se sobre o terreno, ção do seu desenvolvimento.
refrescando as suas camadas, dissolve e A planta, durante a sua vegetação, apo-
combina as matérias, que i.'elle existiam no dera-se da agua do solo, serve-se dos ali-
estado insoluvel, sem poder influir sobre as mentos que ella trouxe em dissolução; e a
plantas. agua com a temperatura mais elevada, do
Ella inda preenche outros phenomenos, que a do ar ambiente, evapora-se, apode-
como ò de activar os alimentos a fazerem rando-se a planta de nova quantidade.
parte da nutrição, sendo absorvidos pela Quando o solo conserva o equilíbrio na
força endosraotica, em contacto com as ra- marcha da agua, do solo para a planta eda
diculas. planta para o ar; conserva a planta suas
Sobre a influencia do calor, estas grandes funeçõesem um estado inalterável, apre-
massas do agua perdem pela evaporação sentando um vigor na vegetação.
grande parte, a qual tornando se mais leve Porém, si o solo estiver secco, de modo
do que o ar,sobe que a agua absorvida pela planta não es-
para as regiões mais altas,
para formar as nuvens as quaes sobre a in- teja em equilíbrio, com a evaporação, a
fluencia de um abaixamento de tempera- planta torna-se languida, suas folhas mur-
tura, conden.«-am-se o formam a chuva, que, cham-se, e si o nhenomeno continuar, pôde
atravessando o ar, ser causa de morte.
perde neste uma parte

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JORNAL DO AGRICULTOR i

-Quando em uma quantidade de agua, em-


hora illimitada, vegeta uma planta, con- li INDUSTRIAS AGRÍCOLAS
-;'*'•. tanto que esta agua sejaronovada, a planta
só absorve aquella que lhes é necessária e PREPARAÇÃO DO CACÁO (1)
pôde vegetar por algum tempo sem soffrer.
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O contrario terá logar, si a mesma


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Admittindp o principio de que só se deve


planta é collocada em uma agua estagnada; colher o cacáo quando bem maduro, a mar-
i^esta os meritalos desenvolvem-se sem cha é a seguinte :
consistência, a chlòrophyla torna-se pallida
>£>¦: e a planta adquire o estiolamento. FERMENTAÇÃO
Si a agua ó distillada embora si a renove
constantemente, a planta não vigora. Abrem-se os pomos, fructos, extrahem se
Si a planta absorve do solo a agua em as sementes ou amêndoas, poem-se estas em
excesso, mesmo que esfe agua seja a nece- montes de 100 a 500 kilos, ou em caixas de
saria para occuparseus canaes e seus vasos, capacidades equivalentes que, em qualquer
é de necessidade que esta agua não se de- dos casos, cobrem-se bem, e assim deixam-se
«1 more no interior da planta, e sim que seja ficar de sete a oito dias, durante os quaes
renovada, isto é, que a evaporação conser- a fermentação se opera.
m As amêndoas, no entretanto, incham e
ye-se de modo continuo, de modo que a seiva tomãoa fôrma algum tanto arredondada.
nunca possa parar em sua marcha.
í O ar conservando-se secco, a vegetação Vigiar e precaver contra fermentação ex-
não soffre cousa alguma, comtanto que o çessiva, em cujo caso as amêndoas grela-
solo conserve-se sempre humido. rião.
Quando o cacáo estiver convenientemente
-U^-*ZrXr'ArA ' XiJ '

Joaquim Bahiana. fermentado, deve-se cuidar logo da sécca ;


Engenheiro-Agrônomo. esta obtem-se em dous ou tres dias, estan-
(Continua) dç o tempo secco e favorável.

SÉCCA

ÓLEO DE SASSAFRAZ No primeiro dia expõe-se o cacào, bem


espalhado em taboleiros ou lonas, ao sol de
mm¥fA..te manhã durante quatro ou cinco horas; se
em lonas, deve haver o cuidado de estende-
E' extraindo da casca e lenho da ar- Ias em terreiros bem seccos ; em ambos os
vorc Nectranda cymbamm, da familia das casos padejar, mexer e virar o cacào de vez
aurincas. em quando.
Tem esta arvore mais de 30 metros de Depois de quatro ou cinco horas de sol,
altura; as folhas sao oblongas, lanceoladas recolhe-se o cacáo, que se põe de novo em
e o fructo é uma baga pouco carnosa e
'wih-iA'-
¦ montes ou em caixas, cobrindo-se durante
a noite para que não absorva humidade, e
meio envolvidas em uma cápsula. acabe de fermentar; no dia jseguinte reco-
% A c^sca da arvore é de sabor amargo meça-se a mesma operação, que repete-se
e cheiro./aromalico; usa-se em infusão um ou dous dias mais, até que o fructo fi-
uIIIcontra n debilidade dos órgãos digestivos. que bem secco ; isto reconhece-se já porque
O lenho é duro e de cheiro agradável; em- o olho da amêndoa limpa-se e alisa-se, já
prega-se no fabrico de canoas. porque, apertando a dita amêndoa entre os
O óleo de sassafraz é volátil, de um dedos, a casca estala e despega-se fácil-
mente da massa.
amarello brilhante e tem um cheiro ac- Na estação secca este processo é fácil,
tivo e agradável. mas.em tempos chuvosos torna-se difficil.
A E' empregado na medicina, e nas artes Neste caso, para poder seccar o fructo, o
mmtf substiluea therebentina. cultivador deverá sacudil-o, padejal-o e re-
ari-i. '¦¦*¦ '
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movei-o freqüentemente; aproveitar o sol

(1) Do Diaro do Grão-Pará.


