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Areas de interesse: <
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Educação, Meio Ambiente, Sociologia, Polí tica . Imhu uUil
3D
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o ui II É
oleçõo
PRIMEIROS*
PASSOS */ EDUCAÇÃO AMBIENTAL
292 Cole ç c i o
OQUE É
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
editora brasiliense
CONTEXTOS POSSíVEIS PARA A REALIZAçãO
DA EDUCA ÇÃO AMBIENTAL
Aliado à quase inexistência de literatura entre sentam como educadores e educadoras ambientais.
nós sobre a educação ambiental , esse fato me estimu- Foram tantos os encontros e os desencontros que é
lou, para não dizer obrigou, a escrever este livro, pois, impossível, e nem seria o espaço mais apropriado, listá-
acreditava que o referido funcionário não era o único los todos aqui. Também se torna impossível fazer uma
com essa responsabilidade e nessa situação. lista de agradecimentos aos colegas que contribuíram
O conteúdo do O que é educação ambiental é a para a difusão deste livro e que enviaram sugest ões e
base dos cursos, seminários e palestras a que me refe- V. críticas, que tentei incluí-las nesta nova edição revista
ri e é também o resultado de discussões sobre educa-
e ampliada.
ção em geral e educação ambiental em particular, com
Como na primeira versão, quero deixar aqui ex -
Fábio Cascino, Hercília Tavares de Miranda , Moacir
plicitado meu agradecimento muito especial a Caio
Ribeiro do Vale, Nicia Wendel de Magalhães Nilda . Graco, na época editor da Editora Brasiliense, que leu
Alves, Rosália Ribeiro de Aragão, Roseli Pacheco e Sa-
a primeira versão deste livro poucos dias antes de seu
lete Abraão.
falecimento. As sugestões que ele fez foram incluídas e
Muitos outros diálogos aconteceram desde que
as críticas foram consideradas.
a primeira edição foi publicada, com outros e outras
colegas, estudantes, funcionários públicos e militantes Esta revisão, quatorze anos depois da primeira
dos movimentos sociais, ambientalistas e ecologistas edição, está relacionada com a necessidade de am-
que consolidaram parcerias, amizades, solidariedades e pliar e aprofundar as ideias apresentadas, revisar os
ampliaram nossas possibilidades de ações pedagógicas conceitos, e a linguagem, e oferecer novas oportuni-
e políticas, coletivas e individuais. dades de (re) posicionar a educação ambiental como
Em outras palavras, esses diálogos ampliaram e educação política, acreditando que a edição inicial
concretizaram relações afetivas e possibilidades de in- cumpriu os seus objetivos de difundir a educação am-
tervenção cidadã. biental no Brasil.
Em outros momentos, esses encontros provoca- A minha reflexão por meio das pr áticas pedagó-
ram rupturas assim como divergências profundas sobre gicas cotidianas, de pesquisas e de militância desde que
o entendimento do papel político da educação ambien- a primeira edição ganhou o espaço público, foi ampliada
tal e do imprescindível compromisso é tico nas pr áticas na mesma propor ção em que o interesse pelo livro e
e ações de todos e todas que se identificam e se apre- pela perspectiva política, cultural e pedagógica da edu-
10 Marcos Rei ota
4
^
cação ambiental aqui apresentada aglutinou adeptos e
-
adeptas e interlocutores e interlocutora .
Esta nova edição, revista e ampliada , t e m como
objetivo reafirmar essas ideias iniciais, (re) discuti las
e principalmente colaborar com os jovem c as jovens
profissionais e militantes interessados pela educação A EDUCA ÇÃO AMBIENTAL
ambiental. A luta continua. COMO EDUCAÇÃO POLÍ TICA
eram denominados países do " terceiro mundo " ou ain- nas de garantir a preservação de determinadas espécies
da de “ países em via de desenvolvimento ' ’ . O argumen - animais e vegetais e dos recursos naturais, embora es-
to central da crítica era de que havia uma concentração sas questões (biológicas) sejam extremamente impor-
de consumo dos recursos naturais e das rique / as pro- tantes e devem receber muita atenção.
vocadas pelo modelo capitalista de desenvolvimento Quando afirmamos e definimos a educação am-
nos países industrializados e que o real problema era a biental como educação política, estamos afirmando
concentração de riquezas e de consumo e não o cresci - que o que deve ser considerado prioritariamente na
mento da população (pobre). educação ambiental é a análise das relações políticas,
Os críticos enfatizavam que era necessário am- económicas, sociais e culturais entre a humanidade e a
pliar a distribuição justa e equitativa dos recursos natu- natureza e as relações entre os seres humanos, visando
rais (e dos alimentos) e dos bens culturais (educação) a superação dos mecanismos de controle e de domi-
necessários para a manutenção da vida com dignidade nação que impedem a participação livre, consciente e
em todo o mundo. Em outras palavras, o que se colo- democrática de todos.
cava era: é necessário entender que o problema está no A educação ambiental como educação política
excessivo consumo desses recursos por uma pequena está comprometida com a ampliação da cidadania, da
parcela da humanidade e no desperdício e produção de liberdade, da autonomia e da intervenção direta dos
artigos inúteis e nefastos à qualidade de vida. cidadãos e das cidadãs na busca de soluções e alterna-
Outro argumento muito presente na educação tivas que permitam a convivência digna e voltada para
ambiental nas suas primeiras décadas era a de relacio- o bem comum.
ná-la, prioritariamente, com a proteção e a conserva- Pensar as nossas relações cotidianas com os
ção de espécies animais e vegetais. Nesse sentido, a outros seres humanos e espécies animais e vegetais e
educação ambiental estava muito próxima da ecologia procurar alter á- las (nos casos negativos) ou ampliá- las
biológica, sem que ela tivesse de se preocupar com os (nos casos positivos) numa perspectiva que garanta a
problemas sociais e políticos que provocavam esta situ- possibilidade de se viver dignamente é um processo
ação de desaparecimento de espécies. (pedagógico e político) fundamental e que caracteriza
No sentido contrário afirmamos que a educação essa perspectiva de educação.
ambiental não deve estar relacionada apenas com os Dessa forma, o componente “reflexivo ” da e
aspectos biológicos da vida, ou seja, não se trata ape- na educação ambiental é tão importante quanto os
14 Alurcoi Nn çnla O que é educa ção ambiental 15
elementos “participativos ' (estimulai i p. w M< ipaç ao danças no mundo, ela tende a questionar as opções po-
comunitária e / ou coletiva para a busca de solução e líticas atuais (mesmo as consideradas de “ esquerda")
alternativas aos problemas cotidiano . ) ou " « ompoi la - e a própria educação escolar e extraescolar, quando
mentais ” (mudança de comportamentos individuais e preocupadas em transmitir conteúdos científicos que
coletivos viciados e nocivos ao bem comum) ter ão utilidade apenas para os concursos e exames.
A educação ambiental deve procuiai favorecer A educação ambiental como educação política
e estimular possibilidades de se estabelecei coletiva- é por princípio: questionadora das certezas absolutas
mente uma " nova aliança ' (entre os sere - , humanos e e dogmáticas; é criativa, pois busca desenvolver me-
a natureza e entre nós mesmos) que possibilite a todas todologias e temáticas que possibilitem descobertas e
as espécies biológicas (inclusive a humana) a sua convi- vivências, é inovadora quando relaciona os conteúdos
vência e sobrevivência com dignidade . e as temáticas ambientais com a vida cotidiana e esti-
Consideramos então que, com esses princípios mula o diálogo de conhecimentos científicos, étnicos e
básicos, a educação ambiental deve ser entendida como populares e diferentes manifestações artísticas; e críti-
educação política, no sentido de que ela reivindica e ca muito crítica, em relação aos discursos e às práticas
prepara os cidadãos e as cidadãs para exigir e construir que desconsideram a capacidade de discernimento e de
uma sociedade com justiç a social , cidadanias (nacional intervenção das pessoas e dos grupos independentes
e planetária) , autogestão e é tica nas relações sociais e e distantes dos dogmas políticos, religiosos, culturais e
com a natureza. sociais e da falta de ética.
A afirmativa de que a educação ambiental é uma A ética ocupa um papel de importância funda-
educação política está profundamente relacionada com mental na educação ambiental e vários autores bra-
*
o pensamento pedagógico de Paulo Freire , principal- sileiros e estrangeiros têm se dedicado a estudá-la. E
mente nos seus últimos escritos, como os livros Peda- sempre muito dif ícil definir o que é é tica ou ensiná-la,
gogia da autonomia (São Paulo: Paz e Terra , 1997 ) e Pe- mas podemos identificar a sua presença ou a sua ausên-
dagogia da indignação (São Paulo: Unesp, 2000) . cia. Não podemos também transformar a reivindicação
A educação ambiental como educação polí tica por é tica numa lista de preceitos morais, uma lista de
enfatiza antes a questão “por que ” fazer do que "como” “mandamentos ” a serem seguidos. Mas acredito que
fazer. Considerando que a educação ambiental surge e todos os educadores e todas as educadoras ambientais
se consolida num momento histórico de grandes mu- estão colaborando com a ampliação da compreensão
16 Marcos Rei&ota O que é educaçã o ambiental 17
da é tica e da sua presença na vida cotidiana quando Com base no pensamento político, filosófico, cul-
enfatizam a necessidade de respeito a todas as formas tural e pedagógico contempor âneo, que caracteriza a
de vida, quando estimulam a igualdade e o respeito às educação ambiental como educação política, podemos
diferenças étnicas, culturais e sexuais e ao se posicio- afirmar que não há nada de natural na competição (ou
narem contrários a todo tipo de corrupção, privilégios competitividade) , oportunismo, má-fé , ganância e ou-
e violência, principalmente quando, para isso, se utiliza tros termos que na vida cotidiana possibilitam a perma-
do dinheiro e dos espaç os públicos (escolas, universida- nência de privilégios de poucos.