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JORNAL DO AGRICULTOR
47

nas abertas que apparecem, e á noite pôl-o Se o tempo estiver humido ou chuvoso,
sempre em montes ou caixas cobertas, como padejar e revolver o cacáo freqüentemente
fica dito, afim de que não absorva a humi- em logar coberto, aproveitar as abertas do
dade do ar. sol, e à noite pôr em montes ou caixas e
Recommenda-se particularmente de nun- cobrir e proceder como fica dito antes. Re-
ca seccar o cacáo directamente sobre a ter- peta- a operação os dhs necessários para •m
ra, porque absorve sempre a humidade do obter a boa sécca.
solo, embora .este pareça muito secco; e a Evitar espalhar o cacáo sobre a terra,
humidade, venha ella donde vier, é a cansa deexpol-o ao sol intenso ou á chuva e hu-
principal do enxoframento, mofo gorgulho midade.
e podridão do fructo. Para ensacar, fazel-o só quando o fructo
Recommenda-se tampem de não expor o tiver esfriado e estiver bem secco.
cacáo nem ao sol muito intenso do meio dia, Em Venezuela e na ilha da Trindade,
nem por mais tempo do que vai indicado— paizes os mais adiantados na cultura e bom
quatro ou cinco horas por dia. preparo do cacáo, praticão-se os processos
Para seccar o cacáo natural procede-se que deixo indicados.
exactamente como para o fermentado.

ENSAQUE
Naquelles paizes, os cultivadores bem mm
Antes de ensacar o cacào é indispensável aquinhoados têem armazéns em que fer-
que esteja este bem secco, e que nada tenha mentão e guardão o fructo, e taboleiros em
esfriado completamente. • que seccão ; estes são montados em sapatas : Ü1*
e rodas e movem-se sobre trilhos de ferro,
COR E GRANULÀÇlo DA CASCA para poderem com rapidez sahir e entrar
nos armazéns; sao elevados á altura de um
homem, de 7 a 8 pés. Os taboleiros de mão
Qnerendo dar-se á casca das amêndoas são da tamanho adequado para que dous
cor barrenta e apparencia granulosa, como
faz-se em Venezuela aos cacàos finos, logo homens possam pegar-lhes, estando carro-
depois da fermentação, em quanto o cacáo gados.
está ainda suado e humido, espalha-se sobre Os cultivadores menos abastados seccão
este um pó barrento, muito finamente pe- o fructo em lonas de 8 a 10 pesque esten-
neiraclo. dem sobre terrenos bem seccos, e vigião
Esta operação é de pura phantasia, em attentamente para protegel-os contra a
nada melhorando a qualidade do fructo, chuva.
Quando for absulutamente impossível em-
SEPARAÇÃO DE TAMANHOS pregar taboleiros ou lonas para seccar o
cacào, dever-se-ha polo menos protegei o
com folhas seccas.
Querendo separar se as amêndoas dos di- . ¦
">"-

versos tamanhos, quando seccas,


passa-se CONSIDERAÇÕES ESPECÍAES J
por cri vos graduados.
RESUMO Preparando-se o cacáo, segundo os pre-
ceitos que vão descriptos, não somente a
qualidade melhora como o valor augmenta
*

Para fermentar, põe-se o cacáo em mon- consideravelmente.


tes ou caixas de 100 ou £00 kilosem logar
secco e resguardado, cobre-se bem e, dei- A província da Bahia pode attestar esta
xa-se ficar assim durante 6 ou 8 dias. asserção. Ha já algum tempo que ali se tra-
balha em cacáo, segundo os processos que
Para seccar, quer seja cacáo fermentado,
precedem, e embora empregados ainda in-
qi^r natural, expoe-se esto, e espalhado completamente, os bons resultados se fazem
em taboleiros ou lonas ao sol brando da sentir.
manhã durante 4 ou 5 horas mexen- Os cacáos da Bahia não só augmentaram ..<¦.

do e virando de vez omquando á noite re- muito de valor, como são hoje procurados e
colher, pôr em montes ou*caixas; e cobrir acreditados em fados os mercados da Eu-
repetir a operação três ou ;
quatro dias. ropa e da America do Nortei
48 JORNAL DO AGRICULTOR

Resta ás províncias do^ Pará e do Ama-


zonas, cujo cacáo é de exceilente essência,
resolverem-se a trabalhar os mesmos, se-
gundo os methodos nesta contidos, e em coocíoí ^
compensação verão logo os seus cacáos ri-
-^
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afamados nos diversos centros consumido-


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Castanheiro da índia. Indigeno da Ásia o ^ r> i> oo i> i> L^ I> 00 i> 00

Central, Norte da Grécia, na Thessalia e m


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Epiro, nas altas serras (Heldreich) associ- ti? O
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ado a nogeira e a diversos carvalhos e pi- S5©1>©©»"© t^ ^? oo — w
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nheiros e á altura de 1.000 a 1.335 metros o
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na Imerethia, Caucaso (Eichwald.) ¦ ——-

Uma das mais bellas arvores de folha ca-


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- duca, principalmente quando, durante a H lO ^T T^ •> 'Hr.^J4 ^ cá ^


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primavera, ostenta toda a riqueza das suas < JO

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Altura 20 metros e circumferencia 5 ffl HO


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Prospera em solos arenosos, em logares Em a • •
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abrigados; a macieira serve para marce- <
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naria, as castanhas abundam em amido, e V)
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dão alimento para animaes domésticos; a o s
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casca tem boas propriedades para corti- t3 *s
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A madeira é livre de insectos,servo para cr *e u
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diversas applicaçoes, incluindo as varas CJ t

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para o mechanismo de pianos fortes. §3§g •m
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Esta arvore encontra-se no Himalaya H o H o c
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até á elevação de 3.330 metros. O o a c »'p*
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Ha uma variedade de fructo inerme. O


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Encontram-se ires espécies no Japão, e cyõvu6isd(j
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tsírias outras na America do Norte e Ásia
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meridional, mas nenhuma de grande ai- w O
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JORNAL DO AGRICULTOR 49
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Analogias da composição do café, chá e matte ImÊB


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' 10.300 16.750 11.970


Cafeína . .* . 28. OU 12.100 5 550 9.060 4.300
Óleo essencial 0.026 0.022 0.198 vestígio 0 012 0.026 7.0oO
Matéria gordurosa . . . . , 42.475 85.000 18.800
» ceracea • ••••• t • • • • •
2.800
Resina molle •••••• 51 200 38.P90 55.000 6.102 53.410
Chlorophylla^ etc . 2Ò'Í79 27 805 10.800 61 200 19.600 22.200
Matéria albuminosa. • . . . 29 726 27.305 14.110 35.610 30.000
Ácido resinoso 24.256 41.000 84.500 119.470 3.319 25.500 68.680 22.200
,i » tarmico . . . . . . , 48 193 68.400 44.975 41.710 15.680 16.785 54.040 178.000
» pyrotannico . . . . . 52.320 1.465 à
» cafeico crystallisado. . , 0.037 0.032 0.025 0.550 0.030 0.024
» viridino amorpho. . . . 3.900
» gallico . 2.980 • •¦•••••

» malico e tartarico. . . . 0.211 0.183 •.. • t • • f • • « # ........ M


Quinato de magnesia . . . . . 1.044 0.905
&.:
Picrocafetina (Principio amargo). 13.725 13.974 2.033 6.130
Matéria extractiva ... . . 40 662 48.436 65.130 57.010 23.211 16.610 24.100
» saccarina. . . .". . . 47 791 \il.414 6.720 18.320 28.550 228.000
Caramel. . . . . . . . . í 21.909 1.370
Hiü
Dextrína, etc . . ... . . 195.559 42.400 39.266 185.410 45.600 18.189 18.350 241.600
Cinza . . ... . . . .. 89.878 52.000 60.439 39.170 101.C00 67.500 117.760 55.600

Th. Peckolt.
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Prolecção as plantas novas MOSAICO AGRÍCOLA


E' este um âssumpto que bastante inte-
resse deve despertar no agricultor, especi-
almente a aquelle que conhece o valor dos Pela influencia combinada do oxygenao,
viveiros. ácido carbônico e da huinidade, o ar faci-
Para evitar ás plantas novas os rigores lita a desaggregaçao doa elementos mine-
caniculares, convém espalhar junto cTellas raes do solo.
uma camada de serragem de madeira.
Esta simples operação impedirá que o
terreno se disseque, isto pordous motivos:
1.° porque sendo a serragem muito hy- Os alimentos estão para os animaes do
groscopica recolhe e conserva os orvalhos mesmo modo que os estrumes para as plan-
cahidos durante a noute ; 2.° porque, du- ias.
rante o dia, derrama sobre a terra a hu-
midade que ella precisa e que hauriu do ar
6 do orvalho. E' grande vantagem dar uma vez por
Por experiência practica recommenda- semana sal ao gado.
wos este processo não só as plantas
novas e delicadas como para ... • =5 t
para os viveiros
durante os verões rigorosos.
O bom touro deve ser ao mesmo tempo
grosso, gordo e bem feito.
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Bfc. 50 JORNAL DO AGRICULTOR


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CULTURA DO FUMO1
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Í: O ácido miíriatico simples obtem-se mis- {Continuação)


"*&£?*«£*
turando cinco partes de sal commum com
31
quatro de ácido sulphurico. CUIDADOS QUE PRECISAM AS SEMENTEIRAS

»
Acabamos de ver o modo por que devem
ser semeados os viveiros ; resta-nos, pois,
| O fumo é uma planta exótica da Ame- indicar quaes os cuidados que exigem.
&:
rica meridional e foi levada para Europa Io Conservar a humidade, regando-os,
por Nicot, no reinado de Henrique II. quando é preciso, tendo-se a precaução de
servir-se de regador com buracos muito
finos, como jà dissemos anteriormente.
Osmezes de Agosto e Setembro são os 2o Arrancar o mato, que sempre é pre-
próprios para o plantio do inhame. judicial ás plantas, pela razão de que dimi-
nueo espaço e impede a circulação do ar,
I
que é muito necessário, e absorve quanti-
dade considerável de alimento. A's vezes é
&£ ¦ ¦ ¦ ¦¦ *
necessário arrancar certo numero de plantas
O systema dentário varia nos differentes de fumo, por estarem muito apinhadas, pre-
animaes segundo o regiraen alimentar.
judicando-se assim umas ás outras. E' ne-
/...*'
cessario arrancar sempre as mais débeis.
."*?>».