des, instituições do governo etc.) . Por mais apuradas que sejam as pesquisas sobre o
O ser humano contempor âneo vive profundas c ódigo gené tico humano ainda não se conseguiu provar
dicotomias. Dificilmente se considera um elemento da que esses comportamentos encontram-se aí “natural-
natureza, mas um ser à parte, como um observador mente ” explicados. Desse modo, “ querer levar vanta-
e / ou explorador dela. Esse distanciamento da huma- gem ” é um comportamento social, cultural e político
nidade em relação à natureza fundamenta as ações que precisa ser profundamente questionado e superado
humanas tidas como racionais, mas cujas graves con- para que a convivência entre os diferentes possa se dar
sequências exigem, neste início de século, respostas de forma não violenta e menos agressiva.
pedagógicas e políticas concretas para acabar com o A educação ambiental crítica está, dessa forma,
predomínio do antropocentrismo (argumento de que o impregnada da utopia de mudar radicalmente as rela-
ser humano é o ser vivo mais importante do universo e ções que conhecemos hoje, sejam elas entre a humani-
que todos os outros seres vivos têm a única finalidade dade, sejam elas entre a humanidade e a natureza.
de servi-lo) . Desconstruir essa noção antropoc êntrica Voltemos um pouco aos aspectos políticos da
é um dos princípios éticos da educação ambiental. educação ambiental. Desde o seu início, temos insisti-
Nas relações sociais cotidianas e na polí tica bra- do que é absolutamente vital que os cidadãos e as cida-
sileira verificamos que a ética está muito pouco presen- dãs do mundo participem para que se tomem medidas
te. A possibilidade de se levar vantagem em qualquer de apoio a um tipo de crescimento económico que não
situação é o cliché básico predominante , e em muitas tenha repercussões nocivas sobre a população e que
ocasiões isso é entendido como natural , ou seja , que o não deteriore suas condições de vida. Geralmente, o
mats forte e esperto deve mesmo prevalecer diante do modelo económico capitalista de produção intensiva e
mais fraco e pacato. desenfreada enfatiza que possibilitará melhor “ qualida-
18 Marcos Reigota O que é educação ambiental 19
.
de de vida ” e ‘‘ mais emprego " par » lodos Mas ser á isso direitos e deveres. Tendo consciência e conhecimento
mesmo verdade ? Afinal, o que é mesmo "qualidade de da problemática global e atuando na sua comunidade e
vida ” ? Para os interessados em encontrar algumas res- vice-versa haverá uma mudança na vida cotidiana que ,
postas a essa última quest ão sugiro que procurem os se não é de resultados imediatos, visíveis, também não
trabalhos da professora da Faculdade de Saúde Pública será sem efeitos concretos.
da USP Maria Cec ília Focesi Pelícioni . Os problemas ambientais foram criados por ho-
Observe que, no parágrafo acima, enfatizamos mens e mulheres e deles vir ão às soluções. Estas não
a expressão " cidadão e cidadã do mundo ” e a impor- serão obras de gênios, de políticos ou tecnocratas, mas
tância de sua participação na definição de um projeto sim de cidadãos e cidadãs.
económico, portanto polí tico. A educação ambiental
deve orientar-se para a comunidade, para que ela possa
definir quais são os critérios, os problemas e as alter-
nativas, mas sem se esquecer de que dificilmente essa
comunidade vive isolada. Ela está no mundo, receben-
do influências diversas e também influenciando outras
comunidades, num fluxo contínuo e recíproco. Assim,
a educação ambiental entra nesse contexto para auxi-
liar e incentivar o cidadão e a cidadã a participarem da
resolução dos problemas e da busca de alternativas no
seu cotidiano de realidades específicas.
“ Os cidadãos e cidadãs do mundo " , atuando
nas
suas comunidades, é a proposta traduzida na frase mui-
to usada nos meios ambientalistas : “ Pensamento global
e ação local, ação global e pensamento local " .
Claro que educação ambiental por si só não resol-
ver á os complexos problemas ambientais planet ários.
No entanto, ela pode influir decisivamente para isso,
quando forma cidadãos e cidadãs conscientes dos seus
HISTóRIA DA EDUCAÇÃ O AMBIENTAL
Esse levantamento nobre n hmbVin locíil ou re- aos projetos a longo termo e foi alvo de muitas críticas,
gional da educação ambiental | • i f r i t a lembran - principalmente dos latino-americanos, que liam nas en-
do, como enfatizou Paulo I mu que '
sujeitos trelinhas desse livro a indicação de que, para se conser-
da história " , mesmo qu» .
ujnit • , sejam anónimos var o padrão de consumo dos países industrializados,
e desconhecidos do gt ui ule |nil i|j< net |u< , t ItistcSria não era necessário controlar o crescimento da população
.. .
é apenas um conjunto lineai d< dni v hm >i » r eventos.
Dito isso, podemos então passar aos eventos que são
nos países pobres.
Um dos méritos dos debates das conclusões do
os mais conhecidos e que possibilitaram a difusão e a Clube de Roma foi colocar o problema ambiental em
legitimação internacional da educnç ao ambiental nível planetário, e como consequência disso, a Orga-
Em 1968 foi realizada em Roma uma reunião de nização das Nações Unidas realizou em 1972, em Es-
cientistas dos países industrializados p a t a \ e discutir o tocolmo, Suécia, a Primeira Confer ência Mundial de
consumo e as reservas de recursos naturais nào - reno- Meio Ambiente Humano.
váveis e o crescimento da população mundial at é o sé - O grande tema em discussão nessa conferência
culo XXI. foi a poluição ocasionada principalmente pelas indús-
As conclusões do Clube de Roma deixaram clara trias. O Brasil e a India, que viviam na época “ milagres
a necessidade urgente de se buscar meios para a < onser- económicos ” , defenderam a ideia de que “ a poluição é
vação dos recursos naturais e controlai o crescimento o preço que se paga pelo progresso ” .
da população, além de se investir numa mudança i radi- Com essa posição oficial, o Brasil e a í ndia abriram
cal na mentalidade de consumo e de procriação as portas para a instalação de indústrias multinacionais
Seus participantes observaram que : " O homem poluidoras, impedidas ou com dificuldades de continu-
deve examinar a si próprio, seus objetivos e valores. O arem operando nas mesmas condições que operavam
ponto essencial da questão não é somente a sobrevi- em seus respectivos países.
vência da espécie humana, por ém , ainda mais a sua Essa atitude não será sem consequências e os re-
possibilidade de sobreviver sem cair em um estado inú- sultados se far ão sentir nos anos que vir ão. No Brasil,
til de existência ” . que na época vivia sob uma ditadura militar, o “ exem-
Essa reunião originou o livro Limites do cresci- plo ” clássico é Cubatão, onde, devido à grande concen-
mento ( São Paulo: Perspectiva, 1978) , que foi durante tração de poluição química, crianças nasceram ac éfalas;
r
muitos anos uma referência internacional às políticas e na India, o acidente de Bophal, ocorrido numa indústria
24 Moran AVi|fo /u O que é educação ambiental 25
química multinacional que operava sem a *, medidas de
mos então considerar que aí surge o que se convencio-
dade, ao debate, à pesquisa e à participação de todos. Os PCN receberam muitas críticas e adesões,
Outro aspecto consensual sobre a educação am- - -i s a s principais críticas partiram dos mais reno-
biental é que não há limite de idade para os seus estu- ò: S pesquisadores e pesquisadoras do Brasil , princi-
dantes. Ela tem a característica de ser uma educação e de especialistas em currículo como, entre ou-
*
permanente , dinâmica, diferenciando- se apenas no que - Antonio Ft ávio Nogueira, Marisa Vorreber Costa,
diz respeito ao seu conteúdo, à temática e à metodolo- àã - ves, Regina Leite Garcia, Silvio Gallo e Tomaz
gia, pois o processo pedagógico precisa estar adequado tore- - ca Silva.
às faixas etárias a que se destina. Essas críticas estavam pautadas nos aspectos
Procurarei enfatizar aqui a educação ambiental fccos e pedagógicos dos PCN, que foram apresen-
nas escolas de ensino básico e fundamental, embora s:; à sociedade brasileira como oriundos da expe-
muitos dos seus aspectos possam ser utilizados e adap- tei da reforma curricular espanhola , com forte
26 Mat eon O que é educa çã o ambiental 27
educação ambiental) e os trata * los elaborados pela so- outros, o fracasso da Rio+ 10 está relacionado com o
ciedade civil , como o Iratado .olm » 1 duração Am- pr óprio fracasso das Nações Unidas, “prisioneira ” dos
biental para as Sociedades Sustent á veis interesses das grandes potências, principalmente dos
Em 2002 , foi realizada em Johannesburgo na Estados Unidos. De qualquer forma, com essas con-
.
Á frica do Sul , a Confer ê ncia * las Nai iVs I Jnulas para o ferências a educação ambiental esteve presente nos
Desenvolvimento Sustent á vel (compair as mudanças discursos e nos documentos, mas principalmente se
dos nomes com as conferem ias d» I stocolmo c do Rio fez presente por meio das ações concretas de muitas
de Janeiro) . pessoas, cidadãos e cidadãs do mundo, em diferentes
Essa Confer ência que ficou conhecida como regiões do planeta.