TRAKSPLANTAÇlO
O húmus de folhas é o melhor corre-
ctivo de um excesso da estrumação. -, Quando as plantas teem três ou quatro
folhas, e estas medem de três a quatro cen-
timetros, se procede á transplantação em
vil tempo nublado, e si for possível, depois que
A água distillada, quando se agita com haja chovido.
uma solução alcoólica e sabão, levanta
immediatamonte espuma. Abrem-se com o arado sulcos largos nô
terreno, pouco profundos e à distancia de-
terminada um do outro, que varia segundo
. •
os paizes. Em Cuba se planta á distancia de
;^í:: meia vara em todas as direcçoes; na Hol-
A historia natural é a sciencia que se oc* landa quasi á mesma distancia ; em alguns
"^í-:"
j8|s<§; cupa de todos os corpos vivos ou brutos que lugares da França a noventa centímetros, e
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existem sobre a terra. nós devemos collocar as plantas a cincoenta
I centímetros quando as cultivamos em nossas
¦
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chácaras ou quintas; porém sempre que nos


A UNHA DE GATO dedicamos a esta cultura em grande escala,
devemos collocal-as a um metro, porque
Esta planta que chamei espinheiro bran- no primeiro caso fazemos a braço o traba-
co% nas minhas notas, sem ter doce, possue lho preciso, e no segundo caso, visto a
a mesma propriedade acre, o mesmo gosto extensão da plantação, deveremos fazer
SK:: que a timbauba e é empregada como deter- este trabalho com instrumentos que nec^s-
sivo só externamente. ^ sitam a tracção de animaes.
" Antes que sejam arrancadas as plantas
Emprogam o cosimento da raiz desta
planta para tosses.; das sementeiras, é necessário regal-as abun-
Das folhas novas fazem clysteres para dante, si não houver chovido, para que a
almorreimas. terra adhira ás raizes e offereça menor re-
sistencia ao arrancarmol-as. Devemos ti-
>s
Dr. Freire Allemão.
— f 4»&\lÊ*t • — 1 Vide tomo Xí, pag. 34.
•-:<«/¦;.'

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JORNAL DO AGPIOULTOR 51

ral-as com lentidão e não fazer pressão no de dez a doze folhas. Nailhade Cuba deixam
talo da planta, porque é muito delicada. Não de quatorze a dezeseis.
se deve arrancar senão mui pequeno nu- A suppressão da parte superior do talo
mero de plantas de uma vez, e logo pôl-as dá lugar ao desenvolvimento de alguns re-
em um cesto, em cujo fundo se tenham dei- novos lateraes que nascem na base de cada
tado previamente algumas plantas agrestes folha, e que se deve ter cuidado era sup-
verdes, ou um pouco de palha molhada, para* primir, porque sem isto seria inútil tirar-se
conservar a frescura. E' preciso não tel-as a parte superior do talo, não podendo as"
muito tempo fora da terra. Si esta estiver folhas desíTuctar augmento de seiva para
muito secca, será bom humedecel-a um seu maior desenvolvimento. Estes renovos
pouco e cobrir a planta com pedaços de pita brotam oilo ou dez^dias depois de haver-se
ou com folhas de couve, ou com qualquer praticado a referida operação. Ao mesmo
outra cousa que as substitua. Costuma tempo arranquem-se as folhas que houverem vi; <

succeder que não podemser plantadas no sido deterioradas por qualquer modo, e forem
mesmo dia todas as plantas arrancadas; consideradas inúteis. A suppressão dos re- •-:

neste caso, si quizermos aproveital-as no novos se faz com a mão, e quantas vezes
diajseguinte, será preciso conserval-as em queiram appareeer.
um lugar humido e fresco, como, por
exemplo, em uma adega. INSECTOS E ACCIDENTES QUE PODEM PREJUDI-
*
O modo de collocar a planta nos sulcos CAR A SAFRA DO FUMO
tem sua importância, e se faz do modo se-
guinte: Alguns autores.como Girardin, Du Breuil
Toma-se um páo redondo, com o qual se e Gasparin, crêem que o sabor acre que
faz um buraco pequeno no sulco traçado de tem o fumo impede que seja atacado pelos
antemão, e nesse buraco se introduzem as insectos. Estos aurores estão em erro, pois
raizes e uma pequena parte do talo, com- ha na America e também na Hespanha um
primindo aterra mui ligeiramente coma grande numero de insectos qne atacam o
mão contra a planta, fumo e diminuem consideravelmente a safra,
podendo calcular-se em dez para vinte por
CUIDADOS QUE PRECISAM AS PLANTAS cento a pe^dapor elles oceasionada.
Na ilha de Cuba existem seis classes
Quinze ou vinte dias depois de haver-se daquelles insectos, dos quaes citaremes tão
plantado é preciso capinar o terreno pela somente os mais prejudiciaes, e que são
primeira vez ; quando as plantas têm adqui- conhecidos alli sob os nomes seguintes: 1° o
rido de trinta para trinta e cinco centi- Cogollero; 2o a Primavera ; 3o o Veguero;
metros de altura, limpa-se-a pela segunda 4o o Cachazitão^
Vez, amontoando-se ao mesmo tempo ao O primeiro, que é o Cogollero, è terrível
redor de cada planta uma porção de terra,
tendo-se primeiro o cuidado de arrancar as pelo estrago que faz em toda a planta, porém
especialmente na folha, que deixa toda fu-
folhas inferiores que, do contrario, ficariam radae por conseguinte inútil. Este insecto
cobertas. - se encontra na medulla da planta. O tempo
Na cultura em grande escala estas ope- mais favorável para destrnil-oé de manhã
rações se fazem com instrumentos especiaes cedo, quando se retira de seu escondrijo.
e^com cavallosou bois adestrados,
para não A Primavera pica a planta no talo, e es-
pisarem as plantas. Cultivandó-se, porém, colhe as melhores. Todas as folhas que se
sm escala pequena, podem ser leitas com acham na parte superior ao lugar das pica-
enxada ou pá. das se perdem.
Quando o fumo principia a mostrar seus O Veguero ataca as folhas e as arruina. As
botões, ou cápsulas de flor, se
outra operação, procede a ovas deste insecto são depositadas nas folhas
que consiste em supprirair por uma borboleta chamada palomila, e
* parte superior do talo favorecer o sendo de cor verde, não são visíveis. Mata-se
para
desenvolvimento das folhas, fazendo a seiva a qualquer hora do dia, e depois de matal-o
retroceder para a raiz. O numero de folhas deve-se polvilhar com cal a folha atacada,a
que se podem deixar em cada planta varia fim de não reproduzir-se o damno.
como clima e as terras; nos climas Ao Cachazuclo podemos chamar no-
como o nosso, cremos quentes,
que se podem deixar cturao, porque executa seus trabalhos du-