Rio+ 10, tinha como objetivo avaliai as aplicações e A Unesco foi o organismo da ONU responsável
progressos das diretrizes estipuladas no Rio de Janeiro. pela divulgação dessa nova perspectiva educativa, e
Realizada num momento de grande tensão internacio- desde os anos 1970 realizou vários seminários regionais
nal , logo após o atentado de II de setembro e, poucos em todos continentes, procurando estabelecer os seus
meses antes da invasão americana no Itaque , essa reu- fundamentos.
nião foi considerada um fracasso por uns e por outros A partir desses seminários, um grande número
uma possibilidade de encontros, debates c elaboração de textos, artigos e livros foram publicados pela Unesco
de estratégias comuns, apesar do descr édito público em diversas línguas.
das Nações Unidas. Os principais seminários realizados por essa insti-
A Rio+ 10 teve o mérito de possibilitar aos cida- tuição estão inseridos na história da educação ambien-
dãos e cidadãs do continente africano uma participa- tal e precisam ser destacados.
ção ativa, expondo as mazelas em que vivem, como as Um deles foi realizado em Belgrado, na então lu-
inúmeras guerras civis, o imenso número de pessoas goslávia, em 1975 , e contou com a presença de especia-
contaminadas com o HIV, a poluição da á gua e do ar, o listas em educação, biologia, geografia e história, entre
analfabetismo e a pobreza extrema de grande parte da outros, seminário no qual foram definidos os objetivos
população. da educação ambiental, publicados no documento que
Para muitos analistas, a Rio + 10 foi um Iracasso se convencionou chamar de A Carta de Belgrado.
por não ter possibilitado o avanço efetivo das diretri- Alguns anos depois foi realizado em Tbilissi, na
zes e promessas apresentadas no Rio de Janeiro. Para Georgia (ex-URSS) , em 1977, o Primeiro Congresso
42 Marcos Reigota O que è educação ambiental 43
influência da pedagogia cognitivista conhecida como - r.dusão do tema Meio Ambiente nos PCN
Escola de Barcelona. o cru uma fecunda discussão entre os educado-
Um dos principais argumentos dos críticos aos * sr ecucadoras ambientais no Brasil.
PCN era o da impossibilidade de se definir um currículo As educadoras e os educadores mais familiariza-
nacional em um país com a diversidade social, político, H : s argumentos pedagógicos e políticos con-
cultural e ecológica como o Brasil. i qualquer tentativa de normatização ou pa-
Com a inclusão do tema Meio Ambiente nos H cumcular se situaram entre os críticos aos
PCN, houve uma substituição quase automática de I
terminologia. Muitos passaram a considerar que a edu- As educadoras e os educadores que têm uma
cação ambiental havia, enfim, se tornado oficial. Uma H -is pragmática os receberam positivamente e
outra foi a de considerar transversalidade como sinó- eararr. de sua difusão. A outra parcela procurou
nimo de interdisciplinaridade. Esses dois conceitos são H as ccsições críticas no sentido de ampliá-los e
bem diferentes e implicam práticas pedagógicas com
características diferentes. Numa breve explicação po-
_ cue precisa ser levado em consideração nessa
demos dizer que uma pr ática pedagógica interdisciplinar fctssãc é que. com todos os contras e as adesões, os
trabalha com o diálogo de conhecimentos disciplinares CN"arcaram a história da educação ambiental bra-
e que a transversalidade, pelo menos como foi definida jpKi = r cem possível que novas gerações de educado-
pelos precursores, entre eles Félix Guatarri, não des- ra armadoras ambientais tenham sido formadas sob
considera a importância de nenhum conhecimento, I Hirruência. Quando integrantes dessas gerações,
mas rompe com a ideia de que os conhecimentos sejam rí~e : ze pesquisas, publicações e depoimentos pú-
disciplinares e que são válidos apenas os conhecimenI - rxruserem as influências (positivas ou negati-
tos científicos. H receberam pelos PCN e pelas contribuições
Concordamos que meio ambiente é um tema cue eles trouxeram às suas práticas pedagó-
transversal que pode e deve ser abordado sob diversos e crcervenções cidadãs, poderemos ter acesso a
ângulos e conhecimentos científicos e culturais na es- 2c e idesões com maior diversidade de enfoques
Internacional de Educação Ambiental da Unesco, onde Esse livro fornece subsídios temáticos para a
foram apresentados os trabalhos que estavam sendo Confer ência das Nações Unidas realizada no Rio de
realizados em vários países. Janeiro em 1992. E a partir desse livro que a noção de
Dez anos depois, foi realizado em Moscou o Se- desenvolvimento sustentável se torna mais conhecida.
gundo Congresso Internacional de Educação Ambien- Nesse livro também se enfatiza a importância da edu-
tal da Unesco. Nessa época, a então União Soviética cação ambiental para a solução dos problemas e busca
vivia o início da perestroika e da glasnost , que culminou de alternativas.
com o fim do regime socialista e a separação das di- Nos vinte anos que se passaram , entre as con-
versas repúblicas que compunham aquele país, e temas ferências mundiais de Estocolmo e do Rio de Janeiro
como desarmamento, acordos de paz entre URSS e houve uma consider ável mudança na noção de meio
os Estados Unidos, democracia e liberdade de opinião ambiente. Na primeira se pensava basicamente na
permeavam as discussões dos presentes. relação do ser humano com a natureza; na segunda,
Muitos especialistas presentes nesse encontro o enfoque é pautado pela ideia de desenvolvimento
de Moscou consideravam inútil falar em educação am- económico, dito sustentável, ideia que se consolida na
biental e em formação de cidadãos enquanto vários Conferência de Johannesburgo.
paí ses (incluindo o anfitrião) continuavam a produzir Essa mudança se far á sentir nos discursos, nos
armas nucleares e a viver sob regimes totalitários que projetos e nas práticas diversas de educação ambiental
impediam a participação dos cidadãos e das cidadãs nas que surgiram desde então em todo o mundo. Da mes-
decisões políticas. ma maneira, provocará reações contrárias de grupos e
Nesse mesmo período, a pnmeira-ministra no- de educadores e educadoras ambientais, principalmen-
rueguesa, Gro Harlem Brundtland, patrocinou reuni- te dos que atuam na América Latina.
ões em várias cidades do mundo, incluindo São Paulo, Se por um lado temos uma grande variedade de
para se discutir os problemas ambientais e as soluções práticas que se autodefinem como “educação ambien-
encontradas após a confer ência das Nações Unidas re- tal ” , mostrando a sua criatividade e importância, por
alizada em Estocolmo em 1972 . outro temos práticas muito simples que refletem inge-
As conclusões dessas reuniões foram publicadas nuidade, oportunidade, confusão teórica e política.
em várias línguas, no livro Nosso
futuro comum , tam- Nos últimos anos temos observado um forte mo-
bém conhecido como Relatório Brundtland. vimento patrocinado pela Unesco e por grandes ONGs
44 Marcos Reigota O que é educaçã o ambiental 45
escola foi um momento histórico importante, cujos re- A r òucação ambiental, como perspectiva educa-
sultados e análises mais detalhadas e aprofundadas pre- scoe estar presente em todas as disciplinas quando
cisam ser apresentados, mostrando assim ser também s 'emas que permitam enfocar as relações entre a
um campo fértil para pesquisas de trabalhos de conclu- e o meio natural e as relações sociais, sem
são de curso nas licenciaturas, monografias de espe- ir 3e íado as suas especificidades.
cialização e também como dissertações de mestrado e Ccno exemplo, vejamos o relato de uma profes-
teses de doutorado. 3
- ir aulo, que me foi dado em 1988 .
Ouvimos com frequência, principalmente dos
políticos apressados, que o ensino de ecologia deve ser as aulas , visitamos uma pedreira perto da escola
,
disciplina obrigatória nos currículos. Há também mui- c - iunos podem observar o mal que a poeira faz à saúde
tos professores e professoras e militantes ambientalis- as coe-ános e analisar uma das principais fontes de polui-
tas que concordam com essa ideia e sempre que possí- rc ar no bairro. Realizamos um levantamento histórico
os alunos possam proteger o meio ambiente ” . Trata- se. -ma modificação fundamental na pr ópria con-
efetivamente, de um argumento que deve ser respeita-
. ze educação, provoca mesmo uma revolução
do, mas não há nenhum indício empírico de que o ensi- es - Na reunião da Sociedade Brasileira para
no de ecologia por si só, estimula os alunos a "protege-
Prc-vreiso da Ciência, de 1992 , alguns professores
Bcmaram que a educação ambiental estimulou nos
rem ” o meio ambiente.
Já argumentei aqui que ensino de ecologia e edu- grande interesse pelos temas abordados e
imcica ção nas atividades propostas, elevando consi-
cação ambiental são diferentes, no entanto, é muito |
comum serem vistos como sinónimos. Embora a ecolo- mente o nível de aprendizagem . Outros comen-
da que a história, o portuguê s, a geografia, a educação Bcaa mas também na comunidade. Provavelmente,
íf sica, as artes em geral etc. lfc»E£ afirmativa e constatação tenha sido verifi-
30 Marcos Reigota O que é educaçã o ambiental 31
internacionais, que pretendem modificar o nome de perspectiva pedagógica e política tem aglutinado mili-
educação ambiental para “ educação para o desenvol- tantes, educadores e educadoras, professores e profes-
vimento sustentável ” . Esse movimento inicial de mu- soras conquistado espaço nos órgãos públicos, univer-
dança de nome foi um dos temas mais polêmicos da sidades e movimentos sociais. Ao mantermo-nos fiéis
Confer ência Internacional da Unesco sobre Meio Am- à denominação educação ambiental não abdicamos de
biente e Sociedade: Educação e Consciência Pública nossa história para abraç ar outra, da qual seríamos ape-
para a Sustentabilidade, ocorrida em 1997 em Thessa- nas receptores e não sujeitos.
loniki, na Gr écia, e se concretiza 10 anos depois, nos 30
anos da Carta de Tbilissi, ocorrida na India. Mas nesse
momento a divisão entre os colegas e as colegas e as
instituições favoráveis e contrários à mudança da de
-
nominação educação ambiental para educação para o
desenvolvimento sustentável já estava acirrada.