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52 JORNAL DO AGRICULTOR

rante a noite; procedendo de um modo di- O fumo, ainda que requeira muito Ira-
verso de outros insectos damujnhos. Corta ballio braçal, não deve assustar pelas des.
o é va-
os talos na parte inferior, e por conseguin- pezas que isto exige, pois producto os des-
te arruina a planta, se procrêa cora muita lioso, e retribuo com crescido juro
facilidade. 0 modo de destruil-o consis^ embolsos feitos.
te em procural-o na base da planta, que A maior parte dos trabalhos podem ser
é onde reside, tendo-se cuidado de nao executados por mulheres e meninos, dimi-
-tocar nas raizes, e em queimar a terra nuindo deste modo as despezas.
que se tira do pé da planta, substituindo-a
por outra.
Entre nós existem também alguus destes
insectos ou vermes que procedem do mes- Não aconselharíamos que entre nós se cul-
mo modo que em Cuba, segundo noticias tivàsseofumo em grande escala, sem contar
que temos recebido de vários agriculto- com pessoas intellígeutes e praticas no cul-
res que fizeram pequenas plantaçSos. O tivo, porque qualquer descuido poderia dar
Dr* Sagastizabal, que cultiva fumo nos resultados negativos.
arredores de Pueblo de Ia Paz nos disse A planta nos indica o momento em que
que «o peior inimigo que esta planta tem se deve fazer a colheita, pela mudança que
entre nós são uns vermes, um branco soffrem suas folhas passando da verde á
e outro preto, que destróem de dez para amarella. Além disto, principiam as folhas
quinze por cento da safra.» A nosso ver a inclinar-se para a terra, teem um cheiro
estes dous vermes são os mesmos que mais activo, e apresentam algumas rugas,
na ilha de Cuba chamam Cachazudo e Co- tornando-se mais ásperas. Não se deve
gollero. deixar a folha tornar-se completamente
amarella, porque perderia nao só em peso,
mais também em qualidade.
O Sr. Wendestàdt, agricultor de Pay-
sandú, nos disse também que «o bicho (Gonlima)
Moro e o Chinche Verde, em um ensaio
que fizemos na cultura do fumo, nos
¦.;.v-v
destruíram grande parte da plantação.»
Em Cerro-Largo existe também um in- GHDflGi VEGETAL
-Vi, - r;r
secto que chamam Vaquilla, que destróe
muitas plantas de fumo. PER A
Ainda temos de accrescentar aos inse-
ctos já nomeados outro que se designa com o
;:%},;

Analyse
825$,'.
nome de Baboso, não occasionando, porém
S&£**
sinSo poucos prejuízos.
Estes sío todos os conhecimentos que A pêra listada contêm:
m temos a respeito dos insectos que são da- 7,00
mninhos para o fumo. Sentimos nao ter tido Assucar de uva . . . . .
Ácido malico . . . . . 0,07
occasiâo de estudar estes animalsinhos dV- 0,26
*%.<- rante a vegetação do tabaco, para poder Carne.... . . . .
W; Ácido pectico e goro ma 6,20
dar pormenpres mais detalhados acerca dos 4,51
Lenhoso, epiderme e caroço,
que aqui existem. (jinzas. • ?. • « • • . 0.34
%
-'-,.''¦'¦

,V i&'.'.
"

Os demais accidentes que podem ser prc- Água .....%•• 81,62


judiciaes ao fumo são de fácil correcção. O
TB 1
primeiro delles é o das geadas, que nós não 100,00
temos de temer, com tanto que se faça a
Em* s
»KB5'Y '-: '
sementeira na época indicada. O segundo é
;Ífe

o dos ventos, cujos effeitos se podem eviiar Dr. Sacc.


por meio de plantações desorgho, ou milho
de Guinea, semeado em Agosto, do lado -***r£5S\«**-
donde vêem com mais freqüência os ventos.

¦ i-'V-

-•aj^üla. '*!~«>~*2Sk '


->-í-ví* ^.">*-v. ---.¦¦ ,í.
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»*^* intn

JORNAL DÓ AGRICULTOR 53
meslicas. Si embrenham*se nas mattas, dei-
A BAIXA DO ASSUGAR EM PERNAMBUCO1 xamdescuidosos ou propositalmente a scen-
telha que em poucas horas reduz a cinzas
(Conclusão) as florestas. ¦¦-¦>:&$

Inimigos de quem trabralha, de quem


Não ô somente a concurrencia dos paizes invejam a accumulação do capital, produ-
assucareiros que nos deve preocupar, é cto de longos annos de labor insano, sedu-
igualmente\a irregularidade das estações zem os escravos, inoculam-lhes perversos
que nesse ultimo decennio tem reduzido o conselhos e até capciosamente subtrahem
rendimento de nossos cannaviaes. alguma somma que estes adquiriram com o
Nos engenhos de maior producção, é trabalho ou com o fructo e que entregam-
hoje raro o cannavial que dê mais de 5% lhes pára promoverem aacção de liberdade.
do peso da canna plantada, E assim vae-se desmoronando todo esse
Oufrora um carro de 60 @ de cannas conjuncto de respeito, de amor ao trabalho
sendo plantadas nos davão 10 carros, hoje e religião, em que foram nossos campone-
zes educados por nossos antepassados.
pouco mais cie 5.
Nas terras virgens dá-se o mesmo ph,e- ^ Hoje simples saudações de dous desconhe-
nomeno — D'antes produzião 20 carros e cidos nos invios caminhos da matta, (Tantes
hoje apenas 10. tão usadas, são substituidas pelo activo V
olhar do camponio ou do escravo que mede
Accresce o mal das cannas, o bezouro e d'alto a baixo o cavalleiro que encontra !
peior que tudo os vadios e ladrões, que nos A linguagem dos tribunos, a cabala eleito-
engenhos próximos aos povoados, vão a ral, a eloqüência no tribunal do jury não
noute cortar cannas com que sustentam tem menos influído para essa democracia
porcos e fazem mel. que nada respeita, que ostenta irrelígião,
A policia agrícola, os guardas campes- independência, arrogância e para quem os
três, como tem os paizes Europeos, devião bons í officios de amisade e de civilidade
ser organisados entre nós, ainda que para constituem baixeza.
isso se lançasse um imposto directo sobre a
lavoura, imposto que seria muito menor do
que a importância que resulta das depreda-
ções dos vagabundos. Mais temeroso que tudo e que vae intei-
ramente anniquilar a lavoura brazileira é
a magna questão do elemento servil.
Applaudimos o plano de abolição apre-
A legislação que temos, é improficua sentado pelo Dr. P. D. G. P. L. que vem
nesses casos. Nos logares das plantações em on°. 249 deste jornal. Os motivos que
não ha testemunhasesi algumas apparecem antecedem ao projecto são exactamente os
não são acceitos seus depoimentos, porque mesmos que apparecem por aqui.
nossos juizes, inimigos do feudalismo do Não ha mais meios de se evitar a praga
escravocrata, etc. entendem que os morado- dos escravos, nem de coagil-os ao trabalho.
res são dependentes do proprietário e não Os mestres de barcaças (falúas) são outro
podem depor contra o ladrão,que é o pobre, tantos Nascimentos,Mídos de gloria,prom-
o miserável, coitado, que apenas foi chupar
uma canna para mitigar a sede!... e ptos a embarcarem os fugitivos em de-
pague manda da terra da liberdade—o Ceará.
o queixoso as custas &. Havia entre nós os capitães de campo,
A pequena lavoura n3o pôde medrar: homens que moravam nas proximidades das
o feijão, o milho, a abóbora, não colhemos; pontes nas encruzilhadas e que prendiam
antes de amadurecerem,o ladrão tudo leva. facilmente os escravos fugidos.
Ainda é notável nos engenhos das Ha poucos annos um chefe de policia d'esta
estações das estradas de ferro e dosperto
dos, a malta dos caçadores, povoa- província enviou circulares a seus delega-
que invadem dos para serem perseguidos aquelles ho-
°s cercados, atiram em ovelhas e aves do- mens e serem privados de continuar seu
officio. v
I Vide tomo XI, * Não ha muitos dias um juiz de direito
pag. 22.
','¦<¦' '¦¦"¦}¦"<&'•'¦''.:: ¦'¦ i' ¦•¦'¦¦'
' •¦¦

54 JORNAL DO AGRICULTOR

senso do que por essa jurisprudência de


de uma das mais importantes comarcas agri- a fiscalisação -severa
colas, ameaçava a um liberto por haver, chicanas e sophismas,
a pedido do senhor do engenho, onde mo- dos engenhos centraes para que empreguem
rava, prendido um escravo fugido! os machinismos que extrahiam da canna
a maior porcentagem de assucar com a
9 Esse juiz de direito' tem-se distinguido menor despesa, eis a serie de medidas que
por seu zelo emancipador e bom seriaremo-que
pôde salvar a lavoura do assucar nesta pro-
^. seus j urisdiccionados solicitassem sua vincia.
çâo para o Ceará. Quanto porém os engenhos que não têm
Concordamos com o illustre Dr. P. D. contractos com fabricas centraes não pode-
G. P. L. comtanto que a abolição não seja rão continuar com tão grande baixa cie
usa
de chofre, nem se limite o numero de annos preços. Cumpre se congregarem seus donos
pu epocha. e fundarem, onde fôr isto possível, enge-
.Primeiramente deve ser facultativo ao nlios centraes que possam empregar os
proprietário a escolha dos escravos que modernissimos apparelhos,
tiver de libertar cm troco de cada apólice Para taes empresas ha 03 n^elhoros dese-
de 500$ si porém por esse meio poucas jos da parte dos poderes políticos, que pre-
libertações tiverem lugar, se deve marcar sentemento não parecem bem dispostos a
tantos por cento que cada um deve manü- auxiliar mais as grandes companhias es-
mittir. * v trangeiras.
Si por acaso não chegar para o paga- Entretanto é nossa opinião bem firme
meuto dos juros das apólices o producto da que só grandes empresas com avultadoe
locação de serviços do liberto, (1) têm os capitães podem utilisar os immensos appas
relhos da industria moderna, capazes d-
poderès do Estado o recurso do imposto
4*

pessoal, como no tempo da guerra, pois to- produzirem muito com a menor despesa.
dos, quer proprietários de escravos quer Nelles consiste a grandeza e prosperida-
abolicionistas, devemos concorrer na for- de da industria da beterraba.
ma da Constituição, para as despesas do Pernambuco, 19 de Maio do 1881.
• Estado.
A. S.