Pelo menos, entre os educadores e as educadoras
latino-americanos há uma forte resistência a essa mu-
danç a. Consideramos que a educação ambiental tem
conseguido nesses últimos 30 anos abordar uma série
de problemas e possibilitado a organização de grupos
sociais para enfrentá-los e buscar soluções. Considera-
mos também que a discussão e a busca de alternativas
aos modelos de desenvolvimento são extremamente
importantes, mas não consideramos os aspectos pu-
ramente económicos como a dimensão privilegiada
de qualquer projeto de desenvolvimento (mesmo dito
“ sustentável " ) e muito menos o tema central do
pro-
cesso educativo.
Por outro lado, é com a denominação educação
ambiental que no Brasil e na América Latina que essa
46 Marcos Reigota O que é educaçã o ambiental 47
ção que avalia as nossas pr áticas pedagógicas e o que c ; i. jnas, e o público em geral, a educação ambien-
elas estimulam nos nossos alunos e alunas, segundo Ú se pode ser feita quando se sai da sala de aula e se
eles e elas. No momento histórico em que a educação pea a natureza in loco . Essa é uma atividade peda-
ambiental já é bem conhecida, é também interessante fcca ': ca de possibilidades, mas se corre o risco de
observar as resistências que provoca e recebe de todas como única atividade possível, quando é apenas
as pessoas que (ainda) não têm nenhum interesse não as uma.
só pelos problemas e pelas questões ambientais e muito z sempre muito agradável poder passar algumas
menos pela participação política por meio de interven- Tas estudando ou fazendo atividades em parques e
ções cidadãs. .
Osr- -^s ecológicos, jardins botânicos, ou em qualquer
Com a educação ambiental, a tradicional sepa- nco nos seus aspectos naturais e / ou culturais,
ração entre as disciplinas, humanas, exatas e naturais, f No entanto, a natureza conservada não deve ser
perde sentido, já que o que se busca é o diálogo de to- p’ese^.tada como modelo, já que o que existe no coti-
das elas para encontrar alternativas e solução dos pro- e-.zre a sociedade e a natureza é uma relação de
blemas ambientais. cr anente transformação de ambos,
Na educação ambiental escolar deve-se enfatizar
o estudo do meio ambiente onde vive o aluno e a aluna.
f CLaro que devemos preservar determinados lo-
is ãe teresse ecológico, histórico e artístico, conhe-
'
da água e do ar. o crescimento da população, a rede dei a conservação da natureza. Essas atividades
saneamento básico, entre tantos outros temas. - seu valor, mas se não abordam os aspectos po-
O importante é incluir nas atividades de educa- H
ção ambiental a temática pr ó xima ou distante (geogra- B
ficamente) relacionada com o cotidiano das pessoasl
^^ económicos, culturais e sociais, não podem ser
:-- ' iàos educação ambiental, mas sim ensino de
e ou ecologia, em que, na maioria das vezes,
34 Man of Rtigaia O que é educação ambiental 35
militante político (ecologista) « * também nu relação ao cósmico, geogr áfico,í fsico e o meio social com as suas
termo meio ambiente. instituições, sua cultura, seus valores ”.
Esse termo est á constantemmte presente nos Esses três exemplos de definição de meio am-
meios de comunicação de massa , no disc urso dos po- biente, originados nos meios científicos e que estão
líticos e dos militantes " verdes ” , nos livros didáticos, longe de terminarem aqui, mostram a variedade de sua
nas artes plásticas, na música , no cinema , no teatro compreensão. Outras definições dadas por cientistas,
etc. Mas o que se entendi' por meio ambiente ? Como artistas, militantes, também podem ser identificadas. O
importante é considerar que elas são muitas e variadas.
o definimos ?
Definições de meio ambiente relacionadas com a diver-
As definições podem ser as mais variadas possí-
sidade cultural e étnica também são muito importantes.
veis, dependendo das nossas fontes de consulta. Entre
Será que há diferença nas definições de meio ambiente
as primeiras definições que encontramos, originadas
dadas por pessoas de grupos culturais e é tnicos vivendo
nos anos 1970 e 1980 , temos a do geógrafo francês por exemplo em Hiroshima ou no interior da floresta
Pierre Jorge que o define como: Amazônica?
Provavelmente, você , leitor ou leitora, deve ter
ao mesmo tempo o meio é um sistema de relações onde a
a sua pr ópria definição, cujas características estão in-
existência e a conservação de uma espécie são subordinados
fluenciadas pelos seus interesses, pelas suas convicções
aos equilíbrios entre processos destrutores e regeneradores
e por seus conhecimentos científicos, políticos, filosófi-
e seu meio - o meio ambiente c o conjunto de dados fixos cos, religiosos, profissionais etc.
e de equilíbrios de for ças concorrentes que condicionam a Para que possamos realizar a educação ambien-
vida de um grupo biológico. tal, considero que é necessário, antes de mais nada, co-
nhecermos as definições de meio ambiente das pessoas
Para o ecólogo belga Duvigneaud , " é evidente
envolvidas na atividade. Será que a definição de meio
que meio ambiente é composto por dois aspectos: I ) ambiente das pessoas que participam da mesma ativi-
o meio ambiente abiótico í f sico e químico e 2) o meio dade são iguais ? Quais são os pontos comuns e diferen-
ambiente biótico ” . tes entre as definições encontradas num mesmo grupo
Para o psicólogo Silliamy, meio ambiente " é o que de pessoas? Até que ponto as definições das pessoas se
cerca um indivíduo ou um grupo, englobando o meio aproximam ou se diferenciam da sua?
50 Marcos Reigota O que é educação ambiental 51
o homem (geralmente se esquecem da mulher) é apre- : iracterizado pela visão biologizante da sociedade e
sentado como um elemento a mais na cadeia de ener- dos seres humanos.
gia, ou, ainda, como o vilão da história. Como se todos Em síntese, estou afirmando que o professor e a
os males causados ao meio ambiente fosse de respon- r ^ofessora podem educar (e educar-se) ambientalmen-
sabilidade do " homem ” em geral, sem diferenciação al - te em qualquer lugar.
guma entre nós. Para melhor explicitar o que é, então, educação
Há grandes e significativas diferenças entre, por ambiental, na escola ou fora dela, creio ser necessário
um lado, uma pessoa que extrai da natureza apenas o ãcordar os seus objetivos específicos, os conteúdos, os
necessário para se alimentar e alimentar a sua família, ~etodos e o processo de avaliação dos alunos, o que
entre um agricultor ou agricultora que não utiliza agro- .e'á feito nos pr óximos itens.
Assim, para podei expor com mau olnre /.a a mi- da delas nem da história, da literatura, da matemática,
nha proposta de educação . tmbienlal mrno * < locação daíf sica, da química etc.
.
política, considero inevit ável ipiv - .rntm a definição de O processo pedagógico da educação ambiental
meio ambiente que a sustenta r qu« - » dilerente das como educação política enfatiza a necessidade de se
apresentadas anteriormente I labom t\ definição de dialogar sobre e com as mais diversas definições exis-
meio ambiente em 1988 quando realizava meus estu- tentes, para que o pr óprio grupo (alunos e alunas e
dos de doutorado na Universidade Cat ólica de Lou- professores e professoras) possam construir juntos
vain, Bélgica. uma definição que seja a mais adequada para se abor-
Essa definição tem sido usada, ainda hoje, por vá- dar a problemática que se quer conhecer e, se possí-
rios e várias colegas. Eu pergunto - lhe -, se essa definição vel, resolver.
não envelheceu, ou se precisa ser ampliada ou modifi-
cada. Até o momento não registrei nenhuma respos-
ta negativa , motivo pelo qual vou deixa la aqui como
apareceu na primeira edição deste livro, mas observe,
prezado leitor e prezada leitora , que a definição a seguir
tem pelo menos 20 anos.
Defino meio ambiente como: um lugar determi-
nado e / ou percebido onde estão em relação dinâmica e
em constante interação os aspectos naturais e sociais.
Essas relações acarretam processos de criação cultu-
ral e tecnológica e processos históricos e polí ticos de
transformações da natureza e da sociedade.
Podemos comparar essa definição de meio am-
biente com as anteriores e observar que na minha defi-
nição meio ambiente não é visto apenas como sinónimo
de meio natural. Raz ão pela qual parto do princípio de
que educação ambiental não é sinónimo de ensino de
ecologia, biologia ou de geografia, embora não prescin-
OBJETIVOS DA EDUCA çãO AMBIENTAL
I. Conscientização
Levar os indivíduos e os grupos associados a toma-
rem consciência do meio ambiente global e de problemas
:onexos e de se mostrarem sensíveis aos mesmos.