--."CX"*"''
-D'este modo,
parece-nos, a abolição se
fará sem os prejuízos que nos ameaçam.
Marfim artificial
ç*s .

A influencia da vontade do senhor na es- Escolhem-se batatas' inglezas perfeita-


colha do escravo que deve libertar, lhe mente sãs e descascão-se com todo o cuidado,
dará todo o prestigio. A uniformidade do de modo a ficarem completamente limpas.
preço acabará comas difficuldades das ava- Mergulham-se por algum tempo as batatas
liaçoes ^extorsões dos agentes do fisco. E primeiramente em água fria e depois em
o trabalho livre seira paripassic, erga- água acidulada pelo ácido sulfurico. Esta
nisando com a locação dos libertos a quem ultima parte reclama certo modus fa-
a gratidão pela escolha do senhor o prende- eiendi que ainda constitue segredo do ia-
rá a fazenda onde nasceu, onde habituou- ventor, sabendo-se por emquanto somente
se a viver com suas plantações, sua casa que o ácido sulfurico deVe ser muito puro.
f&~
etc. A batata tratada por este modo endurece
A instituição da policia agrícola e dos e torna-se pouco permeável. LavA-se pri-
meiramente na água quente, depois na água
me'
guardas campestres, a remoção dos juizes fria, seccando-so por fim gradualmente.
W0^
abolicionistas para o Ceará e a nomeação
dos que se distinguirem mais pelo bom A substancia obtida é de uma granulação
Éife geral e pouco susceptível de fundir-se sec-
cando ao ar.
|J) Um dos melhores meios de obrigar aos libertos e Este novo marfim branco amarellado,
p§- aos vagabundos ^a fazerem contractos de locação de duro e elástico é próprio jf>ara bolas de
serviços é o recrutamento pelo systema antigo. Ac-
tualrnente o alistamento para a guarda nacional tem bilhar. Toma perfeitamente qualquer cor.
sido bastante para anjellrontal-os e obrigar a mui-
tos a irem sq esconder nas brenhas.

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JORNAL DO AGRICULTOR 55
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FARINHA DE TRIGO ÁLCOOL DE TUPINAMBOUR


v. '¦SUA CONSERVAÇÃO O álcool do tupinambour obtem-se pela
maceração, empregando-se o processo de
As alterações que experimenta a farinha Champonnus, ou pela pressão. .'v -^

de trigo ao envelhecer são variadas. Neste caso raspam-se os tupinambours,


A parte aquosa varia pouco, augmenta e esmagam-se depois como se faz com as uvas;
diminue com o estado hygrascapico do.am- a polpa serve pura alimento do gado e o
biente; e em circumstancias normaes os- sueco addicionado de ácido sulfurico na pro-
cilla a differença entre 0,80 1,0 por cento porção de 1 a 2 pòr 100, entrega-se á feri
do peso total. mentaçao favorecida por um pouco de levedo
As substancias gordurosas n3o variam de cerveja, e por fim distilla-se.
sensivelmente quanto ao peso, porém, rela- Depois de distillado, rectiíica-se para pu-
tivamente ao cheiro, póde-se dizer descem rificar o álcool.
em sua composição chimica, porque torna-
nam-se rançosas.
A EDUCAÇÃO1
As substancias assucaradas diminuem, IITILLKCTÜÂL, MORAL E PHYSICA
porém não em proporção da acidez que se POR
vai produzindo, e que varia segundo a qua-
lidade.de trigo e a classe, apresentan- HERBERT SPÉNCEU2 - ^M
do*se promptamente e com maior força nas
farinhas de trigo brando, do que nas de QUAES OS CONHECIMENTOS DE MAIOR VALOR ?
trigo duro.
{Continuação)
As farinhas pobres em flor de farinha
contém sempre muita acidez e partes lenho- Os conhecimentos de maior valor não são
sas, muitas substancias gordas e assucara- os que mais consideração nos merecem ; mas
das, e muito glúten, por cujo motivo se aquelles que nos trouxerem maior cópia de :•*¦ 4t.íK£2

conservam mal. applausos, de honras, de consideração, os


As farinhas se conservam melhor em
vasilhas de madeira do que em saccos. que mais facilmente nos levarem â influen-
cia e á posição social, os que mais impo-
A proporção igual de flor de farinha se zerem.
comporta, relativamente á conservação,do Como o que nos importa não é aquillo que
mesmo modo que a farinha moida em realmente somos, mas o que mostramos ser,
dras, não tendendo a azedar-se uma mais pe- assim, na educação, a questão não está no
que a outra. valor intrínseco dos nossos conhecimentos, ¦¦-;:^.

mas nos seus eífeitos extrinsecos sobre os


outros. \ .{*'

E como esta é a nossa idéa dominante,


A acidez nada tem que ver com a farinha vê-se que temos menos em vista as cousas
moida em pedra ou em cylindro. de utilidade directa, do que o selvagem
, As partículas de farinhas que se acham quando aguça os dentes e pinta as unhas.
iinmediatamente debaixo da casca são mais Se necessária é mais larga a prova do ca-
ácidas que as do interior, contém racter rude e rudimentar da nossa- educa-
mais glúten e se decompõem porque
por conseguin- ção, temol-a no facto de que os valores . .... -:.<-

te mas facilmente. comparativos das differentes espécies de co-


Porém como não é chegar-se com nhecimentosteem sido escassamente discuti-
° systema antigo ao possivel dos—muito pouco discutidos com methodo,
gráo de sequidão que
tem as farinhas cylindricas, é tendo em vista ós resultados.
por isto que
estas se conservam melhor e resistem Não só não existe padrão algum da rela-
áex-
portaçao,em climas afastados e quentes.
&
Vide tomo XI, pag. 39.
m^***- Versão Portugueza por Emygdio de Oliveira.
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JORNAL DO AGRICULTOR
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mas também a fornecidas por um dado tempo de estudo,


mm> ihidàde im seus iraloros, a concluir a sua
existência de um tal ainda não foi julgamo-nos habilitados
padrão
5'V=-
-*s
claramente concebida. justificação; esquecendo-nos completamen-é
só a existência de um te dé que o ponto que estamos^a julgar
^^á%|^^â-^Í|ô conce- a applicaçao d'essas van-
tal padrão ainda não foi claramente precisamente
'. ií>ida; mas parece até que a sua necessidade
ainda não se fez suficientemente sentir. Não ha, talvez, ássumpto que chame a
Os pães lêem alguns volumes sobre tal attenção'do homem que não tenha qualquer
ássumpto e ouvem opiniões diversas sobre valor.
aquelle outro; decidem que os seus filhos Um anno, laboriosamente dispendido a
estudarão certos ramos sGientificos e ignora- fazer investigações sobre heráldica, ó pro-
rãooutros; e todos, sob a guia exclusiva vavel quede alguns conhecimentos sobre
dohabitOido agrado ou dos preconceitos,sem os costumes e a vida moral dos velhos
se lembrarem da enorme importância que tempos.
tem a determinação de um caminho racio- Se qualquer se dedicar a saber as distan-
iial a seguir no estudo das cousasrealmente cias que ha entre tpdas as cidades da Ingla-
mais valiosas. terra, pôde, no curso da sua vida, encon-
Verdade é-qúe em todos os círculos nós trar um ou dois factos, entre os mil de que
ouvimos observações oecasionaes sobre a im- teve conhecimento, que lhe sirvam de ai-
portancia d'esta ou d'aquella ordem de co- guma cousa quando fizer uma viagem.
:>: nhecimentos. \
Mas sa.o grào da sua importância justi-
fica o dispendio de tempo necessário para
oítel-os, ou se não ha cousas de maior im- Reunindo todos os falladpres de lima
portancia a que sedevaápplicar de preferen- província, trabalho realmente iírutil, pôde-
cia tal tempo, são questões (pe, se por aca- se ser occasionalmente ajudadoTa estabe-
so se formulam, se apresentam summaria- lecer qualquer facto de utilidade, como um
monte, segundo as predileções pessoaes de bom exemplo de transmissão hereditária.
cada um, 7 Mas n'estes casos, não ha ninguém que
deixe de admittir que não existe proporção
*~K
m
alguma entre o trabalho requerido e o re-
sultado provável. Ninguém dará desculpa
Também ó ver&axte que de tempos a tem- a qualquer pae que dedique alguns annos
jm~
&SvY; pos, ouvimos reviver a ordinária controver- de estudo do filho a investigar um tal re-
sia sobre os méritos comparativos do ensino sultado, empregar esse tem-
clássico e do ensino mathematico. quando podia

lê po em adquirir mais úteis conhecimentos.
^Todavia, esta controvérsia é conduzida E se para este caso se appella para o
por uma fôrma empírica, com referencia ai- exame do valor relativo e se sustenta como
guma a ^talquercriteHo provado; e a quês- concludente, então a mesma cousa se deve
•>x--
4ão afinal ó insignificante se a comparar- fazer todos os outros casos. Se nós ti-
«;ri

mos com o problema geral de que faz vessemos tempo para


- para estudarmos todas as
parte. matérias, então não tinhamo3 necessidade
Imaginar que se decide a questão de sa- de estudar especialmente
ber qual é melhor educação, se a mathema- qualquer dellas.
tica, se a clássica, decidindo qual é o ideal A velha canção diz :
da educação, é a mesma cousa que suppor
BSSá^^ JV.C

toda a sciencia da dieta consiste em Se o homem fosse seguro


que como outr'ora vivia "
averiguar se o pão é ou não mais nutritivo Que /
1 ¦
do que as batatas. Mil annos, que sementeirà
»/- De cousas que não sabia !
W A questão de que nos oecupamos é de im- Quanto fazer não podia
c
portancia transcendente; não consiste em Sem pressas e sem canceira ! "
saber se este ou aquelle conhecimento tem
algum valor, mas—qual é o seu valor rela-
iivò. '7\,:-;:;;7—~, (Continua)
SBW5?-: {Quando se enumeram certas vantagens,

.' - ''¦- }-"ijU.-:-'¦''¦' l- i',,^,'..:.,,^

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