Coment ário:
“ Conscientizar ” significa que a educação am-
biental deve procurar chamar a atenção para os proble-
mas planetários que afetam a todos, pois a camada de
;z ônio, o desmatamento da Amaz ônia, as armas nu-
assm os especialistas bloqueiam e / ou negam aos lei- Os organismos da ONU como a Unesco e o Pnud
gc; um direito cívico básico que é a possibilidade de são os mais conhecidos internacionalmente, mega
.
a a ação sobre temas complexos e polêmicos. ONGs como o WWF IUCN ou movimentos como o
A capacidade de avaliação que cada um adquire Greenpeace e Amigos da Terra estão presentes em vá-
oc-' rr.eso da educação ambiental permite ou impede que rios países. No Brasil foi criado o Ministério do Meio
proretos sejam efetuados. A educação ambiental pro- Ambiente e todos os Estados e as inúmeras prefeituras
cura traduzir " e discutir a linguagem técnico-científica possuem suas secretarias de meio ambiente. As uni-
ce cm etos duvidosos para a compreensão de todos. versidades e os institutos de pesquisa acompanharam
esse movimento de institucionalização no qual é possí-
VI . Participação vel observar que a educação ambiental é quase sempre
Levar os indivíduos e os grupos a perceber suas lembrada como um componente central.
'eioonsabilidades e necessidades de ação imediata para
A ampliação da discussão, da difusão e da influ-
a solução dos problemas ambientais. ência da educação ambiental tende também a ampliar
Procurar estimular nas pessoas o desejo de parti- os objetivos definidos na Carta de Belgrado. Vários do-
crpar na construção de sua cidadania. Fazer com que as cumentos como a Agenda XXI, Tratado de Educação
oessoas entendam a responsabilidade, os direitos e os Ambiental para as Sociedades Sustentáveis, Carta da
Deveres que todos têm numa sociedade democrática. ierra, e a Carta das Responsabilidades Humanas tra-
zem elementos novos e aprofundam os objetivos ini-
Coment ário:
Os objetivos definidos na Carta de Belgrado em ciais da educação ambiental. Tudo isso é resultado de
. 975 são históricos e precisam ser contextualizados.
mtensa participação de cidadãos e de cidadãs em todo
Vudanças políticas, sociais, culturais e educacionais ra- o mundo, que, além de darem visibilidade à educação
z za. s ocorreram nesses últimas décadas. As questões
.
ambiental, ampliaram os seus objetivos iniciais. Na De-
ecológicas passaram a ser um componente fundamen- claração do Rio, elaborada na Confer ência das Nações
ta em todos eles. Noções de meio ambiente possibili- Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento em
taram a instituição da temática em vários níveis: inter- 992 , foram definidos 27 princípios de ação, entre eles,
nacional. nacional , estadual e local. encontram-se os seguintes:
Marcos Reigota O que é educaçã o ambiental 61
oC
Princí pio das responsabilidades comuns , mas dife- adiar a adoção de medidas efetivas visando prevenir a
degradação do meio ambiente.
Os Estados devem atuar no sentido de coopera-
4) Princípio de participação e exigência de bom governo.
te mundial tendo em vista conservar, proteger e resta- A melhor forma de abordar as questões de meio
ze -ecer a saúde e a integridade do ecossistema terres-
tre Considerando os diferentes papé is representados
ambiente é garantir a participa ção de todos os cidadãos
e cidadãs interessados em n ível adequado. No n ível na-
-a ceg -adação do meio ambiente mundial , os Estados
têm responsabilidades comuns mas diferenciadas. Os cional , cada indiv íduo deve ter assegurado acesso à s in -
ca >es desenvolvidos admitem a responsabilidade que
formações relativas ao meio ambiente que possuem as
~ es cabe no esforço internacional em favor do desen - autoridades p ú blicas, inclusive às informações relativas
c . mento sustentado, considerando a pressão que às substâ ncias tóxicas e às atividades perigosas em sua
i as sociedades exercem sobre o meio ambiente mun -
comunidade , e ter a possibilidade de participar aos pro-
- cessos de tomada de decisão.
ia- e as t écnicas e recursos financeiros que possuem .
Os Estados devem facilitar e estimular a sensibi -
2 Princípio da equidade intra e intergerações na satis- lização e a participação do pú blico disponibilizando as
fação ao direito ao desenvolvimento. informações. Uma possibilidade efetiva de ações judi-
ciá rias e administrativas, principalmente a de indeniza-
O direito ao desenvolvimento deve ser realizado
ções e de recursos, deve ser assegurada .
re forma que satisfaça equitativamente as necessida-
des relativas ao desenvolvimento e ao meio ambiente
das gerações atuais e futuras.
ia nuclear, produ-
do lixo doméstico e industrial, energ
ção armamentista etc.
transmissão
A educação ambiental não prioriza a
disciplina ou área
de conceitos específicos de nenhuma
conceitos básicos
de conhecimento. No entanto, alguns
originados da biologia ou da geografia
, como ecossiste- METODOLOGIAS DA EDUCAçãO AMBIENTAL
ma, hábitat, nicho ecológico
, fòtossíntese, cadeia ali-
mentar, cadeia de energia, territ
ório, espaço etc., devem
pelos alunos e pelas
ser construídos e compreendidos
alunas e não decorados e repetidos autom
aticamente.
poderiam
Os conceitos científicos citados, que Muitos são os métodos possíveis para a realiza-
ser outros oferecidos por outras
áreas de conhecimen- ção da educação ambiental. O mais adequado é que
to, têm como função fazer
o elo entre a ciência e a cada professor e professora estabeleça o seu e va ao
temática ambiental cotidiana
. Dessa forma, cada uma encontro das características de seus alunos e de suas
a sua contribuição
dessas áreas de conhecimento tem alunas. Se o professor ou a professora ainda não desen-
para dar à educação ambiental, princi
palmente quando volveu o seu próprio método, o mais indicado é entrar
ógicas os profes-
consegue envolver nas práticas pedag em contato com colegas que têm mais experiência e
sores e as professoras de biolog
ia, português, educa-
f si- constituir uma rede de intercâmbio.
, inglê s, educação í
ção artística, geografia , história Para determinado tema ambiental há diversas
ca, entre outros. possibilidades metodológicas. Algumas mais adequadas
procura pos-
O conteúdo da educação ambiental às condições específicas e às possibilidades concretas
es entre a ciência,
sibilitar ao aluno e à aluna as ligaçõ dos professores e das professoras, outras mais distantes
ões mais gerais, nem
as questões imediatas e as quest e inviáveis. Na escolha e na definição da metodologia
sempre próximas geográfica e cultur
almente. Tendo
, é necessário
de trabalho reside um dos aspectos que caracteriza a
sido escolhido o conteúdo a ser estudado criatividade e a autonomia do professor e da professora
utilizados; que
definir os métodos pedagógicos a serem diante dos desafios e das possibilidades que encontram
serão abordados no próximo item
.
cotidianamente.
66 Marcos Retgota O que é educação ambiental 67
As aulas expositivas não são muito recomenda- A educação ambiental que visa a participação do
das na educação ambiental, mas elas podem ser : dadão e da cidadã na solução dos problemas está mais
muito
importantes quando bem preparadas e quando c -óxima de metodologias que permitam questionar da-
deixam
espaço para os questionamentos e a participação tas e ideias sobre um tema específico, propor soluções
dos
alunos e das alunas. e apresentá-las publicamente.
Uma aula expositiva bem dada, mesmo conside Com metodologias que permitem e convidam à
-
rada tradicional, ainda é muito melhor do que as aulas carticipação, o aluno ou a aluna constrói e desenvolve
em que o professor e a professora se “
fantasiam ” de p'- ogressivamente o seu conhecimento e o seu compor-
estudante para conquistar a sua simpatia, impedindo tamento em relação ao tema junto com os colegas, as
assim que o aluno e a aluna entrem em contato com c ? egas, os professores, as professoras e seus familiares,
as
ideias, os conhecimentos, a experiência e o comporta :e acordo com a idade e a capacidade de assimilação e
-
mento de uma geração que não é a sua. de intervenção naquele momento de sua vida .
Para a realização da educação ambiental pode A metodologia participativa pressupõe que o pro-
-
mos empregar metodologias diferentes cesso pedagógico seja aberto, democrático e dialógico
entre si: a) só
o professor ou a professora fala não deixand entre os próprios alunos e alunas e entre os alunos e as
o espaço
e tempo para nenhuma outra intervenção que alunas e os professores e as professoras e a administra-
não seja
a sua. b) os alunos e as alunas fazem experiê ção da escola com a comunidade em que vivem, com a
ncias, tra-
balhos, discutem e apresentam suas conclusões e família e com a sociedade em geral .
difi-
culdades encontradas sobre o tema; c) os alunos e Vejamos um exemplo de metodologia participati-
as
alunas aprendem a definição de conceitos e descrev •a empregada relatado por uma professora de biologia
em
o que eles puderam observar, por exemplo, em São Paulo, nos anos 1980:
em uma ex -
cursão ou em um filme que assistiram; d) os alunos
e as Para a semana de ecologia, meus alunos realizaram entre-
alunas completam a descrição das observações e
das vistas com os velhos moradores do bairro, que conhecem
intervenções realizadas com os dados e as informaçõ
es a industrialização ali ocorrida. Eles nos contaram como era
e procuram responder a uma série de
questões e dúvi- antes e depois que as indústrias chegaram. Os alunos man-
das sobre o tema abordado.
tiveram também contatos com a associação de moradores
68 Marcos Reigota O que é educaçã o ambiental 69
\ a pesquisa que fiz para minha tese de douto- nas no estudo de um tema específico. Ele permite que
raoo. que procurava identificar as representações de cada um (individualmente ou em grupo) desenvolva o
~ e o ambiente e as práticas pedagógicas que incluíam tema proposto sob a sua ótica, interesse e especifici-
a educação ambiental na cidade de São Paulo, obtive o dade. Os pais participam contribuindo com a sua ex-
ceco mento de um professor de matemática, cuja pr á- periência e seu conhecimento sobre o tema. Os alunos
t ca pode ser apresentada como um exemplo da possi-
e as alunas se empenham em explorar particularidades
t cade oferecida pela metodologia de história de vida. que lhes interessam. Num mesmo ano letivo, a escola
E e dizia: pode desenvolver um tema geral, com vários subtemas,
Nós fizemos um levantamento dos problemas ambientais ligando-os ao conhecimento científico, popular, étnico
vividos pelos alunos e por seus pais, nos locais de trabalho, e ao cotidiano.
em casa, na escola. Nós analisamos esses problemas, com- Essa metodologia era pouco empregada no Bra-
parando-os e procurando observar as causas comuns e os sil quando escrevi a primeira versão deste livro. Hoje
efeitos particulares, procurando encontrar a solução para é possível verificar que muitas escolas a adotam com
alguns deles. resultados bastante positivos, principalmente quando
relacionados com as questões ambientais.
Por serem histórias individuais e / ou coletivas, que A pedagogia do projeto é uma metodologia (e
enfatizam as vivências, elas podem parecer fragmenta-
mesmo uma proposta educativa em si) que de forma
das mas, ao serem expostas e discutidas pelos alunos e
geral sintetiza todas as outras aqui abordadas, pois: a)
pelas alunas, permitem a compreensão, a identificação,
conta com os alunos e as alunas nas decisões (cogest ão
as modificações ocorridas e sentidas por eles e a busca
de soluções e respostas coletivas para as questões que
pedagógica) ; b) promove a busca de alternativas e de
eram vistas como questões individuais.
solução dos problemas como um processo de aprendi-
História de vida é uma metodologia pedagógi- zagem; c) utiliza o conhecimento coletivo e individual;
ca que permite empregar a criatividade e expressar a d) emprega a interdisciplinaridade ; e) utiliza a comuni-
compreensão de conceitos científicos e dos problemas dade como tema de aprendizagem.
ambientais em discussão. A educação ambiental, como já foi observado,
A pedagogia do projeto é um método que envol- tem estimulado a consolidação de uma concepção de se
ve toda a escola, incluindo os pais dos alunos e das alu- pensar e praticar a educação contemporânea, nas esco-
n Marcos Reigota
Assim, qualquer processo de avaliação é um mo- bilidades que um ou uma estudante encontra para se
mento extremamente delicado se realizado apenas pelo tornar cidadão ou cidadã.
professor e pela professora devido ao seu forte com- As representações, os erros e os acertos sobre
ponente subjetivo. Não se trata de avaliar os conheci- conceitos e conhecimentos científicos dos alunos e das
mentos científicos elaborados e / ou apreendidos pelos alunas, no entanto, podem estimular o diálogo entre eles
alunos e pelas alunas. e quem os avalia, e não provocar uma barreira intrans-
Embora essa aprendizagem seja importante, ponível entre estudantes e professores e professoras.
o processo de avaliação vai muito além dela. Como Para evitar o máximo possível a avaliação tradi-
podemos avaliar a compreensão do que é cidadania? cional e punitiva e estimular a reflexão e o diálogo, uma
Como os alunos e as alunas entendem e praticam essa alternativa é a autoavaliação. Não se trata de õ aluno
perspectiva política? Como se veem como cidadãos e ou a aluna se dar uma menção paira que seja aprovado.
lidadas ? Como se inserem em projetos e se associam Trata- se de um exercício reflexivo de como se deu seu
a movimentos e ações de intervenção, ali onde moram aprendizado, suas mudanças, suas possibilidades e suas
ou em locais distantes do seu espaç o cotidiano? dificuldades em atuar como cidadão ou cidadã diante
Na perspectiva da educação ambiental como do que vive, do que vê, do que considera injusto, re-
educação política a avaliação dos alunos e das alunas pressivo e ecologicamente inviável.
não é realizada para medir incapacidades ou incom- O processo de avaliação é o momento pedagógi-
petências, mas sim para permitir-lhes identificar o que co reservado para a manifestação do envolvimento do
precisam (ou não) explorar, conhecer, analisar e esco- aluno e da aluna com a sociedade. Momento em que
her para a busca de alternativas e interações que pos- podem relacionar o conhecimento adquirido e discuti-
sibilitem a solução dos problemas ambientais que iden- do nas pr áticas pedagógicas com o aprendizado trazido
tificam e que querem superar. de suas experiências individuais, familiares, culturais e
A avaliação tradicional , que busca identificar di- sociais. Em outras palavras, a avaliação proposta é o
ficuldades de aprendizagem, quando bem-feita, pode momento pedagógico no qual se pode verificar o apren-
permitir ao aluno e à aluna conhecerem seus limites dizado que cada um construiu, trouxe e compartilhou
teóricos-práticos-científicos, assumindo o caráter for- com a sua comunidade.
mativo e não punitivo. Mas ela é limitada por não estar A ideia sobre a qual estamos insistindo de que
preocupada em identificar as dificuldades e / ou possi- se deve “ pensar globalmente e atuar localmente ” e
76 Marcos Reigota
Entre os recursos didáticos simples, considero a aos que hesitam e respeitar o tempo, dispombnidace
pr ópria aula dada desprovida de grandes apetrechos, interesse e possibilidades de cada um.
mas repleta de possibilidades de diálogos e debates de Fora da escola, as áreas verdes, as indústnas
posições diferentes e aprofundados. A aula é um ex- o bairro, enfim, fornecem elementos que estimulam
celente recurso didático quando esta não é confundi- maior participação dos alunos e das alunas como oca -
da com atividade de educação ambiental , esporádica, dãos e cidadãs e também maior conhecimento sotre s»
mas sim quando a perspectiva da educação ambiental e os seus próximos.
é incluída nas pr áticas pedagógicas cotidianas das mais Entre os recursos didáticos, podemos inchar cr
acesso aos meios de comunicação de massa e a tecno-
diversas disciplinas. _
logia (penso aqui na internet) . Discutir em sala de a ^.
Isso ocorre sempre ao relacionar os problemas
artigos publicados na imprensa, programas e reporta-
ambientais vividos cotidianamente pelos alunos e pelas
gens de televisão, entrevistas de rádio, documem: a
alunas e o conhecimento, as ideias e as opiniões (repre-
opiniões presentes em blogs e sites é sempre muito
sentações) existentes entre eles e as possibilidades de
enriquecedor.
intervenção e mudanças.
Um mural ou um “ jornal ambiental ” exposto em
A pr ópria escola, com seus problemas ambientais Ugares onde os alunos e as alunas possam ler e afi * a-
específicos, pode fornecer elementos de estudo e deba- notícias é de simples realização e de resultados muitc
tes e fazer surgir ideias para a solução de muitos deles, positivos. A elaboração de documentos, vídeos e fò-
envolvendo os alunos e as alunas e a comunidade na tografias e disponibilizados em rede (por exemplo n:,
Mas essa participação não deve ser forçada e intima- estudos do meio ” em regiões de interesse ecológico
dora. Participa quem quiser e se reconhecer nessas ati- ou a produção e veiculação de filmes, vídeos :eamc
vidades. O importante é criar espaços de acolhimento etc. exigem investimentos financeiros, nem sempre de
80 Marcos Reigota O que é educaçã o ambiental 81
baixo custo. Porém, algumas entidades culturais e fi- da música indígena que Marlui Miranda realiza há pelo
lantrópicas realizam essas atividades periodicamente a menos tr ês décadas.
preç os acessíveis. Em se tratando de música, precisamos ficar aten-
Nos primeiros anos da década de 1990 , houve to aos diferentes interesses que existem entre gerações
um grande interesse editorial pela publicação de livros e nas mesmas gerações. O intercâmbio de interesses
didáticos de educação ambiental. Uma análise mais ri- musicais (e estéticos) entre gerações é muito rico e
gorosa desses livros impediria de considerá-los de edu- prazeroso quando os preconceitos são desconstruídos
cação ambiental, pois estão mais pr óximos dos livros e deixados de lado.
didáticos de biologia, ciências e/ou geografia. Indicar filmes é sempre um pouco mais compli-
Embora essa produção continue existindo e aden- cado pela dificuldade de acesso, mas, hoje, a produção
trando as escolas, ela tem de dar espaço a livros mais brasileira e internacional , sobretudo curtas-metragens
bem elaborados e aprofundados, que não transformam de cineastas jovens, é bem marcante. Anualmente é re-
o meio ambiente em um discurso vazio e repetitivo. alizado o Festival de Cinema Ambiental na cidade de
A produção brasileira de livros de qualidade voltados Goiás. Vale a pena conferir o que é apresentado ali e
para a temática ambiental, se não é muito grande, é procurar disponibilizar alguns dos filmes para os alunos
pelo menos expressiva. Entre os autores que mais se e as alunas e para a comunidade.
destacam nessa produção estão Nilson Moulin e Ru- Já sabemos do efeito nefasto dos livros didáticos
bens Matuck. Na literatura são vários os textos que po- na sala de aula, por ém, num país com pouca tradição
dem subsidiar pr áticas de educação ambiental desde os no hábito da leitura, esses livros, quando permitem ir
clássicos, como Guimarães Rosa, Jorge Amado (da pri- além do conteúdo que apresentam , podem ser valiosos,
meira fase) e Graciliano Ramos, aos contempor âneos, mas é necessário cautela com eles. O principal cuidado
como Domingos Pelegrini Jr., Ignácio Loyola Brandão, é o de não utilizá-los como guias de atividades de edu-
Manoel de Barros e Milton Hatoum. cação ambiental.
A música tem contribuído muito com o nosso Os recursos didáticos mais artísticos e criati-
tema e a lista de indicações bem conhecidas poderia vos são os mais adequados à perspectiva inovadora
ser muito extensa. Mas sugiro particularmente o traba- que a educação ambiental traz à educação escolar
lho de Tetê Espíndola e Marta Catunda e o de resgate de forma geral.
82 Marcos Reigota
A Sema era responsável pelos projetos de edu- isoladamente, em escolas, parques, clubes e associa-
cação ambiental, e o Ministério dos Transportes o res- ções de bairro.
ponsável pela construção da Transamaz ônica e, como Em 1982, a Secretaria de Meio Ambiente de
se dizia naquele momento, “ pela integração desta re- Porto Alegre realizou o I Encontro de Educação Am-
gião ao resto do País ”. biental que se tem notícia no Brasil, repetindo o mesmo
Essa contradição explicita o contexto político-eco- evento em 1983. Em Sorocaba, interior de São Pau-
nômico-ambiental da época. Os projetos de educação lo, ocorreu em 1984 o Primeiro Encontro Paulista de
ambiental desenvolvidos pela Sema eram extremamen- Educação Ambiental. Embora de caráter regional , esse
te conservacionistas, e a política e as práticas em vigor encontro reuniu os poucos praticantes e pesquisadores
completamente outras, ou seja, nada conservaciomsta. em educação ambiental que apresentaram trabalhos
A educação ambiental oficial, desse período, realizados nos últimos anos. Lá estavam Kazue Ma-
é importante como refer ência histórica e merece ser tsushima, Nicia Wendel de Magalhães e Marcos Ma-
mais bem pesquisada pelas novas gerações, pois, desde rins, referências fundamentais na história da educação
essa época, e não só no Brasil, tem sido um problema ambiental brasileira.
sério quando a educação ambiental fica submetida aos Com o assassinato de Chico Mendes no final dos
interesses políticos e partidários dos eventuais grupos anos 1980 e com a pressão internacional sobre o Brasil
no poder nacional, estadual ou municipal. devido ao desmatamento da Amazônia e com a rea-
Independentemente do autoritarismo do gover- lização da Confer ência das Nações Unidas no Rio de
no tecnocr ático da ditadura militar, uma consciência Janeiro, em 1992 , ocorre o boom da educação ambien-
ambiental crítica surgiu no Brasil nos anos 1970, acom- tal, excessivamente presente na mídia e com poucos
panhando o que estava acontecendo em outros países. fundamentos políticos e pedagógicos.
Destacaram- se nessa época, entre nós, a atuação de, Um exemplo dessa superexposição na mídia e
entre outros, Alberto Ruschi , Aziz Ab ’ Sáber, Cacil- fora dela pode ser verificado nos vários “ Primeiro ” En-
da Lanuza, Frans Krajcberg, Fernando Gabeira , José contro Nacional de Educação Ambiental realizados
Lutzenberger e Miguel Abellá. Como consequência após 1988.
desse movimento, a educação ambiental começ a a ser Diante desse predomínio da quantidade de prá-
realizada timidamente por pequenos grupos e pessoas ticas em detrimento da qualidade, é compreensível a
86 Marcos Reigota O que é educaçao ambiental 87
confusão conceituai, filosófica e metodológica em que Enquanto escrevo isso tenho em mente as greves
se encontrava a educação ambiental. de fome (a primeira ocorreu em outubro de 2005) do
Passado o boom e o interesse da mídia (ou vice- frei Luiz Cappio, contrário à transposição do rio São
versa) , a educação ambiental se solidificou nos movi- Francisco, e a imolação de Francisco Anselmo Barros
mentos sociais, escolas, universidades, secretarias, mi- em Campo Grande, Mato Grosso do Sul , em novem-
nistérios etc. bro de 2005, como protesto pela instalação de usinas
Os eventos, os encontros e os simpósios se mul- de álcool no Pantanal.
tiplicaram por todo o Brasil, atraindo cada vez mais Esses protestos ocorreram num momento em
participantes. Ao mesmo tempo que o movimento da que estávamos distantes da ditadura militar, mas não
educação ambiental aumentou, também aumentou a da herança de sua concepção de desenvolvimento,
necessidade do seu aprofundamento teórico e da sua que não considera ou prioriza as questões ambientais.
pertinência política e social. Embora continuamos a Ocorreram num momento democrático, momento
observar em vários espaços a presença da educação esse que muitos lutaram (e morreram) para que pudés-
ambiental vista e praticada como “espetáculo ” sem semos vivê-lo.
profundidade e questionamentos, a tendência dessa Contestar e se posicionar é um direito e dever de
concepção é se tornar apenas mais uma entre muitas qualquer cidadão ou cidadã numa sociedade democrá-
que se abrigam na cada vez mais ampla definição de tica e livre, e para isso ninguém precisa correr risco de
educação ambiental. vida ou colocar a vida em risco.
O claro posicionamento político de nossas ativi- Quando brasileiros como Luiz Cappio e Francis-
dades pedagógicas e de intervenção cidadã precisam co Anselmo Barros colocam suas pr óprias vidas em ris-
estar pautadas na difusão de noções de bem comum co, eles nos lembram de que ainda estamos distantes da
responsabilidade, autonomia, liberdade, participação, plena democracia de direitos e responsabilidades.
solidariedade, ética e cidadania. Essas noçoes nao po-
dem ser apenas palavras bonitas e "politicamente cor-
retas ” . Elas precisam impregnar nosso cotidiano, nos-
sas ações, nosso corpo, nossas práticas sociais e peda-
gógicas cotidianas.
URAS
qualquer custo e se aproxima muito mais de campa- teatro e exposições de artes plásticas com temas am-
nhas publicitárias. bientais se multiplicaram.
O mais problemático foi o surgimento de es- Têm sido realizados eventos científicos por todo
colas de educação ambiental e / ou escolas ecológicas o Brasil; são firmados acordos de cooperação técnica
dentro das concepções conservacionistas na ecologia, e intercâmbios entre diversos países. A Escola de En-
conservadora na política e equivocada no projeto po - genharia da Universidade de São Paulo em São Carlos
lítico-pedagógico. oferece um curso de especialização, provavelmente o
Essa perspectiva de grande apelo publicitário é a mais antigo do Brasil, que há anos atrai pessoas de todo
que ocupou com mais frequência os meios de comu- o país e tem no seu corpo docente profissionais alta-
nicação de massa, os órgãos governamentais voltados mente qualificados e reconhecidos.
para as questões ambientais e até mesmo algumas uni- Em várias outras universidades, públicas, comu-
versidades no período que vai mais ou menos até 1995. nitárias e privadas, se encontram cursos de capacitação
A segunda vertente é a que me interessa abor- e de especialização.
dar e traduz todo o movimento educativo ocorrido na A Fundação Universidade do Rio Grande, no Rio
sociedade brasileira provocado pela Rio-92. Nesse mo- Grande do Sul, oferece mestrado e doutorado especí-
vimento, a educação ambiental voltada para a consoli- fico em educação ambiental. Programas de pós-gra-
dação da cidadania, que estava sendo praticada antes duação em artes, educação, ecologia, saúde pública,
do boom , teve o espaço necessário para se consolidar geografia, sociologia, psicologia, engenharia etc. têm
como opção pedagógica crítica aos modelos educacio- acolhido propostas de teses e dissertações em educa-
nais conservadores. ção ambiental.
Por outro lado, ainda devido à Rio-92 , muitos A quantidade e a diversidade de teses e disser-
livros, revistas especializadas e artigos foram publica- tações hoje disponíveis é muito grande e as pessoas
dos. A mídia realizou debates (às vezes sérios) com interessadas podem consultá-las no portal da Capes
especialistas, políticos, cidadãos e cidadãs; a publici- (www.capes.gov.br).
dade para o consumidor ou consumidora consciente Os movimentos ambientalistas e sociais conquis-
tem destacado aspectos ecológicos; filmes, peç as de taram espaços importantes, o que fortaleceu a socieda-
92 Marcos Reigota O que é educação ambiental 93
de civil e a democracia brasileira, ampliando a noção de É bom lembrar que ser educador ou educadora
cidadania no cotidiano. ambiental é uma identidade, um reconhecimento de
Seria muito ingénuo pensar que todo esse movi- si muito mais que uma profissão como outra qualquer,
mento não passa de um modismo e oportunismo passa- que exige apenas conhecimentos técnicos e habilidades
geiros. Da mesma forma seria muito ingénuo considerar específicas. Uma pessoa que se considera um profissio-
que tudo isso é suficiente para que a educação ambien- nal da educação ambiental, além de seus conhecimen-
tal não precise mais se posicionar e se autoavaliar. tos técnicos e habilidades específicas, não negligencia
Se após a Rio-92 nada será como antes para a nem coloca em segundo plano a sua militância e seu
educação ambiental brasileira, o grande desafio que se compromisso político de construção de uma sociedade
apresenta no século XXI é se, depois de institucionali- justa, democr ática e sustentável .
zada e reconhecida, poderá ela, efetivamente, contri- Espera-se que nos próximos anos aconteça uma
buir para que as intervenções de cada um de nós e dos .
maior produção acadêmica sobre o tema pois inúme-
que a nós se juntarão poderão, enfim, construir uma ras dissertações de mestrado e teses de doutorado es-
sociedade justa, democrática, livre e sustentável. tão sendo elaboradas. Essa contribuição de pesquisa-
Penso que contribuirão com esse processo as dores é de grande importância para ampliar, aprofundar
propostas e as alternativas educativas e ambientalis- e fundamentar os processos de formação (identitária e
tas, pautadas em sólidos projetos político-pedagógicos,
profissional) e as práticas dos educadores e das educa-
mesmo que ainda minoritárias.
doras ambientais.
Outra tendência que poder á se manifestar nos
A tendência é o crescimento da demanda por
pr óximos anos e que vai no sentido contr ário de tudo
especialistas em educação ambiental, daí o provável
aquilo que estamos argumentado aqui é a ênfase na
surgimento de muitos cursos. Por ém, um acompanha-
educação ambiental como disciplina presente em vá-
mento e uma análise mais rigorosos dessas ofertas será
rios níveis de escolaridade.
de fundamental importância para que não tenhamos,
Continuo a afirmar que a educação ambiental
num futuro pr óximo, profissionais formados apressada-
não é uma disciplina, mas sim uma perspectiva peda-
mente influenciando os rumos e conduzindo políticas
gógica e política. Lembro que, todas as vezes que a
públicas da educação ambiental no Brasil. educação ambiental foi proposta como disciplina, essa
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96 Marcos Reigota
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102 Marcos Reigota O que é educaçã o ambiental 103
Pouco antes da Rio-92, foi publicado o livro do 1990) , O que é ecologia , de Pádua e Lago (São Paulo:
técnico do ibama, Educação ambiental: princípios e prá- Brasiliense, 12a ed., 1983) e O equívoco ecológico , de P
ticas , de Geraldo F Dias ( São Paulo: Global, 1992) . Alphandéry, P Bitoun e Y. Dupont (São Paulo: Brasi-
Para maior compreensão dessa questão indico liense, 1992) . Para a prática política: Como fazer movi-
ainda os seguintes livros: Ecologia e política mundial , de mento ecológico e defender a natureza e as liberdades , de
Hector Leis (org.) (Petr ópolis: Vozes, 1991) - o título Carlos Mine (Petrópolis: Vozes, 1985).
define bem o seu conteúdo; Os (des)caminhos do meio Para a compreensão de alguns dos macros pro-
ambiente , de Gonçalves Porto (São Paulo: Contexto, blemas ambientais brasileiros: De Angra a Aramar : os
1989) - aborda as relações homem versus natureza e militares a caminho da bomba , de Rui de Góes (org.)
os aspectos políticos do problema, indica algumas pos- ( São Paulo: Cedi, 1988) ; As grandes manobras de Itai -
sibilidades e está fundamentado de forma bem didáti- pu , de C. G. Cauteat ( São Paulo: Acadêmica, 1991) , e
ca na contribuição teórica de importantes pensadores São Paulo: trabalhar e viver , de V C. Brandt (São Paulo:
contemporâneos. Ainda na perspectiva política, um Brasiliense, 1989).
clássico: Da ecologia à autonomia , de Cornélius Cas- Para os problemas ambientais, numa perspec-
toriadis e Daniel Cohn-Bendit (São Paulo: Brasiliense, tiva planetária, o criticado e básico Nosso futuro co-
1991) . Para uma análise mais epistemológica: Ecologia mum , da C. M. E. D. ( São Paulo: Fundação Getúlio
cultural , de B. Viertlen (São Paulo: Á tica, 1988) , Quem Vargas, 1989) .
tem medo da ciência? , de Isabelle Stengers ( São Paulo: Para os interessados na educação baseada no diá-
Siciliano, 1989) . logo e na autonomia: Piaget e a filosofia , de B. Freitag
Para uma leitura filosófica das novas relações ( São Paulo: Unesp, 1991) , Concepção fenomenológica da
entre o homem e a natureza, um livro básico é O con- educação , de Antônio M. de Rezende (São Paulo: Cor-
tez , 1990) , Educação e liberdade , de 1llich et alii ( São
trato natural , de Michel Serres (Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1990) , e As três ecologias , de Félix Guattari Paulo: Imaginário, 1990) e, para completar, Aula , de
(Campinas: Papirus, 1989).
Roland Barthes (São Paulo: Cultrix , 1978) .
Para conhecer melhor o desenvolvimento da Meus livros
ecologia como ciência e movimento social: História O que é educação ambiental foi o meu primeiro
da ecologia , de Pascoal Acot (Rio de Janeiro: Campus, livro publicado por uma editora comercial. Depois dele
104 Marcos Reigota O que é educa çã o ambiental 105
publiquei vários outros, nos quais ampliei as ideias aqui Foi escrito em 1997 com uma bolsa DAAD/ Capes no
presentes. São eles: Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt. A primeira
• Meio ambiente e representação social (São Pau- edição é de 1999.
lo: Cortez, 2005 , 7a edição) . A primeira edição desse •Ecologia , elites e intelligentsia na América Latina:
livro é de 1995. Nele apresento a teoria das representa- um estudo de suas representações sociais ( São Paulo: An-
ções sociais de Serge Moscovici e as suas relações com nablume, 2003, 2ô reimpressão) . Nesse livro faço uma
a educação ambiental. análise das questões ambientais pós- 1992 e como elas
Verde cotidiano: o meio ambiente em discus- são pensadas pela elite latino-americana, estudando ou
são ( Petrópolis: DP õ- Alli, 2008, 3a edição) . Organizei vivendo na Europa e nos Estados Unidos. Esse estudo
esse livro para a coleção O Sentido da Escola, editada foi realizado quando fiz o pó s-doutorado em 1993 com
por Nilda Alves e Regina Leite Garcia. Traz textos de o professor Andr é Giordan na Universidade de Gene-
vários autores e autoras. Para quem quiser conhecer bra. A primeira edição é de 1999 .
nossa posição sobre os Parâmetros Curriculares Nacio- • A floresta e a escola: por uma educação ambien-
nais, esse livro é o mais indicado. A primeira edição é tal pós-moderna (São Paulo: Cortez, 2003, 3a edição) .
de 1999 . Dando continuidade aos fundamentos da teoria das re-
* Tendências da educação ambiental brasileira presentações sociais e dos estudos culturais, estabele -
(Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2001, 2a edição) . Orga- ço o elo dessas duas vertentes teóricas com as práticas
nizado juntamente com Fernando de Oliveira Noal e pedagógicas cotidianas no contexto da pó s-moderni-
Valdo Barcelos, esse livro comemora os vinte anos da dade. As questões ambientais e a educação ambiental
educação ambiental, traz textos de vários autores e au- são entendidas como bases da pós-modernidade. onde
toras e é uma homenagem a Paulo Freire. A primeira os aspectos virtual, abstrato e subjetivo da e na vida
edição é de 1999. cotidiana são presenças constantes. A primeira edição
•Ecologistas ( Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2003, é de 1999.
2 reimpressão) . Nesse livro procuro fundamentar a
Ú
• lugoslávia: registros de uma barbárie anunciada
identidade da segunda geração de ecologistas, herdei- (Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2001) . A guerra da Bos-
ra do chamado “ Pensamento 68 ” . Amplio as ideias que nia e a desintegração da ex- lugoslávia com os seus
Felix Guattari desenvolveu em As três ecologias aproxi- significados políticos, culturais, sociais, religiosos, peda-
mando-me da Teoria Liter ária e dos Estudos Culturais. gógicos e ecológicos são aqui abordados. Procurando
106 Marcos Reigota O que é educação ambiental 107
entender o conflito que marcou os anos 1990 , registro formações mais detalhadas sobre essa produção sugiro
o meu processo de conhecimento sobre o tema, acu- que consultem meu currículo na Plataforma Lattes no
mulando, sistematizando e interpretando situações de endereço www. cnpq.gov.br ou que entrem em conta-
conhecimento público ou vivenciadas na intimidade. to comigo. Terei grande prazer em dialogar com os lei-
* Trajet órias e narrativas através da educação am - tores e as leitoras. Meus e-mails são: marcos.reigota@
biental (Rio de Janeiro: DP Ô- A , 2003) . Com Raquel profuniso.br e marcos.reigota@pq.cnpq.br.
Possas e Adalberto Ribeiro, professores da Universi-
dade Federal do Amapá , organizei esse livro em torno
da noção “ sujeito da hist ória’’ de Paulo Freire. Todos os
textos foram escritos por meus alunos e alunas da Uni-
versidade Federal do Amapá. Por meio das narrativas
( “ história de vida ”) de cada um, ficamos conhecendo
um pouco mais da história e da ecologia da Amaz ônia
e como é viver ali.
•Educação ambiental: utopia e práxis ( São Paulo:
Cortez , 2008) . Organizei esse livro com a pesquisadora
do Instituto Florestal de São Paulo Bárbara Heliodora
Soares do Prado. O livro é resultado do trabalho que
fizemos com os e as extensionistas rurais no Amapá
e com os professores e as professoras da rede pública
de educação no Rio Grande do Sul, do ano de 2000 a
2002. A questão central do livro é uma busca de enten-
der e identificar o processo de uma pessoa que se torna
(ou não) um educador ou uma educadora ambiental.
Publiquei também vários artigos em livros orga-
nizados por colegas, no Brasil e no exterior, além de
artigos em revistas, alguns deles circulam na internet.
As pessoas que estiverem interessadas em obter in-
SOBRE O AUTOR